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E O DESENVOLVIMENTO
HUMANO
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz
Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof. Ivan Tesck
Profa. Kelly Luana Molinari Corrêa
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
616.89
C532n Chiaratti, Fernanda Germani de Oliveira
Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano /
Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti; Juliane Silveira
Lima Hirt. Indaial : Uniasselvi, 2012.
129 p. : il
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-597-0
1. Neuropsicopedagogia.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti
APRESENTAÇÃO��������������������������������������������������������������������������� 7
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento das Funções Nervosas Superiores
em Sistemas Funcionais��������������������������������������������������������������� 9
CAPÍTULO 2
Deficiências, Distúrbios e Dificuldades de Aprendizagem���� 49
CAPÍTULO 3
Educação Inclusiva: Novos Desafios������������������������������������� 103
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
As autoras.
C APÍTULO 1
Desenvolvimento das Funções
Nervosas Superiores em
Sistemas Funcionais
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Capítulo 1 Desenvolvimento das Funções Nervosas
Contextualização
Como é possível que um ser humano com um sistema tão complexo
quando o sistema nervoso se forme a partir de uma única célula fertilizada? Como
as células se diferenciam para formar diferentes áreas, por exemplo, o cérebro, a
medula, os nervos e como estes formam o suporte físico necessário para que uma
pessoa venha a ter inteligência, memória, aprendizados e consiga estabelecer
relações com outros seres? Conhecer o princípio do sistema nervoso é essencial
para compreender sua estrutura, funcionamento e possíveis distúrbios.
Desenvolvimento do Sistema
Nervoso
Um óvulo fertilizado, ao iniciar sua divisão celular, desce pela trompa uterina
e se acomoda no útero. A partir da segunda semana de gestação, chamada de
estágio embrionário, começam a desenvolver-se os órgãos e o sistema nervoso.
A formação do sistema nervoso tem duas fases: na primeira, uma camada
do disco embrionário fica mais espessa, formando o tubo neural, que corre
longitudinalmente ao longo do dorso do embrião. Na segunda fase, forma-se o
encéfalo. (LUNDY-EKMAN, 2004).
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Habilidades
Natureza Ambiente
perceptuais
Um recém-nascido precisa estar muito
próximo dos objetos para enxergá-los,
porém sua visão vai melhorando rapida-
mente. Antes de completar um ano de
idade, a maioria dos bebês tem um nível Sem os devidos estímulos do am-
de alcance igual ao dos adultos. Quanto biente, como contato com a mãe,
à busca (capacidade de perseguir obje- exposição à luz e a diferentes obje-
Visão
tos com os olhos), um bebê de menos tos e ambientes, sua capacidade de
de dois meses consegue acompanhar discriminar e identificar objetos será
algo ou alguém em movimento por curtos limitada ou poderá sofrer atrasos.
períodos, mas logo em seguida ele fica
muito ágil nesta tarefa. Ele também é
capaz de discriminar cores básicas já no
primeiro mês.
A fala humana parece exercer um
Apesar de a acuidade auditiva melhorar importante papel no desenvolvimen-
até a adolescência, um recém-nascido to das habilidades auditivas, além
ouve quase tão bem quanto um adulto, da constante exposição do bebê a
tendo apenas um pouco de dificuldade sons e ruídos do mundo. Um bebê
em discriminar sons agudos. Ele também de até seis meses reconhece todos
é capaz de identificar a localização de os contrastes de sons que apare-
Audição um som desde seu primeiro dia, mas fica cem em qualquer língua, habilidade
mais habilidoso com a idade. Também já que vai perdendo gradualmente a
foi estabelecido que um bebê reconhece partir desta fase. Acredita-se que
a voz da mãe e a diferencia de outra voz esta é uma janela de tempo na qual
feminina desde o nascimento, além de se inicia o aprendizado de qualquer
prestar atenção aos padrões e sequên- língua. Depois disto, o reconheci-
cias de sons à sua volta. mento limita-se aos sons da língua
nativa.
Percebe-se que os bebês que não
Os recém-nascidos respondem de são amamentados no peito demo-
maneira diferente a cada um dos quatro ram mais tempo para reconhecer
Olfato e paladar sabores básicos (doce, azedo, amargo e o cheiro da mãe. Logo, o contato
neutro). Eles também diferenciam entre o imediato e prolongado com a mãe
cheiro da mãe e o de outras pessoas. parece influenciar o desenvolvimen-
to de uma maior discriminação.
