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Evolução

O que é a filosofia?
biológica
Como explicar a origem
da diversidade biológica?
Teorias Fixistas
• Até ao século XIX, o fixismo foi a conceção dominante para explicar a
origem da biodiversidade.
Esta conceção defendia que as espécies se mantinham inalteradas
desde a sua criação, ou seja, eram fixas e imutáveis. As teorias fixistas
foram fortemente influenciadas pela religião e pela filosofia.

• Entre as várias correntes destacam-se:

CRIACIONISMO - Defende que as espécies resultam de um


ato de criação divino.

GERAÇÃO ESPONTÂNEA - Defende que certas espécies


resultam de matéria inerte por ação de um princípio ativo.

CATASTROFISMO - Sugere que acontecimentos súbitos e


violentos teriam causado extinções das espécies a nível local,
sendo o repovoamento feito por espécies de regiões próximas.
Teorias evolutivas
• Em meados do século XIX e no século XX, várias teorias
evolutivas tentaram explicar os mecanismos de evolução
das espécies.

• Admitiam que as diferentes espécies resultariam de


transformações lentas e graduais de espécies
anteriores, ao longo do tempo.

• Foram fortemente influenciadas pelo pensamento empírico,


científico e pelo avanço tecnológico:

- taxonomia (classificação sistemática de plantas e


animais);

- paleontologia (estudo dos fósseis e da história


geológica da Terra).
Teorias evolutivas
A evolução biológica implica:

• a formação de descendência com


modificações herdáveis pelas gerações
seguintes.

• a existência de ancestrais comuns que


estiveram na origem das espécies atuais.
Todas as formas vivas partilham ancestrais
comuns.
Teoria evolutiva de Lamarck

Em 1809, Lamarck formulou uma explicação sobre


o mecanismo pelo qual as espécies evoluem ao longo do tempo.

Para o lamarckismo, as mudanças ambientais criam nos organismos


a necessidade de desenvolverem estruturas que lhes permitam
a adaptação às novas condições. É centrada no indivíduo.

De acordo com esta conceção, as mudanças nos organismos


ocorrem segundo:

- a lei do uso e do desuso de órgãos;

- a lei da transmissão dos caracteres adquiridos.


• Lei do uso e do desuso
O uso continuado de uma estrutura, de um órgão, ou de uma faculdade, leva ao seu desenvolvimento.
A falta de uso de uma dada estrutura ou órgão conduz à sua atrofia e, eventualmente,
ao seu desaparecimento.

• Lei da transmissão dos caracteres adquiridos


As características desenvolvidas pelos organismos, em resultado do uso ou do desuso
de um órgão, são transmitidas aos seus descendentes.
Lamarckismo

Lei da herança dos


Lei do uso e do desuso
caracteres adquiridos

• os órgãos mais usados • as características adquiridas são

desenvolvem-se, enquanto os transmitidas à descendência

menos usados atrofiam


Lamarckismo
Lamarckismo
Inicialmente as girafas tinham o pescoço
curto e alimentavam-se de ervas. Com a
escassez de alimento ao nível do solo, as
girafas tiveram necessidade de chegar ao
alimento, agora mais alto, esticando o
pescoço.
Ao longo da vida, cada girafa alongou um
pouco seu pescoço devido ao facto de o
ter esticado (lei do uso e do desuso).
O alongamento do pescoço foi transmitido
à descendência (lei da herança dos
caracteres adquiridos).
Em cada geração, o pescoço foi
crescendo um pouco mais. Essa alteração
foi transmitida aos descendentes, até que
o pescoço das girafas atingiu a dimensão
A evolução das girafas, segundo Lamarck. que tem atualmente.
Lamarckismo - Motivos para a sua não aceitação

• A lei do uso e do desuso só se verifica para


casos particulares na natureza.

• A transmissão de características adquiridas


não se verifica (apenas as alterações que
ocorrem no genótipo das células da linha
germinativa)
Lamarck (1744-
1829).
Teoria evolutiva de Darwin
Em 1831, Charles Darwin embarcou numa expedição que viria a mudar para sempre a teoria da evolução. Foi durante esta
viagem a bordo do HMS Beagle que Darwin, ao longo de cinco anos, recolheu a maior parte dos dados que viria a utilizar
para fundamentar a sua teoria sobre a origem das espécies.

