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UNIFACCAMP - CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

CURSO DE PSICOLOGIA

Taís Elise de Moraes - 31778

Fichamento: “Desenvolvimento infantil de zero a três anos”

CAMPO LIMPO PAULISTA


2022
Taís Elise de Moraes - 31778

Fichamento: “Desenvolvimento infantil de zero a três anos”

Trabalho apresentado ao Centro Universitário de


Campo Limpo Paulista como requisito parcial de
avaliação da disciplina “Estágio Básico -
Observação e Entrevistas” para obtenção do título
de Bacharel em Psicologia.

Professora: Thaíse Goes Carneiro.

CAMPO LIMPO PAULISTA


2022
1 INTRODUÇÃO

O presente fichamento objetiva pontuar os principais aspectos associados ao


desenvolvimento neuropsicológico infantil, desde os seus primeiros anos de vida,
iniciando-se partindo do nascimento e refletindo em sua conduta posteriormente.
A autora defende a utilização de atividades motoras para auxílio na
aprendizagem de novas habilidades como andar, por exemplo, enfatizando também
a desenvoltura da afetividade quando em contato com um adulto ou criança mais
experiente.
Toda a argumentação utilizada foi pautada nas teorias de Vygotsky e Piaget,
que possuem visões diferentes a respeito do desenvolvimento infantil, mas que se
complementam na observação e no andamento neuropsicológico, motor e social das
crianças e em como tais pressupostos teóricos e científicos podem ser colocados em
prática em seu dia a dia.

2 CONTEÚDO

2.1 O que é desenvolvimento?

Desenvolvimento pode ser definido como uma mudança que perdura por toda
a vida e que traz consigo influências biológicas e ambientais que interferem no
comportamento de um indivíduo. E o desenvolvimento infantil se dá por este
processo iniciando-se a partir da concepção da criança, que passa por seu
desenvolvimento físico, pela maturação neurológica, comportamental, cognitiva,
social e afetiva. Por haverem etapas que se diferem uma das outras, cada qual com
suas especificidades e objetivos, não deixam de interagir entre si e a ordem
presente prepara o indivíduo para a fase que se sucederá.

2.2 Porque estudar teorias do desenvolvimento?

Estas teorias organizam e enfatizam o que se conhece sobre o


desenvolvimento infantil, seguindo abordagens psicanalíticas (Sigmund Freud e Erik
Erikson), a Perspectiva da Aprendizagem (condicionamento clássico,
condicionamento operante e teoria da aprendizagem social) e a perspectiva
Cognitiva de Piaget e Vygotsky, já que contribuem de forma clara com seus
conceitos sobre o desenvolvimento infantil, podendo relacionar com o trabalho da
estimulação essencial.

2.2.1 Piaget:

Piaget retrata a criança como adepta de modo satisfatório perante o mundo,


onde seu processo de adaptação ocorre através de subprocessos: esquemas (ações
mentais ou físicas), assimilação (absorver determinado evento ou experiência em
algum esquema), acomodação (modificar tal esquema mediante novas informações
absorvidas pela assimilação) e equilibração (criança luta por coerência tentando
entender o mundo em sua totalidade).
Propõe quatro estágios ou períodos do desenvolvimento da criança - sensório
motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório concreto (7 a 11 anos) e
operatório formal (12 em diante) -, mas serão destacados apenas dois. São eles:
- Sensório-motor (0 a 2 anos): O bebê tenta compreender o mundo ao seu
redor, assimila informações limitando-se em séries de esquemas
sensório-motores e se acomoda baseando em suas experiências. É o ponto
de partida do desenvolvimento de uma criança, onde aprende a diferenciar
objetos de si e seus pensamentos se vinculam ao concreto, o que a faz
aprimorar habilidades de modo com o que lhe é oferecido e ocorre a
maturação do sistema nervoso central. Realiza o processo adaptativo
primordial.
- Pré-operatório (2 a 7 anos): A criança utiliza de símbolos em muitos aspectos
de seu comportamento, começando a representar ações na brincadeira e o
egocentrismo aparece tal qual com a descrição de conservação. Seu
pensamento centra-se nela mesma, de modo egocêntrico. Nesta fase que se
apresenta a linguagem, como socialização da criança, através da fala,
desenhos e dramatizações.

