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A partir do século XIX, através dos primeiros estudos que desmistificaram o criacionismo,

pesquisadores e naturalistas buscavam explicações para o entendimento da diversidade


das espécies de organismos existentes.

Dois principais pesquisadores contribuíram com teorias sobre evolução. O primeiro foi Jean-
Baptiste Lamarck, um naturalista francês que acreditava que a adaptação era uma
necessidade dos seres vivos que tinham controle, mesmo que indireto, sobre ela.
Cinquenta anos depois, foi a vez de o naturalista britânico Charles Robert Darwin postular a
sua teoria evolutiva, na qual dizia que o ambiente apresentava condições que permitiam
selecionar as espécies mais adaptadas a sobreviver, enquanto que as menos adaptadas
sucumbiam ao ambiente.
A teoria de Darwin, principalmente após os experimentos de August Weisman em 1880 que
mostraram inconsistências nas ideias de Lamarck, ganhou mais força e embasamento,
enquanto que a teoria Lamarckista entrava em descrédito.
Em 1900, com a descoberta dos estudos de Mendel, a teoria darwinista mostrou-se
contraditória e com pouco embasamento (Darwin não conseguia explicar a herança de
características adaptativas).

Foi apenas na década de 30, com os avanços da biologia molecular e da genética, que as
contradições existentes na teoria proposta por Darwin com base nos estudos de Mendel
foram explicadas.
A partir de outros experimentos genéticos, uma nova teoria foi fundamentada
(neodarwinismo) e é utilizada até hoje como modelo para explicação dos processos
evolutivos.

Lamarckismo
Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um naturalista francês que pertenceu à baixa
nobreza e interessava-se por história natural. Foi através dele que o termo biologia foi
difundido.
Em 1808, ao estudar moluscos em Paris, Lamarck constatou que as espécies sofreram
mudanças adaptativas, o que ele chamou de transmutação das espécies ao longo do
tempo.
Através dessa constatação e de posteriores estudos, desenvolveu a teoria da evolução que
ficou conhecida como lamarckismo e foi publicada em seu livro "Filosofia da Zoologia", no
ano de 1809.
Jean-Baptiste Lamarck, por Charles Thévenin.
Lei do Uso e Desuso
Lamarck acreditava que órgãos utilizados constantemente se desenvolviam mais enquanto
que órgãos que não eram utilizados se desenvolviam menor e podiam até se atrofiar.
Essa lei parte do princípio que o ambiente oferece condições para que cada organismo se
desenvolva e se adapte.
Um exemplo clássico dessa lei é o pescoço das girafas. Para Lamarck, as girafas não
possuíam pescoço longo, porém ao se alimentarem das folhas presentes na copa da árvore,
elas utilizavam o pescoço que acabou se desenvolvendo e aumentando de tamanho.
Herança dos Caracteres Adquiridos
Ainda complementando a primeira lei, Lamarck acreditava que as diversas partes
transmutadas dos animais geravam pangenes, partículas que se dirigem para as gônadas
levando as informações das mudanças ocorridas.
Dessa forma, as características adquiridas por um organismo ao longo da sua vida eram
passadas para seus descendentes.

Ainda utilizando o pescoço das girafas como exemplo, o desenvolvimento do pescoço era
passado para as gerações seguintes de forma que filhotes de girafas já nasciam com pescoço
grande.

Darwinismo
O Naturalista Britânico Charles Robert Darwin (1809-1882) apresentou sua teoria acerca da
evolução em 1859, cinquenta anos depois da teoria lamarckista.
Seus estudos começaram quando realizou uma expedição por cinco anos no hemisfério sul,
passando, inclusive, pela América do Sul (Brasil, Uruguai e Argentina). Darwin, nessa época
com 22 anos, era até então criacionista, tendo frequentado o seminário onde teve formação
de pastor da igreja anglicana.
Ao estudar jabutis presentes no arquipélago de Galápagos, Darwin observou diferenças
entre os indivíduos localizados em ilhas diferentes, embora todos fossem espécimes de
jabutis.
Além dos jabutis, Darwin investigou os tentilhões, aves provenientes do continente sul-
americano. Em Galápagos, os tentilhões presentes em uma ilha se diversificaram dos
presentes em outra, mostrando processos adaptativos relacionados principalmente ao
formato do bico e a captura de alimentos.

