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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA – FEFF

Fundamentos de Biomecânica

Aluno: Israel Max Almeida de Souza Matricula: 21850439 Turma: IB07

BORELLI: As mentes por trás das alavancas

Desde o surgimento da raça humana, buscamos entender todos os


mecanismos que envolvem a dádiva que chamamos vida, e todas as ações que
ocorrem no universo a qual coexistimos. Com a biomecânica não foi diferente, antes
mesmo desta ciência ser ciência, nós já à observávamos, porém, com um olhar muito
mais místico e voltado a forças superiores, então denominados, Deuses. Mas, ao
longo do tempo alguns grandes gênios que pisaram nesta terra, buscaram
“desmitificar” essas ações que ocorriam no mundo, ou melhor, no nosso corpo. E essa
jornada iniciou-se na “ciência filosófica” e continua até os tempos da ciência moderna.
O primeiro estudioso a dedicar sua atenção a esse fenômeno foi Aristóteles
(322 a.C), onde o mesmo na juventude passou a observar bastante o comportamento
dos animais, e notou que no andar, os mesmos marcavam o chão, o que o fez pensar
que existiriam forças atuando sobre o corpo e o próprio passou a fazer anotações
referentes ao movimento humano e dos animais, e nisso tem-se registros que o
mesmo foi o primeiro a utilizar o termo “mecânica”, denominando os animais como
sistemas mecânicos. Mas, seu estudos eram somente voltados para o movimento em
si, o contexto sobre alavancas surgiu em seus primórdios com Arquimendes (212
a.C.), onde o mesmo relacionava forças “favoráveis” e “não favoráveis”, e um ponto
chave que é uma frase do mesmo “Dê-me um ponto de apoio e levantarei o mundo”.
Entre outros estudiosos chegamos a Leonardo da Vinci (1519), fundamentando
questões relacionadas a vetores de força e também analisando pontos de origem e
inserção do músculo, e gerou também forte dados de embasamento por meio de seus
registros artísticos da anatomia humana. Alguns anos à frente surgiria Galileu Galilei
(1642), outro estudioso que focou nas forças que agem sobre os corpos e da relação
entre o corpo e o espaço. Eis que chegamos ao século XVII onde surgiram duas
mentes brilhantes que moldaram a biomecânica atual, Giovanni Borelli (1679)
trazendo o conceito das alavancas no sistema musculoesquelético e as ações que
favoreciam o movimento, e Isaac Newton (1727) que a estabeleceu uma lei universal,
que seriam as leis da gravidade e do movimento.
Ambos foram importantes, porém, Borelli tem um acréscimo mais afundo nos
estudos da biomecânica, onde pode ser dito que os estudos de Newton são um
complemento aos seus. Ele considerado o pai da biomecânica, sendo o primeiro a
esclarecer que as alavancas do sistema musculoesquelético aumentam/ampliam o
movimento muito mais do que a força e, também desvendou as forças requeridas para
equilibrar articulações no corpo humano, determinando o centro de gravidade do
corpo humano e, demonstrou que a inspiração dependia de ação muscular e a
expiração dependia da elasticidade dos tecidos (CENTRO INTERUNIVERSITARIO,
2015). Um ponto a destacar, é que o mesmo já definia centros de “gravidade” antes
mesmo de Newton publicar seu livro a respeito das leis da gravidade.
É atribuída aos estudos de Borelli a teoria que os ossos servem como alavanca
e que os músculos auxiliam o movimento seguindo princípios matemáticos. Para que
os músculos se contraíssem, Borelli reconhecia que era preciso alguns eventos
químicos, porém, dizia de forma fantasiosa que os nervos são tubos preenchidos com
um tipo de material esponjoso que contém em sua matéria, algo chamado por ele,
assim como Galileu de espíritos animais, por vezes traduzido como gás dos nervos
(Joana Portela, 2016). Na sua hipótese, acredita-se que essa substância era agitada,
partia das periferias e iria ao sistema nervoso, produzindo uma sensação, logo a
explicação para a dilatação/inchação do músculo, seria que por conta dessa agitação
e de uma contração logo em seguida, resultaria em uma fermentação.
A teoria da contração muscular de Borelli sustentou-se por pouco tempo, foi
atacada logo após a sua apresentação. Um crítico chamado, Glisson (1677), que
