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Neuroeducação:

contribuições pedagógicas
ANeuroeducação é um campo de estudos multidisciplinar que tem se
consolidado fortemente nos últimos anos, especialmente nos
Estados Unidos e em alguns países da Europa. Essa área de
estudos relaciona os campos da Pedagogia, Psicologia e
Neurociências buscando compreender os processos de cognitivos e
promovendo uma aprendizagem significativa. Os processos de
ensino-aprendizagem têm se modificado ao longos dos anos, com o
intuito de abranger os diferentes perfis de estudantes que podemos
encontrar nos espaços escolares. Com isso, a Neuroeducação
começa a se expandir como campo de estudo, se caracterizando
como um campo multi e interdisciplinar.

A mente humana recebe, sintetiza, organiza e distribui novas


informações constantemente, para que a aprendizagem dos
estudantes seja efetiva, é fundamental que o processo de ensino-
aprendizagem seja adaptado considerando os aspectos:

• Perfil dos estudantes;

• Contexto social no qual eles estão inseridos;

• Aspectos socioculturais;

• Entre outros.
Desta forma, torna-se fundamental o entendimento de como ocorre
os diferentes processos da aprendizagem e da construção do
conhecimento, gerando ações que visam o desenvolvimento
cognitivo dos alunos. Para Santos e Sousa (2016), “a compreensão
dos mecanismos do cérebro que estão na base da aprendizagem e
da memória, e dos efeitos da genética, do ambiente, das emoções e
da idade em que se aprende, pode ser transformada em estratégias
educacionais.” (SANTOS; SOUSA, 2016, p. 5).

Pensadores como Piaget, Wallon, Vygotsky contribuíram para a área


ao desenvolverem teorias sobre o processo de construção do
conhecimento e do pensamento das crianças, considerando
diferentes fatores. Podemos citar que Piaget foi um dos responsáveis
por transformar a abordagem dos processos de aprendizagem, por
meio de pesquisa e estudos, ele elaborou um modelo simplificado
desse processo. Enquanto os construtos teóricos propostos por
Wallon estão relacionados a afetividade e a valorização de
conhecimentos âncoras como estímulos do processo de ensino-
aprendizagem e para Vygotsky as relações sociais e linguagem são
estímulos fundamentais para a construção do indivíduo como sujeito
e para a sua aprendizagem.

Neste sentido, as pesquisas da área de Neuroeducação vêm para


contribuir com as diferentes teorias sobre o processo de construção
do conhecimento e do pensamento das crianças, abordando
fundamentalmente que as habilidades cognitivas desses sujeitos
devem ser estimuladas, assim como as suas interações sociais e que
outros fatores como genética, aspectos psicossociais e socioculturais
devem ser considerados. As habilidades cognitivas referem-se as
maneiras como os conhecimentos são assimilados e construídos, em
diferentes graus por diferentes pessoas. Essas habilidades estão
associadas e se influenciam diretamente. As habilidades cognitivas
advém de redes neurais específicas, assim respondendo a diferentes
estímulos. Durante o processo de aprendizagem, é importante que
os estudantes sejam estimulados de diferentes formas, seja por
brinquedos, músicas ou por diferentes ambientes.

O estímulo das habilidades cognitivas possibilita que os estudantes


aprendam por diferentes métodos e criem autonomia. Também,
possibilita ao professora em sala busque estratégias para lidar com
possíveis dificuldades ou defasagens no processo de aprendizagem
dos estudos. Uma vez que, é comum que crianças, jovens ou, até
mesmo, adultos apresentem dificuldades de aprendizagem em
diferentes etapas de sua vida, seja na educação básica ou no ensino
superior, essas dificuldades fazem parte do processo de adaptação
aos conteúdos e ambiente. Porém, quando essas dificuldades
persistem por um longo período de tempo e interferem no
desempenho de aprendizagem do estudante, faz-se necessário uma
investigação.

 Segundo Cancian e Malacarne, “dificuldade de aprendizagem, é um


termo genérico para descrever a defasagem de aprendizado na
aquisição de uma ou mais competências, mas sem uma causa
evidente. Em compensação os transtornos de aprendizagem
referem-se a problemas relacionados a deficiências sensoriais e
intelectuais que dificultam o processo de aprendizagem.” (CANCIAN;
MALACARNE, 2019, p. 2). Os transtornos mais comuns de
aprendizagem são:
• Transtorno de leitura: também é conhecido como Dislexia,
caracteriza-se como a dificuldade na identificação das palavras,
decodificação e ortografia por parte do indivíduo.

• Transtorno de escrita: caracteriza-se como a dificuldade relacionada


a construção da ortografia e caligrafia por parte do indivíduo.

• Transtorno de Matemática: também é conhecido como Discalculia,


caracteriza-se como a dificuldade em entender números, símbolos ou
outros conceitos associados a matemática por parte do indivíduo.

O docente deve atuar de forma objetiva, tentando minimizar o baixo


desempenho, atraso ou outras dificuldades que são causadas por
esses transtornos. É papel do docente estar atento aos seus alunos e
as demandas que eles apresentam, também, ele deve buscar
formação profissional adequada que o auxilie a atender as
diversidades do ambiente escolar.

Atividade Extra

Explicando: A mente (série documental Netflix)


 

Referência Bibliográfica

BRANDÃO, A. S.; CALLIATO; CONTRIBUIÇÕES DA


NEUROEDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA. Revista
Exitus, Santarém/PA, Vol. 9, N° 3, p. 521 - 547, JUL/SET 2019.

CANCIAN, Q. G.; MALACARNE, V. DIFERENÇAS ENTRE


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E TRANSTORNOS DE
APRENDIZAGEM. 2º Congresso Internacional de Educação; 7º
Congresso de Educaçaõ da FAG. 2019.