Algumas espécies de tentilhões estudadas por Darwin.

Através dos estudos, Darwin voltou para a Inglaterra convencido de que os seres vivos
estão sujeitos a mudanças evolutivas.
Procurando mais material para sustentar a sua teoria, Darwin analisou as modificações
impostas pelos seres humanos aos animais domésticos, o que ele chamou de seleção
artificial: um cão com características desejadas é selecionado pelo homem e separado dos
demais. A partir desse indivíduo são gerados descendentes portadores da mesma
característica.

Darwin precisava estudar como o ambiente promovia a seleção de indivíduos com


características desejadas enquanto outros não eram selecionados. Através do estudo de
Alfred Wallace, que era muito similar ao dele, e do estudo de Thomas Malthus chamado de
"Um Ensaio sobre Populações", ele encontrou sua resposta: O ambiente promove
condições específicas que seleciona os indivíduos.
Com isso, Charles Darwin publicou sua teoria que ficou conhecida como darwinismo no livro
"A Origem das Espécies" onde mostra a lei principal para a adaptação dos indivíduos: A
seleção natural.
Darwin também foi o primeiro a demonstrar que todos os organismos descendem de um
ancestral comum (origem comum).
Seleção Natural
Para Darwin, o ambiente pode promover condições específicas, as vezes adversas, que
permite selecionar os indivíduos mais adaptados.
Seleção Natural de bactérias resistentes a um antibiótico.

Essa lei estabelece que os processos adaptativos ocorrem ao acaso, através de condições
externas as quais submetem os seres vivos de um determinado ambiente.
Usando o exemplo do pescoço das girafas, para Darwin, havia girafas de pescoço comprido
e girafas de pescoço curto, ambas se alimentando de vegetais. Com o tempo, os vegetais
menores desapareceram. As girafas de pescoço longo conseguiam se alimentar das folhas
localizadas na copa das árvores altas enquanto que as girafas de pescoço curto foram
extintas, mostrando que as girafas de pescoço longo foram selecionadas por serem mais
adaptadas ao ambiente.

Seleção natural esquematizada para selecionar


organismos de coloração escura.
Lamarckismo e Darwinismo
Com a publicação da “Origem das Espécies” e com estudos de August Weisman
comprovando que características adquiridas não eram passadas para os descendentes, a
teoria lamarckista entrou em descrédito.
Além disso, é possível comprovar que nem todas as estruturas se desenvolvem quando
muito utilizadas. Por exemplo, os olhos e cérebro não aumentam ou ficam mais
desenvolvidos em uma pessoa que lê muito.
O darwinismo, embora na época não tivesse todas as suas comprovações (Darwin não tinha
conhecimento do material genético e da transferência de características hereditárias), ainda
foi a teoria mais aceita para explicar as transformações evolutivas que promovem a
diferenciação das espécies.
Com a descoberta do material genético e através de experimentos modernos, foi possível
entender melhor como acontecia essa mudança de característica (geralmente por
mutaçãoao acaso) e como essas características eram passadas hereditariamente,
aperfeiçoando a teoria darwinista com a “Teoria Sintética da Evolução” ou neodarwinismo.
A principal diferença entre a teoria lamarckista e darwinista está no mecanismo de
adaptação: Para Lamarck, o ambiente gera necessidade de adaptação que desencadeia um
esforço do indivíduo de forma isolada, chamado de adaptação ativa.
Já Darwin considera que o ambiente promove condições para selecionar os indivíduos mais
adaptados em uma população, promovendo assim uma adaptação passiva.
Exemplo:

Traça (Biston
betularia) branca e sua variação de coloração Preta.
Hipótese Lamarckista: A traça branca era comum na natureza até a Revolução Industrial,
quando fuligem e cinzas das chaminés caiam no ambiente deixando-o galhos e troncos mais
escuros. As traças passaram a desenvolver a coloração escura para se camuflar de
predadores.
Hipótese Darwinista: No ambiente havia traças brancas e a variação preta que era vista
pelos predadores e era caçada. Com a Revolução Industrial, os troncos e galhos de árvores
ficaram mais escuros com as cinzas liberadas pelas chaminés e as traças pretas passaram a
se camuflar mais facilmente que as traças brancas, que eram caçadas. Dessa forma, as
traças pretas ficaram mais comuns que as traças brancas.

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