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10/12/2023, 15:57 Roteiro de Estudos

Neuropsicopatologias e Neurociências Aplicadas à Educação

Roteiro de
Estudos
Autora: Ma. Lais Bastos Marchesoni
Revisora: Ma. Wéllia Pimentel Santos

A presente disciplina apresenta importantes conceitos e discussões em torno das


neuropsicopatologias e neurociências aplicadas à educação. Assim, apresentaremos o que são
as neuropsicopatologias, suas causas e possíveis tratamentos, discutiremos a relação entre
neurociências e educação, assim como entenderemos como funciona a ação do neurônio no
que se diz respeito à organização da aprendizagem cognitiva e comportamental. Também
estudaremos sobre as bases neurais da memória, da atenção e da aprendizagem, buscando
conceituar o funcionamento dos neurotransmissores, dos neuromoduladores e dos hormônios
que interferem na aprendizagem.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro, você irá:
conhecer o que são neuropsicopatologias;
refletir sobre a relação entre neurociências e a educação e suas implicações na
aprendizagem;
compreender como é a ação do neurônio na organização da aprendizagem cognitiva e
comportamental;
estudar o funcionamento das bases neurais da memória, da atenção e da aprendizagem;
aprender sobre a funcionalidade dos neurotransmissores, neuromoduladores e
hormônios que interferem na aprendizagem.

Introdução
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As neurociências contribuíram, significativamente, para compreender o cérebro, o processo de


aprendizagem e a educação. As descobertas científicas, para essas ciências, permitem
identificar possíveis distúrbios ou doenças neurais, mas, principalmente, compreender como
funciona o cérebro diante dos mais variados estímulos e finalidades.
Em relação à educação, as neurociências têm um importante papel, pois, por meio de estudos,
explicam como aprendemos, como nos desenvolvemos desde o nascimento, o que é esperado
para determinado nível maturacional, quais neurônios são responsáveis pela aprendizagem e
outras atividades. Esse conteúdo será abordado a seguir.

Neuropsicopatologias
Os distúrbios de áreas específicas do Sistema Nervoso Central (SNC), relacionados com a noção
do esquema corporal, do espaço e do tempo, constituem as bases da neuropsicopatologia.
Esta, por sua vez, tratará de problemas e transtornos relacionados à área psicomotora. A
neurociência vem se expandindo e desenvolvendo estudos para outras áreas além da
neurologia. Para a educação, vem contribuindo amplamente no que se refere a questões
relacionadas ao sistema nervoso, como os transtornos e distúrbios tratados pela
neuropatologia.
A neuropsicopatologia estuda as doenças neuropsicológicas, demonstrando que disfunções
nos núcleos de base podem ocasionar uma série de distúrbios e transtornos relacionados ao
movimento. Distúrbios e transtornos podem ser identificados quando um indivíduo apresenta
limitações em seu desenvolvimento intelectual ou motor, ou em ambos. Um distúrbio possui
diferentes níveis e causas, que dependem do nível cognitivo que o indivíduo apresenta em
determinadas situações, sejam elas cotidianas ou escolares. Possui como característica
principal o atraso do nível de funcionamento intelectual, como, por exemplo, quando o
indivíduo se encontra em um nível intelectual abaixo do esperado para a sua idade ou realiza
atividades com determinada dificuldade, quando deveria fazê-las facilmente.
O sistema motor possibilita que o indivíduo execute movimentos necessários para determinada
tarefa; quando acontece alguma alteração nessa área, poderá acarretar problemas que serão
tratados pela neuropsicopatologia.
De acordo com Zanin e Cruz (2019), distúrbios motores se referem à existência de alterações
motoras e/ou nos movimentos em diversas condições neuropsicológicas, como problemas
cerebelares e perda de força muscular; já os transtornos de movimento se tratam de “[...]
doenças que têm alterações extrapiramidais como tremores, Parkinsonismo, coreia entre
outros” (ZANIN; CRUZ, 2019, p. 21).