VIEIRA, E. P. P. Neurociências, Cognição e Educação: Limites e


Possibilidades na Formação de Professores. REVISTA PRÁXIS ano
IV, nº 8 - agosto 2012.

Sistema Nervoso Central


e Sistema Nervoso
Periférico
Sistema Nervoso

O corpo humano possui diversos sistemas que desempenham


diferentes funções, dentre esses sistemas, destacamos o Sistema
Nervoso (SN), que é responsável por captar, processar e gerar
respostas de acordo com os estímulos do ambiente no qual estamos
submetidos e essas respostas podem variar entre: sensitivas,
motoras ou integradoras. Assim, podemos afirmar que esse sistema
é uma rede de comunicações do organismo que é composta pelo
tecido nervoso, esse tecido possui neurônios e células da glia que
fazem com o que funcionamento seja possível.

Esse sistema é dividido em duas porções:

• Sistema Nervoso Periférico

• Sistema Nervoso Central

Sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico é composto por nervos que se


originam no encéfalo e na medula espinhal, tem por função o
encaminhamento dos estímulos detectados nos diferentes órgãos ou
nos estímulos através do meio externo, assim, processando essas
informações e as enviando para o Sistema Nervoso Central. Os
neurônios que levam essas informações são classificados como:
• Aferentes: levam a informação para o Sistema Nervoso Central;

• Eferentes: levam a informação às estruturas, após o processamento


do estímulo.

Após esse encaminhamento, esses estímulos (já processados pelo


SNC) são enviados para os músculos, as glândulas e/ou as células
endócrinas. O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é um componente
do SNP, o SNA tem por função regular ações involuntárias do corpo
humano, como por exemplo, o sistema digestório, endócrino e
cardiovascular.

Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central (SNC) é protegido por membranas e


ossos, é uma rede de comunicações compostas por tecido nervoso
(os neurônios e as células da glia – estas últimas servem para a
nutrição e manutenção do tecido nervoso), quanto mais substâncias
nervosas cinzentas, maior será a quantidade de axônios presente no
local. Os axônios são os responsáveis por transmitir os impulsos
nervosos. Ele é constituído por:

• Medula espinhal: referente ao arco reflexo/ato reflexo, respostas


rápidas e involuntárias apresentadas a partir de estímulos;
• Encéfalo: possui subdivisões que realizam processos e operações
diferentes, é o responsável pela atividade neurológica e é nesta parte
que o processo de aprendizagem acontece.

Imagem retirada do site: https://www.sobiologia.com.br/figuras/Corpo/cerebro.jpg

Iremos destacar algumas dessas áreas:

• Mesencéfalo: audição, reflexos visuais e movimento de tração.

• Ponte: ligação entre várias partes do cérebro.

• Cerebelo: coordenação de movimentos e o equilíbrio do corpo.

O Telencéfalo, a maior parte do encéfalo, é o responsável por


promover a capacidade para ler, escrever e falar, fazer cálculos,
lembrar, planejar e criar. Enquanto o Diencéfalo, é responsável por
promover a motricidade, controle de fome, sede e temperatura e
comportamento emocional.
• Cérebro: é a porção mais desenvolvida do encéfalo e é dividida em
duas porções: os hemisférios esquerdo e direito. O cérebro é
responsável pela realização de atividades motoras, memória,
inteligência, emoção e razão.

O sistema nervoso central é composto por duas substâncias: a


branca e a cinzenta, cada uma delas corresponde a aspectos
diferentes. A substância branca está associada aos axônios dos
neurônios e a substância cinzenta aos corpos celulares.

Os dendritos são ramificações presentes no corpo celular que


recebem os impulsos nervosos; os axônio são prolongamento do
neurônio por onde os impulsos nervosos são levados a outro
neurônio ou outro tipo de célula; e o corpo celular se localizam o
núcleo e as organelas, por exemplo, mitocôndrias. Por meio da
conexão entre vários neurônios que os impulsos nervosos e as
sinapses acontecem.

Impactos na Aprendizagem

Os estímulos sensoriais aumentam a quantidade de sinapses e com


esse aumento, consequentemente, o cérebro humano irá
desenvolver sinapses habilidosas referente a um determinado
conhecimento ou comportamento, incentivando a neuroplasticidade.
A neuroplasticidade está associada à capacidade do cérebro
humano em se modificar e/ou adaptar-se, assim modificando-se em
níveis estruturais ou funcionais.

O cérebro humano é exposto a diferentes estímulos, sendo ele o


órgão principal responsável pela aprendizagem. Porém, o processo
de aprendizagem depende da interação do indivíduo com o meio no
qual ele está inserido, sendo assim, ambientes desfavoráveis podem
impactar a aprendizagem de um indivíduo. O processo de
aprendizagem associa-se à capacidade de obtenção de novas
informações e adaptações de comportamentos.

Uma vez que a aprendizagem é o processo de aquisição e


transformação de competências, habilidades, conhecimentos e/ou
comportamentos, entende-se que o processo de ensino-
aprendizagem é constante e acontece em diferentes faixas etárias. O
Sistema Nervoso desenvolve-se ao longo da vida, assim, impactando
na forma de aprendizagem das pessoas. O cérebro humano aprende
por meio de estímulos, no processo de aprendizagem é fundamental
que os estudantes sejam expostos a atividades e materiais que
estimulem as suas percepções sensoriais, raciocínio (numérico,
espacial e lógico), atenção, emoção e memória.