afirmava que as fibras musculares se contraem ao invés de expandirem no ato de
flexão, afirmação que é demostrada por Glisson em experiências pletismográficas
(instrumento para avaliação de pulso arterial). Apesar disso, seus estudos sem
mantiveram em alta, pois, a sua relação entre músculo e esqueleto estava mais que
exatas, trazendo à tona conceitos de angulações e forças necessárias para manter o
equilíbrio no corpo, e posteriormente com os estudos de Newton, pôde estabelecer
conceitos entre torque e momento força.
Por meio desses dados chegamos a seguinte fórmula T = F x d, onde T é igual
ao torque; F igual a força ou forças aplicadas; e d igual a distância entre o ponto de
aplicação da força e o eixo a qual ocorre o efeito de rotação. Com isso temos a
definição do torque, que é o efeito de rotação de uma força em torno de um eixo, é o
equivalente angular da força (HALL, 2005). No caso, aplica-se força em uma de suas
extremidades para que ela possa ganhar em translação e em rotação. Portanto, o
torque gerado não depende somente da força aplicada, mas também da distância
perpendicular dessa força até o eixo. Esse eixo que é definido como um ponto fixo,
para que ocorra o aumento ou diminuição do braço de alavanca.
Sabendo da existência desse eixo ou ponto fixo, foram elaboradas 3 tipos de
alavanca: 1ª Classe, 2ª Classe e 3ª Classe. Essa classes se diferem com relação ao
posicionamento do eixo ou local de aplicação de força, sendo essas forças de potência
ou resistência. Seguindo a ordem, temos a alavanca interfixa, nesta o eixo encontra-
se ao centro de onde então sendo aplicadas as forças (uma em cada extremidade),
em sequência temos a alavanca inter-resistente, onde as forças aplicadas são
voltadas para um “único” extremo, tendo a potência entre o eixo e a resistência, por
fim temos a alavanca interpotente, semelhante a anterior, porém, tendo a resistência
entre o eixo e a potência.
Esses conceitos e aplicações existem em nosso cotidiano a todo momento,
desde um simples brinquedo de criança até um instrumento de trabalho. E todos esses
conhecimentos podem ser aplicados a diversas áreas como mecânica, física,
fisiologia, fisioterapia, educação física e entre outras. Na área da educação física,
podemos usar essa ciência para diversos objetivos, mas os principais são melhora no
desempenho esportivo, prevenção e tratamento de lesões. Porém, para isso é
necessário termos conhecimento anatômico e todos os seus planos, para transpor os
sistemas de alavancas no corpo humano de forma adequada.
Na área do treinamento, é importante ter conhecimento na hora de prescrever
qualquer tipo de treino, independente do objetivo. É fundamental ter informação
acerca dos mecanismos que serão trabalhados, um exemplo é a flexão de cotovelo
com análise no bíceps, teremos então o bíceps como potência, o antebraço como
resistência e a articulação do cotovelo como eixo, sabendo que a inserção do bíceps
se liga a tuberosidade radial, temos que ter em mente que a potência vai ser aplicada
à frente da articulação e anteriormente ao ponto de resistência logo, temos uma
alavanca interpotente. Dessa forma para obter melhores resultados é necessário
analisar as formas mais eficazes ou seguras para determinado movimento, a fim de
obter uma melhor performance.
REFERENCIAS

CORRÊA, Sônia Cavalcanti. Fundamentos da Biomecânica - O Corpo em


Movimento - 1ª edição. São Paulo: Editora Mackenzie, 2014.

HÉRICKSON, Wouber. Slide - Cinesiologia e Biomecânica Articular. Departamento


de Fisioterapia - UFRN, 2015.

PORTELA, Joana Paula. Livro - Cinesiologia - 1ª Edição. Sobral, 2016.

WEB

CARPES, Felipe. INTRODUÇÃO À BIOMECÂNICA #3 - Breve resgate histórico da


biomecânica. Disponível em <https://abre.ai/cCnu>. Acessado em: 26/04/2021.

GÓZZI, Rogério. Alavancas do Corpo Humano: Interfixa, Interresistente e


Interpotente | Cinesiologia | VideoAula 159. Disponível em <https://abre.ai/cCnv>.
Acessado em: 26/04/2021

<http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20012/Severo/arquimedes.html>. Acessado em:


26/04/2021

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