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Esses distúrbios e transtornos podem interferir diretamente na aprendizagem dos indivíduos,


assim como na vida escolar, pois necessitamos da psicomotricidade em diversas atividades
diárias, inclusive as escolares, considerando que ambos os processos (aprendizagem e
psicomotricidade) são de caráter cognitivo, ou seja, necessitam de um desenvolvimento global
para que aconteçam normalmente.
Além disso, os distúrbios e transtornos podem ser observados pela família desde o nascimento,
quando a criança não se desenvolve de acordo com o nível esperado para a sua idade. Também
podem ser detectados na fase escolar ou adulta pelas pessoas de sua convivência. Apesar de
muitos sintomas serem observáveis desde muito cedo, já na infân­cia, são mais óbvios em
situações que exigem a atividade mental prolongada. Por esse motivo, muitos casos de
transtornos e distúrbios não são percebidos até o início da escola.
Os autores Zanin e Cruz (2019) apresentam três patologias neuropsicomotoras:
ELA: a Esclerose Lateral Amiotrófica se caracteriza como uma doença neurológica
degenerativa e progressiva, a qual compromete os neurônios motores e,
consequentemente, torna o indivíduo incapaz de realizar determinadas atividades. As
pessoas com ELA podem apresentar distúrbios psicológicos, o que exige um tratamento
multidisciplinar.

Parkinson: é caracterizada pela síndrome extrapiramidal e manifestada basicamente por


tremor de repouso, rigidez, hipocinesia, marcha característica, alterações da mímica facial,
alterações de humor, de voz e dificuldade em atividades que utilizam a coordenação
motora, por exemplo, a escrita.

TDAH: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é caracterizado por problemas


de atenção, de controle de im­pulsos e hiperatividade. O indivíduo com esse transtorno
apresenta dificuldade para se concentrar e manter a atenção por tempo suficiente para
terminar determinadas atividades. Além disso, apresenta impaciência, impulsividade,
baixo desempenho escolar, além do risco de com­plicações da saúde mental, como
ansiedade, depressão e comportamento antissocial. Os sintomas são observados apenas
na esco­la, principalmente no período de alfabetização, momento em que o transtorno fica
mais evidente, podendo, assim, ser identificado e diagnosticado.
Para haver certeza de um diagnóstico dos distúrbios citados acima, é necessária uma avaliação
neuropsicológica completa que leve em conta os aspectos clínicos, motores, psicológicos etc.,
considerando que o objetivo central é a melhora das condições de saúde do paciente e,
consequentemente, na sua qualidade de vida.
Quando diagnosticados, os distúrbios motores, incluindo os transtornos do movimento, “[...]
podem ser preditores diagnósticos e prognósticos destas condições, que devem ser

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consideradas na conduta terapêutica (seja clínica ou neurocirúrgica) e podem ainda estar


associados a distúrbios comportamentais, cognitivos e funcionais” (ZANIN; CRUZ, 2019, p. 29).
Um tratamento especializado e multidisciplinar pode ser realizado a fim de contribuir para a
melhoria no quadro do indivíduo, de acordo com suas necessidades, por meio de
medicamentos, terapias e outros meios que forem necessários para cada caso. Tanto a família
quanto os educadores podem identificar algum distúrbio ou transtorno na criança e, a partir
disso, buscar meios para contribuir com o desenvolvimento dela, considerando que todo
transtorno pode ser tratado para que venha a ser amenizado.
Nesse contexto, os autores Macedo e Bressan (2017) apontam para a importância do educador
reconhecer entre os seus alunos os que apresentam dificuldades de aprendizagem, ou
identificar algum possível distúrbio ou transtorno, e, assim, poder encaminhá-los
adequadamente. Dessa forma, são os educadores, por meio de sua prática, que podem
contribuir para o desenvolvimento cognitivo do aluno. Daí a importância de conhecermos o
funcionamento do cérebro, assim como se dá o desenvolvimento do processo de
aprendizagem.
Em situações de dificuldade de aprendizagem, o educador precisa compreender quais são as
causas e o que poderá ser realizado para auxiliar o aluno. Nesse sentido, saber se há
transtorno ou distúrbio é de suma importância para a efetividade da aprendizagem. Para que o
educador possa cumprir seu papel, ele pode precisar de alguns procedimentos extraescolares,
como o auxílio de outros especialistas (fonoaudiólogos, terapeutas, neurologistas etc.) e da
contribuição dos pais ou responsáveis do aluno.

