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Da série
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“O que eu gostaria de ter aprendido
ANTES de ser professora”.
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DIFICULDADES ESCOLARES, DISTÚRBIOS
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ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM E
TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO:
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prevenção, identificação e intervenção.
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Prof . Dra. LUCÍLIA PANISSET
a
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Profa. Dra. Lucília Panisset Travassos
3
(lateral) do cérebro, acontece em nível individual e orgânico, quer dizer, com características
pessoais e dentro do indivíduo.
O transtorno, por sua vez, decorre de uma disfunção na região frontal do cérebro, que
provoca falha na entrada do estímulo e na integração de informações. Uma causa orgânica, que
gera impulsividade, hiperatividade e outras dificuldades, esse quadro transtorna a vida da pessoa,
em razão do evidente comprometimento comportamental.
Por serem de origem interna, distúrbios e transtornos independem do desejo que o portador
possa ter de desempenhar atividades da forma como a família, a escola ou a sociedade esperam
dele. Por isso, para atingir os objetivos de desempenho social e acadêmico satisfatório, o
portador de um distúrbio ou de um transtorno de aprendizagem precisa de ajuda especializada
(CAMARGO; COSENZA; FUENTES; MALLOY-DINIZ, 2008).
Já a principal característica da dificuldade é ser “pedagógica”, logo, externa. Nas dificuldades
escolares estão inseridos os atrasos no desempenho acadêmico por falta de interesse, por
perturbação emocional passageira, por métodos inadequados ou até devido ao padrão de
exigência da escola. Hoje, sabe-se que dificuldades escolares podem ser remediadas com
qualificação de profissionais da educação, parceria da família com os educadores e escolas com
estrutura física e planejamentos adequados.
Enquanto os distúrbios e os transtornos para aprendizagem requerem uma equipe
multidisciplinar, que inclui profissionais de saúde (ROTTA, 2006), as dificuldades escolares
pedem o acompanhamento psicopedagógico e a capacitação de pais e professores, para que as
interferências externas, que prejudicam a aprendizagem, sejam minimizadas.
As neurociências abriram fronteiras para um novo contexto educacional, que exige uma
mudança de paradigmas no sistema educacional, de modo que a interface entre saúde e
educação possa gerar uma neuropedagogia. Simplesmente saber qual é o papel das sensações,
da percepção, da atenção, da memória e da utilização de múltiplas inteligências e estilos
pessoais em atividades pedagógicas, assim como conhecer a caracterização de dificuldades
escolares, transtornos e distúrbios, no entanto, é insuficiente para o Professor Educador ajudar
seus alunos a aprenderem as lições. É necessário que também as escolas onde atuam
reconheçam que somente uma estrutura curricular que contemple as habilidades
neurologicamente apropriadas a cada faixa etária facilitará o desenvolvimento das competências
desejadas; que uma grade de horário de aulas construída adequadamente inicia a rotina diária
com artes, humanidades e exercícios físicos, enquanto ciências biológicas e exatas devem ser
estudadas nos últimos horários e que o ambiente ideal para a aprendizagem acolhe a
diversidade, é interativo, transcende a sala de aula, alimenta os cérebros com curiosidades,
desafios e escolhas. Só assim os colégios e as universidades não correrão o risco de dar nomes
novos e modernos para práticas antigas e cristalizadas.
E vou além: para que tal atualização dê certo, é preciso que as escolas propiciem
capacitação em neurociências não só para seus professores, mas também para as famílias de
seus alunos e a comunidade, que precisam conhecer para entender as mudanças implantadas e
dar suporte às novas configurações da Educação para a vida neste século.
Piaget disse que “o principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas
novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram...” Dita de outro modo, essa
mesma mensagem foi transmitida em diversas palestras do VII Congresso de Gestão
Educacional, em março de 2009: “Educação não treina; transforma!”.
As duas mensagens nos fazem lembrar que não é mais suficiente pensarmos no mundo que
queremos entregar aos nossos alunos, mas que precisamos decidir que tipo de alunos queremos
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entregar ao mundo. Para auxiliar escolas, professores e pais de alunos a se adaptarem à nova
realidade e tomarem essa decisão, as neurociências se oferecem para serem usadas na
Educação. E é aí que, muito longe de ser modismo, uma parceria entre neurociências e
Educação passa a ser imprescindível.
