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Crescimento x desenvolvimento: do que estamos falando?

Apesar de muitas vezes utilizarmos essas palavras como sinônimos, existem diferenças
conceituais entre a ideia de crescimento e desenvolvimento infantil.

Crescimento
Tem a ver com o aumento físico do corpo, seja ele como um todo ou em suas partes. O
crescimento, diferentemente do desenvolvimento, podemos medir em termos de centímetros ou
gramas. O bebê que, ao nascer, apresentava 47 centímetros de comprimento, ao final do
segundo ano de vida, poderá ter crescido quase o dobro deste tamanho!

Desenvolvimento
Por definição, desenvolvimento é o aumento progressivo da capacidade do indivíduo na
realização de funções cada vez mais complexas. Mudanças biológicas, psicológicas e
emocionais vão acontecendo desde o nascimento, aumentando cada vez mais a autonomia da
criança. Podemos dizer que o desenvolvimento é um processo contínuo, com uma sequência
previsível, mas que tem um curso único para cada criança. Ou seja, sabemos que todas as
crianças passam por etapas muito parecidas, porém a forma como essas etapas vão acontecer
depende da criança e do contexto.
ATENÇÃO!
Fique atento a qualquer regressão no desenvolvimento, o que chamam de
"involução". Caso seja observado que a criança perdeu alguma habilidade já
adquirida, discuta com seu supervisor a possibilidade de encaminhá-la para
um serviço de saúde ou da assistência social. Neste caso, o supervisor irá
encaminhar o caso ao CRAS para que este serviço faça os encaminhamentos
necessários na rede de saúde.

Neurodesenvolvimento: rápidos avanços nos primeiros anos de vida


O rápido crescimento nos primeiros anos de vida envolve o organismo como um todo.
De modo especial, chama a atenção o importante processo de amadurecimento do cérebro da
criança. Estima-se que a criança quando nasce tenha cerca de 86 bilhões de neurônios, as células
cerebrais que se comunicam umas com as outras por meio de conexões. Essas conexões são
formadas, entre outras coisas, pelas experiências que vivencia junto a seus cuidadores.
Durante os primeiros dois anos, as conexões no cérebro da criança podem duplicar ou
triplicar em função das novas habilidades adquiridas por ela, dependendo da estimulação que
recebe do ambiente. Por consequência, isso se reflete no tamanho do cérebro da criança, que
cresce significativamente nesse período. Por isso a estimativa do perímetro cefálico (tamanho
da cabeça), entre outras razões, avaliada pelos pediatras nas consultas de acompanhamento
(puericultura), são importantes. Você sabia que, nesse período do desenvolvimento infantil, a
criança chega a ter um número muito maior de conexões do que um cérebro adulto?

→ Saiba mais sobre o desenvolvimento cerebral da criança


Na criança, o cérebro estabelece circuitos para executar inúmeras atividades. Com o tempo, os
circuitos menos usados são "desativados", o que chamamos de poda neural. Isso pode soar como
algo ruim, mas, na verdade, esse corte é natural e benéfico para o cérebro, pois favorece o
estabelecimento de novas conexões neurais. A poda neural é mais intensa nos primeiros anos,
mas também ocorre em outros momentos ao longo da vida do indivíduo. As conexões mais
utilizadas, por sua vez, se fortalecem e se tornam cada vez mais especializadas.

Veja como é importante estimularmos a criança desde bebê! A área do


neurodesenvolvimento descreve a existência de certos períodos que tendem a ocorrer com mais
intensidade nos primeiros anos da criança, nos quais há uma maior prontidão ou predisposição
do cérebro humano para novas aprendizagens. Podemos dizer que são recortes específicos no
tempo, em que há a formação de uma série de conexões no cérebro. Essas novas conexões estão
prontas para "receber" estimulação do ambiente em que a criança vive, para melhor se
especializarem e refinarem.
Você já parou para pensar que não é à toa a recomendação de que as crianças iniciem o
ensino fundamental e o processo de alfabetização por volta dos seis anos de idade? É nessa
"janela" do desenvolvimento que haverá maior propensão da criança para aprender a ler e a
escrever.
Uma das coisas mais fantásticas do cérebro humano é a sua capacidade adaptativa, ou
seja, sua propriedade de modificar sua organização estrutural e seu funcionamento. É a isso que
nos referimos quando falamos sobre plasticidade cerebral. Isso quer dizer que o cérebro é capaz
de se moldar dependendo das experiências com as quais entra em contato. Por isso, nas visitas
às famílias é preciso recomendar que a criança entre em contato com experiências variadas e
saudáveis e que gerem satisfação. Por outro lado, podem acontecer consequências negativas
para o cérebro quando as experiências são ruins. Quando são excessivas, constantes e
duradouras, essas experiências negativas geram o que conhecemos como estresse tóxico.
Você conhece as consequências dos eventos negativos (estressores tóxicos) no
desenvolvimento da criança? Veja no box Saiba Mais a seguir como os estressores tóxicos
influenciam o no desenvolvimento infantil.

→ Saiba mais sobre as consequências das experiências negativas para a criança


Embora cada criança reaja de maneiras diferentes frente às experiências adversas de vida, é
consenso que certas vivências negativas tendem a gerar maior impacto quando ocorrem nos
primeiros anos de vida. Entre elas, destacam-se a vivência como vítima direta ou espectadora
de situações de violência, que incluem negligência ou abusos físicos, psicológicos, sexuais.
Esses casos de violência são, muitas vezes, silenciados no seio das famílias e comunidades. É
comum também que a violência seja uma linguagem naturalizada em determinado contexto
familiar ou social, o que torna mais difícil o rompimento desse ciclo. Outro estressor tóxico é a
vivência da criança em um contexto de pobreza. Isto porque contextos de pobreza são
frequentemente indicados como associados a problemas no desenvolvimento infantil devido a
uma precariedade de acesso a serviços de saúde, educação e outras formas de orientação,
relacionados a menor disponibilidade de alimentos nutricionalmente adequados, entre outros
desafios a serem superados.
ATENÇÃO!
Caso seja observado a ocorrência de algum estressor tóxico que possa receber
algum tipo de intervenção, como a presença de situações de violência
conjugal, por exemplo, discuta com seu supervisor a possibilidade de
encaminhar a situação para um serviço de assistência social ou outro órgão
competente.

O que são os marcos do desenvolvimento?


É comum ouvirmos que cada criança se desenvolve em seu próprio tempo, e é claro que
cada uma terá suas particularidades enquanto cresce. No entanto, existem certos marcos que
delimitam etapas importantes nesses primeiros anos. E eles devem ser atingidos para um
desenvolvimento pleno da criança. Esses marcos não são extremamente rígidos, mas quando a
criança se distancia demais da idade padrão do marco, é importante que se considere como um
sinal de alerta.
Podemos dizer que os marcos do desenvolvimento são habilidades que são alcançadas
pelas crianças em uma idade definida. Essas habilidades são uma indicação de que a criança
está tendo um desenvolvimento típico. Pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos e muitos outros
profissionais que trabalham com crianças buscam observar essas habilidades, aptidões e
atitudes como pontos de checagem do desenvolvimento típico em uma determinada idade e
num determinado contexto.
Os marcos são divididos na literatura em dimensões do desenvolvimento, áreas que
apresentam grande avanço durante os primeiros anos da criança e são essenciais para a
aquisição de autonomia. No próximo tópico você vai compreender quais são as principais
dimensões do desenvolvimento e como observá-las.

Quais são as dimensões do desenvolvimento infantil?


Embora as dimensões do desenvolvimento possam ser abordadas separadamente, elas
são altamente inter-relacionadas, de modo que uma mesma experiência pode estimular o
desenvolvimento de habilidades em várias dimensões. Costumamos identificar quatro
dimensões: cognitiva, linguagem, motricidade e socioafetiva.
A dimensão cognitiva está diretamente relacionada com o desenvolvimento do nosso
cérebro. Ela se refere à nossa capacidade de armazenar informações, manter a atenção em algo
importante, resolver problemas. Sua progressão é bastante evidente ao longo dos anos. Por
exemplo, quando bebês, sustentamos a atenção em determinada coisa por um período
curtíssimo de tempo. Com o passar do tempo, nossa capacidade atencional vai aumentando e,
por isso, conseguimos também fazer coisas mais complexas, como realizar mais de uma
atividade ao mesmo tempo ou nos mantermos concentrados mesmo diante de uma atividade
muito difícil. Como já vimos, a especialização das conexões no nosso cérebro permite esse
refinamento de capacidades.

→ Saiba mais sobre a cognição


Antes de aprender a resolver cálculos matemáticos ou solucionar um problema de raciocínio
lógico, a criança desenvolve habilidades que nos parecem muito simples. Na verdade, para uma
criança tão pequena, são grandes feitos, que servirão de base para a aprendizagem de coisas
cada vez mais complexas.
Você sabe identificar os sinais do desenvolvimento cognitivo de uma criança? Veja
abaixo os principais indicadores para identificar se o desenvolvimento cognitivo da criança está
dentro do esperado. São ações simples, mas que dizem muito sobre o desenvolvimento
cognitivo da criança.