Atividade Extra

Explicando: A mente (série documental Netflix)

Referência Bibliográfica

BRANDÃO, A. S.; CALLIATO. CONTRIBUIÇÕES DA


NEUROEDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA.
Santarém/PA:Revista Exitus,JUL/SET 2019.
OLIVEIRA, A. A.; NETO, F. H. C. Anatomia e fisiologia: a incrível
máquina do corpo humano. Fortaleza: EdUECE, 2015. 183 p.

Pirâmide de aprendizagem de William Glasser:

SANTOS, W. P.; SANTOS, R. M. F.; SANTOS, P. V. Novas formas


de ensinar e aprender matemática, numa perspectiva das
metodologias ativas. Revista Acadêmica Faculdade Progresso, v.
6, n. 2, 2020

Fundamentos da
aprendizagem
Acognição e a metacognição são funções fisiopsicológicas
relacionadas à aquisição de conhecimentos por meio da percepção.
Assim, desencadeando processos funcionais do cérebro
possibilitando que o processo de aprendizagem aconteça, isso
acontece porque a cognição e metacognição se dão por meio de
alguns processos, tais como, atenção, memória, raciocínio,
imaginação, pensamento, entre outros.

Os estímulos recebidos através dos cinco sentidos (audição, visão,


tato, olfato e paladar), conhecimentos adquiridos por meio de uma
experiência pessoal e exposição a uma gama de informações, fatos
ou dados permitem a integralização dessas novas informações,
assim produzindo um conhecimento e contribuindo para a percepção
individual de como interpretar o mundo. E a integralização desses
conhecimentos e o exercício deles contribui para a adaptação ao
meio – contexto – no qual estamos inseridos.

Especificamente falando, a metacognição trata-se da habilidade de


automonitoramento do ato cognitivo e a habilidade de controlar ou
modificar esses processos, observando possíveis problemas e
selecionando as melhores ferramentas para solucionar o problema
inicial apontado, como por exemplo, a autorreflexão ou uma
autoavalição de desempenho. De acordo com Brandão e Calliato
(2019), “a neurociência cognitiva é considerada recente na história
das ciências cognitivas, [...] os estudos nesta área parecem
promissores e proporcionalmente valiosos, por estarem diretamente
centrados no desenvolvimento cognitivo [...].” (BRANDÃO;
CALLIATO, 2019, p. 522).

A neurociência cognitiva contribui para o campo educacional de


diferentes maneiras, sendo uma delas, a contribuição para a
identificação de dificuldades e/ou alguns transtornos relacionados à
aprendizagem do estudante. Segundo Cancian e Malacarne (2019):

“Dificuldade de aprendizagem, é um termo genérico para descrever a


defasagem de aprendizado na aquisição de uma ou mais
competências, mas sem uma causa evidente. Em compensação os
transtornos de aprendizagem referem-se a problemas relacionados a
deficiências sensoriais e intelectuais que dificultam o processo de
aprendizagem.” (CANCIAN; MALACARNE, 2019, p. 2).

Os autores (ibid.) afirmam que os transtornos de aprendizagem estão


relacionados a dificuldades específicas, tais como, dificuldade na
leitura, escrita ou na realização de cálculos ou identificação de
símbolos matemáticos. Esses transtornos são ocasionados devido a
problemas de ordem neurológica, por isso, em sala de aula, os
professores devem observar os estudantes e as suas dificuldades
em relação à aprendizagem. Os sinais dos transtornos podem surgir
em maior ou menor amplitude e depende de alguns fatores, como:

• Faixa etária;

• Estimulação;

• Histórico familiar;

• Falta de atenção ou memória;

• Atraso ou falta de coordenação fina (desenhar, escrever, etc).

Por meio da observação, o professor terá meios para analisar o


desenvolvimento do estudante e propor intervenções que estimulem
a aprendizagem daquele sujeito. Ou, até mesmo, encaminhá-lo para
a investigação interdisciplinar para um diagnóstico preciso. Desta
forma, o professor participa ativamente no processo de identificação
e diagnóstico dos possíveis transtornos e na intervenção que
acontecerá.

Fazendo um resgate histórico, diversos pensadores contribuíram


para circunscrever definições relacionadas à construção do
pensamento humano e aos processos de aprendizagem ao qual
somos submetidos. Neste sentido, é destacado, principalmente, as
ideias de pensadores como Piaget (1896-1980), Vygotsky (1896-
1934) e Wallon (1879-1962).

Jean William Fritz Piaget (1896-1980) demonstrou que os processos


de aprendizagem das crianças se diferenciam dos adultos, ele
acreditava que os fatores biológicos interferem nos processos. O
autor foi um dos responsáveis por transformar a abordagem dos
processos de aprendizagem, por meio de pesquisa e estudos, ele
elaborou um modelo simplificado desse processo.

Em seus estudos, Piaget descreve as seguintes etapas: 1)


Assimilação das novas informações; 2) Acomodação das
informações na base cognitiva (estruturada previamente); e 3)
Equilibração dessas informações nos conhecimentos, assim
incorporando novas informações às já existentes. A fase de
equilibração é fundamental para a produção contínua das estruturas
cognitivas, tornando-as mais complexas. Para ele, as crianças
constroem suas ações e ideias, como seres humanos singulares,
quando se relacionam com novas experiências ambientais.

Enquanto para Lev Semionovitch Vygotsky, as primeiras relações


sociais que as crianças são expostas, são as relações familiares. E
são nelas que estabelecem o contato inicial com a linguagem com o
intuito de interação para com o outro. Segundo o autor, o ser humano
se produz na e pela linguagem, desta forma, quando expostos a
interações sociais ou interações com outros sujeitos, novos
conhecimentos e formas de pensar são (re)construídas através da
apropriação dos saberes do contexto no qual esse sujeito está
inserido.