I - INTRODUÇÃO
Segundo Dr. Stephen Brian Sulkes (2022), do Golisano Children’s Hospital, da Faculdade
de Medicina da universidade de Rochester (USA), o termo “transtornos – ou distúrbios - do
neurodesenvlvimento reúne problemas neurológicos que podem interferir na aquisição, retenção
ou na aplicação de habilidades ou conjuntos de informações específicos. Eles podem envolver
disfunção da atenção, da memória, da percepção, da linguagem, da solução de problemas ou da
interação social, e são classificados como leves (de fácil controle com intervenções
comportamentais e educacionais), moderados ou graves (que exigem mais apoio para os
indivíduos que convivem com essas condições.
De acordo com DSM-5 (sigla para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 5th
Edition), que é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, criado pela
Associação Americana de Psiquiatria (APA) para padronizar os critérios diagnósticos das
desordens que afetam a mente e as emoções, há sete grupos de transtornos do
neurodesenvolvimento:
1) Deficiências Intelectuais:
• Deficiência Intelectual
• Atraso global do desenvolvimento
• Deficiência Intelectual Não Especificada
2) Transtornos da Comunicação
• Transtorno da Linguagem
• Transtorno da Fala
• Transtorno da Fluência com Início na Infância (Gagueira)
• Transtornos da Comunicação Social (Pragmática)
• Transtorno da Comunicação Não Especificado
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5) Transtornos Específicos da Aprendizagem
• Transtorno Específico da Aprendizagem com Prejuízo na leitura (precisão, velocidade,
fluência ou compreensão das palavras)
• Transtorno Específico da Aprendizagem com Prejuízo na Expressão Escrita (precisão na
ortografia, gramática, pontuação, clareza ou organização)
• Transtorno Específico da Aprendizagem com Prejuízo na Matemática (senso numérico,
memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência de cálculo, precisão no raciocínio
matemático)
6) Transtornos de Tique
• Transtorno de Tourette
• Transtorno de Tique Motor ou Vocálico Persistente (Crônico)
• Transtorno de Tique Transitório
• Outro Transtorno de Tique Especificado
• Transtorno de Tique Não Especificado
Ao fazer uma retrospectiva sobre os vários assuntos que eu gostaria de ter aprendido
antes de me tornar professora, existe um que merece especial atenção: compreender melhor três
termos que, apesar de serem comumente usados como sinônimos, na verdade têm as suas
próprias peculiaridades: distúrbios, transtornos e dificuldades. Conhecê-los pode, sem dúvida,
favorecer a aprendizagem e minimizar os problemas que muitos estudantes podem ter que
enfrentar.
Aprender é um processo pelo qual o comportamento se modifica em consequência da
experiência. No entanto, para que a aprendizagem aconteça, é necessário que haja integridade
nas funções psicodinâmicas (aspectos psicoemocionais), no sistema nervoso periférico (canais
para a aprendizagem simbólica) e no sistema nervoso central (elaboração, processamento e
armazenamento de informações). Se uma (ou mais) dessas funções estiver comprometida,
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crianças, adolescentes e adultos apresentam desempenho acadêmico abaixo do esperado e, por
isso, são comumente rotulados como pessoas com “problemas de aprendizagem”.
Atualmente, porém, quando profissionais de saúde e educação têm à sua disposição os
conhecimentos gerados pelas neurociências, já não é possível continuarmos a fazer tal
generalização. Afinal, intervenções precisas só podem ser realizadas se, a partir dos sintomas
observados, houver identificação adequada e forem feitos diagnósticos corretos.
Primeiramente, é necessário que reconheçamos que há diferenças entre distúrbios,
transtornos e dificuldades, o que acontece com base não somente na região cerebral afetada
e/ou na função comprometida como também nos problemas resultantes.
