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NEURORESUMO

A NEUROCIÊNCIA E OS PRIMEIROS MIL DIAS


DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A NEUROCIÊNCIA E OS PRIMEIROS MIL DIAS
DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

São os 9 meses gestacionais que são 270 dias, os primeiros 365 dias de
vida do primeiro ano e mais os 365 dias de vida do segundo ano,
totalizando mil dias.

O período gestacional é considerado porque é na vida intrauterina que


pode ter origem doenças que se desenvolvem na vida adulta, como
obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, em decorrência de
restrição do aporte nutricional do feto.

Ou seja, o feto submetido a restrição de nutrientes programa seu


crescimento para a restrição, é como se o útero materno oferecesse uma
previsão do ambiente externo. Chama-se de fenótipo poupador. Num
ambiente externo restritivo, a programação fetal pode ser uma vantagem,
mas num ambiente externo farto de nutrientes, a programação fetal pode
gerar obesidade e doenças cardiovasculares.

Nos primeiros 270 dias acontece o desenvolvimento do sistema nervoso


central intensificado e bilhões de neurônios se formam nesse período. Há
a formação fisiológica dos órgãos e sistemas. A base da estrutura
neurológica que vai se desenvolver depois no nascimento é estabelecida
na gestão.

271 dias a criança sai do útero e vai para o ambiente, ou seja, o bebê
nasce e todos os seus sistemas precisam funcionar sem a fisiologia da
mãe lhe influenciando. Agora, o ambiente da criança não é mais o útero.
Assim como o útero, o ambiente também é muito importante para o
desenvolvimento do bebê. Nesse novo ambiente é essencial pensar nos
aspectos nutricionais, o ambiente físico e os vínculos emocionais dos
adultos e cuidadores.
@neuro.profe
O sistema nervoso central da criança que acabou de nascer é
moldado de acordo com as experiencias vividas essencialmente nos
dois primeiros anos de vida. A base da cognição vai ser ampliada
nesses dois primeiros anos de vida. Logo, o ambiente coopera de
igual modo com a neurobiologia da criança que acabou de nascer.

O ambiente do bebê se estabelece antes das habilidades cognitivas


e ajuda a moldar, junto com a neurobiologia, a arquitetura cerebral.

A neuroplasticidade alcançada no período fetal e nos dois primeiros


anos de vida é única não se equipara a nenhum outro momento da
vida. Neuroplasticidade é a capacidade de mudança no sistema
neuronal em resposta a intervenção ambiental.

Neurobiologia e o ambiente formam a base cognitiva: crescimento de


neurônios, grandes densidades sinápticas e mielinização dos
axônios. Essa base com a qual os bebês nascem preparam o
funcionamento do bebê para a aquisição de habilidades cognitivas.

Plasticidade é a capacidade do cérebro mudar em resposta à


experiência. Então, se a criança tem estimulação adequada, reterá
uma rede de sinapses. E há o tempo da poda, quando serão
eliminadas sinapses não utilizadas. A neuroplasticidade também
torna o cérebro mais vulnerável a influencias externas, podendo
produzir comportamento mais flexível, mas também
comportamentos mais rígidos e com mais dificuldades.

@neuro.profe
Mielinização: criação de bainha de mielina ou cobertura em torno do
axônio, que isola uns dos outros eletricamente e melhora a
condutividade dos nervos. Quanto amis espessa a bainha de mielina,
maior a velocidade na transmissão do impulso nervoso. A
mielinização ocorre de forma acentuada nos últimos meses do
desenvolvimento fetal e ao longo dos dois anos de vida. A
mielinização, em algumas áreas do cérebro a mielinização pode ser
considerada completa apenas na vida adulta.

A bainha de mielina é rica em fosfolipídeos e o leite materno também,


ou seja, a amamentação é importante para o desenvolvimento
cognitivo das crianças. Em doenças degenerativas temos a
desmielinização, como falha de memória.