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LEITURA

Neuropsicologia dos distúrbios motores


Autores : Raquel Schlindwen Zanini e Roberto Moraes Cruz
Editora : Pearson Clinical
Ano : 2019
Comentário : O livro ajuda os leitores a compreenderem as
alterações motoras e/ou de movimentos em diversas condições
neuropsicológicas, assim como suas causas, diagnósticos, além
de tratamentos e outras questões importantes sobre as doenças
neuropsicológicas. Indica-se a leitura do primeiro capítulo,
intitulado Neuropsicologia e os distúrbios com repercussões
motoras, o qual apresenta o fundamento da neuropsicologia,
assim como alguns distúrbios e transtornos neuropsicológicos.

Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Ânima.

Neurociências e a Educação
O campo das neurociências é muito vasto, pois abrange diversas áreas do conhecimento no
estudo do cérebro humano, como a neurologia, a educação e outras ciências. A neurociência se
constitui como a ciência do cérebro, já a educação como a ciência do ensino e da
aprendizagem, considerando que ambas explicam o processo de aprendizagem dos indivíduos.
As descobertas em neurociências permitem pensar estratégias pedagógicas, tendo como base
os estudos e teorias sobre o cérebro humano e seu funcionamento, no entanto, é preciso
adaptar os estudos conforme as teorias e as necessidades da educação. Apesar apresentarem
origens distintas, a neurociência e a educação possibilitam a criação de estratégias
educacionais inovadoras, pois ampliam o conhecimento sobre diferentes processos neurais e
atividades cognitivas relacionadas à educação. Nesse contexto, a contribuição das
neurociências para a educação tem base na compreensão da funcionalidade e estrutura
cerebral.

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A neurociência na educação é entendida por Relvas (2010) como neuroeducação, que tem
como objetivo atuar no sistema mental, estruturando o caminho para o ensino e a
aprendizagem. A neuroeducação atua no campo da educação, desenvolvendo estudos e teorias
que buscam amenizar as possíveis dificuldades de aprendizagem que possam surgir no
contexto escolar, auxiliando os educadores e a família a lidar com essas dificuldades.
Essa parte específica da neurociência, que trata da educação, chamada neuroeducação, busca
compreender como os indivíduos aprendem e como podem ser ensinados da melhor maneira,
aumentando, assim, o seu potencial (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008) e abrangendo todo o
processo formativo e intelectual do indivíduo.
A neuroeducação foi desenvolvida para facilitar o ato de aprender, amenizar incapacidades e
expandir conhecimentos, e busca mecanismos para facilitar o processo de aprendizagem como
um todo, tornando-se uma importante ferramenta na construção do conhecimento e
desenvolvimento da aprendizagem.
Podemos concluir, portanto, que a neurociência desempenha um importante papel para o
campo educativo, no que diz respeito à compreensão do funcionamento neurológico e à
efetividade da aprendizagem. A educação e a neurociência estão intimamente ligadas e
constituem a neuroeducação, que, por sua vez, abrange aspectos que contribuem e agregam
potencialidades para desenvolver as capacidades dos indivíduos em relação ao
desenvolvimento cognitivo e intelectual, independentemente das especificidades de cada
pessoa.
Bortoli e Teruya (2017) em artigo denominado “Neurociência e educação: os percalços e
possibilidades de um caminho em construção” apontam os estudos da neurociência no campo
da educação no que se refere a práticas pedagógicas com a contribuição das neurociências. No
texto, os autores discutem a possibilidade de novas estratégias pedagógicas na perspectiva da
neurobiologia do aprendizado, contribuindo para a melhor compreensão da relação entre
educação e neurociências.

