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INTRODUÇÃO

A Liberação Miofascial é um procedimento que visa amenizar as


dores musculares causadas por tensão. Por meio de pressão sobre
o local da dor, realizada manualmente ou com o aporte de rolos,
a terapia previne lesões e contribui para o tratamento de graves
patologias musculoesqueléticas.

Para compreender melhor a Liberação Miofascial para o


tratamento de dores causadas por lesões, primeiramente é
necessário saber o que é a fáscia. Localizada sob a pele ela é uma
fina membrana do tecido conjuntivo que protege e reveste grupos
musculares por todo o corpo. Inclusive, sua elasticidade e
resistência permite o deslizamento perfeito dos músculos.
Quando há uma carga exacerbada sobre essa membrana,
invariavelmente a fáscia sofrerá com desgastes que, por sua vez,
causarão dor. De forma geral, isso ocorre após intensas práticas
esportivas sem supervisão de um profissional, além de má
postura, sedentarismo, estresse, entre outros. Nesses casos, são
liberadas toxinas que comprometem o funcionamento do sistema
musculoesquelético, resultando em lesões e limitação da
mobilidade do indivíduo.

A Liberação Miofascial ameniza os desconfortos causados por essa


condição. Seu tratamento é nada mais do que uma técnica de
alongamento associada a pressão aplicada sobre o local lesionado,
o procedimento libera as tensões causadas pelo acúmulo de
toxinas na fáscia. Muitas vezes esse tipo de massagem é realizado
com as próprias mãos do profissional, ou também com aporte de
equipamentos.
O procedimento é indicado para quem sofre com desconfortos
constantes, principalmente após o término de atividades físicas. A
liberação miofascial possibilita alívio no foco da dor, já que
trabalha sobre o músculo lesionado. Dessa forma recupera
coordenação, flexibilidade e força da região acometida pelo
desgaste.

Além do mais, o procedimento dispõe de uma série de outros


benefícios. Por meio desse tratamento o movimento das
articulações pode ser recuperado. Até a respiração e a circulação
são favorecidos com este procedimento.

Inclusive, a pessoa poderá realizá-lo tanto antes quanto depois de


um treino. Quando é procedido por uma atividade esportiva, a
liberação miofascial proporciona o aumento da mobilidade
articular, diminui tensão e sobrecarga músculo-articular, além de
preparar a musculatura que irá ser exigida durante a prática.

Após a atividade, a técnica promove o relaxamento da


musculatura, diminui a tensão, previne o agravamento de lesões
e ainda contribui para o bem-estar do atleta.

Além de ser aplicada em atletas, a técnica também ajuda a


amenizar sintomas relacionados a retrações musculares
causadoras de tendinopatias, dor muscular crônica, síndrome
dolorosa miofascial, contraturas, entre outros.

Ela impreterivelmente deve ser executada por um profissional


habiltiado que irá pressionar o local do músculo tensionado,
utilizando as mais variadas direções de deslizamento. O
profissional, como mencionado acima, poderá fazer uso de
aparatos específicos para a realização da Liberação Miofascial.
O terapeuta poderá exercer intensidades distintas para cada
problema apresentado Só um profissional qualificado poderá
discernir com precisão o local e a regularidade de cada passada, a
fim de diminuir o quadro sintomático do paciente.
Capítulo 01

Entendendo os conceitos

Os profissionais que trabalham com qualquer método, mas


especialmente os terapeutas manuais, buscam a melhora da
função do padrão de movimento humano. Qualquer mudança de
comportamento é uma mudança de movimento. Mas para
mudanças sustentadas na base postural do movimento, é
essencial a atenção aos tecidos fasciais e suas propriedades.

Toda estrutura tangível no mundo real é um compromisso entre a


necessidade de estabilidade necessária para manter uma
estrutura coerente, para que processos repetitivos possam
acontecer com facilidade, confiabilidade e mobilidade, o que
permite que a estrutura lide com todos os tipos de experiências
ambientais.
Estrutura e fáscia

Se você é fisioterapeuta ou profissional de educação física com


certeza você já ouviu falar sobre Fáscia. Porém, apesar de muitos
profissionais saberem o que é, ainda uma minoria sabe a função
da fáscia em nosso corpo, e principalmente, poucos possuem
ferramentas eficazes para restabelecer a função desse tecido tão
importante para a saúde e movimento.

