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É difícil estimar o número de crianças com algum transtorno de


neurodesenvolvimento, tanto no Brasil quanto em outros países. Pesquisas
recentes indicam que recém-nascidos em países em desenvolvimento têm o
dobro de chances de apresentar um transtorno de neurodesenvolvimento do
que bebês de nações desenvolvidas. Pensando no Brasil, em que há uma
grande desigualdade social, a prevalência dos distúrbios varia entre as
regiões do país.

Em um contexto com um número cada vez maior de diagnósticos de


transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtorno do
espectro autista e distúrbios de aprendizagem, a escola se tornou o espaço
em que pais e crianças devem encontrar o apoio necessário para o pleno
desenvolvimento do estudante.

O primeiro passo para contribuir com uma educação inclusiva é conhecer os


principais transtornos de desenvolvimento para oferecer o suporte
necessário ao estudante. Antes, é importante que você saiba os conceitos
de neurodesenvolvimento e de transtorno.

O PROFESSOR DEVE FICAR ATENTO AOS SINAIS DE


TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES PARA AJUDÁ-LOS COM DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM E, ASSIM, PROMOVER UMA EDUCAÇÃO DE
FATO INCLUSIVA.

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As fontes e embasamento teórico estão presentes nas referências ao final
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deste estudo. A parte a respeito de saúde, patologia e anatomia foi revisada
por: Enf. Rosely Mar – COREN 000.530.355
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ÍNDICE
O QUE É NEURODESENVOLVIMENTO........................................................ 5
AS 9 ETAPAS DO NEURODESENVOLVIMENTO INFANTIL..........................8
O QUE SÃO TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO................ 10
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA CRIANÇAS COM
TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO......................................13
O SISTEMA NERVOSO CENTRAL................................................................14
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO..............................................................19
NEUROTRANSMISSORES............................................................................23
ENTENDENDO AS 4 FASES DA INFÂNCIA..................................................25
AS 4 FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL...................28
OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO..........44
TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL...........................44
TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO...........................................................51
📌MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DA FALA: O QUE VOCÊ PRECISA
SABER?.........................................................................................................61
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)..........................................63
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE –
TDAH..............................................................................................................72
O TRANSTORNO ESPECÍFICO DA
APRENDIZAGEM............................................................................................79
DISLEXIA........................................................................................................81
DISORTOGRAFIA...........................................................................................94
DISGRAFIA.....................................................................................................98
DISCALCULIA...............................................................................................104
DISPRAXIA OU TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA
COORDENAÇÃO (TDC)?.............................................................................107
TRANSTORNO DE TIQUE E SÍNDROME DE TOURETTE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES.........................................................................................113
INTERVENÇÃO NOS TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO?....................................................................121
O QUE É ABA?.............................................................................................122

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O QUE É NEURODESENVOLVIMENTO

O neurodesenvolvimento é um processo caracterizado pelo domínio


progressivo de habilidades motoras, cognitivas e psicossociais, das mais
primárias às mais refinadas. Ele se inicia no período gestacional, sendo
impactado por fatores genéticos, biológicos, ambientais e socioculturais.

O processo envolve o sistema nervoso, composto por diferentes órgãos


espalhados pelo corpo humano, sendo o mais importante o cérebro. A
função dele, basicamente, é captar, interpretar e transmitir estímulos
sensoriais por todo o organismo.

O sistema nervoso é subdividido em:

SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)

Formado pelo encéfalo e pela medula


espinhal. O encéfalo se divide em três
partes:
1.Metencéfalo: cerebelo e parte inferior do
tronco cerebral;
2.Mesencéfalo: recobre a parte superior do
tronco cerebral;
3.Prosencéfalo: área límbica, tálamo,
hipotálamo, amídala e crosta cerebral.
A medula espinhal tem a função de receber e processar as sensações
captadas pela pele, articulações e músculos. Ela também controla nossos
movimentos.
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SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP)

Estrutura localizada fora do encéfalo e da medula espinhal que conecta


o corpo ao sistema nervoso central. É formado por gânglios e feixes de
fibras nervosas que transmitem impulsos nervosos.

Todas as partes do sistema nervoso são dependentes uma das outras,


ou seja, trabalham ao mesmo tempo para executar uma tarefa mental.
Não existe uma área específica do cérebro responsável por apenas uma
atividade.

As tarefas mentais podem ser o pensamento, a linguagem, a atenção, a


memória, o comportamento... E a aprendizagem.

Quem explica com mais detalhes o funcionamento do sistema nervoso e


sua relação com o neurodesenvolvimento é o médico e professor do
curso Neurociência e aprendizagem no contexto escolar da Pós
Educação Unisinos, Ramon Cosenza, autor de "Neurociência e
educação: como o cérebro aprende" (2011).

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As informações são recebidas, conduzidas e processadas entre as estruturas do


sistema nervoso por meio dos 85 bilhões de neurônios que compõem o cérebro
humano. Eles se comunicam entre si com a ajuda de impulsos elétricos, que
percorrem a membrana deles e passam para outros células por meio das sinapses.
Os neurônios são formados por um corpo celular principal, chamado de soma, de
onde se projetam os dendritos, e um axônio, que é uma extensão da soma.
Os dendritos recebem impulsos nervosos de outros neurônios, enquanto o axônio
transmite sinais para outras células nervosas.
Outras células que fazem parte do sistema nervoso são as neuroglias, que dão
sustentação aos neurônios.
Durante o início da gestação, quando já começa o processo de
neurodesenvolvimento, os neurônios não têm uma função específica. Eles se
especializam à medida que passam as semanas de vida intrauterina.
Nos primeiros três anos de vida do bebê, o cérebro passa por intensas
transformações e os neurônios estabelecem um número cada vez maior de ligações
entre si, formando redes neurais. Elas favorecem a transmissão de informações,
garantindo a aprendizagem e formação de memórias.
Para que o neurodesenvolvimento prossiga, é necessário que haja um acúmulo de
mielina nos axônios dos neurônios. A mielinização auxilia na comunicação entre as
células nervosas, que transmitem os sinais elétricos com mais agilidade e
regularidade, e ainda contribui para o fortalecimento das rotas neuronais
responsáveis pelos sentidos. A produção de mielina também começa na gestação e
se estende até a vida adulta.

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AS 9 ETAPAS DO NEURODESENVOLVIMENTO INFANTIL

Segundo o professor da Pós Educação Unisinos Ramon Cosenza, o


neurodesenvolvimento acontece por etapas associadas à faixa etária. De
maneira geral, na primeira infância, a criança adquire funções cognitivas
que embasarão as etapas posteriores. Novas ligações entre os neurônios
são estabelecidas e há um crescimento da massa cerebral.
As principais etapas do neurodesenvolvimento infantil descritas abaixo são
uma adaptação de artigo publicado no periódico científico Ensino Em Re-
Vista:

1. PERÍODO PRÉ-NATAL
O neurodesenvolvimento é influenciado por
condições internas e externas ao indivíduo,
como a alimentação materna e o vínculo
parental.

2. PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA PÓS-PARTO


Nesta fase do neurodesenvolvimento, os bebês
aprendem por meio de estímulos agradáveis e
desagradáveis. As habilidades motoras, sensoriais e
perceptuais ainda são rudimentares, sendo
aperfeiçoadas com a interação com o ambiente.
Os recém-nascidos já conseguem:
•Diferenciar o rosto da mãe dos demais;
•Reconhecer vozes específicas;
•Sentir os sabores doce, amargo, ácido e azedo;
•Identificar odores corporais familiares;
•Distinguir o odor da mãe do de outra mulher.
O bebê também é capaz de seguir objetos com as
mãos, sorrir, firmar a cabeça e reconhecer feições
humanas.

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3. TERCEIRO MÊS DE VIDA


Como parte do processo de neurodesenvolvimento, a criança passa a levar objetos à
boca e a brincar com as mãos.
Ainda, o bebê passa a direcionar o comportamento de apego a pessoas específicas.
Deixa de sorrir para estranhos, mas ainda não sabe quem oferece mais segurança.
4. SEXTO MÊS DE VIDA
A criança já sabe quem é a base segura dela, como o pai e a mãe. Em situações novas
com pessoas estranhas, ela olhará para os pais para saber se pode seguir adiante.
Começa a demonstrar medo do desconhecido e ansiedade de separação.
Ela aprimora as capacidades desenvolvidas nas etapas anteriores do
neurodesenvolvimento, como sentar com apoio.
5. SÉTIMO AO OITAVO MÊS DE VIDA
O bebê consegue se sentar sem apoio e começa a expressar as primeiras sílabas, mas
sem significado. Já entende o próprio nome e o sentido da palavra "não".
6. NONO E DÉCIMO MÊS
O bebê começa a acenar como se estivesse se despedindo de alguém e bate palmas.
Já consegue segurar objetos com os dedos em pinça.
É nesta etapa do neurodesenvolvimento que as crianças começam a engatinhar, a
erguer-se com apoio e a andar com o apoio das duas mãos.
7. DÉCIMO PRIMEIRO E DÉCIMO SEGUNDO MÊS DE VIDA
As primeiras palavras são expressas. O bebê consegue andar com o apoio de uma mão
e, em alguns casos, sozinho. Já demonstra cooperação na hora de se vestir.
O aparecimento da linguagem é fruto da interação entre a cultura, as experiências e os
estímulos recebidos nas fases anteriores do neurodesenvolvimento.
O vocabulário da criança aumenta conforme se diferenciam os neurônios da formação
hipocampal, área do cérebro relacionada à consolidação da memória.

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O QUE SÃO TRANSTORNOS DE


NEURODESENVOLVIMENTO
Os transtornos de neurodesenvolvimento são condições de déficit no
desenvolvimento que trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico ou profissional, segundo a 5ª edição do Manual de Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), desenvolvido pela
Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Geralmente, os transtornos de neurodesenvolvimento se manifestam antes
da criança ingressar na escola. Eles variam de limitações muito específicas
na aprendizagem a prejuízos nas habilidades sociais e inteligência.

OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO

O DSM-5 lista 6 classes transtornos de neurodesenvolvimento. As


informações abaixo foram adaptadas do manual e não se propõem a fazer
um diagnóstico. Caso você suspeite que um estudante da sua escola
apresenta algum dos distúrbios, converse com a equipe pedagógica da sua
escola para oferecer à criança ajuda profissional.
1. TRANSTORNO DE DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
O transtorno do desenvolvimento intelectual se manifesta por meio de
déficits de capacidades mentais genéricas, como:
•Raciocínio
•Solução de problemas
•Planejamento
•Pensamento abstrato
•Juízo
•Aprendizagem acadêmica
•Aprendizagem pela experiência
O comprometimento destas habilidades faz com que a pessoa não atinja
padrões de independência pessoal e participação social em uma ou mais
situações do dia a dia.
Dentro desse transtorno de neurodesenvolvimento, há a categoria de
atraso global do desenvolvimento. Este diagnóstico é atribuído a pessoas
que não atingem os marcos esperados em diferentes áreas do
funcionamento intelectual.
Além de origem genética, o transtorno do desenvolvimento intelectual pode
ser uma consequência de alguma lesão, como um traumatismo craniano.
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2. TRANSTORNOS DE COMUNICAÇÃO
Os transtornos de comunicação são divididos em 4 categorias:
1.Transtorno de linguagem:
2.Transtorno de fala:
3.Transtorno de comunicação social:
4.Transtorno de fluência com início na infância: mais conhecido como
gagueira, esse transtorno de neurodesenvolvimento é marcado por
perturbações na fluência e na produção motora da fala.
3. TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA (TEA)
Uma pessoa com TEA apresenta déficits de
comunicação e interação social em
diferentes contextos, junto a padrões
repetitivos de comportamento, interesses e
atividades. O diagnóstico baseia-se na
manifestação clínica desses déficits
combinados às ações repetitivas.

. 4. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)
O TDAH é definido a partir de níveis
prejudiciais de desatenção,
desorganização ou hiperatividade-
impulsividade. Quem apresenta esse
transtorno de neurodesenvolvimento, de
uma forma geral, não consegue
permanecer muito tempo em uma tarefa,
parece não ouvir as outras pessoas e
perde os materiais escolares com
frequência. No caso da hiperatividade, a
criança fica inquieta, não consegue ficar
sentada muito tempo e se intromete nas
atividades dos outros colegas.
Geralmente, uma criança com TDAH
apresentar também um distúrbio
específico de aprendizagem, pois é
comum a ocorrência de mais de um
transtorno de neurodesenvolvimento no
mesmo indivíduo
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5. TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM


Os transtornos específicos de aprendizagem são caracterizados por déficits na
capacidade de perceber ou processar informações. Geralmente, eles se manifestam no
início da idade escolar, em dificuldades de leitura, escrita ou matemática.
Os transtornos específicos de aprendizagem mais comuns são:
•Dislexia: termo geral que engloba distúrbios de leitura, matemática, ortografia,
expressões escritas ou manuscritas, compreensão ou uso da linguagem verbal ou não
verbal.
•Dislexia fonológica: incapacidade de decodificação de sons.
•Dislexia superficial: dificuldade em reconhecer as formas e estruturas das palavras, ou
seja, de reconhecer a palavra pela rota lexical.
•Disgrafia: dificuldades de caligrafia, no traçado e na forma das letras.
•Discalculia: dificuldade de solucionar questões, estimar quantidades, memorizar
números e reconhecer padrões.
•Anarritmia: dificuldade de formar conceitos básicos e adquirir aptidões de computação.
•Afasia anômica ou disnomia: dificuldade de recordar palavras e recuperar
informações da memória.

6. TRANSTORNOS MOTORES
Os transtornos motores também são divididos em três classes:
1.Transtorno do desenvolvimento da coordenação: o indivíduo tem déficits na
aquisição e execução de habilidades motoras coordenadas. Ele apresenta uma "falta de
jeito" ou lentidão para realizar atividades do dia a dia.
2.Transtorno do movimento estereotipado: manifesta-se por meio de movimentos
repetitivos sem um objetivo, como agitar as mãos, balançar o corpo e bater a cabeça.
3.Transtornos de tique: podem ser tiques motores ou vocais. Eles são repentinos,
rápidos, recorrentes e não ritmados.

7. TRANSTORNOS DE TIQUES
Tiques variam muito em termos de gravidade; eles ocorrem em cerca de 20% das
crianças, muitas das quais não são avaliadas ou diagnosticadas. Síndrome de Tourette,
o tipo mais grave, ocorre em 3 a 8/1000 crianças. A proporção homem/mulher é 3:1.
Os tiques começam antes dos 18 anos de idade (tipicamente entre os 4 e 6 anos); a
gravidade deles aumenta e alcança um pico por volta dos 10 a 12 anos e diminui durante
a adolescência. Com o tempo, a maioria dos tiques desaparece espontaneamente.
Entretanto, em cerca de 1% das crianças, os tiques persistem na vida adulta.
A etiologia não é conhecida, mas os tiques tendem a ser familiares. Em algumas
famílias, eles se manifestam em um padrão dominante com penetrância incompleta.

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A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA


CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO

Os transtornos de neurodesenvolvimento são condições de déficit no


desenvolvimento que trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico ou profissional, segundo a 5ª edição do Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), desenvolvido pela Associação
Americana de Psiquiatria (APA).
Geralmente, os transtornos de neurodesenvolvimento se manifestam antes da
criança ingressar na escola. Eles variam de limitações muito específicas na
aprendizagem a prejuízos nas habilidades sociais e inteligência.
A escola e o professor devem acolher as crianças com transtornos de
neurodesenvolvimento e contribuir para sua formação acadêmica e cidadã. Para
isso, é fundamental que educadores e instituições de ensino estejam
empenhados em promover uma educação inclusiva, modalidade de ensino
direcionada para todas as crianças e adolescentes, independentemente de ter
algum distúrbio ou não.
A inclusão nas escolas está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE 2011-
2020), que estabeleceu o Atendimento Educacional Especializado (AEE) no
ensino regular. A tarefa dos profissionais do AEE é identificar, elaborar e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que permitam a participação
plena dos estudantes, considerando as necessidades específicas de cada um.
Para saber mais sobre educação inclusiva, confira nosso curso Educação
Especial Inclusiva: https://educomunicacao.ead.guru/cursos/educacao-especial-
e-inclusiva/
Tenha em mente que as maiores dificuldades apresentadas por crianças com
transtornos de neurodesenvolvimento estão relacionadas à interação social,
comunicação e comportamento. Crie rotinas em grupo para ajudar o estudante a
incorporar as regras de convívio social e desenvolver habilidades de
autorregulação. É importante pedir a orientação do responsável pela AEE para
planejar as atividades mais adequadas para sala de aula.
Lembre-se de que os estudantes com algum transtorno de
neurodesenvolvimento buscam pessoas que sejam um "porto seguro" dentro da
escola. Conquistar sua confiança é essencial para ajudá-los no processo de
desenvolvimento e aprendizagem.

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O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O cérebro é o centro do pensamento, sentimento, memória, fala, visão,


audição, movimento, entre outros. A medula espinhal e os nervos cranianos
transmitem os sinais entre o cérebro e o corpo. Esses sinais conduzem aos
músculos informações entendidas pelos sentidos e coordenam as ações
dos órgãos internos.
O cérebro é protegido pelos ossos do crânio. Da mesma forma, a medula
espinhal é protegida pelos ossos da coluna vertebral.
O cérebro e a medula espinhal são rodeados e protegidos pelo líquido
cefalorraquidiano (LCR). O LCR contém basicamente água com proteínas,
açúcar (glicose), glóbulos brancos e hormônios. Esse líquido é produzido
pelo plexo coroide, que está localizado nos ventrículos. Tanto os
ventrículos, como os espaços em torno do cérebro e da medula espinhal
são preenchidos com LCR.

