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NEUROFISIOLOGIA DA APRENDIZAGEM E MÚLTIPLAS

INTELIGÊNCIAS
APRESENTAÇÃO

Professor Me. Frank Duarte

● Doutorando em Educação - UNR - Universidad Nacional de Rosário-AR


● Mestre em Educação -UDEL (Universidad Del Atlantico).
● Bacharel em Psicologia (Centro Universitário Fametro).
● Bacharel em Pedagogia (Centro universitário Integrado)
● Especialista em Neurociências da Educação (UNISA).
● Especialista em Neuropsicologia (Instituto Pedagógico Brasileiro).
● Especialista em Neuropsicopedagogia (UNIBF)
● Especialista em Neuromarketing (FACULMINAS)
● Especialista em Educação 5.0: Metodologias Inovadoras - Unifatecie.
● Professor (convidado) de Pós Graduação - UNICAMPO
● Professor Conteudista (UNIFATECIE).
● Coordenador Pedagógico e Neurocientista do CEPEN.
● Palestrantes e consultor;

Experiência nas áreas da educação, gestão, neurociências e saúde


mental. Autor de livros que versam sobre a educação, práticas pedagógicas,
neuroeducação e metodologias ativas. Um compartilhador de ideias e um eterno
aprendiz.
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA

Seja muito bem-vindo(a)!


Atenção senhores(as) passageiros(as), sejam bem vindos a bordo do voo
para o sucesso profissional. Nossas reflexões e construções teóricas e práticas,
foram desenvolvidas para levá-los a pensar e compreender a máquina mais
potente já existente na história da humanidade: O cérebro humano.
Os mitos, dúvidas e curiosidades, serão desvendadas nesta nossa
viagem pelo mundo neural, e esperamos que estejam todos em segurança. Em
caso de emergências, nossos tutores e toda a equipe estarão à sua disposição
para melhor lhe auxiliar.
Na unidade I iniciaremos nosso voo por meio das bases neurofisiológicas,
para que possamos compreender todos os elementos que compõem o
desenvolvimento neurológico humano, em especial a estrutura, função e
importância dos neurônios e os neurotransmissores.
Já na unidade II vamos ampliar nossos horizontes sobre os aspectos
neurobiológicos da memória e a aprendizagem, identificando seus tipos e como
ocorrem os mecanismos e dinâmicas cerebrais.
Depois, nas unidades III e IV vamos pensar sobre a inteligência, seus
conceitos e construtos teóricos, explorando as possibilidades de organizar a
inteligência no campo organizacional, emocional e nas suas múltiplas facetas. E
será na Unidade IV, que especificamente trataremos sobre as Múltiplas
Inteligências de Gardner e quais os impactos delas no campo educacional.
Aproveito para convidar você, para juntos, desvendarmos os mistérios
que percorrem o cérebro humano e suas influências no desenvolvimento
humano, e na compreensão global dos nossos alunos.

Muito obrigado e tenham todos uma ótima viagem!


UNIDADE I
NEUROFISIOLOGIA
Professor Mestre Frank Duarte

Plano de Estudo:
• Introdução à neurofisiologia;
• Bases neurobiológicas gerais da neurofisiologia.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o funcionamento neurofisiológicos e suas bases
neurológicas;
• Compreender como ocorrem os processos psicológicos da memória e aprendizagem;
• Alavancar as contribuições da Teoria das Inteligências Múltiplas no processo
educacional.
INTRODUÇÃO

Você já parou para pensar quantos pensamentos passam pela sua cabeça por
dia? Quantas decisões tomamos e os inúmeros comportamentos, sensações e
emoções? Seu telefone toca, você atende. Do outro lado da linha alguém diz que você
recebeu um prêmio e que precisa comparecer na loja para retirar. Neste momento você
dá um grito de felicidade, chama todos da casa e conta o que aconteceu. A felicidade
toda conta e vocês vão buscar o prêmio. Uma situação simples desta, é uma espécie de
pintura da ação do sistema nervoso central, ou seja, nosso comportamento é uma
ilustração do que ocorre dentro do nosso cérebro.
Quando vemos alguém feliz, (a pintura), não conseguimos dar conta de perceber
o que ocorre no nosso corpo para que o resultado seja este. Reações químicas
transmissões sinápticas, conexões neurais, descargas de neurotransmissores,
ativamento de áreas do cérebro, liberação de hormônios e respostas fisiológicas, são
apenas alguns dos fenômenos que acontecem no corpo humano, e todos eles advindo
do cérebro.
Agora imagine. Como pensar no desenvolvimento humano e no cenário
educacional, sem compreender este funcionamento interno, suas consequências e
desdobramentos? O processo educacional se fundamenta nessa capacidade de
evolução e especialização contínua do sistema nervoso, sistema este que apreende o
todo dá significado ao mundo e o transforma através de suas ações, de seu
comportamento. Como o cérebro funciona? É exatamente isso que vamos conhecer
nesta unidade.
1 INTRODUÇÃO À NEUROFISIOLOGIA

Fonte: ID: 1878733813.

Fundamentos da neurofisiologia

O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso


ambiente, promovendo a relação de afetar e ser afetado, por tudo que está à nossa volta,
utilizando-se dos nossos órgãos de sentido: visão, audição, gustação, tato olfato. Todas
as informações que são capturadas por estes sensores, são enviadas ao cérebro,
decodificados, compreendidos o que configura numa liberação de neurotransmissores e
causam reações fisiológicas, resultando em comportamentos e emoções.
(RADANOVIC,KATO-NARITA, 2016)
Por isso que uma simples cena de um filme, tem a capacidade de nos fazer rir ou
chorar. Todas as emoções, sensações e sentimentos são de responsabilidade no nosso
sistema nervoso. E desmembrar cada etapa e compreender cada mecanismo cerebral,
conhecendo como ele interfere nos outros elementos, é a função da neurofisiologia, que
“é o ramo da neurologia que estuda este sistema do qual estamos conversando desde o
cérebro, medula, passando pelas suas raízes, nervos e músculos, por isso sua atuação
é de especialidade de um profissional formado em Medicina, sendo já discutido no campo
da interdisciplinaridade.
A Neurofisiologia estuda os movimentos de íons através de uma membrana,
podendo iniciar a transdução de sinal e a geração de potenciais de ação, incluindo o
estudo dos neurotransmissores. Contudo, vamos aprender qual o impacto e as
contribuições da neurofisiologia na estrutura do sistema e no nosso comportamento.
(BEAR; BW, 2017)

A) Sistema Nervoso

O Sistema Nervoso Central é o tecido nervoso que envolve a caixa craniana e a


coluna vertebral, reconhecidos como cérebro e medula espinal, este tecido está na área
externa dos ossos, que são nervos cranianos, os nervos espinhais e nervos dos órgãos
sensoriais. (HALL, 2017).
Possui dois outros sistemas distintos, sendo o Sistema Nervoso Somático (SNS)
ao qual recebe informações sensoriais músculos e da pele que envia mensagem aos
músculos esqueléticos e o outro o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que envolve os
órgãos e glândulas do corpo. O SNA tem duas ramificações: I) sistema Nervoso
Simpático, responsável pela excitação do corpo por meio do aumento da frequência
cardíaca, onde libera a adrenalina e suprime o sistema digestivo (consome energia); II)
Sistema Nervoso Parassimpático, no qual tem a função de diminuir a frequência cardíaca
e facilita a atividade do sistema digestivo (reserva energia). (CARDINALI, 1992).
Conforme Cosenza (2011), o sistema nervoso forma-se entre a terceira e a quarta
semana de fecundação, dando origem ao primeiro sistema do corpo humano. Embora
seja o amadurecimento dos neurônios que promovam a formação de sinapses (conexões
entre os neurônios), o recém-nascido é pobre em sinapses, no entanto, o cérebro infantil
possui uma quantidade exagerada de sinapses que continua aumentando até o início da
adolescência. É aqui que se iniciam os processos diminutivos das conexões com a
finalidade de reorganizar a estrutura cerebral, já que a capacidade de aprender está
relacionada à quantidade de sinapses.
Neste momento ocorre um processo denominado de sinaptogênese, o que hoje
sabemos sobre este fenômeno, está relacionado às pesquisas com macacos, sugerindo
sua grande importância nos três primeiros anos de vida, quando ocorre a poda neural.
As mudanças estruturais, chamadas de períodos críticos, incluindo a sinaptogênese e a
poda neuronal, são eventos relevantes na educação, considerando que uma vez perdida
a chance de atuar nos períodos críticos, não haveria como ocorrer o aprendizado.
O encéfalo humano, ou cérebro propriamente dito, está localizado envolto de uma
estrutura de ossos (interior do crânio), o qual é protegido por um conjunto de três
membranas, que são as meninges. Ele é constituído por células neurais conhecidas
como neurônios, que possuem um corpo celular, composto de núcleo (onde está o DNA)
e da maior parte do citoplasma.(BEAR; BW, 2017)
Esta célula possui grandes prolongamentos, chamados de dendritos, que são
áreas receptoras de estímulos, e o axônio, por onde o impulso nervoso é propagado para
longe do corpo celular. Os corpos celulares estão localizados em áreas restritas do
sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e dos gânglios, enquanto os seus
prolongamentos se distribuem por todo o corpo em feixes chamados nervos, o que
constituem o sistema nervoso periférico.
Figura 01 - Sistema Nervoso Humano

Fonte: ID: 1160691667.

Tradução Figura 01
SISTEMA NERVOSO HUMANO

SISTEMA PARASSIMPÁTICO SISTEMA SIMPÁTICO


Contração e pupila Cérebro Dilatação da pupila
Estimulação a saliva Inibição saliva
Contração pulmão Relaxamento o Pulmão
Baixa frequência cardíaca Alta frequencia cardíaca
Estimula atividade do estômago Inibir a atividade do estômago
Inibe reação de glucose e estimula Estimula reação de glucose e
vesícula biliar nibe vesícula biliar
Estimula atividade do intestino Inibe atividade do intestino
Contrai Bexiga Relaxamento da Bexiga
Promove a ereção genital Medula Espinal Promove a ejaculação e
contração vaginal
O sistema nervoso central é constituído pela medula espinhal e pelo encéfalo, o
qual se situa dentro da caixa craniana, enquanto a medula espinhal percorre o canal
medular da coluna vertebral. Olhando no percurso do final de medula para o crânio, o
encéfalo se inicia por um conjunto de estruturas antigas que já existiam nos vertebrados
mais primitivos, o chamado tronco cerebral (composto de bulbo, ponte e mesencéfalo) e
o cerebelo que se aloja “a cavaleiro” sobre o tronco cerebral. O tronco cerebral se liga
diretamente à medula espinhal e, por meio dessa, exerce efeitos fundamentais no
controle de muitas de nossas funções internas básicas como a regulação da respiração,
da pressão arterial, do funcionamento cardíaco e da digestão. (HALL, 2017). O cerebelo,
por outro lado, é fundamental na regulação de nossos movimentos externos, garantindo
a sua coordenação e o nosso equilíbrio postural.

B) Neurônios

Como todo o corpo humano que é constituído de células, o cérebro também possui
seu repertório, sendo as células nervosas chamadas de neurônios e as de suporte
denominadas células da glia. Acredita-se que cada cérebro possui aproximadamente 86
bilhões de neurônios e mais de 20 milhões de neurônios na célula espinal. Já o número
das células glias chegam a 84 bilhões.(LENT, et al. 2012.).
Estas células têm uma função extremamente importante na função do cérebro,
pois se comunicam e fazem uma transmissão de dados entre elas, o que resulta na
propagação e manutenção de informações que servirão de base para o funcionamento
da aprendizagem e da memória.
Considera-se que todo neurônio possui em miniatura a capacidade integradora de
todo o sistema nervoso, podendo transformar a informação e transmiti-la a outros
neurônios. O centro do neurônio é chamado de corpo celular (ou soma ou pericário).
Dentro do corpo celular tem um núcleo, e dentro do núcleo tem um nucléolo. O núcleo é
grande e torna o neurônio claramente distinto de outras células do SN. (BEAR; BW,
2017).
Estas conexões são chamadas de sinapses estima-se que ocorram no mínimo
100 trilhões de conexões neurais em um adulto, ocorrendo por meio de sinais elétricos,
na qual estes impulsos nervosos direcionam ao longo de grandes distâncias em
milésimos de segundos, percorrendo entre o SNC, SNP e SN. São tantas conexões que
Gerald Edelman, um neurobiólogo vencedor do Prêmio Nobel, estimou que levaria 32
milhões de anos para contar o número de sinapses no Sistema Nervoso Central.
Para que possam manter-se unidos os neurônios, o próprio cérebro conta com a
células de suporte (células da glia), que atendem às necessidades dos neurônios para
que se mantenham promovendo a sinapses, o que requer que se tenha as mesmas
quantidades de neurônios e células gliais. (COSENZA, 2011).
Durante muito tempo acreditou-se que nós humanos ao nascermos já possuíamos
uma quantidade determinada de neurônios e que ao longo da vida perdiam-se, chegando
à velhice com uma perda considerável, o que justificava as demências, ou como eram
chamados a “caduquice”.
Atualmente sabe-se que as células neurais são produzidas ao longo de todo o
desenvolvimento humano, tendo picos em faixas etárias e declínios em momentos
específicos, o que justificam e nos permite compreender as demências que vem com a
idade, como o caso da senescência e as degenerativas como o Alzheimer.
Ao contrário de outras células do corpo, eles não podem ser “regenerados” após
seu tempo de vida útil, hoje com os achados da neurobiologia é possível pensar a
reprogramação cerebral por meio da neuroplasticidade. Não obstante, como todo
sistema funcional, para que novas conexões sejam possíveis com novos neurônios, é
necessário que se tenha a finitude de conexões e neurônios desgastados.(CARDINALLI,
1992).
Na imagem a seguir é possível compreender como é a estrutura anatômica de um
neurônio e ilustrar como funcionam suas partes. Para atender a essas tarefas, o neurônio
é assim organizado: (I) um segmento receptivo (dendritos e corpo celular); (II) um
segmento condutor (axônio); e (III) um segmento efetor (sinapse). (KANDEL et al.,
2014).
(I) Segmento receptivo: Normalmente, existem vários dendritos que se
estendem a partir do corpo celular, mas apenas um axônio. Os dendritos podem se
ramificar para formar uma massa de processos dendríticos. Isso é vantajoso, porque o
papel dos dendritos é receber sinais de outros neurônios. Os dendritos também podem
ter neles pequenos espigões ou espinhas, que aumentam sua área de superfície e,
portanto, permitem que mais informações sejam recebidas.
(II) Segmento condutor: O axônio é responsável por levar o impulso nervoso a
outros neurônios. Os axônios podem ser curtos ou muito longos (o mais longo é pouco
mais de 1 m). A vantagem de ter axônios de diferentes comprimentos é que permite que
eles se comuniquem com neurônios que estão muito distantes ou muito próximos do
axônio (KANDEL, 2014). O axônio deixa o corpo celular em um ponto chamado de Cone
de implantação ou o segmento inicial ou zona de disparo. No final do axônio há um ligeiro
alargamento semelhante a um botão chamado terminal axonal.
(III) Segmento efetor: Isso também tem vários nomes, incluindo botão terminal
ou botão sináptico. O terminal axonal normalmente é encontrado perto do neurônio que
recebe a mensagem do axônio.

Figura 02 - Estrutura e comunicação dos neurônios

Fonte: ID: 1401058229.

Tradução Figura 02
COMUNICAÇÃO NEURAL
Dendritos

Núcleo Axônios Bainha de Mielina


Corpo da célula Sinapse

A comunicação sináptica ocorre por meio da liberação de substâncias químicas


conhecidas como neurotransmissores que são liberados através de impulsos nervosos,
no espaço conhecido como fenda sináptica.
O neurônio é cercado por fluido extracelular, assim chamado porque existe fora
da célula (este também é conhecido como fluido intersticial). O fluido dentro da célula é
chamado de fluido intracelular. Vários processos se estendem a partir do corpo celular
que recebe ou envia sinais elétricos. Estes são chamados de dendritos e axônios (HALL,
2017).
O ponto de contato entre o botão do terminal e o outro neurônio é chamado de
sinapse. É aqui que a informação é enviada de um neurônio para outro. No SNP, os
botões terminais podem formar sinapses com células musculares (OLIVEIRA; LENT,
2018). A comunicação na sinapse é possível graças à liberação de substâncias químicas
conhecidas como neurotransmissores. Estes são armazenados nas vesículas sinápticas
do botão do terminal.

