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Quaderns de Psicologia | 2018, Vol.

20, No 3, 235-244 ISNN: 0211-3481

 https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1461

O diário de campo e suas possibilidades


The field diary and its possibilities

Mateus Freitas
Eliane Regina Pereira
Universidade Federal de Uberlândia

Resumo
Para o profissional, principalmente em formação, o registro das vivências em diário de
campo permite uma reflexão e uma revisão de suas práticas. Este artigo investiga os diários
de campo escritos por estagiárias de psicologia, a partir de intervenções em uma sala de
espera de uma Unidade Básica de Saúde, no formato de rodas de conversa, durante o ano
de 2013. A análise documental somada a análise por núcleos de significação, permitiu a dis-
cussão a partir de três núcleos: reflexões sobre a preparação das rodas de conversa; impres-
sões e sentimentos sobre a experiência de coordenar as rodas; reflexões sobre a formação
do psicólogo. O diário de campo permite uma certa materialização do vivido, e sendo regis-
tro de experiências permite que diversas situações vividas no processo de formar-se psicólo-
go sejam repensadas com o cuidado necessário.
Palavras-chave: Diário de Campo, Formação em Psicologia, Práticas Grupais

Abstract
For the professional, mainly in training, the recording in field journal allows a reflection
and a review of their practices. This article analyzes the field diaries written by psychology
trainees, from interventions in a waiting room of a basic health Unit, in the format of talk
wheels, during the year 2013. The documentary analysis added the analysis by nuclei of
signification, allowed the discussion from three nuclei: Reflections on the preparation of
the conversation wheels; Impressions and feelings about the experience of coordinating the
wheels; Reflections on the formation of the psychologist. The field diary allows a certain
materialization of lived experience, and being a record of experiences allows several situa-
tions experienced in the process of forming a psychologist to be rethought with the neces-
sary care.
Keywords: Field Diary, Psychology Training, Group Practices

Introdução mentos, condições de oferta, procedimentos


para o planejamento, implementação e avali-
Os cursos de graduação no Brasil são orienta- ação” do curso, sendo que esses devem estar
dos e organizados a partir de diretrizes esta- voltados para a formação, atuação, processo
belecidas pelo MEC (Ministério da Educação). de pesquisa e ensino de psicologia (Brasil,
As diretrizes dos cursos de graduação em psi- 2011). Em relação à atenção à saúde, as dire-
cologia orientam sobre “os princípios, funda- trizes curriculares dos cursos de formação em
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psicologia definem como objetivo que o pro- mas sim nos indivíduos; os grupos podem pos-
fissional deve estar apto a desenvolver ações suir caráter informativo e promovem a impli-
de prevenção, promoção, proteção e reabili- cação dos sujeitos na prática, promovendo a
tação da saúde psicológica e psicossocial, tan- produção de conhecimentos próprios e coleti-
to em nível individual quanto coletivo (Brasil, vos; as práticas grupais promovem um suporte
2011). aos membros dos grupos, permitindo a ex-
pressão de afetos e acolhimento dos indiví-
Assim, as novas Diretrizes Curriculares Nacio-
duos (Ferreira Neto e Kind, 2010).
nais têm demonstrado a necessidade de que o
psicólogo em formação possua conhecimentos É importante ressaltar que as práticas grupais
que vão de acordo com os princípios do SUS e não são modelos que visam substituir as práti-
com a demanda social. cas individuais, afinal cada uma tem um tipo