A palavra distúrbio pode ser definida como “anormalidade patológica por alteração
violenta na ordem natural”. Assim, o distúrbio é uma disfunção no processo natural da
aquisição de aprendizagem, ou seja, na seleção do estímulo, no seu processamento, no
armazenamento da informação e, consequentemente, na emissão da resposta. É um problema
em nível orgânico (características de dentro do indivíduo) e individual (características pessoais),
que resulta em déficits nas medidas das habilidades de linguagem (fala, leitura e escrita) e
matemática, sem comprometimento cognitivo. Essa disfunção da região parietal do cérebro
está relacionada com falha na atenção sustentada, no processamento do estímulo e na resposta
a ele, que causa lentidão no processamento cognitivo e na leitura, sem comprometimento
comportamental aparente.
O transtorno decorre de uma disfunção na região frontal do cérebro, que provoca
perturbação na pessoa devido à falha na entrada do estímulo e na integração de informações, o
que compromete a atenção seletiva e gera impulsividade.
Para deixar o assunto mais claro para educadores, usemos como exemplo o Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade. O TDAH decorre de uma causa neurológica, orgânica,
que compromete as funções executivas que, segundo Brown (2008), envolvem memória
operacional; selecionar, manter atenção numa tarefa e alternar essa atenção (quando
necessário); organizar, priorizar e iniciar uma tarefa; manter vigília, esforço e a velocidade da
ação; monitorar e controlar ações; tolerar frustrações e modular emoções (autocontrole). Essa
disfunção na região pré-frontal do cérebro provoca perturbação na integração de informações e,
consequentemente, desatenção, hiperatividade e impulsividade, quadro que transtorna a vida da
pessoa em razão do evidente comprometimento comportamental em qualquer situação ou local.
Além disso, as respostas em tarefas que exigem habilidade de leitura e memória de trabalho são
inibidas e, como essas habilidades e as funções executivas são funções cerebrais muito
requisitadas no ambiente acadêmico, a ausência ou diminuição da intensidade dessas
habilidades atrapalham o bom desempenho dos estudantes em ambiente escolar e, em termos
de comportamento, interferem negativamente na facilidade para aprender.
Por serem de origem interna, distúrbios e transtornos independem do desejo de um(a)
estudante desempenhar as atividades adequadamente ou da forma como a família, a escola ou a
sociedade esperam que ela as desempenhe. Sendo assim, para atingir os objetivos de
desempenho social e acadêmico satisfatório, a pessoa com um transtorno ou distúrbio no
processo de aprendizagem precisa de ajuda especializada.
Já o que chamamos de “dificuldades de aprendizagem” seria melhor nomeado se
usássemos “dificuldades escolares”, pois a principal característica da dificuldade é ser
pedagógica, ou seja, externa ao indivíduo. Nas dificuldades escolares estão inseridos os
atrasos no desempenho acadêmico por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação
metodológica ou mudança no padrão de exigência da escola, isto é, advêm de diversas
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alterações evolutivas normais, caracterizadas por serem situações transitórias. No passado, já
foram consideradas alterações patológicas, mas, hoje, sabe-se que as dificuldades escolares
podem ser prevenidas ou contornadas cuidando-se da boa qualificação de profissionais da
educação, da parceria da família com os educadores, da estrutura física inclusiva nas escolas e
do desenvolvimento dos ambientes familiar e escolar emocionalmente acolhedores.
Paín (1985) considera a dificuldade de aprendizagem um sintoma, que cumpre uma
função positiva, tão integrativa como o próprio aprender: por ser intimamente ligada às mudanças
sociais e culturais, à escola, às metodologias empregadas e, muitas vezes, ao despreparo
profissional, a percepção do problema e das suas origens, assim como o caminho para a solução
dos problemas passa pelo exercício de uma melhor prática pedagógica.
Sendo assim, distúrbios e transtornos específicos de aprendizagem requerem
intervenções realizadas por equipe multidisciplinar (médicos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, por exemplo), enquanto as dificuldades escolares
pedem capacitação de pais e professores e, em alguns casos o acompanhamento
psicopedagógico ou psicológico, que pode minimizar as interferências externas que prejudicam a
aprendizagem.
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tamanhos e tipos, mostrando espaçamento inconsistente. Dísgrafos mantêm o pulso, o corpo e o
papel em posição estranha, seguram o lápis de modo não usual e podem reclamar de dor na
mão. Também apresentam dificuldade para pensar escrever ao mesmo tempo.