Vygotsky defende que os signos linguísticos contribui para o


processo de aprendizagem dos sujeitos, de acordo com Basso
(2000), “[...] a linguagem faz com que as crianças providenciem
instrumentos que auxiliem na solução de tarefas difíceis, planejem
uma solução para um problema e controlem seu comportamento.
Signos e palavras são para as crianças um meio de contato social
com outras pessoas.” (BASSO, 2000, p. 5). Basso ainda propõe que
essas interações contribuem para a atenção voluntária, memória e
formação de conceitos, desta forma, os conhecimentos cognitivos
são transformados e os sujeitos realizam operações complexas.

Para Henry Wallon, as crianças são emocionais e constroem seus


conhecimentos sócio-cognitivos de forma gradativa, para o autor, as
crianças se constituem como sujeitos com significado, construindo
suas próprias emoções. Para o pensador, o contexto e
desenvolvimento biológico é importante, porém, após um
determinado período de tempo, o contexto social adquire e exerce
uma força maior para a construção desses sujeitos.

Assim, aspectos sociais, culturais e linguísticos provêm elementos


que desenvolvem o pensamento desses sujeitos. Tal como Piaget,
Wallon também estabeleceu um modelo de como esse
desenvolvimento acontece, porém, o autor considera que o
desenvolvimento humano está sujeito a crises, conflitos e rupturas,
por isso, ele considera que cada estágio desse modelo segue uma
forma específica a depender da interação com o sujeito, assim
considerando os aspectos afetivos.

Contextualizando, em linhas gerais, os três pensadores contribuíram


muito para o que é pesquisado no campo da educação,
especificamente para a Neuroeducação, essas correntes teóricos
contribuíram para entendermos as possibilidades dentro do processo
de aprendizagem e como esses processos são influenciados por
diferentes fatores, sejam eles internos (questões neurológicas,
biológicas ou fisiológicas) ou externos (contexto social, familiar ou
ambiente).

Na aprendizagem deve-se buscar desenvolver habilidades,


competências, comportamentos e valores dos estudantes e esses
processos são diferenciados de acordo com cada faixa etária, pois,
de acordo com a idade dos alunos, o respectivo cérebro estará em
uma etapa de desenvolvimento e crescimento, por exemplo:

• Sensório-motor (0 a 2 anos): começo da percepção e consciência


de sensações e estímulos por parte da criança;

• Pré-operatório (2 a 7 anos): representação da realidade,


aprimoramento da fala e aumento do desenvolvimento cognitivo;
• Operatório-concreto (7 a 12 anos): capacidade de manipular
mentalmente as representações e as experiências e
desenvolvimento moral;

• Operatório-formal (12 anos em diante): assimilação de hipóteses e


empatia.

Por isso, é importante que os professores adequem as suas


metodologias de acordo com as faixas etárias e busquem
metodologias ativas para utilizar com os seus estudantes.

Atividade Extra

RIBEIRO, C. Metacognição: Um Apoio ao Processo de


Aprendizagem. Psicologia: Reflexão e Crítica.16(1), pp. 109-
116.2003.
RODRIGUES, S. D.; CIASCA, S. M. Dislexia na escola:
identificação e possibilidades de intervenção. Revista
Psicopedagogia. v. 33, n. 100, p. 86-97.2016.

Documentário: “Quando sinto que já sei”. Disponível


em:  https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg  

Referência Bibliográfica

BRANDÃO, A. S.; CALLIATO. CONTRIBUIÇÕES DA


NEUROEDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA. Vol. 9, N°
3, p. 521 - 547.Santarém/PA:Revista Exitus, JUL/SET 2019.

CANCIAN, Q. G.; MALACARNE, V. DIFERENÇAS ENTRE


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E TRANSTORNOS DE
APRENDIZAGEM. In: II Congresso Internacional de Educação, VII
Congresso de Educação da FAG, 2019.

VIEIRA, E. P. P. Neurociências, Cognição e Educação: Limites e


Possibilidades na Formação de Professores. REVISTA PRÁXIS.
v. 4, n. 8., p. 31 - 38.2012.
ZARO, M. A. et al. Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez
da neurociência para agregar valor à pesquisa educacional.
Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. 199 - 210.2010.

Impactos na construção
do conhecimento
Amemória e atenção como cognição

A atenção e a memória são componentes fundamentais para a


socialização, interação com o meio e aquisição de conhecimentos,
porém, elas desempenham papéis diferentes no processo de
aprendizagem dos estudantes. De acordo com Silva, Ferreira e
Ciasca (2014), “atenção é uma função cognitiva que permite realizar
a seleção de estímulos do ambiente, priorizando o processamento
em categorias de informação. Pode ser definida como a capacidade
de responder a estímulos, realizando um controle seletivo de
informações por meio dos órgãos sensoriais.” (SILVA; FERREIRA;
CIASCA, 2014, p.255).

Em linhas gerais, a atenção é classificada de três maneiras


diferentes:

• Atenção seletiva: capacidade mental de selecionar uma parcela


da informação em detrimento da grande quantidade de estímulos. Ou
seja, é a capacidade de selecionar qual estímulo (informação) é
importante e focalizar nele, ignorando os demais.
• Atenção dividida: capacidade mental do indivíduo em realizar
mais de uma tarefa simultaneamente, assim, respondendo a dois ou
mais estímulos (informações) e executando-as.

• Atenção sustentada: capacidade mental de manter o foco nos


estímulos recebidos ou na execução de uma determinada atividade.

Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-VNhmidmlrPM/UqRcQUDJQwI/AAAAAAAALyw/
r2kb_PpUGYI/s640/Habilidades+de+atenção.jpg

Enquanto, para a memória humana busca registrar, armazenar e


resgatar informações. Esta função cognitiva também é classificada
em três subdivisões, sendo elas:

• Memória sensorial: é estimulada através dos cinco sentidos e é a


forma mais breve da memória. As informações são retidas tempo
suficiente para que o cérebro faça o processamento e decida se irá
armazená-la ou descartá-la.
• Memória operacional (de curto prazo): sistema de
armazenamento temporário que inclui informações que recordamos,
quando necessário, em uma base imediata.

• Memória a longo prazo: capacidade mental de recordar de


acontecimentos, informações ou experiências passadas. Este tipo de
memória está associada aos conhecimentos adquiridos na
aprendizagem.

Segundo os estudos de Hermann Ebbinghaus, muitos dos


conhecimentos que são adquiridos ficam na memória a curto prazo,
por isso, muitas vezes as informações são esquecidas algumas
horas depois. Isso ocorre porque o cérebro descarta as informações
que não são utilizadas com frequência, ou seja, de acordo com a
quantidade de vezes que um conteúdo foi estudado ou revisado,
esses conhecimentos se tornaram mais relevantes e serão
armazenados na memória a longo prazo.

Desta forma, ao ser apresentado a novos conteúdos curriculares e a


diferentes estímulos, os estudantes devem utilizar a atenção para
conseguir captar e entender as informações e, simultaneamente, as
diferentes memórias registram, processam e armazenam as
informações recém-adquiridas. Quanto ao papel do professor, para
que essa aprendizagem seja significativa, os conhecimentos devem
ser retidos por meio de exercícios e realizações de outras atividades,
como por exemplo:
• Propor que os alunos façam revisão dos conteúdos;

• Propor a utilização de flash-cards e mapas mentais;

• Incentive a autonomia dos estudantes para que eles aprendam


sobre o mesmo conteúdo, mas de diferentes formas;

• Utilização de jogos, músicas, imagens, filmes, séries e podcasts.

Ao propor atividades que não envolvam apenas a avaliação


estudantil e sim, que estimulem os alunos a diferentes níveis, faz com
que esses alunos sintam-se instigados e sejam criativos na
realização das tarefas. Para Silva e Amoroso (2016), incentivar a
criatividade dos estudantes é importante, pois:

“Por se tratar de um processo ativo do indivíduo ao resolver


problemas e inerente a seu desenvolvimento, que é um processo que
ocorre durante toda a vida, e que permite ao sujeito criar formas ou
“caminhos” para a resolução de problemas de forma criativa e única,
de modo que as regras e métodos utilizados visam à descoberta, à
invenção ou à construção de novas formas para alcançar respostas a
antigos problemas, ou seja, de modo próprio, espontâneo.” (SILVA;
AMOROSO, 2016, p. 2).

 
Segundo os autores (ibid.), o início do processo criativo e o
aprimoramento dele ocorre principalmente no contexto escolar, pois o
aluno torna-se foco deste processo e essa criatividade se estende ao
meio social no qual ele está inserido. Desta forma, a criatividade e a
curiosidade devem se fazer presentes nas diversas práticas escolas,
para que os alunos sintam-se motivados a buscar e construir novas
respostas aos estímulos no qual ele será exposto.

Atividade Extra

HELENE, A. F.; XAVIER, G. F. A construção da atenção a partir


da memória. Rev. Bras. Psiquiatria 2003;25 (Supl II):12-20.

Referência Bibliográfica
 

SILVA, D. M.; AMOROSO, S. R. B. A importância da criatividade


no processo de ensino aprendizagem. In: Simpósio de TCC e
Seminário de IC , 2016 / 1º.

SILVA, G. B. A.; FERREIRA, T. L.; CIASCA, S. M. Evolução do


desempenho da atenção e da memória operacional em crianças
de escola pública e particular. Rev. Psicopedagogia.31(96): 254-
62. 2014. 

SOUSA, A. B.; SALGADO, T. D. M. Memória, aprendizagem,


emoções e inteligência. v. 16, n. 26, p. 101-220. Novo Hamburgo:
Revista Liberato, jul./dez.2015.

Aprendizagem
significativa
Oprocesso de ensino e aprendizagem, assim como o de
desenvolvimento do indivíduo em sua integralidade, dependem de
emoções e sentimentos direcionados para a consciência cognitiva. A
possibilidade de se trabalhar com o afeto como mediador desses
processos para o desenvolvimento interno e relações externas só é
possível se o professor entender o aluno como um ser completo,
cheio de vivências e conceitos âncora que podem ser usados para
uma aprendizagem significativa, trazendo ao aluno a possibilidade de
se sentir afetado por seus próprios processos de desenvolvimento.
Há muitas teorias sobre como se dá o processo de aprendizagem no
indivíduo. Muitas delas consideram um aspecto ou outro como mais
importante para que aconteça a aprendizagem, como o fator genético
do indivíduo, o ambiente social e econômico em que ele vive ou
ainda, as relações entre esses dois fatores.

Para que se possa, ao observar o indivíduo, concluir sobre como se


dão seus processos internos de cognição, deve-se considerar, de
antemão, como as novas informações chegam, são recebidas e
entendidas para o sujeito e, a partir daí, entendermos como ele as
interpreta (cognição). De maneira geral, os sentidos são os
responsáveis pelo recebimento das informações.  Dessa forma,
visão, audição, tato, paladar e o olfato ajudam os sujeitos a
perceberem o que se recebe de estímulo do exterior à sua existência.
Mas e como as percepções, que chegam através dos sentidos, se
conectam com nosso intelecto?