C) A Mielinização

Constantes processos estão presentes no funcionamento cerebral, no entanto o


axônio é um dos processos mais importantes da célula, estando envolvo de uma
membrana axonal. Normalmente estão cercados de uma bainha de mielina, que é
composto por várias camadas de gordura (lipídios), cerca de 80% e 20% de proteínas
que formam a mielina, no qual tem a função de “isolar” os axônios do que está a sua
volta. O distanciamento permite reduzir a perda do fluxo de corrente do axônio para o
fluido circundante, além de ajudar a condução rápida de impulsos nervosos.(KANDEL,
2014)
Quanto maior a espessura da bainha, mais ligeiro é a velocidade da condução do
sinal, desta forma pode-se ter axônios mielinizados (cobertos) e não mielinizados (não
cobertos). No caso de patologias que envolvem o sistema nervoso, como esclerose
múltipla ou esclerose lateral amiotrófica os axônios sobre a desmielinização da bainha,
promovendo o retardamento considerável da condução do sinal ou interrompê-lo por
completo. (HALL, 2017)
A bainha de mielina tem formato cilíndrico o que produz uma aparência
esbranquiçada, por conta do teor de gordura, produzida por um tipo específico de célula
da glia chamada de oligodendrócito. A mielinização inicia desde o nascimento e continua
até a idade de dois anos, potencialmente terminando durante a adolescência ou a idade
adulta.(OLIVEIRA; LENT, 2018)

D) Como os neurônios se comunicam

Os neurônios se comunicam entre si, enviando impulsos elétricos chamados


potenciais de ação, que refere-se à fonte de atividades elétrica- o método de
comunicação dos neurônios é, portanto, elétrico. Esta comunicação depende da
excitabilidade do neurônio – sua capacidade de reagir a um estímulo de uma descarga
elétrica (ou corrente ou impulso – todas essas palavras se referem à mesma
coisa).(COSENZA, 2011).
O potencial de ação é produzido por partículas carregadas chamadas íons, que
passam através da membrana celular. O líquido extracelular e intracelular contém íons
que são carregados positivamente (cátions) ou carregados negativamente (ânions). A
frase familiar “os opostos se atraem”, tem sua origem na química eletrolítica, por que
enquanto os íons carregados de forma semelhante se repelem, os íons carregados de
forma diferente se atraem.
A força produzida por essa repulsão e atração é chamada de pressão
eletrostática. Existem muitos íons diferentes distribuídos de forma desigual dentro e fora
da membrana celular (intracelular e extracelularmente). É essa distribuição que dá à
membrana. A membrana possui uma carga elétrica, pois existem íons positivos e
negativos dentro e fora da membrana celular (FUJITA, 1988, apud OLIVEIRA; LENT,
2018).
Partindo do preconceito social em relação à quem é de humanas ou de exatas,
geralmente os que buscam o campo da educação, com exceção das áreas de
matemática, física e química, os demais fogem forte de cálculos. Pois bem! Já pensou
que na pós graduação, reencontraria o terror do ensino médio, os benditos elementos
químicos da tabela periódica.
A membrana é seletivamente permeável aos íons, ou seja, permite apenas certos
íons. Talvez os íons mais significativos sejam Na (sódio), K+ (potássio), Ca²+ (cálcio) e
Cl- (cloreto).Os íons de potássio, sódio e cloreto são encontrados em fluidos
extracelulares e intracelulares, embora haja mais potássio no fluido intracelular e mais
sódio e cloreto no fluido extracelular. O cloreto é o ânion extracelular mais proeminente.
Os tipos de abertura dos canais iônicos que são controlados por neurotransmissores são
chamados de transmissores ou ligantes (OLIVEIRA; LENT, 2018).

Figura 03 - Potencial de Ação

Fonte: ID: 1934732636.

Tradução Figura 03

Espaço extracelular

Sódio Potássio
Concentração
Espaço intracelular

Alguns canais são regulados pela magnitude do potencial de membrana. Esses


canais são chamados de canais iônicos sensíveis à voltagem ou voltagem-dependentes,
e são estes que são responsáveis por produzir o potencial de ação. A permeabilidade da
membrana, isto é, a capacidade de permitir que o potássio entra ou sai, depende não só
de quantos canais existem, de como eles não são distribuídos e de quanto eles abrem,
mas também do gradiente de concentração do íon. Quanto mais concentrado for, maior
o fluxo de íons (RADANOVIC; KATO-NARITA, 2016 ).

E) Células gliais – célula da glia

Embora elas não colem estritamente partes do sistema nervoso em conjunto, as


células gliais ou de suporte ajudam a ligar neurônios e seus processos juntos. Embora
cerca de 50 por cento das células do cérebro sejam células gliais, até recentemente
foram pensadas para desempenhar funções bastante secundárias, como atender às
necessidades dos neurônios. No entanto, agora parece que as células gliais podem
determinar o número de sinapses geradas no cérebro (HERCULANO-HOUZEL, 2014).
A descoberta seguiu outro achado extraordinário: as sinapses de neurônios
crescidos com astrócitos – um tipo de célula glial – eram dez vezes mais ativas que as
cultivadas sem astrócitos. A mera proximidade das células gliais aos neurônios torna os
neurônios mais sensíveis. Os neurônios expostos a células gliais podem formar sete
vezes mais sinapses que aqueles que não estão expostos.
Abaixo compreenderemos os três tipos de células gliais, suas funções distintas e
a estrutura:
Tabela 01 - Tipos de célula Glia e suas funções
CÉLULAS GLIAS FUNÇÕES ESTRUTURAS
Astrócitos São responsáveis pela fagocitose, Possuem capilar, pé,
(astróglia) o processo pelo qual as células astrócito fibroso e
mortas são engolidas e digeridas. nodos de Ranvier.
Eles também produzem tecido
cicatricial quando o SNC está
danificado ou ferido.
Oligodendrócitos Suporta o SNC, e tem como Encontra-se muito
(oligodendróglia) principal função produzir a mielina. perto do corpo
celular, o que se
denomina de células
satélite.
Microglias Possui propriedades fagocíticas e é Seu tamanho
pensado que é ativado em resposta pequeno as torna
a algum dano ao cérebro, como difíceis de identificar;
inflamação, tumor ou infecção. parecem não ter
Destroem materiais invasores, características
removem material perigoso e estruturais muito
promovem o reparo de tecidos ao claras.
secretar o fator de crescimento.
Célula de Schwann Dá suporte ao SNP ao isolar os Alguns estão
processos do sistema. Orientam de mielinizados e outros
forma física aos axônios que estão não, estas últimas
brotando ou que foram danificados. são chamadas de
Schwann terminais.

Fonte: KRUSZIELSKI, 2019 (adaptado).


2 BASES NEUROBIOLÓGICAS GERAIS DA NEUROFISIOLOGIA

Fonte: Imagem do Tópico. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/active-


nerve-cells-3d-illustration-617032409. Acesso em: 16 ago. 2021.

Aqui discutiremos sobre as bases neurobiológicas de como o cérebro interpreta,


compreende e apreende as informações dos contextos vivenciados. Todo aprendizado
depende de uma série de mecanismos que o cérebro se desdobra para fazer, com o
objetivo de dar sentido e clareza aos estímulos, resultando na assimilação e no
comportamento, como forma de interação com o meio.
Como já dissemos, nosso corpo de organiza partir do Sistema Nervoso Central
(SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), sendo o primeiro responsável por receber
e enviar impulsos elétricos, formado pelo encéfalo e medula espinhal, e o segundo, por
sua vez, composto por nervos e gânglios (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2014). O SNC pode
ser compreendido por meio de quatro lóbulos: Frontal (funções executivas), Temporal
(linguagem e comunicação), Parietal (memória) e Occipital (visão). Esse conglomerado
de estruturas e perspectivas sobre o mesmo objeto corrobora a complexidade da
dinâmica cerebral, considerando o fluxo desde a percepção do estímulo até a resposta
por meio de comportamento.
Cosenza (2011), nos apresenta como funcionam estes fluxos e suas etapas:
a) O primeiro passo, ocorre nos nossos órgãos de sentido, que percebem a
informação e impulsos elétricos são enviados para o cérebro, sendo recebido pelo SNC;
b) No momento seguinte as regiões da comunicação, farão o processamento
e identificação do estímulo/objeto, e ao mesmo tempo, buscará na memória os
sentimentos e emoções;
c) Na sequência os impulsos recebidos no cérebro, em conjunto com a
memória, produzem hormônios e ativam os neurotransmissores, de acordo com o
armazenamento. Se for algo positivo, reações positivas, memórias negativas,
pensamentos negativos;
d) Na quarta etapa deste fluxo, os pensamentos são gerados e direcionados
para uma resposta em relação ao estímulo recebido, desta forma impulsos elétricos são
disparados e comandam as áreas do cérebro responsável pelas emoções;
e) E por último, ao ativar as emoções, os hormônios provocam no corpo as
respostas, podendo ser: comportamentais, fisiológicas ou emocionais.
Todo este processo que ocorre dentro do cérebro depende de ações fisiológicas
do organismo, a fim de conseguir atingir o ápice do funcionamento neurobiológico, que
é promover as reações e a comunicação de várias estruturas do cérebro. Todo processo
de aprendizagem para o cérebro é pautado em volta das emoções, o que auxilia em
especial no processo de aprendizagem. Mas que áreas estão envolvidas neste fluxo?
Vamos descobrir agora.

Figura 04 - Estruturas Cerebrais do Processo de Aprender


Fonte: Imagem do Tópico. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/limbic-system-
cross-section-human-brain-1314655199. Acesso em: 17 ago. 2021.

O sistema límbico, está constituído por um conjunto de estruturas responsáveis


pelas funções emotivas, pois nele existem áreas que estão diretamente ligadas às
relações da felicidade, por exemplo, bem como: Hipocampo (memórias), Amígdala
(emoções), Hipotálamo (Equilíbrio químico do corpo) e etc. Ele é composto por
Hipotálamo, Base da Glia, Tálamo, Amígdala e Hipocampo; destes nosso foco de
aprofundamento será a amígdala, que é considerada a sede das emoções (FUENTES
et al, 2008).
Sabe-se que a amígdala está relacionada com o registro na memória de situações
aversivas. Nesta esteira, podemos argumentar, com Albuquerque e Silva (2009, p. 1,
apud KENDALL 2012, p. 48) que a amígdala:

a[...] seria o local dos processos plásticos envolvidos na aquisição e


consolidação de informações de conteúdo aversivo e que essa estrutura
modularia os processos de aquisição e consolidação que ocorreriam em outras
estruturas.

Em síntese, mesmo que vários estudos apontem que ela é a peça fundamental
para a formação de memórias, deve-se enaltecer o importante papel na emoção
propriamente dita, tanto no reconhecimento, quanto nas expressões fisiológicas das
respostas emocionais.

Neurotransmissores

Já conhecemos as estruturas, os processos fisiológicos, recordamos até de


elementos da tabela periódica. No entanto, ainda temos alguns conhecimentos de
reações químicas, que precisamos discorrer, embora não consigamos ver suas ações,
temos a grata felicidade de senti-las ao ponto de nos promover o bem estar ou
potencializar o mal humor. Estamos falando dos neurotransmissores. (HALL, 2017)
A maioria dos neurotransmissores mais proeminentes é baseada em proteínas.
Os neurotransmissores podem ser constituídos por moléculas de proteínas pequenas ou
grandes. Todos os neurotransmissores de pequenas moléculas, exceto a acetilcolina,
são aminoácidos ou um tipo de aminoácido chamado amina. As moléculas maiores são
constituídas por peptídeos (proteínas que são constituídas por um pequeno número de
aminoácidos).
Os neurotransmissores são sintetizados no botão terminal por enzimas que viajam
a partir do corpo celular, e são conhecidos como mensageiros químicos, são produtos
químicos endógenos que permitem a neurotransmissão, sendo liberados nas vesículas
sinápticas em sinapses na fenda sináptica, onde são recebidos por receptores de
neurotransmissores nas células-alvo. Eles desempenham um papel importante na
formação da vida cotidiana e das funções. Seus números exatos são desconhecidos,
mas mais de 100 mensageiros químicos foram identificados de maneira exclusiva.
(CARDINALLI, 1992).
Existem muitas maneiras diferentes de classificar os neurotransmissores. Dividi-
los em aminoácidos, péptidos e monoaminas é suficiente para alguns propósitos de
classificação. Vamos compreender um pouco mais sobre eles:
I - ACETILCOLINA: A acetilcolina é um neurotransmissor de molécula pequena
que é sintetizado pela ligação de colina à acetil coenzima Estes são encontrados
principalmente no sistema motor, especialmente nos neurônios motores do tronco
encefálico e da medula espinal que inervam os músculos do esqueleto. A química se liga
aos receptores de acetilcolina. Isso eventualmente produz um potencial de ação que
resulta em contração muscular. Os receptores podem ser bloqueados, o que às vezes
resulta em comprometimento motor. (STERNBERG, R.; STERNBERG, K., 2016 apud
BEAR; BW, 2017).
II - MONOAMINAS (AMINAS BIOGÊNICAS) Para a dopamina, existem os
chamados receptores D1 e D2, que são diferentes em função e distribuição. A
noradrenalina e a adrenalina possuem receptores alfa e beta, que às vezes produzem
efeitos completamente diferentes. A serotonina possui vários tipos de receptores. Toda
essa divergência de receptores significa que uma monoamina pode inibir e excitar,
dependendo do tipo de receptor que contata (MACKAY, 2006, apud HALL, 2017).
III - GLUTAMATO: O glutamato é um aminoácido excitatório e é servido por
receptores ionotrópicos e metabotrópicos. Dentre os ionotrópicos, o ácido α-amino
hidroxi metil isoxazol propiônico (AMPA) e o cainato são responsáveis pela
despolarização rápida. Os neurônios pré-sinápticos contendo glutamato podem controlar
a liberação do neurotransmissor de locais de liberação específicos (RANG et al., 2016).
Eles podem fazer isso através de auto receptores pré-sinápticos, que dão feedback sobre
a ação do neurotransmissor previamente liberado.
IV - ÁCIDO Y-AMINOBUTÍRICO: O ácido γ-aminobutírico (ou GABA) é o mais
comum dos neurotransmissores do SNC de aminoácidos inibitórios. Este transmissor
produz hiperpolarização abrindo canais de cloreto ou canais de potássio. O GABA tem
dois tipos de receptor: GABAA e GABAB. O receptor A é responsável pela inibição
présináptica e medeia a permeabilidade da membrana ao cloreto; O receptor B medeia
a permeabilidade ao potássio. Drogas como benzodiazepinas e barbitúricos (os
chamados medicamentos antiansiedade) se ligam a esses locais receptores e aumentam
os efeitos do GABA, seja aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto ou
prolongando essa abertura quando ocorre (HALL, 2017).
V - GLICINA: A glicina é outro neurotransmissor inibitório encontrado no tronco
encefálico e nos interneurônios da medula espinal. Sua principal função parece ser a
inibição dos neurônios motores: por exemplo, o bloqueador dos receptores de glicina, a
estricnina, causa espasmos musculares (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2010 apud
BEAR; BW, 2017).
Os neurotransmissores desempenham funções diversas e contundentes para o
desenvolvimento de áreas do corpo, além de fomentar a produção de outra substâncias
como os hormônios que tem características específicas, como é o caso do cortisol,
serotonina, noradopamina, adrenalina entre outros que veremos na próxima unidade.

SAIBA MAIS
Embora os neurotransmissores desempenham um papel muito importante, em
algumas pessoas eles podem apresentar algum déficit na produção, desta forma, é
necessário a busca por um profissional especializado da medicina, a fim de prescrever
medicamentos que possam auxiliar na produção. Podem ser os medicamentos
conhecidos como psicotrópicos ou os benzodiazepínicos.

Fonte: RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio de Janeiro
: Elsevier, 2016

#SAIBA MAIS#

REFLITA
“A neuro é uma arte; e para realizá-la como arte, requer um cuidado tão primoroso
como a obra de um pintor ou escultor. Mas o que é lidar com a tela morta ou o frio
mármore comparado ao tratar do corpo vivo? A neuro é arte, e eu quase diria, a mais
belas de todas”

Fonte: Parafraseando, Florence Nightingale.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

E agora? Está mais claro como funciona esta máquina de produzir pensamentos?
Fascinante entender as especificidades do sistema nervoso não é mesmo. A
compreensão do sistema nervoso central e as estruturas que fazem parte nos permite
descortinar horizontes a respeito do funcionamento cerebral.
Conhecer os neurônios as trocar e reações químicas que ocorrem, nos permite
pensar o humanos como um ser dotado de complexidades acima de tudo, no entanto,
com particularidades e subjetividades que podem ser explicadas pelo olhar na
neurofisiologia do corpo humano.
Nesta unidade pode-se ter contato com informações valiosas e enriquecedoras
sob o ponto de vista fisiológico do cérebro, o que é ponto de partida para todos os nossos
comportamentos, sentimentos, emoções e formas de interagir com o meio que nos cerca.
Foi possível construir um alicerce para aqueles que desejam enveredar pelo campo da
educação ou aos que já estão neste contexto, a fim de promover as reflexões acerca das
possibilidades e dos limites de cada sujeito, identificando que toda pintura ou ilustração,
existe uma mágica que acontece por detrás da tela.
LEITURA COMPLEMENTAR

Quantas vezes você já pensou nas emergências existentes no campo


educacional? Das mudanças e transformações que se tornam cada dia mais frequentes
na aprendizagem? O professor Milton Antonio Zaro, neurocientista, faz algumas
reflexões no seu artigo, com o título: Emergência da Neuroeducação onde trata de novos
paradigmas na pesquisa educacional e traça um paralelo à neurociências o qual prevê a
integração dos achados de pesquisas das Neurociências às necessidades de
identificação das melhores formas de ensinar, para potencializar os resultados do
aprendizado.
O fundamento desta nova área interdisciplinar de estudo é prover caráter científico
à pesquisa educacional, estabelecendo um framework teórico e metodológico para que
possam ser testadas as melhores práticas pedagógicas. Além disso, contextualiza ideias
e produções, com este enfoque, realizadas nos últimos anos, por um grupo de
pesquisadores ligados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras instituições
da região e sugere que esta nova área possa também balizar o desenvolvimento e a
pesquisa sobre o uso de produtos educacionais, em especial aqueles que se utilizam
das tecnologias computadorizadas, como a multimídia, os vídeos e os projetos
integrados de múltiplos recursos e funções.
Vale a pena conferir o artigo na íntegra. Segue referências e link para acesso.

Fonte: ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para
agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 .
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212010000100016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 05 maio 2021.

