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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Psicomotricidade
Jean Claude Costa diz que a psicomotricidade é uma ciência encruzilhada que usa todas as
descobertas das muitos ciências constituídas ( linguística, sociologia, psicanálise, biologia,
psicologia...)
Também podemos definir a psicomotricidade como área transdisciplinar que estuda e investiga
as relações e as influências recíprocas e sistemáticas entre psiquismo e motricidade.
As funções cognitivas, sócio emocionais, simbólicos, psicolinguísticas e motoras, são
encaradas de forma integrada pela psicomotricidade, baseada numa visão holística do ser
humano.
A psicomotricidade possui as linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica, relacional
e aquática.
Quanto à incidência:
*A primeira direção histórica do método Psico-Cinético de Educação pelo Movimento foi a linha
educativa, criada pelo francês Jean Le Boulch, constituindo a origem da psicomotricidade. Tal
método foi consagrado em Portugal entre as décadas de 1970 e 1980, como disciplina
curricular do ensino primário.
**A psicomotricidade relacional foi criada por dois franceses- André e Anne Lapierre. Essa
ferramenta não investe em dificuldades e sintomas, mas em possibilidades de crescimento e
de aperfeiçoamento em que o sujeito aumenta a capacidade de desenvolver em todos os
aspectos sua personalidade.
Psicomotricidade no Brasil
Desde a década de 1960, a Psicomotricidade já tinha sido introduzida no Brasil através dos
profissionais que traziam informações da Europa, porém, foi na década de 1970 que a eclosão
foi definitiva. As práticas eram direcionadas para a 'Reeducação' e 'Educação' Psicomotora.
Em 1976, com a vinda do francês Françoise Désobeau, introduziu-se uma nova ótica,
denominada 'Terapia Psicomotora'que tinha como proposta trocar as técnicas instrumentais
por atividades livres, valorizando o jogo e o brincar. Em 1980 é fundada a Sociedade Brasileira
de Psicomotricidade, com apoio de Françoise Désobeau que nesta época era presidente da
Sociedade Internacional de Terapia Psicomotora. Com os variados encontros e congressos, a
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade proporcionou a disseminação da Psicomotricidade e
o surgimento de um curso de graduação e vários de pós-graduação. A partir daí surgem linhas
originais, desenvolvidas por profissionais brasileiros.
Desenvolvendo Capacidades
A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um meio de tomada
de consciência que une o ser corpo, o ser espírito, o ser mente, o ser natureza e o ser
sociedade.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças tem como finalidade prever a formação
de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
oportunidade para que através de jogos, de atividades lúdicas, tomem consciência sobre seu
corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de
ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental
de sua expressão motora, a recreação tem que ser realizada com atividades que levem em
consideração os níveis de maturação biológica. A recreação direcionada proporciona a
aprendizagem das crianças em várias atividades de esportes que ajudam na preservação da
saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo.
Os bons exemplos de atividades físicas são aquelas de função recreativa, que favorecem ao
estabelecimento de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física,
a socialização, a criatividade; tudo isso visa à formação de sua personalidade.
Podemos afirmar, então, que a recreação, através de atividades afetivas e psicomotoras,
constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, observado na interação entre o
espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade do
ser humano.
Assim, podemos definir psicomotricidade como a educação do movimento com atuação sobre
o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e
psíquicas.
Como o comportamento físico da criança expressa, uma a uma, suas limitações intelectuais e
emocionais, pode-se dizer que a psicomotricidade é a ciência do corpo e da mente. Ao vermos
o corpo em movimento, percebemos a ação dos braços, pernas e músculos originados pela
ação da mente. É necessário, portanto, educar o movimento pela mente.
A psicomotricidade integra várias técnica com as quais se pode trabalhar o corpo ( todas as
suas partes), relacionando-o com afetividade, o pensamento e o grau de inteligência. Ela tem
como foco a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo tempo que “ testa” as funções
intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações
puramente motoras.
A função do Professor:
A reeducação psicomotora é um processo, uma terapia programada que tem como objetivo
modificar o comportamento. Parte dessa atuação é privativa do técnico em psicomotricidade.
No entanto, as atitudes do professor têm de estar relacionadas com a orientação específica do
profissional qualificado. É preciso mais do que vontade e de boas intenções: é necessário
intervir de forma adequada, no momento conveniente, com as técnicas adequadas.
O professor antes de alfabetizar terá que mostrar a criança que ela necessita executar
movimentos amplos, transportar objetos, exercitar movimentos de pinça com o polegar e o
indicador. Ela necessita movimentar ao máximo os dedos, as articulações do braço, do pulso e
das mãos, para perceber os tipos de pressão, de resistência, de temperatura e as formas dos
objetos.