específico de uso e aplicação, mas são práti-
Segundo Magda Diniz Bezerra Dimenstein
cas para além de um modelo até então vigen-
(1998) os cursos de graduação atuam com
te, o biomédico, de caráter unilateral. Ao as-
inúmeras limitações no que diz respeito a
sumir as práticas grupais como possibilidade,
modelos de atuação que correspondam com a
o psicólogo está aumentando o seu arsenal de
“realidade sanitária do país”. Segundo a auto-
métodos terapêuticos, e não excluindo o mo-
ra, ainda vigora uma formação na qual o pro-
delo de atendimento individual.
fissional liberal, que apresenta serviços de ca-
ráter predominantemente individual, ainda é Na atuação do psicólogo, um dos possíveis ins-
mais valorizado, enquanto a formação voltada trumentos a ser utilizado é o diário de campo,
para a saúde pública é desvalorizada. Com o o qual é um instrumento metodológico utili-
auxílio de João Ferreira Neto e Luciana Kind zado para registrar o que é vivenciado duran-
(2010) e de Gabriel Silva, Eliane Pereira, Ja- te a atuação. Através do diário de campo é
queline Oliveira e Yuji Kodato (2013) podemos possível conhecer sobre as vivências, o que
afirmar que uma das práticas que visa à am- implica em um saber não institucionalizado,
pliação das possibilidades de atuação do psi- mas prático (Costa e Coimbra, 2008). O diário
cólogo e desinstitucionalização dos saberes é defendido por Benedito Medrado, Mary Jane
“tradicionais” são as atividades em grupo. Spink e Ricardo Méllo (2014, p. 273) como um
parceiro que se movimenta em forma de tex-
No Brasil, os estudos e práticas grupais foram
to “narrativo, ficcional e implicado”.
impulsionados com a imigração de psicólogos
e psicanalistas argentinos, exilados políticos, Autores como Florence Weber (2009) e Keli
que haviam rompido relações com a Associa- Dal`Pra, Regina Mioto e Telma Lima (2007)
ção Psicanalítica Internacional e começavam defendem que o diário de campo possibilita a
a questionar as práticas ortodoxas de caráter produção de um material de caráter etnográ-
individual. Esses imigrantes trouxeram uma fico, de pesquisa e íntimo, sendo que tais ca-
perspectiva que entendia os grupos como es- racterísticas são concomitantes nos diários. O
paço no qual os sujeitos pudessem tomar material produzido no diário de campo se di-
consciência de si e seus processos, de desali- fere de um texto comum, pois apesar de ser
enação e de mudanças. Esse processo de mu- um documento cientifico permite um distan-
dança das práticas terapêuticas também re- ciamento da experiência registrada e avalia-
cebeu influência dos movimentos políticos ção do que houve em contraponto com hipó-
que aconteciam nas décadas de 60 e 70 por teses e propósitos. O diário de campo possibi-
toda a América Latina, de enfrentamento aos lita a documentação dos fatos vivenciados na
governos ditatoriais (Borges, Batista e Vec- prática, o que é um dos alicerces da consti-
chia, 2011). tuição da identidade profissional.
Atualmente na prática do profissional em psi- Nas práticas grupais, o psicólogo pode utilizar
cologia na área da saúde, os grupos são im- todas essas funções do diário de campo, o
portantes por diversos motivos: a demanda qual assume tanto um caráter de ferramenta
dos serviços de saúde é alta, logo se torna in- revisora das práticas levadas a campo, quanto
viável o atendimento individual; os grupos de instrumento formador e de registros do
transformam as redes de relações na comuni- que acontece nos grupos. As produções de no-
dade, demandando também novos cuidados; o vos conhecimentos nos grupos não se dão so-
enfoque na prática grupal não é na patologia, mente por parte dos participantes do grupo,

