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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS PEITORAL MAIOR E LATÍSSIMO DO DORSO


NOS EXERCÍCIOS PUXADA PELA FRENTE, PUXADA POR TRÁS E PUXADA SUPINADA

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues1


Danilo Rodrigues Cavalcante Feitosa1
Túlio Luiz Banja1
Igor Neves Torres1

RESUMO ABSTRACT

A eletromiografia (EMG) é usada para Analysis electromyographic muscle chest and


evidenciar as informações relacionadas ao largest lats pulled in years ahead, pull behind
estado de ativação dos músculos, ativação and pulled supinated
esta medida pela ação elétrica das
membranas excitáveis. O objetivo do estudo Electromyography (EMG) is used to highlight
foi avaliar a atividade eletromiográfica dos information relating to the state of activation of
músculos peitoral maior e latíssimo do dorso the muscles, activation is measured by
nos exercícios de puxada pela frente, puxada electrical activity of excitable membranes. The
por trás e puxada supinada. Participaram do aim of the study was to evaluate the
estudo 10 indivíduos do sexo masculino com electromyographic activity of the pectoralis
idade superior ou igual a 18 anos praticantes major and latissimus dorsi on the lat pulldown
de musculação há pelo menos seis meses. O exercises, drawn back and pulled supine. The
teste modelo estatístico ANOVA foi utilizado study included 10 male subjects aged greater
para determinar a existência ou não de than or equal to 18 bodybuilders for at least six
diferenças entre os valores de RMS dos months. The test statistical model ANOVA was
músculos nos exercícios. Os resultados used to determine the existence of differences
encontrados através da realização do estudo between the RMS values of the muscles in the
permitiram concluir que diferenças exercises. The findings by conducting the
significativas de ativação muscular foram study showed that significant differences in
encontradas apenas quando comparados o muscle activation was found only when
peitoral maior com o grande dorsal nos compared with the pectoralis major latissimus
exercícios de puxada frente e puxada trás. dorsi pulled in front of exercises and pulled
Nas demais comparações realizadas não back. In the other comparisons no significant
foram encontradas diferenças significativas. differences were found.

Palavras-chave: Eletromiografia. Musculação. Key words: Electromyography. Bodybuilding.


Ativação. Activation.

E-mails dos autores:


lincoln7777@hotmail.com
danilofeiotsa7@hotmail.com
1-Laboratório de Biomecânica da Universidade tuliobanja@gmail.com
Federal do Ceará, Ceará, Brasil. igor.nt@hotmail.com

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INTRODUÇÃO O objetivo do estudo foi avaliar a


atividade eletromiográfica dos músculos
Atualmente, tem sido cada vez maior à peitoral maior e latíssimo do dorso nos
procura de pessoas por para a prática de exercícios de puxada pela frente, puxada por
musculação em academias. trás e puxada supinada.
Pode-se explicar este crescimento
pela importância e benefícios que esta MATERIAIS E MÉTODOS
atividade proporciona, tanto quanto para o
desempenho de atletas, aumento de massa Modelo do estudo
muscular e reabilitação.
Fleck e Kraemer (2006) definem o Trata-se de uma pesquisa direta, de
termo musculação como um tipo de exercício caráter descritivo, realizada de maneira
que exige que a musculatura do corpo transversal e com uma abordagem
promova movimentos contra a oposição de predominantemente quantitativa (Liberali,
uma força, geralmente exercida por algum tipo 2008),
de equipamento ou pesos livres.
Esta é uma atividade altamente Local da pesquisa
versátil, podendo variar muito os seus
objetivos. Por proporcionar a prática para A coleta de dados com os indivíduos
vários objetivos, acaba sendo fundamental foi realizada no Laboratório de Força Aplicada
para obtenção de sucesso esportivo e em ao Esporte e Saúde-LAFAES, situado na
treinamentos com propósitos estéticos e Universidade Federal do Ceará-UFC.
reabilitacionais.
A prescrição de exercícios tem como Sujeitos participantes
base a seleção de atividades resistidas na
quais grupos musculares contraem A amostra foi composta por 10
executando um determinado padrão de indivíduos do sexo masculino com idade
movimento. Esses movimentos podem superior ou igual a 18 anos.
apresentar variações que, às vezes, modificam Os sujeitos que participaram do estudo
a ação de músculos agonistas. foram selecionados a partir dos seguintes
Todavia, essas variações podem ou critérios previamente estabelecidos: assinar o
não reproduzir mudanças significativas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-
suficiente para justificar a escolha de TCLE, tempo de prática na musculação de
determinado exercício ou a variação do pelo menos seis meses, comprovado através
mesmo, desta forma, o conhecimento da real de recibos de mensalidades pagas nas
influência dessas variações muitas vezes respectivas academias frequentadas; Ter
carecem de respostas precisas através de idade igual ou superior a 18 anos; não ter
métodos de medição precisos. histórico de lesões osteoarticulares e/ou
Par a análise mais detalhada da musculares que atrapalhe a realização dos
ativação, atuação e trabalho muscular, se faz testes de maneira adequada no momento da
necessário um estudo mais detalhado das aplicação.
ações musculares em cada exercício, onde o
principal método para a análise do trabalho Procedimentos
muscular será a Eletromiografia (EMG), que
tem como intenção medir a atividade elétrica Utilizou-se na coleta e aquisição dos
dos músculos através de eletrodos sinais mioelétricos um eletromiógrafo (Miotec®)
implantados na pele e superfície muscular composto por um amplificador diferencial
durante os exercícios executados. E bipolar, de quatro canais cada, com frequência
m certa medida, estudos com de amostragem de 1000hz e filtro de passa-
eletromiografia de superfície, como técnica de banda de 20hz e 450hz, de acordo com o
verificação de atividade muscular durante os ISEK36, com modo de rejeição (CMRR): > 85
exercícios dinâmicos, constituem em uma boa dB, impedância de entrada: 10MΩ e taxa de
estratégia e tem tido uma boa aceitação ruído: < 1μV RMS.
(Carpenter e colaboradores, 2007). A colocação e localização dos
eletrodos a fim de obter os sinais