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LIVRO

• Título: Neurociências e Educação: como o cérebro aprende


• Autor: CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B.
• Editora: ARTMED.
• Sinopse: O cérebro é responsável pela forma como processamos as informações,
armazenamos o conhecimento e selecionamos nosso comportamento, dessa forma
compreender seu funcionamento, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer
seu pleno desenvolvimento é foco principal de estudo e trabalho tanto dos profissionais
da saúde mental como da educação.
FILME/VÍDEO

• Título: Fisiologia - Organização do SNC, Sinapses e Neurotransmissores (Capítulo


46/45) PARTE 1
• Ano: 2020.
• Sinopse: Esta vídeo-aula é um resumo do capítulo 46 da 13ª edição do livro Guyton &
Hall e Fisiologia Humana, que equivale ao capítulo 45 da 12ª edição. O capítulo fala sobre
a organização do Sistema Nervoso Central, mecanismo geral das sinapses e
neurotransmissores. Algumas imagens foram retiradas do livro Silverthorn de Fisiologia
Humana.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=BEJQaVMctOo
REFERÊNCIAS

BEAR, M F; Connors, BW; Paradiso, MA. Neurociências - Desvendando o Sistema


Nervoso. 4ª Edição, Artmed, 2017.

CARDINALI, Daniel P. Manual de neurofisiologia. Madrid: Ediciones Díaz de Santos,


1992.

COSENZA, R. M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre:


Artmed, 2011.

FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M.


Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008.

HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. [tradução Alcides Marinho Junior ... et
al.]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro humano em números: um cérebro de primata


em escala linear. Frente. Zumbir. Neurosci. 3 , 31, 2014.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9.ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, pp. 3-4, 14-15, 2013.

KANDEL, Eric. Princípios da Neurociências. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.

KRUSZIELSKI, Leandro. Fundamentos de neurofisiologia: uma introdução para


educadores. Curitiba: InterSaberes, 2019. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 16 ago. 2021.

LENT, R. et al. How many neurons do you have? Some dogmas of quantitative
neuroscience under revision. European Journal of Neuroscience. v 35. n. 1. jan. 2012.

OLIVEIRA, R. M.; LENT, R. O desenvolvimento da mente humana. In: Lent, Roberto;


Buchweitz, Augusto; Mota, Mailce B. (Orgs). Ciência para educação: uma ponte entre
dois mundos. São Paulo: Atheneu, 2018.

RADANOVIC, Marcia, KATO-NARITA, Eliane Mayumi. Neurofisiologia básica para


profissionais da área da saúde. 1ª edição: Editora Atheneu, 2016.

RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio
de Janeiro : Elsevier, 2016
ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da
neurociência para agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn. Rio de Janeiro ,
v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 . Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212010000100016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 05 maio 2021.
UNIDADE II
NEUROFISIOLOGIA DA APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
Professor Mestre Frank Duarte

Plano de Estudo:
• Conceitos e definições das bases neurobiológicas da memória;
• Tipos de memória e demências;
• Campos de estudo do processo neurofisiológico da aprendizagem.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar os processos da memória e aprendizagem;
• Compreender os tipos de aprendizagem, memória e o processo neurofisiológico;
• Estabelecer a importância da relação entre aprendizagem, memória e como o cérebro
aprende.
INTRODUÇÃO

Por que lembramos de algumas coisas e outras não? Já parou para pensar
quantas coisas temos contato ao longo de um dia inteiro, e que pouco conseguimos nos
recordar no dia seguinte. Você que está estudando já deve ter passado por algum
momento, em que leu, estudou, interpretou o texto, foi dormir e no dia seguinte não se
recorda de muita coisa.
Isso é quase que rotina para muitas pessoas que têm lapsos de memória ou falta
de atenção, o que compromete o processo de aprendizagem e aquisição de novas
informações. Desta forma, acabam por vivenciarem um constante ir e vir de informações,
para que possam gravar e não esquecer mais, ou se debruçam horas estudando para
fazer uma prova.
No entanto, isso não é algo apenas relacionado ao estudo, também é possível
perceber pessoas com dificuldades de guardar informações que acabaram de ter acesso.
Por exemplo, qual o nome completo desta disciplina? E desta unidade? Normalmente
isso é resultado de interferências no processo de aprendizagem, onde o cérebro não
consegue fazer o processo correto e armazenar o conhecimento.
Já imaginou? Como se lembrar de algo que você ainda nem guardou? Vamos
nesta unidade conhecer os processos neurofisiológicos da aprendizagem e da memória
e compreender de fato, como o cérebro aprende. Bons estudos!
1 BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA MEMÓRIA

Fonte. Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/side-view-attractive-young-


woman-abstract-794735215

Alguns processos do cérebro são ainda misteriosos, mas os avanços


neurocientíficos já nos possibilita compreender alguns fenômenos que colaboram para o
desenvolvimento não só do sujeito, como da humanidade. O primeiro passo, já descrito,
foi identificar e conseguir entender como se dão as conexões neurais e suas respectivas
respostas ao comportamento, assim sendo, tem-se a magnífica condição de explicar
como funcionam os processos da memória e da aprendizagem.
Segundo Souza e Salgado (2015), a memória faz de nós aquilo que somos e o
que ainda podemos vir a ser, ao passo que cada lembrança que é recordada ou
esquecida faz com que nos tornemos únicos, pois mesmo que duas pessoas vivenciem
uma mesma experiência ou situações, serão registradas recordações diferentes.
Izquierdo (2011), reverbera afirmando que o conjunto de memórias nos faz únicos e
influencia a personalidade, assim sendo, nenhuma pessoa é capaz de ser igual a outra,
pois mesmos irmãos gemelares monozigóticos, se organizam em seres humanos
distintos de acordo com as experiências de memórias que tiveram.
Se pensarmos embrionariamente, os primeiros folhetos embrionários darão
origem ao cérebro e das estruturas cerebrais o primogênito dará formato e vida à área
específica da memória, que convergem o cérebro: amígdala, córtex órbito-frontal,
hipocampo, hipotálamo, dentre outras Damásio (2011). Embora as informações sejam
armazenadas em lugares distintos, há convergências para regiões específicas do
cérebro. Essas regiões são utilizadas na formação e na evocação da memória
(IZQUIERDO, 2011). Esta estrutura está localizada na parte no córtex parietal e
temporal, na qual tem a função de decodificar e armazenar as informações, que se
transformarão em conhecimento (COSENZA, 2015). Aproveito para apresentar uma
diferenciação que fiz num livro intitulado “Aluno significado e professor significante”
publicado em 2017, onde “informação é um conjunto de dados que armazenamos de
forma provisória, e conhecimento é um conjunto de informações que armazenamos de
forma permanente” (DUARTE, 2017, p.23).
Esta especificação entre as diferenças é preponderante para estudarmos a
memória e posteriormente o aprendizado. Pensemos… "Você sabe o que é um
carapanã?” Se sim, ótimo. isso quer dizer que sua memória está perfeita. Se você não
sabe, fique tranquilo, isso não é sinal de memória ruim, apenas sinal de que “carapanã”,
não faz sentido para você, exatamente por ser desconhecido. Assim funciona nossa
memória, pois só é possível lembrar daquilo que um dia foi aprendido, ou seja, só
encontramos nas caixinhas de lembranças, aquilo que um dia foi guardado.
Mas o que isso tem a ver com os processos neurofisiológicos da memória? Pois
bem, é o que vamos discutir agora! Antes vou contar uma experiência e tirar sua dúvida
do que significa “carapanã”. Em 2008 tive o privilégio de morar no Amazonas, mais
precisamente na capital Manaus, e como vários sulistas conheciam o básico ensinado
na escola sobre o Amazonas, na minha grande ignorância, pensava que só existia água,
índio, mato e onça. No segundo final de semana que eu estava por lá, fomos conhecer
um Hotel de Selva, lugar distante da área urbanizada e que explorava uma parte
comercial da mata Amazônica.
Ao chegar e adentrarmos nossos chalés, fomos advertidos sobre o seguinte
aspecto: “Cuidado! Lá pelas 17 horas é necessário vir aqui e fechar as janelas, senão o
carapanã entra. “Disse num tom aterrorizador a nossa guia. Como ainda era cedo, o dia
já não me desce tão lindamente, por que a minha única preocupação era ter cuidado
com o bendito carapanã. Nem almocei direito e lá pelas 15h00, disfarçadamente fui para
o chalé e com muito cuidado pé, por pé, fui fechando as janelas. Fui interrompido pela
minha amiga que me perguntou o porquê daquilo e eu logo respondi: “- menina, você
ouviu a guia dizer, tem que ter cuidado com o Carapanã!”, E ela num tom de deboche
me disse: “ - você sabe o que é Carapana?”. Naquela hora não hesitei. “ - Não sei o que
é não, mas pelo tamanho do nome CA-RA-PA-NÃ, deve comer a gente uma bocada só!”.
Ela caiu na gargalhada e me disse: “-Deixa de ser besta, carapanã é o pernilongo,
muriçoca.. é um mosquito”. Envergonhado, me senti aliviado e pude aproveitar melhor o
local.
Relato sempre este episódio, porque aqui além de medo, aventura e comédia,
tem também muito dos aspectos neurofisiológicos da memória. Meu órgão de sentido ao
capturar a informação auditiva da palavra CA-RA-PA-NÃ, enviou para minha área do
cérebro chamada de Werneck, ao qual decodificou o fonema e enviou para minha base
de dados hipocampo, que não identificou nenhuma informação exata ou similar. Assim,
a busca fez algumas devolutivas, sendo uma delas a área de broca, com a seguinte
mensagem “Não sabemos do que se trata”, e outra à amígdala “Perigo, perigo, fique
atento” (o que me fez sentir medo), a mensagem enviada para área de broca, não me
permitiu ter nenhuma reação à não ser o receio ou medo pelo desconhecido. A amígdala
é, em geral, mencionada no contexto do aprendizado do medo ou de outras respostas
emocionais negativas, mas ela também participa no processamento de memórias
relativas a emoções positivas (LOMBROSO, 2004). É exatamente assim que nos
sentimos quando estamos lidando com algo que ainda não temos informações.
A capacidade de gerar aprendizado ou não da informação dependerá das
conexões da memória de trabalho com os demais sistemas mnemônicos, que são
técnicas utilizadas no processo de memorização e podem ser mecanismos criados pelo
próprio cérebro, que auxiliarão no resgate da informação (SOUZA, SALGADO, 2015).
No entanto, ao receber a informação capturada pelo menos órgão de sentido
(ouvido), o que era o carapanã, ocorreu o mesmo processo, só que desta vez ela foi
acompanhada de uma informação que eu já conhecia o pernilongo, e isso fez com que
ao chegar no hipocampo, ele identificasse e sentisse mais aliviado, “ahhh sim, agora eu
sei do que se trata” e a amígdala teve a sensação “última forma galera, tá tudo tranquilo,
com um tapa já resolvemos o problema”.
A Memória é compreendida como um sistema complexo e múltiplo combinado por
arranjos de codificações ou subsistemas que permitem a armazenagem e a recuperação
de informações no cérebro (SOUZA, SALGADO, 2015). E este processo de memória nos
faz relembrar o conceito de Jean Piaget, quando pensamos na formação ou aquisição
de linguagem ou novo conhecimento.
O aprendizado e aquisição de memória por vezes podem ser considerados
sinônimos, haja visto que só pode-se gravar aquilo que foi aprendido, ou seja, nada pode
ser reconhecido ou recordado, sem antes ser percebido (BARTLETT, 1995).
Tem-se a necessidade de ter uma base, ou seja, uma informação prévia, para
que seja possível ancorar um novo conhecimento, e este conhecimento ficará
armazenado a ponto de ser possível seu resgate sempre que necessário. Tudo aquilo
que temos contato na vida não necessariamente se tornará memória, mas se um dia ela
se tornar, jamais será perdido, a não ser que seja vítima de Alzheimer.
2 DEMÊNCIAS E TIPOS DE MEMÓRIAS

Fonte: ID: 1111126898.

Esta se caracteriza por uma perda intensa de capacidade cognitiva, com


diminuição de memória declarativa (isto é, aquela que os indivíduos podem “declarar”
que existe e/ou reconhecem como memória) e dificuldades de comunicação, bem como
sintomas psiquiátricos, como apatia, depressão e agitação/agressividade, estas últimas
principalmente na fase inicial. (MARCO, ISQUIERDO, 2007).
De que forma estas doenças neurológicas ou as demências advindas da idade,
podem causar essa perda de memória? Os dados estão presentes em cada neurônios,
eles são uma espécie de “pen drive”, que carregam estes dados, como já vimos no
cérebro ocorre um fenômeno chamado de sinapse, que é quando um neurônio conversa
com o outro. Ao fazer este contato, há uma transferência de dados, da mesma forma
como se conectar o pen drive no computador, e assim essa informação é compartilhada.
No entanto, cada neurônio não possui uma vida útil muito longa (LEIBING, 1997), o que
faz com que se as conexões demorarem ou a vida útil dos neurônios diminuirem,
corremos o risco de perder a informação.
De forma geral quando há uma lentidão da transferência de informação (por conta
da velhice, demências ou uso de medicamentos) ou quando sobrecarregamos os
neurônios (uso de medicamentos que “aceleram” a memorização ou síndrome do
pensamento acelerado) perde-se a capacidade de registro da informação. Este registro
é o que me faz poder relembrar, ou vasculhar minhas caixinhas e encontrar aquilo que
eu tinha guardado. Assim, o Alzheimer uma doença neurodegenerativa do Sistema
Nervoso Central (MARINHO, LAKS, ENGELHARDT, 1997), faz com que haja a perda de
memória recente, por ter dificuldades de promover as conexões entre os neurônios e
assim, aumentar a dificuldade de registrar os conteúdos trazidos pelos órgãos de sentido.
É comum as pessoas acometidas desta demência apresentarem relatos de
relembrar momentos, episódios e fases da infância e não se recordar de detalhes do que
comeu no café da manhã, se desligou o fogão, se fechou a porta ou desligou o chuveiro.
A perda de memória curta, aquela que se destina a atividades rotineiras , sofre com o
início da DA (IZQUIERDO, 2011).
Sei que deve estar se perguntando: “Nossa, então eu tenho Alzheimer, vivo
esquecendo as coisas?!”. Calma. Esta doença é comum em pessoas com idade acima
de 60 anos, que apresentam comprometimento em outros cenários da vida, bem como
outras características, mas acabam afetando as conexões de neurônios alocadas na
área do hipocampo. Segundo Marco e Izquierdo (2007), a proporção de indivíduos com
idade igual ou superior a 60 anos passou de 6% em 1975 para 7,9% em 2000, estimando-
se que chegue a 15,4% em 2025.
E se você tem menos de 60 anos e também apresenta estas dificuldades, ou já
passou por situações de não se lembrar de onde estacionou o carro, não conseguir
lembrar qual foi o caminho que fez, ou onde guardou o dinheiro? Tem uma situação que
sempre acho hilário. Você está deitado na cama no seu quarto e sente sede, aí de
repente se levanta vai até a cozinha, chega lá e se pergunta: “o que eu vim fazer aqui?”
Parece que estou vendo você balançar a cabeça com sinal de sim, ou dizer a você
mesmo, eu também já fiz isso.
Acalmem os corações. Isso não é sinal de Alzheimer. Na nossa sociedade que
vive a mil por horas, tentando fazer trilhões de coisas ao mesmo tempo, isso é apenas
um sinal de que precisamos parar e prestar atenção no que estamos fazendo. Isso é
problema no Registro da Informação. Segundo a Abneuro- Associação Brasileira de
Neurologia, as pessoas precisam ficar atentas para a falta de atenção, que ocorre
quando a informação não é armazenada, assim dois fatores que interferem são o
estresse e a depressão. (ABNEURO, 2021).
O dilema vivido por muitas pessoas que apresentam este problema para registrar
a informação, pode ser causado por alguns fatores e o mais comum deles é a falta de
atenção. Independentemente da idade, podemos ser vítimas do déficit de atenção
momentânea, o que traz como resultado o não processamento da informação e como
consequência a falha na comunicação das áreas cerebrais na hora de buscar a
informação.
A turbulência de coisas a serem feitas e a quantidade de informações que
recebemos desde que acordamos até a hora que vamos dormir, faz com que tenhamos
dificuldades de decodificar, ancorar e armazenar tudo isso, ao ponto de evocar quando
for necessário. (FUENTES; MALLOY-DINIZ; CAMARGO; COSENZA, 2008). Se no caso
que citamos sobre não se recordar da água, antes de sair do quarto, tivéssemos
planejado o que iríamos fazer na cozinha, teríamos mais chance de relembrar, ou seja,
o que faltou neste caso, foi registro da informação. O que mesmo que ocorreu se você
ao ler isso não se recorda do “caso da agua”. Quer ver outro desafio? Sem retornar a
leitura, qual é o nome do bicho que ficou com medo no Amazonas? Se você se recordou,
é porque ele deixou de ser informação e se tornou conhecimento, mas não foi isso que
ocorreu, lamento, amanhã já terá esquecido dele.
Este aglomerado de conhecimento que existe no hipocampo, conhecido como
memória, tem tipos diversos e durações diferentes também, de acordo com , as
memórias podem ser divididas em dois gigantescos grupos: a) as declarativas (eventos,
fatos, conhecimentos) localizado no lóbulo temporal e; b) as de procedimentos ou
hábitos, que adquirimos e evocamos de maneira mais ou menos automática (andar de
bicicleta, usar um teclado) que dependem basicamente de circuitos subcorticais que
incluem o núcleo caudato e circuitos cerebelares (ISQUIERDO; FURINI, 2013).
Abaixo podemos ver um diagrama que demonstra como se ramifica estes dois
grupos.
Figura 01 - Tipos De Memórias

Memória

Memória de Memória
longo prazo operacional

Explícita Implícita

Episódica Semântica Aprendizado


Pré-ativação Procedimento Emocional
(eventos) (fatos) condicionado

Fonte: Strauss e
colaboradores (2006)

Memória declarativa é caracterizada pela capacidade de arquivamento e


recuperação consciente de informações relacionadas a experiências vividas ou
informações adquiridas pelo indivíduo (ULLMAN, 2004 apud FUENTES, MALLOY-DINIZ,
CONSENZA, 2008, p. 104). Ela envolve a memória dois subtipos, que são a episódica e
semântica, a primeira está relacionada ao sistema de resgate de informações
vivenciadas pelo sujeito (eventos pessoais, casamento, formaturas, término de
relacionamento); e a segunda também envolve relações com percepção e ação, como
por exemplo reconhecer um animal pelo nome, características e quantidade de patas.
Já a memória implícita ou conhecida como não declarativa, está em adquirir
habilidades percepto motoras ou cognitivas por meio da exposição repetida a atividade
que seguem regras constantes, mas que não requerem resgate é a habilidade consciente
ou intencional da experiência. Alterações no seu funcionamento pode modificar a
habilidades rotineiras extremamente úteis, como utilizar celular. (STRAUSS et al, 2006).
Existem também seus subtipos como, pré-ativação, procedimento, emocional e
aprendizado condicionado. A primeira é organizada na recepção e decodificação das
informações. Já a segunda está relacionada a um sistema de memória responsável pelo
arquivamento e pela manipulação temporários da informação, servindo para que
operações mentais sejam realizadas no decorrer desse tempo. A emocional, está
relacionada com os momentos que estejam vinculados aos afetos e sentimentos, e a
última abrange a área que faz funções que já estão no automático como piscar e dirigir,
ou seja, o cérebro não precisa mais pensar para fazer. (ISQUIERDO; FURINI, 2013).
Tudo certo, entendermos como os conhecimentos se organizam e armazenam,
agora a questão é, como que eles vão parar aí? Quais processos são necessários para
que haja a aprendizagem? Veremos a seguir.