Imitar gestos que os adultos fazem para ela, como piscar os olhos ou puxar
Imitação
a orelha.

Conseguir reunir dois objetos que geralmente são usados juntos, como
Juntar objetos
colocar a tampa em uma panela.

Virar um objeto do lado certo para usá-lo, como uma colher que está ao
Virar objetos
contrário.
Fazer de conta que um objeto é outra coisa, como fingir que um controle
Faz de conta
remoto é um celular.

Empilhar Empilhar blocos ou brinquedos.

O desenvolvimento da linguagem na criança é complexo e envolve diferentes sistemas


do corpo, também sendo altamente influenciado por fatores do ambiente, como a família ou a
escola. Começar a falar é uma habilidade que os pais esperam com ansiedade, talvez por ser a
comunicação algo fundamental para interagir com as outras pessoas.
Quando falamos em linguagem, não nos referimos apenas a articular palavras e formar
frases. Ela envolve uma série de aspectos que permitem que conteúdos sejam comunicados e
entendidos. É por isso que falamos em linguagem receptiva e linguagem expressiva.
A linguagem expressiva inclui a capacidade da criança de usar a língua para se expressar
verbalmente, transmitir informações e instruções necessárias para interagir na sociedade.
A linguagem receptiva diz respeito às habilidades da criança em compreender a língua,
incluindo palavras, frases e expressões verbais.
Faz parte da linguagem também aquilo que expressa e comunica sem o uso de
palavras, mas sim por meio de gestos ou outros símbolos (por exemplo, a criança apontar
para algo que quer). A isso damos o nome de comunicação não verbal.
Ser capaz de identificar qual dificuldade na linguagem a criança apresenta é importante
na orientação aos pais sobre o que acontece, para uma melhor descrição da queixa em um
serviço de saúde ou outro, caso seja necessário. Conforme comentamos antes, o
desenvolvimento da linguagem depende de fatores tanto biológicos quanto sociais.

→ Saiba mais sobre a linguagem


Uma das condições físicas que favorece o desenvolvimento da linguagem é a audição. Sabemos
que crianças com audição normal têm mais chances de desenvolver a fala com naturalidade.
Por isso, fique atento caso algum recém-nascido não tenha feito o teste da orelhinha. Oriente as
famílias sobre a importância de detectar o mais cedo possível uma possível perda da audição.
Ainda na barriga da mãe, o bebê já consegue detectar sons e, até o final do primeiro ano de
vida, muitos aspectos da audição já estarão bastante amadurecidos. Essa habilidade, assim como
muitas outras, será ampliada e refinada ao longo dos primeiros anos de vida.

A interação com adultos é algo que orienta a aprendizagem da linguagem na criança.


Ela aprende a entender as diferenças de tons de voz e aumenta o seu vocabulário, à medida que
o adulto apresenta o mundo a ela. Por isso, é importante que a criança faça uma "imersão" nesse
mundo da linguagem, sendo apresentada a novos sons. Na orientação às famílias, explique que
para estimular a linguagem, é preciso que a criança entre em contato com canções, escute
histórias e brinque muito!
A linguagem é intimamente relacionada ao desenvolvimento cognitivo e tem um
papel importante na determinação de como a criança vai aprender a pensar. É também
um fator importante para a aprendizagem da leitura e da escrita.

A dimensão socioafetiva, mais do que todas as outras dimensões do desenvolvimento,


tem forte influência das relações e interações com os adultos mais próximos. Entre a criança e
seus cuidadores principais, tende a se estabelecer, nos primeiros anos de vida, uma forte relação
afetiva. Caso essa relação ajuda o bebê a conhecer o ambiente, estimula sua autonomia e o
enfrentamento de desafios, forma-se um vínculo de segurança, em que a criança entende que
tem com quem contar. É o que se pode chamar de apego seguro.
A formação desse vínculo acontece aos poucos, na constância dos cuidados diários,
como no momento de amamentação, banho, brincadeiras, nas situações em que a criança precisa
de conforto quando chora. Nas visitas às famílias, você consegue perceber esse vínculo afetivo
na interação dos cuidadores com as crianças? Informe os adultos sobre a importância de
construir esse vínculo de segurança.
Essas experiências afetivas nos primeiros anos de vida também são fundamentais
para que a criança estabeleça meios de lidar com as próprias emoções. Entender o que se
sente e o que fazer com isso é uma atividade complexa para uma criança pequena.

→ Saiba mais sobre a dimensão socioafetiva


A forma como o processo do desenvolvimento socioafetivo irá evoluir dependerá do
amadurecimento do cérebro e de como os adultos a auxiliarão a manejar isso. Oriente os
cuidadores a dar nome aos sentimentos expressados pela criança. Isso a ajuda a compreender o
que ela está sentindo tão intensamente e a saber o que fazer com eles. Dessa forma, entende-se
que, além de ser importante que a criança tenha um cuidador de referência ou esteja rodeada de
relações, o que é realmente fundamental é a qualidade dessas interações.

A dimensão motricidade refere-se aos movimentos do corpo. Engatinhar, caminhar,


pular, manipular brinquedos, abrir objetos são coisas que a criança aprende nos primeiros anos
de vida. Com o passar do tempo, é esperado que a criança adquira cada vez mais controle sobre
esses movimentos. Assim como a linguagem, dividimos essa dimensão em motricidade ampla
e motricidade fina.
A motricidade ampla fala de "movimentos grandes", ou seja, habilidades que incluem
andar, sentar, correr, ficar em pé e equilibrar-se. De modo geral, envolvem os grandes músculos
do corpo.
A motricidade fina exige músculos menores e tem a ver com a realização de
movimentos de coordenação precisa, como recortar, pintar e empilhar objetos pequenos. Pode
também envolver lábios e língua, como assoprar uma vela. Ser capaz de diferenciar onde está
a dificuldade na motricidade ajuda a melhor orientar os pais sobre formas de estimulação.
A seguir você encontra um breve resumo sobre cada dimensão do desenvolvimento.
Lembre-se: essa divisão é apenas didática. Na prática, todas essas dimensões interagem o tempo
todo.

Dimensão Conceitualização.

Cognitiva Inclui processos que auxiliam as crianças a interpretar e responder ao seu


ambiente. Envolvem a formação de conceitos, brincadeira simbólica, atenção,
solução de problemas e memória.

Linguagem Podemos falar em linguagem expressiva e linguagem receptiva. A linguagem


expressiva indica a capacidade de produção da fala. Também se refere ao uso
de gestos e expressões não verbais com fins comunicativos. A linguagem
receptiva diz respeito, principalmente, à capacidade de compreensão. Também
se relaciona à compreensão de diferentes tons de voz, reconhecimento de
gestos e formas de comunicação não verbal.

Socioafetiva Indica a capacidade da criança em entender sentimentos e emoções, tanto


próprios quanto dos outros. Inclui habilidades de regulação do próprio
comportamento e emoções, empatia, apego e capacidade de estabelecer e
manter relações sociais.

Motricidade Pode ser dividida em motricidade fina e motricidade ampla. A motricidade


fina informa a habilidade para alcançar, agarrar e manipular objetos. Envolve
coordenação precisa de pequenos músculos do corpo, como os dos pés, das
mãos, dos dedos, dos pulsos, dos lábios e da língua. Já a motricidade ampla
descreve a habilidade de andar, sentar, correr, ficar de pé, equilibrar-se. Ela
envolve os grandes músculos do corpo.
Marcos do desenvolvimento
Marcos do desenvolvimento são habilidades, aptidões e atitudes alcançadas pela maioria
das crianças em cada etapa da infância. Esses marcos agem como critério de checagem do
desenvolvimento típico, tendo como balizador determinados intervalos de idade, que servem
para avaliar se a criança está se desenvolvendo como é esperado ou se é preciso indicar aos pais
maior estimulação ou atendimento especializado. Nos tópicos a seguir, você encontra uma
tabela que apresenta os principais marcos do desenvolvimento infantil relativos ao período dos
0 aos 12 meses de idade, considerando as quatro dimensões já estudadas.

● Audição e paladar são os sentidos mais apurados.


● Visão pouco desenvolvida – raio de visão curto e pouca.
precisão da via ótica, ou seja, as imagens são “nubladas”, em
cores, mas fora de foco.
● Fixa o olhar por alguns momentos e é capaz de seguir com o
olhar virando a cabeça.
● Reage a dor, mal-estar ou sofrimento.
● Sente fome.
● Reage e identifica odores.

● Faz grunhidos.
● Presença de sorriso reflexo ou social. Isso quer dizer que o
sorriso do bebê é um ato involuntário, não se caracteriza como
uma resposta a um estímulo específico, o bebê ainda não sorri
por achar graça de algo, por exemplo.
● É sensível ao tato em todas as partes do corpo, que é
utilizado para acalmar, alertar e despertar.

● Os movimentos dos braços e das pernas são pouco


controlados, mas a criança consegue controlar os movimentos
dos olhos, da cabeça (quando está deitada) e de sucção.
● Agarra de forma involuntária (reflexo) o que lhe for
colocado na palma da mão.
● Quando está deitada de barriga para cima, vira a cabeça de
um lado para o outro.