Miguel (2015) resume, em seu artigo, as principais teorias acerca das


emoções, e afirma que a emoção pode ser definida “[...] como uma
condição complexa e momentânea que surge em experiências de
caráter afetivo, provocando alterações em várias áreas do
funcionamento psicológico e fisiológico, preparando o indivíduo para
a ação” (MIGUEL, 2015, p. 153). As teorias estão sistematizadas no
Quadro 1.
Quadro 1 – Principais teorias sobre emoções
As emoções, conforme Figura 1, ativam a interpretação dos eventos
(cognição), que, por sua vez, gera três componentes psicológicos: a
impressão subjetiva, o comportamento expresso e as alterações
fisiológicas. As impressões subjetivas são os sentimentos, afetos
subjetivos, expressados ora de maneira interna, ora de maneira
externa. Quando expressados, os sentimentos se materializam em
mudanças na expressão corporal do indivíduo assim como em
alterações fisiológicas (como sudorese, rubor) (MIGUEL, 2015).

A Afetividade segundo Wallon

Dentre as ideias sobre desenvolvimento e aprendizagem, há linhas


teóricas que consideram o aprendizado e desenvolvimento somente
pelas possibilidades do corpo orgânico do indivíduo, há as que
consideram que o meio social e físico é que influenciam na
aprendizagem e, como de se esperar, há pensadores que
consideram que os dois fatores, ambiental e orgânico, influenciam no
desenvolvimento e aprendizagem da criança. Piaget e Vygotsky são
dois dos pensadores que consideram a complexidade de todos os
fatores para que ocorra o processo de desenvolvimento e
aprendizagem, e Henri Wallon (1994 apud ALMEIDA, 1999) também
segue essa corrente de pensamento psicogenética, mas enfatiza que
são as relações afetivas que vão tornar possível a integração entre a
influência orgânica e meio social, tornando possível o processo de
desenvolvimento e aprendizagem da criança. O pensador também
divide o desenvolvimento infanto-juvenil em estágios, mas deixa claro
que não há um limite entre um estágio e outro, e que o regresso às
atividades do estágio anterior faz parte do processo, que não deve
ser linear (Ibidem).

Para Wallon (1995) o desenvolvimento, além de depender do


indivíduo e da sociedade, segue em três dimensões psíquicas:
motora, afetiva e cognitiva. Na dimensão afetiva estão as emoções,
sentimentos e a paixão. Para o pensador, “[...] a afetividade referia-se
à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo
mundo externo/interno por sensações ligadas a tonalidades
agradáveis ou desagradáveis” (WALLON, 1995 apud MAHONEY;
ALMEIDA, 2005). A emoção é a exteriorização da afetividade, se
relaciona com a dimensão motora e determinante na evolução
mental. O sentimento é a expressão representacional da afetividade.
O adulto tem maior repertório para lidar com a representação da
afetividade (Ibidem).

A Aprendizagem Significativa

A teoria da Aprendizagem Significativa, proposta por David Ausubel,


aponta que, na construção do saber, a aprendizagem de significados
é a mais relevante no processo de ensino-aprendizagem. Ele
diferenciou a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa.
A primeira diz respeito à aprendizagem de memorização, sem
conexões com nenhum outro conhecimento no repertório do aluno,
onde se considera a absorção literal do conhecimento, sem esforço
ou proatividade por parte de quem está no papel de aprendiz. A
aprendizagem significativa, por outro lado, supõe um conhecimento
de conceito prévio, basal e que serve de âncora (ou conceitos
subsunçores) para novas relações e construção de conhecimento
mais complexo.

Os requisitos para que a aprendizagem significativa ocorra são: um


novo conhecimento estruturado de maneira clara e lógica; a
existência dos conhecimentos basais que possibilitem a conexão
com o novo conhecimento; a atitude proativa do sujeito aprendiz para
que seja possível e desejoso a nova conexão de conhecimento.
Ausubel não descarta a aprendizagem mecânica, mas a coloca
como opção no caso da ausência de conceitos âncora. Para Ausubel
“[...] a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual
uma nova informação relaciona-se, de maneira substantiva (não
literal) e não arbitrários com subsunções específicas existentes na
estrutura cognitiva do indivíduo [...]” (AUSUBEL, 1978, p. 96 apud
PISIN; PISIN, 2020, p. 213).

Ao conseguir relacionar os novos conceitos aos conceitos que já traz


em sua bagagem, os alunos aprendem de maneira prazerosa,
trazendo seus recursos e conceitos âncora, formando conhecimentos
compartilhados com seus colegas, mas com as peculiaridades de
seu próprio processo de construção, se deixando afetar por seu
próprio trajeto, sem desconsiderar sua história pessoal, social e
educacional.
Figura 1 – Modelo integrativo do processamento emocional

Damásio (2000) observa que há uma variedade de sentimentos.


Como visto, há os que são originados das emoções e desencadeiam
os sentimentos mais universais como a felicidade, tristeza, raiva,
medo, nojo e surpresa. Uma outra vertente de sentimentos advém
dos universais acima mencionados e é “[...] sintonizada pela
experiência quando gradações mais sutis do estado cognitivo são
conectadas a variações mais sutis de um estado emocional do corpo”
(DAMÁSIO, 2000, p. 164). As variações são, por exemplo, a euforia
como variação da felicidade; a melancolia como variação da tristeza
ou ainda a timidez com variante do medo. O autor ainda cita outro
tipo de sentimento, os sentimentos de fundo, relacionados ao
sentimento “[...] da própria vida, a sensação de existir”, destacando
ainda que ele “[...] não tem origem nas emoções” (Ibidem, p. 157).
Dessa forma, podemos considerar que a emoção desencadeia
processos cognitivos que levam a diferentes sentimentos.

