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O que há por trás dos

Pontos
Gatilhos
Miofasciais
teoria e
tratamento
André Torres

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O que há por trás dos

Pontos
Gatilhos
Miofasciais
O Sucesso é
constituído de 10%
de inspiração e 90%
de transpiração.

Thomas Edison
Capítulo 1

Aspectos gerais dos pontos


gatilhos miofasciais

Pontos-gatilho miofasciais (PG) constituem uma das causas de dor aguda e

crônica que foram esquecidas e ignoradas com maior frequência (Hendler e

Kozíkowskí 1993) e, ao mesmo tempo, representam uma das condições

musculoesqueléticas dolorosas mais frequentes (Hidalgo-Lozano e cols. 2010, Bron

e cols. 2011a).

Há provas contundentes de que dor muscular é uma disfunção primária (Mense

2010a) e não necessariamente um problema secundário a outros diagnósticos. Os

músculos possuem muitos tipos de nociceptores que podem ser ativados através

de vários processos de natureza mecânica e química (Mense 2009).

O que há por trás dos pontos gatilhos 04


miofasciais?
ASPECTOS GERAIS Sob a forma de um problema primário, PG pode aparecer na ausência de outros

distúrbios do tipo médico, no entanto, os PGs também podem ser associar com

processos patológicos subjacentes, como doenças de natureza sistêmica ou certos

transtornos metabólicos, parasitários e nutricionais. Em forma de processo

comórbido, PGs podem ser associados com os outros distúrbios como osteoartrite

do ombro, quadril ou o joelho (Bajaj et al. 2001), e também ao traumatismo como a

lesão em chicote (Freeman e cols. 2009). A dor induzida pelo músculo PG representa

uma causa bem definida e independente de dor aguda e, principalmente, dor

crônica que pode acompanhar os sintomas de outras doenças e isso pode persistir

por muito tempo depois de que se haja resolvido o problema original que iniciou o

quadro.

PGs também estão associados a distúrbios e disfunções dos diferentes órgãos,

como endometriose, cistite intersticial, síndrome do intestino irritável, dismenorreia

e prostatite (Weiss 2001, Anderson 2002, Doggweiler-Wiygul 2004, Jarrell 2004). Em

um estudo, a presença de PG abdominal teve um valor preditivo 90% em relação à

endometriose (Jarrell 2004).

Ao longo do seu desenvolvimento histórico, os PGs tinham denominações

diferentes (Simons 1975). O A terminologia atual relacionada aos PGs foi

desenvolvida nas últimas décadas (Simons et al., 1999, Dommerholt et al. 2006,

Dommerholt e Shah 2010). Apesar do fato de que nas diferentes disciplinas médicas

eles continuam a usar diferentes definições de PGs, a definição aceita mais comum é

que “um PG é uma área hiperirritável localizada em uma banda tensa de um

músculo esquelético que gera dor com compressão, distensão, sobrecarga ou

contração do tecido, que geralmente responde com uma dor referida que é

percebida em uma área distante da original” (Simons et al., 1999).

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miofasciais?
ASPECTOS GERAIS

Os PG ativos e latentes podem causar disfunções motoras, por exemplo,

fraqueza muscular, inibição, espasmo, desequilíbrio muscular e alterações no

recrutamento motor (Lucas et al 2004, 2010) tanto no músculo afetado quanto em

músculos relacionados funcionalmente com o músculo afetado (Simons e cols.

1999). Lucas e cols. (2010) demostraram que PGs latentes estavam associados a um

padrão de ativação motora alterado e que a eliminação desses PGs latentes dava

lugar à normalização desse padrão alterado. Em outro estudo, as restrições de

amplitude de movimentos do tornozelo desapareceram após a liberação (release)

manual de PGs latentes no músculo sóleo (Grieve et al., 2011).

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O que há por trás dos pontos gatilhos
miofasciais?
Capítulo 4

Como identificar os pontos


gatilhos miofasciais ?

Do ponto de vista clínico, podemos diferenciar o PG ativo e o PG latente. A dor

local e referida que se origina no PG ativo reproduz os sintomas indicados pelos

pacientes e é reconhecido pelos próprios pacientes como sua dor habitual, com o

qual eles estão familiarizados (Simons et al 1999).