Como se desenvolvem os sentidos na primeira infância?


Algumas capacidades sensoriais estão presentes desde o útero e já se encontram mais
apuradas desde o nascimento, enquanto outras ainda requerem desenvolvimento após o
nascimento. Confira a seguir o desenvolvimento de cada um dos sentidos do bebê!
1. Tato
O tato é o primeiro sentido a se desenvolver e a amadurecer no útero. Os recém-nascidos, por
exemplo, já apresentam sensibilidade à dor.
2. Olfato
Assim como o tato, o olfato desenvolve-se no útero. Os recém-nascidos reagem a odores fortes
e já identificam o cheiro do leite materno.
3. Paladar
O paladar é outro sentido que se desenvolve ainda no útero. Sabe-se, inclusive, que recém-
nascidos preferem sabores doces a amargos – preferência já testada intra-útero.
4. Audição
A audição desenvolve-se já no útero. Após o nascimento, bebês são capazes de reconhecer
histórias contadas no útero. Com cinco meses de gestação, os bebês encolhem-se ao ouvirem
ruídos.
5. Visão
A visão é o sentido menos desenvolvido no nascimento. Ao longo dos primeiros meses do bebê
se desenvolvem: visão periférica (perceber o que está fora do foco principal), percepção de
cores, acuidade visual (capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos), visão
binocular (ambos os olhos usados em conjunto), e capacidade de acompanhar um objeto com
olhos.

Os principais marcos relativos ao período dos 3 aos 6 meses são apresentados na tabela
a seguir. Você perceberá que os bebês ampliam as capacidades que já apresentavam no tópico
anterior e adquirem novas habilidades nas dimensões cognitiva, da linguagem, socioafetiva e
da motricidade!

● Presta atenção a rostos.


● Reconhece pessoas familiares a uma distância maior.
● Gosta de móbiles (enfeites pendurados com partes móveis).
● Começa a demonstrar tédio (chora) se a atividade não
prender sua atenção.
● Alcança brinquedos com uma mão.
● Leva objetos para a boca.
● Usa olhos e mãos em conjunto.
● Segue objetos com os olhos de um lado para o outro.
● Interessa-se por cores distintas.
● Balbucia.
● Quando escuta algum barulho, vira a cabeça para procurar
de onde vem.
● Usa expressões faciais e copia sons que ouve.

● Começa a sorrir para as pessoas.


● Consegue se acalmar, levando a mão à boca ou chupando o
dedo.
● Demonstra contentamento ou tristeza.
● Reconhece pessoas de seu convívio.
● Sorri para pessoas variadas.
● Responde ao afeto.
● Imita expressões faciais.
● Gosta de brincar e pode chorar ao término da brincadeira.
● Pode estranhar pessoas desconhecidas.

● Faz movimentos mais delicados com pernas e braços.


● Agarra objetos que estão ao seu alcance.
● Consegue manter a cabeça erguida sem ajuda.
● Empurra de volta com os pés quando colocado de pé.
● Consegue virar o corpo da posição de bruços para a de
barriga para cima.
● Consegue erguer o tronco acima da altura dos cotovelos.
● Com ajuda, consegue mudar de posição e se manter. sentado
sozinho por alguns instantes.

Nesse período, o som da voz e a imagem de seus cuidadores próximos são importantes
para o bebê se tranquilizar. Ele interage olhando, movendo-se e fazendo barulhos. Em suas
visitas, valorize o comportamento do bebê e mostre aos pais e/ou cuidadores que eles podem
estimular o bebê mostrando objetos coloridos ou que façam barulho, colocando-os pertinho
para que ele os pegue. Também é importante que diga para conversarem com a criança em tom
de voz agradável, desde o seu primeiro momento de vida, preferencialmente olhando para ele
com atenção.
Em torno dos 4 meses o bebê começará a balbuciar, ou seja, emitirá sons como se
quisesse conversar. Ele também passa a expressar alguns sentimentos, reconhece as pessoas
que convivem com ele e sorri intencionalmente para elas. Por isso, é muito importante você
estimular os cuidadores a investir nessa interação por meio de brincadeiras.
Nesse momento, os bebês apreciam as brincadeiras de esconde-esconde. Por exemplo,
você pode incentivar os pais e cuidadores a brincarem da seguinte forma: deixar cair um objeto
perto do bebê e perguntar a ele onde está o brinquedo. Em seguida, colocar o brinquedo ao
alcance de suas mãos e quando ele for agarrá-lo, cobrir com uma fralda ou pano, deixando uma
parte de fora. Depois, dizer ao bebê para procurar pelo brinquedo. Caso ele não retire a fralda
de cima, deve-se retirá-la. É possível repetir a brincadeira várias vezes. A repetição é importante
nesse momento para que o bebê aprenda e assimile a informação. Outras sugestões de atividades
para realização junto aos cuidadores podem ser consultadas no Guia para Visita Domiciliar do
Programa Criança Feliz.

Sinais de Alerta! 3-6 meses


Na tabela a seguir são apresentados alguns comportamentos que, quando ausentes,
podem sinalizar que algo não vai bem no desenvolvimento do bebê. Fique atento!

Cognitiva ● Não responder a sons altos.


● Não olhar para objetos em movimento.
● Não levar objetos à boca.

Socioafetiva ● Não sorrir para pessoas.


● Não produzir sons ou balbuciar.

Motricidade ● Não levar a mão à boca.


● Não agarrar de forma involuntária (reflexo) o que é colocado na palma da
sua mão.
● Não conseguir sustentar a cabeça e o tronco.
● Não empurrar o chão com as pernas.
ATENÇÃO!
Caso você identifique ou o cuidador relate algum dos comportamentos
ausentes citados acima que possa receber algum tipo de intervenção, discuta
com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para um serviço
de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.

Sono e choro do bebê: desafios para os cuidadores


Desde que nasce, o bebê alterna diferentes estados: fica dormindo, sonolento, acordado,
em vigília e ativo, irritado ou choroso. Por vezes, o bebê pode ter dificuldade em passar de um
estado para outro. Vamos conhecer mais sobre os comportamentos de sono e choro do bebê,
que muitas vezes causam dúvidas nas mães, pais e demais cuidadores.

O sono do bebê
O sono é essencial para o adequado crescimento e desenvolvimento psicomotor da
criança. Por isso, costuma ser uma preocupação frequente dos pais, visto que pode ser uma
parte bastante desafiadora do desenvolvimento. Até os dois ou três meses, o ritmo circadiano
(período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico, dependendo
principalmente da variação da luz) se estabelece. A criança passa a apresentar diminuição do
sono diurno e consolidação das horas de sono à noite. Esse período também é marcado pela
influência das condições biológicas de estabelecimento do ritmo circadiano. As crianças
tornam-se mais sensíveis ao ambiente, respondendo ao claro e ao escuro para organizar seu
ritmo de vigília e de sono.

Rotina de sono do bebê


O ritmo da casa e as rotinas noturnas passam a funcionar como sinais sociais ou
ambientais, com influência no ritmo de vigília e de sono do bebê. É importante orientar aos pais
a manter uma rotina estável de horários do bebê, ressaltando a importância de estabelecer
inclusive os horários de sono. Também é necessário atentar ao ambiente buscando mantê-lo o
mais adequado possível para que o bebê tenha um sono tranquilo durante a noite (ambiente
escuro, com alguma luz indireta, pouco barulho e temperatura adequada).
Modificações importantes na organização do sono iniciam durante o terceiro mês
de vida, quando ele passa a iniciar na fase NREM (movimento não rápido dos olhos). Até
o sexto mês de vida, 90% dos bebês já devem ter efetuado essa troca. Nessa faixa etária, o
mais longo período de sono ininterrupto geralmente não ultrapassa 3 horas e 20 minutos.
A partir dos seis meses, o período mais longo de sono ininterrupto não ultrapassa seis
horas. A noite é dividida em dois períodos contínuos de sono, intercalada por um despertar.
Durante o dia, começa a ocorrer a consolidação da vigília, mas ainda interrompida por períodos
de sono diurno. Nesse momento, o bebê passa a ficar mais atento e a demandar mais dos
cuidadores ao longo do dia.

→ Saiba mais sobre o sono do bebê


Coleito
Nos primeiros meses de vida do bebê pode ocorrer o coleito (o bebê dormir na cama dos pais),
algumas vezes justificado para facilitar a amamentação. Não há uma proibição definitiva do
compartilhamento de cama entre os pais e o bebê, mas é importante orientar as mães, pais e
demais cuidadores que há riscos nessa prática, especialmente de morte súbita infantil durante o
sono em circunstâncias em que os bebês sejam prematuros e de baixo peso e que os pais fumem,
consumam drogas ou medicações sedativas e álcool antes de dormir. Portanto, o mais
recomendável é que o bebê possa dormir no berço colocado no quarto dos cuidadores. Este é o
jeito mais seguro para os bebês dormirem, ou seja, sem coleito. Além disso, é importante que
se inicie o processo de colocar o bebê a dormir em seu próprio quarto, caso seja possível, ainda
antes de ele completar seu primeiro ano de vida.