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mas o profissional que está ali para acompa- e uma pergunta chave iniciava a conversa: “o
nhar também faz parte disso, produzindo co- que vocês pensam/sentem desse recurso?”. A
nhecimentos concomitantemente, em uma conversa era iniciada e os estagiários promo-
reciprocidade que gera a horizontalidade ne- viam o debate, fazendo perguntas sobre o que
cessária para a emergência da identidade estava sendo dito, objetivando uma reflexão
grupal. A pesquisa, que passamos a relatar, sobre a vida, o que ao nosso ver, significa
teve como objetivo investigar os diários de promoção de saúde. Após as rodas de conver-
campo, de uma intervenção grupal, e identi- sa, os estagiários escreviam diários de campo,
ficar se este pode ser um instrumento poten- nos quais anotavam sentimentos sobre o que
cializador na formação do psicólogo. vivenciaram e descreviam a atividade em si.
A análise dos diários começou através de lei-
Metodologia turas e releituras do material dos Diários de
Campo, com o objetivo de encontrar pré-
Esse estudo apresenta cunho qualitativo e uti- indicadores. Essas são palavras que possuem
liza a análise documental (Pimentel, 2001) as- significados que sobressaem no discurso com
sociada à análise de núcleos de significação maior frequência, as quais trazem informa-
(Aguiar e Ozella, 2006). Os materiais investi- ções como sentimentos, emoções, ambivalên-
gados foram os diários de campo confecciona- cias e contradições. Foram realizados recortes
dos por estagiários de psicologia durante o dos trechos onde esses pré-indicadores foram
ano de 2013, feitos a partir de intervenções encontrados, e uma aglutinação dos mesmos
no formato de rodas de conversa, as quais fo- para que se chegasse então aos indicadores.
ram realizadas na sala de espera de uma Uni- Essa aglutinação teve como critério as peculi-
dade Básica de Saúde do município de Uber- aridades, complementaridade ou contraposi-
lândia-MG. As rodas de conversa aconteciam ção das informações coletadas. Para que essa
uma vez por semana, coordenadas por três aglutinação fosse desenvolvida, foi necessária
estagiários, sendo um coordenador, um auxi- uma releitura sistemática dos diários de cam-
liar e um “anotador”1, responsável por escre- po, para que as informações coletadas tives-
ver os diários de campo no dia. Algumas ano- sem o conteúdo emergente preservado e alo-
tações aconteciam durante a roda de conver- cado em indicadores que levassem em conta o
sa, mas o diário era produzido logo após a contexto no qual o discurso foi produzido, en-
prática na Unidade Básica de Saúde, de modo tendendo o texto como um todo articulado
que no ano de 2013, foram produzidos 40 diá- entre si (Aguiar e Ozella, 2006).
rios.
Por fim, foi realizada a construção e análise
As rodas de conversa2 aconteciam semanal- dos núcleos de significação. Nessa fase, os in-
mente na sala de espera da Unidade Básica de dicadores passaram por um processo de arti-
Saúde. Nela, os estagiários de Psicologia esco- culação, a qual se deu através do modo como
lhiam um recurso3 disparador para o diálogo e os conteúdos dos indicadores se relaciona-
convidavam a todos para conversarem. O re- vam, para que então os núcleos ganhassem
curso era apresentado aos usuários do serviço nomes e forma. Nesse caso, alcançamos três
núcleos de significação: Reflexões sobre a
1
As funções de coordenador, auxiliar e anotador, eram preparação das rodas de conversa; Impressões
alternadas a cada semana, de modo que todos os estagiá- e sentimentos sobre a experiência de coorde-
rios assumiram todas as funções. A expressão “anotador” nar as rodas; Reflexões sobre a formação do
foi adotada após leitura de Medrado, Spink e Méllo (2014) psicólogo.
na qual, os autores adotam “anotações” como a melhor
expressão para o conteúdo a ser registrado em diário de
campo.
Resultados e discussão
2
Apesar de não ser o tema deste artigo é importante
apresentar rapidamente como elas ocorriam. Importante
também destacar que as rodas de conversa, fazem parte Reflexões sobre a preparação das rodas de
de um projeto maior, intitulado “Compreendendo os sen- conversa
tidos produzidos por estagiários de psicologia e usuários
do serviço de saúde na vivência da roda de conversa” que O diário de campo parece ser escrito com de-
foi devidamente aprovado pelo comitê de ética, sob nú- terminados fins, ora há reflexões relativas à
mero CAAE: 19014813.6.0000.5152. experiência, ora parece haver um pedido de
3
Um vídeo, uma imagem, uma música, etc. auxílio à professora supervisora do estágio.