Nossa função com este E-Book é alertar o profissional que


trabalha com esporte, reabilitação e movimento, que depois de
várias décadas negligenciada, a fáscia está nos holofotes do
campo da ciência da vida humana. Apesar do domínio do sistema
músculo - esquelético ser fundamental, atualmente o profissional
da área da EF e fisioterapia que não possui ferramentas para
treinar e tratar o sistema fáscial está a cada dia mais fora do
mercado.
função

Os cientistas acreditavam que a fáscia era inerte, apenas uma


membrana que envolvia os órgãos. No entanto, a ciência mais
recente mostra que a fáscia é altamente inervada.

Novas pesquisas estão descobrindo que há mais terminações


nervosas sensoriais na fáscia do que nos olhos ou na pele. Essa
revelação recente significa que a fáscia pode ser vista como nosso
órgão sensorial mais rico. Considerando que o olho é o órgão do
nosso sentido visual; a fáscia (ou o interstício) é o órgão do nosso
sentido cinestésico.
Este sentido é vital para a nossa saúde e bem-estar. As
terminações nervosas mais comumente encontradas na fáscia são
chamadas mecanorreceptores. Pequenas, porém altamente
complexas, terminações nervosas sensoriais são distribuídas pela
fáscia. Eles sentem e comunicam informações sobre pressão,
movimento
e direção.

Fáscia e o sistema nervoso

Os mecanorreceptores geram campos elétricos que enviam


informações de volta ao cérebro através da medula espinhal. No
entanto, esses campos elétricos também são capazes de se
comunicar através de diferentes áreas dentro da rede fascial.
Como a fáscia é um meio à base de água, os campos elétricos
percorrem-na muito mais rapidamente do que podem atravessar
os nervos (750 km/h na fáscia; 150 km/h nos nervos).
A fáscia tem 10 vezes mais proprioceptores que o músculo (Myers
2011). Isso significa que cada parte do corpo está ciente e
responde a todas as outras partes. O tempo de resposta entre a
detecção e a ação é muito rápido. Isso nos permite sair de uma
eminente torção durante um esporte por exemplo. Essa
interconectividade através da rede fascial também nos permite
calcular a força exata para realizar um movimento de arremesso
num conectando o que os olhos estão calculando a distância,
quais os serão recrutados, qual movimento e em que potência.

O movimento do corpo inteiro é um conceito importante a


incorporar, se quisermos fazer parte da elite de profissionais que
trabalham com esporte, reabilitação e movimento.

propriocepção
Os mecanorreceptores nos permitem ter uma noção de onde
estamos no espaço. No entanto, se não avaliarmos e calibrar
conscientemente onde realmente estamos no espaço (usando
nossos olhos) com onde nos sentimos (usando nosso sentido
cinestésico), podemos ter uma idéia falsa de como estamos
posicionados. Uma das principais razões pelas quais precisamos
de um profissional é ver nossos padrões de retenção/ contrações
inconscientes e nos guiar em uma nova maneira mais alinhada
e/ou otimizada de movimento. Todo movimento consciente nos
permite ajustar esse sentido proprioceptivo. Com a prática,
começaremos a reconhecer quando estivermos nos
movimentando de maneira errada ou ainda levantando peso com
uma postura desajustada, por exemplo. Assim, faremos melhor
uso do nosso corpo, porque podemos sentir prontamente onde
estamos em relação à gravidade e ao nosso eixo central - nossa
coluna vertebral.
rede global transmissora de tensão (Ingber, 1998).

Transmissão de força

O trabalho de Huijing et al., 2017 mostrou de maneira


impressionante como os músculos transmitem até 40% da sua
força de contração não em seus respectivos tendões, mas através
de conexões faciais em outros músculos que estão posicionados
próximos a eles. Curiosamente, isso frequentemente envolve
transmissão de força para músculos antagônicos, que são co-
endurecidos e tendem a aumentar a resistência a esse movimento
primário.
Don Ingber mostrou que arquitetura da célula pode ser
compreendida como uma estrutura tensionada (tensegridade).
Nesta estrutura tensionada os elementos compressivos
(estruturas) são suspensos sem qualquer contato entre eles,
enquanto os elementos tensionais (bandas elásticas ou
membranas) estão todas conectadas entre elas numa rede global
transmissora de tensão.

Esse modelo serviu como inspiração para o campo de pesquisa da


fáscia. Motivado pela observação de que um corpo humano
saudável tem um alto nível de qualidade da tensegridade em seus
movimentos, muitos clínicos e também cientistas começaram a
ver a teia fascial como os elementos elásticos de uma estrutura
tensionada (integridade tensionada ou também tensegridade), na
qual ossos e cartilagens são suspensos como espaçadores, ao
invés de estruturas clássicas de sustentação (Levin, 2003).