Estruturas do sistema nervoso central

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As principais áreas do SNC incluem o cérebro, cerebelo e tronco cerebral.


Cada uma destas partes tem uma função especial.
Cérebro. O cérebro é o centro de controle do corpo enviando mensagens
ao longo das fibras nervosas. O cérebro é dividido em duas metades, os
hemisférios cerebrais direito e esquerdo. Os hemisférios cerebrais
controlam o movimento, o pensamento, a memória, as emoções, os
sentidos e a fala. Os sintomas causados por um tumor num hemisfério
cerebral dependendo da sua localização, podem incluir convulsões,
problemas na fala, mudanças de humor, mudanças na personalidade,
fraqueza ou paralisia em parte do corpo, problemas na visão ou na audição
ou em outros sentidos.
Cerebelo. O cerebelo está localizado abaixo e na parte posterior do
cérebro. O cerebelo mantém o equilíbrio e a postura, controla o tônus
muscular e os movimentos voluntários. Os tumores do cerebelo podem
causar problemas de coordenação dos movimentos, perda do equilíbrio,
diminuição do tônus da musculatura esquelética, problemas de deglutição
ou sincronização dos movimentos oculares, e alteração do ritmo da fala.
Tronco cerebral. O tronco cerebral ou tronco encefálico está situado entre a
medula espinhal e o cérebro. É a área do SNC responsável pelo controle da
pressão arterial, deglutição, respiração e batimentos cardíacos. O tronco
cerebral possui três porções: o bulbo raquidiano, a ponte (protuberância) e
o mesencéfalo. É no tronco encefálico que se encontra fixo o cerebelo.
Tumores nesta região podem provocar fraqueza, visão dupla, rigidez
muscular ou problemas com a sensibilidade, movimentos dos olhos,
audição, movimento facial, coordenação dos pés ou deglutição.
Nervos cranianos. Os nervos cranianos são os que se conectam com o
encéfalo. Esses nervos transmitem sinais diretamente entre o cérebro e o
rosto, olhos, língua, boca e algumas outras áreas. Os tumores que
acometem os nervos cranianos podem provocar problemas de visão,
problemas de deglutição, perda de audição, paralisia facial, dormência ou
dor, entre outros.
Medula espinhal. A medula espinhal é composta por fibras nervosas que
transportam sinais relacionados ao controle muscular, sensação e controle
da bexiga e intestino. Os tumores da medula espinhal podem provocar
fraqueza, paralisia ou dormência.

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Glândula pituitária e hipotálamo. A glândula pituitária ou hipófise é uma


glândula, situada na sela túrcica (cavidade óssea localizada na base do
cérebro), ligado ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. A hipófise é
responsável por várias funções do organismo como crescimento,
metabolismo, produção de corticoides naturais, menstruação e produção de
óvulos, produção de espermatozoides, e produção de leite nas mamas. O
crescimento de tumores próximos à glândula pituitária ou do hipotálamo,
assim como a cirurgia ou radioterapia nessas áreas podem interferir nessas
funções.

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Glândula pineal. A glândula pineal não é exatamente uma parte do cérebro,


na verdade é uma pequena glândula endócrina localizada entre os
hemisférios cerebrais. A glândula pineal produz a melatonina. Esse
hormônio sincroniza os vários ritmos circadianos do organismo com o ciclo
dia/noite. As alterações diárias da melatonina, com seu pico se situando
durante a noite, agem em receptores do próprio hipotálamo, que se
encarregam de sincronizar o ciclo vigília/sono do corpo e o funcionamento
de outros hormônios. Os tumores mais frequentes da glândula pineal são
denominados pineoblastomas.
Barreira hematoencefálica. A barreira sangue cérebro (barreira
hematoencefálica) é uma estrutura que atua principalmente para proteger o
sistema nervoso central de substâncias químicas presentes no sangue,
permitindo ao mesmo tempo a função metabólica normal do cérebro. É
composta de células endoteliais, que são agrupadas nos capilares
cerebrais. Essa densidade aumentada restringe muito a passagem de
substâncias a partir da corrente sanguínea, muito mais do que as células
endoteliais presentes em qualquer lugar do corpo. Infelizmente, essa
barreira também impede a entrada dos medicamentos quimioterápicos
usados para destruir as células cancerígenas.
Plexo coroide. O plexo coroide é a área do cérebro localizada dentro dos
ventrículos que produz o líquido cefalorraquidiano (LCR) para nutrir e
proteger o cérebro.

Tipos de células e tecidos do sistema nervoso central


O sistema nervoso central (SNC) é formado por vários tipos de células e
tecidos:
Neurônios. Os neurônios são as células mais importantes no cérebro. Eles
são responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio
interno e externo, possibilitando ao organismo a execução de ações e
respostas adequadas. Ao contrário de muitos outros tipos de células que
podem crescer e se dividirem para reparar os danos causados por uma
lesão ou uma doença, os neurônios param de se dividir cerca de um ano
após o nascimento. Os neurônios não costumam formar tumores, mas
muitas vezes são danificados por tumores que se iniciam nas proximidades.

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Células gliais. São células de suporte do cérebro. As células gliais podem


se tornar cancerígenas e crescer formando um tumor cerebral. Os tumores
que se desenvolvem nas células gliais são denominados gliomas. Existem
três tipos de células gliais, além de um quarto tipo denominado micróglia,
que não é verdadeiramente uma célula glial, mas faz parte do sistema
imunológico:
Astrócitos. Essas células têm a função de sustentação e nutrição dos
neurônios. Quando o cérebro está lesionado, os astrócitos formam o tecido
de cicatrização para reparar o dano. Os principais tumores que se iniciam
nestas células são os astrocitomas ou glioblastomas.
Oligodendrócitos. Essas células são responsáveis pela produção da bainha
de mielina, uma substância gordurosa, que tem a função de isolante elétrico
para os neurônios do SNC. Os tumores que se iniciam nestas células são
chamados oligodendrogliomas.
Células ependimárias. São células epiteliais colunares que revestem os
ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal. Em algumas
regiões, essas células são ciliadas, facilitando a movimentação do líquido
cefalorraquidiano. Os tumores que se iniciam nessas células são chamados
ependimomas.
Micróglia. Estas células participam do processo de inflamação e reparação
do SNC, secretam também diversas citocinas reguladoras do processo
imunológico e removem os restos celulares que surgem nas lesões do
SNC.
Células neuroectodérmicas. As células neuroectodérmicas são células
primitivas, provavelmente remanescentes das células embrionárias, e
encontradas em todo o cérebro. O tumor mais comum dessas células no
cerebelo é o meduloblastoma.
Meninges. As meninges são membranas de tecido conjuntivo que revestem
e protegem o cérebro e a medula espinhal. Apesar de sua função protetora,
as meninges podem ser alvo de patologias importantes, como tumores
benignos, meningiomas e as conhecidas meningites.

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SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é formado pelos nervos e gânglios


nervosos.
Sua função é ligar o Sistema Nervoso Central aos outros órgãos do corpo e
com isso realizar o transporte de informações.

Nervos
Os nervos correspondem a feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido
conjuntivo. Eles são responsáveis por fazer a união do SNC a outros
órgãos periféricos e pela transmissão dos impulsos nervosos.
Os nervos apresentam a seguinte divisão:
•Nervos Espinhais: compostos por 31 pares, são os que fazem conexão
com a medula espinhal. Estes nervos são responsáveis por inervar o
tronco, os membros e algumas regiões específicas da cabeça.
•Nervos Cranianos: compostos por 12 pares, são os que fazem conexão
com o encéfalo. São estes nervos que inervam as estruturas da cabeça e
do pescoço. @instituto_educomunicacao
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Os nervos apresentam os seguintes tipos:


Nervos Aferentes (Sensitivos): enviam sinais da periferia da corpo para o
sistema nervoso central. Este tipo de nervo é capaz de captar estímulos
como o calor e a luz, por exemplo.
Nervos Eferentes (Motores): enviam sinais do sistema nervoso central para
os músculos ou glândulas.
Nervos Mistos: formados por fibras sensoriais e fibras motoras, por
exemplo, os nervos raquidianos.

Gânglios
Os gânglios nervosos são aglomerados de neurônios situados fora do
sistema nervoso central, espalhados pelo corpo. É comum eles formarem
uma estrutura esférica.
Veja na imagem abaixo um mapa-resumo sobre os componentes do
Sistema Nervoso Periférico.

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Divisões do Sistema Nervoso Periférico

O SNP é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso


autônomo, de acordo com sua atuação.

•Sistema Nervoso Somático: regula as ações que estão sob o controle


da nossa vontade, ou seja, ações voluntárias. Atua sob a musculatura
esquelética de contração voluntária.
•Sistema Nervoso Autônomo: atua de modo integrado com o sistema
nervoso central. Geralmente, exerce o controle de atividades de
independem da nossa vontade, ou seja, ações involuntárias como as
atividades realizadas pelos órgãos internos. Atua sob a musculatura lisa e
cardíaca
O Sistema Nervoso Autônomo tem como função regular as atividades
orgânicas, garantindo a homeostase do organismo. Ele apresenta duas
subdivisões:
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•Sistema Nervoso Simpático que estimula o funcionamento dos órgãos;


é formado pelos nervos espinhais da região torácica e lombar da medula.
Os principais neurotransmissores liberados são a noradrenalina e a
adrenalina.
•Sistema Nervoso Parassimpático que inibe o funcionamento dos
órgãos; é formado pelos nervos cranianos e espinhais das extremidades
da medula. O principal neurotransmissor liberado é a acetilcolina.

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NEUROTRANSMISSORES

Os neurotransmissores são compostos químicos secretados pelas


células do sistema nervoso, os neurônios, responsáveis por transmitir as
informações necessárias para diversas partes do corpo.
Por serem comunicados pelas sinapses, esses mediadores químicos
são encontrados geralmente em vesículas pré-sinápticas.
São exemplos de neurotransmissores a adrenalina, o glutamato e o
gama-aminobutírico “GABA”.
Tipos de neurotransmissores
A maioria dos neurotransmissores podem ser agrupados em três classes:
• Aminoácidos
• Aminas
• Peptídeos
Os neurotransmissores podem ser moléculas pequenas, como aminoácidos
e aminas, ou moléculas grandes, como os peptídeos.
Aminoácidos e aminas têm em comum a presença de átomos de nitrogênio
em suas estruturas. O armazenamento desses neurotransmissores é feito
nas vesículas sinápticas e delas são liberados.
Já os peptídeos são longas cadeias formadas pela união de aminoácidos. O
armazenamento e a liberação desses neurotransmissores ocorre nos
grânulos secretores.
Confira a seguir uma tabela com os principais neurotransmissores.

Além dos tipos vistos anteriormente, existem também os


neurotransmissores do tipo acetilcolina, purinas, gases e lipídios
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NEUROTRANSMISSORES

Como atuam e a função dos neurotransmissores


Sua ação basicamente é se combinar com uma célula-alvo e a ação resulta
em transmissão, modulação e amplificação das informações entre
neurônios.
As células possuem receptores específicos para cada tipo de
neurotransmissor. A maneira que um neurotransmissor influencia um
neurônio pode ser classificada em:
• Excitatória: criação de um sinal elétrico no neurônio receptor;
• Inibitória: restrição de um potencial de ação no neurônio receptor;
• Modulatória: regulação da população de neurônios.
• Neurotransmissores excitatórios e inibitórios atuam rapidamente entre o
espaço de dois neurônios e são diferenciados pelo receptor que se
ligam, ou seja, dependem de qual receptor foi ativado. Além disso, a
excitação ou a inibição, podem ocorrer também em uma fibra muscular
ou uma célula glandular.
Os neuromoduladores geram respostas mais lentas que os
neurotransmissores excitatórios e inibitórios.
Neurotransmissores: síntese, armazenamento e liberação
Os neurotransmissores são mensageiros químicos na transmissão sináptica
química, ou seja, atuam na comunicação intercelular.
Nesse processo, que ocorre em milissegundos, os neurotransmissores são
sintetizados, armazenados em vesículas sinápticas, liberados das
terminações nervosas em uma região chamada de fenda sináptica.
Após isso, os neurotransmissores se ligam às proteínas receptoras nas
células-alvo. O tecido que recebeu a informação por meio do
neurotransmissor fica excitado, inibido ou modificado.

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ENTENDENDO AS 4 FASES DA INFÂNCIA

Trouxe uma breve explicação sobre as quatro fases da infância


classificadas por faixa etária e como as crianças costumam reagir a cada
uma delas.

1. Primeira infância
A partir do nascimento até os
primeiros cinco anos de vida a
criança vive a primeira infância,
fase em que as descobertas do
mundo externo são essenciais
para que o menor se integre a sua
realidade e crie laços afetivos
com pais, irmãos e avós, por
exemplo.

Assim, até o quinto ano o pequeno deve desenvolver as habilidades


básicas para o dia a dia, como andar, falar e expressar seus sentimentos
de maneira equilibrada.
Antes da primeira infância, há ainda o período intrauterino ou gestacional
— que são os nove meses necessários para o corpo e os órgãos do bebê
se formarem, até ele estar pronto para nascer. Porém, essa fase não é
considerada quando se fala das etapas do desenvolvimento infantil
psicossocial e, portanto, não está entre o foco dos estudos dos
pedagogos e psicólogos.

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2. Fase pré-escolar
Entre os cinco e os seis anos a criança viverá sua fase de pré-escola,
quando tem o primeiro contato com outras crianças e adultos fora do seu
núcleo familiar. Essa é uma das etapas do desenvolvimento infantil em que
as habilidades motoras são aperfeiçoadas, aprendendo assim a escrever,
desenhar e praticar esportes, por exemplo.
E aqui, segundo a psicanálise freudiana, nessa mesma fase a criança pode
passar ainda pelo período edipiano, no qual nutre um apego desmedido
para com a figura materna, no caso dos meninos, ou paterna, como ocorre
com as meninas. Neste momento, a relação familiar pode ser decisiva para
a área emocional e sentimental e refletir até mesmo em como o pequeno
lidará com sua própria sexualidade e futuros relacionamentos amorosos na
vida adulta.

3. Período de latência
Após os seis anos a criança entra oficialmente na segunda infância,
chamada de período de latência. Ainda seguindo a teoria do psicanalista
Freud, essa pode ser uma das etapas do desenvolvimento infantil de maior
conflito entre os filhos e os pais e/ou responsáveis — incluindo os próprios
educadores e coordenadores escolares.
Acontece que no período de latência a criança está aprendendo a conviver
com suas frustrações e realizações, tendo reações extremamente negativas
quando contrariada. Dessa forma, pedagogia afetiva é uma das
metodologias adotadas pelas instituições de ensino para auxiliar na
formação da inteligência emocional dos alunos.
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4. Estágio da puberdade
Dos dez aos dezoito anos seu filhote estará passando pela puberdade e
adolescência, estágios em que os hormônios começam a agir para
prepararem o corpo e a cognição para a vida adulta. O conflito afetivo ainda
pode ser marcante, entretanto, tende mais para os relacionamentos
amorosos, enquanto aspectos sociais e intelectuais se fortalecem.
O salto no amadurecimento socioemocional é uma das últimas etapas do
desenvolvimento infantil e serve para marcar a finalização deste ciclo,
deixando para trás os comportamentos de criança para dar lugar a decisões
importantes, como a escolha de uma universidade e a procura por
oportunidades de emprego.

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AS 4 FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


INFANTIL

Quando uma criança nasce, todos os dias algo novo e emocionante


acontece. Não apenas eventos importantes, como rolar ou dar o primeiro
passo, mas outras coisas pequenas que podem não parecer marcos. Sorrir
e até mesmo rastejar para fora do berço, são atos aparentemente aleatórios
que se enquadram em uma linha do tempo que se casa com os estágios de
desenvolvimento.

Os profissionais envolvidos no desenvolvimento infantil analisaram,


organizaram e categorizaram esses marcos em um gráfico de progresso
que os pais, pediatras, pesquisadores, psicólogos e educadores usam para
monitorar o desenvolvimento da criança.
• Embora cada marco tenha uma faixa etária, é importante lembrar que
as crianças são únicas e a idade real pode variar. Contanto que a
criança atinja esses marcos dentro da faixa prescrita, não deve haver
motivo para preocupação.

Conhecer as fases do desenvolvimento cognitivo infantil é importante para


pais, responsáveis e educadores, já que este conhecimento permite, por
meio de marcos, identificar precocemente possíveis atrasos no
desenvolvimento da criança.
Esta visão precoce e atenta permite agir o quanto antes, ajudando a criança
a enfrentar seus problemas de rendimento, dificuldades de aprendizagem
ou mesmo proporcionando o tratamento mais adequado, no caso de
atrasos causados por transtornos neurobiológicos.
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A seguir, veja como Jean Piaget (Jean Piaget (1896-1980) foi um psicólogo
suíço e importante estudioso da psicologia evolutiva. Revolucionou os
conceitos de inteligência infantil que provocou mudança nos antigos
conceitos de aprendizagem e educação.) classifica as quatro etapas e as
relaciona com as idades das fases de desenvolvimento infantil.

Fase 1 - Sensório-motor (nascimento até cerca de 2 anos)

A primeira das fases do desenvolvimento infantil vai do nascimento até


cerca de 2 anos de idade. Nesta etapa, chamada de período sensório-
motor, a criança começa a criar consciência sobre o próprio corpo, seus
sentidos e movimentos.