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Esses questionamentos remetem a dúvidas so- O trabalho em grupo apresenta um modo de


bre como proceder em determinadas situa- funcionamento peculiar tendo a multiplicida-
ções, sendo que em certos momentos são le- de de ritmos como tom marcante. O papel do
vantadas sugestões. No trecho abaixo, é apre- psicólogo em situações como a do trecho aci-
sentado o modo como o anotador do diário ma requer flexibilidade, e muitas vezes o dis-
avaliou a experiência e a partir disso são fei- curso dos estagiários vem marcados pela difi-
tos questionamentos que expressam certa in- culdade de flexibilizar e mais do que ouvir,
satisfação com a preparação da roda de con- permitir que todos compartilhem seus senti-
versa e indica sugestões de possíveis modos mentos. A preparação então perpassa pelo
de fazer. desenvolvimento de capacidades não mais fi-
Consideramos a experiência válida, embora
xas, descritivas e catalogadas, mas, que são
achamos que não estávamos preparadas o sufici- próprias do próprio profissional que atua em
ente para realizar a intervenção. Talvez fosse ne- grupos.
cessária uma maior frequência de observação das
salas coordenadas pelos estagiários ou mesmo Nos diários investigados os estagiários fazem
uma instrução mais detalhada de como proceder, reflexões sobre o que poderia ter sido feito,
qual o momento de pontuar e mediar os diálogos
às vezes com ideias bem objetivas e pontuais,
estabelecidos bem como estratégias para conver-
ter o silêncio em conversa. (Diário de Campo, outras nem tanto, que permitem o surgimento
março, 2013) de sugestões voltadas à própria redatora do
diário como se fosse um lembrete do como
A anotação apresentada acima mostra insegu-
fazer nas próximas vezes. O uso do diário de
rança sobre o modo de fazer, e salienta o de-
campo nesse momento aparece como um ins-
sejo de que houvesse um passo a passo prepa-
trumento que auxilia a lembrar o que poderia
rado para que os momentos de intervenção
ter sido feito melhor:
fossem antecipados pelos estagiários. Dal’Pra,
Mioto e Lima (2007) escreve que o diário de Outro momento do grupo que me chamou bastan-
te atenção, foi quando tentei questionar alguma
campo serve como um complemento daquele
fala de Tereza que ia de encontro ao dito, não
cenário no qual as experiências se dão, sendo lembro bem qual era, mas ela e Carlos falaram
que cada tipo de anotação tem um uso dife- quase juntos “de jeito nenhum”, muito convictos.
rente: as anotações descritivas são informa- Ao refletir sobre o grupo, registrando o diário e
pensando nas falas, pensado sobre as falas perdi-
ções iniciais para o planejamento de inter-
das pela leitura de novos ditos, sinto que faltou
venções e começo da compreensão dos fenô- algo extremamente importante no grupo, que le-
menos, enquanto as anotações de cunho ana- varei para as próximas salas. Acho que poderia
lítico-reflexivo indicam questões a serem ter feito uma amarração final, retomando essas
falas e questionando os ditos de forma geral,
aprofundadas.
questionando o grupo sobre isso, inclusive levar o
Em outros momentos ressurgem as sensações questionamento sobre o porquê de sempre to-
marmos os ditos como verdades. (Diário de Cam-
de despreparo, não em um sentido negativo, po, setembro, 2013)
de que não é capaz de realizar as atividades,
mas sim anotações de cunho analítico- O trecho acima foi retirado de uma roda de
reflexivo que indicam aquilo que deve ser conversa no qual, aparentemente, tudo deu
trabalhado de forma mais cuidadosa e apro- errado. As estagiárias escolheram como recur-
fundada. As descrições demonstram em al- so, os “ditados populares” e os participantes
guns momentos que nem sempre aquilo que é trouxeram opiniões cristalizadas e com pouca
levado ou suscitado tem prosseguimento, vis- flexibilidade, o que resultou em um consenso
to que o serviço é voltado para a população e naturalizado dentro de uma lógica de manu-
suas demandas, os usuários do serviço tam- tenção desses ditados. Esse funcionamento
bém são responsáveis pelo ritmo do grupo, grupal possibilitou uma reflexão que por si
como no trecho a seguir: mesma é um instrumento de preparação, pois
essa experiência, por mais que descrita como
Tentamos, por muitas vezes, levar as tristezas
dela para o grupo ou pontuar algumas coisas para
incômoda, serve como aprendizado do que
interromper a fala que já incomodava os outros poderia ter sido feito, sobre como escolher
da roda. Como cortar a fala? Conseguimos, em al- melhor o recurso disparador da conversa e
gum momento, encerrar a conversa que foi pesa- não levar recursos já naturalizados, ou ainda,
da e que retomou, a todo o momento, um deus.
Como lidar com a religiosidade? (Diário de campo,
fazer uma fala de fechamento final, apesar
agosto, 2013) de não ser esta a proposta das rodas de con-