3 COMO CÉREBRO APRENDE?


Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/learning-brain-colored-
sections-human-form-264392483

Durante algumas décadas o grande enigma que permeava o cérebro se tratava


de como podem caber tantas coisas numa parte do corpo humano que pesa um pouco
mais de 1500 gramas, e após os achados das estruturas e funções, a outra façanha que
intrigou muito cientistas é como este cérebro aprende? Que mecanismos estão
imbricados neste processo e a resposta de ouro, por que uns aprendem mais fácil do
que outros? As respostas vêm por meio das neurociências.
Mas antes, é preciso discutir-se sobre a definição deste processo complexo. O
conceito de aprendizagem é muito amplo o que não se permite constituir uma definição
conclusiva, assim, o que se pode garantir é que trata-se de um processo contínuo e
ininterrupto onde descobre-se novas coisas ou adapta-se a modificações. (GIUSTA,
2013). Vale ressaltar que ela pode ser observada a partir de diversas teorias, sendo a
mais que contribuiu as da psicologia como behaviorismo, associacionismo, Gestalt,
chegando às concepções cognitivas.
Para iniciar a caminhada pelos trilhos da aprendizagem vamos antes retornar a
definição de informação e conhecimento, pois trataremos como aprendizagem todos os
dados que tornarem-se conhecimento, ou seja, dos dados que transformaram em
conhecimento serão armazenados e se tornarão conhecimento, já os dados que forem
apenas informações, serão descartadas após um ciclo de sono.
A aprendizagem é uma atividade cognitiva, ocorre a partir da consolidação da
memória e o sono tem importância fundamental nesse processo, pois ele interfere no
humor, na memória, na atenção, nos registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos
aspectos cognitivos que relacionam uma pessoa ao seu ambiente (VALLE; REIMÃO,
2009).
Existem algumas áreas importantes do cérebro a saber que são responsáveis pelo
processo de aprendizagem, denomina-se processo por ser um fenômeno que tem início
(levantamento do conhecimento prévio), meio (reflexão sobre o conhecimento inicial e
reflexões acerca do novo) e fim (elaboração de um novo conhecimento), sendo
necessário que cada etapa tenha sido eficiente para que possamos chegar ao final com
o resultado positivo: um novo conhecimento.
Durante o período que estamos acordados somos bombardeados por diversos
dados. Estes dados como vimos, são decodificados e interpretados e enviados ao
hipocampo. Se lá for identificado algum tipo de conhecimento (já organizado) e
conseguirmos fazer alguma conexão, eles passam de nível, e se tornam informações.
No entanto, ao chegarem no hipocampo encontrarem uma conexão com o conhecimento
já lá instalado, então temos um novo conhecimento. A imagem abaixo ilustra bem isso.
Figura 02 - Estruturas Cerebrais da Aprendizagem

Fonte: Elaboração do pesquisador, 2021 – (no prelo).


A ilustração refere-se a um corte sagital do cérebro humano e dividimos em três
áreas importantes, sendo o Córtex Cerebral, Sistema Límbico e Cerebelo. Eles estão
organizados em uma espécie de funil, sendo o córtex um lugar onde entram muitos
dados, o sistema límbico um local onde residem as informações e o cerebelo o
conhecimento (KANDEL, 2014). Todos os estímulos que nossos órgãos de sentido
recebem são levados para o córtex cerebral, e por lá ficam até que iniciemos nosso tão
merecido sono. Logo após acordar, se estes dados não tiverem encontrado nenhuma
conexão significativa com as informações que já temos, ele se perderá. Se carapanã,
tiver sentido ou algum significado, amanhã você se recordará, porém, se não tiver,
provavelmente você não se recordará.
Porém, se você contar para alguém sobre o que aprendeu a respeito do carapanã,
esse dado vai passar duas vezes pela “sua cabeça” e deixará de ser um dado, passando
a nível de informação, assim sendo armazenado no sistema límbico, o que ficará mais
fácil de ser recordado, após uma noite de sono. Segundo Valle e Reimão (2009) é
importante cuidar do sono desde o início da vida, pois é na fase da complexa de
modelagem e na adaptação que transforma cada indivíduo, com suas possibilidades
ilimitadas e subjetivas, combinando experiências com características próprias.
Agora se você já souber o que é pernilongo, contar a alguém o que você aprendeu,
e rever estes conteúdos duas vezes, certamente isso será um conhecimento e este item
já fará parte do seu cerebelo, sendo relembrado sempre que desejar e precisar. Portanto,
pode-se afirmar que aquilo que está no córtex (dados) dura frações de segundos; o que
está no sistema límbico (informações) duram um pouco mais de tempo, até horas e o
que está no cerebelo (conhecimento) permanece a vida toda. (PIAZZI, 2012).
Portanto, não ficar perdido naquela ação de saímos do quarto para a cozinha
buscar um copo d'água, dependerá de como você interage com esta ação. Se quando
pensar na ação, parar e planejar o que fará dando a atenção necessária, deixará de ser
apenas um dado e será o resgate de um conhecimento que já está armazenado no seu
cerebelo.
Muitos me perguntam, então o segredo está em apenas o dado, ou a informação
encontrar alguma conexão com o conhecimento existente? SIM. No entanto, outros
fatores são importantes também, como sono, tempo de exposição com o conteúdo e o
principal, o significado que damos ao que estamos aprendendo.
Desta forma, existem duas formas de fazer com que um dado se transforme num
conhecimento, seja pela quantidade de vezes que se tem contato com o conteúdo, ou
pelo significado que damos ao conteúdo, desde que haja emoção no processo. Partindo
deste ponto de vista, entra aqui a figura do professor/educador que tem o papel de propor
uma apresentação do conteúdo de forma a dar sentido e significado para quem aprende.
(DUARTE, 2017).
Vamos por partes... se você já assistiu o filme “Divertidamente”, você deve se
lembrar de como é ilustrado o processo de aquisição de conhecimento (aprendizagem)
e de como são organizados os objetos (memórias), e qual é o momento que isso ocorre?
Durante o sono. O sono é o principal agente para promover o link, as conexões, as
transmissões de informações e organizar os conhecimentos. É durante o descanso do
nosso corpo que o nosso cérebro começa a armazenar aquilo que faz sentido e tem
significado em alguma área do que conhecemos. Nosso corpo é um veículo, e como todo
veículo, não se troca pneu furado com ele em movimento. O sono serve como parada
obrigatória para organizar e selecionar aquilo que permanecerá para o dia seguinte e
aquilo que será “dispensado”, o que literalmente vai para a lixeira, e não permanecerá
registrado.
Portanto, se mantivermos contato por longo tempo com o objeto em estudo, mais
fácil ele será relembrado e armazenado no cérebro, passando rapidamente pelos
processos, levando um curto espaço de tempo. (COSENZA, 2011). Um bom exemplo é
quando queremos aprender uma música, normalmente pegamos a música e junto com
a letra começamos a cantarolar juntos, depois de um tempo não precisamos mais da
letra, e após algumas horas, também não precisamos mais da música. E passamos o
dia lembrando daquela música e sem melodia ou som, lembramos da letra e como num
passe de mágica, já decoramos e aprendemos. De repente, um belo dia você acorda
com a música e ela fica entranhada na sua cabeça. Isso acontece pelo princípio da
constância, ou seja, durante um longo período um simples dado, passa a ser um
conhecimento.
Outra forma de facilitar o processo de aprendizado é quando envolve emoção ou
sentimento. (LOMBROSO, 2004). Vou lançar um desafio, quero que se recorde do nome
da professora ou professor que mais marcou sua vida. Vamos lá, garanto que não
precisará fazer muito esforço. Lembrou? Tenho certeza de que o motivo de recordar está
atrelado à alguma emoção. Seja ela vivida por momentos bons ou ruins. Ahhh saudades
daquela professora de matemática. Brincadeiras à parte, de qualquer forma este sujeito
nos é trazido à memória pela emoção experienciada, ou seja, quando um conteúdo nos
promove sensações de bem-estar tem maior facilidade de nos cativar e auxiliar no
processo de aprendizagem. Como no exemplo acima da música, será ainda mais fácil
de recordar a música se você a escutar após um término de relacionamento ou
descoberta de uma traição. Já dizia o poeta... “por que o homem não chora, quando um
amor vai embora” (risos).
Não obstante, seja pelo tempo de contato ou pela emoção, a aprendizagem tem
sua potencialização se o conteúdo trouxer ao sujeito um significado, o teórico Alemão,
Alzubel cunhou a teoria da aprendizagem significativa, onde defendeu a relação afetiva
no processo de ensino e aprendizagem, assim como Henri Wallon.
Um expoente da educação Brasileira, inclusive que leva o título de patrono da
educação, o educador Paulo Freire, internacionalmente reconhecido pelo método de
aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos, já apresentou a melhor forma de
relacionar os conteúdos e objetos da aprendizagem pela contextualização.
Sabe-se que algumas pessoas têm dificuldades ou transtornos de aprendizagem
o que compromete o processo de aquisição de novas informações, ela pode ser causada
por questões globais ou específicas. Cabe aqui diferenciar estas complicações, sendo
as dificuldades de aprendizagens questões ao ambiente externo no aluno, sejam
estruturas físicas, iluminação, imobiliário, ausência de alimentos ou despreparo dos
docentes. (DOCKRELL; MCSHANE, 2007).
Por outro lado, temos as questões internas dos de cada pessoa, como transtornos
que podem ser globais do desenvolvimento, como síndrome de Dawn, Transtorno
Opositor Desafiador, Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção, Síndrome de
Rett, ou questões específicas da aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Disgrafia,
Disortografia, Disritmia entre outros (FUENTES; MALLOY-DINIZ, CAMARGO;
FUENTES, 2008). Desta forma, deixo aqui uma reflexão, é possível um professor, sem
nunca ter ouvido falar em neurociências ou processos neurofisiológicos, desempenhar
uma ação pedagógica efetiva junto ao seu aluno, sem compreender como o cérebro
aprende?
SAIBA MAIS

Já ouviu falar em Neuroplasticidade? Sabia que o processo de aprendizagem


pode ocorrer em níveis e situações bem adversas? Do ramo das neurociências atua no
processo de estimulação cognitiva para melhorar o desempenho de alguma função ou
com a reabilitação neurológica, para resgatar ou manter funções comprometidas. É
promover no cérebro a neurogênese, ou seja, a produção de novas conexões sinápticas.

FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M.


Fonte:
Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008.

#SAIBA MAIS#
REFLITA

Aprendizagem é a única coisa que a mente não se cansa, nunca tem medo e
nunca se arrepende.

Albert Schweitzer.

#REFLITA #
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indagação é difícil de ser respondida não é mesmo. Ao longo desta unidade


podemos ter acesso ao funcionamento do cérebro, além de compreender as estruturas
e áreas corticais que fazem parte desta arte de aprender. O descortinar dos mistérios
que estão envolto no cérebro, faz com que consigamos minimizar os impactos externos
no processo de aprendizagem.
A educação, assim como o aprender está presente em todas as fases da nossa
vida, o que nos faz aprimorar o nosso desenvolvimento e promover as transformações.
Todo o aprendizado se faz presente nas memórias daquilo que sabemos e que
vivenciamos, além do mais estas memórias é que nos move e nos permite recordar e
preservar a nossa própria existência.
Memória e aprendizagem são quase sinônimas, haja visto que um está
intrinsecamente ligado ao outro, ou seja, toda memória é um conhecimento oriundo de
uma informação que decodificada pelo cérebro, no exato momento em que foi
identificado pelos órgão de sentido. E desta forma, servirá de base para que haja a
ancoragem de uma nova informação que promoverá o ciclo novamente. Isso mesmo,
aprender é a eterna arte de memorizar.
Enquanto, há capacidade cognitiva e fisiológica do cérebro em armazenar as
informações, temos que potencializá-las pois além de dificuldades externas e internas
que podemos ter para aprender, ainda se tem que se preocupar com o “alemão”
Alzheimer, que se chegar poderá levar um pouco das recordações. Mas não podemos
esquecer de que um carinho, afeto e significado, contribui muito para cristalizar um bom
conhecimento.
LEITURA COMPLEMENTAR

12. Super-memória – Revista Superinteressante

Link: https://super.abril.com.br/comportamento/12-super-memoria/

A Teoria da Aprendizagem Significativa e o jogo


Link: https://doi.org/10.21680/1981-1802.2020v58n57ID21088
LIVRO

.
• Título: Aprendendo Inteligência: Manual de instruções do cérebro para estudantes em
geral: 1
• Autor: Pierluigi Piazzi.
• Editora: Aleph.
• Sinopse: Durante muito tempo, acreditou-se que a inteligência fosse uma característica
inata. O fator genético era considerado bem mais influente do que o fator ambiental.
Porém, devido aos avanços da neurociência, ficou demonstrado que inteligência, talento
e vocação são características que podem ser adquiridas com facilidade e um pouco de
esforço. Neste livro, dedicado aos estudantes de todos os níveis, o Pierluigi Piazzi
(conhecido carinhosamente pelos seus alunos como Prof. Pier) ensina a usar a
inteligência para se tornar uma pessoa mais inteligente.

FILME/VÍDEO
• Título: Divertida Mente (Inside Out)
• Ano: 2015.
• Sinopse: No filme, a menina Riley passa por diversas emoções ao se mudar do Meio-
Oeste dos EUA para San Francisco. As emoções - Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill
Hader), Raiva (Lewis Black), Nojo (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith) - moram
no Quartel-General, o centro de controle dentro da mente de Riley, onde eles a ajudam
com conselhos diariamente. Enquanto Riley e suas emoções se esforçam para se ajustar
à nova vida em San Francisco, a turbulência no Quartel-General aumenta. Embora
Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente pensar positivo, as
emoções entram em conflito sobre como navegar pela nova cidade, a nova casa, a nova
escola.

REFERÊNCIAS
ABNEURO. Ansiedade e estresse estão agravando os problemas de memórias.
Disponível em: https://www.abneuro.org.br/post/ansiedade-e-estresse-est%C3%A3o-
agravando-problemas-de-mem%C3%B3ria. Acesso em: 03 fev. 2021.

BARTLETT, F. Remembering: a study in experimental and social psychology.


Cambridge: Cambridge University, 1995.

COSENZA, R. M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre:


Artmed, 2011

DAMÁSIO, A. R. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras,


2011.

DOCKRELL, Julie. MCSHANE, John. Crianças com dificuldades de Aprendizagem:


Uma abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2007.

DUARTE, Frank. Aluno Significado e Professor Significante. Campo Mourão:


Artesã, 2017.

FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M.


Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008.