A Ação do Neurônio na
organização da Aprendizagem
Cognitiva e Comportamental
A neurociência enfatiza que o cérebro humano é responsável pela estruturação das
experiências de aprendizagem, que permite às pessoas criarem novas conexões neurais, e,

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consequentemente, possibilita a realização de novas atividades. A neurociência tem meios de


compreender os diversos princípios da aprendizagem, e seus estudos demonstram como a
aprendizagem modifica a estrutura cerebral e o seu funcionamento.
Macedo e Bressan (2017) discutem que a aprendizagem tem base na aquisição de informações,
experiências, costumes e formas de comportamento, ou seja, se baseia em aspectos internos e
externos, sociais, culturais, afetivos, familiares etc. Todos esses interferindo tanto na
aprendizagem cognitiva quanto comportamental dos indivíduos.
Toda aprendizagem tem base cognitiva e só é possível pelo funcionamento neural. Sobre o
aprendizado, Botti e Rego (2010, p. 3) afirma que “[...] só ocorre quando, após assimilarmos
algo, conseguimos agir de acordo com o que aprendemos. Aprender, nessa concepção, é um
processo ativo que se desenvolve a partir da seleção de reações apropriadas, que depois são
fixadas”.
Bransford, Brown e Cocking (2007) conceitua a aprendizagem como o processo que estabelece
conexões entre os estímulos e as reações por meio dos neurônios. Para o autor, a
aprendizagem ocorre em diversas situações cotidianas de acordo com nossa estrutura familiar,
cultural, social etc. Dessa forma, a neurociência conceitua como se desenvolve a aprendizagem,
assim como o que é necessário no campo cognitivo para que ela aconteça efetivamente.
Ao estudarmos sobre a estrutura e o funcionamento cerebral, assim como sobre a
aprendizagem, é importante abordar o funcionamento dos neurônios, considerando sua
importância para a aprendizagem, tanto cognitiva como comportamental. De acordo com Lent
(2010), o neurônio é caracterizado como a principal unidade do sistema nervoso. Os neurônios
são agrupados em conjuntos que executam diferentes funções, considerando que cada parte é
responsável por uma determinada atividade, como visão, fala, movimentos etc. Além disso, eles
transmitem e processam sinais, e se comunicam pelas sinapses, que, por sua vez, realizam o
processamento de informações no cérebro.
O neurônio que reflete o mundo exterior e interioriza as ações percebidas e imitadas pelos
sentidos e pela observação é chamado de neurônio-espelho. Os neurônios-espelho são
responsáveis pela capacidade de imitação e pela incorporação de hábitos e comportamentos,
desde o nascimento até a vida adulta.
Os neurônios-espelho se desenvolvem mais amplamente em situações ou atividades
significativas quando são estimulados pelas necessidades básicas e pela motivação. Atividades
diárias como comer, andar, falar, hábitos de higiene etc. são aprendidas por intermédio desses
neurônios, o que os torna essenciais na vida e na aprendizagem cognitiva dos indivíduos. Como
têm base na imitação de modelos e nas descobertas, eles também têm implicações diretas no
comportamento, moldando-o (LENT, 2010). Eles são ativados com maior êxito quando há
interesse no que se lê, se ouve ou se vê.

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Desse modo, qualquer aprendizagem significativa, seja ela cognitiva ou comportamental,


dinamiza uma rede de neurônios, a fim de executar diferentes funções, como a linguagem, o
desenvolvimento psicomotor etc. Portanto, podemos concluir que os neurônios têm ação direta
e fundamental na organização da aprendizagem cognitiva e comportamental dos indivíduos,
por meio de experiências, imitação e sinapses, aprendemos e desenvolvemos novas
habilidades.

LEITURA

Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem


Autora : Christiane Martinatti Maia
Editora : Intersaberes
Ano : 2017
Comentário : A obra se dedica a explicar o desenvolvimento da
aprendizagem com um olhar voltado aos processos psicológicos
dos indivíduos. Indica-se a leitura do primeiro capítulo, que traz
alguns conceitos importantes sobre o nosso objeto de estudo.

Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Ânima.