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eletromiográficos tiveram como parâmetro a Dessa forma o sinal original passou


padronização proposta por SENIAM (Surface por um procedimento chamado retificação,
Electromyography for the Non-Invasive podendo ser executado de três formas: 1)
Assessment of Muscles) (Hermens e Retificação de Meia-Onda eliminando os
colaboradores, 2000). valores negativos do sinal; 2) Retificação de
Antes da colocação dos eletrodos foi Onda-Completa considerando somente as
realizada uma tricotomia e assepsia da pele magnitudes absolutas do sinal mantendo-o
em volta da região dos músculos abordados inteiro; 3) por RMS (Root Mean Square) que
no estudo, visando diminuir a impedância da se resume a um processamento matemático
pele. Utilizou-se para isso um aparelho de que faz a raiz quadrada da média elevada ao
barbear (Gillete), álcool (Purell) e algodão quadro.
(Apolo) nos pontos mais proeminentes Os dados de EMG foram analisados,
determinados para a colocação dos eletrodos utilizando-se o software da Miograph, e
em cada músculo. numericamente expressos em RMS para as
Foram utilizados eletrodos passivos de tentativas, e realizou-se a normalização do
superfície em configuração bipolar (Meditrace) sinal bruto utilizando os valores obtidos de
com distância entre os centros dos mesmos de contração isométrica voluntária máxima
três centímetros (Mercer e colaboradores, (CIVM), seguindo o protocolo recomendado
2006). pela SENIAM e ISEX.
Previamente a cada coleta, o Em seguida ao tratamento dos dados
equipamento foi calibrado identificando-se o advindos da análise EMG, o sinal retificado foi
zero de potenciais elétricos nos eletrodos, filtrado na tentativa de diminuir a interferência
conforme recomendação do fabricante. A motivada por ruídos externos e até mesmo por
captação do sinal EMG foi realizada do lado sinais fisiológicos que não tenham como
direito do corpo, para tal, os sinais foram origem a musculatura esquelética.
transmitidos de forma simultânea. Essa filtragem foi feita por meio de
O tempo de intervalo adotado foi de dispositivos denominados filtros digitais, que
cinco minutos entre a troca de aparelhos para podem avaliar bandas de frequências que
cada indivíduo. A escolha do tempo de devem ser mantidas ou cortadas.
intervalo foi devido à recuperação do sistema
imediato de energia (ATP-CP), pois, de acordo Analise estatística
com intervalos que variem entre um a cinco
minutos costumam ser suficientes antes de O tratamento estatístico foi realizado
uma nova tentativa de executar um através do software (SPSS 15.0 for Windows).
levantamento de peso (McArdle, Katch e Os dados foram analisados em caráter
Katch, 2011). descritivo, calculando-se média e desvio
Na tentativa de padronizar o padrão para cada uma das variáveis
movimento durante a execução dos exercícios, envolvidas.
os voluntários foram posicionados de maneira Logo após, utilizou-se o teste ANOVA
que à distância das mãos na pegada da barra para verificar a existência de diferenças entre
e a distância entre os calcanhares estivessem os valores de RMS normalizados obtidos a
ajustadas pelos diâmetros biacromial e partir das respostas biomecânicas a um
bitrocanteriano (Heyward e Stolarczyk, 2000). intervalo de confiança (p≤0,05).