No livro A origem das espécies, publicado por Charles Darwin, em 1859, foi apresentada uma teoria da evolução, de acordo
com a qual as espécies evoluem lenta e gradualmente por um mecanismo de seleção natural.

Charles Darwin
1809-1882
Teoria evolutiva de Darwin
Um dos locais que mais despertou o interesse de Darwin foram as ilhas Galápagos, um arquipélago de ilhas vulcânicas
localizado na zona equatorial, próximo do Equador.

Os tentilhões foram importantes na explicação da teoria de Darwin pois, embora vivessem em diferentes ilhas e
apresentarem variações no tamanho, cor e forma dos bicos, todos apresentavam uma elevada semelhança entre si,
sugerindo uma origem comum.

As condições existentes em cada ilha, particularmente a disponibilidade e a variedade de alimentos, teriam condicionado a
evolução destas espécies e, daí, apresentarem variações fenotípicas, como, por exemplo, no bico.

Os tentilhões de Darwin, do arquipélago das Galápagos, e as diferenças no bico conforme hábitos alimentares.
Mapa da expedição de Darwin a bordo do Beagle.
Principais influências

• Biogeografia – dados sobre a distribuição geográfica das diferentes espécies (ex:


tentilhões de Darwin, nas Galápagos). Concluiu que as ilhas Galápagos foram
colonizadas por indivíduos de espécies do continente sul-americano que, posteriormente,
se teriam diversificado e originado novas espécies.
Principais influências

• Geologia – conceitos do uniformitarismo, em especial


o princípio das causas atuais de Lyell.
Ao reconhecer que a Terra teria milhões de anos e
que as suas formações geológicas eram o resultado de
processos lentos e graduais, Darwin estabeleceu uma
relação com os processos da vida. As mudanças
geológicas são lentas e graduais, possuindo um cariz
uniformitarista. Assim, os seres vivos poderiam,
igualmente, passar por modificações lentas e graduais
que levariam à formação de espécies diferentes.

Charles Lyell
(1797-1832)
Principais influências

• Demografia – estudo sobre a população humana de Malthus.


Conceito de luta pela sobrevivência. Thomas Malthus
(1766-1834)
O economista Thomas Malthus afirmava que o tamanho da
população humana tende a crescer de forma exponencial, enquanto
os recursos são produzidos de modo aritmético. Malthus
acrescentou, ainda, que existem fatores que limitam o
crescimento populacional, e deste modo, o tamanho da população
humana não ultrapassaria a sua capacidade de produção de
recursos alimentares. Desta forma, nem todos os indivíduos
teriam acesso a esses meios, acabando por ser eliminados.

Darwin aplicou a teoria de Malthus às populações de animais e


concluiu que nem todos os indivíduos de uma população
sobrevivem e se reproduzem, devido à limitação de recursos
disponíveis e à competição pelo mesmo.
Relação entre o crescimento das populações humanas e a produção de alimentos, segundo Thomas Malthus.
Principais influências

• Seleção artificial – obtenção de variedades domésticas de animais e de plantas através do cruzamento de indivíduos
selecionados.

Através da seleção artificial é possível obter descendência com características diferentes das populações iniciais, e que
essas características se perpetuaram, de geração em geração, dando origem a raças diferentes.

Darwin especulou que, se era possível obter diversidade através de cruzamentos seletivos, então também na natureza
deveria ocorrer um mecanismo semelhante, determinado por diferentes fatores ambientais.

Columbia lívia (A): pombo papo-de-vento (B); pombo Fantail (C); pombo Jacobin (D)
Teoria evolutiva de Darwin
Mecanismo darwinista da evolução

• Os indivíduos de uma dada população


apresentam uma grande variedade de
características, morfológicas ou outras
– variabilidade intraespecífica.

• Os indivíduos portadores de
características favoráveis tendem a
sobreviver mais tempo; os que possuem
características desfavoráveis são
eliminados – sobrevivência diferencial.

• Os indivíduos mais aptos, portadores de


variações favoráveis, reproduzem-se
mais, transmitindo à descendência as
suas características – reprodução
diferencial.
• A seleção natural, resultante da relação dos
organismos da população com o ambiente,
atuando ao longo de muitas gerações,
conduz à acumulação lenta e gradual de
modificações nas características de uma
população, podendo levar ao aparecimento
de novas espécies.