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Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Atividades de Estudos:
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Sinapse é o local
A memória de longo prazo, diferente da memória de trabalho,
onde o terminal
possui uma grande capacidade para armazenar informações durante
axônico de um
um tempo que pode variar de alguns minutos a dezenas de anos. Essas
neurônio encontra
memórias constituem-se em modificações de determinadas sinapses
os dendritos de
de distintas vias (hipocampo e conexões), ou seja, são alterações
um neurônio
estruturais nas sinapses. Sinapse é o local onde o terminal axônico de
adjacente.
um neurônio encontra os dendritos de um neurônio adjacente.
Figura 4 - Dois neurônios, com destaque para o local de comunicação entre eles
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
atencional do indivíduo para que exerça seu papel. O educador pode, por meio
de estratégias didáticas estimulantes, fornecer um ambiente que favoreça a
atenção e o envolvimento cognitivo de seus alunos, facilitando a memorização e,
consequentemente, a aprendizagem como um todo.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
acontecimento negativo, como, por exemplo, ter medo de cães por ter sido
mordido por um. (SQUIRE; KANDEL, 2005b). Anatomicamente, os vários tipos de
memória implícita parecem refletir diferentes partes do cérebro, dependendo das
estruturas necessárias para o processamento em questão.
Tanto os
As autoras.
diferentes
sistemas de
A memória explícita refere-se a toda informação que, depois de
memória quanto
armazenada, pode ser recordada conscientemente e verbalizada (no
seus suportes
caso de humanos). Assim como os demais construtos da memória,
neuroanatômicos
é dividida em dois subsistemas: episódica e semântica. A memória
interagem,
episódica diz respeito à capacidade de recordar eventos específicos do
cooperam entre
passado e “revivê-los”, seja mentalmente, seja verbalmente através do
si nas três
relato. A memória semântica é o conhecimento genérico do mundo, da
diferentes fases
língua, da sociedade, dos instrumentos e do uso destes para realizar
compreendidas
tarefas. Ao contrário da memória implícita, a explícita parece depender
pela memória:
anatomicamente de um sistema que liga o hipocampo aos lobos temporais
aquisição,
e frontais, chamado Circuito de Papez. (BADDELEY, 2004). Em seres
conservação
humanos, a atual taxonomia indica que há correspondência entre cada
e evocação.
sistema de memória e as estruturas cerebrais indispensáveis pelo seu
(JAFFARD,
funcionamento. A ideia que predomina atualmente é a de que tanto os
2005).
diferentes sistemas de memória quanto seus suportes neuroanatômicos
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b) Atenção
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pessoa, para o brincar. Isto, segundo a autora, é uma rica fonte de aprendizagem,
deve ser vista como tal e utilizada adequadamente pelo professor. Além disto, esta
ideia de contemplação ininterrupta, de manutenção eficaz do foco, é um perigoso
aliado dos excessos em diagnósticos de déficit de atenção.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Podemos prestar atenção aos estímulos à nossa volta como sons, imagens
e acontecimentos. A este tipo de atenção chamamos percepção seletiva. Também
podemos prestar atenção a tarefas mentais que realizamos, como cálculos, uma
recordação ou um pensamento qualquer. A este tipo de atenção chamamos
cognição seletiva.
Para que chamem A atenção tem sido foco de estudos e pesquisas desde os
atenção, os primórdios da psicologia, por William James (1890). Desde então,
estímulos precisam muitas subdivisões teóricas foram criadas:
ter características
que se sobressaiam • Atenção voluntária e involuntária: A atenção voluntária diz
em intensidade, respeito à seleção ativa e deliberada de um foco, cuja seleção
tamanho, cor, depende basicamente dos interesses e motivações individuais. A
novidade, movimento atenção involuntária é capturada por eventos que têm um caráter
ou incongruência, inesperado. Para que chamem atenção, os estímulos precisam
por exemplo. ter características que se sobressaiam em intensidade, tamanho,
(DALGALARRONDO, cor, novidade, movimento ou incongruência, por exemplo.
2000). (DALGALARRONDO, 2000).
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Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Atividades de Estudos:
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c) Linguagem
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Fonte: As autoras.
• Estrutura da linguagem
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• Desenvolvimento da linguagem
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• Qualidade da linguagem
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DISTÚRBIO DA
DESCRIÇÃO
LINGUAGEM
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
d) Emoção e Razão
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
almoço? O que vou vestir? Qual o caminho mais rápido para chegar ao
Razão e emoção
meu trabalho? Em última instância, é este contínuo “razão e emoção”
são operações
que guia nossos pensamentos, experiências interiores e a forma como
mentais
nos comportamos.
acompanhadas
de uma Razão e emoção são operações mentais acompanhadas de
experiência uma experiência interior característica, capazes de orientar o
interior comportamento e realizar os ajustes fisiológicos necessários.
