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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício 61

Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício


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AÇÕES MUSCULARES EXCÊNTRICAS – POR QUE GERAM MAIS FORÇA?


POR QUE GERAM MAIS TRAUMAS?

Bernardo Neme Ide1, Clodoaldo José Dechechi1,3, Charles Ricardo Lopes1,


René Brenzikofer2, Denise Vaz de Macedo1

RESUMO ABSTRACT

Os modelos propostos por Huxley, de pontes cruzadas Eccentric muscle movements - Why Generate
e deslizamento dos miofilamentos são utilizados para more power? Why Generate more trauma?
explicar os mecanismos moleculares e celulares
que ocorrem durante os diferentes tipos de ações The models proposed by Huxley of crossbridges and
musculares. No entanto, a sistemática observação sliding of myofilaments normally explain the molecular
de aumento residual de força pósalongamento and cellular mechanisms that occur during all kinds
não pode ser explicada por esses modelos, e os of muscular actions. However, these models cannot
mecanismos moleculares completos envolvidos nesse explain the residual force enhancement consistently
fenômeno ainda permanecem desconhecidos. Dentre observed in skeletal muscles following active stretching
as hipóteses existentes para explicá-lo, as mais and its complete molecular mechanisms remains
aceitas são a da não uniformidade e instabilidade do unknown. The literature points the development of
comprimento dos sarcômeros, e a do engajamento sarcomere length non-uniformities and the engagement
de elementos passivos, representados por outras of passive elements as responsible to this residual
proteínas presentes na estrutura sarcomérica. Além force enhancement. The purpose of this study was to
desses, existem outras hipóteses para explicar esse review the recent hypothesis to explain the generation
fenômeno, que não podem ser negligenciadas. O and increase of force during and after eccentric
objetivo desse estudo foi revisar as teorias mais contractions. We discussed about the cross- bridge
recentes propostas para explicar a geração e aumento theory and ATP hydrolysis during the concentric and
de força durante e após ações excêntricas. Discutimos eccentric actions. The molecular consequences of the
sobre a teoria do filamento deslizante, o gasto de continuity of the action potential in the formation of the
ATP durante as ações concêntricas e excêntricas, cross-bridges and the action of the proteins titin,
as consequências moleculares da continuidade do nebulin, miomesin and protein C as passive elements in
potencial de ação na formação das pontes cruzadas, the generation of force during the sarcomere stretching
e a ação das proteínas titina, nebulina, miomesina and in the maintenance of the myofibril integrity.
e proteína C como elementos passivos na geração
de força durante o alongamento do sarcômero e na Key words: muscle contraction, eccentric actions,
manutenção da integridade miofibrilar. residual enhancement, skeletal muscle, action
potential, titin
Palavras-chave: contração muscular; ação excêntrica;
aumento residual; força; potencial de ação; titina.

1-Laboratório de Bioquímica do Exercício – LABEX Endereço para Correspondência:


Instituto de Biologia - Universidade Estadual de Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex), IB
Campinas – UNICAMP Cidade Universitária Zeferino Vaz
Instituto de Biologia. Cx. Postal 6.109
2- Laboratório de Instrumentação para Biomecânica (LIB) Campinas – SP. Brasil
Faculdade de Educação Física, Unicamp Campinas CEP: 13 083 970
Brasil Fone: (19) 3521 6146 / 3521 6145
Fax: (19) 3521 6129.
3 - Faculdades Estácio de Sá - FAESO – Ourinhos E-mail: bernardo_311@hotmail.com
São Paulo