• O conceito de seleção natural é o que


verdadeiramente caracteriza a teoria da
evolução de Darwin – processo em que os
indivíduos com determinadas características
hereditárias, que lhes proporcionam uma
melhor adaptação ao meio ambiente em que
vivem, possuem maiores taxas de
sobrevivência e reprodução do que outros
indivíduos sem essas características.
Darwinismo

Seleção natural Reprodução diferencial

• os indivíduos mais aptos ao • os indivíduos mais aptos

ambiente sobrevivem mais, reproduzem-se mais, pelo que a

enquanto os menos aptos são população da geração seguinte

eliminados apresentará mais indivíduos com as

características mais vantajosas


Darwinismo
Na população inicial de girafas
existiam animais com diferentes
tamanho de pescoço (variabilidade
intraespecífica).
Com a escassez de alimento a
níveis mais baixos, as girafas com
pescoço mais longo tinham acesso
a mais alimento e viviam mais
tempo (sobrevivência do mais
apto) e podiam reproduzir-se mais.
Os seus descendentes tinham
também pescoço longo.
Por seleção natural, as girafas de
pescoço curto foram sendo
eliminadas até que deixaram de
existir e toda a população passou a
ser constituída por girafas de
A evolução das girafas, segundo Darwin. pescoço longo.
Darwinismo - Motivos para a sua não aceitação

• A heterogeneidade (variabilidade
intraespecífica) das características
numa população não foi explicada por
Darwin.

• Darwin também não explicou o


mecanismo de transmissão das
características entre gerações. Frontispício do livro “On the Origin of Species”.
Caricatura de Darwin
publicada em 1874.
Comparação entre Lamarckismo e o Darwinismo

Lamarck admitia que a lei do uso e do desuso Darwin demonstrou que os organismos possuem

determinava as variações nas espécies e que variedade intraespecífica e que, através do

essas variações desenvolvidas ao longo da mecanismo de seleção natural, aqueles que

vida dos organismos eram transmitidas à possuem caracteres com vantagem adaptativa

descendência, através da lei da (mais aptos) para a sua sobrevivência reproduzem-


se mais, transmitindo essa vantagem aos seus
transmissão dos caracteres adquiridos.
descendentes.
EXERCÍCIO
À medida que o alimento foi rareando em águas mais baixas, as pernas dos flamingos foram sendo mais altas.
 Explique a evolução dos flamingos segundo as perspetivas lamarquista e darwinista.
EXERCÍCIO
Perspetiva lamarquista:
O flamingo alimentava-se em águas
de pouca profundidade.
Quando o alimento escasseou aí,
teve de recorrer a águas mais
profundas, o que lhe criou a
necessidade de ter pernas mais
altas.
O esticar permanente das patas, fez
com que estas aumentassem de
tamanho (lei do uso e do desuso).
Em cada geração foram surgindo
indivíduos com patas cada vez mais
longas, característica esta que foram
transmitindo aos seus descendentes
(lei da transmissão dos carateres
adquiridos), chegando, assim, à
forma atual.
EXERCÍCIO
Perspetiva darwinista:
Existiam, nas populações originais de fla­
mingos, indivíduos com diferentes tamanhos de
patas (variabilidade intraespecífica).
Com a escassez de alimento em águas menos
profundas, os flamingos que pos­suíam estes
membros mais desenvolvidos tinham acesso
mais fácil ao alimento, isto é, eram os mais
aptos, e por isso, sobre­viviam melhor (seleção
natural) e reproduziam-se mais - reprodução
diferencial.
Deste modo, aumenta­ram o seu número na
população relativamente ao número de
flamingos de patas curtas. Por esta razão, os
flamingos de patas mais compridas foram-se
tornando mais abundantes em relação aos de
membros mais curtos, que acabaram por
desaparecer.
Teoria neodarwinista ou teoria sintética da evolução
No século XX, a síntese do darwinismo com o conhecimento em
genética levou ao desenvolvimento de uma teoria conhecida por
neodarwinismo, ou teoria sintética da evolução.

De acordo com o neodarwinismo, as variações entre os indivíduos


de uma dada população (variabilidade intraespecífica) são o
resultado de:

• recombinação genética (reprodução sexuada) – resultante do


crossing-over entre cromossomas homólogos e da sua separação
aleatória durante a meiose, que conduz ao aparecimento de
combinações únicas de genes. A união ao acaso dos gâmetas na
fecundação contribui também para o aparecimento de indivíduos
com características únicas na população;

• mutações genéticas – aparecimento de novos genes de que


resultam novas características.
De acordo com a teoria neodarwinista, os organismos de uma população são portadores de conjuntos de genes.