É a fase da descoberta dos sabores, do sorriso, das primeiras palavras e de


aprender a andar. O que antes era feito de maneira involuntária ganha
sentido, e o bebê compreende, por exemplo, que pode alcançar objetos
esticando os braços.

Fase 2 - Pré-operatório (2 a 7 anos de idade)

O período pré-operatório estende-se dos 2 aos 7 anos. Nesta fase,


acontece a representação da realidade dos próprios pensamentos. É aqui
que surge o “faz de conta” e a exploração da imaginação, além da famosa
fase dos “porquês”.

Durante este período, a comunicação se desenvolve bastante, tornando-se


mais clara e objetiva. Porém, a criança ainda baseia sua visão de mundo na
própria interpretação, em vez da real percepção dos fatos.

Isso explica, em parte, outra característica dessa fase: um grande viés ao


egocentrismo e senso de individualidade, em detrimento da coletividade.
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Fase 3 - Operatório concreto (de 7 a 11 anos)

Dos 7 aos 11 anos, o senso de individualidade diminui e a criança passa a


agir com mais empatia, colocando-se no lugar do outro e compreendendo
melhor conceitos morais de certo e errado, além de tantas outras normas
sociais.

Neste período, que vai até os 12 anos, o raciocínio lógico é aprimorado e a


criança passa a ter um nível de resolução de problemas mais ágil. Ou seja,
passa a pensar em soluções mentais para os problemas que encontra.

Fase 4 - Operatório formal (a partir de 11 anos)

A partir dos 11 anos de idade, a criança passa pela última das fases do
desenvolvimento infantil, o estágio operatório formal. Nele, a capacidade
cognitiva do adolescente já é bem parecida com a de um adulto,
trabalhando com deduções, hipóteses e pensamento crítico.

Ao entender como observar o mundo ao seu redor de forma mais crítica, o


adolescente passa a se posicionar diante de assuntos e do mundo,
assumindo pontos de vista de maneira independente e desejando cada vez
mais ter autonomia.

Como a escola contribui com as fases do desenvolvimento da


criança?

Quando falamos em fases do desenvolvimento infantil, é importante


observar que isto ocorre em diversas esferas. Afinal, crianças são seres
humanos complexos como os de qualquer outra idade, com diferentes
aspectos relacionados à sua formação individual.
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Ou seja, a evolução da criança vai muito além do que apenas o aspecto


físico ou comportamental, abrangendo também o campo cognitivo, afetivo e
social. Sabendo disso, a escola possui mais recursos para atuar em cada
fase do desenvolvimento da criança.

Desenvolvimento Cognitivo

As habilidades cognitivas estão relacionadas com aspectos intelectuais e


com a forma como a criança interpreta o mundo ao seu redor. Alguns
exemplos são a memória, a capacidade de focar, a atenção e o raciocínio.

Desenvolvimento afetivo
Desenvolvimento Afetivo

O desenvolvimento afetivo relaciona-se com os sentimentos e emoções da


criança, e é uma das primeiras habilidades que ela aprende a identificar.
Compreender o amor e sua importância na vida de outras pessoas, criando
laços afetivos, é essencial para o desenvolvimento socioemocional no
futuro.

Desenvolvimento Físico

O desenvolvimento físico está relacionado à coordenação motora, tanto


grossa quanto fina. Basicamente, é a capacidade de engatinhar, depois
ficar de pé, depois andar, correr, pular e realizar outros tipos de atividades.

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Desenvolvimento Social

O desenvolvimento social está ligado à forma como a criança se relaciona


com as outras pessoas, interagindo em sociedade. Esta troca de
informações é essencial para seu desenvolvimento, já que é através dela
que a criança adquire novos conhecimentos, visões de mundo e aprende as
regras sociais.

COMO ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO INFANTIL?

A infância é uma idade muito importante para a formação de uma pessoa e


se os responsáveis e professores conhecerem as características e
necessidades das crianças em suas diferentes fases, fica mais fácil
entender alguns comportamentos infantis, reforçar as atitudes positivas e
dar limites quando necessário.

Tanto os fatores hereditários como os fatores ambientais têm um papel


importante no desenvolvimento e comportamento das crianças. Um fator
complementa o outro. A herança genética traz informações sobre algumas
probabilidades, tendências e nosso aspecto físico: nossas características
como seres humanos, tais como: ter duas orelhas, um nariz, um coração.
Tudo isso faz parte da nossa carga genética. Algumas destas
características vão surgindo ao longo das etapas de desenvolvimento,
como por exemplo, os dentes. A linguagem que aprendemos depende,
necessariamente, de nossas experiências culturais. Se a criança vai
aprender russo, japonês, inglês ou português, isso dependerá do meio no
qual ela se encontra.
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Existem bebês que nascem muito parecidos, mas mesmo assim há


diferenças entre eles. Com o passar do tempo vão surgindo mais
diferenças: é só olhar para as crianças e ver que há magras, gordas, loiras,
morenas, boas em música, em futebol, outras em matemática, umas mais
tranquilas, outras não param quietas, algumas adoram cantar, jogar xadrez,
outras precisam ficar com a luz acesa para dormir.

Muitos comportamentos que as crianças apresentam são frutos de sua


interação com seus responsáveis, da forma como eles as educam e da
forma com que se relaciona com sua comunidade (praça, play, igreja,
creche, escola, clube, rua, etc).

Durante cada uma das etapas de desenvolvimento surgem dificuldades ou


desafios para as crianças e para quem cuida delas. Por isso é tão
importante saber as etapas do desenvolvimento da criança.

De acordo com cada faixa etária, você pode oferecer inúmeros tipos de
estímulos, dos mais simples aos mais elaborados, que ajudem a enriquecer
as experiências de aprendizagem vivenciadas durante todas as fases do
desenvolvimento cognitivo infantil.

Todas essas etapas do desenvolvimento infantil envolvem aprendizado e


aquisição de conhecimentos indispensáveis para uma vida social plena,
como o domínio da língua materna, a desenvoltura das tarefas mecânicas e
o controle emocional. Esses fatores precisam ser trabalhados com o auxílio
de profissionais qualificados e reforçados com atividades complementares
praticadas em casa.

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As funções executivas são um exemplo de habilidades que devem ser


treinadas com todas as crianças a fim de impulsionar o seu
desenvolvimento e aprimorar traços de personalidade positivos, como a
autonomia e a proatividade. Contudo, outras técnicas podem ser aplicadas
em conjunto para suprir déficits emocionais, sociais e cognitivos.

Dito isso, o educador responsável por uma turma deve saber optar por
metodologias de ensino específicas para cada uma das etapas do
desenvolvimento infantil e adequá-las para o ritmo de aprendizado da
classe como um todo. Além disso, adotar estratégias individuais e
personalizadas para a necessidade da criança é um dos recursos mais
viáveis para driblar as dificuldades e desafios comuns na infância.

De 0 a 1 ano e 6 meses

Durante os primeiros 18 meses de vida, quando a criança está no estágio


sensório-motor, as atividades que trabalham com sensações e movimentos
estimulam bastante o desenvolvimento. Brincadeiras com dança, música e
movimentação corporal são recomendadas neste período.

Além disso, por estar muito ligada aos sentidos, é fundamental que na
primeira das fases do desenvolvimento infantil os responsáveis usem os
sentidos de forma afetiva, olhando nos olhos da criança, falando com ela e,
claro, abraçando e beijando muito!

De 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses

Este é um período de transição entre as duas fases do desenvolvimento


infantil iniciais, o sensório-motor e o pré-operatório. Nesta idade há um
desenvolvimento mais preciso na coordenação motora, tornando jogos de
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para a criança.
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Chegando ao final deste período, perto dos 4 anos de idade, os


responsáveis já conseguem aproveitar a comunicação mais desenvolvida
da criança para instruí-la quanto ao seu comportamento.

De 4 anos a 5 anos e 11 meses

Nesta fase, a forma de interagir e brincar com as outras crianças passa por
uma mudança significativa, tornando-se mais concreta. Nesta etapa tão
importante de socialização, as ações e conversas tornam-se aos poucos
mais lógicas e coerentes.

Ensino Fundamental

A partir dos 6 anos, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a


criança deve estar matriculada em uma escola e pronta para iniciar sua
jornada de estudos no Ensino Fundamental. Isto inclui aprender a fazer
contas básicas e começar o processo de alfabetização.

QUAIS AUTORES FALAM Além da Teoria do


SOBRE AS FASES DO Desenvolvimento
DESENVOLVIMENTO Cognitivo de Jean Piaget, existem
INFANTIL? outros autores que falam sobre
fases do desenvolvimento infantil .
Um dos mais importantes é o psicólogo russo Lev Vygotsky, pioneiro no conceito de
interacionismo, ou seja, a ideia de que o desenvolvimento das crianças é resultado de
suas interações sociais e condições de vida
Esta é uma ideia que hoje é totalmente aceita, de forma que nem questionamos o
que ela quer dizer. Porém, quando Vygotsky desenvolveu sua Teoria
Sociointeracionista, ela foi realmente impactante diante do pensamento vigente na
época: o de que as crianças simplesmente não tinham capacidade cognitiva até certa
idade!
Como você pode ver, ambos os estudiosos abriram as portas para uma revolução
educacional, que até os dias atuais é amplamente utilizada como modelo pedagógico
em milhares de escolas no Brasil e no mundo.
O estudo autodidata aumenta a capacidade de aprendizagem da criança e estimula o
prazer de aprender.

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DO NASCIMENTO AOS 2 ANOS

CARACTERÍSTICAS

• O bebê depende o tempo todo dos adultos.

• O choro é uma das formas que ele tem de comunicar-se.

• Bebês ouvem e são sensíveis à intensidade do som (sons muito altos


podem deixar um bebê irritado).

• Nessa fase, o contato físico é muito importante para o desenvolvimento


do bebê. O colo dá segurança ao bebê.

• Bebês gostam de objetos brilhantes, com contrastes, movimentos, com


cores e que produzem sons (por isso eles gostam de chocalhos e
molhos de chaves).

• Aos 6 meses os bebês começam a imitar os sons da fala (de maneira


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imperfeita, é claro). educomunicação.ead.guru
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• Com 8 meses eles estão aprendendo a coordenar e controlar seus


movimentos. O rosto do adulto chama a atenção.

• Ele ainda não consegue compartilhar seus brinquedos quando está


brincando com outras crianças.

DICAS

• Quando o bebê chorar, tenha paciência e descubra porque ele está


chorando. Veja se ele está com fome, sujo, se sente calor, frio ou dor. Às
vezes ele chora só porque quer estar perto da mãe, do pai ou de outro
cuidador.

• Não deixe o bebê aos cuidados de outra criança, mesmo que seja só por
alguns instantes.

• Fale muito com seu bebê, olho-no-olho! Eles adoram isso e começam a
captar emoções.

• Ao redor dos 8 meses eles mexem os braços para um lado, as pernas


para o outro e puxam nosso cabelo. Eles estão se exercitando, treinando os
movimentos e não têm intenção de machucar.

• O bebê não entende direito o que você fala, mas percebe claramente
quando um adulto fala afetivamente com ele.

• Seja compreensivo(a)! Nessa idade eles não conseguem entender


regras, nem princípios morais.

• As crianças são naturalmente curiosas e aprendem explorando e


manipulando coisas/objetos em seu ambiente. Elas necessitam de
interação social e brincadeiras para aprender a linguagem, desenvolver a
memória e aumentar seu tempo de atenção.
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DOS 2 AOS 4 ANOS

CARACTERÍSTICAS

• A criança começa a manifestar sua vontade e é extremamente curiosa.

• Nessa fase, a exploração dos diferentes espaços e dos objetos é


importante para o desenvolvimento do conhecimento da criança.
Entretanto, é preciso que um adulto esteja sempre junto dela para evitar
acidentes.

• A criança precisa aprender o que pode e não pode fazer. Prepare-se


para dizer “não” repetidas vezes.

• O cérebro está completando sua formação (é interessante lembrar que


quando nascemos o cérebro ainda não está completo).

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• Ela começa a aprender a controlar o xixi e coco, a pedir para ir ao


banheiro e já pode começar o treino ao toalete, abandonando, aos
poucos, as fraldas. A criança já entende várias coisas que se pede a
ela, e pode se recusar a colaborar.

• As crianças aprendem inicialmente por imitação dos adultos e de outras


crianças em sua presença. Como elas desenvolvem a habilidade de
recordar, gradualmente podem imitar ações e eventos que ocorreram no
passado.

• Nesta fase, as crianças necessitam de cuidadores que as ajudem a


manejar seus sentimentos e emoções. Quando o clima emocional na
casa é violento ou abusivo, as crianças têm sérias dificuldades para
aprender a manejar suas emoções. Consequentemente elas podem
sofrer problemas emocionais e psicológicos, tendo dificuldades em
entender os sentimentos dos outros, sendo menos competentes do
ponto de vista social.

DICAS

Evite acidentes. Procure criar um ambiente seguro para as crianças


brincarem. Tire do alcance qualquer objeto perigoso (medicamentos,
produtos de limpeza, coisas que podem quebrar, podem ser engolidas, que
cortem ou com pontas). Cubra as tomadas.

• Também é preciso impedir que as crianças fiquem sozinhas em lugares


tais como: banheiro molhado, perto do fogão, perto de janelas ou na porta
da rua.

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• Se ela está na creche, procure conhecer bem o local e as


professoras/profissionais e esteja presente nas atividades da escola e
do seu filho. Mantenha esses cuidados durante toda a vida escolar.

• Brinque bastante com seu filho, demonstre sentimentos e emoções em


beijos, abraços e palavras. Toda criança precisa se sentir amada e
segura.

• É mais provável que crianças com um vínculo forte e seguro com seus
cuidadores sejam socialmente competentes, populares, menos irritadas
e agressivas com outras crianças. Elas crescem em equilíbrio, tornando-
se seguras com uma rotina previsível e clara.

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Dos 4 aos 6 anos

Características

A criança é muito ativa; fala sozinha; inventa “amigos imaginários”;


colabora com seus pais, professores e espera a aprovação deles.

• Nessa fase ela está testando os limites do que pode e o que não pode
fazer.

• Costuma tocar os genitais e fazer perguntas sobre como nascem os


bebês. Ela começa a querer buscar explicações do mundo – o porquê das
coisas.

• As crianças brincam junto com outras crianças.

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• É comum ver as crianças se definirem como sendo “feias” porque um dia


quebraram um vaso da casa ou que são bonitas porque a mãe assim lhes
disse. Suas conclusões são baseadas em situações bem específicas e com
base no julgamento das outras pessoas.

• Seus pensamentos e opiniões são ainda baseados em aspectos


observáveis de objetos, pessoas e sobre suas primeiras experiências
concretas.

• Com 4 anos elas tentam resolver os conflitos, querem agradar seus


amigos, são capazes de compartilhar coisas e aumentam sua capacidade
de regulação de emoções, mas ainda necessitam de ajuda para expressar
e controlar de forma apropriada seus sentimentos, de acordo com cada
contexto e situação.

• Nesta fase o crescimento do cérebro é quase completo e elas começam a


ver a relação entre causa e efeito, podendo pensar no que vem antes ou
primeiro para antecipar as consequências de suas ações.

DICAS

Explique sempre seus motivos quando disser não.

• Aos 3 anos as explicações devem ser curtas. A criança não vai entender
longas frases.

• Eduque seu filho com brincadeiras. A interação com as pessoas e os


objetos é o que lhe ajudará a conhecer o mundo, por isso é importante que
os pais passem um tempo com seus filhos e lhes proporcionem
brincadeiras e jogos.

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• Quando sair com ele leve algo para distraí-lo, como um brinquedo.

• Responda às perguntas e aos questionamentos da criança, como


perguntas sobre sexo, na medida em que elas surgirem e de forma bem
simples. Ajude seu filho a descobrir o mundo.

• Mostre com ações o que você espera deles, dê exemplos de como se faz.

• Limite o espaço da bagunça, se isso for importante para você.

• A criança deve se sentir compreendida, segura e amada; os pais não


devem fazer tudo o que ela quer, mas mostrar interesse nas coisas que ela
faz. A criança precisa se sentir importante – esse sentimento ela vai levar
até o fim da vida.

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OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

O que seria o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual

▶️O Transtorno do desenvolvimento intelectual (Deficiência Intelectual) é


um transtorno neurobiológico, englobado dentro da categoria dos
transtornos do neurodesenvolvimento.

▶️Caracteriza-se por uma habilidade cognitiva e funcionamento adaptativo


inferior a sua idade cronológica e população. O início dos déficits
intelectuais e adaptativos ocorre durante o período do desenvolvimento.

▶️Frequentemente, apresentam prejuízos escolares, dificuldade no


processo de aprendizagem, convívio social e outros.

▶️Pode ser classificado em leve, moderado, grave e profundo, de acordo


com a necessidade de apoio que precisa em autocuidado, atividades
básicas e práticas da vida diária e funcionamento adaptativo.

▶️ Os níveis de gravidade são definidos com base no funcionamento


adaptativo, e não em escores de QI (quoeficiente de inteligência), uma vez
que é o funcionamento adaptativo que determina o nível de apoio
necessário. Além disso, medidas de QI são menos válidas na extremidade
mais inferior da variação desse coeficiente.

▶️O diagnóstico é clínico e multidisciplinar e é fundamental a realização de


uma avaliação neuropsicológica, feita por um profissional especializado da
psicologia.
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OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

▶️Principais características:

✔️Dificuldade de aprendizagem.

✔️Dificuldade em compreender e executar atividades comuns.

✔️Comportamentos infantilizados.

✔️Prejuízo com autocontrole.