Enquanto isso é baseado na premissa de que o corpo humano é


puramente uma estrutura tensionada, pois também contém
elementos hidráulicos que se comportam como uma esponja, a
transmissão miofascial de força entre várias articulações mostra
que a perspectiva de tensegridade oferece um melhor
compreendimento da rede fascial e seu papel na dinâmica
músculo-esquelética.

Sobrecarga de força

Se as estruturas conjuntivas forem estimuladas com uma


sobrecarga adequada, a rede de células inerente, chamadas
fibroblastos, adaptam sua matriz remodelando a atividade para
que a arquitetura do tecido responda ainda melhor às demandas
diárias.
Não somente a densidade do osso muda, como acontece com
astronautas que passam algum tempo em gravidade zero, onde
seus ossos se tornam mais porosos (Ingber, 2008), como os
tecidos faciais também reagem aos padrões dominantes de
sobrecarga. Com a ajuda dos fibroblastos, a fáscia lenta e
continuamente reage às tensões cotidianas assim como a treinos
específicos (Kjaer et al., 2009). Sua atividade de remodelação é
particularmente responsiva a desafios repetitivos à sua
integridade mecânica da matriz que a envolve. Desafios à força,
extensão e deslizamento do tecido estimularão os fibroblastos a
responderem num processo de constante reconstrução e
rearranjo da teia fascial.

Energia cinética

Um dos aspectos mais inspiradores para os profissionais do


movimento e esporte, neste campo que avança rápido em novas
revelações científicas sobre a fáscia, é a habilidade dos tendões e
aponeuroses armazenar e liberar energia cinética. Dada a
arquitetura correta das carregadas estruturas colagenosas e um
dado refinamento senso-motor para sentir a frequência
apropriada, movimentos como se fosse uma mola bem elástica
podem ser realizados aparentemente sem esforço.
A maior qualidade de armazenamento elástico em pessoas jovens
é refletida em seus tecidos fasciais, mostrando um típico arranjo
bi-direcional em forma de treliça, como as fibras uniformes de
uma meia-calça de mulher (Staubesand et al., 1997). O
envelhecimento é comumente associado à perda de elasticidade,
amplitude e distância em nossa marcha e isso também é refletido
em nossa arquitetura fascial. (Figura 1 abaixo). Neste caso, as
fibras multiplicam-se e assumem um arranjo irregular.

Experimentos em animais têm mostrado que a imobilização


rapidamente leva a um desarranjo das fibras e a um crescimento
multi-direcional adicional de links cruzados entrefibras densas de
colágeno. Consequentemente, as fibras perdem sua elasticidade
bem como sua capacidade de deslizamento suave entre si. Então,
os tecidos começam a deslizar truncadamente e com dificuldade
ao longo do tempo, e pior, podem grudar e ficarem emaranhadas
entre si (Jarvinen et al., 2002).

Uma fáscia saudável (ilustração da esquerda) apresenta uma clara


orientação em treliça (bi-direcional) da sua rede de fibras de
colágeno. Além disso, cada fibra apresenta uma forte ondulação
em sua forma. A falta de exercícios por outro lado, induz uma rede
de fibras multidirecionais e uma redução das ondulações de cada
fibra, levando a uma perda da elasticidade e sua capacidade de
mola (ilustração da direita).

Resumo clínico

• A força muscular é transmitida por vias complexas através das


fáscias endo-, peri e epimisiais que detalhamos mais em nosso
curso presencial.
• As células residentes do tecido conjuntivo respondem ao
estresse mecânico e são prontamente adaptáveis. A estimulação
correta do sistema fascial pode, influenciar o comportamento
metabólico e contrátil dessas células.
• A estabilidade intersegmentar - como na estabilidade dinâmica
de tronco/core - envolve arquitetura fascial e transmissão de força
fascial adequadas.
Capítulo 02

Sensibilidade

As formas de terapia manual devem levar em consideração o


cenário terapêutico que é geralmente considerada de importância
secundária, e isso está em contraste marcante com o treinamento
em psicoterapia. Essa desconsideração do cenário terapêutico
não reflete os desafios que os terapeutas manuais enfrentam em
sua prática cotidiana.