FASE SINTOMAS
Antes de Dispersão; atenção fraca; atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
frequentar a dificuldade em aprender rimas e canções; fraco desenvolvimento da coordenação
escola motora; dificuldade com quebra cabeça; falta de interesse por livros impressos.
Demorar a incorporar palavras novas ao seu vocabulário; dificuldade na habilidade
Na motora fina; ter dificuldade para: pronunciar alguns fonemas e rimas aprender cores,
Educação formas, números e a escrita do próprio nome; para lembrar nomes e símbolos; contar
Infantil ou recontar uma história na sequência certa; cumprir ordens e seguir rotinas.
Em Classes Dificuldades para aprender o alfabeto, separar e colocar sons em sequência (ex: p-a-t-o
de = pato), discriminar fonemas homorgânicos (p-b, t-d, f-v, k-g, x-j, s-z), colocar palavras
Alfabetização em sequência e memorizá-las, executar a letra cursiva, aprender a ler, escrever e
e 1º ano do soletrar, copiar do quadro e com a preensão do lápis; deficiência nas habilidades
Ensino auditivas e na orientação temporal; desorganização da orientação espacial; problemas
Fundamental com o planejamento motor de letras e números.
Do 2º ao 9º Dificuldade para aprender outros idiomas e na compreensão de piadas, provérbios e
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ano do Ensino gírias; omissões, trocas e aglutinações de grafemas; dificuldade de planejar e organizar
Fundamental tarefas e em conseguir terminar as tarefas dentro do tempo; dificuldade na
compreensão da linguagem não verbal, em memorizar a tabuada, figuras geométricas
e na interpretação de mapas. Nível de leitura abaixo do esperado para sua série;
dificuldade na sequenciarão das letras em palavras e na soletração de palavras. Não
gosta de ler em voz alta diante da turma, tem dificuldade com enunciados de problemas
matemáticos, em elaborar e organizar textos escritos, podendo apresentar dificuldade
na compreensão de textos e em expressar-se por meio da escrita.
Leitura vagarosa e com muitos erros; permanência da dificuldade em soletrar palavras
No mais complexas; dificuldade em planejar e fazer redações; dificuldade para reproduzir
Ensino Médio histórias; dificuldade nas habilidades de memória; dificuldade de entender conceitos
abstratos; dificuldade de prestar atenção em detalhes ou, ao contrário, atenção
demasiada a pequenos detalhes; vocabulário empobrecido. O aluno torna-se cheio de
subterfúgios para esconder sua dificuldade.
Permanência da dificuldade em escrever em letra cursiva; problemas com
planejamento, organização e horários; falta do hábito de leitura e dificuldade em
Na nomear objetos e pessoas (disnomia). Normalmente, a emissão oral é
Idade Adulta comparativamente muito melhor que do a escrita, têm talentos espaciais (engenheiros,
arquitetos, artistas), mas a memória imediata mostra-se prejudicada, a atenção é
limitada e tem dificuldade em manter-se na tarefa para terminá-la.
O fato de uma pessoa apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente
que ela seja disléxica, pois há outros fatores a serem observados. Todavia, estaremos diante de
um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação do indivíduo. Na idade escolar, se a
criança continuar apresentando alguns ou vários dos sintomas acima, são necessários
diagnóstico e o acompanhamento adequados, para que possa prosseguir seus estudos junto
com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional.
Em razão de seus múltiplos fatores, a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe
multidisciplinar especializada, pelo menos com fonoaudiólogo, psicólogo e psicopedagogo clínico.
Para chegar ao diagnóstico de dislexia, deverão ser descartados fatores como déficit intelectual,
disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas) e
desordens afetivas anteriores ao fracasso escolar, o que requer uma equipe multidisciplinar,
podendo ser necessários pediatra, neurologista, psiquiatra, otorrinolaringologista e oftalmologista,
além dos regulares fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos. Na avaliação multidisciplinar,
essa equipe deve descartar todas as outras possibilidades clínicas antes de confirmar o
diagnóstico de dislexia. Neste processo ainda é muito importante haver uma boa troca de
informações, experiências e até de sintonia dos procedimentos executados entre profissionais
especializados, escola e família, pois também fazem parte da avaliação o histórico familiar e de
evolução do indivíduo, assim como o parecer da escola e dos pais sobre dificuldades e atitudes.