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IZQUIERDO, I. Memória. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

KANDEL, Eric. Princípios da Neurociências. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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culturais. In: Cadernos IPUB, Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ed.): Envelhecimento e
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LOMBROSO, Paul. Aprendizado e memória. Atualização. Brazz. J. Psychiatry 26(3),


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VALLE, Luiza; REIMÃO, Rubens. Sono e aprendizagem. Revista Psicopedagogia.


vol.26 no.80 São Paulo 2009.
UNIDADE III
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS I
Professor Mestre Frank Duarte

Plano de Estudo:
• Conceitos de inteligência;
• Tipos de inteligências;
• As teorias das múltiplas inteligências;
• Teoria das múltiplas inteligências: implicações e aplicabilidades na escola.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar inteligência e seus diversos contextos;
• Compreender os tipos de Inteligência e suas singularidades;
• Evidenciar a importância da Teoria das Múltiplas inteligências para o contexto
educacional.
INTRODUÇÃO

E aí, você se sente inteligente? Será que ela pode ser medida ou quantificada?
Nascemos com inteligência ou vamos desenvolvendo essa capacidade? Se a
inteligência é hereditária como explicamos aquelas pessoas que se destacam em
algumas áreas e outras não. Pois é, todos estes inculcamentos estão presentes quando
pensamos, discutimos e aprendemos sobre inteligência.
Desde da década de 30, quando se pensou em quantificar a inteligência por meio
de escalas de quociente, muitas figuras ilustre receberam a classificação como forma de
enaltecer sua trajetória ou feitos, dentre eles estão Einstein, Da Vinci, Michelangelo,
Steven Spielberg e Santos Dumont.
A menção ao QI, sempre esteve atrelado a um potencial que dá ao sujeito
“superpoderes”, e o é colocado num pedestal como alguém completamente bem
resolvido e contemplado, o que se sabe que não tem disso, toda a verdade. Pelo
contrário, pessoas que apresentam um QI (Quociente de Inteligência) alto, tendem a
desenvolver uma QE (Quociente Emocional) abaixo do esperado, o que compromete
outras áreas do desenvolvimento. Isso implica em minimizar a potencialidade das
habilidades das IM (Inteligências Múltiplas).
No entanto, como entender melhor o QI ou QE, e a relação com a forma de pensar
e compreender o sujeito? As especificações e detalhamento de cada um deles e como
podemos aplicar no dia a dia, em especial no ambiente educacional, será tratado nesta
Unidade. Está preparado(a) para viajar nas teorias das inteligências e desvendar os
desdobramentos das múltiplas inteligências no âmbito educativo? Sim. Então vem
comigo.
1 CONCEITO DE INTELIGÊNCIA

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-intelligence-


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Conta a história que certa vez, num vilarejo havia um rapaz que todos faziam
piada. Um belo dia um homem se aproximou dele e lhe apresentou duas moedas, uma
de 50 centavos e outra de 5 centavos e pediu para que ele escolhesse. O rapaz pegou
a de 5 centavos, e o homem riu da sua atitude. No dia seguinte o homem reuniu diversas
pessoas e teve a mesma atitude e o rapaz repetiu a ação.
A passaram dias, semanas e meses, sempre o homem fazia-lhe a proposta, e o
rapaz pegava a moeda de 5 centavos. Um certo dia, o homem já injuriado, perguntou ao
rapaz. “-Mas você é muito burro! Você não sabe que a moeda de 50 centavos tem mais
valor que a de 5?” E o rapaz disse: “– Sim eu sei que é.”. E então por que você não a
pega logo?” replicou o homem. Então o rapaz abriu um sorriso e disse tranquilamente. “-
Por que o dia que eu pegar a de 50 centavos, o senhor para de me dar moedas!”
Essa ligeira história, é nosso ponto de partida para dialogarmos sobre inteligência
e o quanto ela é representada nas pessoas, e o que elas fazem com a capacidade que
tem.
Partindo da epistemologia da palavra “inteligência” sua origem está na junção
de duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher, que no seu sentido mais
amplo, significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão
das coisas escolhendo o melhor caminho. A formação de ideias, o juízo e o raciocínio
são frequentemente apontados como atos
essenciais à inteligência. A inteligência é resumida pelo pequeno dicionário ilustrado
brasileiro da língua portuguesa como “a faculdade de compreender”. (ANTUNES, 2015).
Galton (1865) iniciou os estudos estatísticos de inteligência e a definiu como
“faculdade que os gênios têm e os idiotas não tem”. Desde os tempos de Galton, os
psicometristas tentam explicar as diferenças de performance intelectual entre crianças
como sendo resultante da diferença na quantidade de “inteligência”.
Nunca houve um consenso sobre o significado da “inteligência”, porém em 1921,
no Jornal da Psicologia Educacional, diferentes psicólogos de várias teorias reuniram-se
e apesar de grande relação entre suas definições, ainda hoje o que se vê são definições
e concepções sobre a inteligências, bastante diferentes (STERNBERG; DETTERMAN,
1986 apud DOCKRELL; MCSHANE, 2007, p. 21).
Seguindo uma visão tradicionalista, Travassos (2001) afirma que a inteligência já
foi conceituada como uma capacidade inata do indivíduo, um atributo do qual o ser
humano dispõe para responder a testes de inteligência, (NOVIKOBAS; LAMARI MAIA,
2020). Alguns autores sugeriram que a inteligência fosse um termo descritivo e não
explicativo (OLSON,1986). Muitas definições afirmam explicitamente que ao se introduzir
o termo, de alguma forma se está explicando a performance e não descrevendo-a.
No entanto, William Stern, psicólogo Alemão do século XVIII/XIV, afirmava que se
tratava da capacidade pessoal para resolver os problemas novos, utilizando de forma
adequada o pensamento. Todavia, outros a consideravam como o arranjo de todos os
equipamentos mentais que atendessem a adequação das tarefas vitais. Mesmo com
essas definições vagas, havia e há o entendimento de que a inteligência é uma
capacidade mental que pode ser medida e quantificada por meio dos famosos testes de
QI. (AMARAL, 2007).
A “inteligência enquanto adaptação” tornou-se desde então um conceito chave
que de forma mais ou menos explícita atravessou a história da psicologia da inteligência
humana, na base da investigação fundamental como aplicada, no cerne do
desenvolvimento teórico como das técnicas de avaliação da inteligência e em resposta
a necessidades e pressões sociais (MIRANDA, 2002).
Foram os pesquisadores Alfred Binet e Théodore Simon, que deram início a
testagem psicológica com o intuito de atender as necessidades da seleção escolar da
época, tendo como objetivo identificar as crianças que não se beneficiaram dos
programas públicos, onde esperava-se desenvolver uma avaliação imparcial de
checagem das atitudes escolares.
Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, especialmente
porque os testes não apresentavam a condição de fidedignidade daquilo que propunham
de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, e pelo fato de partirem do estudo de crianças
com deficiências. Na verdade, eles buscavam construir uma “escala métrica da
inteligência” para identificar nas escolas as crianças denominadas de retardados
“perfeitos”, ou seja, aqueles que seriam suscetíveis de frequentar as classes chamadas
de “aperfeiçoamento”, e que conseguiriam se adaptar. (AMARAL, 2007).
Em busca de conseguir quantificar e mensurar o QI – Quociente de Inteligência,
os testes foram utilizados como ferramentas com normas de referências desenvolvidas
para avaliar o funcionamento cognitivo de um indivíduo. Assim como todas as medidas
com normas de referências, eles sempre vão conter algumas margens de erro (HARRIS,
1983 apud AMARAL, 2007, p. 88). O uso dos testes de Ql caminhou junto com a crença
de que a inteligência era herdada, passada de uma geração para outra e de acordo com
essa perspectiva, cada indivíduo portanto, nascia com uma determinada 'quantidade' de
inteligência; assim, seria possível elaborar testes para qualificar e classificar as pessoas
em relação a sua inteligência (SMOLE,1999).
Antunes (2015) ressalta que é possível afirmar com segurança que a inteligência
de um indivíduo é produto de uma carga genética que vai muito além da de seus avós,
mas que alguns detalhes da estrutura da inteligência podem ser alterados com estímulos
significativos aplicados em momentos cruciais do desenvolvimento humano.
A delimitação da “inteligência humana” enquanto objeto de investigação assume
desde logo dois pressupostos: o da existência de um conceito de “inteligência não
humana”, daquelas que estão ligadas a condição de adaptação e funcionalidade. Por
exemplo, ao conectar seu celular a rede wifi, é uma forma de executar a “inteligência não
humana”. Também há outro pressuposto que é a do reconhecimento do “carácter único”
da inteligência humana, no quadro da enorme diversidade biológica, que integram as
predisposições específicas do humano, que se aplica muito para lá da descrição do
potencial cognitivo humano.
Muitas utilizações da palavra “inteligência”, ou do adjetivo “inteligente”, na
linguagem comum, e em particular na qualificação de objetos inanimados, remetem para
esta noção de funcionalidade decorrente da adequação às exigências externas: a
“inteligência” definindo-se pela flexibilidade na resposta adaptativa às circunstâncias, ou
seja, pela eficácia da relação funcional do objeto num contexto. (MIRANDA, 2002).
Isso é percebido pelo resultado das ações comportamentais que demonstramos,
após um longo processo neurológico que ocorre utilizando-se de processos superiores
complexos, como atenção, percepção, aprendizagem e memória.
Segundo Antunes (2015) a inteligência é, um fluxo cerebral que nos leva a
escolher a melhor opção para solucionar uma dificuldade e que se completa como uma
faculdade para compreender, entre opções, qual a melhor; ela também nos ajuda a
resolver problemas ou até mesmo a criar produtos válidos para a cultura que nos
envolve.
Desde ponto de vista, esta faculdade é uma condição dos humanos, ao considerar
que é comum as pessoas acreditarem que seu pet de estimação é dotado de inteligência.
Isso mesmo, seu cachorro e seu gato, não possuem inteligência, apenas uma
capacidade de responder a estímulos e com isso, obter um repertório de informações
armazenadas na memória e sempre que se repete, já induz ao resultado, a isso
chamamos de comportamento condicionado.
Damásio (1994/1995, apud MIRANDA, 2002, p. 19) identifica relações
significativas entre o córtex pré-frontal e outros níveis de funcionamento neuronal
pertencentes apenas ao cérebro humano, como os núcleos neurotransmissores do
tronco cerebral, a amígdala, o cíngulo anterior e o hipotálamo, e todas as vias de resposta
motora e química do cérebro. Resumidamente pode-se afirmar que embora os animais
possuam encéfalos, não desenvolvem as conexões neurais que dão origem às
capacidades de resolução de problemas.
Pensar a inteligência como um indicador quantitativo de escala, ao qual dará um
resultado e enquadrar o sujeito numa classificação de “normal”, ou com indicativos de
altas habilidades, superdotação ou retardo mental. O QI, atualmente é muito utilizado em
especial para compreender como as pessoas se organizam e lidam com a forma de se
relacionar, de ver o mundo e até mesmo de se auto entenderem. Contudo, jamais deve
ser uma métrica apenas para quantificar uma pessoa.
Afinal, se a inteligência está para os humanos o que pode ser feito para contribuir,
a fim de alcançar um maior aprimoramento e desenvolvimento? A potencialização deste
processo psicológico básico tão vital, pode ser pensado a partir de algumas óticas e
dinâmica de relacionamento com o contexto e o meio. Dependendo da forma como
olhamos para a inteligência, contribuirá para obter um melhor desempenho. Sei que deve
estar se perguntando: “Então existem outras formas de pensar a inteligência?” Claro que
iremos estudar logo mais.
2 TIPOS DE INTELIGÊNCIAS

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-quotient-intelligence-


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Nas últimas cinco décadas, o olhar para o ser humano e sua forma de se
relacionar e interagir com o mundo que o cerca, assim como o termo inteligência vem se
configurando em concepções distintas e variadas. Ao lado de termos como “testes de
inteligência”, “inteligência brilhante”, “pouco inteligente”, temos ouvido e visto aparecer
“inteligência artificial”, “sistemas inteligentes”, “inteligência emocional”. (AMARAL, 2007).
A realidade é que muitos profissionais da psicologia têm se direcionado a
possibilidade de pensar a mensuração da inteligência por meio do QI, com
questionamentos acerca da sua efetividade. O propósito de Simon e Binet deixa de ser
relevante, não na sua importância no auxílio de quem precisa de suporte e ajuda, mas
na categorização e comparação a uma possível padronização da inteligência.
A própria concepção de inteligência como uma competência individual, como a
capacidade de raciocinar, de compreender, desprezando-se aspectos outros da
subjetividade dos indivíduos, parece hoje questionável. Neste sentido, ao invés de
apenas indicar o nível ou graus, inicia-se um movimento de perceber outras
possibilidades e condições do humano na forma de potencializar suas capacidades e
habilidades.
Cada vez mais ganha força uma concepção de que a inteligência tem aspectos
múltiplos e variados na sua avaliação, e, sobretudo, questiona-se a relação entre
inteligência e bom desempenho escolar (AMARAL, 2007). Contrapondo o pensamento
existente, Salowey e Mayer (1990), trouxeram à discussão a distinção que os seres
humanos poderiam fazer de um tipo de inteligência social, que estava vinculada às
próprias emoções.
Assim, eles a descreveram como uma habilidade que tem-se de reconhecer o
significado das emoções e das relações, também como condições de raciocinar e
resolver os problemas baseado nas emoções (MAYER, CARUSO, SALOVEY, 2000,
apud ROBERTS; NASCIMENTO, 2002, on-line). No entanto, quem a popularizou foi o
psicólogo americano chamado Daniel Goleman, o precursor da teoria que amplia a visão
sobre o humano, considerando suas especificidades mais singulares, e não mais o
comparando com os padrões vigentes de classificação, a Teoria da Inteligência
Emocional.(VIEIRA-SANTOS; MUNIZ, 2018).
Ele trouxe à discussão aspectos relevantes da percepção do próprio sujeito em
relação aos seus sentimentos, sensações e emoções, criando o conceito de inteligência
emocional. Para ele, a inteligência emocional caracteriza a maneira como as pessoas
lidam com suas emoções e com as das pessoas ao seu redor. Isso implica
autoconsciência, motivação, persistência, empatia, entendimento e características
sociais como persuasão, cooperação, negociações e liderança. Essa é uma maneira
alternativa de ser esperto, não em termos de QI, mas em termos de qualidades humanas
do coração. (ABRAE, 2007).
Saber lidar com as nossas emoções é o desafio da humanidade neste milênio, em
especial, aquelas que estão intrinsecamente ligadas nas relações que temos com as
outras pessoas. Acredita-se que o QE – Quociente Emocional, tem maior valor
competitivo, no que se refere ao diferencial competitivo nas organizações do que o fator
de QI. Até porque, mais do que saber ou ter conhecimento, é necessário saber utilizá-lo
com eficiência, sendo a QE reconhecida como sabedoria e QI apenas inteligência.
Dizem que inteligência é reconhecer que tomate é uma fruta e sabedoria é não a
coloca numa salada de frutas. A inteligência emocional transcende a condição apenas
de entender a relação das relações afetivas, e perpassa pela forma de como lidar com o
impacto que nosso jeito de ser tem na organização do outro.
A ideia básica na proposição de Goleman é que não seria possível pensar a
inteligência somente por meio de seu componente racional, mas que seria de
fundamental importância considerar também as questões emocionais envolvidas na
tomada de decisões. Assim, nas decisões, seria importante não somente “ser racional”,
mas também “pensar com o coração” e levar em conta aspectos da intuição. Alcançar
esse tipo de inteligência exigiria treinamento, persistência e esforço, uma vez que ela
não é herdada, não é genética (AMARAL, 2007)
Aqui surge a divergência na forma de pensar a relação do fator genético sobre a
inteligência. O que antes era preponderante para a condição de um ser superdotado,
agora não encontra relevância, à considerar que para muitos que possuem um QI
elevado, têm em contrapartida tem um QE minimizado, seja por considerar-se muito
superior aos outros, ou pela deficiência de repertório de como lidar com as relações
sociais.
No entanto, Goleman, afirma que é possível desenvolver tal habilidade, sendo
para isso necessário um treinamento que envolve cinco habilidades, sendo elas: 1.
autoconsciência: reconhecer os próprios estados de ânimo, os recursos e as intuições;
2. auto-regulação: saber manejar os próprios estados de ânimo e impulsos; 3. motivação:
reconhecer as tendências emocionais que guiam ou facilitam o cumprimento das metas
estabelecidas; 4. empatia: ter consciência dos sentimentos, necessidades e
preocupações dos outros; 5. destrezas sociais: saber induzir as respostas desejadas
pelo outro. (GOLEMAN, 1996).
Embasados nestes eixos todo humano tem condições de aumentar seu potencial
de relações emocionais partindo da autopercepção até a indução de respostas que os
outros esperam, alcançando o ápice da teoria, de identificar, perceber, assimilar, analisar
e gerenciar as emoções.
Se as emoções nos afetam em todos os contextos, não seria difícil deixar de
percebê-la no âmbito empresarial e organizacional, espaço por onde também transita a
aprendizagem, a memória e a inteligência. A competitividade dentre as empresas por
alcançar um alto patamar ou reconhecimento no cenário e área em que atua, trás
promissores avanços no olhar para a aprendizagem organizacional, ou seja, se a
inteligência é uma capacidade exclusiva do humano, logo as empresas que necessitam
se exponenciar, então este é um caminho inteligente e sábio a ser seguido.
Com a globalização muitas pessoas passaram a compartilhar e a ter acesso às
mesmas informações, passou-se a ser a sociedade da informação, que está
basicamente alicerçada na economia, comunicação e tecnologia da informação
(VALENTIM, 2002).
Considerando esse cenário, surge o conceito de Inteligência Competitiva, como
sendo a seleção, coleção, interpretação e distribuição da informação publicamente
segura que possui importância estratégica (COMB; MOORTHEAD, 1993, apud
MIRANDA, 2002). Já para Jacobiak (1996, apud LIMA, RIÇA, 2004, p. 80), a inteligência
competitiva pode ser considerada uma parte significativa da gestão estratégica da
organização, por meio da informação que permita aos tomadores de decisão se
anteciparem sobre tendências dos mercados e posição dos concorrentes.
Assim, ela está transformando informações aleatórias do conhecimento
estratégico nas organizações, em busca de manter o aprimoramento contínuo, contando
com a confiança para agir nas ameaças e oportunidades. Pode agir como um radar,
monitorando o ambiente da organização na busca de informações valiosas, alcançando
as oportunidades sem correr riscos.
Valentim (2002), afirma que o conhecimento é cada vez mais um fator de
competitividade sendo o desafio maior a ser enfrentado, é o de transformar informação
em conhecimento antes que o ponto de decisão tenha passado.
Assim, a evolução da aprendizagem em conhecimento e a sua aplicabilidade de
inteligência para sabedoria, traz consigo dilemas e entraves que demandam grandes
investimentos na busca por soluções, tais como: contratação de recursos humanos
adequados, desenho de perfil e habilidades profissionais, programas de
desenvolvimento e treinamento de competências e espaços de disseminação e
propagação de formação contínua.
Embora, a subjetividade do humano como já vimos, traz muita vantagem
competitiva e singularidade para as relações, em alguns contextos seu tempo de
maturação e preparo para implantação é grandioso e pode provocar morosidade.
Pensando nisso, neurocientistas têm investido profundamente em pesquisas que
garantam maior rapidez e tentam replicar o que as conexões cerebrais processam num
menor tempo possível. Daí surge na década de 50 com os cientistas Hebert Simon e
Allen Newell, as primeiras investidas no desenvolvimento da Inteligência Artificial.
A “inteligência artificial”, é definida pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa
(Inst. António Houaiss, 2004) como “ramo da informática que visa dotar os computadores
da capacidade de simular certos aspectos da inteligência humana”. Apresenta como o
mais expressivo da inteligência enquanto metáfora do humano aplicada ao mundo
inanimado, e dela decorre o segundo pressuposto enunciado, o de que a inteligência
humana se distingue das demais formas de inteligência (MIRANDA, 2002).
Desafio você uma atividade para demonstrar a inteligência artificial, no que tange
a essa tentativa de réplica das conexões neurais. Abra seu navegador de internet e
pesquise qualquer produto que tenha interesse de comprar, navegue conhecendo as
características do produto, mas não compre. Depois fique cinco minutos fora da internet
e na sequência abra suas redes sociais, e verá a magia acontecer. Em poucos segundos,
aparecerá uma promoção sobre o produto que você estava olhando alguns minutos
antes. Isso acontece não ao acaso, é fruto dos algoritmos e da inteligência artificial.
O mesmo ocorre quando você entra em contato com alguma empresa prestadora
de serviços, sejam telefonia, internet, tv a cabo ou serviços bancários. Em geral,
transferiu-se o esforço da mão de obra humana, pela automação e tecnologia das
inteligências artificiais, ou seja, ao buscar suporte é direcionado para um atendente
virtual, seja na internet ou pelo telefone, que lhe trará informações por meio de comando
de voz. Na realidade o que ocorre, é que está dialogando com um computador que está
abastecido com uma gama gigantesca de informações, que por meio de palavras chaves,
promove a busca nas suas memórias respondendo suas necessidades. Quem nunca
ouvi... “diga de forma resumida o que pretende, para que eu possa lhe atender”.
Russell e Norving (2004), afirma que a Inteligência Artificial pode ser visto como
sistemas que pensam como seres humanos, onde se busca criar um sistema que passe
pelas mesmas etapas que um ser humano passaria, para resolver problemas e essa
visão giram em torno da ciência cognitiva, que tem a capacidade de se comunicar,
armazenar conhecimento e interpretar dados, utilizando a lógica para a solução dos
problemas.
Outro exemplo está em alguns smartphones. Se seu celular tem um sensor que
faz a adaptação da iluminação do visor, conforme a claridade do ambiente, pronto! Esta
funcionalidade é uma réplica do nosso cérebro, pois a região do lóbulo occipital,
responsável pela visão, faz o mesmo. Basta apagar todas as luzes fechar os olhos, num
primeiro momento não conseguirá ver nada, mas com o tempo se adapta a luminosidade.
Gordilho (2017) nos dá alguns exemplos de como ele já está presente no nosso
dia a dia, um desses é o assistente virtual, que temos no google assistente nos Android,
a Siri do Iphone e a Cortana do Windows, todos eles interagem com o usuário quando
que pede ou diz alguma coisa, interpretando o que foi dito e dando uma resposta quase
instantânea.
O que é comum em ambas as formas de inteligências apresentadas (emocional e
artificial), está relacionada a pensar o sujeito de forma fragmentada apenas por um viés
da condição humana. No entanto, existe uma possibilidade de pensar no humano, pela
sua singularidade não o fragmentando, e sim potencializando esta peculiaridade e
explorando formas de desenvolver suas capacidades, a esta inteligência Harvard
Gardner (2010), denominou como Inteligência Múltiplas ou a Teoria das Múltiplas
Inteligências.
3 A TEORIA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/kid-head-thetheory-multiple-