Tratamento dos dados em EMG Aspectos éticos

O sinal do EMG original foi submetido Os sujeitos participantes da pesquisa


a um procedimento, que criou condições para foram informados sobre a confidencialidade
que se estabelecesse algum tipo de dos seus dados, assim como do caráter
comparação, arquivo ou correlação de científico que norteará a realização do estudo.
algumas medidas da função muscular com O voluntário poderia ainda solicitar e
outros sinais biomecânicos e/ou fisiológicos. A receber esclarecimentos sobre o andamento
média dos sinais EMG no domínio do tempo da pesquisa quando requisitar, podendo
tendeu a apresentar um favor sempre próximo desistir de continuar colaborando se assim o
de zero. desejar.

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Foram incluídos no estudo jovens Para o músculo peitoral maior, pode-


adultos que aceitaram participar se observar um maior valor de ativação
voluntariamente da pesquisa, após obtenção muscular para o exercício de puxada supinada
de consentimento verbal e uma autorização (69,81µV), seguido do exercício de puxada
por escrito, através da assinatura do termo de frente (50,76µV) e da puxada trás (45,7µV ±
consentimento livre e esclarecido. 35,8). Quando realizado o teste ANOVA de
Esta pesquisa teve o seu projeto medidas repetitivas visando comparar as
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética diferenças de ativação do peitoral maior nos
em Pesquisa da Universidade Federal do três exercícios não se verificou diferença
Ceará, sob o protocolo: COMEPE no230/11. significativa (p=0,167).
Quando se realizou a comparação
RESULTADOS entre os músculos nos respectivos exercícios,
os resultados revelaram que o músculo grande
Os principais resultados encontrados dorsal quando comparado ao peitoral maior no
estão na Figura 1. De acordo com a figura 1 o exercício de puxada frente apresentou uma
exercício que apresentou maior ativação do diferença significativa (p=0,022), com ativação
músculo grande dorsal foi à puxada frente maior para o músculo grande dorsal.
(153,45µV), seguido da puxada trás Os resultados mostraram-se
(152,45µV) e puxada supinada (109µV). semelhantes quando se comparou os
Na comparação entre as diferenças de músculos no exercício de puxada trás, pois
ativação do músculo grande dorsal também encontrou-se diferença significativa
considerando os três exercícios abordados no (p=0,012) e uma maior ativação do músculo
estudo observou-se que embora no exercício grande dorsal. Todavia, os resultados
puxada frente a atividade mioelétrica encontrados mostraram não haver diferença
encontrada mostrou-se superior, os resultados significativa na ativação entre dos músculos
não apresentaram diferenças significativas quando comparados no exercício de puxada
quando realizado o teste ANOVA de medidas supinada.
repetitivas (p=0,215).

Figura 1 - Valores das médias de ativação muscular em cada exercício, sendo Grande Dorsal (GD) e
Peitoral Maior (PM).

DISCUSSÃO aos achados de Silva (2008) onde também


não foram observadas diferenças significativas
Ativação do músculo grande dorsal de atuação muscular quando realizado o
mesmo exercício de puxada frente, porém de
Os valores encontrados no estudo duas maneiras diferentes, em um aparelho
para a ativação do grande dorsal no exercício articulado e em uma polia fixa.
de puxada frente se mostraram semelhantes

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No exercício de puxada trás Carpenter diferenças significativas para a ativação do