 
 

Atividade Extra

https://www.youtube.com/watch?v=qOISEKHUJzs - Educação
afetiva não é abraçar e beijar a sua criança.

https://www.youtube.com/watch?v=7bywstc8YF8 - Mario Sergio


Cortella responde: Qual a relação entre afetividade, vínculo e
aprendizagem?

Referência Bibliográfica

MIGUEL, F. K. Psicologia das emoções: uma proposta


integrativa para compreender a expressão emocional. v. 20, n. 1,
p. 153-162.Bragança Paulista:Psico-USF, jan./abr. 2015. Disponível
em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
82712015000100015> Acesso em 25/04/2021.
DÁMASIO, A. R. O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro
humano. 20ª ed. Portugal: Fórum da Ciência, 2000.

ALMEIDA, A. R. S. A Emoção em Sala de Aula. Campinas:


Papirus, 1999.

MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. R. Afetividade e processo ensino-


aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. São Paulo:  Psic. da
Educação ,20, 1º sem. de 2005, pp. 11-30.

PSIN, W.; PSIN, C. Aprendizagem significativa e afetividade:


desafios do mundo contemporâneo. Revista Percurso.NEMO. v.
12, n.2, p. 205 - 217.Maringá: 2020.

Neuroarquitetura e suas
aplicações
Os estudos da área de Neurociências contribuíram para o
entendimento das estruturas, funções e comportamentos do cérebro
humano e como esse órgão sofre diferentes estímulos que
contribuem para o processo da aprendizagem humana. Não
somente para a aprendizagem de conteúdos, e sim, para
aprendizagem de gerenciamento de emoções, práticas de interações
sociais, alimentação, descanso, motivações, entre outros.

Neste sentido, o campo da Neuroarquitetura estuda como o ambiente


físico impacta os estímulos, bem-estar e aprendizagem dos seres
humanos. Para Abrahão (2019), “o conceito “Neuroarquitetura”
consiste basicamente na relação entre a arquitetura de um ambiente
e o impacto que o cérebro recebe conforme a organização do espaço
construído.” (ABRAHÃO, 2019, p. 1). Quando aplicada, a
Neuroarquitetura promove o aumento da criatividade, produtividade,
interação e auxilia a reduzir a ansiedade e impacta na qualidade do
sono, uma vez que o sistema nervoso irá adaptar-se e gerar
respostas de acordo com os estímulos ambientais, assim
aumentando a neuroplasticidade. Associada a Neuroarquitetura, a
Psicologia Ambiental propicia o entendimento de como a relação do
ambiente e o ser humano acontece, estabelecendo relações entre as
duas áreas:

“A Psicologia Ambiental enfatiza a relação bidirecional entre pessoa e


ambiente, priorizando aspectos físicos amplos do ambiente (barulho,
conforto térmico, arranjo espacial, dentre outros), os quais atuam
sobre o comportamento humano em interdependência com os
demais componentes, físicos e humanos, de um determinado
contexto ambiental (Campos-de-Carvalho, 1993; Proshansky e cols.,
1970; Rivlin, 2003; Stokols, 1978).” (CAMPOS-DE-CARVALHO;
SOUZA, 2008, p. 26).

Para as autoras (ibid.), os espaços organizacionais possuem


conceitos multidisciplinares que envolvem diferentes sensações,
como por exemplo, segurança, conforto, identidade, motivação, entre
outros. Ou seja, aspectos físicos-ambientais também influenciam no
processo de aprendizagem, tanto quanto os aspectos sociais, e no
desenvolvimento humano. Uma vez que a aprendizagem está
associada a diferentes interações e estímulos, sejam eles físicos-
ambientais, sociais, econômicos, políticos, culturais, e quando isso
ocorre em um ambiente desfavorável, impacta diretamente a forma
de aprendizagem por parte dos estudantes.

Desta forma, o tamanho do espaço físico, disposição de objetos


decorativos, escolha de cores, organização de mesas, cadeiras,
armários e outros móveis e iluminação tornam-se importantes e
devem ser considerados ao pensar em um ambiente escolar, pois
são capazes de gerar e determinar comportamentos específicos nos
alunos.

Forneiro (1998) apud Campos-de-Carvalho e Souza (2008) propõe


que, ao pensar em espaços escolares, devem ser consideradas
quatro dimensões diferentes, sendo elas:
• Dimensão física: relacionada aos espaços físicos que são
dispostos para as crianças, tais como, sala, pátio, área externa,
refeitório, banheiro, etc., os elementos estruturais que compõem
esses espaços, os objetos disponíveis e as formas de distribuição
dos materiais;

• Dimensão funcional: refere-se ao uso autônomo dos espaços e


materiais, às funções diversas da mesma área e ao tipo de atividade
que é desenvolvida naquela área (música, leitura, etc.);

• Dimensão temporal: associa-se ao tempo de duração das


atividades que são realizadas pelos alunos;

• Dimensão das relações: refere-se às inter-relações que podem


acontecer nesses espaços, do tamanho do grupo que o utiliza e do
tipo de participação do professor.

Por meio dessas dimensões, os estudantes estabelecem diferentes


diálogos com o entorno, criando novas formas de interpretar o mundo
e os conhecimentos adquiridos, promovendo um bem-estar durante o
processo de aprendizagem, gerando contribuições positivas no
âmbito de manter o foco e na memorização dos conteúdos
curriculares.

Ao pensar na disposição de sua sala de aula, o professor deve


considerar os fatores humanos que contribuem para que os alunos
interajam entre si e com os estímulos, como por exemplo, re-
organizar as carteiras e cadeiras em forma de círculo ou em formato
de “U” (meia-lua). Neste tipo de organização física dos espaços, os
alunos tendem a ter uma maior interação entre si, pois possibilita um
maior contato visual com os colegas de classe, com os objetos
presentes no espaço e favorece o debate coletivo. Todos esses
aspectos devem ser considerados e estar de acordo com os
objetivos pedagógicos do professor.