✔️Dificuldade de comunicação, fala, leitura e escrita.

✔️Dificuldade social e relacionamento.

▶️O diagnóstico precoce leva a estimulação precoce, logo proporciona


melhora cognitiva e aquisição de habilidades comportamentais para se
tornarem independentes. Pode ser feito a partir de 30 meses de idade, mas
atrasos dos domínios cognitivos, comunicação, habilidades motoras, social
e relacionamento e funcionamento adaptativo já podem ser percebidos
desde 16 dias de vida.

⚠️Termos como retardo mental e deficiência mental não são mais


utilizados.

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OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

A deficiência intelectual é caracterizada por limitações nas habilidades


mentais gerais. Essas habilidades estão ligadas à inteligência, atividades
que envolvem raciocínio, resolução de problemas e planejamento, entre
outras. A inteligência é avaliada por meio do Quociente de Inteligência (QI)
obtido por testes padronizados. O resultado de uma pessoa com Transtorno
de Desenvolvimento Intelectual nessa avaliação situa-se em 75 ou menos.

Estatística

A prevalência é maior no sexo masculino, tanto nas populações de adultos


quanto de crianças e adolescentes. As taxas variam conforme a renda. A
maior prevalência ocorre em países de baixa e média renda onde as taxas
são quase duas vezes maiores que nos países de alta renda.

Deficiência Intelectual – Principais Sintomas

Caracteriza-se por importantes limitações, tanto no funcionamento


intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso nas habilidades
conceituais, sociais e práticas. Indivíduos com Deficiência Intelectual
apresentam funcionamento intelectual significativamente inferior à média.
Possuem limitações significativas em pelo menos duas das seguintes áreas
de habilidades:

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• Aprendizagem e autogestão em situações da vida, como cuidados
pessoais, responsabilidades profissionais, controle do dinheiro,
recreação, controle do próprio comportamento e organização em tarefas
escolares e profissionais;

• Comunicação;

• Habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, matemática, raciocínio,


conhecimento, memória;

• Habilidades sociais/interpessoais (habilidades ligadas à consciência das


experiências alheias, empatia, habilidades com amizades, julgamento
social e autorregulação).

A pessoa com Deficiência Intelectual tem dificuldade para aprender,


entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas
vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que
realmente tem.

Tratamento da deficiência intelectual

A deficiência intelectual não é uma doença, e sim uma limitação. A pessoa


com Deficiência Intelectual deve receber acompanhamento médico e
estímulos, através de trabalhos terapêuticos com psicólogos,
fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

As limitações podem ser superadas por meio da estimulação sistemática do


desenvolvimento, adequações em situações pessoais, escolares,
profissionais e sociais, além de oportunidades de inclusão social.

Instituições como a APAE (realizam trabalhos eficientes no sentido de


promover o diagnóstico, a prevenção e a inclusão da pessoa com
Deficiência Intelectual.
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Prevenção

A chance de uma criança desenvolver Deficiência Intelectual depende de


diversos fatores relacionados à genética, acompanhamento da gestação,
saúde da mãe durante a gravidez, ambiente familiar saudável na infância e
adolescência, entre outros.

Alguns cuidados devem ser tomados, para evitar ou minimizar as


consequências da Deficiência Intelectual na vida da pessoa:

• Procurar aconselhamento genético, antes de engravidar, quando houver


casos de deficiência intelectual na família, casamentos entre parentes
ou idade materna avançada (maior que 35 anos).

• Fazer um acompanhamento pré-natal adequado para investigar


possíveis infecções ou problemas maternos que podem ser tratados
antes que ocorram danos ao feto.

• Manter uma alimentação saudável durante a gestação e evitar uso de


bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas.

• Realizar o Teste do Pezinho – que é obrigatório no Brasil – assim que o


bebê nascer. Esse teste é a maneira mais efetiva de detectar a
fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito, que se não forem
devidamente tratados podem levar à Deficiência Intelectual.

• Seguir recomendações de vacinas.

• Oferecer ao bebê alimentação adequada e ambiente familiar saudável e


estimulador, além de cuidados para tentar evitar acidentes na infância.

• Procurar um médico caso note algum problema no desenvolvimento


e/ou crescimento da criança.

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Níveis de prevenção da deficiência intelectual

Podem ser distinguidos três níveis de prevenção:

➢ Primário, que se refere a um conjunto de abordagens que reduzem ou


eliminam o risco de ocorrência da Deficiência Intelectual;

➢ Secundário, que visa o diagnóstico e tratamento precoces;

➢ Terciário, que procura limitar a deficiência

O papel do psicólogo

Um psicólogo especializado em transtornos de desenvolvimento e/ou


neuropsicologia pode ser muito importante para o desenvolvimento da
criança. A atuação do psicólogo deve ser pautada na avaliação do meio
ambiente no qual a pessoa vive e nas condições adaptativas da mesma de
modo a prover uma intervenção em acordo com as demandas do paciente.

O trabalho do primeiramente englobar uma avaliação para fins


educacionais, programas de habilidades sociais, planejamento de ensino,
orientação e planejamento de atividades de vida diária, treinamento com
profissionais, bem como abordagem a temas específicos como sexualidade
e comportamento adaptativo.

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O que é que significa CID?

CID significa classificação internacional de doenças. É um


sistema de códigos, criado pela OMS, utilizado no mundo todo
para padronizar a linguagem entre os médicos, além de
monitorar a incidência e a prevalência de cada doença.

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TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO

TRANSTORNO DA LINGUAGEM
CID F80.2

CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS

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CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS QUE APOIAM O TRANSTORNO


DIAGNÓSTICO

DESENVOLVIMENTO E CURSO

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FATORES DE RISCO E PROGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

COMOBIRDADE

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TRANSTORNO DA FALA

CID F80.0

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TRANSTORNO DA FALA

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TRANSTORNO DA FLUÊNCIA COM INICIO NA INFÂNCIA


(GAGUEIRA)
CID F80.81

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TRANSTORNO DA FLUÊNCIA COM INICIO NA INFÂNCIA


(GAGUEIRA)

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TRANSTORNO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL (PRÁGMATICA)

CID F80.89

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TRANSTORNO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL (PRÁGMATICA)

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TRANSTORNO DA COMUNICAÇÃO NÃO ESPECIFICADO 307.9 F80.9

CID F80.9

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📌Marcos do desenvolvimento da fala: o que você precisa saber?

▶️Cada criança NÃO tem seu tempo. Atrasos de fala/linguagem podem


ser muitos transtornos que comprometem o desenvolvimento infantil.

✳️Os marcos do desenvolvimento da fala infantil são bem definidos e


precisam ser alcançados no tempo adequado. Se não forem atingidos,
deve-se iniciar imediatamente a intervenção e NUNCA esperar.
Intervenção precoce melhora o prognóstico em TODOS os casos.

🤔Mas, afinal, o que esperar em cada fase da criança?


🗣2 meses: inicia-se os primeiros balbucios.
🗣6 meses: uso de vogais de forma repetitiva, durante os balbucios
(a/e/i/o/u). É a fase da vocalização.
🗣9 meses: repete sílabas, como “mamama”, “papapa”, “dadada”. É a
fase da lalação.
🗣12 meses: inicia-se as primeiras palavras funcionais, geralmente
“mama” e “papa”, mas, dependendo da entonação, pode mudar o
significado (“mama” pode ser mamãe ou mamá). Fala mama e papa
específico para mamãe e papai.
🗣18 meses: já fala ao redor de 20 palavras funcionais; aponta, com o
dedo indicador, o objeto desejado, com função de fazer pedido; segue
instruções simples.
🗣24 meses: já fala mais de 200 palavras; usa, pelo menos, 10 verbos;
utiliza frases de duas e até 3 palavras; segue instruções de duas ou mais
etapas.
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🗣3 anos: grande ampliação de vocabulário (ao redor de 800 palavras);


canta músicas; repete pedaços de histórias; sabe usar preposição;
produz frases mais completas (4 a 5 palavras).
🗣Aos 4 anos: comunicação, praticamente, igual a de um adulto (usa
frases com tempo verbal adequado, sabe diferenciar masculino e
feminino, usar plural correto, tem noção de espaço/tamanho/posição,
narra fatos ocorridos), mas ainda pode ter alguma troca de R/L ou algum
outro fonema.
🗣Aos 5 anos: comunicação perfeita, respeitando turnos e sendo capaz
de se envolver num diálogo de forma adequada.

⚠️Lembre-se: Em TODO atraso de fala/linguagem deve ser feita uma


avaliação auditiva padronizada.

📚Referências: Aprenda os Sinais. Aja cedo. Sociedade Brasileira de


Neurologia Infantil (SBNi). 2019.

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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do


neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico,
manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação
social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo
apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser
percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico
estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. A prevalência é maior no
sexo masculino.
A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno de
TEA e encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio
educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores
resultados a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.
Ressalta-se que o tratamento oportuno com estimulação precoce deve
ser preconizado em qualquer caso de suspeita de TEA ou
desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação
diagnóstica.
A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece
desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa
única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação
entre esses fatores parecem estar relacionadas ao TEA, porém é
importante ressaltar que “risco aumentado” não é o mesmo que causa
fatores de risco ambientais.

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Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em


pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores
pareça ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a
exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico,
uso de substâncias (como ácido valpróico) durante a gestação,
prematuridade (com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo
peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas, infecção materna
durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores
contribuintes para o desenvolvimento do TEA.

Atenção: vacinas não são fatores de


risco para o desenvolvimento do TEA.

Fatores de risco para um componente genético


Evidências indicam influência de alterações genéticas com forte
herdabilidade, mas trata-se de um distúrbio geneticamente heterogêneo
que produz heterogeneidade fenotípica (características físicas e
comportamentais diferentes, tanto em manifestação como em gravidade).
Apesar de alguns genes e algumas alterações estarem sendo estudadas,
vale ressaltar que não há nenhum biomarcador específico para TEA.
Diagnóstico
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das
observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de
instrumentos específicos. Instrumentos de vigilância do desenvolvimento
infantil são sensíveis para detecção de alterações sugestivas de TEA,
devendo ser devidamente aplicados durante as consultas de puericultura
na Atenção Primária à Saúde.

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O relato/queixa da família acerca de alterações no desenvolvimento ou
comportamento da criança tem correlação positiva com confirmação
diagnóstica posterior, por isso, valorizar o relato/queixa da família é
fundamental durante o atendimento da criança.
Manifestações agudas podem ocorrer e, frequentemente, o que
conseguimos observar são sintomas de agitação e/ou agressividade,
podendo haver auto ou heteroagressividade. Estas manifestações
ocorrem por diversos motivos, como dificuldade em comunicar algo que
gostaria, alguma dor, algum incômodo sensorial, entre outros. Nestes
momentos é fundamental tentar compreender o motivo dos
comportamentos que estamos observando, para então propor estratégias
que possam ser efetivas. Dentre os procedimentos possíveis temos:
estratégias comportamentais de modificação do comportamento, uso de
comunicação suplementar e/ou alternativa como apoio para
compreensão/ expressão, estratégias sensoriais, e também
procedimentos mais invasivos, como contenção física e mecânica,
medicações e, em algumas situações, intervenções em unidades de
urgência / emergência
Paciente, familiar ou cuidador
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é resultado de alterações físicas
e funcionais do cérebro e está relacionado ao desenvolvimento motor, da
linguagem e comportamental.
O TEA afeta o comportamento da criança. Os primeiros sinais podem ser
notados em bebês nos primeiros meses de vida. No geral, uma criança
com transtorno do espectro autista pode apresentar os seguintes sinais:
•Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual,
identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos,
expressar as próprias emoções e fazer amigos
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•Dificuldade na comunicação, caracterizado por uso repetitivo da
linguagem e dificuldade para iniciar e manter um diálogo
•Alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a
rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas específicas e
dificuldade de imaginação
Se você acha que seu filho (ou a criança pela qual você é
responsável) não está se desenvolvendo conforme os marcos
apresentados na caderneta da criança, procure um profissional de
saúde da Atenção Primária à Saúde (Posto ou Unidade Básica).
É neste local que deve ser feita a avaliação inicial e definição da
necessidade de encaminhamento para um especialista.
Embora ainda não tenha cura, o TEA pode ser tratado de inúmeras
formas. Com o apoio de uma equipe multidisciplinar (diferentes
profissionais), a criança pode desenvolver formas de se comunicar
socialmente e de ter maior estabilidade emocional.
Nenhuma criança com TEA pode ser discriminada em função de suas
dificuldades ou impedida de frequentar qualquer lugar público.

Atenção: Nenhuma criança pode ser


excluída da escola!

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Conheça

Instrumentos de uso livre para rastreamento/triagem e


classificação de Transtorno do Espectro do Autismo

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado


um transtorno do neurodesenvolvimento, passível de
identificação já nos primeiros anos de vida da criança, por
meio de entrevista com os pais, de comportamentos
observados e de instrumentos de avaliação.
Você sabe quais são os instrumentos utilizados para
identificar problemas ou níveis de desenvolvimento infantil?
A partir das informações coletadas, como classificar o nível
de transtorno de desenvolvimento?
Conheça, os instrumentos de uso livre para a
realização do rastreamento/triagem de indicadores de
desenvolvimento infantil e dos TEA, assim como o processo
de classificação do TEA pelo CID-10 e CIF.

O uso de escalas e instrumentos de triagem


padronizados ajuda a identificar problemas específicos,
sendo muito importante para o rastreamento e a triagem
de casos suspeitos, mas não essencial para a avaliação
neurológica. A partir da identificação dos sinais de
alerta, podem ser iniciadas a intervenção e o
monitoramento dos sinais e sintomas ao longo do
tempo.

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ATENÇÃO: De acordo com a área de intervenção, existem diferentes escalas


para avaliar o desenvolvimento infantil. Os instrumentos de rastreio são
recomendados quando há suspeita de TEA, contudo, em linhas gerais, não são
suficientes para definição do diagnóstico, sendo necessário que a criança passe
por uma avaliação. No caso dos transtornos do espectro do autismo,
recomenda-se que seja realizado diagnóstico diferencial.

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CLASSIFICAÇÃO DOS TEA NOS SISTEMAS CLASSIFICATÓRIOS


ADOTADOS NO BRASIL
No Brasil, em relação ao diagnóstico e à classificação das doenças, é
utilizada a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde, mais conhecida pela sigla CID, que
está na sua décima versão de publicação (CID-10).

Nessa mesma classificação estão elencados problemas no


desenvolvimento de fala e linguagem (F-80), no desenvolvimento das
habilidades escolares (F-81) e no desenvolvimento motor (F-82), que
compõem uma classificação geral dos problemas do desenvolvimento.
Cabe destacar que, conforme o DSMV, o termo adotado agora é
Transtorno do Espectro do Autismo. Excluindo-se do espectro a
Síndrome de Rett pelas características singulares dos pontos de vista
clínico, genético e comportamental.
Nessa mesma classificação estão elencados problemas no
desenvolvimento de fala e linguagem (F-80), no desenvolvimento das
habilidades escolares (F-81) e no desenvolvimento motor (F-82), que
compõem uma classificação geral dos problemas do desenvolvimento.
Cabe destacar que, conforme o DSMV, o termo adotado agora é
Transtorno do Espectro do Autismo. Excluindo-se do espectro a
Síndrome de Rett pelas características singulares dos pontos de vista
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clínico, genético e comportamental.
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No Brasil, também é adotada a Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), proposta pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Diferentemente de outras, essa classificação
apresenta um foco na funcionalidade dos sujeitos, nas capacidades e nas
potencialidades dos sujeitos avaliados. A CIF tem, também, o objetivo de
uniformizar informações a respeito de um mesmo sujeito para que
diferentes profissionais padronizem relatórios e estes sejam utilizados em
diferentes áreas, como: saúde, educação e previdência social.

A CIF surgiu pela necessidade de se avaliar questões que a


Classificação Internacional de Doenças (CID) não
contemplava, trazendo uma visão biopsicossocial que o
modelo médico anterior não abarcava, passando a se
preocupar com questões da vida dos indivíduos que devem
passar pela avaliação de profissionais de diferentes áreas.

A CIF tem, também, o objetivo de uniformizar informações a respeito de


um mesmo sujeito para que diferentes profissionais padronizem relatórios
e estes sejam utilizados em diferentes áreas, como: saúde, educação e
previdência social.
O modelo multidimensional da CIF introduz uma nova forma de se pensar
a deficiência e/ou os transtornos do desenvolvimento à luz da
funcionalidade, visando à avaliação de condições ambientais, estruturas
físicas, aspectos externos, além da participação desse indivíduo no
contexto social em que ele está inserido. A figura abaixo ilustra a
estrutura da CIF³:

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TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE –


TDAH

É um transtorno neurobiológico de causas genéticas, caracterizado por


sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Aparece na
infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida.

Sintomas em crianças e adolescentes:


Agitação, inquietação, movimentação pelo ambiente, mexem mãos e pés,
mexem em vários objetos, não conseguem ficar quietas (sentadas numa
cadeira, por exemplo), falam muito, têm dificuldade de permanecer
atentos em atividades longas, repetitivas ou que não lhes sejam
interessantes, são facilmente distraídas por estímulos do ambiente ou se
distraem com seus próprios pensamentos. O esquecimento é uma das
principais queixas dos pais, pois as crianças “esquecem” o material
escolar, os recados, o que estudaram para a prova. A impulsividade é
também um sintoma comum e apresenta-se em situações como: não
conseguir esperar sua vez, não ler a pergunta até o final e responder,
interromper os outros, agir sem pensar. Apresentam com frequência
dificuldade em se organizar e planejar o que precisam fazer. Seu
desempenho escolar parece inferior ao esperado para a sua capacidade
intelectual, embora seja comum que os problemas escolares estejam
mais ligados ao comportamento do que ao rendimento. Meninas têm
menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas são igualmente
desatentas.