Cada gene ocupa um lugar definido no cromossoma. Esse lugar é denominado locus.

Genes que ocupam o mesmo lugar nos cromossomas são denominados genes alelos e correspondem, assim a diferentes
variantes de um determinado gene (par de alelos).

A totalidade desses genes alelos constitui o fundo genético da população.


Mecanismos principais que
causam modificações no fundo
genético das populações

Migrações
Seleção natural

Deriva genética
Seleção natural

Uma vez que a seleção natural atua


sobre os indivíduos de uma população,
os mais aptos produzem mais
descendentes, verificando-se, através
deles, uma maior passagem para as
gerações seguintes de genes que
conferem maior capacidade de
adaptação ao ambiente.

Deste modo, a seleção natural


altera o fundo genético da população
ao longo das gerações, levando
ao aparecimento de novas espécies.
A deriva genética refere-se a mudanças na frequência dos alelos numa
Deriva genética população, que ocorre em consequência de eventos aleatórios.
Podem considerar-se :

Efeito fundador

Acontece quando alguns indivíduos se separam da população, ficando isolados e formando uma nova população com um fundo genético
diferente da população original. Por exemplo, joaninhas arrastadas por uma tempestade até uma ilha.
A deriva genética refere-se a mudanças na frequência dos alelos numa
Deriva genética população, que ocorre em consequência de eventos aleatórios.
Podem considerar-se :

Efeito gargalo

Acontece quando o tamanho de uma população é reduzido drasticamente


devido à ação de fatores ambientais, como por exemplo, alterações
climatéricas, falta de alimento, epidemias, incêndios, etc ou ação humana.
Os indivíduos sobreviventes da população constituem apenas uma parte
aleatória do fundo genético da população original. Há perda de
variabilidade genética.
Consistem num fluxo genético resultante da movimentação de indivíduos de uma
Migrações população para outra da mesma espécie. Ocorre transferência de alelos, por
reprodução sexuada, para dentro ou para fora de uma população.
Podem ser de: entrada (imigração) ou saída (emigração).
EXERCÍCIO
À medida que o alimento foi rareando em águas mais baixas, as pernas dos flamingos foram sendo mais altas.
 Explique a evolução dos flamingos segundo a perspetiva neodarwinista.
EXERCÍCIO
Perspetiva neodarwinista:
Devido a mutações e à reprodução sexuada (com meiose
e fecundação), existia nas populações de fla­mingos
variabilidade genética que se manifestava nos diferentes
tamanhos de patas.
Ocorreu uma alteração do meio o que levou a uma
escassez de alimento em águas menos profundas. Por
seleção natural, os flamingos que pos­suíam patas mais
compridas (variante mais apta) tinham acesso mais fácil ao
alimento e por isso, sobre­viveram, enquanto os menos
aptos foram eliminados. Os mais aptos reproduziam-se com
mais frequência, transmitindo as características à
descendência – reprodução diferencial. A frequência da
variante alélica dos flamingos com patas mais compridas
aumentou, alterando-se o fundo genético da população.
O fundo genético passou a ser constituído maioritariamente
por variantes alélicas que conferem as patas compridas aos
flamingos pois os de patas curtas tiveram tendência a
desaparecer ao longo do tempo.
Evolução divergente e convergente
Os processos evolutivos, à luz dos
conhecimentos atuais, podem ocorrer de
forma divergente ou convergente. Fóssil
de Tiktaalik

• A divergência evolutiva, ou evolução


divergente, resulta da evolução de
Humano
várias espécies atuais a partir de uma Cavalo
Baleia
espécie ancestral comum. Gato

• Toupeira
A convergência evolutiva ou evolução
convergente é um processo evolutivo
através do qual organismos não
relacionados, ocupando ambientes
semelhantes, desenvolvem
características semelhantes em resultado
de pressões seletivas idênticas
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Paleontologia – estudo do registo fóssil. Fóssil


de Tiktaalik
• Biogeografia – distribuição geográfica de espécies e
populações de seres vivos.
Humano
• Anatomia comparada – estruturas homólogas Cavalo
Baleia
e estruturas vestigiais. Gato

• Bioquímica e genética (moleculares) – comparação Toupeira

das sequências de aminoácidos das proteínas e das


sequências nucleotídicas de DNA em espécies
diferentes.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Paleontologia – O registo fóssil, apesar de


apresentar espécies extintas, documenta os
padrões da evolução dos seres vivos.