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INTRODUÇÃO 2004; Herzog, Lee e Rassier, 2006; Hollander e


colaboradores, 2007; Rassier e Herzog, 2005a).
O músculo esquelético humano possui Diversos grupos de pesquisa têm procurado
a capacidade de exercer tensões distintas em analisar respostas adaptativas frente a protocolos
resposta a imposição de resistências externas. A de treino onde as ações EXC são executadas
consequência frente a tais resistências é a geração com incrementos de intensidades (Smith e
de um torque sobre os ossos as articulações que colaboradores, 2000; Doan e colaboradores 2002;
leva a produção ou não de movimento, de modo a Barstow, Bishop e Kaminski, 2003; Hortobagyi e
suportar a sobrecarga imposta. Essa relação entre Devita, 2000; Hortobagyi e colaboradores, 2001;
resistência externa e torque leva a diferenciação do Ojasto e Hakkinen, 2009a; Nosaka e Newton,
que chamamos de ações musculares. 2002; Trappe e colaboradores, 2002). Dentre eles,
As ações musculares dependem do grau de particularmente o de Smith e colaboradores (2000)
estimulação do músculo e da força desenvolvida foi o pioneiro ao destacar que o teste de uma
pelo mesmo frente à resistência externa a ele repetição máxima (1RM) clássico reflete apenas
imposta. As chamadas ações musculares estáticas a máxima força que pode ser gerada durante uma
ou isométricas (ISO) ocorrem quando o torque ação muscular concêntrica (CON).
produzido pelo músculo é igual ao da resistência Para o propósito específico da pesquisa
externa, havendo uma geração de tensão sem que nomearam o teste de “1RM concêntrico” (1RMcon).
ocorra o deslocamento angular das articulações Friedman e colaboradores (2004) realizaram um
envolvidas; ou seja, nem encurtamento nem teste específico para avaliar a máxima força gerada
alongamento do músculo. na ação excêntrica.
As ações musculares concêntricas No estudo de Smith os indivíduos foram
(CON) ocorrem quando o músculo produz um submetidos a 4 séries de 12 repetições, com uma
torque maior que a da resistência externa, levando carga equivalente a 100% de 1RMcon. Já no estudo
consequentemente ao seu encurtamento. As ações de Friedmann foram submetidos a um volume de
musculares excêntricas (EXC) ocorrem quando 25 repetições com uma intensidade de 30% de
o torque produzido pelo músculo é menor que a 1RMexc (que no estudo em questão equivaleu a
resistência externa, levando ao seu alongamento 70% de 1RMcon).
(Fry, 2004); por isso, a literatura frequentemente Em ambos os experimentos as cargas foram
refere-se às ações EXC como uma situação de impostas apenas para a fase EXC dos movimentos,
alongamento ativo dos sarcômeros. pois para tal volume de repetições imposto, as
Outro tipo de trabalho muscular bastante mesmas não seriam suportadas na fase concêntrica.
utilizado é o chamado ciclo alongamento- Nesse contexto, Hollander e colaboradores (2007)
encurtamento (CAE). O CAE consiste da mostraram uma diferença cerca de 20 a 60% a mais
combinação de ações musculares. É caracterizado na força gerada nas ações EXC em relação às CON
por uma pré-ativação do músculo seguida por um em exercícios frequentemente utilizados na prática
primeiro alongamento (ação EXC) e o subsequente do treinamento de força.
encurtamento (ação CON).
Em relação à produção de força, os Por que produzimos mais força durante as
experimentos têm mostrado que durante as ações ações EXC?
EXC a força gerada é bem maior que durante as
ações ISO e CON. Essa observação é antiga. Os processos moleculares e celulares
ABBOTT e colaboradores (1950), observaram que ocorrem durante todas essas ações têm sido
que quando o músculo esquelético que estava normalmente explicados pelo estabelecimento de
ativamente produzindo força era encurtado ou pontes cruzadas entre miosina e actina (Huxley,
alongado, a força isométrica resultante após a 1957) e pelo modelo do filamento deslizante
fase dinâmica era respectivamente menor ou (Huxley, 1974; 1975), também conhecidos como
maior quando comparada com a força isométrica “teoria das pontes cruzadas”, em função da
pura obtida no seu correspondente comprimento complementaridade entre ambos. Esse modelo vem
final. Esses dados foram corroborados no estudo sendo utilizado pela comunidade científica com
de Komi e colaboradores (1973) com um modelo poucas modificações desde sua proposta original,
experimental distinto. Os autores verificaram graus a ponto de tornar-se um paradigma nos campos
de força diferentes produzidos pelas ações EXC, de fisiologia, biomecânica e treinamento esportivo
ISO e CON. (Rassier e Herzog, 2005a; b).
Os mesmos resultados têm sido Entretanto, mesmo já com algumas
constantemente observados por mais de 50 anos modificações em seus conceitos básicos, os desvios
em uma variedade de experimentos (Edman, na relação entre a força e a superposição entre os
Caputo e Lou, 1993; Friedmann e colaboradores; filamentos de actina e miosina e a dependência