Bases Neurais da Memória, da


Atenção e da Aprendizagem
A neurociência engloba o estudo sobre o sistema nervoso e a funcionalidade do organismo,
como os processos de atenção, memória e aprendizagem. Toda vez que aprendemos, o
cérebro muda, e há diversos mecanismos neurofisiológicos envolvidos com a aprendizagem. O
principal deles é chamado de neuroplasticidade, a qual diz respeito à propriedade que o
cérebro tem de se modificar e se moldar de acordo com a interação com o meio ambiente,

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aprendendo conteúdos e habilidades novas. Todo e qualquer movimento, sensação, percepção,


aprendizagem, emoção ou pensamento é processado pelas menores unidades do sistema
nervoso, os neurônios. Nos indivíduos, são encontrados, aproximadamente, 86 bilhões de
neurônios, e é a conexão entre eles que caracteriza a aprendizagem e desempenha diferentes
funções (KRUZIELSKI, 2019). Dessa forma, tudo o que produzimos, realizamos ou aprendemos
tem participação efetiva dos neurônios.
Os neurônios sensoriais, chamados de aferentes, recebem as informações do ambiente e as
transmitem para o sistema nervoso. Já os motoneurônios, ou neurônios eferentes, produzem
os movimentos. Os interneurônios, ou neurônios associativos, estabelecem conexão entre os
diversos tipos de neurônios, de modo a comunicar os circuitos neurais próximos. Os neurônios
unipolares são os mais simples, sendo compostos por um único prolongamento que se estende
do corpo celular. Já os neurônios pseudounipolares partem do mesmo corpo celular, mas se
dividem em dois. Os neurônios bipolares são neurônios sensoriais que conduzem a informação
visual. Os neurônios multipolares cumprem diversas funções sensoriais e motoras, como a dor,
e funções motoras, como a locomoção (KRUZIELSKI, 2019).
O cérebro se modifica fisiológica e estruturalmente por meio das experiências, da atenção, da
memória e das emoções, as quais são ativadas pela aprendizagem. Atividades complexas, como
pensamento, memória, emoção e linguagem, fazem parte das funções neurais. De acordo com
Muller (2020, p. 1), o estudo das neurociências “[...] aborda os campos de pensamento,
aprendizado e memória”.
Memória é a retenção de informações aprendidas que ajuda na aprendizagem (MIOTTO; LUCIA;
SCAFF, 2007). A aprendizagem, a atenção e a memória são processos interligados; quando uma
memória é consolidada, uma nova aprendizagem acontece. Dessa forma, a memória tem base
na aquisição e consolidação de novas aprendizagens, ou seja, são processos interligados. Ela se
relaciona com a aquisição, consolidação, manutenção, evocação e extinção de novos
conhecimentos e aprendizagens, que envolvem um complexo circuito neuronal em diferentes
partes do cérebro.
Já a aprendizagem é o “[...] processo de aquisição de informação [...] (GAZZANIGA; MANGUN;
IVRY, 2006, p. 320), ou seja, é a capacidade de aprender algo novo e internalizar esse
conhecimento, a fim de que se torne integrante da nossa gama de conhecimentos.
Quanto mais aprendemos, ou seja, quando associamos, internalizamos e adquirimos um novo
conhecimento, consequentemente, mais sinapses são efetivadas, e, assim, mais a memória
será ampliada e fortalecida (COSENZA, 2011). Assim, podemos verificar que a aprendizagem,
para se tornar efetiva, requer o funcionamento de aspectos específicos os quais implicam
diretamente nesse processo.
No que diz respeito à educação e à prática pedagógica, a neurociência auxilia na compreensão
das bases neurais referentes à aprendizagem humana. Por meio do conhecimento básico
advindo da neurociência, o educador pode utilizá-lo na prática educativa para contribuir com o

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desenvolvimento de seu aluno. Assim, a aproximação entre as neurociências e a pedagogia é


uma contribuição valiosa para a educação, pois compreender como se dá o aprendizado, assim
como as mudanças neuronais que ocorrem no cérebro durante o aprendizado, é de suma
importância.