intelligences-graphic-1497165995

Tradicionalmente, a inteligência sempre foi definida, com base no Quociente de


Inteligência (QI), como uma capacidade inata, geral e única, que possibilita aos
indivíduos alcançarem um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de atuação
(GALLEGO, 2002 apud AMARAL, 2007, p. 30), e a habilidade de responder a itens em
testes de inteligência.
A forma que encontrou-se para mensurar e quantificar foi a partir de testes e
técnicas onde se compararam indivíduos de distintas idades e contextos, sendo utilizado
até hoje a Escala Wechsler (GARDNER, 2010). No entanto, as possibilidades da
condição humana é mais do que um número, ou um escore, tão pouco integrado em
áreas ou habilidades que se somam e o classifica.
Em alguma circunstância já deve ter tido sua inteligência questionada, ou se
sentiu não suficiente naquele momento, em virtude do que a situação necessitava.
Historicamente ambientes educativos proporcionavam situações de validação do
conhecimento, como por exemplos provas orais, onde o aluno que não atendia o
esperado, era colocado em condições vexatórias, sendo chamado de burro, ou de
castigo atrás da porta.
Se uma pessoa não tem habilidades com as matemáticas ou não sabia a tabuada,
o consideravam alguém desprovido de inteligência, no entanto, se ele dispunha de
competências nas áreas de escrita ou leitura, isso não era mensurado como uma
potencialidade. Foi a partir da insatisfação de Howard Gardner com essa ideia de QI e
com visões unitárias de inteligência as quais focalizam, principalmente, as habilidades
importantes para o sucesso escolar, que ele propôs a Teoria das Inteligências Múltiplas,
pluralizando o conceito de inteligência (GALLEGO, 2002; apud AMARAL, 2007, p. 60).
Ele apresentou como sendo multivariada e conceituada com a capacidade de
resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais
ambientes culturais ou comunitários; partindo do pressuposto de que os indivíduos
possuem forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes (GARDNER,
2010). (ALMEIDA; PEIXOTO, 2017). Nesta ótica, todo sujeito é dotado de alguma
inteligência, neste caso, sem necessidade de ser comparado com outro, a não ser
consigo mesmo, identificando as suas forças cognitivas que lhe diferenciam e ao mesmo
tempo o torna tão único.
Nos anos 80, surge o primeiro trabalho de Gardner apontando que alguns talentos
somente são desenvolvidos porque são valorizados culturalmente numa condição
histórica, assim, as pessoas manifestam as mais distintas habilidades seja para compor
uma música, construir um computador ou uma ponte, organizar uma campanha política,
ou produzir um quadro, ou seja, além de muitas outras e que todas essas atividades
requerem algum tipo de inteligência, mas não necessariamente o mesmo tipo de
inteligência. Para Gardner, as pessoas possuem capacidades diferentes, das quais se
valem para criar algo, resolver problemas e produzir bens sociais e culturais, dentro de
seu contexto. (SMOLE, 1999). Neste contexto elabora sete tipos de inteligências:
linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal e
intrapessoal.
É notória a contribuição da Inteligências Múltiplas para a forma de ver e pensar a
humanidade, além de permitir cindir com paradigmas realistas do modo de perceber as
pessoas. No entanto, grande parte das pesquisas estão direcionadas para a observação
de adultos e a aplicação da teoria nas suas relações, deixando a margem o cerne
epistêmico da efetividade das múltiplas inteligências, a fim de garantir de fato o
desenvolvimento do sujeito e suas potencialidades, que é de convertê-las para o campo
educacional e é sobre essas implicações e aplicabilidades que versaremos a diante.
4 TEORIA DA MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS: IMPLICAÇÕES E APLICABILIDADES
NA ESCOLA.

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/kid-head-theory-multiple-


intelligences-concept-1061494991

O espaço educacional sempre foi alvo de investidas sobre o desenvolvimento


humano e compreensão das formas de pensar do sujeito, seja por meio de metodologias,
propostas ou práticas pedagógicas. No âmbito das avaliações educacionais também
enveredam para a classificação e segregação da capacidade do sujeito focalizando em
áreas do conhecimento o que traz o dilema que falamos anteriormente.
Gardner com sua conjectura de pensar as inteligências apresenta um acalanto
para aqueles que não se "enquadram" ou se “encaixavam” nos protocolos sobre QI, em
especial para os que dispunham de um resultado de notas abaixo da média, o que
promovia uma sensação de insatisfação ou reprovação de si por apresentar algum
“problema”, o que na verdade não era.
Já se deparou com alguma cena onde o aluno não se sai bem nas operações
matemáticas, ou na interpretação de textos, e no entanto, tem habilidades de ser o
próximo Da Vince ou Salvador Dali? É quieto, apresenta dificuldades nas relações
sociais, porém, sabe se expressar pela matemática ou na música. Pois é, Gardner
libertou a escola do pensamento reducionista ou cartesiano de fragmentar o sujeito,
permitindo uma forma de olhar diferente para as habilidades.
Ele desenha uma sequência de estágios que estão presentes no desenvolvimento
do sujeito, considerando a aprendizagem e o espaço educacional. O primeiro momento
é quando os bebês começam perceber o mundo a sua volta, e processa as informações
já com um pensamento simbólico em evidência, assim, das simbolizações básicas que
ocorrem por volta dos dois anos, a criança demonstra algumas habilidades da
compreensão e dos símbolos, o que caracteriza o segundo estágio. Com as habilidades
já adquiridas ela inicia o processo de aprimoramento dos sistemas simbólicos,
predominantes no seu grupo cultural, vindo na vida adulta a focalizar no campo mais
específico (ALMEIDA; PEIXOTO, 2017).
As contribuições da teoria de Gardner na Educação resultam de uma forte reflexão
e questionamento, partindo do princípio que necessita considerar para esse novo arranjo
da inteligência, m coerente planejamento escolar, conforme o próprio autor apresenta ao
fazer diversas reflexões sobre a teoria em diversos continentes e países (GARDNER,
2010).
Armstrong (1994, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017, p. 89) reconhece a dificuldade
de se incluir cada tipo de inteligência em um plano de currículo escolar e propõe, que o
professor, ao planejar suas atividades, faça a si próprio alguns questionamentos que o
ajudarão a atentar para as várias formas de inteligências envolvidas na atividade.
Assim, para cada tipo de inteligência, seria oportuno pensar uma reflexão e prática
que potencializasse e validasse esta visão das inteligência. Por exemplo: a) linguística:
“Qual a melhor forma de fazer uso da escrita ou da fala?" b) lógico-matemática: “Formas
de interagir e pensar o contexto, explorando cálculos, números, estatísticas, lógica?”; c)
espacial: “Construção de um mapa da escola, a partir das organizações visuais e
especiais?”; d) musical: “Utilização de paródias para a melodia, ritmo e sonoridade,
auxiliar na fixação dos conteúdos?”; e) corporal-cinética: “Expansão do corpo e as
possibilidades de interação por meio das experiências do tato?”; f) interpessoal:
“Promover atividades de aprendizagem colaborativa, com dinâmicas de grupos e
intervenções coletivas?”; g) intrapessoal: “Dinâmicas que possam promover a percepção
de si, sobre suas emoções e potencialidades?”. Desta forma, apresentamos algumas
possibilidades da prática da teoria no espaço pedagógico, de forma que um bom
planejamento facilite a condução da ação, incluindo a avaliação que deve ser pensadas
segundo as diversas habilidades humanas, com menção de um currículo centrado no
educando, claro com ambiente educacional que o permita explorar.
Se o objetivo do trabalho pedagógico é o aprendizado do aluno, logo, deve dispor
de uma estrutura que possibilite o sujeito a viver diversas experiências, sejam com
objetos, móveis, equipamentos multifacetados, bem como um espaço para potencial
criativo e imaginativo. Segundo Gardner (1995, apud MIRANDA, 2002) o maior desafio
é conhecer cada criança como ela realmente é, saber o que ela é capaz de fazer e centrar
a educação nas capacidades, forças e interesses dessa criança. O professor é um
antropólogo, que observa a criança cuidadosamente, e um orientador, que ajuda a
criança a atingir os objetivos que a escola, o distrito ou a nação estabeleceu.
Aqui entramos numa discussão já iminente sobre a formação do professor, seja
ela interpretada em diversas situações. De forma geral, nos cursos de licenciaturas não
temos um estudo direcionado para as múltiplas inteligências, a fim de preparar o futuro
profissional para desempenhar o papel de orientador, tutor, mentor ou de mediador da
ação do aluno. Embora tenha-se algumas iniciativas, é necessário fortalecer a função do
professor neste cenário, com base na Teoria das Múltiplas inteligências.
É necessário que os alunos sejam orientados em sua ação, cabendo ao professor
o papel de mediador ao estabelecer ou elaborar regras em conjunto com os mesmos,
adequar e atualizar seus métodos de trabalho de acordo com a necessidade deles e a
realidade em questão, delineando o caminho do conhecimento, contribuindo e ampliando
conceitos de avaliação (SILVIA, 2016).
Celso Antunes (2015) apresenta qual seria o papel da escola neste cenário, onde
ela renova-se com estudos e descobertas sobre o comportamento cerebral e, nesse
contexto, a nova escola é a que assume o papel de “central estimuladora da inteligência”.
Se a criança já não precisa ir à escola para simplesmente aprender, ela necessita da
escolaridade para “aprender a aprender”, desenvolver suas habilidades e estimular suas
inteligências.
Tal qual como nas transformações e adequações das teorias educacionais, saindo
da tradicional para as construtivistas, o professor não perde espaço nesse novo conceito
de escola, pelo contrário, ele acrescenta sua laboriosa função de ser o agente que orienta
a felicidade do fascínio de aprender, estimulando a inteligência.
Mas, na análise do conceito de inteligência e na redefinição do papel da escola
surge uma dúvida extremamente válida: será a inteligência uma faculdade ampliada?
Podemos nos tornar mais inteligentes? Não seríamos, por acaso, vítimas de uma carga
genética imutável e a inteligência, tal qual a cor dos olhos por exemplo, um estigma que
temos de aceitar para toda vida? (ANTUNES, 2015).
Segundo Moraes (2013, apud SILVA, 2016, p. 106) para que o educador possa
fazer uso da Teoria das Inteligências Múltiplas é preciso que ele inicialmente tenha um
bom domínio dela e que conheça bem o seu aluno; caso contrário, correrá o risco de
distorcer os postulados da teoria e incorrer em um trabalho ineficiente. Conhecer o perfil
cognitivo dos seus alunos para que possa visualizar de que forma o seu aluno aprende
é fundamental, inclusive para subsidiar a sua prática pedagógica.
Nesta forma de pensar e fazer a educação, é possível romper com os paradigmas
educacionais, que parametrizam o sujeito como um conjunto básico de competências,
na qual, alguns indivíduos eram mais capazes que outros, sendo previsível que
dominassem mais rapidamente os conhecimentos transmitidos pela escola. (SMOLE,
1999). A escola passa a ser espaço de liberdade, fraternidade e equidade, o ponto
equilíbrio, o elo da compreensão das neurociências e como cérebro aprende, para
alcançar o potencial de desenvolvimento de cada um, naquilo que cada sujeito necessita,
de fato pondo em prática o que já preconizava a LDB, de formar um cidadão crítico e
construtor do seu próprio conhecimento.

SAIBA MAIS

Não é só o QI que pode ser mensurado por meio dos Testes de Avaliação
Wechsler (Avaliação WISC ou WAIS), a Inteligência Emocional também pode ser
identificada por meio do MSCEIT(Mayer Salovey Caruso Emotional Intelligence Test) e
as Múltiplas Inteligências pelo MIDAS (Multiple Intelligences Developmental Assessment
Scales).

Fonte: DANTAS, Marilda; NORONHA, Ana. Inteligência: parâmetros psicométricos de um instrumento


de medida. Estudos e pesquisas. v. 5, n 1, Rio de Janeiro, 2005.

#SAIBA MAIS#

REFLITA
A capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das funções mais importantes
da inteligência. Demonstra um grau de maturidade do ser humano.