[...] são aspectos genéricos de um mesmo contínuo, e
característica,
expressam as mais sofisticadas propriedades do cérebro
capazes de humano. (LENT, 2005, p. 653).
orientar o
comportamento e • A emoção e seus sistemas neurais
realizar os ajustes
fisiológicos Por que somos submetidos a uma escala tão variada de emoções
necessários. diferentes ao longo de nossas experiências? Qual a importância
de sentirmos amor por nossa família, medo de andarmos em ruas
escuras e desertas, ou orgulho ao ganharmos um reconhecimento
por algo importante que fizemos? Há, pelo menos, três grandes “utilidades”
para experimentarmos as emoções: 1) nossa sobrevivência individual; 2)
a sobrevivência de nossa espécie e 3) a comunicação social. O medo é uma
emoção bastante útil para nossa sobrevivência individual. Mantém-nos longe
das ameaças e provoca em nós comportamentos importantes como cuidado,
prevenção, atenção e proteção. O amor por nossa família, filhos e parceiros, por
exemplo, permite que preservemos a vida destes indivíduos com nossas ações e
que tenhamos perante eles uma grande responsabilidade. Isto garante, em longo
prazo, a sobrevivência de nossa espécie. Emoções como o orgulho e a inveja,
a alegria e a tristeza servem como importante forma de linguagem que orienta
nosso comportamento, tendo um papel decisivo na sociedade. (LENT, 2005).
Atividade de Estudos:
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Fonte: As autoras.
Ela dá o colorido
às nossas
As emoções são fonte de incansável busca por explicações. Afinal,
experiências e
elas são elemento chave na compreensão de como nos sentimos,
as torna mais
como nos comportamos, como nos relacionamos com os outros e
facilmente
como aprendemos. Ela dá o colorido às nossas experiências e as torna
armazenadas
mais facilmente armazenadas em nossa memória, o que, do ponto de
em nossa
vista psicopedagógico, a torna uma aliada nos processos de ensino e
memória, o que,
aprendizagem. Mas será a emoção a única variável a ser considerada
do ponto de vista
na compreensão das atitudes, relações e aprendizados? O que dizer
psicopedagógico,
sobre o pensamento racional e de como nosso cérebro funciona
a torna uma
para que possamos raciocinar, tomar decisões importantes, planejar
aliada nos
nossas ações futuras, calcular riscos, testar hipóteses e chegar a
processos
conclusões com base em nossos conhecimentos da realidade? A razão
de ensino e
é igualmente fundamental, pois foi ela que permitiu que nossa espécie
aprendizagem.
avançasse tanto em termos de conhecimento e qualidade de vida.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Gage era perfeitamente capaz de falar, escutar e enxergar (ainda que com
um só olho). Era aparentemente capaz de realizar todas as tarefas que antes
executava. No entanto, algo muito estranho começou a acontecer com o rapaz. Ele
não era mais ele, de acordo com seus colegas. “Caprichoso, irreverente, usando
por vezes a mais obscena das linguagens [...] manifestando pouca deferência para
com os colegas, [...], impaciente, por vezes determinadamente obstinado, outras
ainda caprichoso e vacilante, fazendo muitos planos para ações futuras que tão
facilmente eram concebidos como abandonados.” (DAMÁSIO, 2000, p. 28). Gage
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
desrespeitava colegas, não se importava com princípios éticos nem com seu
próprio futuro. Suas decisões não levavam em conta nem mesmo seu bem-estar.
Dispensado de seu trabalho, Gage trabalhou como atração de circo, exibindo suas
cicatrizes e a barra de ferro, depois trabalhou em subempregos, nos quais não
era capaz de se manter durante muito tempo, por conta de sua personalidade e
atitudes. Não tinha disciplina, suas ações eram orientadas para o aqui e agora, e
ele não parecia compreender as consequências futuras de suas atitudes presentes.
Por fim, morreu em 1861, vítima de convulsões. (DAMÁSIO, 2000).
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Além disto, outras estruturas são necessárias. Imagine que você decide
comprar um carro. Estabelece isto como objetivo a alcançar até o final do ano.
Quais são os passos que segue naturalmente? Em primeiro lugar, escolhe o
modelo que lhe agrada mais e verifica seu preço. Em seguida, analisará o quanto
você tem disponível em sua conta e em suas reservas. Digamos que ainda lhe falte
um terço do valor a pagar. Você então traça um plano para os próximos meses de
economizar um determinado montante a cada mês. Para isso, reduzirá despesas,
cortará todos os supérfluos de seu orçamento, como roupas novas, sapatos novos,
festas e idas a restaurantes. Também economizará no salão de beleza, fazendo sua
própria manicure em casa. Logicamente, este plano muda de pessoa para pessoa.
