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Eliane Dalla
Coletta
Motivação e emoção
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você irá estudar os constructos motivação e emoção, os
quais são analisados desde o início do século XX, a partir do desenvol-
vimento de diferentes teorias que despertam simpatizantes e também
questionadores. Assim, não existe uma teoria ideal que envolva toda
a compreensão sobre esses temas na sua plenitude, mas através de
diferentes lentes teóricas que daí emergiram, como veremos a seguir, é
possível compreender as ações e os comportamentos das pessoas nas
suas interações sociais, seja no trabalho, na família ou na sociedade. A
motivação será apresentada com foco em três teorias principais: escala
de hierarquia de necessidade, de Maslow; teoria dos dois fatores, de
Herzberg; e a teoria das necessidades aprendidas, de McClelland.
No estudo das emoções, por sua vez, iremos encontrar uma série de
atribuições em vários modelos teóricos que envolvem reações musculares
internas, comportamento manifesto, efeito afetivo e cognição. As emo-
ções desempenham um amplo papel nos mais diversos fenômenos que
se desenrolam no corpo humano, no cérebro e na cognição. O estudo da
empatia, complementarmente, destaca-se como uma das pesquisas mais
importantes nesse campo de investigação do comportamento pró-social.
2 Motivação e emoção
As teorias da motivação são uma tentativa ... de explicar por que (1) os estí-
mulos evocam respostas; (2) um determinado estímulo evoca certa resposta
em vez de quaisquer outras concebíveis; (3) certos estímulos têm um valor de
recompensa e outros não; (4) certas respostas parecem surgir por si mesmas [...].
Por isso temos tantas definições e teorias sobre a motivação e o seu con-
ceito ainda é difuso, porém tudo o que está sendo investigado e pesquisado
constitui campo da psicologia na sua totalidade e de outras áreas como a
sociologia e marketing.
cutivas, parecem um conserto de ações que não têm conexão com a mente,
somente é desencadeado pela emoção e as ações acontecem dentro do corpo
(nos órgãos, nas reações endócrinas, etc.), diferindo dos sentimentos, que são
por definição a experiência mental que o indivíduo tem das ações que está
passando no corpo. A emoção pode ser vista, pois podemos ver o rubor no
rosto, os gestos, o suor, a cor da pele mudando, enquanto o sentimento não é
possível ser detectado, somente quem o tem pode senti-lo. O sentimento de
uma pessoa pode ser dissimulado e pode confundir o seu interlocutor. Sendo
assim, pode-se entender a emoção como sendo algo comportamental e o
sentimento como mental. A emoção, portanto, é um sistema de reação inata
que é desencadeado por um determinado processo intelectual (por aquilo que
se percebe, aquilo que se ouve, que se vê) e depois acontece dentro do corpo.
A emoção começou a ser estudada por Willian James (1842–1910), psicólogo
considerado o pai da psicologia americana. Em seu artigo de 1884, Whats is an
emotion?, lançou o tema da emoção, que na atualidade voltou a ter destaque
em função das novas pesquisas sobre o cérebro, demonstrando que James
se aproximou muito do que hoje se conhece sobre os aspectos cognitivos,
segundo Nascimento (2013). Para James, as emoções são comportamentos
conscientes relativamente automáticos aos estímulos externos, sendo a ação
física ligada aos órgãos viscerais internos como o coração, estômago e vasos
sanguíneos, que provocarão uma alteração interna que é percebida como uma
emoção. Essa teoria de James foi alicerçada pelo movimento behaviorista,
na primeira metade do século XX, na qual a origem do comportamento seria
externa e observável, não considerando os processos mentais internos. Na
década de 1960, a teoria de James foi ajustada e reformulada, originando
o conceito de feedback facial, significando um fundamento da experiência
subjetiva da emoção, no modo de recompensa ou punição. A partir dessas
ideias foram feitas muitas pesquisas nas quais se utilizava o tensionamento de
músculos típicos de uma emoção com o objetivo de criar um efeito subjetivo.