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versa, como poder ser observado no trecho fi- novamente no que estava sendo trabalhado. (Diá-
rio de Campo, agosto, 2013)
nal do diário:
Mas o grupo (e falo também de mim enquanto Nestas anotações os estagiários descrevem a
participante deste) ficou preso em conversar so- primeira roda de conversa realizada pelo gru-
bre os ditos separados, por isso senti que o mo- po de estagiários. Antes de iniciar a atividade
mento de finalizar o grupo foi quando a leitura
na sala de espera da Unidade de Saúde, os
dos ditos acabou e a discussão destes também.
Senti o grupo disperso, um pouco perdido, e as alunos experimentavam a coordenação de um
vezes até andando em sentido oposto ao meu, grupo, com alunos de um primeiro período.
como disse, me travou em alguns momentos, co- Nessa anotação a insegurança diz respeito ao
mo no momento de fazer a amarração. Não sei o
medo de que o que foi planejado não pudesse
que as pessoas levaram do grupo, mas eu sinto
que para mim foi uma experiência muito rica e ser realizado como se houvesse uma maneira
vejo que os desencontros também são importan- correta de se realizar.
tes para eu repensar o grupo e as formas de coor-
denar um. (Diário de Campo, setembro, 2013) O registro dos fatos se dá a partir da maior ou
menor significância que o indivíduo atribui à
Segundo Dal’Pra, Mioto e Lima (2007), os re- determinada experiência. Tal experiência tem
gistros no diário de campo permitem o mane- maior ou menor significado de acordo com a
jo, através da análise dos mesmos, daquilo quantidade e intensidade ofertada pelo indi-
que o serviço demanda e suas limitações, as- víduo e o modo como ele consegue relacionar
sim como as dificuldades do profissional que com outras experiências, proporcionando en-
está atuando. Através do manejo desses regis- tão uma reflexão sobre tal evento (Souza et
tros é possível a formulação de novas práticas al, 2012).
que estejam de acordo com aquilo que o ser-
viço demanda. Estou com a sensação de não ter conseguido
transpor da melhor forma os momentos dessa sala
de espera, me parece que estão faltando coisas,
Impressões e sentimentos sobre a também não consegui ficar só com as impres-
experiência de coordenar as rodas sões… Mas o que pude sentir depois é que gostei
dessa sala, sai de lá satisfeita, acho que foram
Percebe-se que os estagiários registram mo- conversas interessantes… Mas ainda pairam aque-
mentos nos quais dúvidas sobre o que poderia las dúvidas e inseguranças em mim: a dificuldade
em propor reflexões em alguns momentos, não
ser feito são colocadas de diferentes formas: sei até que ponto questionar respeitosamente as
em determinados momentos são questiona- verdades de cada um, como pontuar algumas fa-
mentos e reflexões que remetem a quem es- las, como lidar quando o grupo se dispersa… Estar
creveu o diário e em outros momentos se re- nesse projeto vai ser um desafio constante, foi
muito interessante ver o quanto esse grupo foi di-
ferem a pessoas que participaram das vivên- ferente do passado, e assim acredito que será
cias. Essas anotações em diário, muitas vezes, sempre… (Diário de Campo, agosto, 2013)
levam a reflexões de como a situação diverge
daquilo que é esperado, o que nos leva a pen- A forma como a experiência é descrita remete
sar em sentimentos como insegurança, frus- à dificuldade de expressar o vivido, mas na
tração e ansiedade. medida em que se escreve sobre essa vivên-
cia, é possível produzir novos sentidos ao
São descritas situações onde durante a expe- momento. Segundo Ana Paula Souza et al
riência há uma espera por algo que foi plane- (2012) o importante nos diários de campo são
jado, mas que na hora não aconteceu. Assim, os registros e não se o fato realmente ocorreu
a ansiedade geralmente não vem sozinha nos ou não, pois, o modo como o mundo é perce-
diários, há momentos em que ela vem acom- bido e registrado, posteriormente, passa por
panhada de sentimentos como o de desprepa- um processo de reflexão, que irá guiar a for-
ro, como no trecho a seguir: mação do indivíduo. Portanto, escrever o vi-
A ansiedade a qual me referi anteriormente “sur- vido é uma oportunidade ímpar de resignificá-
giu” de quando minha ficha caiu assim que en- lo de olhar para ele de novos ângulos.
tramos na sala, pois, estávamos com um grupo de
primeiro período em que eles pouco se conheci- O uso do diário não se restringe somente ao
am e nada sabiam sobre nós; eis que então surge registro de fatos empíricos, mas propicia a re-
um medo de que eles não participassem da con- flexão de que as diferentes “verdades” viven-
versa e o grupo não fluísse como esperávamos;
além disso, a curiosidade para saber a forma co- ciadas durante a experiência sejam analisa-
mo este vídeo os tocaria me tomou conta em um das, através do uso íntimo e do etnográfico.
determinado momento, mas me contive e foquei Não há somente um ponto de vista, pois, os