Após a aplicação de pressão, os PG ativos e latentes causam alodinia no próprio

PG e hiperalgesia em uma área distante do PG. A alodinia é uma forma de dor que

aparece mediante um estímulo que normalmente não causa dor. Nos PGs

musculares latentes a dor local e a dor referida não reproduzem os sintomas

habituais do paciente e aqueles em que ele está familiarizado (Simons e cols, 1999).

Os PGs ativos e latentes dão origem a descobertas semelhantes na exploração física.

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miofasciais?
Capítulo 5

Das técnicas manuais

Existem diversas propostas dentro da terapia manual que abordam os pontos

gatilhos de formas diferentes, cada autor tem a sua vertente e a sua compreensão

terapêutica sobre o assunto, mas a verdade é única, todos tratam o ponto gatilho.

O mais importante para um terapeuta é possuír o maior número de recursos

terapêuticos possíveis em seu arsenal, cada paciente receberá uma abordagem de

maneira diferente. Pode ser que você precise alternar suas técnicas para chegar a

um resultado mais satisfatório, meu papel aqui é apresentar alguns desses recursos.

Das técnicas manuais 11


Capítulo 5

Das técnicas manuais

PRT (Posicional Release Technique) – Técnica


de Liberação Posicional
A terapia de liberação posicional é um método de avaliação e tratamento que

utiliza pontos sensíveis, também chamados de pontos-gatilho, aproximando

passivamente os pontos de inserção musculares para solucionar a disfunção

associada. É uma técnica indireta. Estes pontos podem ser identificados à palpação

sob a forma de pequenos nódulos, que tendem a se desenvolver no ventre

muscular, na região da placa motora, provocando irritação tecidual, tensão

muscular e dor. Quando são localizados procura-se encontrar a posição de

conforto que produz o relaxamento ideal dos tecidos envolvidos.

Na prática clínica é possível verificar que os pontos gatilhos não são “fixos” servem

apenas como ponto de referência. Podem ser causados por sobrecargas dinâmicas

como traumatismos e excesso de uso, ou estáticas como sobrecargas posturais

ocorridas durante as atividades de vida diária e ocupacionais. A inflamação causada

pela lesão inicial libera mediadores químicos pró-inflamatórios e vasoconstritores,

como a histamina e as prostaglandinas. O trauma agudo ou repetitivo pode

acarretar ruptura do retículo sarcoplasmático. O consequente fluxo de íons de

cálcio para o compartimento intersticial leva à interação não-controlada entre a

actina e a miosina e ao desenvolvimento de faixas tensas de músculo palpáveis

associadas ao envolvimento miofascial.

Das técnicas manuais 12


Capítulo 5

Das técnicas manuais

PRT (Posicional Release Technique) – Técnica


de Liberação Posicional
O resultado desses eventos traumáticos é a hipertonia, a inflamação, a isquemia e

um aumento da concentração de mediadores químicos metabolicamente ativos.

Acredita-se que este ciclo vicioso, o qual será ainda mais perpetuado pelo trauma

repetitivo, seja responsável pela manutenção dessas áreas focais hiperirritáveis e

restritas.

Efeitos: Como resultado do tratamento com a técnica, ocorre uma diminuição da

tensão muscular, da tensão fascial e da hipomobilidade articular. Essas alterações,

por sua vez, acarretam um aumento significativo da amplitude funcional de

movimentos, melhora da circulação e redução do edema, aumento de força e uma

redução da dor.

Contra-Indicações: Existem poucas contra-indicações que devem ser levadas em

conta, como processos malignos, aneurisma e artrite reumatóide aguda. Como

contra-indicações locais têm-se: feridas abertas, suturas, fraturas em processo de

consolidação.

Na prática: Realizamos uma aproximação da origem-inserção, até que haja

conforto e assim persistimos por 1 a 3 minutos.

Das técnicas manuais 13


Capítulo 5

Das técnicas manuais

PRT (Posicional Release Technique) – Técnica


de Liberação Posicional

Artigo: A efetividade da terapia de liberação posicional (TLP) em pacientes com

cervicalgia - http://scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

51502010000400002

Acesse o QRCODE
utilizando seu celular e
assista a demonstração
prática de como realizar a
técnica.