2.2.2 Vygotsky:

Enxergando o desenvolvimento como respectivamente sócio cultural ou


contextual, Vygotsky considera o desenvolvimento da criança como produto de sua
cultura e que o pensamento, linguagem e processos de raciocínio se desenvolvem
mediante as interações sociais com outras pessoas. As complexas formas de
pensamento originam-se de interações sociais, orientadas por um adulto ou criança
mais experiente, chamando de mediação ou aprendizagem mediada, voltando a
atenção ao desenvolvimento dos processos mentais superiores (planejar ações,
conceber consequências para uma decisão, imaginar objetos).

2.3 Desenvolvimento cerebral:

O cérebro é um dos principais artifícios que proporcionam todo o


restante do desenvolvimento infantil. Sua formação acontece desde o ventre
materno, na concepção do feto, possuindo algumas etapas de desenvolvimento, que
com base na publicação “Primeira Infância: um Olhar desde a Neuroeducação”, da
Oficina de Educação e Cultura da Organização dos Estados Unidos da América de
2010, é descrito:
O cérebro vai passar por diversas transformações, anatômicas e funcionais,
desde a fase pré-natal até o início da vida adulta. Já na terceira semana de gestação
ele começa a se constituir.
O sistema nervoso central (SNC) se origina em uma lâmina repleta de células,
chamada de placa neural. Posteriormente, vai se moldando e se transformando,
constituindo-se como tubo neural. Desta estrutura, a medula e o cérebro começarão
a se desenvolver. À medida que as células se proliferam, o volume do cérebro vai
aumentando. Na parte superior do tubo neural se formarão três protuberâncias:
prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo, que após, se tornarão as diferentes
partes do cérebro. Da parte inferior do tubo neural se formará a medula espinhal.
Do prosencéfalo, o mesencéfalo e o rombencéfalo se formarão cinco
vesículas: telencéfalo (constitui um conjunto de estruturas que marcarão a diferença
entre nossa espécie e qualquer outra espécie na Terra. Nos dotará de inteligência,
proporcionando-nos a capacidade de falar, de sentir, de aprender, de recordar, de
realizar movimentos e de amar), diencéfalo (formará o tálamo - funções relacionadas
com o movimento, o comportamento emocional, a aprendizagem e a memória - e o
hipotálamo - responsável por regular o funcionamento homeostático do organismo;
participa da regulação e liberação de hormônios e influi de maneira significativa na
conduta, pois está relacionado com a sede, a fome e os padrões de sono),
mesencéfalo (controla funções sensoriais e motoras, sendo uma estação para sinais
auditivos e visuais), metencéfalo (conduz informações sobre o movimento desde os
hemisférios até o cerebelo - estará implicado na aprendizagem de habilidades
motoras e memória) e mielencéfalo (responsável pelas funções anatômicas vitais;
conduz informações sobre o movimento desde os hemisférios até o cerebelo -
implicado na aprendizagem de habilidades motoras e memória).
Poucos dias depois de ser originada a primeira célula, no feto ainda, o
cérebro está em constante desenvolvimento até a fase adulta. Nas três primeiras
semanas após a concepção, o cérebro e o sistema nervoso central começam a se
desenvolver a partir de um conjunto de células, e por volta dos 6 anos de idade ele
atinge seu tamanho final e seu desenvolvimento vai ocorrendo de forma mais lenta.
Por essa razão deve-se estimular a criança até essa faixa etária por ser mais
fácil de o cérebro se modificar.
Na oitava semana se desenvolve o córtex cerebral. Seu processo de
maturação, de modo mais lento e gradual, segue depois de muitos anos após o
nascimento, sendo responsável pelas habilidades mais nobres e refinadas, únicas
no ser humano, ocupando-se do funcionamento cognitivo.
O córtex tem zonas específicas (lobos), que estão localizadas nos dois
hemisférios cerebrais. São elas:
- Frontal: Pensamento, planejamento, decisão, juízo, criatividade, resolução de
problemas, comportamento, valores, hábitos. É altamente executivo.
- Parietal: Informação sensorial (tato, dor, gustação, pressão, temperatura),
dados espaciais, verbais e físicos.
- Temporal: Audição (tom e intensidade do som), linguagem, memória e
emoção.
- Occipital: Informação visual.