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Sintomas em adultos:
Acredita-se que em torno de 60% das crianças e adolescentes com
TDAH entrarão na vida adulta com alguns dos sintomas de desatenção e
hiperatividade/impulsividade, porém em menor número. Os adultos
costumam ter dificuldade em organizar e planejar atividades do dia a dia,
principalmente determinar o que é mais importante ou o que fazer
primeiro dentre várias coisas que tiver para fazer. Estressa-se muito ao
assumir diversos compromissos e não saber por qual começar. Com
medo de não conseguir dar conta de tudo acabam deixando trabalhos
incompletos ou interrompem o que estão fazendo e começam outra
atividade, esquecendo-se de voltar ao que começaram anteriormente.
Sentem grande dificuldade para realizar suas tarefas sozinhos e precisam
ser lembrados pelos outros, o que pode causar muitos problemas no
trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos com outras pessoas.
Os instrumentos que comumente utilizados no diagnóstico do TDAH são:
a entrevista, as escalas Weschler (WISC-III ou WAIS III), as técnicas
grafo-projetivas, o Bender, Escala Benzick, os critérios do DSM IV e em
alguns casos a lista de REY.

Tratamento:
O TDAH deve ser tratado de modo múltiplo, combinando medicamentos,
psicoterapia e fonoaudiologia (quando houver também transtornos de fala
e ou de escrita); orientação aos pais e professores e ensino de técnicas
específicas para o paciente compõem o tratamento.

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TDAH: como educadores e pais ajudam na identificação e no tratamento?


Pais e professores são muito importantes tanto para a identificação do
transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) quanto para o
tratamento. Eles ajudam fornecendo informações valiosas para que os
especialistas possam chegar ao diagnóstico e também na fase do
tratamento, pois crianças e adolescentes apresentam comportamentos
distintos em casa e na escola. Então, continue a leitura para saber
exatamente como os pais e os professores podem ajudar as crianças e
os adolescentes com TDAH.
Qual o impacto na vida de crianças e adolescentes?
Antes de saber mais sobre o papel de pais e professores em relação ao
TDAH, é preciso entender como ele impacta na vida das crianças e dos
adolescentes. Por ser uma condição neurobiológica que interfere na
capacidade de manter a atenção e o foco, além de provocar inquietação e
impulsividade, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade afeta
a aprendizagem, os relacionamentos e, mais tarde, o trabalho.
Veja os sinais mais comuns de TDAH:
• Falta de persistência em atividades;
• Falta de atenção;
• Falta de concentração;
• Estar “no mundo da lua”;
• Dificuldade em terminar atividades;
• Agitação excessiva;
• Desorganização;
• Imprudência;

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• Dispersão;
• Constante movimento de mãos e pés.
Muitos desses sinais podem ser facilmente confundidos com
comportamentos normais da idade. Inclusive, apresentar um ou mais
deles não quer dizer que a pessoa tem TDAH. Porém, quando eles são
mais intensos e recorrentes do que o esperado, podem ser sinais de
alerta e é muito importante que os pais e os educadores estejam atentos,
pois isso pode acelerar o processo de identificação e tratamento do
transtorno, contribuindo para o bom desenvolvimento das crianças e
adolescentes.
Como alguns dos comportamentos provocados pelo TDAH podem
parecer indisciplina, há uma chance grande do aluno acabar recebendo o
rótulo de “problemático”. Isso pode dificultar na criação de laços de
amizade na escola e também existe o risco de ele ser ignorados por
professores que, sem paciência, o veem como caso perdido e que não
merece a dedicação deles.
Como pais, familiares e professores podem ajudar no diagnóstico do
TDAH?
Como não existem exames laboratoriais e de imagem que ajudem no
diagnóstico do TDAH, ele é feito com base nos sinais e sintomas. Por
isso, é fundamental que o médico tenha uma visão de como é o
comportamento do paciente em diferentes ambientes. Nesse sentido,
educadores e familiares são uma excelente fonte de informação. Mas,
para isso, devem ficar atentos a possíveis sinais do transtorno do déficit
de atenção com hiperatividade.

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Exemplos do que educadores devem ficar atentos na escola:


• Aluno com dificuldade em se organizar ou se planejar para atividades
de aprendizado;
• Quem esquece regularmente do dever de casa;
• Quem não lê as perguntas até o fim antes de responder;
• Quem fala muito durante as lições, não parar quieto na cadeira e ficar
distraído nos próprios pensamentos.
• Exemplos do que pais ou responsáveis devem ficar atentos no dia a
dia:
• Indícios de impulsividade, como quando a criança não consegue
esperar sua vez para brincar ou receber algum objeto;
• Se a criança ou adolescente interrompe outras pessoas durante
conversas com muita frequência;
• Esquecer quase sempre o material escolar ou outros recados da
direção da escola e de professores.
Se você é professor ou pai e observa esses comportamentos em alguma
criança, é importante procurar um médico para que a criança ou o
adolescente passe por uma avaliação – que pode envolver diferentes
especialistas, como pediatra, psiquiatra e neurologista. E, no caso de o
diagnóstico ser positivo, seja elaborado um plano de tratamento.
O médico responsável por conduzir o processo de diagnóstico vai
combinar os relatos de professores e pais, além das conversas
diretamente com a criança ou o adolescente, para avaliar se o paciente
cumpre todos os critérios clínicos para TDAH. A identificação do
transtorno, porém, não deve ser vista como uma sentença, pois há
formas de tratar a condição e de melhorar a qualidade de vida da pessoa.
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• Seguir tratamento medicamentoso sempre conforme instrução


médica;
• Manter o auxílio dos profissionais da saúde (equipe multidisciplinar),
caso seja parte do tratamento e acompanhamento.
Como pais, familiares e professores podem ajudar no tratamento do
TDAH?
O tratamento do transtorno de atenção e hiperatividade não tem uma
solução única. É feito por uma combinação de estratégias como
medicamentos, psicoterapia e, em alguns casos, fonoaudiologia. Além de
se familiarizarem com tudo o que envolve o tratamento, pais e
professores treinados em estratégias comportamentais podem ajudar a
criança ou o adolescente a lidar com o TDAH.
Os pais, em especial, podem participar da terapia de gerenciamento de
comportamento e aprender estratégias para gerenciar o autocontrole, a
impulsividade e o comportamento do paciente.
Na rotina, algumas ações podem ser colocadas em prática:
Pais e familiares:
• Evitar repreender a criança por comportamentos característicos de
TDAH;
• Agir sempre da mesma forma, independente das oscilações de humor
e comportamentos da criança;
• Reconhecer e recompensar o progresso escolar;
• Usar um quadro de lembretes e/ou cronograma para organizar o dia a
dia. Para chamar mais atenção e ser mais colorido e divertido, use
post it;

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• Anotar compromissos importantes da criança com TDAH, como datas


de prova, passeios e atividades em uma agenda;
• Evitar barulhos externos enquanto a criança estuda, para não
atrapalhar a concentração;
Educadores:
• Orientar os alunos de forma clara e objetiva;
• Colocar a criança com TDAH para sentar mais próxima da lousa,
longe de porta e janelas, para que não se distraia facilmente;
• Fazer anotações em provas para que o aluno entenda os erros e
acertos;
• Evitar instruções muito longas em atividades e provas;
• Pedir que o aluno com TDAH repita as instruções, mas sempre
evitando a exposição negativa diante dos outros alunos;
• Caso o aluno se comporte de forma negativa, conversar
constantemente com ele, explicando os prejuízos que as atitudes
causam para ele e demais colegas.
• Como existem períodos decisivos para o desenvolvimento e formação
da pessoa, é preciso que pais e professores conheçam as
características do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
e entendam o papel que cada um deles tem no diagnóstico,
tratamento e convívio.

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O TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM

Segundo o DMS-5, está relacionado a dificuldade de aprendizagem ou de


outras habilidades que podem ser desenvolvidas no meio acadêmico. As
dificuldades podem aparecer em um ou mais campos. Como na leitura,
escrita e cálculos matemáticos.
Características:

Etiologia
Sua etiologia ainda é discutível, levanta-se a possibilidade de sua causa
estar relacionada a origem genética, porém, mesmo com maior
tendência hereditária, podem ser levantados outros fatores que podem
interferir no desenvolvimento e desempenho dessas habilidades, como
fatores ambientais, sendo eles, ocorrência durante o parto por exemplo,
ou disfunções neurológicas.

Prevalência
A ocorrência do transtorno específico da aprendizagem varia entre
adultos e crianças , mas permanece entre 4 a 15%, estando
prevalentemente presente entre crianças em idade escolar. O prejuízo
pode ser observado nos domínios acadêmicos da leitura, escrita e
matemática.

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Dificuldade de Aprendizagem ou Transtorno Específico da Aprendizagem?
O desempenho escolar depende e se correlaciona com diferentes
questões, como aspectos emocionais, físicos, e também de relações.
Quando são observados comprometimentos ambientais, como
metodologias de ensino, dinâmica familiar ou ambientes pouco
estimuladores, podem ser observadas as dificuldade escolares, que
independem de questões neurobiológicas do indivíduo, mas sim de fatores
externos. O Transtorno específico da aprendizagem é caracterizado pela
interferência direta de aspectos intrínsecos ao indivíduos, ou seja, depende
de alterações neurobiológicas, que podem estar relacionadas a
hereditariedade ou disfunções neuronais.

Habilidades acadêmicas alteradas

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DISLEXIA

A dislexia ou Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na


leitura, é caracterizada pela dificuldades em ler, interpretar e escrever.
Essa persistente comprometimento é relacionado a decodificar, ler
isoladamente as palavras e relaciona-las.
Existem diferentes classificações quanto aos impactos relacionados a
dislexia, como por exemplo, aqui está sendo considerada a definição
proposta e baseada nos critérios diagnóstico do DSM-5 que inclui a
dislexia como um transtorno específico da aprendizagem, tendo como
característica o prejuízo na leitura, na velocidade de reconhecimento de
palavras e no processo de decodificação, que pode ser relacionado ou não
a dificuldade de compreensão.

As palavras DIS – LEXIA, vem do grego com o significado de


dificuldade com as palavras
Dislexia do desenvolvimento (Congênita e inerente ao indivíduo)
A Dislexia do desenvolvimento (Congênita e inerente ao indivíduo) é um
distúrbio da linguagem, de base neurobiológica, que representa
dificuldades na aprendizagem da leitura, soletração e de escrita, além
de se ter a possibilidade de alterações relacionadas concentração,
memória de curto prazo, organização e com o sequenciamento de
] informações.

Como é caracterizada a dislexia?


“É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de
palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades
resultam tipicamente de um défice na componente fonológica da linguagem
que é frequentemente imprevisto em relação a outras capacidades
cognitivas e às condições educativas.
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Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora,


experiência de leitura reduzida que podem impedir o desenvolvimento do
vocabulário e dos conhecimentos gerais." (Associação Internacional de
Dislexia, 2003, cit. por Teles, 2009).

Caracterização da dislexia
Na expressão oral, podem ser
encontradas dificuldades em selecionar
as palavras adequadas para comunicar,
isso ocorre tanto na linguagem escrita
como oral, ademais, apresentam
vocabulário pobre e pouco expansivo.
Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora,
experiência de leitura reduzida que podem impedir o desenvolvimento do
vocabulário e dos conhecimentos gerais." (Associação Internacional de
Dislexia, 2003, cit. por Teles, 2009).
Na leitura/escrita, geralmente utilizam-se de uma leitura lenta e silabada.

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Para a realização de leitura silenciosas, precisam algumas vezes do apoio


articulatório dos lábios, além de perderem a linha de leitura e terem
dificuldades na compreensão e interpretação de textos
Ao nível da consciência fonológica, revelam grandes dificuldades, isto é,
na tomada de consciência de que as palavras
faladas e escritas são constituídas por fonemas; -
confundem/invertem/substituem letras, sílabas ou palavras; – na escrita
espontânea (composições/redações) mostram severas complicações
(dificuldades na composição e organização de ideias).
Crianças com dislexia possuem maior comprometimento e dificuldade em
aprender, analisar e interpretar as unidades fonológicas, que são as
sílabas, rimas e fonemas, os quais compõem nossa linguagem verbal. Por
essas dificuldades, são encontrados maiores obstáculos ao identificar e
mapear os grafemas que formam as palavras.
Por consequência, maiores são as dificuldades para realizar as relações
grafema fonema, que compromete o sistema de decodificação e conversão
para as palavras, que por sua vez compromete a compreensão de frases e
textos.

Crianças que possuem dislexia, passam por


dificuldades em relação a autoestima e ou
confiança, uma vez que passam a minimizar
suas participações e interações em sala de
aula, ou até mesmo em seu cotidiano, por
sentir-se inferior a seus colegas. Por isso, o
diagnóstico desse quadro deve ser realizado
com uma equipe interdisciplinar e também
acompanhamento psicológico, uma vez que
diferentes impactos podem ser ocasionados
por essa condição.

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Comorbidades
A Dislexia pode coexistir ou ser confundida com outros transtornos
do neurodesenvolvimento, que também são listados no DSM-5,
como por exemplo:
Distúrbio Específico de Linguagem (DEL): Distúrbio relacionado ao
comprometimento da aquisição e do desenvolvimento da linguagem
oral, podendo comprometer outras habilidades acadêmicas;
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH):
caracterizado principalmente pelas alterações comportamentais,
além de outros comprometimentos em relação ao desenvolvimento
da linguagem oral;
Discalculia: dificuldade persistente na execução e interpretação de
cálculos matemáticos;
Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC)

A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem, de origem


neurobiológica, que se caracteriza por dificuldades na precisão e na
fluência da leitura de palavras e por prejuízo nas habilidades de
decodificação e escrita. A origem neurobiológica do transtorno significa que
a Dislexia surge durante o desenvolvimento da criança e não tem relação
com fatores externos. Geralmente, essas dificuldades são resultados de
um prejuízo no componente fonológico da linguagem, ou seja, seu filho
apresenta problemas em relacionar os sons, sílabas e letras. Essas
alterações são inesperadas em relação às outras habilidades cognitivas e
ao acesso à instrução escolar adequada. Algumas consequências que
podem surgir com a Dislexia são dificuldades no entendimento de leitura e
pouco envolvimento com a escrita, interferindo no entendimento da leitura
e, por consequência, pouco envolvimento na escrita por parte da criança.

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Causas da dislexia
Existe muita dúvida acerca das causas que levam à dislexia. Meu filho
pode adquirir a Dislexia por uma má instrução do professor? É algo que se
adquire em decorrência de alguma doença tida na infância?
A resposta para todos esses questionamentos acima é não.
A dislexia é uma alteração neurobiológica que se caracteriza por um
rendimento inferior ao esperado para a idade, nível socioeconômico e
instrução escolar, e afeta os processos de decodificação e compreensão
da leitura, ou seja, essa criança tem todas as condições para aprender a ler
e mesmo assim não aprende, apesar de ter um nível de inteligência. Essa
disfunção ocorre no Sistema Nervoso Central, ou seja, ocorre uma falha na
aquisição, processamento e armazenamento das informações. Áreas e
circuitos neuronais específicos são envolvidos em determinado momento
desse desenvolvimento.

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Além disso, existe um forte componente hereditário e genético no


aparecimento do transtorno. Assim, podemos perceber que as causas da
dislexia são puramente orgânicas e neurológicas; dessa forma, não existe
a possibilidade da criança adquirir o transtorno em decorrência de um fator
externo. Vale ressaltar, também, que tais alterações do Sistema Nervoso
Central não comprometem a inteligência e as demais habilidades
intelectuais do jovem.

Manifestações da dislexia
Agora que definimos o que é a dislexia e esclarecemos suas causas e
surgimento, vamos entrar num assunto que gera muita dúvida entre os
pais: “como esse transtorno se manifesta no meu filho? Quais são os
sintomas que ele apresenta que podem indicar um quadro de dislexia?”
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A dislexia é um distúrbio que se manifesta por um conjunto de alterações


evidenciadas na aprendizagem da leitura e da escrita. Vale ressaltar que,
quanto mais cedo feito o diagnóstico, mais sucesso a criança vai ter nas
suas habilidades de linguagem escrita. Por isso, é fundamental reconhecer
precocemente as manifestações. Seus sinais de risco são:
• Atraso na aquisição de linguagem e/ou transtorno fonológico: a criança
começa a falar tardiamente ao esperado e/ou apresenta alterações na
fala que não são típicas para sua idade;
• Dificuldades no processamento fonológico: a criança possui
dificuldades na segmentação das sílabas, rimas e brincadeiras que
envolvem os sons da fala; sua memória de curto prazo é improdutiva e,
além disso, ela possui um vocabulário bastante restrito, não
conseguindo buscar rapidamente a palavra exata para o fluxo do
diálogo;
• Dificuldade em decodificar sons e letras: a criança não consegue olhar
para uma palavra e reconhecê-la a partir do contato visual direto; até
com palavras que são consideradas de alta frequência ou seja que tem
contato no dia a dia, como seu nome, rótulos de produtos (ex.: Danone,
Nescau, etc)
• Pela dificuldade em decodificar sons e letras, ela se desinteressa por
atividades que envolvem leitura;
• Aprendizagem afetada, ou seja, a criança pode relatar que não
consegue ler e entender um texto de alguma disciplina e, por isso, seu
rendimento fica abaixo da média.