Nos casos de dislexia, sempre haverá dificuldades com a linguagem escrita, dificuldades
com ortografia, lentidão na aprendizagem da leitura, dificuldades em escrever; muitas vezes
serão observados casos de disgrafia (“letra feia”), discalculia, dificuldade com a matemática,
sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada, dificuldades com a memória de
curto prazo e com a organização, em seguir indicações de caminhos e em executar sequências
de tarefas complexas, para compreender textos escritos e para aprender uma segunda língua.
Algumas vezes, são observadas dificuldades com a linguagem falada, com a percepção espacial
e confusão entre direita e esquerda.
Sugere-se que PROFESSORES E FAMILIARES de disléxicos mantenham uma atitude
positiva, sejam atenciosos, pacientes, perseverantes e práticos, buscando:
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• Conferir - oralmente - se houve compreensão do que é apresentado por escrito;
• Ajudar na organização do material;
• Dar orientações curtas, diretas e simples;
• Incentivá-los quando fizerem algo bem feito, mesmo que seja algo pequenino;
• Orientar colegar para que sejam evitadas a rejeição e a humilhação entre eles;
• Não pressioná-los com tempo nem por resultados;.
• Não insistir na aprendizagem com exercícios de fixação, repetitivos;
• Não pedir que esses alunos leiam em voz alta;
• Permitir e incentivar o uso de gravador em aula e em casa;
• Ressaltar os acertos do aluno.
No caso da DISCALCULIA, é comum que seja definida como “a dificuldade de aprender
matemática”. No entanto, a complexidade que as pesquisas das neurociências identificaram
nessa tarefa nos obriga a alertar educadores e famílias para o fato de que longe de ser simples
ou pontual, o distúrbio tem várias causas e sintomas, para os quais devemos estar bem
capacitados para identificar e intervir.
Apesar de ser grande o número de crianças, jovens e adultos disléxicos que têm
dificuldade com números e suas relações, a discalculia deve ser considerada como um problema
de aprendizado independente da dislexia, que pode estar ligado às alterações na organização
cerebral das funções relacionadas ao cálculo, ao comprometimento devido a lesões e,
infelizmente, a aspectos pedagógicos (problemas de ensinagem...). Diversas habilidades podem
estar prejudicadas, como as habilidades linguísticas (compreensão e nomeação de termos,
operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos
matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou
agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de
operação), e matemáticas (dar sequência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender
tabuadas de multiplicação).
Em cada faixa etária, são estas as aptidões esperadas no aprendizado da matemática e
as dificuldades causadas pela discalculia:
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• Lentidão na velocidade de trabalho, por falta de mecanismos necessários para
memorização, sequenciação, etc.;
• Problema com orientação espacial, que atrapalha o posicionamento os números de uma
operação e o espaço que é utilizado na folha de papel;
• Dificuldades para lidar com as quatro operações;
• Dificuldade de memória (tabuadas e fórmulas são cargas muito grandes para a memória,
informações não são automatizadas, esquece o que é para fazer de lição);
• Confusão com os símbolos ( = , + , - , : , . e < >)
• Dificuldade para entender palavras em operações matemáticas, tais como “diferença”,
“soma”, “total”, "conjunto”, “casa”, “raiz quadrada”.
• Problema de sequenciação;
• Tendência a transcrever números e sinais de forma errada (Ex: lê + e copia +);
• Dificuldades com o processamento de linguagem e sequências, uma característica
também da dislexia.
HISTÓRICO - O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século
XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso,
nem a simples aspirina... No início do século XX, aparece um artigo científico publicado em uma
das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrita por George Still (1902). Hoje,
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o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências
científicas do que a maioria dos demais transtornos mentais (MATTOS; RHODE, 2018).