Aparecimento de formas sintéticas ou


intermédias ou de transição - fósseis onde são
observáveis características de dois grupos
diferentes na atualidade, mesmo que próximos,
levando a inferir a divergência evolutiva entre
eles.

Exemplo: Archaeopteryx, organismo antigo, com


características de réptil (longa cauda óssea e
dentes cónicos) e de ave (penas, asas e bico).
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Paleontologia

Em 2005, foram descobertos fósseis de T. roseae,


um animal muito relevante na evolução dos
tetrápodes – animais de quatro patas.

T. roseae é considerado um fóssil de transição:


exibe características comuns ao grupo ancestral e
ao grupo descendente derivado do ancestral – entre
os peixes e os tetrápodes.

Fóssil
de Tiktaalik Deste modo, o fóssil desta espécie sugere que os
vertebrados tetrápodes terrestres terão evoluído a
partir de peixes.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Biogeografia – A biogeografia é o estudo da distribuição geográfica dos seres vivos. Os padrões de evolução dos
organismos podem ser relacionados com a sua distribuição, sendo que espécies geograficamente mais próximas são
mais semelhantes e espécies geograficamente isoladas apresentam maiores diferenças.

Exemplo: os mamíferos australianos.


Neste continente, atualmente, todos os
mamíferos são marsupiais, não existindo
mamíferos placentários, à exceção de
morcegos e das espécies introduzidas pelo
ser humano.

Isolamento da Austrália relativamente aos outros continentes permitiu a evolução e diversificação dos marsupiais.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada – estruturas homólogas e estruturas vestigiais.

Homologias - Semelhanças a nível anatómico, embriológico ou


molecular, entre diferentes indivíduos que possuem ancestrais
comuns, mas podem não ter a mesma função. São explicadas
por processos de evolução divergente a partir do mesmo
ancestral, como adaptação a pressões seletivas diferentes.

Homologia na Homologia no Homologia


anatomia desenvolvimento molecular
embriológico
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias na anatomia

Os membros anteriores de espécies de vertebrados, possuem um


plano estrutural semelhante, mas com diferenças no grau de
desenvolvimento e no número de ossos.

Considerando-lhes um ancestral comum, conclui-se que, através da


seleção natural, resultaram modificações estruturais nos membros
locomotores dos indivíduos das diferentes espécies. Estas modificações
permitiram que membros estruturalmente semelhantes tenham
funções diferentes: caminhar, nadar ou voar.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias na anatomia

O mecanismo evolutivo que conduz à formação de estruturas


homólogas designa-se evolução divergente. A evolução divergente
ocorre, tipicamente, quando populações do mesmo organismo se
separam, por exemplo, geograficamente, e ficam sujeitas a diferentes
pressões ambientais.
Homologias anatómicas
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias na anatomia

Outra evidência da evolução demonstrada por homologias na anatomia


são as estruturas vestigiais – caracteres anatómicos, geralmente
atrofiados, que não possuem nenhuma função evidente, mas que se
assemelham a estruturas funcionais de organismos ancestrais.

Estas estruturas só fazem sentido em contexto evolutivo, como


estruturas que outrora teriam sido funcionais e úteis em organismos
ancestrais.
O fémur das serpentes é uma estrutura vestigial.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias na anatomia

Cóccix
Apêndice

Exemplos de estruturas vestigiais no ser humano.


Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias embriológicas

É possível encontrar evidências evolutivas no desenvolvimento embrionário dos animais. Ilustração do desenvolvimento embrionário.
Conseguimos observar grandes semelhanças nos estádios embrionários de espécies que,
em adultas, são muito diferentes.