Além disso, você pode fazer pequenos ajustes (afinal, aquele sapato lindo estava
com 70% de desconto e isto é uma oportunidade única!).
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Fonte: Disponível em: < https://goo.gl/iWYgPX >. Acesso em: 10 ago. 2012.
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
Atividade de Estudos:
Algumas Considerações
Descrevemos neste capítulo o desenvolvimento do sistema nervoso no útero,
bem como os passos seguintes que tornam as estruturas neurais cada vez mais
complexas e encadeadas, distribuindo funções através de nossos bilhões de
neurônios. Identificamos algumas importantes funções cognitivas e alguns de seus
substratos neurais correspondentes. O que é mais importante dentre tudo que
vimos? Entender que um sistema neural nunca é sozinho responsável por uma
determinada função cognitiva. Tudo indica que os sistemas são interdependentes
em suas rotinas e que funcionam como uma precisa e delicada engrenagem no
magnífico trabalho de nos fazer humanos.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Referências
ATKINSON, R. L. et al. Introdução à psicologia: de Hilgard. 13. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
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Desenvolvimento das Funções Nervosas
Capítulo 1 Superiores em Sistemas Funcionais
POTIER, B.; BILLARD, J. M.; DUTAR, P. Arquivo cerebral. In: FERRARI, A. C.;
ZENI, B. (Ed.). Viver mente & cérebro. Edição Especial. São Paulo: Duetto,
2005. p. 14-21.
______. Aprendizagem das habilidades. In: FERRARI A. C.; ZENI, B. (Ed.). Viver
Mente & Cérebro. Edição Especial. São Paulo: Duetto, (2005b).
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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C APÍTULO 2
Deficiências, Distúrbios e
Dificuldades de Aprendizagem
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
Contextualização
Atualmente, no Brasil, os problemas relativos à Dificuldade de Aprendizagem,
Transtornos ou Deficiências constituem um grande desafio para todos os envolvidos
no processo educativo nas escolas. De um modo geral, as queixas escolares
ainda permanecem sobre a criança que não aprende. Essas queixas vêm sendo
entendidas, na grande maioria das situações, como frutos de problemas individuais
e familiares do aluno encaminhado, que é atendido por práticas psicodiagnósticas
baseadas em procedimentos centrados na entrevista inicial, anamnese, aplicação
de testes, encaminhamento para psicoterapia e, em alguns casos, orientação aos
pais desses alunos. Tais procedimentos são realizados por médicos especializados
em neurologia, com uma equipe de profissionais, por exemplo, psicólogos,
fonoaudiólogos, psicopedagogos, pedagogos.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Contextualizando o Distúrbio de
Aprendizagem: Definição e Causas
Teoricamente, distúrbio significa “alteração violenta na ordem natural”. O prefixo
“dis” também pode ser identificado com o sentido de anormal, patológico. Em suma,
distúrbio de aprendizagem significa anormalidade patológica por mudança violenta
na ordem apropriada da aprendizagem. (MOYSÉS; COLARES, 1992).
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Zorzi (2003) relata que crianças que não apresentem nenhuma dificuldade
no desenvolvimento da linguagem oral podem vir a apresentar dificuldades
específicas de linguagem escrita. Alterações nos processos linguísticos, envolvendo
especificamente a linguagem escrita, são características nesses casos.
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
• Imaturidade social: a criança age como se fosse mais jovem que sua idade
cronológica e pode preferir brincar com crianças menores.
• Falta de controle dos impulsos: a criança toca tudo que prende seu interesse.
Smith e Stick (2001, p. 15) nos trazem relatos dos próprios estudantes que
veem nesses comportamentos defeitos de personalidade: “Eu fiquei muito
contente quando descobri que tinha dificuldade de aprendizagem. Até então
eu achava que era apenas uma cabeça de vento imbecil.”
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Smith e Stick (2001, p. 30) dizem que “[...] 40% do déficit de cada
Seu espírito de criança se devem a problemas genéticos, 35% a influências ambientais
“eu posso fazer compartilhadas, e 25% a fatores ambientais únicos em relação ao
isso” as ajuda individuo ou a fatores aleatórios ainda não-compreendidos. ”
a enfrentarem
os desafios e Logo, quando existe uma história familiar de dificuldades de
superarem as aprendizagem, os pais também precisam do apoio que é oferecido às
barreiras. crianças, tanto dos profissionais quanto de outros membros da família.
Seu espírito de
“eu posso fazer
isso” as ajuda
a enfrentarem
os desafios e
superarem as
barreiras.