Com vinte semanas de gestação o cérebro e o sistema nervoso central se


conectam, começando a trabalhar em conjunto para gerenciar as funções do
organismo.
Depois do nascimento, as experiências diárias do bebê desempenharam um
papel crucial no desenvolvimento de seu cérebro. A possibilidade de modificação na
função cerebral dependerá das experiências adquiridas na primeira infância. A
atenção dos pais durante esse período é estritamente importante para o
amadurecimento do cérebro, especialmente para as estruturas encarregadas da
afetividade e da memória.
A atividade neuronal gerada pelas interações com o mundo exterior logo ao
nascer proporciona um mecanismo onde o meio ambiente pode influenciar na
estrutura e na função do sistema nervoso. O desenvolvimento das capacidades
sensório perceptivas e das habilidades motoras, também é um fenômeno crucial
dentro dos períodos críticos. (Oficina de Educação e Cultura da Organização dos
Estados Unidos da América, 2010. p. 39).

2.4 Neuroplasticidade cerebral:

É na primeira infância que o cérebro cresce e se desenvolve de modo mais


plástico, tendo uma capacidade mais propensa de modelar sua estrutura e
funcionamento de acordo com as experiências vividas significativamente. O sistema
nervoso central modifica suas propriedades morfológicas e funcionais como
resultado das alterações do ambiente.

2.5 Aspectos importantes para o desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos:

Com base nas Diretrizes de Estimulação Precoce: Crianças de Zero a Três


anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor Decorrente de Microcefalia,
do Ministério da Saúde, 2016 serão retratados alguns dos aspectos cruciais que se
dão no desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos.

2.5.1 Desenvolvimento motor:

As funções que aparecem e desaparecem no primeiro ano de vida


relacionam-se com a evolução do sistema nervoso central. No início, os movimentos
são reflexos e posteriormente evoluem para ações coordenadas e voluntárias, sendo
mais amplas do 0 aos 3 anos de idade, já que a criança vai evoluindo
gradativamente de forma organizada, devendo andar sozinha até completar 1 ano e
3 meses de vida (em média) - OMS, 2006.
Existem formas de estimulação desenvolvidas para auxiliar as crianças nesta
fase, de acordo com as Atividades para Programa de Estimulação Essencial para
Desenvolvimento Motor. São elas:
- Estimulação da linha média: A posição em supino estimula a criança a levar
os membros superiores na linha média do corpo. Utilizando o auxílio de
brinquedos coloridos e luminosos para chamar sua atenção em manter a
cabeça na linha média. Caso não consiga ativamente recomenda-se a ajuda
de um mediador, também podendo utilizar móbiles no incentivo à criança
levar as mãos ao centro.
- Estimulação do controle cervical: Na posição de prono, coloca-se um rolo de
tecido ou espuma (opcional) embaixo das axilas e os braços à frente.
Utilizam-se objetos que chamem a atenção da criança, a frente, o que lhe
proporciona a extensão cervical. A bola suíça também pode ser uma boa
opção.
- Estimulação do rolar: Na postura supina também estimula-se o rolar através
da fixação em objetos, trazendo-os para os lados, já que desta forma a
criança se incentiva a buscá-los. O mediador pode fazê-lo para que ela
compreenda o movimento e o faça sozinha posteriormente, podendo
acontecer também enquanto a criança está em seu colo para que o momento
da atividade seja mais confortável e acolhedor.
- Estimulação do sentar: Ao segurar a criança sentada (no colo ou não), para
ativar a musculatura do tronco utiliza-se apoio, com bóias, almofadas,
cantinhos de sofás, almofadas de amamentação ou bola suíça.
- Estimulação da postura de gatos e do engatinhar: Propor atividades que
façam com que a criança apoie as mãos com os cotovelos estendidos
(utilizando bola, rolo ou fazendo carrinho de mão). Colocar o brinquedo à sua
frente para que sinta a necessidade de ir buscar, brincando de engatinhar
junto a ela.
- Estimulação da postura ajoelhada e abaixada: Com os brinquedos em cima
de sofás e cadeiras para que a criança passe da posição de joelhos para ficar
em pé - Estimulação do “em pé” e do andar. Depois que ela ficar em pé,
apoiada, incentivar a marcha lateral, progredindo com a marcha para frente,
empurrando uma cadeira, por exemplo. Andar de mãos dadas e chamá-la
para ir andando até o adulto.
2.5.2 Desenvolvimento da linguagem, cognitivo e social:

Está diretamente ligado às relações satisfatórias entre funcionalidades


sensorial, perceptiva, motora, linguística, intelectual e psicológica. O progresso
destas também dependerão da maturação neurocerebral do indivíduo. Por isso,
deve-se garantir a promoção de relacionamentos estimulantes, estáveis e ricos em
experiências de aquisição, e seus principais marcos acontecem nos três primeiros
anos de vida da criança.
Atividades para Programa de Estimulação Essencial para Desenvolvimento
da Linguagem:
- Desde pequenas, as crianças devem ser consideradas falantes. Devemos
dar-lhes atenção, considerar sua fala e dialogar sempre.
- Conversar sempre, aguçar sua atenção, colocar-se sempre na altura da
criança.
- Falar com a criança e não pela criança.
- Integrar tom de voz, expressões, gestos, produzindo sensações e percepções
diferenciadas.
- Prefira frases relativamente curtas, use palavras diversificadas porém do
contexto e dia a dia da criança.
- Evite infantilização excessiva da fala.
- Cantar músicas, contar histórias, nomear imagens e fotos, brincar com o som
dos animais.
- De forma natural, nomear os objetos e atividades cotidianas, ajudando a
criança a associar a fala com objetos e ações.
- Quando a criança já falar, deixe-a falar, reforce a forma correta da fala, peça
para a criança relatar fatos, dar recados e contar histórias.

Atividades para Programa de Estimulação Essencial para Desenvolvimento


Cognitivo:
- Conhecer pessoas, contexto social e desenvolver percepções sensoriais.
- Pode-se oferecer um móbile para criança acompanhar com o olhar; levar
criança a ambientes diversificados, com diferentes brinquedos; proporcionar
diferentes sensações, texturas e cheiros.
- Esconder um objeto e perguntar onde ele está, deixar a criança soltar objetos
no chão, aprendendo a causa e efeito, bolhas de sabão.
- Oferecer jogos de encaixe simples.
- Oferecer jogos de quebra-cabeças simples.
- Caixa surpresa.
- Noções de permanência, localização espacial.
- Incentivar a brincadeira de fazer de conta.
- Jogos sociais com seus pares.

Atividades para Programa de Estimulação Essencial para Desenvolvimento


Social:
- Promover vínculos afetivos.
- Desenvolver o autoconhecimento e autoimagem.
- Ampliar a capacidade de socialização.
- Incentivar a autonomia e intencionalidade.
- Anunciar hora de mamar, cantar, falar, conversar, informar situações do
cotidiano, brincar de fazer caretas.
- Brincar no espelho, mandar beijo, dar tchau, cantar músicas, partes do corpo.

3 CONCLUSÃO

O desenvolvimento comporta mudanças sistemáticas e contínuas, acabando


somente na ocorrência de morte, ou seja, enquanto houver vida haverá
modificações em diversas vertentes das vivências de um ser humano, adaptando-o
para diversos contextos de sua decorrência.
Como é descrito por Vygotsky, a criança depende, até certo ponto, do auxílio
de mediadores mais maduros para que aprenda e realize determinadas tarefas,
desenvolvendo-se gradativamente com os estímulos adquiridos destes no decorrer
de sua vida. O contato com o Outro é o principal objeto do aprendizado dos seres
humanos, só sabemos o que sabemos graças ao convívio social e a inserção
cultural na qual estamos sujeitos.
Portanto, é importante que as crianças tenham acesso à indivíduos
determinados a fazer de seu desenvolvimento neurológico, motor, físico, social e
cultural harmônicos, respeitando suas fases e limitações para que isso reflita em sua
aptidão em enfrentar fases posteriores, que nem sempre serão tão pacíficas e
contarão com auxílio. A individuação vem dos processos que demandam
dependência.
REFERÊNCIAS

MAZERA, Tatiana Costa. Desenvolvimento infantil de zero a três anos. Meu


artigo, Brasil Escola, UOL. Disponível em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/desenvolvimento-infantil-de-zero
-tres-anos.htm

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