e colaboradores (2007) também não houve peitoral maior. Pode-se especular que esta
diferença significativa de ativação para o inexistência de diferença na ativação deva-se
grande dorsal. ao fato de que neste estudo não foi
Já no estudo de Signorille e comparado apenas esse músculo com ele
colaboradores (2002), foi encontrada diferença mesmo dentro dos exercícios executados, mas
significativa para a ativação do grande dorsal, com outros dois músculos (tríceps braquial e
provavelmente pela análise em diferentes tipos deltoide anterior).
de empunhaduras (fechada em semi- Podemos supor também que o
pronação, aberta pronada por trás, aberta músculo peitoral maior não seria o único motor
pronada pela frente e fechada supinada) para primário nos exercícios crucifixo e supino reto.
a realização do mesmo exercício, e a Sadri (2011) também não encontrou
empunhadura aberta pela frente produziu diferenças de ativação para o peitoral maior
maior recrutamento deste músculo do que quando comparado entre os exercícios de
qualquer outra posição da mão, em ambas as supino reto com barra e supino reto com
fases do movimento. halteres.
Podemos supor que o exercício em
análise pode não apresentar diferença de Comparação entre os músculos grande
ativação muscular com apenas alteração da dorsal e peitoral maior
posição do tronco ou aparelho em que é
realizado, mas caso haja alguma mudança de Mecanicamente, os exercícios de
espaçamento ou posicionamento das mãos puxada trás, puxada frente e puxada supinada
com relação ao local de agarre para se iniciam-se com os braços estendidos a cima
levantar o peso, diferenças eletromiográficas da cabeça.
podem ser observadas. Silva (2008) constatou que o maior
Detânico e colaboradores (2012) braço de momento da resistência nos
constataram diferença significativa apenas no exercícios analisados acontece quando o
grande dorsal em duas empunhaduras braço do indivíduo está paralelo ao solo. No
analisadas, o outro músculo analisado, o exercício de puxada supinada não ocorreu
bíceps braquial, não apresentou diferença em diferença significativa na analise de EMG para
nenhum dos exercícios. os músculos grande dorsal e peitoral maior.
Provavelmente isto ocorreu pela Especula-se que isto aconteça pelo
metodologia aplicada, onde foram mensuradas posicionamento da articulação do ombro, onde
a carga máxima no teste de uma repetição exercícios iniciados com em extensão de
máxima e não com um número maior de ombro poderiam aumentar a ativação do
repetições, pois no nosso estudo foram peitoral maior e diminuir a do músculo grande
avaliadas as médias de seis repetições dorsal.
concêntricas com 75% de uma repetição Marchetti (2011) ao analisar o
máxima. exercício pullover encontrou uma maior
ativação do músculo peitoral maior em relação
Ativação do Músculo Peitoral Maior ao grande dorsal.
Neste estudo foram encontradas
Os resultados deste estudo não diferenças significativas nos exercícios de
apresentaram diferenças significativas na puxada frente e puxada trás para os músculos
ativação do músculo peitoral maior quando grande dorsal e peitoral maior, assim como
comparados aos três exercícios analisados. Detânico e colaboradores (2012), que
Porém a sua ativação durante os três encontrou valores diferentes para a ativação
exercícios demonstra que esse músculo tem do grande dorsal nas puxadas aberta e
uma ação sinergista, nos exercícios de puxada supinada, apresentando estas diferenças
frente, puxada trás e puxada supinada. significativas na sua atuação.
Resultados similares para o músculo Ao realizar a puxada pela frente a
peitoral maior foram encontrados por Júnior e escápula também realiza um movimento de
colaboradores (2007) quando este analisou a rotação inferior e retração, combinando-se
atividade eletromiográfica na execução do assim as três articulações para a realização de
supino reto e crucifixo e não encontrou um movimento (puxada alta), o mesmo ocorre