Smith e Stick (2001, p. 33) nos dizem, ainda, que o estresse emocional
também “[...] compromete a capacidade das crianças para aprender.” A ansiedade
em relação a dinheiro ou mudança de residência, a discórdia familiar ou doença
pode não apenas ser prejudicial em si mesma, mas, com o tempo, pode desgastar
a acomodação de uma criança para acreditar, assumir riscos e ser receptiva a
novas situações que são importantes para o sucesso na escola.
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Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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a) Deficiência Auditiva
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
b) Deficiência Visual
“Ver é captar a existência de uma coisa, ou seja, a sua singularidade.” (GIL apud
CADORE et al., 2004). Assim, a capacidade de ver não corresponde ao potencial de
visão. Enxergamos o mundo através do corpo e da sua interferência com os objetos
e as pessoas, através da linguagem, do toque e da percepção corporal.
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
A percepção tátil para cegos tem um sentido inteiramente diferente, já que suas
imagens são formadas por meio de percepções táteis e auditivas, enquanto as dos
videntes são formadas, predominantemente, por impressões visuais.
Leo Kanner, já em 1943, descreveu cerca de onze casos que denominou como
distúrbios autísticos do contato afetivo, por perceber que os pacientes apresentavam
incapacidade de se relacionar normalmente com outras pessoas, o que ocorria desde
o início da vida. De acordo com Orrú (2011, p. 1), Kanner, em seus casos, também
observou “[...] respostas incomuns ao ambiente, que incluíam maneirismos, motores
estereotipados, resistência à mudança ou insistência na monotonia.”
Somente em 1981, com Lorna Wing, o termo Síndrome de Asperger passou a ser
utilizado regularmente, exigindo que muitos estudos fossem realizados para compor
seu diagnóstico. Atualmente, essa síndrome está “[...] no conceito dos transtornos do
desenvolvimento, sendo entendida como uma variante do autismo no que diz respeito
à característica de alto funcionamento.” (ORRÚ, 2011, p. 1).
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
b) Autismo
Fonte: As autoras.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
• Uma vez que todas as pessoas com transtornos do espectro autista exibem
alguns dos comportamentos típicos, é melhor redefinir o diagnóstico por
gravidade do que ter um rótulo completamente separado.
• Desafios de Linguagem
• Déficits sociais
• Comportamentos estereotipados ou repetitivos
c) Síndrome de Rett
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Atividade de Estudos:
Transtornos Específicos de
Aprendizagem: Transtorno da Leitura
(Dislexia), Transtorno da Expressão
Escrita (Disortografia e Disgrafia),
Transtorno da Matemática (Discalculia)
Todos têm pontos fortes e fracos na aprendizagem. Para Smith e Stick
(2001, p. 36), as crianças com dificuldades de aprendizagem “[...] sofrem de uma
combinação infeliz: não apenas suas fraquezas são mais pronunciadas, mas
elas também estão naquelas áreas que mais tendem a interferir na aquisição de
habilidades básicas em leitura, matemática ou escrita.”
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Qualquer sujeito que esteja envolvido com crianças que têm distúrbios de
aprendizagem deve entender os três pontos a seguir:
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
linguagem falada e escrita por conta de lesões cerebrais, partindo desse contexto,
podemos falar sobre a dislexia adquirida.
• Dislexia por Negligência: incapacidade para ler as letras iniciais das palavras,
embora tenham consciência de que elas existam.
• Dislexia da Atenção: incapacidade de ler textos, ou seja, várias palavras na
página, as palavras se misturam.
• Leitura letra por letra: inabilidade de ler uma palavra completa. Para poder
pronunciar a palavra identificam letra por letra, quanto maior a palavra, mais
tempo leva para identificá-la. (ELLIS, 1995).
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Ler e escrever são dois processos de natureza distinta. Embora possa ocorrer
paralelamente, o processo de aprendizagem da leitura é muito mais simples e,
consequentemente, mais rápido do que a escrita. Os bons leitores têm grandes
chances de escrever bem, já que a leitura fornece a matéria-prima para a escrita.
(SMOLKA et al., 1989). Para Tfouni (1995 apud SMOLKA et al., 1989), aprender
a escrever envolve construir conhecimentos em torno dos aspectos notacionais
e discursivos da língua escrita. Sabe-se que é papel da escola tornar o aluno
alfabetizado, o que inclui o domínio do código, mas o principal desafio é tornar
um indivíduo letrado, habilitando-o a usar a escrita em atividades comunicativas e
culturais.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
Para as crianças com dislexia, a escrita torna-se mais severa, quando não
pior do que a dificuldade na leitura, porque é gasto mais tempo trabalhando na
leitura do que na escrita e ela é mais resistente a uma melhora. As crianças com
dislexia demonstram escrita defeituosa, irregularidade no desenho das letras e
perda de concentração e de fluidez de raciocínio. O quadro 1 apresenta alguns
erros de escrita frequentes da criança com dislexia.