O choro do bebê
Desde o nascimento, o recém-nascido se expressa por meio do choro para informar suas
necessidades, ou seja, o choro ocorre para sinalizar aos pais que algo não está bem com a
criança. Enquanto manifestação vocal, o choro se apresenta como um dos estados que fazem
parte do leque de comportamentos responsivos da criança pequena.
Por meio do choro, o bebê pode expressar o seu descontentamento. Por isso, os bebês
podem chorar para demonstrar fome, sono, dor, entre outros desconfortos. É importante
sensibilizar o cuidador quanto à resposta adequada aos choros do bebê. Nessa fase ainda não
ocorrem choros de “manha”, então é importante orientar aos pais ou cuidadores que amparem
e confortem o bebê sempre que ele chorar. Isso influenciará na sua comunicação ao longo da
infância!

Importante:
● Entre os 3 e os 6 meses, a criança ainda não usa o choro para fazer “birra”. Informe os
cuidadores de que, nessa faixa etária, deixar a criança chorando sem atender suas necessidades
NÃO é benéfico ao seu desenvolvimento.
● Quando o choro do bebê não é respondido adequadamente, ele pode desenvolver uma série
de problemas emocionais e psicológicos ao longo da vida.
● Os pais e cuidadores devem sempre atender ao choro da criança, respondendo
adequadamente às necessidades do bebê no momento do choro (fome, cólica, dor, incômodos
no geral).

Na fase dos 6 aos 9 meses, o bebê começa a explorar mais o mundo a sua volta e utiliza
as mãos e a boca para isso. O bebê está mais hábil e, em geral, consegue manipular objetos,
rolar, se arrastar ou engatinhar, sentar sem suporte e até ficar em pé se apoiando em móveis.
Ele também está mais responsivo, atendendo quando chamado pelo nome, assim como
reconhece as pessoas próximas. Os sentimentos também se expressam neste momento em
situações em que a criança experimenta prazer e desconforto. Além disso, o bebê começa a
imitar alguns sons, podendo expressar suas primeiras palavras. É um momento no qual muitas
mudanças são perceptíveis. Veja a seguir algumas das principais características que o bebê
apresenta em cada uma das dimensões.

● Olha para um brinquedo que foi colocado em sua mão.


● Começa a passar os objetos de uma mão para a outra.
● Demonstra curiosidade por objetos novos e tenta alcançar.
● Procura por coisas que foram escondidas.
● Responde a sons.
● Imita sons e gestos de outras pessoas.
● Começa a apresentar turnos na “conversa” (espera o
cuidador parar de falar para começar a balbuciar).
● Responde ao próprio nome.
● Reconhece, também pelo nome, as pessoas com as quais
têm mais contato.
● Começa a pronunciar consoantes como “m”, “b” e “p”.
● Imita sons simples: “au au”, “dá”, “miau”.
● Entende “não” e “tchau”.

● Expressa sons de prazer ou desconforto.


● Reconhece familiares e começa a notar quem é estranho.
● Atende quando chamado pelo nome.
● Reconhece pelo nome as pessoas com as quais tem mais
contato.
● Responde à emoção dos outros.
● Aprecia se olhar no espelho.
● Aprecia os seus brinquedos.
● Gosta de ouvir histórias.
● Diverte-se com imitações.

● Consegue rolar para ambas direções.


● Passa objetos de uma mão para outra.
● Consegue pegar objetos com movimento de pinça (usando
dedão e indicador).
● Interessa-se por alcançar e arremessar objetos.
● Engatinha ou se arrasta.
● Senta sem suporte.
● Pode começar a ficar em pé com apoio, correndo risco de
acidentes!

Confira, a seguir, sugestões de como orientar os cuidadores a estimular o


desenvolvimento da linguagem. Oriente os cuidadores sobre a importância de chamar a criança
e todos que convivem com ela pelos nomes, para que ela possa aprendê-los.
Também é importante sugerir para mães, pais e demais cuidadores que estimulem o bebê
por meio de brincadeiras, como, por exemplo, convidá-lo a bater um objeto no outro, que pode
ser de madeira, plástico, borracha ou papelão.
As brincadeiras de esconder objetos, como já mencionado, continuam sendo muito
indicadas. Além disso, as capacidades motoras se aprimoram e as crianças costumam gostar
muito que cantem músicas com diferentes ritmos. Você pode orientar os cuidadores a cantar e
estimular a criança a dançar. Por outro lado, o risco de alguns acidentes se acentua. Outras
sugestões de atividades para realização junto aos cuidadores podem ser consultadas no Guia
para Visita Domiciliar do Programa Criança Feliz.

→ Saiba mais
Como pais ou cuidadores podem estimular o desenvolvimento da linguagem?
Na fase do balbucio, os adultos podem repetir sílabas, estimulando o bebê, que percebe isso
como uma brincadeira e repete os sons. Além disso, os cuidadores podem ajudar o bebê a
compreender palavras ao apontarem um objeto e nomeá-lo. Isso porque os bebês aprendem
ouvindo o que adultos dizem, portanto é importante estar sensível a esse momento. Quando os
bebês começam a falar, os cuidadores podem repetir palavras (falando como costumam falar
com outros adultos) e ensinar novas palavras para a criança. Os cuidadores também precisam
atentar ao conteúdo do que falam, pois ainda que não compreendam o significado, os bebês já
começam a repetir os sons de algumas palavras. Por isso, é importante evitar xingamentos ou o
uso de termos pejorativos na frente do bebê.

Sinais de Alerta! 6-9 meses


Na tabela a seguir são apresentados alguns comportamentos que, quando não estão
presentes, podem sinalizar que algo não vai bem no desenvolvimento do bebê. Fique atento!

Cognitiva ● Não tentar pegar objetos próximos.


● Não olhar para local apontado.
● Não brincar respeitando a regra do vai e volta, ou seja, não procurar ou
fazer com que os objetos voltem a aparecer depois de escondidos.

Linguagem ● Não emitir sons de vogais.


● Não responder ao próprio nome.

Socioafetiva ● Não demonstrar afeto ao cuidador.


● Não sorrir ou dar risadinhas.
● Não reconhecer pessoas próximas.

Motricidade ● Parecer muito rígido, com músculos contraídos.


● Parecer muito flexível, como uma boneca de pano.
● Não passar objetos de uma mão para outra.
● Não sentar ou suportar o peso do corpo nas pernas.

ATENÇÃO!
Caso você identifique ou o cuidador relate algum dos comportamentos
ausentes citados acima que possa receber algum tipo de intervenção, discuta
com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para um
serviço de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.

Aos nove meses o bebê costuma apresentar alguns progressos em relação ao período
anterior. Por exemplo, ele consegue acompanhar objetos em movimento e apontar para o que
quer. Já imita alguns gestos e, também, começa a expressar maior medo em relação a estranhos,
bem como costuma querer ficar mais próximo de sua mãe, pai ou cuidador. Em relação à
linguagem, o bebê imita alguns sons e, ao completar o primeiro ano de vida, a criança já explora
os objetos de muitas formas e os encontra com facilidade. Ela também responde a perguntas
simples e atende a orientações, como chutar uma bola ou pegar um brinquedo. A seguir, você
encontra os principais marcos relativos ao período dos 9 aos 12 meses do bebê.
● Olha para a trajetória de objetos caindo.
● Explora objetos de diferentes formas: balançando, batendo,
jogando.
● Acha objetos escondidos facilmente.
● Olha para objetos quando nomeados.
● Tira e coloca objetos em recipientes.
● Segue instruções simples, como, por exemplo: “pegue o
brinquedo do chão”, “venha aqui”.
● Usa o dedo para apontar coisas.

● Responde a perguntas simples.


● Usa gestos simples como “tchau”, “não”, “legal”.
● Emite sons variando entonação.
● Tenta falar palavras.

● Tem brinquedos favoritos.


● Começa a ser “grudenta” com adultos conhecidos.
● Fica nervosa ou tímida perto de estranhos.
● A criança pode expressar alegria e tristeza e reconhecer
emoções de outras pessoas.
● Tem amigos e brinquedos favoritos.
● Demonstra medo em algumas situações.
● Ajuda a vestir empurrando braços e pernas.
● Reconhece sua própria imagem no espelho e a de quem está
com ela.

● Usa apoio para andar.