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da força produzida pelo músculo durante as ações com os sítios de ligação da miosina com a proteína
EXC não conseguem ser explicadas pela teoria das C (MyBp-C). Segundo Clark e colaboradores (2002) a
pontes cruzadas (Rassier e Herzog, 2005a; b). região da banda A da titina interage com os MyBP-C e
Os mecanismos por trás desse fenômeno a região da cauda da molécula de miosina.
ainda permanecem desconhecidos, e representam A isoforma do tipo I (T1) é encontrada
um desafio para todos os cientistas interessados exclusivamente na região da banda A, onde seus
em compreender os mecanismos das ações módulos estão organizados em formações contínuas
musculares e a produção de força nos aspectos de duas ou três T1 em alternância com as T2, num
celulares e moleculares (Rassier e Herzog, 2005a). padrão altamente ordenado e regular de repetição
Nesse contexto, a literatura apresenta algumas entre elas (Goll, Pastore e Nilges, 1998; Labeit e
hipóteses: Kolmerer, 1995).
Como a titina é capaz de estocagem e
Hipótese 1: Não uniformidade e instabilidade reutilização da energia potencial elástica, surgiu a idéia
do comprimento do sarcômero. de que um músculo mais elástico e com isoformas de
A proposta desse mecanismo surgiu quando titina alteradas poderia desenvolver maior potência
Julian e Morgan (1979), observaram que durante o (Mcbride e colaboradores, 2003). Para averiguar essa
alongamento do músculo os sarcômeros próximos hipótese, Mcbride e colaboradores (2003), conduziram
ao centro das fibras musculares alongavam-se uma investigação com o objetivo de identificar e
mais do que aqueles próximos das extremidades, comparar as características da titina em diferentes
permanecendo quase que em isometria. populações de atletas com níveis de força e potência
Propuseram então que o aumento da elevados comparada com indivíduos sedentários. Os
força ocorreria pelos sarcômeros que não haviam sujeitos foram divididos em quatro grupos: (1) sedentários
sido alongados. Já aqueles sarcômeros cujo (NA) (n=5), (2) levantadores de peso estilo olímpico (WL)
alongamento havia excedido o comprimento (n=5), (3) levantadores de peso estilo básico (PL) (n=5)
além da zona de sobreposição dos miofilamentos e (4) velocistas (S) (n=5). Os resultados mostraram que
poderiam estar sendo suportados por elementos o grupo NA possuía as menores porcentagens de T1 e
passivos contribuindo para um equilíbrio da força, maiores de T2 quando comparado com os grupos de WL,
que poderia ser maior que a produzida durante as PL e S, sugerindo existir uma diferença na expressão
ações ISO (Julian e Morgan, 1979). nas bandas da proteína em atletas competitivos com
altos níveis de força e potência em comparação com
Hipótese 2: Proteínas com características indivíduos sedentários.
elásticas. Trappe e colaboradores (2002), também
Até hoje a miosina e a actina têm sido as mensuraram o conteúdo de titina e nebulina do
proteínas primárias analisadas nos estudos sobre a músculo vasto lateral de humanos antes e 24 horas
estrutura e função do músculo esquelético (Trappe após exercício excêntrico. Observaram que o dano
e colaboradores, 2002). Entretanto, pesquisas miofibrilar induzido envolveu perda significativa
recentes envolvendo a proteína titina têm mostrado dessas proteínas, reforçando sua participação durante
um papel relevante dessa proteína na união e a geração de força, ou sustentação da integridade do
elasticidade muscular (Goll, Pastore e Nilges, sarcômero nesse tipo de exercício.
1998), sustentação e orientação dos filamentos De fato, a titina parece ter uma participação
grossos (Clark, Mcelhinny, Beckerle e Gregorio, incisiva no fenômeno do aumento de força após o
2002), estocagem de energia elástica (Horowits e alongamento. Os aspectos mais importantes a serem
colaboradores, 1986) e produção de tensão ativa considerados são basicamente: 1) os pontos de
e passiva no músculo esquelético (Horowits e ancoragem, especificamente no disco Z e linha M (Goll,
colaboradores, 1986; Patel e colaboradores, 2004; Pastore e Nilges, 1998); 2) os sítios de ligação com
Wang e Wright, 1988). a miosina e afinidade com os MyBP-C (Houmeida e
A titina é uma proteína grande, com um peso colaboradores, 1995; Soteriou e colaboradores, 1993).
molecular aproximado de 3Mda. Localiza-se junto Entretanto devem ser realizados mais estudos a fim
ao filamento grosso e se estende desde o final do de analisar a ação estrutural das demais proteínas
sarcômero (disco Z), até sua porção medial (linha do sarcômero com as quais a titina possui pontos de
M), conforme mostrado na Figura 9 (Goll, Pastore e ancoragem. As mais relevantes quanto a esse aspecto
Nilges, 1998). são a miomesina (localizada na linha M), a -actinina
A titina é composta por duas isoformas (localizada no disco Z) e proteína C, com a qual a
(tipo I e tipo II). A isoforma do tipo II (T2) localizada miosina também apresenta sítios de ligação (Clark e
prioritariamente na banda I parece desempenhar um colaboradores, 2002).
papel grande na extensibilidade e elasticidade passiva A proteína miomesina liga a titina à miosina
do tecido muscular (Improta, Politou e Pastore, 1996). na região da linha M, representando uma importante
A isoforma do tipo II na banda A mostrou afinidade conexão com esse sistema de filamentos (Figura 9).