* Confusão de letras, sílabas ou palavras com pequenas diferenças de grafia: a/o, c/o, e/f, etc.
* Confusão de letras, sílabas ou palavras com grafia semelhante, porém com orientação espacial
diferente: b/d, p/b, b/q, etc.
* Confusão de letras que possuem sons parecidos: b/d, p/q, d/t, m/b, etc.
* Inversão parcial ou total de sílabas ou palavras: me em vez de em, sol em vez de los, som em vez
de mos, etc.
* Substituição de palavras por outras estruturas mais ou menos semelhantes: salvou no lugar de
saltou, sentiu no lugar de mentiu.
* Repetição de sílabas, palavras ou frases: mamacaco, paipai.
* Escrita em espelho (em sentido inverso ao normal).
* Letra ilegível.
* Salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.
* Omissão ou adição de sons como (casa – casaco).
* Dificuldade de copiar de livros ou da lousa.
* Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura, etc.).
* Dificuldade de expressar-se pela palavra impressa (escrita).
* Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita.
Fonte: Drouet (1997, p. 139-140).
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque
um espelho do lado oposto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás
e nessa posição pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Gonzalez (2007) descreve alguns estudos sobre dislexia, suas origens, seus
sintomas e grande variedade de tratamentos e técnicas terapêuticas, a fim de
sanar o distúrbio com auxílio de especialistas habilitados. (CINELL, 2001). Para
tal atividade, é necessário o tratamento, tanto para dislexos quanto para outros
deficientes na área de linguagem.
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
SUGESTÕES MOTIVOS
A criança normalmente já tem conhecimento prévio de seus problemas,
Explique à criança quais são
porém não sabe quais são nem o porquê. Uma explicação ajudará a
seus problemas.
compreensão de si mesma.
Tente restaurar a confiança do Como já tinha sido rotulado como “mau aluno”, agora vem a oportunida-
aluno em si próprio. de para a criança vencer. Ela tem de compreender isto.
Para diminuir a possibilidade de troca de posições (má orientação cor-
Sente-se ao lado da criança. poral), nunca sente na frente do aluno. Sentando-se ao seu lado, você
cria uma atmosfera menos formal.
Algumas vezes ele não está disposto a fazer suas lições. Existem outras
Nunca force o aluno a aceitar a
maneiras de ensinar sem usar lápis e papel. Os jogos, por exemplo,
lição do dia.
podem ajudar. Seja versátil em relação às necessidades da criança.
Essas competições fazem com que o aluno se concentre em ser o pri-
Evite submeter o aluno à pres-
meiro e não em estar correto. Ser o primeiro é secundário quando o que
são de tempo ou competição
importa é estar certo. A competição pode levar à amarga experiência de
com outras crianças.
fracassos seguidos.
Algumas vezes a criança com dislexia não está preparada para determi-
Seja flexível com relação ao
nada lição, mesmo que se pense o contrário. Deixe tal lição de lado ou
conteúdo da lição.
tente outra abordagem.
Crianças com dislexia tentam, às vezes, disfarçar seus erros através de
Fique ciente da possibilidade da
artimanhas e artifícios (por exemplo, caligrafia ilegível), para evitar que
criança disfarçar seus erros.
seus erros sejam vistos.
Use a crítica de maneira cons- É preferível sempre mostrar as razões do erro e as maneiras de evitá-lo
trutiva. e superá-lo a uma atitude negativista.
Certos artifícios podem auxiliar o aluno a se concentrar mais no objetivo
de uma tarefa de que nos mecanismos de sua feitura. Por exemplo:
Permita vários tipos de ajuda um marcador qualquer ajudará a concentração na linha da leitura; uma
para auxiliar o aluno. máquina de datilografar erradicará uma caligrafia fraca e criará nova
motivação; um gravador de som ajudará na lembrança de suas tarefas
ou na explicação de como fazê-las.
Isso ajudará o professor a ler uma caligrafia imprecisa e frequentemente
Estimule a criança a escrever
amontoada e também a fazer a correção próxima aos erros e não no fim
em linhas alternadas.
da lição.
Certifique-se que as instruções A deficiência de coordenação visual motora da criança com dislexia
para determinadas tarefas de resulta na cópia incorreta do quadro-negro. É preferível escrever as
casa sejam entendidas pela instruções de suas tarefas de casa e ler para ela certificando-se de que
criança. entendeu.