Atividade Extra

“O espaço na escola” palestra da Profa. A Dra. Doris Kowaltowski,


que também atua como arquiteta, explica como os espaços
escolares influenciam na aprendizagem. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=plMXx327bTg

 
Referência Bibliográfica

CAMPOS-DE-CARVALHO, M.; SOUZA, T. N. Psicologia


Ambiental, Psicologia do Desenvolvimento e Educação Infantil:
Integração possível?. Paidéia: 2008, 18(39), 25-40.

ABRAHÃO, S. Neuroarquitetura - Como o cérebro é impactado, o


desenvolvimento cognitivo e as interações dos profissionais
através do ambiente de trabalho.

Protagonismo e uso das


tecnologias
Omundo da educação, atualmente, tem-se preocupado não somente
com a grade curricular e os conteúdos que as crianças devem
estudar ao longo da sua trajetória escolar, a crescente preocupação
agora desloca-se para os procedimentos de ensino, que são tão
importantes quanto as discussões curriculares. As técnicas de ensino
tradicional tornaram-se alvos de estudos com o intuito de identificar
suas deficiências de desfalques. A metodologia ativa na
aprendizagem surgiu como uma alternativa aos meios de educação
tradicionais presentes na escola
As metodologias ativas de ensino-aprendizagem são uma concepção
educativa que estimo um processo educativo baseado na ação-
reflexão, que o estudante tem a oportunidade de desenvolver uma
postura ativa em seu processo de aprendizado, em situações que
simulam experiências próximas à realidade da sociedade, permitindo,
desta forma que o aluno adquira a capacidade de resolver problemas
e superar circunstâncias. Caracterizando a criança como:

“A criança não é um ser incapaz, frágil e dependente absoluto da


atenção do adulto para dirigir sua atividade. Ao contrário, a criança
que surge da observação e da teoria que a vê como um ser histórico-
cultural é, desde muito pequena, capaz de explorar os espaços e os
objetos que encontra ao seu redor, de estabelecer relações com as
pessoas, de elaborar explicações sobre os fatos e fenômenos que
vivencia.” (WAJSKOP, 1995, p. 66).

Dentro dessa nova metodologia a aprendizagem e o ensino ganham


uma nova dimensão. O processo que antes era visto como estático e
finito, agora é caracterizado por seu constante movimento e
construção por aqueles que os fazem, ou seja, os próprios alunos.     

O ensino exige rigor metodológico; pesquisa; respeito aos saberes


dos educandos; criticidade; estética e ética; corporeidade das
palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer
forma de discriminação; reflexão crítica sobre a prática;
reconhecimento e elevação da identidade cultural. Essas
características atribuídas ao ensino se somam e são norteadoras de
uma proposta educacional que recusa a educação e o ensino por
uma visão simplória e, aqui, vista como errônea do ensino como
mera transmissão de conhecimentos (FREIRE, 2008).

O processo de ensino estabelece uma relação diferenciada entre o


educando e o educador. O aluno tem a oportunidade de ser o
protagonista de sua própria construção do conhecimento. A função
do professor/educador não se limita a apenas ministração de aulas e
a habilidade de transposição didática, mas abrange a efetivação de
levar ao aprender.  A ligação entre ensino e aprendizagem pode não
ser exatamente direta, ou seja, aquilo que é ensino não
necessariamente é aprendido. O ensino não causa aprendizagem
nem desenvolve novas capacidades que podem levar à
aprendizagem, isto é, para que o indivíduo realmente aprenda é
necessário que este esteja ativo para construir seu próprio saber e
não apenas reproduzir de forma mecânica novas informações.

O principal caráter dessas metodologias são sem dúvidas capacitar


os alunos para a sociedade contemporânea. A partir disso, torna-se
indispensável o uso de tecnologias digitais dentro da sala de aula.
Com o progresso da tecnologia, a educação necessária para usá-la
com eficácia também cresce, e a educação deve se adaptar para
manter o mesmo ritmo. Desta forma, a tecnologia e a educação
participam de uma corrida. Quando a educação fica atrás do
progresso tecnológico, as pessoas não são qualificadas para os
empregos e o trabalho realizado não é tão produtivo nem de boa
qualidade como poderia ser (FADEL; BIALIK; TRILLING, 2015).
Ademais, no tocante do ambiente de alfabetização de crianças a
gamificação apresenta-se como um material didático atrativo para os
alunos, ajudando, assim, no processo de letramento dessa faixa
etária.

Ao contrário do que muitos pensam, as avaliações dentro dessa


metodologia faz parte do processo de ensino-aprendizagem, pois é a
partir delas que tanto o educador/professor terão subsídios para
verificar os níveis de progressos e dificuldades dos alunos, a fim de,
se necessário, rever e planejar uma nova forma de ensino-
aprendizagem. Entretanto, o aprendiz como o protagonista da sua
aprendizagem também tem a oportunidade de auto avaliar e
identificar suas dificuldades e facilidades no processo de construção
do saber. No mais, dentro da metodologia tradicional de ensino o
aluno tende a enxergar as provas e avaliações com um caráter
punitivista; logo o docente que avaliará seus alunos deve enfatizar
que as avaliações são apenas mais uma parte da marcha rumo ao
aprendizado.

Atividade Extra

 
Podcasts sobre Metodologias Ativas:

“Metodologias ativas” por Gabriele F. Sabke. Disponível no


link: https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3I
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“Metodologias ativas” por Harlanne Godoi. Disponível no link:

https://podcasts.google.com/feed/
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