Augusto Cury

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

E aí, ficou mais fácil entender por que sofremos tanto na escola quando tiramos
uma nota abaixo da média, ou o quando nossos professores precisavam buscar
conhecimento para nos possibilitar um ensino de forma diferente, e que nos atendesse
à nossa singularidade.
Se eles foram educados no modelo tradicional valorizando a nota que resultava
numa percepção de sucesso e potência, onde o número de QI era mais importante, como
vão perceber o sujeito da atualidade pensando numa prática pedagógica que alcance as
Teoria Múltiplas da Inteligências contemplando as suas especificações mais particulares,
num ambiente que ainda necessita problematizar as relações emocionais dos atores que
fazem parte deste cenário.
Se a sociedade perpassa por transformações, junto com ela vem percepções e
olhares diferentes para o mesmo objeto, haja visto que se direciona o olhar conforme o
período histórico e cultural. Foi assim com a inteligência, com o processo de aprendizado
e também com o próprio humano.
A Escola tem o papel de fortalecer e legitimar a prática transformacional, primeiro
em possibilitar espaços adequados para sua aplicação, segundo por formar o professor
de forma inicial ou continuada sobre as práticas pedagógicas, terceiro em elaborar um
planejamento que mencione as múltiplas habilidade e conhecimento desde o conteúdo,
método e processo avaliativo, assumindo assim o local de agente de transformação
pessoal e social.
LEITURA COMPLEMENTAR

A fundação Aprender, uma ONG – Organização Não-governamental , que atua no


desenvolvimento humano por meio do conhecimento, disseminado através da Revista
Aprender que traz temas ligados à Educação e Psicopedagogia. Na sua 5ª edição, em
2011, trouxe o artigo de Beatriz Prado Martins intitulado “Inteligência Múltipla – A teoria
na prática da Educação Infantil''.
Desejo ótima leitura

Fonte: MARTINS, Beatriz Prado. Inteligências Múltiplas – A teoria na prática da educação infantil. Revista
Científica APRENDER. Disponível em: http://revista.fundacaoaprender.org.br/. Acesso em: 18 ago. 2021.
LIVRO

• Título: Jogos para estimulação das múltiplas inteligências


• Autor: Celso Antunes.
• Editora: Editora Vozes.
• Sinopse: Neste manual, Celso Antunes propõe mais de trezentos e trinta jogos ou
propostas de estímulos para trabalharmos as inteligências linguística, lógico-matemática,
espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, pictórica e as inteligências pessoais.
É uma obra destinada a professores, estudantes de magistério e pedagogia, psicólogos,
psicopedagogos, diretores, orientadores educacionais, pais e profissionais de RH.

FILME/VÍDEO
• Título: O Discurso do Rei
• Ano: 2010.
• Sinopse: Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para
um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George
procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua
esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um
terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel
se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma
a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira
autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação
de seu irmão David (Guy Pearce).

Link: https://www.youtube.com/watch?v=E2mepjS1-vQ.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rodrigo; PEIXOTO, Sandra. A Teoria Das Inteligências Múltiplas De


Howard Gardner E Suas Contribuições Para A Educação Inclusiva: Construindo
Uma Educação Para Todos. Ciências Humanas e Sociais, Alagoas, v. 4, n.2, p. 89-106
– Novembro, 2017.

AMARAL, Vera. A inteligência. Psicologia da Educação. Natal: Unids, 2007.

ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas: Papirus,


2015. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 17 ago. 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E


EMOCIONAL – ABRAE. Inteligência emocional: entrevista com Daniel Goleman.
Disponível em: https://abrae.org.br/entrevista-daniel-goleman.asx. Acesso em: 03 jul.
2021.

BARBIERI, A. et al. Interdisciplinaridade, inclusão e avaliação na educação física:


contribuições na perspectiva das inteligências múltiplas. Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, Campinas, v.7, n.2, p.119-127, jun. 2008.

DANTAS, Marilda; NORONHA, Ana. Inteligência: parâmetros psicométricos de um


instrumento de medida. Estudos e pesquisas. v. 5, n 1, Rio de Janeiro, 2005.

DOCKREEL, Julie; MCSHANE, Mcshane. Crianças com dificuldades de aprendizagem:


uma abordagem cognitiva.2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.

GALTON, F. Hereditary talent and character. Macmillan's Magazine, 12, p. 157-66,


318-27, 1865.

GARDNER, H. As inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artemd,


1999.

GARDNER, Howard et al. Inteligências múltiplas ao redor do mundo [recurso


eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2010. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/. Acesso em: 17 jul. 2021.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

GORDILHO, Roberto. A Quarta Revolução Industrial - Inteligência Artificial. 2017.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CJVIjv_rwW0, Acesso em: 19 de
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HOUAISS, A. e VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.


Elaborado no Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da
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estruturado de obtenção de informações. Anais do XXIV Encontro Nac. de Eng de
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NOVIKOBAS, Augusto; LAMARI MAIA, Luciano. Conceitos de inteligência e a teoria


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internacional da literatura. Estudos Interdisciplinares em Psicologia. v. 9, n. 21,
Londrina, Maio-agosto, 2018.
UNIDADE IV
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS II
Professor Mestre Frank Duarte

Plano de Estudo:
• Inteligência linguística e lógico matemática;
• Inteligência espacial e corpo cinestésico;
• inteligência musical;
• Inteligência interpessoal e intrapessoal.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os tipos de Inteligências;
• Compreender as características intrínsecas de cada uma;
• Estabelecer a importância da escola no processo de estimulação.
INTRODUÇÃO

Quando criança eu não entendi por que alguns amigos se davam tão bem jogando
bola, enquanto outros adoravam ler e falar em público. Era difícil descobrir o que levava
algumas pessoas a se relacionarem tão bem com os demais, e outros apresentarem
tantas dificuldades em se socializar. Uns se realizavam dançando e fazendo as
coreografias e outros andavam batucando as mesas, cadeiras, portas e etc.
Pois é. Isso é intrigante para muitos professores ainda hoje. Mesmo com Gardner
nos apresentando sua Teoria e mostrando como é possível pensar o sujeito de forma tão
diferente e singular, os ambientes pedagógicos estão aquém de potencializar e
desenvolver as múltiplas inteligências. A causa mais essencial disto se dá na ausência
de formação de professores que estejam relacionados aos aspectos de habilidades
múltiplas e desempenho diferentes. Ainda e espero que por pouco tempo, estamos
padronizando as pessoas e suas habilidades e competências.
Neste momento, você que se tornará um futuro profissional da Psicopedagogia,
terá o privilégio de desvendar com minúcias os tipos de Inteligências, suas
características, personalidades que se enquadram em cada umas, além de relacioná-las
com as estruturas cerebrais, e compreender como proporcionar situações de
desenvolvimento para cada sujeito.
Vamos juntos nessa viagem?
1 INTELIGÊNCIAS LINGUÍSTICA E LÓGICO MATEMÁTICA

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-human-brain-right-


creative-hemisphere-1171260877

Inteligência Linguística

A inteligência linguístico-verbal abrange a escrita, a leitura e a fala, através da


mestria da linguagem e da correta utilização dela e das palavras (AKBARI & HOSSEINI,
2008; SULAIMAN; ABDURAHMAN & RAHIM, 2010). Ela engloba ainda a estrutura
gramatical e as funções da linguagem (COBAN & DUBAZ, 2011, apud MENDES, 2015),
bem como a sensibilidade ao som, conceito, pronunciação, ênfase e significado das
palavras, e a sensibilidade à linguagem escrita e falada, a habilidade para aprender
Línguas, a capacidade de utilizar a linguagem para atingir alguns objetivos
(KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017, p. 89), expressar-se retórica ou
poeticamente e utilizar a linguagem para recordar informação (OZDILEK, 2010 apud
MENDES, 2015).
A Inteligência Verbal ou Linguística aparece aos dois anos de idade, porém vai se
definindo ao longo da vida, de tal forma que as pessoas que possuem essa inteligência
desenvolvida, mesmo sem ter passado pela escola, conseguem organizar suas frases
de forma clara e objetiva, e normalmente são adeptos da leitura, escrita, tem boa
memória, ótima verbalização e sabem debater. No entanto, se essa inteligência não é
bem desenvolvida na infância, o indivíduo apresenta dificuldades na fala ou não se
interessa por aulas de outros idiomas (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017).
Neste sentido, é mais comum em escritores, poetas e profissionais da área de
publicidade e jornalismo, e caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas
e pelas palavras e por um desejo em os explorar. É predominante em poetas, escritores
e linguistas, como T. S. Eliot, Noam Chomsky, J. R. R. Tolkien, W. H. Auden, Fernando
Pessoa, Machado de Assis, Haruki Murakami e Júlio Verne.
Inteligência linguística é o tipo de capacidade exibida em sua forma mais
completa, talvez pelos poetas e a área do cérebro responsável pelo exercício ou estímulo
dela é o Centro de Broca (SMOLE, 1999), que é responsável pela produção de sentenças
gramaticais. Uma pessoa com dano nesta área pode compreender palavras e frases
muito bem, mas tem dificuldade em juntar palavras em algo além das frases mais
simples, e ao mesmo tempo, outros processos de pensamento podem estar
completamente inalterados.
A considerar o desenvolvimento cerebral e suas rotas neuroanatômicas, a
primeira a ser organizada, chamada de fonológica, está estreitamente relacionada com
este tipo de inteligência, pois a consciência fonética é a base para a estimulação e
potencialização dela, seja por meio da linguagem fala, escrita ou em gestos.
O dom da linguagem é universal e o seu desenvolvimento nas crianças é
surpreendentemente constante em todas as culturas, até mesmo nas populações surdas,
em que a linguagem manual de sinais não é ensinada, às crianças inventam sua própria
linguagem manual.
Pessoas com capacidade auditiva diminuída ou com comprometimento severo,
tem a capacidade de construir uma linguagem com “mímicas” ou composição de gestos
que se organiza em linguagem e como meio de comunicação.
Existem meios de instrumentos para que seja estimulado na família e ambientes
pedagógicos, como contação de história, exploração da fantasia e ludicidade, contato
mais direto com as letras e códigos silábicos, ou jogos como exemplo o dominó de
palavras.
Inteligência lógico-matemática

Ela refere-se à correta utilização dos números, à habilidade para deduzir


conclusões e identificar relações de causa e efeito (AKBARI & HOSSEINI, 2008),
permitindo analisar problemas de forma lógica, realizar operações matemáticas e
investigar questões cientificamente (KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO,
2017, p. 92).
Lógico-matemática está presente em pessoas que podem enxergar as projeções
geométricas, têm facilidade para solucionar problemas matemáticos, da área da
informática, química ou física, mestres-de-obras, economistas e engenheiros.
A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas
relações e princípios subjacentes, é uma das principais habilidades, além da capacidade
ao raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos, existentes no campo
dos cientistas que possuem esta característica (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017).
Caracterizados pelo gosto e pela competência na interpretação e na
categorização dos fatos e da informação, no cálculo, no raciocínio lógico e na busca de
explicação para tudo (GARDNER, 1999), sentindo-se sempre desafiados perante
problemas envolvendo raciocínio, que procuram resolver de forma metódica e
persistente. Era predominante em indivíduos como Albert Einstein, Isaac Newton, Galileu
Galilei, Antoine Lavoisier, Louis Pasteur, Niels Bohr e Nikola Tesla.
Assim como a linguística, a lógico-matemática também está localizada no centro
de Broca (SMOLE, 1999). Esta inteligência é apoiada por critérios empíricos. Certas
áreas do cérebro são mais importantes do que outras no cálculo matemático, e a
desorganização pode acarretar num transtorno específico da aprendizagem,
denominado de Discalculia.
2 INTELIGÊNCIAS ESPACIAL E CORPO CINESTÉSICA

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portraits-different-photos-


young-man-on-1964873299

Inteligência Espacial

A inteligência visuo-espacial ou espacial, engloba a sensibilidade à cor, ao


desenho e à forma (AKBARI & HOSSEINI, 2008), correspondendo à capacidade para
manipular e criar imagens mentais, de forma a resolver problemas (OZDILEK, 2010;
SULAIMAN, ABDURAHMAN, & RAHIM, 2010, apud MENDES, 2015).
Ela aparece em pessoas com bom sentido de localização, facilidade com mapas,
gráficos e diagramas, está explícita em arquitetos, navegadores, jogadores de xadrez e
estrategistas. A Pictórica está ligada a pessoas com facilidade em se expressar através
dos desenhos, pinturas e esculturas e que criam imagens mentais. Os pintores,
escultores e artistas plásticos possuem essa inteligência mais desenvolvida.
De forma geral as pessoas dotadas dessa inteligência, conseguem compreender
o mundo no formato visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções
e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante em
arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, geógrafos, navegadores e jogadores de
xadrez, como por exemplo Alexander von Humboldt, Michelangelo, Frank Lloyd Wright,
Garry Kasparov, Louise Nevelson, Helen Frankenthaler, Oscar Niemeyer, Marco Polo.
Inteligência espacial é definida como a capacidade de formar um modelo mental
de um mundo espacial e ser capaz de manobrar e operar utilizando esse modelo
(GARDNER, 1999). Para se resolver problemas espaciais é necessário na navegação e
no uso do sistema notacional de mapas, e outra forma de uso dessa inteligência é
quando visualizamos um objeto de um ângulo diferente, como por exemplo a que é
apresentada no jogo de xadrez. As artes visuais também utilizam esta inteligência no uso
do espaço.
O hemisfério direito é comprovadamente o local mais crucial do processamento
espacial, porém, um dano nas regiões posteriores direitas provoca prejuízo na
capacidade de encontrar o próprio caminho em torno de um lugar, de reconhecer rostos
ou cenas, ou de observar detalhes pequenos (SMOLE, 1999).
As populações cegas ilustram a distinção entre a inteligência espacial e a
percepção visual. A pessoa cega pode recorrer ao método indireto para reconhecer
formas, passando a mão no objeto que traduzirá na duração do movimento, que por sua
vez é traduzida no formato do objeto. Para o cego, o sistema perceptivo da modalidade
tátil equivale à modalidade visual na pessoa que enxerga.
Sujeito com vanguarda nesta inteligência apresentam facilidades em se localizar
sem necessitar de mapas por exemplo, ou exploram bem o campo das abstrações, no
entanto, um adulto cheio de hematomas por causa de bater nos móveis ou com
dificuldade de reconhecer o lado esquerdo ou direito, são representações de problemas
nesta inteligência.

Inteligência corporal ou cinestésica

A inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de coordenação física (AKBARI


& HOSSEINI, 2008) e a utilização do corpo para expressar pensamentos e sentimentos
(COBAN & DUBAZ, 2011 apud SULAIMAN; ABDURAHMAN, & RAHIM, 2010, p. 512),
assim como resolver problemas (KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017,
p. 106) e utilizar imagens mentais para coordenar movimentos corporais (OZDILEK,
2010, apud MENDES, 2015).
Pode ser compreendida como a capacidade de resolver problemas ou elaborar
produtos utilizando o corpo inteiro ou parte dele, o que é presente e muito aguçado em
bailarinos, jogadores de futebol e outros atletas, cirurgiões, artistas de circo e mecânicos.
Precisa ser trabalhada quando a criança não consegue fazer atividades que exigem
controle motor refinado, como amarrar cadarços, fazer o número quatro com seu corpo
etc.
A Corporal-cinestésica se traduz na maior capacidade de controlar e orquestrar
movimentos do corpo, predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os
esportes, como por exemplo Ronaldo, Kaká, Marcel Marceau, Martha Graham, Michael
Jordan, Eusébio, Cristiano Ronaldo, Messi, Sébastien Loeb e Roberto Dinamite.
Para Gardner (1999) a Inteligência corporal cinestésica, portanto, é a capacidade
de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do
corpo. Exemplo: dançarinos, atletas, cirurgiões e artistas.
O controle do movimento corporal está, evidentemente, localizado no córtex motor
(SMOLE, 1999), com cada hemisfério dominante ou controlador dos movimentos
corporais no lado contralateral. Nos destros, a dominância desse movimento
normalmente é encontrada no hemisfério esquerdo.
A capacidade de realizar movimentos quando dirigido para fazê-los pode estar
prejudicada mesmo nos indivíduos que podem realizar os mesmos movimentos
reflexivamente ou numa base involuntária. A existência de uma apraxia (dificuldade de
realizar movimentos motores) específica constitui uma linha de evidência de uma
inteligência cinestésica. A evolução dos movimentos especializados do corpo é uma
vantagem óbvia para as espécies, e nos seres humanos esta adaptação é ampliada
através do uso de ferramentas.
O movimento corporal passa por um programa desenvolvimental claramente
definido nas criança necessários desde a marcha até a escrita, vale lembrar que a rota
neuroanatômica grafológica prima pelo desenvolvimento psicomotor fino, no entanto, é
necessário ter bem organizado o movimento da marcha, para que se possa obter uma
escrita bem desenhada. O processo de escrever é maturado de dentro para fora.
Executar uma sequência mímica ou bater numa bola não é mera resolução físico
mecânica, como resolver uma equação matemática. E, no entanto, a capacidade de usar
o próprio corpo para expressar uma emoção (como a dança), jogar um jogo (como
esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) é uma
evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo.
3 INTELIGÊNCIA MUSICAL

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/music-brain-vintage-style-jazz-


musical-1945807528

Inteligência Musical

A inteligência musical envolve a sensibilidade e o reconhecimento de elementos


musicais como o ritmo e a melodia (AKBARI & HOSSEINI, 2008) e a habilidade para
interpretar, compor e apreciar padrões musicais (KARAMIKABIR, 2012; OZDILEK, 2010,
apud MENDES, 2015, p. 08).
Ela está presente em crianças que se movimentam ao som de uma música como
que obedecendo a ordens, pessoas que tem boa entonação de voz, ritmo, timbre e
sensibilidade emocional à música, aparecendo também em compositores, músicos,
maestros e cantores (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017).
Identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais em termos
de ritmo e timbre, por vezes apresentando associação a outras inteligências, como a
linguística, espacial ou corporal cinestésica (GARDNER, 1999). É predominante em
compositores, maestros, músicos e críticos de música, como por exemplo Ludwig van
Beethoven, Leonard Bernstein, Midori, John Coltrane, Mozart, Maria Callas, Luís Miguel
,Michael Jackson e James Paul McCartney.
Inteligência musical é a capacidade voltada para a música, sendo no hemisfério
direito sua predominância (SMOLE, 1999), exceto em indivíduos que apresentam alguma
deficiência. As inteligências sempre funcionam combinadas e, qualquer papel adulto
sofisticado envolverá uma fusão de várias delas. Um bom exemplo foi o Yehudi Menuhin,
colocado por seus pais na Orquestra de São Francisco. O som do violino o fascinou tanto
que quis ganhar um em seu aniversário e quis também fazer aulas com o prof. Louis.
Conseguiu ambos e com apenas dez anos tornou- se um músico internacional.
A inteligência musical do violonista manifestou-se mesmo antes dele ter tocado
ou recebido qualquer treinamento musical. Sua poderosa reação àquele som particular
e seu rápido progresso no instrumento sugerem que ele estava biologicamente
preparado de alguma maneira para esse empreendimento. Dessa forma, a evidência das
crianças prodígio apoia a afirmação de que existe um vínculo biológico a uma
determinada inteligência.
Esta talvez seja a inteligência mais fácil de propor o desenvolvimento das suas
potencialidades, até por que o processo de musicalização está presente em diversos
momentos e contextos das nossas vidas, sendo recomendado para as gestantes como
forma de acalmar o feto, até a senescência com sujeitos acometidos de Alzheimer como
forma de gatinho para reativar as memórias afetivas.
4 INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL E INTRAPESSOAL

Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/we-did-joyful-amazed-stylish-


colleagues-785603362

Inteligência Intrapessoal

A inteligência intrapessoal, por outro lado, equivale ao autoconhecimento


(AKBARI & HOSSEINI, 2008), ou seja, à capacidade de compreender os sentimentos,
emoções, medos, motivações (KARAMIKABIR, 2012, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017),
interesses, necessidades, ideais, pontos fortes e fracos de si próprio e de tomar decisões
corretas na vida (COBAN & DUBAZ, 2011; OZDILEK, 2010, apud MENDES, 2015).
Intrapessoal é a inteligência da autoestima, do autorrespeito e da auto aceitação,
ou seja, é a maneira como a pessoa se vê, como conviver com suas limitações e
potencialidades, aparecendo em pessoas otimistas, que respeita seus valores morais e
princípios. É comum em psicólogos, filósofos, romancistas, gurus e místicos.
Expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio
do ser humano pois está ligada a capacidade de neutralização dos vícios, entendimento
de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos
causadores de estresse, entre outros diversos comandos de vida que permite a pessoa
identificar hábitos inconscientes e transformá-los em atitudes conscientes. Foi
predominante em indivíduos como Ernest Hemingway e Friedrich Nietzsche.
A Inteligência intrapessoal é uma capacidade correlativa voltada para dentro
(GARDNER, 1999). É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si
mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida. São os lobos frontais
que respondem por esta habilidade da inteligência (SMOLE, 1999).
O conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa, seu acesso ao sentimento
da própria vida, a gama das próprias emoções, a capacidade de discriminar essas
emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e
orientar o próprio comportamento. A pessoa com boa inteligência intrapessoal possui um
modelo viável e efetivo de si mesmo. Uma vez que esta inteligência é a mais privada, ela
requer a evidência a partir da linguagem, da música, ou de alguma outra forma mais
expressiva de inteligência para que o observador a perceba funcionando.
Algumas pessoas apresentam dificuldades em despertar as habilidades sociais,
considerando que não têm domínio do conhecimento das suas emoções, sentimentos e
frustrações, neste sentido, o espaço pedagógico precisa ainda de muito planejamento e
sagacidade para superar este desafio, de proporcionar aos alunos circunstâncias que
possam auxiliar no seu desenvolvimento.

Inteligência Interpessoal

A inteligência interpessoal refere-se à capacidade para compreender e distinguir


nos outros as suas intenções (AKBARI & HOSSEINI, 2008), interesses, necessidades,
motivações e desejos (COBAN & DUBAZ, 2011, apud MENDES, 2015; KARAMIKABIR,
2012, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017), permitindo trabalhar eficazmente com outras
pessoas (OZDILEK, 2010, in MENDES, 2015 ).
Ela está baseada na capacidade nuclear de perceber distinções entre os outros;
em especial, contrastes em seus estados de ânimo, temperamentos, motivações e
intenções. Em formas mais avançadas, esta inteligência permite que um adulto
experiente perceba as intenções e desejos de outras pessoas, mesmo que elas os
escondam (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017).
Um bom exemplo sobre esta habilidade está no caso de Anne Sullivan, que com
pouco treinamento em educação especial e quase cega, Anne Sullivan iniciou a tarefa
de instruir uma criança cega e surda de sete anos. Helen Keller apresentou um sinal de
compreensão da linguagem e a partir daquele momento ela progrediu com incrível
rapidez. A chave para o milagre da linguagem foi o entendimento de Anne Sullivan da
pessoa Helen Keller. O exemplo citado sugere que esta inteligência não depende da
linguagem.
Os indícios na pesquisa do cérebro sugerem que os lobos frontais desempenham
um papel importante no conhecimento interpessoal (SMOLE, 1999). Um dano nessa área
pode provocar profundas mudanças de personalidade, ao mesmo tempo que não altera
outras formas de resolução de problemas. A evidência biológica da inteligência
interpessoal inclui dois fatores, geralmente citados como exclusivos dos seres humanos.
Um dos fatores é a prolongada infância dos primatas, incluindo o estreito apego à
mãe. Quando a mãe se afasta, o desenvolvimento interpessoal fica prejudicado. O
segundo fator é a relativa importância da interação social para os seres humanos. As
habilidades tais como caçar, perseguir e matar, nas sociedades pré-históricas exigia a
participação e cooperação de grande número de pessoas. A necessidade de coesão,
liderança, organização e solidariedade no grupo decorre naturalmente disso.
Expressada pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos
outros, encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como por
exemplo Mahatma Gandhi, John F. Kennedy e Silvio Santos.
Para Gardner (1999), a Inteligência interpessoal é a capacidade de compreender
outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente
com elas, como por exemplo em vendedores, políticos, professores, clínicos (terapeutas)
e líderes religiosos bem-sucedidos.
Espera-se que na escola esta seja a mais explorada, aliás o espaço escola já tem
esta finalidade no desenvolvimento da personalidade de cada sujeito, à considerar que
segundo o psicólogo Levi Moreno, a escola é o segundo grupo sociável de todo sujeito,
assim como as igrejas e clubes, sendo precedido pela família, e antecessor ao grupo do
trabalho. Desta forma aos integrantes deste contexto pedagógico acredita que possam
construir cenários que favorecem o desempenho das práticas sociais, além de instigar
as habilidades sociais.
SAIBA MAIS

Hoje já se discutem outras duas inteligências que são continuidade das propostas
por Gardner, sendo eles a transcendência do humano. I) Inteligência Naturalista: Essa é
definida como a capacidade de distinguir, classificar e utilizar elementos do meio
ambiente, objetos, animais ou plantas; e II) Existência: Ela aborda assuntos como a
formação do mundo, o sentido da vida e questiona a existência humana. Ela está ligada
aos hábitos familiares e suas crenças.

Fonte: Psicologia Online. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/tipos-de-inteligencias-


multiplas-e-a-teoria-de-howard-gardner-233.html. Acesso em: 17 ago. 2021.

#SAIBA MAIS#

REFLITA
“Cada ser humano tem uma combinação única de inteligência. Esse é o desafio
educativo fundamental”

Howard Gardner.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O quanto ainda temos que aprender e aprimorar heim?!


Já pensou, aquele seu amigo que se relaciona com o mundo por meio de sons,
instrumentos, não consegue se ver longe de uma cantoria, ele não é apenas um “vadio”
ou alguém que fica “sem fazer nada”, ele dispõe de uma inteligência musical, tal qual o
outro que ama expressar-se como corpo, gesticula e sempre está pronto para performar.
Pois é, ele não “gosta de se aparecer”, ele é um detentor da inteligência corporal.
Sempre quando a professora pedia para alguém ler ou fazer uma apresentação
para outras pessoas, já se aprontava o “Joãozinho”, pois é ele adorava ler, escrever,
recitar versos, interagindo com o ambiente pelas palavras, exibindo sua habilidade
linguística, enquanto no outro lado da sala, tinha “crânio”, compreendia tudo de
matemática, física, química e cálculos. Quase o novo Einstein, por apresentar sua
inteligência lógica matemática.
O que sempre ficava divagando pelos cantos e pensando nas nuvens, e que num
piscar de olhos já conseguia imaginar e se localizar com simples referencias dos locais,
pois é lhes apresentado o “perdido”, que é dotado da Inteligência Espacial. Às vezes até
fazia dupla com o introspectivo, quieto e “estranho” da classe, já que era de poucos
amigos, mas como ninguém conhecia a si mesmo, suas emoções e sentimentos, o
intrapessoal.
E não podemos esquecer dos articulados, descolados e sempre com amigos por
perto. Tinha uma habilidade invejável de conduzir os trabalhos e organizar as
apresentações, à ele a marca é sua inteligência Interpessoal. De forma geral, todos os
exemplos acima, se dão conta dos “desajeitados” que todas as escolas têm e que muitas
vezes não apresentam resultados satisfatórios em todas as áreas. Mas é claro, talvez os
que sofram menos, pois apenas potencializam suas habilidades mais intrínsecas e
singulares.
Os professores, bem como a escola de forma geral, precisam passar por períodos
de reflexão a fim de buscar novas formas de trabalho, que se baseiam no respeito à
integridade do indivíduo, bem como as formas de avaliar os alunos, através da sensatez
e da sensibilidade
LEITURA COMPLEMENTAR

ARTIGO 01

O maior desafio no campo escolar é conseguir atender as demandas emergentes


no ambiente pedagógico. Foi pensando nisso que os professores Elaine Conceição da
Silva, Jailly Felix Salazar, Aziel Alves de Arruda estruturaram o artigo intitulado “A
importância das inteligências múltiplas no processo ensino e aprendizagem no contexto
escolar”, que visa averiguar a importância das múltiplas inteligências no processo de
ensino e aprendizagem, pois, há uma diversidade de conhecimentos na sociedade, no
entanto é notória a fragilidade do sistema avaliativo que busca mensurar a inteligência
dos educandos.
Desse modo, a investigação demostra resultados através de uma pesquisa
qualitativa utilizando como instrumento a entrevista semiestruturada, realizada com
professores que lecionam no município de Timbiras/MA. A análise foi feita através de
algumas revisões bibliográficas sobre o presente tema, coletando informações a partir
de livros, artigos e demais materiais científicos embasados nos seguintes autores:
Antunes (2006), Bernnand; Vasconcelos (2005), Cury (2019), Gardner (2010) e Smole
(1999). Desse modo verificou-se que os docentes conhecem a teoria das inteligências
múltiplas e sua importância, buscando sempre alternativas para não frustrar a
aprendizagem dos alunos e se prender a apenas alguns tipos de inteligências.
Leia mais em:
Fonte: SILVA, Elaine; SALAZAR, Jailly; ARRUDA, Aziel. A importância das inteligências múltiplas no
processo ensino e aprendizagem no contexto escolar. Anais do VI Congresso Nacional de Educação
- CONEDU, 2019. Disponível:
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA17_ID5381_06082
019171317.pdf.

ARTIGO 02

O universo infantil tem sido foco de diversas áreas das investidas científicas.
Neste aspecto a professora Tânia Gomes Ferreira da Costa produziu “Um novo olhar
sobre as Inteligências Múltiplas na Educação Infantil”, investiga a possibilidade de
implementação da proposta pedagógica das Inteligências Múltiplas. A fim de apresentá-
la, a pesquisa propõe uma revisão da literatura acerca desse conceito. Parte-se da
hipótese de que a Teoria das Inteligências Múltiplas reconhece a possibilidade de se
trabalhar com recursos diversos, de forma interdependente, na prática pedagógica. Cada
uma das formas de inteligência podem ser canalizadas para fins diversos e os símbolos
criados por elas acarretam situações de aprendizagem diversas.
Discutir sobre essas formas de inteligência é o objetivo desta proposta. Amparada
por essa teoria, a pesquisa analisará a capacidade intelectual do educando na fase
infantil, visando à estimulação da aprendizagem para o aperfeiçoamento individual e a
integração social de cada um. Propõe-se a compreender a educação no contexto das
inteligências múltiplas que ocorre no ambiente escolar. Contextualiza as Inteligências
Múltiplas como objeto de estudo e de pesquisa e privilegia a sua inserção como proposta
pedagógica. Observa-se a implementação das Inteligências Múltiplas como um processo
em construção, evidenciando a necessidade de mudanças na ação pedagógica do
professor e no projeto político pedagógico da escola.
Leia mais em:

Fonte: COSTA, Tânia Gomes Ferreira da. Um novo olhar sobre as Inteligências Múltiplas
na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.
Ano 05, Ed. 05, Vol. 06, pp. 166-176. Maio de 2020. ISSN: 2448-0959. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novo-olhar, DOI:
10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novo-olhar. Acesso em: 13 set. 2021.
LIVRO

• Título: Manual das múltiplas inteligências


• Autores: Inês Cozzo Olivares e Mauricio Sita.
• Editora: Ser Mais.
• Sinopse: O ser humano é multifacetado. São inúmeras as capacidades físicas e
cognitivas que o acompanham e podem ser desenvolvidas. Howard Gardner, o pai das
múltiplas inteligências, foi o primeiro a falar no conceito e trazer à discussão essa
variedade de aptidões. Sua teoria apresentou cerca de seis delas, além da lógica
matemática e da linguística: musical, espacial, corporal cinestésica, interpessoal,
intrapessoal e naturalista. Desde a publicação de seu estudo, no entanto, já foram
descobertos outros tipos de inteligências e igualmente importantes. Neste livro você
encontrará novidades acerca do tema, lerá artigos de pesquisadores e estudiosos que
foram a fundo para desvendar alguns dos mistérios da mente humana. Os escritores
desta obra apresentam inclusive a própria experiência com a prática clínica, trazendo
alguns casos e fatos reais observados de perto e que confirmam as “hipóteses” de
Gardner e muitas outras. Entre os diferentes temas abordados neste livro estão: a
inteligência voltada para a criatividade e a inovação, o coaching aplicado para
potencializar as múltiplas inteligências, a inteligência espiritual, a inteligência comercial,
a inteligência suscetível, a inteligência multifocal, a inteligência estratégica, a inteligência
cultural, a inteligência política, a inteligência intuitiva, a inteligência social, além dos
conceitos de inteligência tradicionais.
FILME/VÍDEO

• Título: Neurociências e Inteligências Múltiplas


• Ano: 2021.
• Sinopse: As inteligências múltiplas, teoria do professor Howard Gardner, da
Universidade de Harvard partem da premissa de que cada estudante tem uma forma
ideal de aprender. Entender como a aprendizagem funciona e quais contribuições a
neurociência trouxe para este debate auxilia no planejamento de aulas mais inclusivas
para não deixar nenhum estudante para trás.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Nd_-OPTxedE.
REFERÊNCIAS

AKBARI, R., & HOSSEINI, K. Multiple intelligences and language learning


strategies: Investigating possible relations. System, 36, 141-155. 2008

ALMEIDA, Rodrigo; PEIXOTO, Sandra. A Teoria Das Inteligências Múltiplas De Howard


Gardner E Suas Contribuições Para A Educação Inclusiva: Construindo Uma Educação
Para Todos. Ciências Humanas e Sociais. Alagoas, v. 04, n. 2, p. 89-106 –
Novembro, 2017.

ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas: Papirus,


2015. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 17 ago. 2021.

GARDNER, H. As inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artemd,


1999.

MENDES, Nivalda. Validação Duma Escala de Avaliação das Inteligências


Múltiplas Estudo preliminar. Dissertação (mestrado). Universidade da Madeira, Set,
2015.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. Múltiplas Inteligências na Prática Escolar. Brasília:


Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância, 1999. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002751.pdf. Acesso em: 17 ago.
2021.

SULAIMAN, T.; ABDURAHMAN, A. R.; RAHIM, S. S. A. Teaching strategies based


on Multiple Intelligences theory among Science and Mathematics secondary
school teachers. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 8, 512-518, 2010.
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Aqui procurei apresentar para você os princípios e conceitos da


neurofisiologia e suas bases. Neste sentido, acredito que as construções
teóricas tenham lhe permitido clarear as concepções acerca dos estudos sobre
as organizações neurofisiológicas do humano, assim como os impactos e
reflexões nas suas bases, além de identificar os elementos integrantes do
sistema nervoso central.
Coube nosso destaque para as bases neurofisiológicas da aprendizagem
e da memória, compreendendo seus tipos e formas de construção de cada uma,
elencando o funcionamento neurobiológico e fisiológico que envolve a
construção das bases estudadas. Os princípios teóricos podem conhecer como
se constrói e recupera cada conhecimento e como se configura o processo de
recuperação, trazendo e formando as memórias.
A inteligência, seus marcos históricos e teóricos, foi um ponto crucial que
discutimos aqui neste material, considerando o formato da relação entre o
humano e sua inteligência, perpassando pelos seus tipos e contextos onde se
configura. As propostas atuais de Gardner com a Teoria das Múltiplas
Inteligências, também foi objeto do nosso estudo e reflexões, além da
reconfiguração na forma de comportar-se diante da capacidade de inteligência
de cada sujeito, considerando sua subjetividade.
Ao pensarmos num ser humano múltiplo, também pensamos nas
capacidades intelectuais na sua diversidade, sendo mais consigo mesmo, com
o outro, com interferência da música ou do corpo, desenvolvendo situações
lógicas ou de comunicação. Desta forma apresentamos o papel da escola no
processo de fomento às possibilidades de desenvolvimento das múltiplas
inteligências, no contexto educacional.
Não obstante, tenho certeza que conseguirá pensar no sujeito, com suas
peculiaridades no tocante a inteligência, bem como promover o desenvolvimento
de cada pessoa ao seu modo.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

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