Das técnicas manuais 14


Capítulo 5

Das técnicas manuais

TÉCNICA DE JONES – CounterStrain

A Técnica de Jones é uma técnica funcional, de aplicação muito suave inventada

pelo osteopata Lawrence H. Jones que a chamou de COUNTERSTRAIN, e nós

Brasileiros, por motivos óbvios preferimos chamá-la de Técnica de Jones.

Ele mesmo definiu a técnica como sendo ”uma manobra posicional passiva que

situa o corpo em uma posição de máximo bem-estar, suprimindo assim a dor, ao

anular a atividade dos proprioceptores responsáveis pela disfunção”.

É um ótimo recurso para o tratamento de disfunções somáticas e consiste em uma

técnica suave sem risco para o paciente, sem contraindicações.

Das técnicas manuais 15


Capítulo 5

Das técnicas manuais

TÉCNICA DE JONES – CounterStrain

Aplicação da técnica: Para a aplicação da técnica devemos considerar os três planos

do espaço, frontal, sagital e transversal, que são os planos por onde serão

movimentados os seguimentos em disfunção.

Greenman considera que a técnica apresenta duas características principais, sendo

a primeira a identificação e a monitoração do ponto de dor e a segunda a colocação

do paciente em uma posição mais confortável, a que ele apresenta menos dor.

O terapeuta localiza o ponto de dor através da palpação. Move lentamente o

paciente até a posição de conforto e mantém a posição por 90 segundos, e então o

paciente é reconduzido passivamente para uma postura normal.

Durante o período de 90 segundos, o terapeuta pressiona várias vezes o ponto de

dor a fim de investigar a diminuição da sensibilidade dolorosa através das respostas

do paciente, ou simplesmente o mantém pressionado por todo o período.

Não deve haver aumento da dor em nenhuma parte do corpo durante o processo

de tratamento.

Das técnicas manuais 16


Capítulo 5

Das técnicas manuais

TÉCNICA DE JONES – CounterStrain

O resultado final desse posicionamento é a redução da hiperatividade das

estruturas neurais e a recomposição dessas estruturas para se alcançar, de modo

indolor, um comprimento de repouso do músculo mais normal e proporcionar

um aumento da circulação local, ou seja, ocorre uma normalização da atividade

gama ou uma diminuição do reflexo miotático.

Resumindo a prática:

1- localização do ponto de dor;

2- pressão sobre o ponto com o dedo;

3- encontrar a posição de conforto;

4- manter a posição de conforto por 90 segundos;

5- retorno passivo para posição inicial.

Das técnicas manuais 17


Capítulo 5

Das técnicas manuais

TÉCNICA DE JONES – CounterStrain

Artigo: The efficacy of an integrated neuromuscular inhibition technique on upper

trapezius trigger points in subjects with non-specific neck pain: a randomized

controlled trial -

https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1179/106698110X12595770849605

Acesse o QRCODE
utilizando seu celular e
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Capítulo 5

Das técnicas manuais

MYOTHERAPY

É um método especial de terapia manual que tem como principal objetivo a

diminuição da tensão e dor muscular, auxiliando na correção da postura, conforto

corporal, diminuição do estresse e na otimização da performance atlética. Sua

aplicação é executada em macas, sempre de maneira confortável e relaxante, não

havendo necessidade do cliente se despir.

É recomendado o uso de roupas confortáveis. Tem resultados diferenciados das

técnicas similares, porque trata de maneira eficaz e duradoura os Trigger Points

(Pontos-Gatilho) e os Tender Points (Pontos-Sensíveis), responsáveis pela chamada

Síndrome Dolorosa Miofascial, muitas vezes confundida com a Síndrome da

Fibromialgia, por possuírem alguns sinais e sintomas parecidos.

A metodologia utiliza a aplicação da pressão isquêmica por 9 segundos em cada

ponto, porém, seu diferencial que para cada trigger point (ponto gatilho) são

aplicados em 5 pontos em forma de cruz, no centro e em cada ponta da cruz.

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Capítulo 5

Das técnicas manuais

MYOTHERAPY

Artigo: Effectiveness of Myotherapy on pain among patients subjected to major

Orthopaedic surgery at a Tertiary care Hospital - http://dx.doi.org/10.5958/0974-

360X.2019.00937.5

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