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Podemos ter crianças que apresentam tais dificuldades e sinais, mas que
não tem Dislexia, portanto iremos diferenciar detalhadamente as diferenças
entre a dislexia e as dificuldades escolares, pois esses são dois conceitos
facilmente confundidos!
É importante que a família e a escola estejam atentas para essas
manifestações, assim a criança pode passar por uma avaliação específica
e receber um diagnóstico preciso, propiciando uma melhor qualidade de
vida e maior inserção social. Embora esse diagnóstico não possa ser dado
por um único profissional e exija uma equipe interdisciplinar, é fundamental
buscar uma avaliação fonoaudiológica o mais rápido possível, pois esse
profissional é apto para realizar a avaliação da linguagem oral e escrita e
os aspectos subjacentes à aprendizagem e pode realizar
encaminhamentos específicos. Além disso, o fonoaudiólogo identifica
pontos chaves que indicam o quadro de Dislexia e é parte essencial da
equipe de tratamento.

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Diferença entre dislexia e dificuldade escolar


É muito comum que, antes do diagnóstico, a Dislexia seja confundida com
uma dificuldade escolar da criança, visto que os maiores impactos do
transtorno se dão, justamente, no período de aprendizagem. Porém, é
possível diferenciar a Dislexia da Dificuldade Escolar, levando em conta
alguns aspectos que podem, inclusive, auxiliar o profissional no processo
de diagnóstico diferencial.
O desempenho escolar de uma criança depende de diferentes fatores,
como as características da escola, da família (nível de escolaridade dos
pais, presença e interação dos pais com a escola e tarefas trazidas) e,
também, da própria criança.

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Então, quando um aluno apresenta dificuldade de aprendizagem, podemos


pensar em vários motivos associados que estão levando a esse baixo
rendimento. Porém, diferentemente da Dislexia, a dificuldade escolar não
possui como causa uma alteração neurobiológica, ou seja, seu Sistema
Nervoso Central não possui uma disfunção, diferentemente do que
acontece na Dislexia, que é um transtorno específico de aprendizagem,
com etiologia orgânica, como explorado nos tópicos anteriores. Além disso,
nas dificuldades escolares encontramos, aquelas crianças que não se
adaptaram ao método da escola, devido às muitas trocas de professores
e/ou escola, problemas emocionais durante o processo de alfabetização,
etc. Ou seja, as dificuldades são extrínsecas a criança. Por isso, as
manifestações nas crianças com Dificuldade Escolar serão menos severas
e elas responderão melhor e mais rapidamente à intervenção proposta por
meio de pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e apoio da família e da
escola.

Verdades e Mitos sobre a dislexia

Quando se fala em Dislexia, muitas são as ideias existentes sobre esse


assunto, com a presença, inclusive, de muitos pensamentos equivocados e
que precisam ser explicados para que a sociedade consiga entender mais
a respeito desse tema e assim, lidar de maneira mais eficiente com as
crianças que possuem o transtorno. Por isso, destinamos esse último
tópico da sessão voltada para pais de crianças com Dislexia para
desmistificar alguns conceitos e ajudá-los a encarar o diagnóstico do seu
filho de forma mais leve e esclarecida.
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• O tratamento é feito com remédios


MITO: Não existem remédios para a Dislexia, pois a mesma não se trata
de uma doença e, sim, de um transtorno específico de aprendizagem que
afeta o processamento fonológico, que ocorre em áreas cerebrais, afetando
o processo de leitura e escrita. Dessa forma, o tratamento da Dislexia
consiste em adaptações pedagógicas e atendimento especializado, com
foco em terapias para estimular essas habilidades e necessita de atenção
multidisciplinar de profissionais da saúde e educação.
• Dislexia é falta de inteligência
MITO: A maioria das crianças com Dislexia têm inteligência igual ou
superior à média. Além disso, estudos revelam que essas crianças usam
quase cinco vezes mais a área cerebral do que as pessoas sem o
transtorno, enquanto realizam uma tarefa de linguagem. Assim, burrice,
preguiça e falta de vontade de ler e escrever não são verdades dentro da
Dislexia, que consiste num transtorno específico de aprendizagem, não
afetando a inteligência do seu filho
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• A principal dificuldade está na decodificação das palavras


VERDADE: A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que se
caracteriza pela dificuldade de decodificar palavras simples, mostrando
uma insuficiência no processamento fonológico. Ou seja, é a dificuldade de
aprendizagem marcada por problemas no reconhecimento de palavras e,
consequentemente, na ortografia. As áreas cerebrais possuem dificuldade
para relacionar e traduzir o som ouvido com a forma escrita, o que
chamamos de consciência fonológica. Com esses processos afetados,
tem-se uma leitura devagar e incorreta, vocabulário reduzido, dificuldades
na coordenação motora e erros na soletração e escrita. A Dislexia é, antes
de tudo, um Distúrbio de leitura que acomete desde a decodificação da
palavra (leitura silabada, lê de “soquinho”) até a compreensão leitora
• Pessoas com Dislexia não terão sucesso no futuro
MITO: Como dito no item 2, a Dislexia não compromete a inteligência das
crianças com Dislexia e, com a intervenção precoce e bem feita, as
dificuldades trazidas por esse transtorno podem ser amenizadas e
enfrentadas de maneira efetiva. Além disso, as demais áreas cerebrais
estão funcionando adequadamente e, por todos esses fatores, é
completamente equivocado e limitante dizer que crianças com Dislexia não
terão sucesso no futuro. Por isso, listamos alguns exemplos de pessoas
bem sucedidas que foram diagnosticadas com Dislexia e, nem por isso,
deixaram de trilhar um caminho brilhante:
Jennifer Aniston: atriz / Tom Cruise: ator / Quentin Tarantino: diretor de
cinema / Noel Gallagher: músico / Jim Carrey: ator / John Lennon: músico /
Albert Einstein: cientista / Leonardo da Vinci: pintor

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• A principal dificuldade está na decodificação das palavras


VERDADE: A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que se
caracteriza pela dificuldade de decodificar palavras simples, mostrando
uma insuficiência no processamento fonológico. Ou seja, é a dificuldade de
aprendizagem marcada por problemas no reconhecimento de palavras e,
consequentemente, na ortografia. As áreas cerebrais possuem dificuldade
para relacionar e traduzir o som ouvido com a forma escrita, o que
chamamos de consciência fonológica. Com esses processos afetados,
tem-se uma leitura devagar e incorreta, vocabulário reduzido, dificuldades
na coordenação motora e erros na soletração e escrita. A Dislexia é, antes
de tudo, um Distúrbio de leitura que acomete desde a decodificação da
palavra (leitura silabada, lê de “soquinho”) até a compreensão leitora
• Pessoas com Dislexia não terão sucesso no futuro
MITO: Como dito no item 2, a Dislexia não compromete a inteligência das
crianças com Dislexia e, com a intervenção precoce e bem feita, as
dificuldades trazidas por esse transtorno podem ser amenizadas e
enfrentadas de maneira efetiva. Além disso, as demais áreas cerebrais
estão funcionando adequadamente e, por todos esses fatores, é
completamente equivocado e limitante dizer que crianças com Dislexia não
terão sucesso no futuro. Por isso, listamos alguns exemplos de pessoas
bem sucedidas que foram diagnosticadas com Dislexia e, nem por isso,
deixaram de trilhar um caminho brilhante:
Jennifer Aniston: atriz / Tom Cruise: ator / Quentin Tarantino: diretor de
cinema / Noel Gallagher: músico / Jim Carrey: ator / John Lennon: músico /
Albert Einstein: cientista / Leonardo da Vinci: pintor

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DISORTOGRAFIA

O Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na escrita,


também conhecido por disortografia, é caracterizado por
comprometimentos relacionados a ortografia, gramática e redação, mesmo
que o indivíduo possua capacidade intelectual. Dessa forma, indivíduos,
com dificuldades para aprendizagem neste campo, provavelmente são
alunos que terão limitações ou comprometimentos na aprendizagem no
ensino fundamental.

Como é caracterizada a disortografia?


A disortografia é caracterizada pela dificuldade de fixação da regras
ortográficas, apresentando frequentemente substituição, omissão,
inversão de grafemas, alteração na segmentação de palavras,
persistência do apoio da oralidade na escrita e dificuldade na produção
de textos.
Essa escrita incorreta vem acompanhada de erros e substituições de
grafemas que estão associados a alterações no mecanismo de
conversão letra-som, podendo interferir nas funções auditivas
superiores e nas habilidades linguístico-perceptivas.

Segundo Hudson, 2019 , podem ser encontrados os seguintes erros:


“Erros de caráter linguístico-perceptivo – omissões, adições e
inversões de letras, de sílabas ou de palavras; – troca de símbolos
linguísticos que se parecem sonoramente (“faca”/“vaca”).

Erros de caráter visoespacial – substitui letras que se diferenciam


pela sua posição no espaço (“b”/“d”); confunde-se com fonemas que
apresentam dupla grafia (“ch”/“x”); – omite a letra “h”, por não ter
correspondência fonêmica. ¨
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Erros de caráter visoanalítico – não faz sínteses e/ou associações entre


fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido.

Erros relativos ao conteúdo – não separa sequências gráficas


pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro”
em vez de “o carro”), junta sílabas pertencentes a duas palavras
(“nodiaseguinte”) ou separa palavras incorretamente.

Erros referentes às regras de ortografia – não coloca “m” antes de


“b” ou “p”; – ignora as regras de pontuação; esquece-se de iniciar as frases
com letra maiúscula; – desconhece a forma correta de separação das
palavras, a mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen.”

Existe associação entre a dificuldade de leitura e de escrita?


Geralmente, encontram-se maiores dificuldades na escrita do que na
leitura, uma vez que esta já proporciona o modelo gráfico pronto,
exigindo apenas a decodificação.
Já a escrita, exige que o modelo gráfico seja construído
internamente no processador ortográfico, de forma que possa ser
resgatado pela memória e reproduzido. Esta é uma das
possibilidades que associam aquelas crianças com dificuldades de
aprendizagem na leitura e na escrita inicialmente, tornam-se alunos
com maiores dificuldades na escrita posteriormente.

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Quais são as causas?


Acredita-se que muitas coisas causem a disortografia, entre elas:

• Intelectuais: Podem atrasar o aprendizado de regras gramaticais


básicas.

• Linguísticas: Dificuldade de aquisição da linguagem e falta de


conhecimento de vocabulário.

• Educacionais: Dependendo do estilo cognitivo que o paciente possui,


diferentes métodos de ensino podem apresentar mais desafios.

• Perceptivas: Vinculadas ao processo visual e auditivo.

Diagnóstico
Esse transtorno não deve ser confundido com erros gramaticais comuns
que as crianças costumam fazer quando estão crescendo.
Para diagnosticar adequadamente, as seguintes características devem ser
levadas em consideração; dificuldades de ortografia, mistura de letras ou
dificuldade de separar palavras e sílabas.
Os testes para avaliar esse distúrbio incluem:
• Testes auditivos;
• Testes para verificar se há dificuldades para escrever e aprender regras
de idiomas.

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Como identificar a disortografia em um aluno?
As dificuldades gramaticais e ortográficas são tão graves nesses alunos
que fica difícil acompanhá-los em sua escrita.
Eles também podem ter um desempenho mais lento do que o resto da
turma.
Por exemplo, uma palavra que a maioria da classe consegue soletrar em
segundos pode levar cinco ou dez minutos a mais para um aluno com
disortografia. Isso gera ansiedade e uma dificuldade maior para esses
alunos concluírem as tarefas a tempo, além de contribuir para a diminuição
geral do desempenho. Por isso, é importante perceber quais circunstâncias
são as melhores para que ele possa escrever, de forma que o número de
erros no texto seja minimizado.
Tratamento
Para tratar este transtorno, a causa deve ser encontrada.
Muitas vezes, ele é causado pela presença de uma deficiência visual ou
auditiva, problemas de pronúncia ou até mesmo um ambiente de estudo
desfavorável.
Dependendo da causa e do grau de comprometimento, o fonoaudiólogo ou
psicólogo infantil podem sugerir um tratamento voltado para a resolução de
problemas relacionados e o aprendizado e a grafia correta.
Portanto, é importante termos um olhar atento ao desempenho da criança
dentro de sala de aula, ponderando quais erros podem ser decorrentes de
um simples deslize e quais sinais podem ser indicativos de algum
transtorno de aprendizagem.
A partir do momento em que esses erros estão prejudicando o rendimento
da criança em sala de aula, é a hora de procurarmos um profissional para
investigar o caso mais a fundo.
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DISGRAFIA

Disgrafia é o nome dado a um distúrbio de uma origem neurológica, cuja


principal característica está na dificuldade da escrita e de algumas
expressões motoras. Esse tipo de problema causa alterações na
estruturação das palavras e também na ortografia.
A disgrafia está encaixada no mesmo grupo que outros distúrbios de
aprendizagem, como a dislexia — que afeta a leitura — e a discalculia —
que afeta a interpretação dos números. É um problema relativamente
frequente entre as pessoas que têm TDAH (Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade), mas não é exclusivo desse grupo.

Apesar de semelhantes a disgrafia e a disortografia não são a


mesma coisa

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Quais são os seus sintomas?


Escrita lenta: Um dos principais sintomas da disgrafia é a lentidão para
escrever. Como não se sente confortável nessa tarefa, o paciente tem a
tendência a demorar a realizá-la.
Dificuldade ao copiar palavras: Copiar palavras pode parecer uma tarefa
simples para a maioria das crianças, mas não para aquelas que têm
disgrafia.
Ortografia incorreta: Muitas vezes, o paciente com disgrafia também
apresenta erros ortográficos, ainda que consiga ler tranquilamente e não
apresente o mesmo problema ao falar.
Espaçamento inadequado: Muitas crianças têm espaçamentos errados
quando aprendem a escrever, deixando as letras muito juntas ou
afastadas. No entanto, caso isso não se resolva com o tempo, pode ser um
sinal de disgrafia.
Falta de coordenação motora: Dificuldades para segurar os lápis e as
canetas são outro sinal clássico do indivíduo com disgrafia. No entanto,
nem sempre esse tipo de sinal está presente.
Dificuldade para desenhar: A dificuldade para a realização de traços nos
desenhos também pode estar associada à disgrafia. Instabilidade nessa
área devem ser um sinal de alerta, especialmente em crianças com mais
controle de suas habilidades motoras, ou seja, que tenham mais de cinco
anos de idade.

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Lembrando que as pessoas que lidam com a disgrafia não precisam,


necessariamente, apresentar todos os sinais mencionados acima. Cada
caso é completamente único, assim como as manifestações de cada
indivíduo.
Por isso, a disgrafia está classificada em vários tipos, de acordo com a sua
apresentação. Mas não se preocupe com essas divisões. Caso perceba
algum dos sintomas anteriores, fique de olho!

Quais são as causas mais comuns da disgrafia?


A disgrafia pode ter duas versões diferentes. A primeira é conhecida como
forma adquirida, enquanto a segunda está relacionada com o
desenvolvimento do indivíduo. No primeiro caso, temos como causas
eventos traumáticos, como lesões no cérebro ou problemas degenerativos.
No segundo, ainda não há uma causa determinada para o problema.
Pesquisadores continuam batalhando em busca de respostas, mas essa é
uma forma que está presente desde o início da vida da criança, trazendo
prejuízos ao seu desenvolvimento na área da escrita.

Como esse problema pode ser identificado?


O diagnóstico de disgrafia é um processo. Para que essa seja uma
hipótese levantada, o paciente em questão precisa apresentar pelo menos
um dos sintomas mencionados por um período superior a seis meses.
Além disso, é preciso que esse indivíduo — que pode ou não ser uma
criança — apresente dificuldades de obter boas notas ou desenvolver
adequadamente qualquer tipo de habilidade que envolva a escrita.

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Na maioria das vezes, o diagnóstico começa pela escola. Os educadores


podem identificar as dificuldades da criança e encaminhar a sua
preocupação para os pais e/ou responsáveis. Depois, é hora de buscar o
apoio de profissionais como o neurologista, o pediatra e o psicólogo.
Juntos, eles vão desenvolver alguns testes e estratégias para excluir
algumas possíveis causas para esse comportamento e, assim, fechar o
diagnóstico de disgrafia. Entre eles, podemos citar a avaliação de
redações, conversas com a criança e a realização de alguns exames de
imagem.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?


A disgrafia não é uma doença e, portanto, não é algo que pode ser curado
ou “tratado”. Apesar disso, há métodos para atenuar os seus sinais e
colaborar para uma melhora na escrita das pessoas afetadas.
Uma medida possível é a implementação de estratégias em classe que
colaborem para a melhora do desempenho desses indivíduos. Sendo
assim, a escola deve ser um ambiente acolhedor, com profissionais
qualificados e preparados para lidar com essas diferenças.
Boas estratégias são o uso de lápis especiais, que promovem um maior
suporte aos indivíduos que lidam com a disgrafia. A troca de papéis para
tipos específicos e o uso de outras metodologias (como provas orais ou o
uso de teclados para digitação) também podem ajudar.
A adaptação dos recursos em sala para esses alunos é indispensável para
que o seu desempenho não seja prejudicado. Essas medidas devem ser
mantidas ao longo de toda a vida do indivíduo, exigindo que a sociedade
como um todo seja mais inclusiva.
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Além disso, o paciente também precisará passar por acompanhamento


especializado com psicólogos e outros profissionais. Em caso de TDAH
concomitante, o tratamento para esse transtorno deve ser implementado
por uma equipe multidisciplinar.
Como podemos ver, a disgrafia é um problema relacionado com a escrita.
Se o(a) seu(sua) filho(a) apresenta alguns dos sintomas mencionados e
esse termo chegou a ser mencionado pelos educadores responsáveis por
ele(a), é hora de começar a investigar a possibilidade. Assim, cuidados
poderão ser instaurados o quanto antes!