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Figura 1 Titina e demais proteínas do sarcômero relacionadas à produção de força

A mesma função também é desempenhada pelos ativos da actina. A contração do sarcômero ocorre
MyBP-C e proteína M. Dentre elas, a miomesina quando o ATP é hidrolisado na miosina, permitindo um
desempenharia um papel de integração dos filamentos estado de ligação forte entre miosina e actina que gera
grossos no agregamento dos sarcômeros (Ehler e o deslizamento do filamento fino em direção a linha
colaboradores, 1999). M quando os produtos Pi e ADP são sequencialmente
Os trabalhos discutidos acima evidenciam que liberados da miosina. O final do processo (relaxamento
a análise do fenômeno de aumento de força após o muscular) acontece quando cessa a geração do
alongamento realmente não pode se limitar ao estudo potencial de ação, os íons Ca++ são removidos pela
apenas da ação da miosina, actina, formação de Ca++/ATPase do retículo sarcoplasmático e a ligação
pontes cruzadas, e o nível de sobreposição dos de ATP a miosina desconecta a junção actomiosina.
miofilamentos. O engajamento de elementos passivos Ou seja, durante as ações musculares CON seguidas
parece desempenhar um papel de crucial importância de relaxamento há gasto de uma molécula de ATP
na sustentação da integridade miofibrilar, geração de por ponte cruzada para gerar o encurtamento, mais
força, flexibilidade e acúmulo de energia potencial uma molécula de ATP para desconectar cada ponte
elástica. Aparentemente, esse conjunto de proteínas cruzada, e outra para o Ca++ ser removido para o
interconectadas contribui para o músculo esquelético retículo sarcoplasmático.
ser essa máquina intrincada, eficiente e precisa (Clark Experimentos que investigaram o aumento de
e colaboradores, 2002). força após o alongamento do sarcômero mostraram
Hipótese 3: Menor Gasto de ATP um panorama diferente: continuidade da propagação
O modelo de contração muscular proposto do potencial de ação. Isso impediria o relaxamento
por Huxley e colaboradores (1957), consiste numa muscular devido à contínua liberação de Ca++; sua
sequência de eventos, sinalizado pela liberação dos interação com a troponina C, o que manteria os sítios
íons Ca++ do retículo sarcoplasmático para o citosol da de ligação da miosina com a actina ativos e com
fibra muscular; posterior ligação a troponina, alteração possibilidade do estado de ligação forte (Abbott e
na conformação da tropomiosina e exposição dos sítios Aubert, 1951; Edman, Elzinga e Noble, 1982; Herzog,