Exemplo: numa fase inicial, todos os embriões de vertebrados apresentam uma cauda e
arcos faríngeos; no início do desenvolvimento embrionário do ser humano, tal como nos
restantes vertebrados, os embriões apresentam fendas branquiais.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias moleculares (citológicos e bioquímicos)

Todos os seres vivos utilizam o mesmo código genético. Este facto sugere que:
• Todas as espécies descendem de um ancestral comum com este código, que depende da intervenção do DNA e do RNA no mecanismo de
síntese de proteínas.
• Sequências genéticas de diferentes organismos, revelam o mesmo tipo de genes. As sequências genéticas de espécies mais proximamente
relacionadas são mais semelhantes do que as de espécies filogeneticamente distantes.
• Existem mecanismos bioquímicos que se encontram em quase todos os seres vivos, com apenas pequenas mudanças estruturais e
funcionais.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos, nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias moleculares (citológicos e bioquímicos)

A tabela ilustra a existência de homologias moleculares numa porção da sequência das


proteínas p53 de diferentes espécies animais.
Evolução divergente
A evolução divergente é apoiada por vários argumentos,
nomeadamente:

• Anatomia comparada

Homologias moleculares (citológicos e bioquímicos)


procariontes
Todos os seres vivos, procariontes e eucariontes, são
constituídos por células com citoplasma e membrana celular.
Os eucariontes, quer sejam fungos, plantas ou animais,
apresentam células com mais características em
comum do que diferenças.
Estes aspetos evidenciam ancestrais comuns.

eucariontes
Evolução convergente
Dos argumentos que apoiam a convergência evolutiva, destacam-se a:

• anatomia comparada – sobretudo a presença de estruturas análogas;


Evolução convergente
Dos argumentos que apoiam a convergência evolutiva, destacam-se a:

• anatomia comparada – sobretudo a presença de estruturas análogas;

Analogias - São explicadas por processos de


evolução convergente a partir de ancestrais
diferentes que estiveram sujeitos a iguais
condições ambientais.
Evolução convergente
Dos argumentos que apoiam a convergência
evolutiva, destacam-se a:

• anatomia comparada – sobretudo a presença de


estruturas análogas;

Analogias - Estabelecem-se entre estruturas semelhantes na


forma e na função, mas que não têm origem em ancestrais
comuns, ou seja, podem apresentar estruturas de origem
embriológica diferente, mas com funções muito semelhantes (por
exemplo, as asas – convergência adaptativa ao voo).

O mecanismo que desencadeia este fenómeno chama-se evolução


convergente. Este processo é uma evidência dos mecanismos de
seleção natural.
Evolução convergente
Dos argumentos que apoiam a convergência
evolutiva, destacam-se a:

• anatomia comparada – sobretudo a presença de


estruturas análogas;

As estruturas análogas representam casos em que


os caracteres semelhantes surgiram de modo
Órgãos análogos em plantas de
independente, quando as espécies de diferentes grupos diferentes desenvolvidos em
grupos ocupam ambientes muito semelhantes e ambientes secos (espinhos de cato

ficam sujeitam a pressões seletivas idênticas. correspondentes a folhas


modificadas e espinhos de eufórbias
com estrutura semelhante a caules).
Evolução convergente
Dos argumentos que apoiam a convergência evolutiva, destacam-se a:

• anatomia comparada – sobretudo a presença de estruturas análogas;

Animais de grupos diferentes desenvolveram uma morfologia externa semelhante, adaptada à mesma forma
de alimentação (Probóscide da borboleta e o bico do colibri)
EXERCÍCIO
Observe, atentamente, as figuras 1 e 2.

a) As figuras 1 e 2 colocam em destaque estruturas de diversos grupos animais. Tendo por base a anatomia comparada, complete os
espaços em branco.
A) Analise a seguinte frase: “Tendo em conta os conceitos da anatomia comparada, a figura 1 representa estruturas__________”.
B) Analise a seguinte frase: “Tendo em conta os conceitos da anatomia comparada, a figura 2 representa estruturas__________”.

b) Compare as estruturas respondidas no item (A) com as estruturas respondidas no item (B), no que diz respeito às suas origens
embrionárias e funções.
EXERCÍCIO
Observe, atentamente, as figuras 1 e 2.

a) As figuras 1 e 2 colocam em destaque estruturas de diversos grupos animais. Tendo por base a anatomia comparada, complete os
espaços em branco.
A) Analise a seguinte frase: “Tendo em conta os conceitos da anatomia comparada, a figura 1 representa estruturas HOMÓLOGAS”.
B) Analise a seguinte frase: “Tendo em conta os conceitos da anatomia comparada, a figura 2 representa estruturas ANÁLOGAS”.