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registros permitem que se perpasse aquilo mento desse despreparo, encontra-se ampa-
que é imediato, trazendo novas formas de se rado em uma formação profissional não pa-
entender a mesma situação. Como pode ser dronizada, de uma clínica que se amplia para
visto na anotação abaixo, o diário permite espaços de atenção pública e coletiva, e que
analisar as expectativas que compõem o fazer se abre para ouvir as diferenças sem esperar
do psicólogo em formação. um consenso no fim do diálogo promovido. As
Pedimos para que todos se apresentassem e pas-
dificuldades diferem de estagiário para esta-
samos a música “Pedro pedreiro” de Chico Buar- giário, logo, o diário de campo surge como um
que e, confesso que quando vi a ideia de levar- espaço para expressão dessas particularidades
mos essa música pensei em muitos caminhos que e a supervisão de estágio funciona como um
aquela sala poderia trilhar diante da letra da
mesma e eu estava um tanto entusiasmada com
suporte para o desenvolvimento de opções de
tais possibilidades que poderiam emergir desse como lidar com tais dificuldades.
encontro. Às vezes minha frustração teve origem
Encerramos a sala por conta do horário e saio de
nesse aspecto, pois a meu ver, tal frustração po-
lá com a sensação de que a sala foi muito boa e
de estar ligada com minha expectativa e ansieda-
ao mesmo tempo difícil no sentido de não me co-
de para aquele grupo uma vez que pensei em
locar quanto a meu modo de ver e ler o mundo.
muitos caminhos que poderiam ser trilhados e aos
Fico muito incomodada com a fala de Luís; achei
meus olhos, isso não ocorreu como esperava. (Di-
muito machista, moralista e me incomodo mais
ário de Campo, outubro, 2013)
ainda com a questão de muitos que estavam ali
Em outros momentos, a experiência sendo vi- no grupo concordarem com essa linha de pensa-
mento e me questiono: como desconstruir esse
venciada traz sentimentos de que o planejado discurso com eles? Temos obrigação de descons-
não ocorreu. Os estagiários fazem o uso do trui-lo? De que realidade estamos falando? (Diário
diário de campo para expressar o modo como de campo, novembro, 2013)
se sentem em relação ao vivenciado, permi- A prática traz consigo situações e emoções
tindo também um contraponto frente às ex- que não eram esperadas e é possível ao psicó-
pectativas. A implicação dos estagiários no logo o uso de instrumentos, como o diário de
diário de campo, através da expressão do mo- campo, que viabilizem uma melhor reflexão
do particular como a experiência foi vivida, do que acontece durante sua atuação.
possibilita a reflexão e manejo das próprias
formas de lidar com o mundo. No contexto grupal, o psicólogo deve levar em
consideração os saberes, memórias e história
Continuamos a leitura e conversa dos outros di-
tos, “cão que ladra não morde”, “quem tem te- de vida dos participantes, sendo que assim é
lhado de vidro não atira pedra ao vizinho”, “de possível re-significar no presente toda essa
moeda em moeda se faz uma fortuna” e em cada história que é constitutiva dos sujeitos (Com-
um deles as falas iam ao sentido de interpretar,
binato et al, 2010). As experiências registra-
de contar fatos que vivenciaram e que iam de en-
contro aos ditos mencionados. Em vários momen- das em diário de campo possuem um caráter
tos tentei questionar, ampliar a discussão, mas subjetivo de quem percebeu os acontecidos e
senti que o grupo estava indo para o lado oposto, os registrou, porém, é possível que essas per-
fiquei angustiada e um pouco insegura com rela-
cepções e reflexões advindas desses registros
ção até que ponto ir e insistir tentando questio-
nar, sem ter a resposta do grupo. (Diário de cam- alcancem níveis de abrangência para além do
po, setembro, 2013) singular, atingindo o social de forma mais
ampla. A abrangência para além do singular é
Certos incômodos também são descritos com
possível, pois o diário serve como um instru-
frequência. Em certos momentos, estes incô-
mento de registros de experiências, mas tam-
modos se referem ao conteúdo do que está
bém como um “espaço de troca de saberes”
sendo dito pelas pessoas durante a roda de
através da construção do conhecimento a par-
conversa, e a dificuldade do profissional em
tir de visões e reflexões múltiplas acerca do
formação, de acolher falas muitas vezes pre-
anotado. (Dal’Pra, Mioto e Lima, 2007).
conceituosas, racistas, machistas, etc., sem
desqualificar quem fala, ao contrário, permi- Assim, os incômodos também vêm com refle-
tindo uma reflexão de discursos tão naturali- xões posteriores, ou se não possuem refle-
zados. Esse incômodo geralmente vem associ- xões, dão espaço para questionamentos de
ado com uma espécie de despreparo, pois, como lidar com aquela situação.
quando esses valores pessoais entram em ce- Conseguimos explorar melhor as questões do
na, parecem incomodar os estagiários de uma brincar, da infância, por que os adultos não brin-
maneira diferente do que quando eles não sa- cam mais, como fomos criados (…). Uma moça
bem fazer algo tecnicamente. O reconheci- que dizia gostar demais de brincar até hoje, fica