SEGUEM ALGUMAS SUGESTÕES DE POSSÍVEIS AÇÕES E ATITUDES


ADEQUADAS PARA PAIS E PROFESSORES ADERIREM:
• Evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas;
• Dizer para a criança que, com paciência, perseverança, exercício e
apoio, ela será capaz de melhorar seu desempenho;
• Usar material multissensorial para estimular seus sentidos,
especialmente o tato e a audição;

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• Escrever sobre uma folha plástica grande, com mostarda, creme de


barbear, gel para cabelo;
• Com o dedo: escrever com tinta a dedo e / ou com anilina diluída em
mingau de água com amido de milho sem açúcar, com um pouco de sal
para durar mais tempo na geladeira (você pode separar o mingau em
três ou mais potinhos para fazer cores variadas);
• Construir palavras com letras, blocos ou peças de madeira;
• Projetor e sistema de som. (Atenção às crianças com Transtorno de
Déficit de Atenção / Hiperatividade – TDAH. Alguns destes estímulos
podem se excitantes demais.);
• Trabalhar os grafemas em papel quadriculado grande, com letras que
ocupem toda a folha e ir diminuindo o tamanho aos poucos, à medida
que a criança adquire autonomia na escrita do estágio trabalhado. Isso
pode ser feito com um modelo ao lado da folha para que ela o imite, ou
pontilhar a letra na própria folha da criança para que ela a cubra;
• O professor deve procurar se manter calmo diante dos erros
ortográficos e gramaticais persistentes e acreditar na capacidade da
criança de aprender;
• Estimular a memória visual da criança por meio de quadros com letras
do alfabeto, números, famílias silábicas;
• O professor deve certificar-se de que compreende o que a criança
precisa e ajustar o material ao estilo de aprendizagem dela;
• Usar exercícios de trava-língua, promovendo a consciência fonológica
da criança com dificuldade em leitura, escrita e ortografia. Brincadeiras,
jogos ou movimentos corporais com parlendas, que são conjuntos de
palavras com arrumação rítmica em forma de verso, que podem rimar
ou não. A parlenda melhora a memorização.
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DISCALCULIA

O Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na matemática,


também denominado discalculia, refere-se a um distúrbio de
aprendizagem que compromete competências relacionadas a cálculos
matemáticos, enquanto demais áreas encontram-se como o esperado.
Dessa forma, trata-se de uma desordem neurológica que afeta as
habilidades de compreender e manipular números.

“dis” (desvio) + “calculare”(calcular, contar)


Isto é, trata-se de um distúrbio de aprendizagem que gera prejuízos em
relação as competências voltadas ao calculo matemático, enquanto nas
demais áreas de aprendizagem não são observadas alterações.

Como é caracterizada a discalculia?


Indivíduos com discalculia apresentam, em testes de inteligência,
desempenhos superiores nas funções verbais comparativamente às
funções não verbais. Ou seja, são sujeitos que revelam um ritmo execução
de atividades lento, que usa muitas vezes dedos para contar. Podem
demonstrar-se ansiosos , desmotivados e têm receio de fracassar.
As dificuldades relacionadas a discalculia variam em diferentes níveis,
como na compreensão e memorização de regras matemáticas, na
sequencialização de números, diferenciando a esquerda e direita,
compreendendo unidades de medida, atividades relacionadas a medida de
tempo e tarefas relacionadas a manipulação de dinheiro.

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Indivíduos com discalculia podem ser capazes de realizar operações


simples, porém, não conseguem realiza-las quando necessitam
compreender situações problema, por exemplo: 5 + 2=7 (realizam sem
dificuldades), porém caso essa situação seja: José tem 2 laranjas e Maria
5, quanto possuem ao todo? (não conseguem compreender). Além disso,
não entendem as correspondências entre números ou na conversão de
quantidades.
A realização de cálculos matemáticos está presente em todo cotidiano. Por
exemplo, ao realizar compras, ou quando precisa pegar um ônibus, sendo
necessário calcular qual o horário que precisa sair de casa a tempo de
conseguir chegar ao ponto de ônibus.
Assim, o maior desafio dos profissionais que compõem a equipe de
intervenção (fonoaudiólogo, educadores, entre outros) é demonstrar ao
indivíduo com discalculia que a matemática é prática e necessária.
Além disso, é importante dentro da intervenção, utilizar materiais concretos
e favorecendo a autoestima daquele que está aprendendo, para motiva-lo e
tornar a aprendizagem positiva e não aversiva.

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O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª


edição ou DSM-5 é um manual diagnóstico e estatístico feito pela
Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o
diagnóstico de transtornos mentais. Usado por psicólogos,
fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais.

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DISPRAXIA OU TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA


COORDENAÇÃO (TDC)?

Algumas crianças parecem ser mais


desajeitadas ou estabanadas que as
outras. Elas ficam tristes por não conseguir
acompanhar os colegas nas brincadeiras

motoras e, muitas vezes, são alvo de comentários de professores e


colegas, devido à letra feia, cadernos bagunçados, o cabelo mal penteado
e as roupas em desalinho. Essas crianças costumam se envolver em
situações embaraçosas, como tropeçar e cair no meio da apresentação de
teatro da turma, não conseguir agarrar uma bola chutada pelos colegas,
escorregar na carteira e cair no chão, e acabam ganhando nomes ou
apelidos, que sinalizam sua condição e as excluem de certas atividades ou
grupos sociais Um exemplo é aquela criança mais quieta, que nunca é
chamada para brincar com os colegas no recreio ou, ainda, ela é a última a
ser convidada para entrar no jogo de bola. Muitas pessoas, inclusive pais e
professores, acham que a criança é apenas preguiçosa, insegura ou
desinteressada, mas deve-se observar com mais cautela, pois muitas
dessas crianças apresentam o que é chamado de Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação ou TDC.
O diagnóstico de TDC é dado pelo médico quando observa atraso no
desenvolvimento das habilidades motoras, grossas e finas, que resultam
em dificuldade no desempenho das atividades escolares, de vida diária, no
brincar e lazer. Geralmente são crianças inteligentes, com habilidades em
muitas áreas, mas que não conseguem desempenhar tarefas motoras com
a mesma rapidez e eficiência @instituto_educomunicacao
que os colegas da mesma idade.
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Como descrito anteriormente, o TDC não é apenas um problema motor,


pois a criança que é desajeitada tem dificuldade em socializar com os
colegas e, devido às situações frequentes de frustração, acaba por ter
baixa autoestima e outras questões comportamentais.
Não se sabe ao certo as causas do TDC, mas é alguma coisa relacionada
ao funcionamento do cérebro, sendo bastante comum em crianças que
nascem prematuramente. O transtorno motor não está associado à falta de
prática ou experiência com atividades motoras, mas quanto maior a
dificuldade motora, mas difícil para a criança se interessar por esportes ou
atividades de movimento, o que pode gerar sedentarismo e suas
consequências. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam
que este transtorno afeta 5% a 6% das crianças em idade escolar,
tendendo a ocorrer com maior frequência em meninos – proporção de 4 ou
5 meninos para cada menina. A literatura sobre o TDC é vasta, sendo
evidente que é uma condição que persiste no adulto, com influência na
escolarização e opções de trabalho, tendo impacto tanto na vida da
criança, como nos outros membros da família.
Os primeiros sinais do transtorno surgem cedo na infância. Alguns pais
mais experientes, logo começam a notar que alguma coisa é diferente, pois
o bebê é mais lento e demora mais a sentar, andar e manusear objetos
com destreza. Com o aumento na mobilidade, algumas crianças tendem a
ser mais passivas, evitando desafios e atividades motoras novas, outras
são mais impulsivas, destruindo brinquedos na tentativa de descobrir como
funcionam. À medida que a criança cresce, começam a aparecer
dificuldades ou lentidão no autocuidado, em lidar com fechos, botões e
amarrar sapatos, e para usar utensílios, como talheres e tesoura.
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Não é que a criança não consiga fazer as tarefas, mas se observa esforço
aumentado, frustração e cansaço, sendo que, com o tempo, a criança
acaba evitando as atividades mais desafiantes. Brincadeiras que requerem
boa coordenação olho-mão, equilíbrio e planejamento motor, como
arremessar, agarrar e chutar bolas, também constituem desafio para
crianças com TDC. Embora muitas dessas dificuldades possam passar
despercebidas, ou serem interpretadas como variações do normal (ex.: eu
também era desajeitado quando criança; o fulano também era assim e hoje
é um grande atleta), com a entrada na escola e aumento de demanda por
escrita rápida e legível, o problema é detectado pela professora, o que
acaba levando ao diagnóstico.

• Atraso motor grosso e fino


• Demora a andar de triciclo, não
2-7 anos arremessa ou agarra bem uma bola
Problemas • Não consegue andar de bicicleta,
motores dificuldade para pular e saltitar
• Baixo condicionamento físico, cansa
com facilidade.

• Dificuldade para manusear utensílios,


os objetos escorregam das mãos
• Precisa de ajuda para vestir e se
5-9 anos arrumar,
Dificuldade • Não consegue amarrar sapatos,
nas AVD manejar zíper e botões,
• Faz bagunça para comer, dificuldade
no uso de talheres, não consegue
cortar os alimentos.

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• Pega no lápis de maneira desajeitada,


• Dificuldade para terminar trabalhos
7-12 anos escritos
Dificuldades • Discrepância entre habilidade verbal e
na escola o desempenho em provas e avaliações
• Frustração com a escrita e dever de
casa

• Participação limitada em esportes e


8-13 anos atividades extracurriculares,
Socialização • Tende a observar ao invés de participar
• Vitimização / bullying, isolamento social

• Fica frustrado, evita brincadeiras


ativas e atividades motoras finas
11 anos em • Não gosta de esportes e recreação
diante ativa, risco de sedentarismo
Comportamento • Faz comentários autodepreciativos
Emocional • Baixa autoestima, baixo senso de
competência
• Ansiedade, depressão, isolamento

É importante observar que o TDC muitas vezes não vem sozinho,


geralmente está associado a outras condições, como o transtorno de
aprendizagem, problemas de linguagem ou ao transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH). A fim de minimizar os problemas no
dia-a-dia das crianças, pais e professores podem auxiliá-las, modificando
o ambiente e adaptando as tarefas, para permitir o sucesso e aumentar o
senso de competência. A melhor forma de ajudar a criança é entender o
que é o TDC. Só compreendendo a situação individual da criança
podemos pensar em estratégias para ajudá-la a dominar os problemas
que enfrenta no dia-a-dia.

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Algumas das características da criança com TDC:


• Desajeitada ou incoordenada em seus movimentos. Tromba em
obstáculos, derrama ou derruba coisas com mais frequência que
crianças de mesma idade;
• Atraso no desenvolvimento de habilidades motoras grossas e finas;
• Demora mais para aprender novas habilidades motoras;
• Tem dificuldade para fazer atividades que requerem o uso
coordenado dos dois lados do corpo (ex.: recortar com tesoura,
escrever, cortar comida usando garfo e faca, agarrar bola e andar de
bicicleta);
• Pode apresentar questões emocionais secundárias, como baixa
tolerância à frustração, autoestima diminuída e pouca motivação para
fazer atividades esportivas;
• Tem dificuldades para organizar sua carteira/mesa, armário, mochila,
cadernos, ou mesmo os brinquedos;
• Mais lenta nas atividades escolares que exigem desempenho motor,
como copiar do quadro, usar régua, fazer o dever de casa;
• Estão mais propensas a ter dificuldades na escola e pouca
competência social;
• Tendem a não participar voluntariamente de atividades motoras, o
que resulta em menos oportunidades para fazer exercícios e manter
bom condicionamento físico.

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Dentre os profissionais envolvidos na atenção à criança que apresenta


déficit na coordenação motora, destaca-se o Terapeuta Ocupacional.
Partindo da análise minuciosa das tarefas exigidas no contexto escolar e
familiar, o terapeuta ocupacional pode sugerir estratégias para adaptar o
ambiente e as tarefas, reduzindo, assim, a demanda motora o que vai
melhorar o desempenho da criança. O terapeuta pode também
recomendar atividades e brincadeiras, com desafio na medida certa, para
estimular o desenvolvimento das habilidades motoras finas e grossas. O
trabalho do terapeuta inclui a educação de pais, professores e demais
profissionais da saúde sobre o que é o TDC e quais as melhores
estratégias para facilitar o dia-a-dia da criança.
Modificação do ambiente, adaptação de tarefas e o uso de estratégias
cognitivas, são apenas alguns exemplos do que pode ser feito para
aumentar as chances de sucesso no desempenho e melhorar a
autoestima e a qualidade de vida de crianças com transtorno da
coordenação.

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TRANSTORNO DE TIQUE E SÍNDROME DE TOURETTE EM CRIANÇAS


E ADOLESCENTES

Tiques são definidos como movimentos musculares súbitos, rápidos,


repetitivos e não rítmicos, incluindo sons ou vocalizações. A síndrome
de Tourette é diagnosticada depois que as pessoas têm tiques vocais e
motores por > 1 ano. O diagnóstico é clínico. Os tiques são tratados
somente se interferirem nas atividades ou autoimagem da criança; o
tratamento pode incluir intervenção comportamental abrangente para
tiques e clonidina ou um antipsicótico.

Tiques variam muito em termos de gravidade; eles ocorrem em cerca de


20% das crianças, muitas das quais não são avaliadas ou diagnosticadas.
Síndrome de Tourette, o tipo mais grave, ocorre em 3 a 8/1000 crianças. A
proporção homem/mulher é 3:1.
Os tiques começam antes dos 18 anos de idade (tipicamente entre os 4 e 6
anos); a gravidade deles aumenta e alcança um pico por volta dos 10 a 12
anos e diminui durante a adolescência. Com o tempo, a maioria dos tiques
desaparece espontaneamente. Entretanto, em cerca de 1% das crianças,
os tiques persistem na vida adulta.
A etiologia não é conhecida, mas os tiques tendem a ser familiares. Em
algumas famílias, eles se manifestam em um padrão dominante com
penetrância incompleta.

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COMORBIDADES

Comorbidades são comuns.


Crianças com tique podem ter um ou mais dos seguintes:
• Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
• Transtornos de ansiedade
• Transtornos de aprendizagem
Esses transtornos frequentemente interferem mais no desenvolvimento e
bem-estar das crianças do que os tiques. O transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) é a comorbidade mais comum, e às vezes
os tiques aparecem primeiro quando as crianças com TDAH são tratadas
com um estimulante; essas crianças provavelmente têm uma tendência
subjacente a tiques.
Adolescentes (e adultos) podem ter
• Infra desnível
• Distúrbio bipolar
• Transtorno por uso de substâncias

CLASSIFICAÇÃO

Transtornos de tiques são divididos em 3 categorias pelo Diagnostic and


Statistical Manual of Mental Disorders, 5th edition (DSM-5):
• Transtorno de tique provisional: tiques únicos ou múltiplos motores e/ou
vocais presentes por < 1 ano.

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• Transtorno de tique persistente (distúrbio crônico de tique): tiques


únicos ou múltiplos motores ou vocais (mas não motor e vocal) estão
presentes por > 1 ano.
• Síndrome de Tourette (síndrome de Gilles de la Tourette): tanto tiques
motores como vocais estão presentes por > 1 ano.
Essas categorias normalmente formam um continuum no qual os pacientes
começam com um transtorno temporário de tique e, às vezes, evoluem
para um transtorno de tique persistente ou síndrome de Tourette. Em todos
os casos, a idade de início deve ser < 18 anos e a perturbação não pode
ser decorrente dos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., cocaína)
ou outra doença (p. ex., doença de Huntington, encefalite pós viral).

SINAIS E SINTOMAS DOS TRANSTORNOS DE TIQUE

Os pacientes tendem a manifestar o mesmo conjunto de tiques em um


dado momento, embora os tiques tendam a variar em termos de tipo,
intensidade e frequência ao longo de um período de tempo. Eles podem
ocorrer várias vezes em uma hora, então remeter ou dificilmente estar
presentes por ≥ 3 meses. Geralmente, os tiques não ocorrem durante o
sono.
Tiques podem ser
• Motor ou vocal
• Simples ou complexo
Tiques simples são movimento ou vocalização muito breve, normalmente
sem significado social.

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Tiques complexos duram mais tempo e podem envolver uma combinação


de tiques simples. Tiques complexos podem ter um significado social (isto
é, gestos ou palavras reconhecíveis) e, portanto, parecer intencionais.
Entretanto, embora alguns pacientes possam suprimir voluntariamente seus
tiques por um curto período de tempo (segundos a minutos) e alguns
percebam um impulso premonitório para executar o tique, os tiques não são
voluntários e não representam um comportamento impróprio.

Estresse e fadiga pode piorar os tiques, mas eles frequentemente são mais
proeminentes quando o corpo está relaxado, como ao assistir televisão. Os
tiques podem diminuir quando os pacientes estão envolvidos em tarefas (p.
ex., atividades escolares ou ocupacionais). Tiques raramente interferem na
coordenação. Tiques leves raramente causam problemas, mas tiques
graves, particularmente coprolalia (que é rara), são física e/ou socialmente
incapacitantes.