• Identifique quais os talentos que seu aluno possui. Estimule, aprove, encoraje e ajude-o a
desenvolvê-los;
• Elogie sempre que possível e minimize ao máximo evidenciar os fracassos;
• O prejuízo à autoestima frequentemente é o aspecto mais devastador para o TDAH;
• O prazer está diretamente relacionado à capacidade de aprender. Seja criativo e afetivo
buscando estratégias que estimulem o interesse do aluno para que este encontre prazer
na sala de aula;
• Solicite ajuda sempre que necessário. (Lembre-se que o aluno com TDAH conta com
profissionais especializados neste transtorno.);
• Evite o estigma conversando com seus alunos sobre as necessidades específicas de
cada um, com ou sem um transtorno.
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Organizando o Espaço e Monitorando o Processo
Procedimentos facilitadores
• Estabeleça contato visual sempre que possível. Isto possibilitará uma maior sustentação
da atenção;
• Proponha uma programação diária e tente cumpri-la. Se possível, além de falar coloque-a
no quadro. Em caso de mudanças ou situações que fogem a rotina, comunique o mais
previamente possível;
• A repetição é um forte aliado na busca pelo melhor desempenho do aluno;
• Estimule o desenvolvimento de técnicas que auxiliem a memorização. Use listas, rimas,
músicas etc.;
• Determine intervalos entre as tarefas como forma de recompensa pelo esforço feito. Esta
medida poderá aumentar o tempo da atenção concentrada e redução da impulsividade;
• Combine saídas de sala estratégicas e assegure o retorno. Para tanto, conte com o
pessoal de apoio da escola;
• Monitore o grau de estimulação proporcionado por cada atividade. Lembre-se que muitas
vezes o aluno com TDAH pode alcançar um grau de excitabilidade maior do que o
previsto por você, criando situações de difícil controle;
• Adote um sistema de pontuação. Incentivos e recompensas, em geral, alcançam bons
resultados.
Integrando ao grupo
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• Sua capacidade de liderança, improviso e criatividade são ferramentas que podem
auxiliar no nivelamento da atenção do grupo e em especial do aluno com TDAH. Use o
humor sempre que possível.
• As instruções devem ser simples. Tente evitar mais de uma consigna por questão;
• Destaque palavras-chaves fazendo uso de cores, sublinhado ou negrito;
• Estimule o aluno destacar e sublinhar as informações importantes contidas nos textos e
enunciados;
• Evite atividades longas, subdividindo-as em tarefas menores. Reduza o sentimento de “eu
nunca serei capaz de fazer isso”;
• Mescle tarefas com maior grau de exigência com as de menor;
• Incentive a leitura e compreensão por tópicos;
• Utilize procedimentos alternativos como testes orais, uso do computador, máquina de
calcular, dentre outros;
• Estimule a prática de fazer resumos. Isto facilita a estruturação das ideias e fixação do
conteúdo;
• Oriente o aluno a como responder provas de múltiplas escolhas ou abertas;
• Estenda o tempo para a execução de tarefas, testes e provas;
• A agenda pode contribuir na organização do aluno e na comunicação entre escola e
família;
• Incentive a revisão das tarefas e provas.
• Mantenha constante contato com a família. Tente utilizar as informações fornecidas por
ela com o objetivo de compreender o seu aluno melhor;
• Procure nesses encontros enfatizar os ganhos e não apenas pontuar as dificuldades.
• Evite chamá-los apenas quando há problemas;
• Ajude seu aluno a fazer um cronograma de tarefas e estudos de casa. Isto poderá
contribuir para minimizar a tendência a deixar tudo para depois;
• Tente anunciar previamente os temas e familiarizar o aluno com situações que
posteriormente serão vivenciadas;
• Estimule a atividade física;
• Autocontrole ineficiente;
• Falta de atenção sustentada;
• Problemas de concentração;
• Fraca organização e falta de planejamento;
• Adiamento das obrigações;
• Má administração do tempo;
• Sensação interna de desassossego;
• Impulsividade ao tomar decisões;
• Incapacidade de trabalhar independentemente;
• Problemas para seguir instruções;
• Mudança de atividade de modo impulsivo;
• Atrasos permanentes;
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• Esquecimento constante;
• Pouca auto-organização.