89
Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Peça aos pais para que releiam A criança pode esquecer o que foi pedido na escola ou não conseguir ler
as instruções das tarefas de as instruções mais complexas. Tempo e frustrações serão eliminados se
casa. os pais relerem as instruções da professora.
Se a professora anotar todo erro, isso pode ser desagradável para a
Quando corrigir lições, seja criança. O conteúdo da lição é o que importa e um comentário sobre a
realista, mas não exagere. sua importância é psicologicamente mais útil do que inúmeros sinais de
correção.
Correção com canetas vermelhas são desmoralizantes para as crianças
Não corrija lições com lápis ou
com problemas de aprendizagem. Use maneira mais sutil e corrija sem
canetas vermelhas.
alardes pictóricos.
Uma má vontade para aprender pode ser contornada usando-se mate-
Procure identificar áreas do
rial diferente. Por exemplo, não tire o estímulo da leitura das histórias
interesse da criança.
em quadrinhos se a criança aprende através delas.
Encontre livros de leitura que
Na falta de material de leitura mais apropriado, que prenda a atenção
interessem a criança mesmo
da criança, tente suplementar com livros, mesmo que estejam acima de
que eles sejam complexos para
seu nível de leitura, conquanto que captem e mantenham sua atenção.
sua habilidade.
Fonte: Alberto Arlante e Associação Brasileira de Dislexia (apud JOSÉ; COELHO, 1989).
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
91
Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
c) Disortografia
Um transtorno apenas de ortografia ou caligrafia, na ausência de outras
dificuldades da expressão escrita, em geral, não se presta a um diagnóstico
de Transtorno da Expressão Escrita. Neste transtorno geralmente existe uma
combinação de dificuldades na capacidade de compor textos escritos, evidenciada
por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má organização dos
parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, na ausência de outros
prejuízos na expressão escrita.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Para que a criança obtenha sucesso na tarefa de escrever, é preciso que tenha
aprendido todos os símbolos gráficos e seus respectivos sons falados, que tenha
compreendido a relação entre língua falada e escrita e que saiba juntar símbolos,
formando unidades linguísticas com sentido. Quando a criança não é capaz de
transcrever corretamente a linguagem oral, realiza trocas ortográficas importantes
e confusão de letras em quantidade e frequência consideráveis, é considerada
disortográfica. A avaliação da disortografia é feita considerando três aspectos
centrais: o nível de escolaridade da criança, a frequência das palavras no seu
vocabulário oral e visual e a natureza dos erros que ela comete. (MORAIS, 2002).
Para avaliar a natureza dos erros cometidos ao escrever, é comum fazer uma
classificação das trocas ortográficas, respeitando o grau de dificuldade oferecido
pelas palavras. Assim, há três grandes grupos de trocas: as auditivas, as visuais
e as mistas.
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
Consoantes surdas e
Ocorrem entre sons consoantes sonoras (f-v, p-b, ch-j, t-d, s-z, c-g).
Trocas auditivas acusticamente
Vogais nasais e vogais orais (an-a, en-e, in-i, on-o, un-u).
próximos
Sílabas com tonicidades semelhantes (ão – am).
Trocas entre letras que diferem quanto à orientação espacial (b-d-p-q), deta-
lhes gráficos (a-e, b-h, f-t) e em relação à escolha entre diferentes símbolos
Erros visuais
gráficos que representam o mesmo som. Podem também haver erros de
sequência das letras dentro da palavra (trem – temr).
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
d) Disgrafia
96
Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
Atividade de Estudos:
Algumas Considerações
Apresentamos neste capítulo os conceitos, características do distúrbio e
dificuldades de aprendizagem. Em resumo, as dificuldades de aprendizagem
consistem em problemas acadêmicos que alguns alunos enfrentam (como, por
exemplo, alunos repetentes), a expectativa de aprendizagem em longo prazo,
resultando no não acompanhamento regular do processo escolar.
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
coloca um lápis em sua mão e lhe mostra como formar letras.” (VYGOTSKY,
1989, p.143). Também vimos que a escrita tem uma importância indiscutível, não
só na aprendizagem em geral como na qualidade de vida de uma pessoa, e como
o oferecimento de oportunidades de estimulação psicomotora podem contribuir
para o seu desenvolvimento.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 2 Deficiências,DistúrbioseDificuldadesdeAprendizagem
JUCÁ, M. Universo Particular. Revista Psique Ciência & Vida, ano VI, n. 65, p.