Uma vez que os neurônios nascem, migram, se desenvolvem e


amadurecem e vivenciam o processo da mielinização e são capazes
de se comunicar, cada nova experiencia captada pelo sistema
sensorial da criança estará criando circuitos cerebrais através das
sinapses. A estrutura da criança que a coloca em conexão com o
ambiente é o equipamento motor e processamento sensorial.
Aproveitar essa transformação do sistema nervoso, caracterizado
por marcos do desenvolvimento, densidades sinápticas e
mielinização, de forma coerente com as áreas e habilidades a que se
referem é potencializar o sistema cerebral para uma aprendizagem
fluida e flexível.

@neuro.profe
As primeiras aquisições nos primeiros mil dias de vida envolvem as
áreas motoras, visual, linguagem e o pessoal-social, são as primeiras
áreas impactadas pela neuroplasticidade. Nesse período, qualquer
agravo que ocorrer na área psicoemocional pode gerar
consequências graves para a vida da criança.

Bases impactadas pelo ambiente nos primeiros mil dias de vida são:
bases anatômicas, bases neurofisiológicas e bases psicoemocionais.
São três bases que sustentam a cognição e são impactadas pelo
ambiente nos primeiros mil dias.

Os bebês nascem aptos a fazer 700 sinapses por segundo, ou seja, é


uma produção elevadíssima. E o bebê nasce apto a, mas depende
do ambiente e do vínculo afetivo.

Formação de sinapses no primeiro momento fortalece redes que


impacta processamento sensorial da visão e audição e, junto dele, a
linguagem. O ápice da mudança está no sensorial entre 6 a 7 meses
de vida e a linguagem tem ápice entre 10 a 11 meses. A ampliação
da linguagem, memória e atenção, ou seja, funções cognitivas
superiores e habilidades motoras posteriores tem ápice entre 3 para
4 anos e continuam até os 15 anos.

Após os 5 anos, o número de sinapses equipara-se ao dos adultos. A


janela de oportunidade está no sensorial e linguagem e por isso são
habilidades preditores. Se a criança não fala ao chegar aos mil dias,
está atrasado, pois deveria falar com até 12 meses. Para se estimular
precisa ter consciência daquilo que está sendo estimulado
precocemente ou em atraso. Não é a idade que diz se é precoce,
mas a habilidade que se pretende estimular e o seu marco esperado.
@neuro.profe
O ambiente e o processo neuroplástico nos primeiros mil dias: os
bilhões de neurônios iniciam o processo de intensa conexão sináptica
e a progressiva mielinização dos neurônios. No ambiente psíquico e
físico temos um ambiente positivo – favorecem a formação da rede
neuronal e negativos – inibem a formação da rede neuronal ou podar
as conexões já estabelecidas.

O estresse é um fator importante e é uma provocação ambiental na


infância. Há o nível de estresse normal que é menos intenso e tem
como resultado o fortalecimento de conexões neuronais. Leva ao
esforço e superação e é percebido na primeira infância na
exploração do ambiente na tentativa de comunicar-se. A adrenalina
liberada no momento do estresse normal ajuda na formação de
novas conexões.

O ambiente é a mola propulsora para o aproveitamento do estresse


normal, pois ajuda a estimular a autonomia da criança, desafios e
habilidades motoras no ambiente da casa e escola. Retirar a figura
do garçom, que oferece tudo de bandeja para o bebê e estimular a
habilidade de esperar e se auto confortar, estimular a descoberta, a
procura, a investigação do que está perdido ou sem resposta para a
criança.

Para aproveitar o estresse normal em benefício do desenvolvimento


é preciso saúde emocional dos pais, dos professores, educação dos
pais, formação técnica dos professores do berçário e da creche e
conhecer a posição da criança no discurso dos pais e dos
professores. Não podemos usar crianças em frente a tv, porque não
há interação humana nesse momento tão importante do
desenvolvimento infantil.
@neuro.profe

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