● Consegue ficar em pé sem ajuda por alguns segundos.
● Consegue sentar sem ajuda.
● Bate palminhas.
Neste período do desenvolvimento, o bebê está num momento de desenvolvimento mais
intenso da linguagem e das suas habilidades socioemocionais. Por isso oriente os cuidadores de
que, para transmitir maior segurança para a criança, é necessário que eles saibam da importância
de retribuir seus sorrisos e não ignorar seus chamados. É importante, também, recomendar que
os cuidadores estimulem a criança a repetir os sons que produzem, combinando-os com algumas
palavras, como “mamãe”, “papai”, “vovó”, entre outras. Outra estratégia que os cuidadores
devem adotar é falar as palavras de forma clara e correta diante do bebê. Algumas crianças
também apreciam ajudar na troca de fraldas, das roupas e até no banho, e podem já estar
caminhando, com ou sem suporte.
É esperado que nesse momento as crianças imitem os adultos em atividades como dar
de comer e pentear um boneco, varrer a casa, entre outras. Recomende aos cuidadores que
incentivem sua filha ou filho a cumprir pequenas tarefas, como buscar um sapato ou pegar sua
bola. Ainda é importante estimular a criança a recolher seus brinquedos quando termina sua
brincadeira. Consulte o Guia para Visita Domiciliar do Programa Criança Feliz para obter mais
informações sobre atividades para realizar junto aos cuidadores.

Sinais de Alerta! 9-12 meses


Na tabela a seguir são apresentados alguns comportamentos que, quando não estão presentes,
podem sinalizar que algo não vai bem no desenvolvimento do bebê. Fique atento!

Cognitiva ● Não procurar por brinquedo que viu sendo escondido.

Linguagem ● Não falar “mama” ou “papa”.

Socioafetiva ● Não apontar.


● Perder algumas habilidades que já tinha apresentado antes.

Motricidade ● Não engatinhar ou se arrastar.


● Não se manter de pé com apoio.

ATENÇÃO!
Caso você identifique ou o cuidador relate algum dos comportamentos
ausentes citados acima que possa receber algum tipo de intervenção, discuta
com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para um serviço
de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.
Sabemos que as crianças crescem mais rápido nos três primeiros anos do que em
qualquer outro período da vida. Por isso, vamos iniciar pelas principais mudanças do ponto de
vista físico que ocorrem nessa faixa etária. A altura e o peso de um bebê tendem a ter um
aumento expressivo no primeiro ano de vida e, a partir do segundo ano, essa taxa tende a
diminuir gradualmente. Estima-se que, dos 12 aos 24 meses, a criança tenda a ganhar cerca de
2,5 kg a 3 kg ao longo do período de um ano, o que representa em torno de 30%, enquanto,
durante o primeiro ano, seu peso pode ser triplicado, ou seja, aumentado em 300%!
Nesse período, já é esperado que alimentos sólidos tenham sido, aos poucos,
introduzidos. Embora o leite materno siga sendo importante no segundo ano de vida, o alimento
terá um papel de contribuir para atender às demandas de nutrientes e energias que a criança
precisa para essa etapa.
O desenvolvimento da dentição ajudará nesse processo. Até completar 24 meses, as
habilidades motoras da criança estarão mais maduras e ela terá mais autonomia no momento da
alimentação. Em compasso com as novas habilidades adquiridas (caminhar com mais
segurança e segurar e manipular objetos, por exemplo), a prontidão para explorar o ambiente
pode tornar a criança menos interessada no momento da alimentação, algo que preocupa os pais
e cuidadores.
O que é realmente importante é que a alimentação deve ser feita em conjunto com outras
pessoas e de preferência sem elementos de distração, como televisão. Nessa fase, não é
necessário se preocupar tanto com a qualidade e quantidade de comida que a criança deve
ingerir, quanto com o ambiente no momento da alimentação. Um ambiente agitado, com brigas,
pode gerar efeitos muito negativos sobre o padrão alimentar da criança. Cuidadores devem
atentar-se à qualidade do alimento – doces e industrializados podem estabelecer as bases da
obesidade no futuro.
Nessa época, pode ser que ela se torne mais seletiva em relação aos alimentos que aceita.
Pode inclusive recusar tipos de comida que gostava anteriormente, exigindo dos adultos maior
criatividade na forma de preparo e paciência para novas tentativas de oferta. Também é normal,
nessa idade, que as crianças comecem a brincar com a comida quando têm um prato cheio
diante de si. Isso não é algo ruim! Apesar de a maioria das crianças ser repreendida por brincar
com a comida, considera-se que esse pode ser o melhor caminho para que desenvolvam hábitos
alimentares saudáveis desde cedo.
Oriente os cuidadores a deixarem as crianças brincarem. Brincar com a comida
estimula os sentidos, deixa os alimentos mais divertidos e promove o desenvolvimento
cognitivo. Além disso, a criança se sente mais propensa a comê-los.
A partir dos 12 meses também já observamos mudanças no padrão de sono da criança.
Nessa fase, a maior parte das horas de repouso são ao longo do período noturno, deixando as
sonecas durante o dia menos frequentes. Próximo aos 24 meses, a criança já está bem mais ativa
ao longo do dia e as sonequinhas são muito menos necessárias.

→ Saiba mais sobre alimentação da criança


Você pode consultar o Guia alimentar para a população Brasileira menor de 2 anos de idade
para obter sugestões de alimentação adequada. O material traz recomendações e informações
sobre alimentação de crianças nos dois primeiros anos de vida com o objetivo de promover
saúde, crescimento e desenvolvimento para que elas alcancem seu potencial. O conteúdo é
baseado no perfil de alimentação do brasileiro, facilitando a adaptação às famílias que você
visita.
O desenvolvimento cognitivo permite que as pessoas aprendam novas informações e
lembrem delas quando precisarem, resolvam problemas da vida cotidiana e compreendam
conceitos e relações. O desenvolvimento cognitivo não está só relacionado à aprendizagem
formal na escola, mas pode ser percebido desde o início da vida!
Uma pesquisa recente realizada com mais de duas mil mães e cuidadores de crianças
brasileiras utilizando o Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil
(IDADI) foi capaz de delinear os principais indicadores do desenvolvimento infantil em suas
diferentes dimensões. Especificamente na dimensão cognitiva, foram apontados muitos
comportamentos que ajudam a indicar que a cognição da criança está se desenvolvendo. Em
uma criança de 12 a 24 meses, podemos esperar coisas como:
● Depois de ver um cuidador esconder um brinquedo pequeno debaixo de um papel ou pano,
a criança procura esse brinquedo.
● Reconhece a própria imagem no espelho (por exemplo: você pergunta “onde está o nenê?”
e ela aponta a própria imagem).
● Brinca juntando dois objetos que geralmente são usados conjuntamente (mexe uma colher
numa xícara, por exemplo).
● Consegue tirar a tampa de uma garrafa.
● Faz de conta que um objeto é outra coisa (por exemplo, usa uma caixa como carrinho).
● Tenta pegar um brinquedo ou objeto fora do alcance usando um outro objeto (como lápis,
vareta) depois de o cuidador ter mostrado como fazer.
● Empilha três blocos ou brinquedos, como cubos de plástico ou madeira, carrinhos, dados…
● Usa uma cadeira, banco ou caixa para pegar objetos que estão longe do alcance.
● Presta atenção em uma história curta que é lida para ela.
ATENÇÃO!
É importante ficar especialmente atento a casos em que o bebê apresenta
regressão no desenvolvimento, ou seja, quando perde algumas habilidades
que já tinha apresentado! Caso você identifique ou o cuidador relate algum
dos comportamentos ausentes ou regressos citados acima que possa receber
algum tipo de intervenção, discuta com seu supervisor a possibilidade de
encaminhar a situação para um serviço de saúde ou assistência social ou
outro órgão competente.

O aprendizado da linguagem é uma etapa importante no desenvolvimento das crianças.


A linguagem viabiliza o acesso a novas oportunidades para a compreensão social, para aprender
a respeito do mundo, para compartilhar experiências, prazeres e necessidades. Por volta dos 21
meses de idade, a maioria das crianças consegue pronunciar 100 palavras e começará, antes dos
2 anos de idade, a combinar essas palavras para fazer frases curtas.
Verifica-se um atraso no desenvolvimento da linguagem quando uma criança de 24
meses possui um vocabulário limitado (menos de 40-50 palavras) e não combina as palavras
em frases. Esse atraso da linguagem é frequente e, por isso, é importante estar atento a esses
marcos do desenvolvimento para intervir precocemente.
Aprender a falar é uma das conquistas mais importantes e mais visíveis da
primeira infância. Crianças que apresentam atraso ou desorganização da linguagem
correm maior risco de apresentarem problemas sociais, emocionais e comportamentais.
A quantidade e o tipo de estimulação no lar afetam o desenvolvimento da linguagem da
criança. Para estimular o bebê em suas primeiras palavras e frases, você pode orientar o
cuidador a nomear os objetos durante as atividades do dia a dia que realiza a criança.
Caso os bebês já falam algumas palavras, estimule o cuidador a perguntar o nome dos
objetos durante a brincadeira e elogie quando a criança acertar. Além de tudo isso, estar presente
é muito importante! A qualidade da interação entre o cuidador e a criança desempenha um papel
fundamental. Oriente aos pais a brincar com jogos de palavras ou a ler livros que despertem a
curiosidade de seus filhos e filhas! Um cuidado importante: oferecer materiais apropriados para
a idade da criança.
A tabela a seguir apresenta alguns comportamentos esperados para crianças de 12 a 24
meses que sinalizam o desenvolvimento da linguagem conforme os dados da pesquisa com o
IDADI. Veja existe a divisão entre as manifestações conforme uma intenção expressiva ou
comunicativa. Você imaginava que crianças dessa idade já podiam se comunicar assim?