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Lee e Rassier, 2006; Komi e Buskirk, 1972; Rassier enquanto o sarcômero é alongado, devido a
e Herzog, 2005b). Ou seja, durante as ações EXC continuidade na propagação do potencial de ação
não seria requisitada uma nova molécula de ATP e podem estar sendo rompidas através da ação
para desconectar as pontes cruzadas. Essas seriam mecânica do alongamento. Há a proposição de que tal
desconectadas através da ação do alongamento, rompimento “não programado” e sem a hidrólise de uma
resultando num rompimento de natureza mecânica nova molécula de ATP seria a principal causa dos danos
das pontes cruzadas. às estruturas miofibrilares (Gibala e colaboradores,
Essa observação derivou a hipótese de que o 1995); da perda da proteína citoesquelética desmina;
fenômeno do aumento de força após o alongamento do comprometimento da integridade sarcomeral
poderia ter natureza metabólica, uma vez que a (ruptura das linhas Z e bandas A), e subsequente
manutenção das pontes cruzadas e a geração de perda de força concêntrica observados após uma série
tensão teoricamente demandariam uma menor inicial de exercício excêntrico (Friden e Lieber, 2001).
quantidade de energia durante o alongamento ativo Por outro lado, experimentos na literatura
(Curtin e Davies, 1975). têm observado que os protocolos de treinamento
Dudley e colaboradores (1991) analisaram um cujas ações EXC foram excluídas apresentaram
protocolo de treinamento com ações puramente CON menor magnitude de incrementos da força (Dudley
em comparação com outro com ações CON e EXC. e colaboradores, 1991), nos levando a inferir que
Os resultados apresentados mostraram que o trabalho uma maior incidência de MTA associados a um
total adicional requerido pelo grupo que executou período adequado de regeneração teria uma relação
ações CON e EXC aumentou em apenas 14%. Já diretamente proporcional com os ganhos de força e
Caruso e colaboradores (2003) realizando as mesmas hipertrofia muscular gerados pelas ações EXC.
análises e protocolos similares não encontraram Paradoxalmente, a magnitude dos MTA
nenhuma diferença significativa entre o gasto calórico torna-se significantemente menor quando as
do grupo que realizou somente as ações CON e o que sessões de treino com componente excêntrico são
realizou as ações CON e EXC, reforçando um menor repetidas frequentemente (Nosaka e colaboradores,
gasto energético com as ações EXC. 2001a; b). Esse fenômeno tem sido observado por
autores diferentes com protocolos diferentes, sendo
As ações excêntricas geram mais traumas? denominado de “repeated bout effect” (efeito de
repetidas sessões de treinamento - RBE).
A literatura mostra-se muito bem consolidada O RBE refere-se ao efeito protetor de uma única
ao associar uma maior magnitude de traumas aos sessão de treinamento com componente excêntrico
exercícios nos quais as ações musculares EXC observado nas demais sessões subsequentes (Mchugh
encontram-se presentes. As justificativas se baseiam no e colaboradores, 1999; Mchugh e Pasiakos, 2004).
pressuposto que as ações EXC requerem estratégias O RBE é caracterizado por uma rápida recuperação
únicas de ativação pelo sistema nervoso, que as de todos os mecanismos deteriorados pelos MTAs.
diferenciam das demais (Enoka, 1996). Comparadas Ou seja, da força muscular, da restrição a amplitude
as ações CON, recrutam um menor número de de movimentos, da sensação da dor tardia e
unidades motoras para uma determinada força concentrações plasmáticas de proteínas citosólicas
muscular desenvolvida, envolvendo preferencialmente como a CK. Menores anomalias nas imagens obtidas
as unidades motoras do tipo II. Isso levou a proposição por ressonância magnética e ultrasonografia também
que o dano muscular proporcionado pelas ações foram observadas, assim como menores magnitudes de
EXC seria resultante de um maior estresse imposto respostas imunes (Nosaka e colaboradores, 2001a; b).
a um menor número de unidades motoras (Moritani, Nosaka e colaboradores (2001a) observaram por
Muramatsu e Muro, 1987). Assim, as fibras do tipo II quanto tempo o RBE poderia perdurar após a execução
seriam mais suscetíveis aos MTA durante essa fase do de duas sessões de treino com componente excêntrico.
movimento (Friden, 2002; Friden e Lieber, 2001). Os resultados observados ilustraram que o efeito protetor
Há estudos que sugerem o exercício excêntrico se prolongou por até 6 meses após o estímulo inicial,
como potencialmente lesivo as células em decorrência tendo sua magnitude atenuada entre 9 e 12 meses após.
do maior “estresse mecânico” ao quais os sarcômeros As adaptações relacionadas ao RBE são
são submetidos. Foi mostrado que imediatamente categorizadas como de ordem neural, mecânica e
após exercício EXC os sarcômeros apresentavam as molecular. Em relação a essa última as evidências
linhas do disco Z com um desarranjo estrutural devido apontam para uma adição longitudinal de sarcômeros,
à perda das proteínas desmina e -actinina (Friden e juntamente com adaptações nas respostas
Lieber, 2001; Gibala e colaboradores, 1995; Hawke, inflamatórias (Mchugh e colaboradores, 1999; Mchugh
2005), e em alguns casos mais severos, de titina e e Pasiakos, 2004). Dentre os possíveis mecanismos,
nebulina também (Trappe e colaboradores, 2002). vem sendo dada uma atenção particular às mudanças
Como vimos anteriormente, durante as ações na expressão de proteínas de membrana e do
EXC as pontes cruzadas continuam conectadas citoesqueleto (Mchugh e colaboradores, 1999).