b) Compare as estruturas respondidas no item (A) com as estruturas respondidas no item (B), no que diz respeito às suas origens
embrionárias e funções. As estruturas homólogas (item A) apresentam a mesma origem embrionária, podendo apresentar ou não a
mesma função. As estruturas análogas (item B) apresentam a mesma função, porém, com diferente origem embrionária.
DOS PROCARIONTES AOS EUCARIONTES

Seres procariontes

Todos os seres vivos


conhecidos

Seres eucariontes
Origem das células eucarióticas
• A vida terá evoluído a partir de organismos simples, os
procariontes, dos quais terão surgido os eucariontes. Como?
Origem das células eucarióticas – modelo autogénico
O modelo autogénico considera que as estruturas e os organelos das células eucarióticas resultaram de invaginações
sucessivas da membrana celular em células procarióticas ancestrais.

Algumas destas invaginações terão sofrido especialização, originando novos sistemas endomembranares (por exemplo
retículo endoplasmático e complexo de Golgi). Uma dessas invaginações terá rodeado o material genético, dando origem
ao núcleo individualizado.
Origem das células eucarióticas – modelo autogénico
Alguns fragmentos de DNA teriam posteriormente abandonado o núcleo, alojando-se noutros sistemas membranares no
interior da célula. Estes resultariam nas mitocôndrias e nos cloroplastos.
Origem das células eucarióticas – modelo autogénico
Esta hipótese é apoiada pelo facto de as membranas dos organitos das células eucarióticas atuais manterem a mesma
posição da membrana plasmática: a face voltada para o interior dos organitos é semelhante à face externa da membrana
plasmática e a face voltada para o citoplasma é semelhante à face interna da membrana plasmática.

Mas a suposta origem comum do material genético do núcleo e dos organelos não é apoiada pelas observações – o DNA
mitocondrial e cloroplastidial possuem uma organização diferente do DNA nuclear, ou seja, possuem material genético
próprio, podendo gerir todas as suas atividades metabólicas de forma autónoma.
Origem das células eucarióticas – modelo endossimbiótico
De acordo com o modelo endossimbiótico, as células eucarióticas terão resultado da incorporação de células procarióticas
por parte de outras células procarióticas de dimensão superior, com as quais passaram a estabelecer relações de simbiose
intracelular (endossimbiose).
Origem das células eucarióticas – modelo endossimbiótico
O núcleo e os sistemas endomembranares (retículo endoplasmático e complexo de Golgi) resultaram de invaginações da
membrana plasmática, e que as mitocôndrias e os cloroplastos seriam, até há cerca de 2000 Ma, organismos
(procariontes) autónomos.
Origem das células eucarióticas – modelo endossimbiótico
Os ancestrais das mitocôndrias seriam organismos com a capacidade de produzir energia utilizando oxigénio.

Os ancestrais dos cloroplastos seriam semelhantes às atuais cianobactérias (seres procariontes fotossintéticos).

Estes organismos teriam sido então capturados por células procariontes de maiores dimensões e estabelecido com elas
uma relação de simbiose (endossimbiose).
Origem das células eucarióticas – modelo endossimbiótico
Essa relação de simbiose era benéfica para ambas as células (a célula hospedeira conferia proteção, suporte e nutrientes,
enquanto que as células englobadas especializaram-se em alguns processos metabólicos), tornando-se numa relação
obrigatória culminando numa evolução para células eucarióticas.

Célula eucariótica
Célula procariótica fotossintética
hospedeira ancestral
Origem das células eucarióticas – modelo endossimbiótico
Argumentos a favor do modelo endossimbiótico:

 As mitocôndrias e os cloroplastos têm forma e dimensões muito semelhantes às dos procariontes atuais.

 As mitocôndrias e os cloroplastos têm o seu próprio material genético: uma molécula de DNA circular, sem histonas
(semelhante ao DNA da maioria dos procariontes atuais).

 As mitocôndrias e os cloroplastos replicam-se por um processo semelhante ao que ocorre nas bactérias.

 Os ribossomas dos cloroplastos e das mitocôndrias são mais semelhantes aos ribossomas dos procariontes do que
aos ribossomas do citoplasma das células eucarióticas.

Célula procariótica Célula eucariótica


hospedeira ancestral fotossintética

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