Linguagem expressiva
● Balança a cabeça para responder "não" a questões simples.
● Pede "mais" ou "outro" (por exemplo: "mais água" ou "outro pão").
● Fala uma frase com duas palavras.
● Repete palavras que os outros dizem.
● Usa palavras acompanhadas de gestos indicativos do que está falando.
● Diz o nome de pelo menos cinco partes do corpo quando pedido.

Linguagem receptiva
● Entende o significado de “abrir” e “fechar”.
● Responde a perguntas como “como o cachorro faz?”, “como o gato faz”?
● Sabe o que significa “ligar” e “desligar”.
● Entende palavras que descrevem ações (por exemplo: trabalhando, dormindo, comendo).
● Demonstra compreender histórias de livros com figuras lidos para ela.
● Entende o significado de “para cima” e “para baixo”.
● Compreende frases no tempo passado (por exemplo: “o desenho da TV terminou”).

ATENÇÃO!
Se após os 18 meses a criança não falar nenhuma palavra, ou se aos 24 meses
falar pouquíssimas palavras, isso pode sugerir a necessidade de maior
estimulação por parte dos cuidadores ou pode ser um dos sinais da
ocorrência de algum transtorno do desenvolvimento. Caso você identifique
ou o cuidador relate algum desses problemas ou regressões citados acima
que possa receber algum tipo de intervenção, discuta com seu supervisor a
possibilidade de encaminhar a situação para um serviço de saúde ou
assistência social ou outro órgão competente.

Nessa faixa etária, os vínculos das crianças começam a se ampliar, agora não mais se
relacionando apenas com os pais/cuidadores, mas aprendendo a conviver com outras crianças.
Aos poucos, os bebês vão aprendendo a se relacionar com seus pares, já
apresentam amigos preferidos e gostam de dar brinquedos para outras crianças quando
estão brincando.
Há uma série de habilidades emocionais e comportamentais que se desenvolvem nos
dois primeiros anos de vida e ajudam a promover relações positivas entre pares. Entre elas, lidar
com a divisão da atenção, regular emoções, controlar impulsos, imitar as ações de outra criança
e desenvolver habilidades de linguagem. Fatores externos – como as relações das crianças com
os membros da família e sua bagagem cultural ou socioeconômica – e fatores individuais –
como incapacidades físicas, intelectuais ou comportamentais – também podem influenciar as
experiências das crianças com seus pares.
Crianças que convivem com outras da mesma idade, como as que frequentam
creche, conseguem desenvolver melhor essas habilidades sociais. É importante estimular
o convívio saudável, com brincadeiras cooperativas e com orientação sobre habilidades
de comunicação, como, por exemplo, conversando enquanto se brinca, descrevendo o que
se faz.
Veja a seguir alguns dos comportamentos esperados para crianças de 12 a 24 meses,
que são indicadores do desenvolvimento socioafetivo, conforme o IDADI:
● Abre os braços para abraçar o cuidador.
● Imita palavras e gestos enquanto brinca com o cuidador.
● Fala algumas palavras ou mostra objetos para indicar o que gosta ou não gosta.
● Imita ações de adultos (por exemplo: faz de conta que está varrendo ou dirigindo).
● Pede ajuda aos outros quando necessário.
● Faz perguntas buscando comunicar o que quer fazer.

ATENÇÃO!
Observe, principalmente, se até os 18 meses a criança não brinca ou, até os
24 meses, se não imita outras crianças ou adultos. Isso pode informar sobre
a necessidade de orientação aos cuidadores sobre como estimular, mas
também pode ser um sinal de alerta para algum transtorno do
desenvolvimento. Caso você identifique ou o cuidador relate algum desses
problemas citados acima que possa receber algum tipo de intervenção,
discuta com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para
um serviço de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.

Com um ano completo, muitas crianças já estão caminhando – ou vão caminhar nos
próximos meses – e, até completarem o segundo ano, já terão adquirido mais confiança e
treinarão movimentos mais arriscados.
A criança de 12 a 24 meses já está muito desenvolvida em termos motores!
O bebê entre 1 e 2 anos vai adquirindo capacidade de caminhar e até correr, construir
torre de cubos e chutar uma bola. Com o passar dos meses, esse bebê procura cada vez mais
autonomia e pode querer tentar tirar a própria roupa ou abrir portas. Para estimulá-lo, os pais
podem brincar de bola ou solicitar que lhe alcance objetos.
A seguir estão listados os comportamentos esperados para crianças de 12 a 24 meses,
considerando o desenvolvimento motor de crianças brasileiras. Veja que eles estão em ordem
de aquisição, já que em um ano a criança aprende muitas coisas novas! Observe que há uma
divisão entre habilidades motoras amplas e finas.

Motor amplo
● Tenta chutar uma bola.
● Caminha sem ajuda.
● Desce escadas colocando os dois pés em cada degrau, com apoio.
● Usa uma cadeira, banco ou caixa para pegar objetos que estão longe do alcance.
● Anda para trás (pelo menos dois passos).

Motor fino
● Consegue pegar um barbante ou linha usando o polegar e um outro dedo.
● Coloca lado a lado blocos ou objetos sobre uma superfície (Por exemplo: mesa, chão).
● Abre a porta usando a maçaneta.

ATENÇÃO!
Caso o bebê dessa faixa etária ainda não tenha aprendido a caminhar nem se
manter de pé sem apoio, precisamos ficar alertas para um atraso no
desenvolvimento motor. É importante ficar especialmente atento a casos em
que o bebê apresenta regressão no desenvolvimento, ou seja, perdeu
algumas habilidades que já tinha apresentado. Caso você identifique ou o
cuidador relate algum desses problemas citados acima que possa receber
algum tipo de intervenção, discuta com seu supervisor a possibilidade de
encaminhar a situação para um serviço de saúde ou assistência social ou
outro órgão competente.
Quando chegam aos dois anos, as crianças já têm a capacidade de caminhar, construir
torre de cubos e falar. Nessa idade, elas são bastante ativas e aperfeiçoam suas habilidades
motoras de carregar objetos, equilibrar-se, correr, pular e caminhar na ponta dos pés. As
crianças com dois anos precisam brincar. Essa deve ser a principal orientação aos seus pais e
cuidadores: deixá-las brincar e acompanhá-las na brincadeira sempre que possível! Os
cuidadores devem supervisionar a criança para que garantam a segurança dela, mas não devem
mandar ou interferir. A criança deve ser capaz de explorar o ambiente e as brincadeiras de
maneira curiosa, mas com segurança. Veja a seguir alguns dos principais marcos do
desenvolvimento aos dois anos de idade.

● Consegue diferenciar formas e cores.


● Completa sentenças de livros ou histórias familiares.
● Começa a brincar de faz de conta (jogo simbólico).
● Constrói torres com mais de 4 blocos.

● Nomeia objetos apontados.


● Sabe o nome de pessoas e partes do corpo humano.
● Repete palavras que foram escutadas.
● Imita adultos e outras crianças.
● Fica animado na companhia de outras crianças.
● Demonstra maior independência.
● Apresenta comportamento opositor.
● Brinca muito sozinha, mesmo que tenha outros a volta,
porém começa a deixar outras crianças participarem.

● Fica na ponta do pé.


● Consegue chutar uma bola.
● Pula com os dois pés juntos e/ou fica num pé só.
● Começa a correr.

É importante orientar os pais a possibilitarem que seus filhos brinquem com outras
crianças para que aprendam a se relacionar e a compartilhar seus brinquedos! Elas estão
aprendendo a conviver, mas ainda podem manifestar sentimentos de posse como o famoso “é
meu!”. As brincadeiras podem envolver pintura em papel e movimento do corpo, como correr,
pular, jogar bola. Além disso, elas começam a apreciar as brincadeiras de faz de conta, então
você pode orientar os cuidadores a “dar vida” aos acontecimentos da história que contam,
podendo utilizar objetos para tanto, como, por exemplo, uma fralda que vira um pássaro voando
no céu. Estimule-os a darem “asas a sua imaginação”!
Consulte o Guia para Visita Domiciliar e o guia Jogos e brincadeiras das culturas
populares na Primeira Infância do Programa Criança Feliz para obter mais informações sobre
atividades para realização junto aos cuidadores.

Sinais de Alerta! 2° ano


Na tabela a seguir são apresentados alguns comportamentos que podem sinalizar que
algo não vai bem no desenvolvimento da criança. Fique atento!

Cognitiva ● Não seguir instruções simples.


● Não saber o que fazer com objetos comuns, como escova de dente,
telefone.
Linguagem ● Não usar duas palavras juntas, como “fazer xixi”, por exemplo.

Socioafetiva ● Perder habilidades que já tinha desenvolvido.

Motricidade ● Não conseguir se manter equilibrado.


Andar se batendo em móveis.

