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DIDÁTICA DO ENSINO E
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM EM LÍNGUA
PORTUGUESA
CONTEXTUALIZANDO
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ii) não destinam investimentos ou formas de incentivo à formação
continuada e ao reconhecimento de seus professores.1
iii) mudam as diretrizes que orientam a educação básica sem consultar a
comunidade escolar ou sem dar o suporte e preparo necessário para a
realização das mudanças - caso da mudança do EF para 9 anos e caso da
mudança de estrutura do EM.
Fica claro que a influência externa no contexto escolar é enorme. Assim,
apesar de todos os problemas, a escola é uma instituição marcada pela
superação de seus agentes, que, muitas vezes, fazem o milagre de construir
aprendizagem sem recursos.
É importante comentar que a rede pública sofre uma maior influência
dessas condições da sociedade do que a rede privada, porém isto não anula os
desafios, em diferentes níveis, enfrentados pela escola particular que sofre uma
maior pressão por se tratar também de uma instituição econômica capitalista.
Além dessas questões de contexto, a escola enfrenta desafios diários
para conseguir aproximar-se de seus alunos e fornecer contextos apropriados
para a aprendizagem. Os objetivos do ponto de vista da escola e dos alunos
parecem não estar mais em sintonia. A escola ainda tenta manter uma relação
tradicional com o conhecimento, mas o aluno necessita de outros níveis, formas
e estilos de aprendizagem, pois está inserido em uma realidade de liberdade
para buscar informações de seu interesse e ainda escolher de que forma quer
analisá-las - se por texto, vídeo, áudio, música, entre outros. A tecnologia já
transformou o processo de formação dos nossos alunos, mas ainda não
conseguiu transformar o processo de ensino formal. Cabe à escola, em seu nível
administrativo e docente, a busca constante por formas de incorporar temas e
ações tecnológicas com que os alunos se identifiquem, o que, com certeza, trará
resultados exponenciais para o processo de ensino-aprendizagem. Nas
próximas aulas, falaremos um pouco mais sobre a tecnologia na aprendizagem.
Podemos concordar, enfim, que a equipe pedagógica e o professor têm
diversas questões para considerar em seu planejamento e que cada escola,
dependendo de sua localização e do momento histórico-social, enfrenta desafios
diferentes, em níveis diferentes.
1 Estes dois primeiros itens estão relacionados à realidade exclusiva das escolas públicas.
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TEMA 2 – A LÍNGUA PORTUGUESA E A CIDADANIA
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português e que continua sendo chamada dessa forma ironicamente. Essa
concepção vem desde a época colonial e pauta-se num mito de que a Língua
Portuguesa seria aquela descrita nas gramáticas normativas e que, de fato, não
é a língua utilizada pela grande maioria da população.
Durante esse Período Colonial, do Império e do começo da República, a
condição de cidadania estava diretamente ligada à posição social das pessoas
e a como elas faziam uso da linguagem. Era uma forma simples de separar os
privilegiados, considerados cidadãos – que apresentavam domínio das regras
da norma padrão – e os populares que não tinham direito à participação política
e social – e usavam outras variedades da língua.
Essa inter-relação do uso da língua com o patamar social e o acesso a
oportunidades ainda se mantém na atualidade, apesar de já termos avançado
muito nesta questão devido à Sociolinguística, como veremos a seguir. Entende-
se hoje que um importante passo para se exercer nosso papel cidadão é o
respeito às outras variedades linguísticas, o que não quer dizer que não
continuaremos a buscar o acesso e ensino da variedade-padrão da língua que
garantirá essa cidadania de forma ainda mais eficaz e efetiva, além de
proporcionar um leque mais amplo de oportunidades sociais e profissionais para
nossos alunos, elevando sua qualidade de vida e sua participação na sociedade.
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a impossibilidade de existir apenas uma variedade do português adotada por
todos, apesar de muitos ainda acreditarem neste mito2.
O estudo de LP e o acesso à cultura letrada de variedades mais formais
da língua permitem que os indivíduos estejam preparados para diferentes e,
muitas vezes, melhores oportunidades, visto que ainda existe preconceito
linguístico em diversos setores de nossa sociedade.
O ensino da norma-padrão e de uma variedade linguística mais
privilegiada permitirá que os alunos lutem por um futuro melhor e desenvolvam-
se com mais facilidade nas áreas do conhecimento que escolherem para o
futuro. Porém é importante que esses alunos entendam que aprender o
português culto ou portugués-padrão, não implica na anulação de sua variedade
de origem e nem em sua estigmatização, ela ainda continuará sendo sua
primeira escolha nos momentos informais, mas em momentos mais formais será
substituída por uma variedade mais adequada à situação sociocomunicativa.
Esse necessário respeito pela realidade comunicativa do aluno é que vem
pautando, aos poucos, diversas mudanças de comportamento docente que
partem principalmente da não disseminação do preconceito linguístico em sala
de aula e do não julgamento de uma variedade como melhor ou pior e, sim, como
mais ou menos adequada a uma situação comunicativa.
Essa foi uma das grandes contribuições da Sociolinguística e, ao mesmo
tempo, uma das mais polêmicas: a não aceitação do termo “erro”, por ser
considerado pelos pesquisadores uma expressão inadequada e preconceituosa.
Para a sociolinguística, os “erros” no uso da língua são, na verdade, diferenças
entre variedades linguísticas, que representam, na maioria das vezes, as
variedades utilizadas no domínio do lar, permeado por sua cultura oral e de
informalidade.
Apesar de polêmico, o conceito de inadequação vem sendo mais aceito e
apresentado inclusive em alguns materiais didáticos. Bortoni-Ricardo (2004, p.