Do ponto de vista tradicional, o terapeuta é o especialista, o


"sujeito" ativo, que trata o paciente (possivelmente não
informado) como se ele fosse um "objeto" passivo. Certamente,
existe um ponto de verdade nesse ponto de vista, porque as mãos
do terapeuta realmente estimulam o organismo do paciente de
tal maneira que os impulsos preexistentes são guiados em outras
direções e, de certa maneira, novas realidades objetivas são
criadas.

Essas novas realidades objetivas podem incluir, por exemplo,


mudanças verificáveis no trajeto do movimento de uma
articulação, melhor comportamento de deslizamento de camadas
de tecido adjacentes umas às outras e troca de fluidos melhorada
entre as cavidades do corpo.
Capítulo 03

Ponto gatilho

Os Pontos Gatilhos (PGs) têm como característica dor localizada


sobre um ponto de alta irritabilidade que se apresenta na forma
de nódulo, em uma área rígida do músculo estriado esquelético
sendo sensível à palpação.

Podem ocorrer em regiões de hipersensibilidade sobre fáscias


musculares tensas e quando pressionadas, podem aumentar as
características de dor referida sobre esses locais afetados.
A dor é caracterizada como uma experiência multidimensional,
diversificando-se na qualidade e na intensidade sensorial.

Os PGs podem gerar a síndrome de dor miofascial definida como


uma disfunção neuromuscular regional, e possui como
característica, sintomas sensoriais, motores e autonômicos,
ocasionados por pontos gatilhos miofasciais. Os nódulos são
constituídos de segmentos musculares com sarcômeros
contraídos.

Capítulo 04

Liberação miofascial

A liberação miofascial manual e instrumental é uma técnica que


atua mobilizando manualmente ou com algum instrumento a
fáscia com o objetivo de aliviar o dor, restaurar a função e a
mobilidade e corrigir sequências de traumas físicos e emocionais.

Ela permite ajustar o alinhamento muscular, restaurar e


desimpedir o movimento de todos os tecidos e restabelecer uma
textura, resistência e função dos tecidos. Além disso, visto
quebrar o tecido cicatricial e aderências que causam dor, rigidez,
fraqueza, dormência e disfunções relacionadas a lesões.

Somado tudo isso, uma liberação miofascial melhora a mobilidade


e a amplitude de movimento, reduz o tecido cicatricial e as
adesões, diminui os bônus dos músculos hiperativos, melhora a
qualidade do movimento, reduz a rigidez arterial e melhora a
função vascular endotelial.
Ela envelheceu através de um processo chamado histerese, que é
propriedade pela qual o trabalho deformado é um material que
causa calorias, portanto, perda de energia, é possível ativar o
movimento do tecido, barreira por barreira, até que ocorra a
liberação da fáscia.

Uma técnica que provoca alterações na viscosidade da fáscia que


geram um melhor deslizamento dos tecidos, eliminando a pressão
excessiva em áreas dolorosas e restaurando ou alinhando. Ela
atua sobre as células musculares, que responde com uma
contração reflexa aos alongamentos rápidos, e sobre os órgãos
tendinosos de Golgi, que são responsáveis por captar informações
proprioceptivas de exercícios e tendões.
Uma pressão exercida pela liberação miofascial pode inibir os
fusos musculares e estimular o OTG, como alterar ou reduzir os
bônus musculares que levam a um relaxamento muscular,
permitindo que os músculos se contraiam e se alonguem do modo
mais eficiente. Ainda assim, como as melhores opções após a
liberação miofascial são devidas ao acompanhamento de
componente elétrico, para liberação de capturas cruzadas que
podem desenvolver pontos nodais da tela e alterar a viscosidade
da tela.
Uma manipulação miofascial pode ser executado com ou sem
instrumentos, ou seja, de forma manual. Um manual miofascial de
liberação envolve o uso de técnicas como fricção, deslizamento,
compressão, alongamento, percussão e vibração. Já a liberação
miofascial com instrumentos pode ser feita com vários
instrumentos, como crochê (ganchos) ou instrumentos de
Gastron. Muitos desses instrumentos foram desenvolvidos para
aliviar a sobrecarga sobre a mão do terapeuta e também para
alcançar áreas em que a mão não consegue alcançar.
Conclusão

Se
você chegou até aqui, você sabe que entender o papel da


LIBERAÇÃO MIOFASCIAL, esporte e movimento é fundamental
para o sucesso das suas prescrições e consequentemente
fidelização de seus clientes.

Um tecido que liga tudo a todos conectado do micro ao macro no


corpo humano merece uma atenção especial.

Seja um expert em sua área de atuação.

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