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Como as adaptações ao treinamento de força razão são consideradas como elementos passivos na
resultam em um incremento na atividade transcripcional, geração de força (Herzog, Lee e Rassier, 2006).
e na subsequente magnitude do processo de síntese O que a literatura em geral relaciona de forma
protéica (Coffey e Hawley, 2007), o acúmulo de bem consolidada, são respostas metabólicas agudas e
determinadas proteínas poderiam alterar o nível de crônicas do exercício à presença das ações EXC nos
estado estável das mesmas, levando a um novo limiar de protocolos de treinamento. Seu indiscutível potencial
funcionalidade do tecido como um todo, possibilitando de lesão à célula e aumento da magnitude do processo
assim uma maior proteção contra estímulos agressivos inflamatório, seria o principal sinalizador do processo
subsequentes e observação do RBE (Booth e Baldwin, de reparo muscular, frente à liberação de fatores de
1996; Mahoney e colaboradores, 2005). crescimento, citoquinas, neurotransmissores e fatores
neurotróficos, hormônios anabólicos, e as células de
CONCLUSÃO defesa do sistema imunológico. Sendo todos eles,
também sinalizadores do mecanismo de ativação
No presente estudo revisamos sobre os das células satélites, cujos seguintes processos de
mecanismos moleculares responsáveis pela geração proliferação, diferenciação e fusão as miofibrilas
de força durante as ações EXC. Analisamos as teorias danificadas, regeneraria, preveniria a perda e/ou levaria
de pontes cruzadas, deslizamento de filamentos, e ao desenvolvimento do tecido muscular (Charge e
as hipóteses da não uniformidade e instabilidade Rudinicki, 2004; Hawke, 2005; Hawke e Garry, 2001).
do comprimento do sarcômero, engajamento de Tal fato justificaria a razão pela qual o
elementos passivos, e a hidrólise de ATP, para explicar treinamento de força, composto por ações EXC, levar
o fenômeno de aumento de força após o alongamento a maiores ganhos de força, hipertrofia e manutenção
do sarcômero. do tônus muscular, do que o realizado puramente com
A análise comparativa do mecanismo de ações CON (Hather e colaboradores, 1991)
contração muscular proposto por Huxley, às distintas A natureza metabólica e molecular das lesões
ações desempenhadas pelo tecido muscular, relata a à célula muscular, muitas vezes creditada ao “estresse
descrição completa de apenas uma ação CON seguida do mecânico” proporcionado pelas ações EXC, a menor
relaxamento. Sendo que até o presente momento, nenhum demanda de ATP durante essas ações, e o acúmulo
trabalho na literatura descreve os mecanismos moleculares da energia potencial elástica, são fenômenos que, ao
completos que ocorrem durante as ações EXC. longo desses 50 anos de pesquisa, começam a ser aos
Nossa hipótese é baseada na continuidade poucos cada vez mais decifrados. A análise minuciosa
de propagação do potencial de ação, como elemento da teoria de Huxley, as descobertas da ação de novas