58-63, mai. 2011.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
102
C APÍTULO 3
Educação Inclusiva: Novos Desafios
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Contextualização
Incluir (em termos educacionais) significa oferecer educação de qualidade
para todos. O número de estudantes com algum tipo de necessidade especial
cresce a cada ano na rede regular de ensino. Em 1998, havia apenas 43.923 mil
matriculados nas redes pública e privada. Em 2006, chegaram a 325.136 mil - um
crescimento muito grande. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) não deixam dúvidas de que o movimento de
inclusão no Brasil é irreversível. (CAVALCANTE, 2005).
Histórico da Inclusão
De acordo com a Declaração de Salamanca, documento que traz os
princípios de Educação Inclusiva, de 1994, a escola inclusiva é aquela que
contempla muitas outras necessidades educacionais especiais: crianças que têm
dificuldades temporárias ou permanentes, que repetem o ano, sofrem exploração
sexual, violação física ou emocional, são obrigadas a trabalhar, moram na rua
ou longe da escola, vivem em extrema condição de pobreza, são desnutridas,
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Atividades de Estudos:
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Inclusão
é a interação com o outro. (CAVALCANTE, 2005). Na Inclusão, todos participam
da sociedade, cada qual com suas diferenças.
Figura 37 - Inclusão
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Figura 38 - Integração
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Figura 39 - Exclusão
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Os Educadores e a Educação
Inclusiva
Os desafios que a escola enfrenta para fazer a inclusão acontecer são
muitos. Eles perpassam desde o espaço físico, a adaptação do currículo até a
formação de todos os profissionais que fazem parte da equipe escolar.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
para poder determinar as ajudas pedagógicas que ele pode precisar durante sua
escolarização, concentrando a atenção mais em suas possibilidades do que em
suas limitações. Em segundo lugar, introduzir algumas modificações na proposta
curricular, tornando, assim, a individualização do ensino a melhor maneira para
responder diferencialmente às necessidades de cada aluno. Em terceiro lugar, é
importante promover a organização flexível dos alunos e, finalmente, contar com
atitudes favoráveis nesse sentido, pois a mudança de atitudes dos professores
pode acontecer somente por meio de uma formação adequada que lhes permita
aprender, por isso é preciso facilitar a formação permanente e a atualização dos
profissionais em exercício.
Mendes (1988) descreve que todo deficiente deve ser respeitado e divide em
três idades básicas para formas de atendimento:
117
Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Fonseca (1995) descreve que pessoa com deficiência é pessoa com direitos,
pois existe, sente, pensa e cria. Apresenta-se uma limitação corporal ou mental
que pode afetar aspectos do comportamento, possui igualmente discrepância no
desenvolvimento biopsicossocial, ao mesmo tempo em que aspira a uma relação
de verdade e de autenticidade e não a uma relação de coexistência conformista e
irresponsável.
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Atendimento Educacional
Especializado: Como Fazer?
É de extrema importância o esclarecimento de dois termos bastante usados
nessa área, “necessidades especiais” e “deficiência”. Deve-se ter a clareza desses
termos, pois “necessidades especiais” não devem ser tomadas como sinônimo
de “deficiência” (mentais, auditivas, visuais, físicas ou múltiplas). Segundo o
Programa Nacional de Educação Especial, “[...] o aluno portador de necessidades
especiais é aquele que, por apresentar necessidades próprias diferentes dos
demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes a sua
idade, requerem recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.”
Classificados, então, como os sujeito com condutas típicas e altas habilidades.
Hoje, o sujeito com deficiência têm seus direitos protegidos por lei, a qual o
coloca como igual a todas as outras crianças, com o direito de estar e se relacionar,
recebendo dentro de um estabelecimento de ensino sua formação educacional.
Com isso, há de se pensar na estrutura escolar, no que apenas se cobra dela, na
sua responsabilidade de interagir também com a família desse aluno “especial” e
dar conta de conhecimentos necessários para lidar com ele.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
Figura 42 - Escola
Não se deve esquecer, portanto, que a interação das pessoas com o meio
constitui fator determinante. Toda criança pode aprender. A aprendizagem,
ao contrário do que muitos pensavam e ainda pensam, não depende só das
condições internas, inerentes à pessoa que aprende: ela constitui o corolário
do equilíbrio entre as condições internas, próprias do sujeito que aprende, e as
condições externas, inerentes ao indivíduo que ensina.
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Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento humano
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios
Atividade de Estudos:
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Algumas Considerações
Chegamos ao final dos estudos da Neuropsicopedagogia e o desenvolvimento
humano. Nosso último capítulo ressaltou a importância do processo de inclusão.
Porém vimos que a construção de uma sociedade inclusiva exige mudanças de
ideias e de práticas construídas ao longo do tempo.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001. CEB/CNE. Brasília: MEC,
2001.
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Capítulo 3 Educação Inclusiva: Novos Desafios