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reafirmando isso inúmeras vezes, fico com um go da escrita dos diários resulta em importan-
pouco de raiva dela na hora. Raiva não, apenas
tes elementos para redação final da análise”.
uma inquietaçãozinha por ela não sair do lugar.
Queria que ela fosse além da sua experiência. Passamos a entender que, no caso da forma-
Sim, minha expectativa. (Diário de Campo, no- ção profissional, as anotações em diário e, re-
vembro, 2013) sultam em importantes reflexões sobre a prá-
A expressão do subjetivo no diário de campo é tica, produzindo novos “modos de ser” psicó-
uma forma de dizer sobre si com o objetivo logo, possibilitando alterações significativas
de uma reflexão posterior, objetivando a no fluxo da formação profissional.
formação profissional, porém, também é uma A reflexão de caráter pessoal irá influenciar
forma de falar para si mesmo, fazendo com diretamente na atuação do profissional, visto
que a formação não esteja restrita somente a que ele está susceptível a experiências que
um único modelo, mas possibilitando a aber- remetem a valores, crenças e modos de ser,
tura de autoconhecimento. os quais terão que ser compreendidos a partir
da relativização do próprio ponto de vista.
Reflexões sobre a formação Para além da dita subjetividade do profissio-
Os diários falam sobre o modo como a forma- nal, ainda há de se considerar todo um ideal
ção dos estagiários está ocorrendo, sendo que que é construído acerca da prática, que na
não há uma divisão entre aquilo que remete realidade não necessariamente irá ocorrer, o
ao campo profissional e aquilo que é pessoal, que pode acarretar em implicações como a
permanecendo essas duas “instâncias” inte- frustração.
gradas. São levantados pontos acerca das difi- Essas reflexões acerca da formação também
culdades em se viver novas experiências, sen- levantam hipóteses do que pode ser feito no
do que em diversos momentos são ditas frases futuro para que, o que fizeram e foi conside-
sobre o modo como as expectativas e os co- rado como não bem-sucedido, possa ser efe-
nhecimentos que os estagiários já possuem in- tuado de uma forma diferente. Em alguns
fluenciam na prática. As sensações da experi- momentos, aparecem também, junto a essas
ência se confrontam com aquilo que era espe- possibilidades do que é possível ser feito, as
rado e essa nova realidade, fruto do inespe- dificuldades que são encontradas na condução
rado, às vezes causa incômodo, conforme dos grupos.
aparece abaixo.
Isso me paralisou, em outras salas deus já havia
Acho que ficar no lugar de anotadora me impediu aparecido, mas dessa vez não soube como tratar.
de “sentir” melhor o grupo, não sei bem se foi is- Como problematizar essa questão? Quais nossos
so. Além disso, percebi o quanto minhas expecta- limites? Devemos tratá-la de frente? Sinto que es-
tivas atrapalham meu olhar para o grupo e para o se é um assunto que (i) mobiliza o grupo, senti
que acontece, o que acredito ser um desafio visto que as outras pessoas têm receio de não mostrar
que eu me pego várias vezes com intenções de que concordam que deus é o “maior” etc. Carla
que as pessoas pensem o que eu quero que elas usou de uma estratégia que me pareceu boa,
pensem. E isso não é a horizontalidade. (Diário de perguntando quais outras forças as pessoas têm
Campo, outubro, 2013) buscado na vida… Isso retirou o deus do centro do
assunto (Diário de Campo, outubro, 2013)
O distanciamento que o diário de campo pro-
picia frente às experiências leva a uma análi- O uso do diário como registro de experiências
se mais profunda dos acontecimentos, permi- permite que situações como a do trecho aci-
tindo que a prática seja reanalisada e de- ma sejam repensadas com o cuidado necessá-
monstrando “o esforço de cada indivíduo em rio. Algumas temáticas parecem claramente
colocar no papel seus conhecimentos, valores, mais difíceis que as outras e, no caso da roda
desejos, concepções e crenças”, o que aponta de conversa os temas em que Deus aparece é
para uma reflexão de caráter pessoal. (Souza sempre muito difícil de produzir reflexão. Pa-
et al, 2012) ra muitos, Deus resolve os problemas de saú-
de, Deus auxilia em dificuldades financeiras,
Medrado, Spink e Méllo (2014, p. 285) anunci- Deus protege em situações de violência. Fren-
am que, em seus grupos de pesquisa, têm in- te a um tema tão difícil, o diário de campo
centivado os pesquisadores a anotar sem re- ameniza a angústia, mas também serve como
servas, “suas opiniões, impressões, incômo- espaço de aprendizagem, para que juntos or-
dos, enfim “afetações” produzidas no encon- ganizem estratégias de dialogo promotoras de
tro com os interlocutores. Muitas vezes, esse saúde. Souza et al. (2012) escreve que os re-
exercício de produzir posicionamentos ao lon-