ATENÇÃO!
Caso seja identificado, através de relato do cuidador ou observação sua, que
o bebê dessa faixa etária apresenta algum dos sinais de alerta anteriores ou
apresente regressão no desenvolvimento (perda de algumas habilidades que
já tinha apresentado), discuta com seu supervisor a possibilidade de
encaminhar a situação para um serviço de saúde ou assistência social ou
outro órgão competente.

Autonomia
É também nesse período do desenvolvimento que as crianças começam a desenvolver
gradualmente sua autonomia. Elas podem recusar que lhe vistam, que lhe deem comida,
querendo fazer tais atividades sozinhas. Veja a seguir os principais marcos do desenvolvimento
da autonomia dos 18 aos 24 meses:

18 meses em diante:
● Dá resposta emocional (chora, expressa raiva ou frustração) às más ações e
comportamentos.
● Demonstra que se aborrece com a desaprovação dos pais e para de fazer o que não deve,
ainda que momentaneamente ou só em frente aos pais.
19 aos 30 meses:
● A criança faz autodescrição, ou seja, descreve comportamentos e características sobre si
mesma. Ela também faz autoavaliação, isto é, avalia seu próprio comportamento ou a si mesma.
● Define a si mesma em termos descritivos (grande) e qualitativos (bom, mau).
20 aos 24 meses:
● Começa a usar pronomes pessoais, como eu, meu, seu.

Esse período pode ser identificado como os “terríveis dois anos” ou “adolescência do
bebê”. A seguir vamos entender melhor por que isso acontece!
Os “terríveis dois anos”
Entre os dois e os três anos, a criança desenvolve autonomia e passa a se expressar com
bastante confiança em relação ao que quer. Muitas vezes, ela responde com “não” ao que lhe
solicitam, apenas para se opor à autoridade (o que tende a diminuir até os 4 anos). Por isso, esse
momento também pode ser conhecido como a “fase do não”, comportamento que também é
conhecido como birra.

Birras
A birra surge como um comportamento de oposição à regra. Nesses casos, melhorar o
clima emocional entre cuidadores e filhos pode facilitar tanto a criança a respeitar a regra quanto
o pai a retomar a regra. Nessa idade, os pais precisam exercitar a tolerância à birra, mantendo-
se atentos aos objetivos que têm para a educação de seus filhos e filhas.
Mas o que é a birra? Birra é considerado o conjunto de comportamentos da criança
diante de uma situação frustrante ou de uma negativa. Ela também pode surgir em resposta a
situações como fome, cansaço, sono, falta de vontade para realizar determinadas tarefas,
alimentar-se e tomar banho. Em geral, a birra pode ser caracterizada por choro, gritos, jogar-se
no chão, dentre outras reações.
Dar autonomia às crianças não pode ser o mesmo que aceitar a indisciplina! É
importante que os cuidadores expliquem com firmeza, mas com carinho, o que é e o que
não é permitido fazer. Além disso, conversar e auxiliar a criança a verbalizar o que ela
está sentido, assim como lhe oferecer mais opções de como agir em situações em que ela
diz um “não” pode ser interessante – mas claro, sempre com um limite.
Aprenda com um exemplo: o pai ou mãe vai auxiliar a criança a colocar o calçado e ela
diz: “Não, quero colocar este [o esquerdo] primeiro”. O adulto então vai colocar o esquerdo e
ela diz: “Não, agora quero colocar este [o direito] primeiro”. Aqui deve entrar o limite. É
importante nesse caso não ignorar o “não” da criança. Deve-se tentar um remanejo, ou seja,
atender o seu pedido, mas também impor um limite, como, por exemplo, explicar que estão
atrasados para determinado compromisso ou explicar que precisa colocar um dos sapatos. Isso
mostra que ela tem certa autonomia.

Desfralde
Não há um consenso sobre a melhor idade para se realizar o desfralde. De modo geral,
sugere-se observar o amadurecimento físico e mental da criança para começar esse processo.
Contudo, sabe-se que a partir dos dois anos as crianças já desenvolveram algum controle dos
esfíncteres e conseguem responder a comandos simples dos pais.
Portanto, muitas vezes é nesse momento em que muitas começam a deixar as fraldas.
Na tabela a seguir você encontra algumas informações e maneiras de orientar os pais e
cuidadores sobre como acompanhar seus filhos e filhas durante essa etapa do seu
desenvolvimento.

Qual a idade ideal para o desfralde?


Apesar de o organismo da criança apresentar condições para o desfralde, esse processo
depende também de ela demonstrar estar preparada. Isso se observa por meio de
comportamentos como: sentir incômodo com a fralda suja; sentir nojo pela fralda; informar se
está fazendo xixi ou cocô; demonstrar interesse em brincadeiras ligadas ao assunto, como
limpar o xixi e cocô das bonecas ou levá-las ao banheiro.

Desfralde diurno x desfralde noturno: diferenças e desafios


O desfralde diurno (deixar de usar a fralda durante o dia) tende a ocorrer mais
rapidamente que o noturno (deixar de usar a fralda durante a noite). Isso ocorre porque a criança
consegue treinar o desfralde com o cuidador durante o período em que está acordada. Outro
fator que facilita é que, neste período, muitas crianças já frequentam creches ou escolas de
educação infantil, tendo mais oportunidades de treinarem o desfralde e de observarem seus
pares utilizando o banheiro. O desfralde diurno pode levar de um a dois meses, mas cada criança
tem o seu tempo.
O desfralde noturno (deixar de usar a fralda durante a noite) pode ser mais desafiador
para os cuidadores, já que o bebê está dormindo. Este tipo de desfralde também exige maior
amadurecimento neurológico da criança. Pode levar de seis a doze meses para completar o
processo. Sugestões que podem ser úteis são: conversar e explicar para a criança para chamar
os pais quando quiser ir ao banheiro à noite, demonstrando que estão orgulhosos que ela está
crescendo e se tornando independente; evitar a ingestão de líquidos à noite (cerca de 2 horas
antes de dormir); levar ao banheiro para fazer xixi e/ou cocô antes de deitar; e, caso sintam
necessidade, acordar a criança de madrugada, pelo menos uma vez, para que ela vá ao banheiro.
Recomenda-se iniciar o desfralde diurno para, somente depois, iniciar o noturno.

Chegou a hora de usar o banheiro: como fazer?


Esse momento exige paciência e tolerância dos pais e cuidadores em relação aos erros
que a criança possa cometer. Afinal, ela está aprendendo uma habilidade nova. Para tornar o
momento mais leve e divertido, os cuidadores devem lembrar de alguns cuidados e podem
adotar algumas estratégias lúdicas:
● Fazer adaptações no banheiro (redutor de assento ou penico)
● Promover discursos lúdicos (inventar histórias relacionadas ao momento, por exemplo)
● Levar bichinhos de pelúcia ou o boneco favorito da criança, ler histórias ou comprar
calcinhas e cuecas de personagens que a criança goste
Oriente os pais quanto à importância de evitar discursos humilhantes ou vexatórios
diante das dificuldades que a criança possa apresentar, como escapes ou retenções.
Por se tratar do treino de uma nova habilidade, é importante orientar os
cuidadores sobre a necessidade de recompensar os comportamentos que eles esperam.
Eles podem recompensar com elogios, beijos, abraços, sorrisos e parabenizações.
A criança pode apresentar escapes mesmo depois do desfralde ter terminado. Nesses
momentos, é necessário orientar os pais sobre a necessidade de ter tolerância com esses escapes
e a não utilizar xingamentos ou humilhações para lidar com esses ocorridos, que podem levar
a sofrimento na criança.
O desfralde pode ser um momento complexo e que demanda tolerância e paciência dos
cuidadores. Por essa razão, é importante orientá-los sobre os sinais de prontidão e como auxiliar
os filhos durante o processo. Caso a criança já esteja na escola, um alinhamento entre família e
educadores sobre o modo como estão conduzindo o desfralde também é importante.
Além disso, faz-se necessário lembrar que o desfralde varia de criança para criança e
deverá ser personalizado a cada caso. Essa informação pode ser importante caso a família tenha
mais de uma criança pequena, já que é necessário que os pais compreendam que apressar ou
atrasar o processo pode ser prejudicial para o desenvolvimento de seus filhos.

Sinais de Alerta! Desfralde


A presença de alguns desses sinais abaixo indica que algo não vai bem no processo de
desfralde ou que o bebê possa ter algum outro problema:
● Escapes recorrentes sem sinal de progresso podem indicar algum problema biológico.
● Retenção de urina e fezes pode causar danos importantes ao organismo da criança e pode
estar relacionado tanto com questões biológicas como psicológicas (pressão psicológica).
ATENÇÃO!
Caso seja identificado, através de relato do cuidador ou observação sua, que
o bebê dessa faixa etária apresenta algum dos sinais de alerta anteriores,
discuta com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para
um serviço de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.

Ao longo dos três anos, a criança já apresenta uma série de habilidades cognitivas mais
complexas, como montar quebra-cabeças e torres com um número maior de peças e copiar
formas geométricas mais complexas. Ela também consegue entender instruções simples e
nomear objetos familiares. Além disso, começa a compreender seus estados mentais, assim
como o de outros, o que é conhecido como teoria da mente, que será explicada a seguir. Antes,
veja abaixo os principais indicadores de desenvolvimento típico nesta faixa etária:

● Brinca com botões e peças de encaixe.