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Às vezes, os tiques surgem subitamente, aparecendo e tornando-se


constantes em um dia. Algumas vezes, as crianças com tiques de início
súbito e/ou compulsão obsessiva relacionada têm infecção estreptocócica
— um fenômeno às vezes chamado transtornos neuropsiquiátricos
pediátricos autoimunes associados a infecções por estreptococos
(PANDAS). Muitos pesquisadores não acreditam que os PANDAS sejam
distintos do espectro dos transtornos de tiques.

DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS DE TIQUES

• Avaliação clínica
O diagnóstico é clínico. Para diferenciar a síndrome de Tourette de outros
tiques transitórios, os médicos precisam monitorar os pacientes o tempo
todo. A síndrome de Tourette é diagnosticada depois que as pessoas
tiveram tiques vocais e motores por > 1 ano.

TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DE TIQUES

• Intervenção comportamental abrangente para tiques (ICAT)


• Às vezes, clonidina ou antipsicóticos
• Tratamento das comorbidades
(Ver também o sumário da revisão da American Academy of Neurology do
tratamento de tiques em pessoas com síndrome de Tourette e transtorno
de tique persistente.)
Recomenda-se o tratamento para suprimir tiques somente se interferirem
significativamente nas atividades ou autoimagem das crianças; o
tratamento não altera a história natural do transtorno.
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Muitas vezes, o tratamento pode ser evitado se os médicos ajudarem as


crianças e suas famílias a entender a história natural dos tiques e se os
funcionários da escola ajudarem os colegas de classe a compreender o
transtorno.
Um tipo de terapia comportamental chamada ICAT pode ajudar algumas
crianças maiores a controlar ou reduzir o número ou a gravidade dos
tiques. Ela inclui terapia cognitivo-comportamental como reversão de
hábitos (aprender um novo comportamento para substituir o tique),
instrução sobre tiques e técnicas de relaxamento.
Às vezes, as oscilações naturais dos tiques fazem parecer que os tiques
responderam a um dado tratamento.
• Fármacos
Clonidina oral 0,05 a 0,1 mg, 1 a 4 vezes ao dia, é eficaz em alguns
pacientes. Efeitos adversos da fadiga podem limitar a dosagem durante o
dia; hipotensão é rara.
Antipsicóticos orais podem ser necessários—por exemplo:
• Risperidona, 0,25 a 1,5 mg 2 vezes ao dia
• Haloperidol, 0,5 a 2 mg por via oral 2 ou 3 vezes ao dia
• Pimozida, 1 a 2 mg por via oral 2 vezes ao dia
• Olanzapina, 2,5 a 5 mg por via oral uma vez ao dia
• Flufenazina também é eficaz na supressão dos tiques.
Com qualquer fármaco, são utilizadas as menores doses capazes de tornar
os tiques toleráveis e suspensas quando os tiques desaparecem. Os efeitos
adversos da disforia, parkinsonismo, acatisia e discinesia tardia são raros,
mas podem limitar o uso de antipsicóticos; usar doses mais baixas durante
o dia e doses mais elevadas antes de dormir pode diminuir os efeitos
adversos.
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• Tratamento das comorbidades


Tratar as comorbidades é importante.
O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode ás vezes ser
tratado com sucesso em doses baixas de estimulantes sem exacerbar os
tiques, mas um tratamento alternativo (p. ex., atomoxetina) pode ser
preferível.
Se traços obsessivos ou compulsivos são incômodos, um inibidores
seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) pode ser útil.
Deve-se avaliar as crianças com tiques e que têm dificuldades na escola à
procura de transtornos de aprendizagem e fornecer suporte conforme
necessário.

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Tiques são movimentos ou vocalizações rápidos, repetidos,


repentinos, musculares e não rítmicos que se desenvolvem em
crianças < 18 anos de idade.
Tiques são comuns, mas a manifestação mais grave dos tiques,
coprolalia, é rara.
Tiques simples são movimentos ou vocalizações breves (p. ex.,
movimento brusco da cabeça, resmungar), geralmente sem um
significado social.
Os tiques motores complexos podem ter significado social (isto é,
gestos ou palavras reconhecíveis) e, portanto, parecer intencionais,
mas não são.
Intervenção comportamental abrangente para tiques (ICAT) e, às
vezes, clonidina ou um antipsicótico podem diminuir tiques graves
ou incômodos, que também tendem a diminuir com o tempo,
embora alguns persistam até a vida adulta.
Comorbidades (p. ex., transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo) são
comuns e também devem ser diagnosticadas e tratadas.

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POR QUE INTERVENÇÃO PRECOCE É TÃO IMPORTANTE NOS


TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO?

Essas condições possuem traços específicos que permitem o diagnóstico


ainda nos primeiros meses de vida. Mas afinal, por que isso é importante?

➡ Quando a criança com Transtornos do Neurodesenvolvimento não


recebe o tratamento multidisciplinar adequado, seu desenvolvimento é
prejudicado e quanto mais tempo isso leva, pior é a adaptação da criança
em meios sociais.
➡ Dessa forma, entendemos que diagnosticar esses casos o quanto antes
significa dar início à um tratamento que proporcionará maior qualidade de
vida.

Isso porque a criança será estimulada e ensinada por uma equipe de


profissionais, contando com o apoio da família e da escola.
❗ Lembre-se: essa intervenção precoce faz toda a diferença no
desenvolvimento da criança com Transtornos de Neurodesenvolvimento.

A Terapia ABA é o tratamento com maior evidência científica, portanto é


o mais indicado e mais utilizado para os Transtornos de
NeuroDesenvolvimento.
Ela pode ser utilizada para qualquer transtorno do
neurodesenvolvimento e para qualquer condição que exija uma
intervenção analítico-comportamental.

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A Terapia ABA oferece as melhores intervenções com o melhor


prognóstico. Para garantir uma melhor efetividade e o desenvolvimento
contínuo do paciente ou aluno, o ideal é que o tratamento seja iniciado
assim que forem identificados os primeiros sinais do atraso.
Por meio da Terapia ABA, é possível minimizar os comportamentos
inadequados, facilitar o processo de aprendizagem e a capacidade de
resolução de problemas, e ensinar novas habilidades que sejam
essenciais para a realização das atividades de vida diária.

A O QUE É ABA?

ABA é uma ciência que estuda os comportamentos humanos que são


socialmente relevantes. Assim, podemos dizer que o objetivo principal das
intervenções baseadas em ABA é observar, analisar e explicar a relação
que existe entre comportamento humano, ambiente e aprendizagem.
Por isso, o uso da ABA pode ser indicado para diversas demandas
relacionadas a:
• Saúde mental
• Psicologia educacional
• Psicologia hospitalar
• Psicologia das organizações
• Entre outros
Isso significa que, apesar da indicação da OMS, ela não é uma ciência para
ser usada somente no tratamento do autismo, mas sim para pessoas
consideradas neurotípicas, sem nenhum transtorno ou condição.

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O método ABA funciona para autismo?


No caso de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro do
Autismo (TEA), as intervenções baseadas no método ABA são essenciais
para:
• ensino de novas habilidades
• redução de comportamentos considerados desafiadores.
Para que isso funcione, é necessário que a visando a individualidade e as
necessidades específicas de cada indivíduo.

Como é feita a terapia ABA para autismo?


Levando isso em consideração, é preciso que a terapia ABA para autismo
seja estruturada. Para que a intervenção seja de qualidade, o profissional
deve seguir algumas etapas fundamentais, como:
1. Avaliação comportamental
2. Definição de objetivos
3. Planejamento de estratégias e procedimentos
4. Implementação da intervenção
5. Reavaliação contínua
A seguir, terá detalhadamente um pouco de cada etapa.

AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL

Nessa primeira etapa, vamos identificar onde queremos e podemos chegar


com a intervenção. Mais do que classificar habilidades, é preciso entender
qual a função na vida da pessoa com TEA.

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É imprescindível levar em consideração as habilidades que a pessoa já


tem, gostos pessoais e particularidades.
Existem dois tipos de avaliação comportamental: direta e indireta.
Avaliação direta: a pessoa vai até a clínica ou os profissionais vão até sua
casa. Os comportamentos são observados e registrados em tempo real, por
meio da aplicação de checklists, escalas e testes.
Avaliação indireta: pode ser feita à distância e consiste em entrevistas,
questionários e testes. Se a pessoa com TEA for menor de idade, eles são
aplicados com adultos responsáveis.

DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS

Momento em que o profissional analisa os resultados das avaliações feitas


e define quais habilidades serão trabalhadas com a criança (dadas suas
dificuldades e potenciais) para que ela se aproxime ao máximo de uma
vida autônoma e feliz.

PLANEJAMENTO DE ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS

Depois de analisar os resultados das avaliações e planejar quais


habilidades serão trabalhadas (etapas 1 e 2), a equipe tem que definir quais
estratégias e procedimentos serão utilizados nos atendimentos.
Aspectos a considerar:
• Que tipo de estrutura clínica funciona melhor (mais controlado ou mais
natural?)
• Quantas horas de terapia serão feitas
• Quais ambientes serão usados
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• Quais estratégias serão usadas


• Há barreira de aprendizagem ou não
• Serão necessários outros tipos de atendimento (exemplo: orientação
parental, acompanhamento escolar etc)

IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO

É nesta etapa que começa de fato o atendimento. Precisa ser feito de


forma consistente e de acordo com o que foi planejado.

REAVALIAÇÃO CONTÍNUA

Depois de implementar a intervenção, o terapeuta ABA precisa reavaliar


constantemente tanto a pessoa com TEA para acompanhar seus avanços,
quanto reavaliar o seu próprio planejamento de intervenção.
Se a evolução não estiver acontecendo como esperado, não significa que a
pessoa autista não pode aprender. É preciso mudar a perspectiva e
entender qual ou quais partes do plano precisam ser ajustadas.

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Como saber se a terapia ABA é ideal?


De modo geral, a ciência ABA pode ser aplicada em qualquer pessoa com
diagnóstico ou suspeita de autismo. Os resultados destas intervenções
baseadas na Análise do Comportamento Aplicada para o TEA já foram
comprovados em estudos realizados.
Os primeiros estudos envolvendo ABA no tratamento de crianças com
distúrbio do desenvolvimento demonstraram que houve redução de
comportamentos considerados desafiadores e aumento do repertório
comportamental.
Em 1987, o psicólogo Ivar Lovaas publicou um estudo que apontava
resultados positivos das intervenções baseadas em ABA em crianças com
autismo. Uma das principais conclusões deste estudo foi sobre a
reintegração dos participantes na escola regular:
• 47% das crianças que receberam intervenções ABA foram reintegradas
com sucesso
• Apenas 2% das crianças tiveram o mesmo resultado com outras
intervenções
Todos os anos, novos estudos publicados reforçam a importância da ABA e
sua efetividade para pessoas no espectro autista. Um dos mais relevantes
foi realizado em 2014, quando a Associação para Ciência no Tratamento do
Autismo (ASAT, na sigla em inglês) publicou o Evidence-based Practices
for Autism, que analisou 20 anos de intervenções para TEA.
Nele, foram identificadas 28 práticas baseadas em evidências para TEA
que atingiram todos os critérios propostos pela revisão. Destas, 23 eram
baseadas nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

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Treinamento parental
De forma resumida, treinamento parental , que traz diversos objetivos para
que os pais trabalhem em casa. Ele ensina aos pais habilidades para
propiciar e manter o desenvolvimento saudável da criança e do núcleo
familiar como um todo.
Normalmente, o treinamento tem como objetivo tratar de uma necessidade
particular, como ensinar a criança a completar uma atividade diária
(desfralde), por exemplo. Mas ele também pode trabalhar dificuldades da
própria pessoa cuidadora. Durante todo processo, a família é guiada pelo
profissional, que analisa a aplicabilidade das estratégias e fornece
feedbacks necessários.
RUBI
RUBI tem como objetivo principal trabalhar na redução de comportamentos
considerados desafiadores. Ou seja, comportamentos de crises,
autoagressão e que possam machucar a criança ou pessoas próximas
(como atirar objetos, por exemplo).
Para comprovar a eficácia do RUBI nos Estados Unidos, entre setembro de
2010 e fevereiro de 2014 a criadora do modelo Karen Bearss e parceiros
conduziram um estudo com 267 famílias [destas, 180 crianças estavam no
espectro], com crianças de idades entre 3 e 7 anos.
Ao fim do estudo, os resultados mostraram que, para crianças com TEA, o
programa de treinamento dos pais de 24 semanas foi superior à educação
dos pais para reduzir os comportamentos desafiadores.Para chegar a estas
conclusões, foram analisados relatos dos pais. A taxa de resposta positiva
avaliada por clínicos independentes (ou seja, que não participaram como
terapeutas no estudo e não tiveram contato com as famílias durante a
pesquisa) também foi maior para o treinamento dos pais em relação à
educação dos pais.
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Outras formas de tratamento dos Transtorno de NeuroDesenvolvimento


Além da Terapia ABA, há outras formas de tratamento com potencial para
minimizar os sinais dos Transtornos do NeuroDesenvolvimento e garantir
aos indivíduos uma melhor qualidade de vida. A seguir, apresentamos
algumas delas.
Terapia Ocupacional e Integração Sensorial de Ayres
Trata-se de um processo neurobiológico, que promove a capacidade de
processar, organizar, interpretar sensações e responder de maneira
apropriada ao ambiente.
Essa terapia tem como objetivo promover experiências sensoriais,
auxiliando o paciente na inibição e modulação da informação sensorial,
organizando, assim, o processamento de respostas mais adequadas aos
estímulos sensoriais.
Além disso, por meio dessa terapia, é possível promover oportunidades
para o desenvolvimento de respostas adaptativas cada vez mais
complexas.
Fonoaudiologia
A Fonoaudiologia é uma especialidade que também tem um importante
papel no tratamento dos Transtornos do NeuroDesenvolvimento, já que,
muitas vezes, o paciente com atraso poderá apresentar dificuldade para
desenvolver a fala, a linguagem e estabelecer a comunicação com as
outras pessoas.
Caberá ao fonoaudiólogo atuar no desenvolvimento das habilidades de
linguagem e, consequentemente, comunicação do paciente, já que essas
habilidades são pré-requisitos para o desenvolvimento de outras
habilidades.

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Psicopedagogia
A presença e atuação do psicopedagogo
também é importante no tratamento dos
Transtornos do NeuroDesenvolvimento.
O objetivo de estudo desse profissional
deve ser entendido a partir de dois
enfoques: preventivo e terapêutico.
A atividade psicopedagógica tem como objetivos: promover a
aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social;
compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem;
realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; e mediar
conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.

Musicoterapia
Por fim, é importante frisar o importante papel
da Musicoterapia, que é caracterizada pelo uso
profissional da música e de seus elementos
como uma intervenção em ambientes médicos,
educacionais e cotidianos, com indivíduos,
grupos, famílias ou comunidades, buscando
otimizar a qualidade de vida do paciente ou
aluno e melhorar sua qualidade de vida como
um todo.

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REFERÊNCIAS

•Cuidar sem violência, todo mundo pode! Fortalecendo as bases de apoio familiares e
comunitárias para crianças e adolescentes. Guia prático para famílias e comunidades. Instituto
Promundo e CIESPI. Rio de Janeiro, 2003.
•Williams, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque. Uma vida livre da violência. Universidade de São
Carlos/Departamento de Psicologia: São Paulo, 2008.
•https://www.polbr.med.br/ano11/clau1211.php#:~:text=Os%20instrumentos%20que%20comum
ente%20utilizados,casos%20a%20lista%20de%20REY.
Associação Brasileira do Déficit de Atenção
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-sistema-nervoso-
central/881/176/#:~:text=O%20sistema%20nervoso%20central%20(SNC,de%20a%C3%A7%C3
%B5es%20e%20respostas%20adequadas.
https://poseducacao.unisinos.br/blog/transtornos-de-
neurodesenvolvimento#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20neurodesenvolvimento,%2C%20biol
%C3%B3gicos%2C%20ambientais%20e%20socioculturais.
https://www.cellerafarma.com.br/tdah/tdah-como-educadores-e-pais-ajudam-na-identificacao-e-
no-tratamento
https://www.todamateria.com.br/
https://naobataeduque.org.br/fases-do-desenvolvimento-0-a-2-anos/
https://www.kumon.com.br/blog/vamos-juntos-educar/fases-do-desenvolvimento-infantil/
https://www.clinicaneurogandolfi.com/
https://aaidd.org/intellectual-disability
https://acaciapsi.com.br/transtornos-da-comunicacao/
https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Transtorno-do-Espectro-Autista-
TEA#:~:text=O%20Transtorno%20do%20Espectro%20Autista%20(TEA)%20%C3%A9%
https://institutoneurosaber.com.br/sinais-de-disortografia/
https://blog.academia.com.br/disgrafia/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20disgrafia%3F,
palavras%20e%20tamb%C3%A9m%20na%20ortografia.
https://danielajanssen.com.br/disortografia-disturbios-de-aprendizagem/
http://www.eeffto.ufmg.br/ideia/o-que-e-o-transtorno-do-desenvolvimento-da-coordenacao-ou-
tdc/#:~:text=O%20transtorno%20motor%20n%C3%A3o%20est%C3%A1,gerar%20sedentarismo
%20e%20suas%20consequ%C3%AAncias.
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-
neurol%C3%B3gicos-em-crian%C3%A7as/transtorno-de-tique-e-s%C3%ADndrome-de-tourette-
em-crian%C3%A7as-e-adolescentes#v8947011_pt
https://genialcare.com.br/blog/aba/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20ABA%3F,comportament
o%20humano%2C%20ambiente%20e%20aprendizagem.

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