• Reestruturação ambiental;
• Ensino individualizado;
• Recursos de informática;
• Aprendizagem de como lidar com distratores;
• Uso de agenda;
• Pistas visuais;
• Tarefas por partes;
• Orientação aos familiares;
• Encaminhamento à neurologia e psiquiatria especializada;
• Tratamento medicamentoso, quando for o caso.
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• Comunique com antecedência as mudanças e transições. Como a rotina das pessoas
com TEA é algo crucial para seu conforto, mudanças e transições na escola podem ser
muito incômodas para elas. Tais mudanças são muitas vezes inevitáveis e até
necessárias na escola, mas você pode aliviar a ansiedade que causam preparando o
estudante com TEA para elas com antecedência. (Ex: se você planeja mudar de sala em
determinada semana, além de comunicar essa mudança verbalmente, leve a criança para
conhecer o ambiente com alguns dias de antecedência e adicione essa mudança ao
quadro de rotina para que visualizem até o dia da mudança.);
• Comunique-se claramente. Embora varie de pessoa para pessoa, o TEA pode afetar a
capacidade da pessoa se comunicar e interpretar os significados. Considere
cuidadosamente todas as palavras que usa e como estrutura suas frases, mantendo as
conversas simples e diretas.
• Integre os interesses dos estudantes com TEA na escola aos temas estudados.
Esses interesses podem ser usados como portas de entrada para a aprendizagem.
• Trabalhe sempre em conjuntos com os pais/cuidadores. As famílias e os cuidadores
são os especialistas em seus filhos com TEA. Para apoiar plenamente a criança dentro e
fora da escola, você deve, portanto, coordenar e compartilhar conhecimento com eles. O
seu compromisso de trabalhar com eles aumentará sua confiança na capacidade da
escola de apoiar seus filhos.
• Trabalhe sua própria resiliência. Mesmo quando você acredita que está fazendo tudo
ao seu alcance, ensinar crianças ou adolescentes com TEA pode ser um desafio. Por isso
é importante que você aprenda a se recuperar dos dias difíceis.
Construir um relacionamento com pessoas com TEA, seja na escola ou não, não é algo
que não acontece da noite para o dia; é preciso tempo, dedicação e paciência. Nem sempre você
vai acertar as coisas logo de início, mas cada erro que você cometer será um feedback valioso
para descobrir o que funciona. Então, naqueles dias em que a criança com TEA estiver tornando
a aula desafiadora e você não souber como lidar com a situação, lembre-se de que ela
provavelmente está agindo dessa forma por algum motivo, geralmente por causa de uma
necessidade que não está sendo atendida. Depois de aprender quais são suas necessidades e
se conectar com a criança, você descobrirá que as coisas podem se tornar muito mais fáceis, e a
sensação de realização que você ganhará ao apoiá-los superará qualquer dificuldade que você
sentir!
VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir, então, que as neurociências abriram fronteiras e que, nesse novo
contexto, faz-se necessária uma mudança de paradigmas no sistema educacional, de modo que
a interface entre saúde e educação – cujo foco é tanto o aprendizado esperado quanto os
principais problemas que o atrapalham – possa gerar uma neuropedagogia. Juntas, essas duas
áreas certamente poderão trilhar, de modo muito melhor, os caminhos para alcançar o objetivo
maior: a plena realização de todo ser humano, sempre respeitando-se todas as necessidades
educacionais: as comuns (aquelas que são compartilhadas por todos os estudantes e atendidas
pelo currículo regular, como aprendizagens para o seu desenvolvimento pessoal e a
socialização), as individuais (pessoais e que só podem ser atendidas por boas práticas
pedagógicas, como características de personalidade, motivação, diferenças de interesses, níveis
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e ritmos de desenvolvimento biopsicossocial, manifestações de múltiplas inteligências etc.), e as
especiais, aquelas que não podem ser atendidas apenas por meios e recursos habituais.
SUGESTÕES DE LEITURAS
CUNHA, Eugênio. Autismo na Escola - Um jeito diferente de aprender. 6. ed. Rio de Janeiro:
Wak, 2020.
VALE, Luiza Elena L. Ribeiro do; CAPOVILLA Fernando César (Org.) Perspectivas em
Transtornos do Desenvolvimento Cognitivo-Comportamental, Linguístico e Social.
Campinas: Memnon, 2023.
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