Quaderns de Psicologia | 2018, Vol. 20, No 3, 235-244


242 Freitas, Mateus & Pereira, Eliane Regina

gistros de caráter pessoal, como os sentimen- psicologia. Essa potencialização remete a ri-
tos e impressões, podem ser analisados e re- queza nos modos como as experiências são vi-
fletidos pelos estagiários, porém, também vidas, repensadas e como essas passam a ser
necessitam de um feedback do professor de- parte dos indivíduos, ao passo que insere o
vido a necessidade de um respaldo teórico e estudante de maneira ativa no seu processo
reflexão mútua para que então o diário assu- formativo.
ma a função de “ferramenta formativa”.
Os diários analisados foram utilizados como
Com a inserção do psicólogo na atenção pri- ferramenta de registros de experiências, sen-
mária de saúde, a relação “ensino-serviço- do que apesar de seus conteúdos e modos de
comunidade” precisou ser revista, afinal por uso (diário de pesquisa, etnográfico, pessoal)
muito tempo os psicólogos em formação esti- serem diversificados, em vários momentos es-
veram alheios à debates de como os serviços sas particularidades do diário de campo se de-
do sistema de saúde vigente funcionam. Como ram de forma concomitante, seguindo o com-
profissional na atenção primária, a formação passo da formação. O diário possibilitou a
do psicólogo deve se dar e estar voltada para análise das significações das experiências,
a atuação. Os estagiários, profissionais e pro- análise essa realizada com fins didáticos, fi-
fessores devem estar trabalhando em conjun- cando evidenciado também que apesar de
to para que o cotidiano do trabalho seja ques- possibilitar a reflexão do vivenciado através
tionado e analisado, para que a atuação re- dos registros, ele é parte potencial de um
almente ocorra com caráter interdisciplinar processo maior, que acontece no cotidiano do
(Dimenstein e Macedo, 2012). estágio, com leituras teóricas que fundamen-
tem a prática, com planejamento de cada ro-
A articulação entre as instâncias envolvidas
da de conversa, com utilização dos recursos
na formação do psicólogo (serviço, comunida-
disparadores primeiramente entre os estagiá-
de e academia) é importante pois abre novos
rios afim de antecipar possíveis impactos do
espaços e perspectivas, sendo parte funda-
material nas pessoas, e por fim, dos encon-
mental do processo de aprendizagem, pois, ao
tros de supervisão, onde se fecha o ciclo ana-
se levar em conta as histórias tanto da comu-
lisando o diário de campo.
nidade, quanto dos estagiários, é possível se
chegar a uma intersecção daquilo que é possí- A graduação em psicologia engloba perspecti-
vel de coexistir em uma relação horizontal vas múltiplas, as quais podem funcionar como
(Dimenstein e Macedo, 2012). um leque de opções que amplia a visão dos
estudantes acerca de suas possibilidades, co-
mo também pode ser um empecilho, caso as
Considerações finais perspectivas não sejam esclarecidas. Revi-
Como escrevem Medrado, Spink e Méllo (2014, sões, documentações e pesquisas são manei-
p. 278) “o diário consegue fundir as palavras ras que auxiliam os estudantes a encontrar
e as coisas, à medida que as acolhe em suas seus próprios caminhos. Neste caso, docu-
páginas. E cada vez que tais páginas são aber- mentar em forma de diário de campo possibi-
tas, abrem-se fluxos de possibilidades de co- litou um diálogo que levou a diferentes pers-
mentários; abrem-se para o inédito”. Quando pectivas, ao passo que organizou esses novos
lemos as páginas dos quarenta diários analisa- pontos de vista possibilitando a compreensão
dos, nós as interpretamos, nós produzimos dos fenômenos de diferentes maneiras e a in-
compreensões e passamos a analisa-los a par- tegração dessas experiências ao arcabouço de
tir de três núcleos de significação por nós de- conhecimentos de quem o utiliza.
finidos: Reflexões sobre a preparação das ro- Como já destacamos nos parágrafos anterio-
das de conversa; Impressões e sentimentos res, este trabalho permite pensar a formação
sobre a experiência de coordenar as rodas; em psicologia, e, mais especificamente a
Reflexões sobre a formação do psicólogo. Ou- formação para o espaço da saúde pública.
tro atento leitor, provavelmente produziria Uma formação que precisa ser revisitada para
outras análises. Mas, levando em considera- que as angústias de quem organiza práticas
ção os resultados obtidos e a investigação grupais sejam amenizadas ainda durante a
realizada é possível afirmar que o diário de formação. Consideramos que novas pesquisas
campo é uma ferramenta que possibilita a po- precisam ser feitas e, nesse caso, acreditamos
tencialização da formação do profissional em que pesquisas com diferentes profissionais de

http://quadernsdepsicologia.cat
O diário de campo e suas possibilidades 243

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244 Freitas, Mateus & Pereira, Eliane Regina

MATEUS FREITAS
Universidade Federal de Uberlandia

ELIANE REGINA PEREIRA


Psicóloga, com mestrado e doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina É
Professora Adjunta da Universidade Federal de Uberlândia, no Instituto e no Programa de PósGradua-
ção em Psicologia (PGPSI).

DIRECCIÓN DE CONTACTO
mths1994@hotmail.com; eliane@ufu.br

FORMATO DE CITACIÓN
Freitas, Mateus & Pereira, Eliane Regina (2018).O diário de campo e suas possibilidades. Quaderns de
Psicologia, 20(3), 235-244. http://dx.doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1461

HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 30/05/2018
1ª Revisión: 16/09/2018
Aceptado: 21/09/2018

http://quadernsdepsicologia.cat

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