● Brinca de faz de conta com bichinhos, pessoas e outras
crianças.
● Monta quebra-cabeças de até 4 peças ou torres com até 6
peças.
● Entende o que os números 2 e 3 querem dizer.
● Copia um círculo.
● Segue instruções com até 3 passos.
● Consegue nomear a maioria dos objetos mais familiares.
● Usa palavras com “eu”, “você”, “ele” e, às vezes, usa
corretamente o plural.

● É capaz de compreender os estados mentais, não somente


os seus, mas de outras pessoas – teoria da mente (veja
explicação no tópico a seguir).
● Imita adultos e outras crianças.
● Fica animado na companhia de outras crianças.
● Entende o que é “meu” e “seu”.
● Dorme sem fazer xixi na cama à noite.

● Muda as páginas de um livro uma de cada vez.


● Consegue abrir portas e potes.

É importante continuar estimulando as mães, pais e demais cuidadores para que


aproveitem o tempo que possuem com as crianças e brinquem com elas. Uma brincadeira a ser
sugerida é a construção de casas, cabanas ou túneis com cobertores, lençóis, toalhas, sob os
quais se pode contar histórias, brincar de faz-de-conta e de se esconder. Consulte o Guia para
Visita Domiciliar do Programa Criança Feliz para obter mais informações sobre atividades para
realização junto aos cuidadores.

Teoria da Mente
A Teoria da Mente se refere ao fato de a criança começar a ser capaz de compreender
os estados mentais (como intenções, desejos, conhecimentos, crenças), não somente os seus,
mas os das outras pessoas.
● Capacidade de dar sentido às ações de outras pessoas.
● Começa a compreender o que outra pessoa está pensando e sentindo.
● Adquire consciência do seu próprio estado mental (intenções, desejos, conhecimentos,
crenças).
● Começa a ter conhecimento sobre o pensamento.
● O conhecimento dos estados mentais é desenvolvido entre os 2 e 5 anos.

Compreendendo as emoções
O desenvolvimento de emoções dirigidas a si mesmo depende da socialização e do
desenvolvimento cognitivo. Em função disso, orienta-se que a educação emocional da criança
deve iniciar desde cedo, respeitando os limites da compreensão de cada idade.
Dos 2 aos 3 anos, a criança já reconhece as emoções dos outros e pode ser estimulada a
identificá-las com auxílio dos pais e demais cuidadores. Oriente-os a ajudar a criança a
reconhecer nomear as emoções que ela está sentindo: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa,
nojo. Além disso, também é importante o estímulo à regulação emocional, ou seja, auxiliar a
criança a saber o que fazer quando sente determinada emoção. Por exemplo, quando sente raiva,
ao invés de bater em alguém ou quebrar um brinquedo, os pais podem auxiliar a criança a
verbalizar o que está sentindo e a entender por que está com raiva. Isso possibilitará que ela
consiga regular a emoção e lidar com ela de forma que não traga prejuízo a si ou a outros.

Sinais de Alerta! 3º ano


Na tabela a seguir são apresentados alguns comportamentos que podem sinalizar que
algo não vai bem no desenvolvimento da criança. Fique atento!

Cognitiva ● Não entender instruções simples

Linguagem ● Não falar frases


● Ter a fala muito confusa (não consegue organizar frases e expressar
necessidades, tem comunicação difícil)

Socioafetiva ● Não brincar de faz de conta


● Não gostar de brincar com outras crianças
● Não fazer contato visual
● Perder habilidades que já tinha desenvolvido

Motricidade ● Cair muito ou ter dificuldades ao subir escadas


ATENÇÃO!
Caso seja identificado, através de relato do cuidador ou observação sua, que
o bebê dessa faixa etária apresenta algum dos sinais de alerta anteriores,
discuta com seu supervisor a possibilidade de encaminhar a situação para
um serviço de saúde ou assistência social ou outro órgão competente.

Amizades
Como vimos, em torno dos 3 anos as crianças passam a interagir mais intensamente com
outras crianças da sua idade e começam a fazer amizades. Isso traz alguns benefícios para o seu
desenvolvimento. Veja a seguir como ter amizades influencia no desenvolvimento infantil:

● Por meio da amizade, elas aprendem a se relacionar com os outros, resolver problemas,
colocar-se no lugar dos outros. Também aprendem valores sociais e normas sobre papeis de
gênero, além de praticarem papeis de adultos.
● Ter amigos é importante para o desenvolvimento socioafetivo e cognitivo das crianças.
● As crianças escolhem seus amigos por gostarem de fazer os mesmos tipos de atividades.
● Os amigos são, geralmente, do mesmo sexo e idade e possuem níveis de energia semelhantes.
É importante que nas visitas você dê orientações aos cuidadores para que estimulem
seus filhos e filhas a construir vínculos de amizade. Como visto, oportunizar espaços para que
possam interagir e brincar com outras crianças é um ótimo incentivo para o desenvolvimento
infantil!

Desenvolvimento da autorregulação
A autorregulação é a habilidade de monitorar e orientar as emoções, os pensamentos e
os comportamentos, com a finalidade de atingir um objetivo ou adaptar-se a demandas e
situações específicas. Ela também implica na capacidade de a criança utilizar recursos do
ambiente – como um bico, um paninho, um brinquedo – para regular ações, pensamentos e a
maneira como expressa emoções.
Além disso, a autorregulação permite à criança adaptar-se e responder adequadamente
às demandas que vão surgindo ao longo do desenvolvimento, como fazer novos amigos,
manter-se concentrado em uma tarefa na escola ou lidar com frustrações. A autorregulação
exige flexibilidade, ou seja, conseguir tolerar mudanças, assim como a capacidade de esperar
pela gratificação.
Seu pleno desenvolvimento ocorre após os 3 anos. Portanto, antes dessa idade, é
necessário que os pais e demais cuidadores compreendam que é difícil para a criança exercer o
controle sobre as próprias ações. Ou seja, o descontrole não significa um comportamento de
desafio de sua autoridade ou das regras. Por exemplo, a criança pode querer subir em janelas
para explorar o que há além delas, mesmo sabendo que seus pais indicam o risco de quedas.
Ela ainda não consegue regular sua vontade, não por afronta aos pais, mas por ficar muito
excitada com o que pode descobrir.
Há evidências de que pais que assumem práticas afetuosas e apoiadoras estimulam o
desenvolvimento da autorregulação infantil. Por isso, é importante orientar as mães, pais e
demais cuidadores da criança a adotarem um estilo parental competente.

Medos
Os medos temporários são comuns nessa faixa etária. Eles tendem a desaparecer à
medida que as crianças ficam mais velhas e perdem seus sentimentos de impotência. Os medos
provêm das fantasias das crianças e da tendência a confundir aparência com realidade. Além
disso, alguns medos podem ter base na experiência própria da criança. Por exemplo, ela pode
ter sido atacada por um cão e por isso tem medo de cachorros.

Como lidar com os medos?


A ridicularização, o uso de ameaças e a argumentação racional para demonstrar que não
há motivos para se ter medo não são formas eficientes de ajudar a criança a superar seus medos.
As crianças ainda não têm maturidade para entender isso! Portanto, oriente os pais e demais
cuidadores a evitar essa forma de agir.
Por outro lado, indique que pode ser efetivo expor aos poucos a criança ao objeto ou
situação temida. Isso pode fazer com que a criança vá perdendo o medo. Fazer com que ela
observe a ausência de medo nos outros também pode funcionar com crianças pequenas.
Você sabe quais são os medos mais comuns sentidos ao longo da primeira infância?
Veja a seguir!

0-6 meses Perda de apoio; ruídos altos

7-12 meses Estranhos; altura; objetos aparecendo repentina e inesperadamente

1 ano Separação dos pais; banheiro; ferimentos; estranhos

Ruídos altos; animais; lugares escuros; separação dos pais; grandes


2 anos
objetos e máquinas; mudanças no ambiente pessoal
3 anos Máscaras; escuro; animais; separação dos pais

Atenção!
A partir dos dois anos podem ocorrer os “terrores noturnos”, em que a criança acorda,
em geral chorando e gritando. Também podem ser observados taquicardia, rubor na face,
transpiração, dilatação da pupila e enrijecimento dos músculos. Geralmente, a criança não
acorda durante a crise e seu aparecimento está associado a questões emocionais relacionadas
ao que foi vivido ao longo do dia e que aflora durante o sono.
Nesses casos, é importante orientar as mães, pais e demais cuidadores a não acordar a
criança, pois ela estará confusa e não terá conhecimento do que aconteceu. Também devem
procurar manter a calma e evitar que a criança caia e se debata, já que ela pode se agitar.
Especialistas indicam que o tratamento não costuma ser medicamentoso e que, em geral,
consiste em procurar ajudar a criança a lidar melhor com o que pode estar provocando o terror
noturno. Entretanto, a ajuda de profissionais pode ser recomendada para análise do quadro e
garantia da qualidade do sono infantil.
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