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na puxada supinada, com exceção da ação de literatura correlaciona sim estes músculos,
retração ou adução da escápula. porém associando-os também a outros.
Estas escápulas atuam durante a
abdução do ombro rotando superiormente e CONCLUSÃO
durante a adução do ombro rotando
inferiormente, com isso a musculatura rotadora No estudo foi possível medir a
medial estará atuando de forma significativa atividade muscular dos músculos peitoral
para mobilização e movimentação das maior e grande dorsal nos exercícios de
escápulas, o que pode vir a gerar as puxada frente, puxada trás e puxada supinada.
diferenças significativas encontradas. Também possibilitou notar-se a maior
Sadri (2011) também não encontrou ativação do músculo grande dorsal durante a
diferenças significativas quando comparou a execução da puxada frente, porém não se
atividade do peitoral maior com o deltóide, obtendo diferença significativa quando este foi
porém, a ativação do deltóide apresentou-se comparado aos outros três exercícios.
maior em ambos os exercícios analisados, Quanto ao músculo peitoral maior, sua
supino reto com barra e com halteres. maior participação ocorreu na puxada
Gray e Jagessar, (2010) ao analisarem supinada.
a eficácia de empunhadura e espaçamento
das mãos, posição do corpo, execução e AGRADECIMENTOS
inclinação do tronco no exercício supino reto
concluiu que a partir de um arqueamento entre Ao Instituto de Educação Física e
165% e 190% de largura biacromial obteve-se Esportes-IEFES pelo suporte dado.
um valor máximo para a ativação do peitoral
maior, esta o que se pode justificar a diferença REFERÊNCIAS
de ativação do músculo peitoral maior.
Sabe-se que os resultados obtidos 1-Carpenter, C. S. C.; Novaes, J.; Batista, L. A.
foram divergentes dos encontrados por Comparação entre a puxada por trás e a
Carpenter e colaboradores (2007), que não puxada pela frente de acordo com a ativação
encontrou diferenças de ativação nos eletromiográfica. Revista de Educação Física.
exercícios de puxada frente e puxada trás para Num. 136. 2007. p.20-27.
os músculos peitoral maior e grande dorsal.
Dentre todos os exercícios analisados, 2-Detanico, D.; Muller, L. F. F.; Hofmann, M.;
o valor eficaz da atividade elétrica (RMS) Àvila, C. A. V. Análise eletromiográfica dos
apresentou diferenças significativas apenas músculos bíceps brachii e latissumus dorsi no
quando comparados o músculo latíssimo do exercício “puxada alta” em diferentes
dorso com o músculo peitoral maior nas empunhaduras. Brazilian Journal of
puxadas frontal e trás. Biomotricity. Vol. 6. Num. 4. 2012. p.277-284.
Porém tem-se que citar que não foram
comparados apenas dois músculos como em 3-Fleck, S.; Kraemer, W. J. Fundamentos do
nosso estudo, mas cinco (bíceps braquial, Treinamento de Força Muscular. 3ª edição.
tríceps, latíssimo do dorso, trapézio e peitoral Porto Alegre. Artmed. 2006.
maior), podendo este ser um fator para a
diferença nos sinais de RMS. 4-Gray, M.; Jagessar, M. Optimizing
Foram encontradas diferenças Development of the Pectoralis Major. Sport
significativas de ativação muscular apenas Journal. Vol. 13. 2010. p.7.
quando comparados o peitoral maior com o
grande dorsal nos exercícios de puxada frente 5-Hermens, J. H.; Freriks, B.; Klug, C. D.; Rau,
e puxada trás, podemos dizer que esses G. Development of recommendations for
mesmo são praticamente idênticos quanto a SEMG sensors and sensor placement
sua ativação elétrica. procedures. J. Electromyogr. Kinesiol. 2000. p
Logo, sugere-se uma maior busca 361-374.
para realização de estudos que realizem a
comparação das atividades musculares do 6-Heyward, V. H.; Stolarczyk, L. M. Avaliação
peitoral maior e grande dorsal, visto que a da composição corporal aplicada. São Paulo.
Manole. 2000. p.73-98.

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7-Júnior, V. A. R.; Gentil, P.; Oliveira, E.; Do


Carmo, J. Comparação entre a atividade EMG
do peitoral maior, deltoide anterior e tríceps
braquial durante os exercícios supino reto e
crucifixo. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte. Vol. 13. Num. 1. 2007.

8-Liberali, R. Metodologia Científica Prática:


um saber fazer competente da saúde à
educação. Florianópolis. 2008.

9-Marchetti, P. H.; Uchida, M. Effects of the


Pullover Exercise on the Pectoralis Major and
Latissimus Dorsi Muscles as Evaluated by
EMG. Journal of Applied Biomechanics. 2011.
p.380-384.

10-Mcardle, W. D; Katch, F. I.; Katch, V. L.


Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e
Desempenho Humano. Rio de Janeiro.
Guanabara Koogan. 2011.

11-Mercer, J. A.; Bezodis, N.; Delion, D.;


Zachry, T.; Rubley, M. D.; EMG sensor
location: Does it influence the ability to detect
differences in muscle contraction conditions?
J. Electromyogr. Kinesiol. 2006. p.198-204.

12-Sadri, I.; Jourkesh, M.; Ostojic, S.M.;


Calleja-Gonzalez, J.; Ojagi, A.; Neshati, A. A
comparasion of EMG fluctuation on deltoid and
pectoralis major muscles in bench press. Sport
Science 4. 2011. p.30-33.

13-Silva, L. P. Análise biomecânica do


exercício “puxada alta” utilizando dois
diferentes aparelhos de musculação: aparelho
articulado vs aparelho de polia fixa.
Dissertação de Mestrado. UFSC. Florianópolis.
2008.

14-Signorile, J. E.; Zink, A. J.; Szwed, S. P. A


Comparative Electromyographical Investigation
of Muscle Utilization Patterns Using Various
Hand Positions During the Lat Pull-down.
Journal of Strength and Condition Research.
2002. p.539-546.

Recebido para publicação 25/06/2015


Aceito em 02/08/2015

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