Os intercâmbios orais originados pela ação representam uma verdadeira linguagem social,
muito importante de ser desenvolvida na fase pré-escolar. Tendo em conta as condições
práticas nas quais trabalha e o conhecimento que tem das crianças, o professor deve elaborar
situações que facilitem esses intercâmbios orais.
É preciso também que o professor ajude a criança a afirmar sua própria lateralidade,
permitindo-lhe realizar livremente suas experiências motoras. Nas primeiras atividades
gráficas, não exercer nenhuma pressão na criança no sentido de incita-la a usar a mão direita,
a fim de que a coordenação óculo-manual (aspecto particular do ajustamento motor global)
corresponda, verdadeiramente, a uma auto-organização.
Na educação psicomotora o professor deve ter como inicial ensinar a criança a ficar sentada,
adquirir boa postura, ouvir. Só depois de atingir esse objetivo é que ela será capaz de receber
ordens, concentrar-se, usar a memória, executar tarefas do começo ao fim. O progresso pode
ser lento, mas como em todas as outras áreas, o grande e principal objetivo é o de não deixar
espaços entre as etapas. Uma estimulação mal orientada confunde ainda mais, daí a
importância de o educador conhecer e perceber a graduação necessária das técnicas a serem
utilizadas.
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa de
confronto com o meio. A ajuda educativa proveniente dos pais e do meio escolar tem a
finalidade não de ensinar a criança comportamentos motora, mas sim de permitir-lhe exercer
sua função de ajustamento, individualmente ou com outras crianças.
ESPAÇO TEMPORAL
Até os dois anos e meio, o espaço da criança é um espaço vivido dentro do qual ela se ajusta
desenvolvendo seus movimentos coordenados em função de um objetivo a ser atingido. Entre
os três e seis anos, a criança chega à representação dos elementos do espaço, descobrindo
formas e dimensões. No final do período pré-escolar, a evolução da relação corpo-espaço
resulta numa organização egocêntrica do universo. A criança descobriu sua dominância
verbalizou-a e chega assim a um corpo orientado que lhe servirá de padrão para situar os
objetos colocados no espaço circundante. A orientação dos objetos faz-se, então, em função
da posição atual do corpo da criança. Esta estabilização possibilita a interiorização, que é um
trampolim indispensável sem o qual a estruturação do espaço não se pode efetuar-se.
PERCEPÇÃO CORPORAL
Consciência do próprio corpo, de suas partes, com movimentos corporais, das posturas e das
atitudes. Habilidade de evocar e localizar as partes do corpo. Exemplo: localizar o ombro do
coleguinha.
Não é simplesmente uma percepção, uma representação mental do nosso corpo, mas uma
integração de vários gestos, todos em contínua modificação. Formam o esquema corporal,
além da noção do próprio corpo, a integração das noções de relação com o exterior em suas
duas expressões de espaço e tempo, e a conexão com outras pessoas, através do contato
corporal, da evolução do gesto e da linguagem.
É a comunicação consigo mesmo e com o meio. Uma boa formação corporal pressupõe boa
evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, bem como da afetividade.
A construção do esquema corporal (imagem, uso e controle do seu próprio corpo) se realiza
normalmente de uma forma global no transcurso do desenvolvimento da criança, graças a
seus movimentos, deslocamentos, ações, jogos, etc.
EQUILIBRIO
LATERALIDADE
Predominância do uso de todos os órgãos pares. Pode ser direita ou esquerda. Deve ser
observado o pé, a mão e o olho. No primeiro ano de vida não há preferência por nenhum lado.
No segundo ano de vida ela continua usando ambas as mãos, mas gradativamente fixa a
preferência por uma delas. Com dois anos completos quase todas as crianças já definiram sua
lateralidade, mesmo que depois apareçam breves períodos de uso da outra mão. Finalmente,
com seis anos está completa a definição. Também há uma nítida preferência por um dos
olhos, por um dos pés, isto podendo ser no destro uma dominação dos três instintos.
Exercícios de lateralidade
• Com a mão dominante; pedir que a criança pegue um objeto qualquer. Observar a mão que
ela irá usar.
• Com o pé dominante; solicitar que a criança chute uma bola. Observar qual a lateralidade do
pé usado.
• Com o olho dominante; solicitar que a criança espie em um monóculo. Observar o olho
dominante.
• Andar pela sala jogando uma bola ou bexiga, de uma mão para a outra.
• Colocar uma criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás;
outra à frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem a
sua nova posição.
Bibliografia
Vayer, Pierre. A criança diante do mundo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.