37) afirma que:
2 Para saber mais sobre os mitos sobre o uso da linguagem, consulte Bagno (1999).
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professores, que ficam inseguros, sem saber se devem corrigir ou não,
que erros devem corrigir ou até mesmo se podem falar de erros.
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apresentadas e cobradas em sala de aula, seja por motivos sociais, econômicos
e, até mesmo, emocionais.
Essa barreira parece se solidificar em virtude da insistência nas práticas
pedagógicas de repasse de conteúdos gramaticais de forma descontextualizada
e fragmentada aliada a uma concepção de linguagem meramente prescritiva e
metalinguística que não representa o uso real vivenciado pelos alunos. Travaglia
já fez essa observação há quase duas décadas, ao afirmar que:
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professores querem manter uma relação hierárquica ultrapassada para o
funcionamento da sociedade atual, as tensões parecem estar aumentando.
Uma outra questão que dificulta essa relação é que professor e aluno
parecem não concordar quanto aos objetivos da disciplina de LP. Qual o objetivo
de estudar LP? Passar no vestibular? Conseguir uma posição melhor no
mercado de trabalho? Desenvolver as capacidades comunicativas para um
melhor entendimento de mundo? Ainda existem professores que acreditam que
a função predominante do ensino de LP é prover que os alunos saibam tudo
sobre nossa língua, dos detalhes mais simples aos mais complexos –
conhecimento esse impossível em uma concepção de língua viva e variável. Ao
que parece, os objetivos nunca se encontram e por isso as estratégias
escolhidas pelo professor muitas vezes não atingem o aluno.
Outro desafio encontrado pelo professor é a sua formação ainda pautada
nas tradições coloniais do magistério. Enquanto aluno, falta ao professor
liberdade de considerar outros vieses de ensino além do tradicional e de romper
o purismo linguístico ainda presente nas universidades.
Ao falarmos da atuação desse profissional, também é necessário envolver
questões mais amplas sobre o magistério em si, como posto profissional e/ou
campo de estudo acadêmico, e sobre a experiência social dessa formação. A
falta de estímulo e reconhecimento da sociedade e as condições de trabalho
muitas vezes precárias, sem nem mesmo existir estrutura física para sua
atuação, ao longo do tempo tornam-se barreiras para uma prática pedagógica
adequada.
Para agravar mais essa situação, existe uma certa ingenuidade em se
acreditar que a transformação do ensino brasileiro se concentra na ação
pedagógica. Para uma real transformação e uma elevada qualidade de ensino
são necessários investimentos financeiros para melhoria de infraestrutura e dos
materiais de sala de aula, para promover ações sociais para a comunidade
escolar e para o aprimoramento constante dos professores.
A maioria das questões da realidade escolar que vimos nos temas
anteriores representam desafios para o professor e, infelizmente, não existe uma
fórmula mágica para superá-los. É nesse momento que a falta de experiência e
de orientação, especialmente dos novos professores, pode levá-los a acreditar
que o ensino nada mais é do que o “despejamento” de conteúdos em um estilo
“aprenda quem puder”. Uma verdade que cabe a qualquer professor é a
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importância de rever seus métodos com frequência, questionar-se quanto aos
seus conhecimentos e práticas de ensino.
Moacyr Scliar (1995), ao falar do ensino literário, cita duas possíveis
posturas que um professor pode ter: ser como um guardião da esfinge, aquele
que determina o conhecimento que será passado para seu aluno, ou ser seu
mediador emocional permitindo que as experiências e escolhas do aluno sejam
consideradas no processo de ensino. Claramente, Scliar referia-se às escolhas
literárias feitas por um professor, mas é possível levar essa reflexão às demais
áreas do conhecimento. Quando pautamos nossas escolhas apenas em nossas
experiências como professores, perdemos uma oportunidade de enriquecer o
aprendizado dos alunos, e o nosso mesmo: afinal, o professor sempre tem algo
a mais para aprender.
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de desuso e extinção, mantendo-se apenas em discursos religiosos ou poéticos.
Um outro exemplo é o fato de a gramática ainda apresentar e considerar a
colocação pronominal de mesóclise, que só persiste em discursos políticos e de
grupos elitizados, especialmente na escrita, pois na oralidade é cada vez mais
raro ouvirmos essa construção.
Pelos motivos descritos acima, fica claro que apenas as normas
gramaticais não podem representar o amplo universo linguístico. É nessa hora
que a linguística traz sua influência, ao considerar a língua em seu uso real, sem
se preocupar centralmente com erros e acertos, nem com julgamentos estéticos
ou morais, e traçar padrões e relações que vão além da gramática normativa.
Onde a gramática vê um erro, a linguística vê uma diferença que cabe ser
explorada. Onde a gramática exige memorização, dos tipos de oração
subordinada por exemplo, a linguística demanda um entendimento dos
processos e das relações entre palavras e frases.
Por essas questões, é importante que o professor, e a comunidade
escolar como um todo, vejam que a língua vai muito além de erros e acertos de
gramática e suas terminologias, e as mudanças linguísticas não se tratam de
erros e sim de processos de variação da língua que existe para a comunicação
humana e se adequa às suas necessidades, pois:
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as maiores influências em sua formação, o professor pode mostrar-se mais
adepto da corrente linguística ou gramatical, no sentido normativo.
Sobre a disputa gramática x uso real da língua, objeto de estudo da
linguística, Antunes (2008, p.159), em tom poético, afirma que as áreas não são
uma rima, mas podem ser uma solução:
FINALIZANDO
Saiba mais
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REFERÊNCIAS
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