chave e desencadeador de todos os mecanismos proteínas do sarcômero e as hipóteses propostas
moleculares que ocorreriam durante essas ações, para explicar o fenômeno de aumento de força após
mantendo um contínuo do influxo de Ca++ que o alongamento representam muitos caminhos que
mantém o sítio de ligação da actina à miosina exposto, podem levar ao completo esclarecimento da natureza
e as pontes cruzadas em estado forte de ligação sem molecular, celular e metabólica desses fenômenos.
a hidrólise de uma nova molécula de ATP. Sugerimos que futuras pesquisas, com modelos
Resumidamente sugerimos que o fenômeno experimentais, analisem de forma mais minuciosa as
de aumento de força após o alongamento pode ser hipóteses levantadas nesse estudo.
decorrente dos seguintes aspectos: 1) O músculo ao ser
alongado ativamente apresenta sarcômeros instáveis REFERÊNCIAS
e com níveis de sobreposição de miofilamentos não
uniformes de acordo com a região analisada (Julian 1 - Abbott, B.C.; Aubert, X.M. Changes of energy in a
e Morgan, 1979; Morgan, 1994). 2) Proteínas como muscle during very slow stretches. Proc R Soc Lond B
a Titina, nebulina, -actinina, miomesina e proteína Biol Sci. Vol. 139. Num. 894. 1951. p.104-17.
C, apresentam uma interação e localização no
sarcômero, de forma a proporcionarem resistência 2 - Barstow, I.K.; Bishop, M.D.; e colaboradores. Is enhanced-
ao alongamento ativo do sarcômero. 3) A hidrólise de eccentric resistance training superior to traditional training for
ATP pela molécula de miosina parece ocorrer numa increasing elbow flexor strength? Journal of Sports Science
quantidade muito menor, ou então inexistir, o que and Medicine. Vol. 2. 2003. p.62-69.
consequentemente implica numa ação com uma menor
demanda energética no que se refere à manutenção 3 - Booth, F.W.; Baldwin, K.M. Muscle plasticity:
de pontes cruzadas e geração de tensão. energy demand and supply processes. Handbook of
Quanto à hidrólise de ATP, ressaltamos Physiology. Exercise: Regulation and Integration of
que até o presente momento a literatura não aponta Multiple Systems. 1996. p.1075-123.
nenhuma evidência experimental de que as demais
proteínas citadas acima possam requisitar dessa 4 - Caruso, J.F.; Hernandez, D.A., e colaboradores.
energia química para exercer suas ações, e por essa Inclusion of eccentric actions on net caloric cost

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resulting from isoinertial resistance exercise. J Strength 18 - Friedmann, B.; Kinscherf, R.; e colaboradores.
Cond Res. Vol. 17. Num. 3. 2003. p. 549-555. Muscular adaptations to computerguided strength
training with eccentric overload. Acta Physiol Scand.
5 - Charge, S.B.; Rudnicki, M. A. Cellular and molecular Vol. 182. Num. 1. 2004. p. 77-88.
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on muscle fibre adaptations. Sports Med. Vol. 34. Num.
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