Atualmente, as concepções baseadas em James não possuem mais respaldo
como originalmente foi concebida, passando a ajustes, adaptações e agregadas
a novas concepções teóricas, como as abordagens psicoevolucionistas, as
cognitivistas e as sociais (MIGUEL, 2015).
No campo da psicanálise, as emoções têm relação com movimento, com
o ato (ações), corresponde a como o sujeito traduz os afetos, ou como liga os
afetos às reflexões e como liga os afetos das reflexões com o ato. A emoção
é o destino do afeto e o sentimento é o destino coletivo do afeto, sendo o
afeto aquilo que incide sobre o sujeito (um estímulo externo) e aquilo que o
afeta como é vivenciado, experienciado e tramitado em termos libidinais e
8 Motivação e emoção
Diante disso, afirma-se que cada emoção pode ter vários sentidos, podendo
ser positivos ou negativos, que podem ser compreendidos na totalidade psi-
cossocial de cada indivíduo.
A emoção incita as pessoas a se agruparem enquanto sujeitos comprometidos
com a realidade em que vivenciam, com a transformação da sociedade, uma
forma de superar o sofrimento, a construção da sua cidadania e a conquista
dos seus direitos.
Nos últimos anos, têm sido intensas as pesquisas sobre os fatores evolutivos
para a produção da empatia, a atividade cerebral em estados emocionais envol-
vidos nos feitos de comportamento pró-sociais. O estudo da empatia destaca-se
como uma das investigações mais importantes no campo de investigação do
comportamento pró-social (PILATI, 2011).
A definição de empatia, a exemplo da definição da motivação, também
não possui um consenso entre os teóricos e pesquisadores, e muitas vezes
são confundidos com simpatia e ou compaixão. O termo empatia provém do
grego empatheia, formado por em–, “em”, mais pathos, que significa “emoção,
sentimento”. Para Eisenberg e Miller (1987 apud FORMIGA, 2012, p. 2),
“[a empatia], psicologicamente, pode ser considerada como uma experiência
indireta de uma emoção próxima à emoção vivida por outra pessoa”. Estrutural-
mente, essa emoção indica um potencial de amparo social ou afetivo ao outro,
pois ao sentir o que o outro pode estar sentindo, indica uma compreensão de
como o outro está vivenciando determinada situação ou evento, antecedendo
os comportamentos pró-sociais teoricamente. A importância desse constructo
empatia é percebido pelos estudos da psicologia experimental a do desen-
volvimento, da aprendizagem à psicologia social, colocando-o no centro do
desenvolvimento social humano. Desde os estudos clássicos até os estudos mais
atuais nas diversas culturas, o constructo empatia é associado à moralidade,
comportamento pró-social, justiça, culpa, emoção, etc. (FORMIGA, 2012).
A concepção da empatia como uma reação afetiva resultante da com-
preensão da atitude do outro tem ocorrido amplamente na pesquisa desse
constructo e estudada através de inventários e escalas psicométricas para
sua medição, como também através das teorias de atribuição de causalidade
que a consideram como uma disposição afetiva originada por um fator
situacional. Pilati (2011) refere que o modelo proposto por Weiner foi “a
relação entre cognição-emoção-ajuda, [...] [em que] o processo de atribuição
de causalidade” (PILATI, 2011, p. 164) atua como um meio que impulsiona
a ação emocional que motivará o comportamento pró-social. Outra variável
apontada pela psicologia social é o custo de pessoal como motivo antecedente
significativo do comportamento pró-social, indicando que quanto maior for
este custo, a probabilidade de menor ajuda é considerável. Outros aspectos
estudados pela psicologia social são a proximidade social do solicitante da
ajuda relativamente ao observador e as normas sociais como importantes
antecedentes dos comportamentos pró-sociais. As pesquisas demonstram
que a preferência da ajuda para aqueles que estejam mais próximos (amigos,
familiares), levam o participante a considerar como mais plausível a intenção
de ajudar o solicitante (PILATI, 2011).
12 Motivação e emoção
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Leituras recomendadas
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