LEITURA

Desafios da aprendizagem: como as neurociências


podem ajudar pais e professores
Autores : Lino de Macedo e Rodrigo Affonseca Bressan
Editora : 7 mares
Ano : 2017
Comentário : Nesse livro, os autores procuram mostrar de que
modo os estudos em neurociências podem contribuir para o
desenvolvimento de crianças e adolescentes na escola. Os
autores também ressaltam a importância de incluir questões de
saúde na formação do professor, para possibilitar um trabalho
mais amplo na identificação de possíveis dificuldades dos
alunos. Indica-se a leitura do primeiro capítulo intitulado O
cérebro e a aprendizagem , que traz uma importante discussão
dos dois autores sobre o desenvolvimento da aprendizagem.

Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Ânima.

Neurotransmissores e
Neuromoduladores que
Interferem na Aprendizagem
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Os neuromoduladores influenciam diversos processos metabólicos dos indivíduos, os quais se


caracterizam como processos mais lentos, como a aprendizagem, as emoções e as atividades
motoras e sensoriais (KRUZIELSKI, 2019). Já os neurotransmissores são substâncias químicas
que funcionam como mensageiros e possibilitam que as sinapses aconteçam; eles também
permitem que as informações neuronais se espalhem por todo o sistema nervoso. Em cada
indivíduo, há aproximadamente sessenta neurotransmissores, considerando que suas
atividades modulam vários processos humanos, como emoções, pensamentos,
comportamentos e novas aprendizagens. Alguns neurotransmissores têm maior destaque,
como a acetilcolina, a epinefrina, norepinefrina, serotonina, dopamina, GABA, glutamato e as
endorfinas, sendo que cada um deles desempenha um papel próprio (KRUZIELSKI, 2019).
Em relação à aprendizagem, os neurotransmissores que interferem nesse processo são a
acetilcolina e o glutamato. De acordo com Kruzielski (2019, p. 67):

A acetilcolina é responsável pelo controle motor e por processos psicológicos


como a aprendizagem e a memória e o glutamato desempenha um importante
papel na aprendizagem, aumentando os potenciais de ação: atua na
aprendizagem e na memória.

É importante considerar que também há outros neurotransmissores que têm um importante


papel na manutenção e no estímulo da aprendizagem, por exemplo, a serotonina, que produz a
sensação de prazer e de interesse sobre a aprendizagem; a dopamina, que contribui com os
processos de atenção e concentração; e as endorfinas, que ajudam a manter o prazer e o bem-
estar proporcionados pela aprendizagem (KRUZIELSKI, 2019). Todos esses transmissores atuam
para efetivar a aprendizagem, considerando que a desordem de alguns deles pode interferir
negativamente no desenvolvimento dela.
Para Lopes e Maia (2000, p. 130), “o processo de aprendizagem é influenciado por vários fatores
que determinam que uma idade é a adequada para aprender uma habilidade e outra para
aprender outra habilidade”. Isso significa que a cada idade e a cada nível de desenvolvimento
em que o indivíduo se encontra, ele tem a capacidade de aprender determinado conhecimento
ou habilidade de acordo com a sua maturidade cognitiva, e, dessa forma, consegue resolver
problemas, elaborar conceitos etc.
Outro ponto importante a ser destacado no que se refere à aprendizagem é que não é
necessariamente o número de neurônios que de fato importa, mas as sinapses entre eles, ou
seja, as conexões que estabelecem. Desde o nascimento, temos neurônios suficientes para
aprender, mas são as conexões que fazemos com eles que garantem que a aprendizagem
ocorra de forma efetiva. Assim, do ponto de vista da neurociência, a aprendizagem é a
consequência da comunicação de informações entre as redes neurais.

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LEITURA

Fundamentos de neurofisiologia: uma introdução


para educadores
Autor : Leandro Kruzielski
Editora : Intersaberes
Ano : 2019
Comentário : A obra apresenta conteúdos da neurofisiologia e
ajuda o leitor a compreender melhor o sistema nervoso
humano. Traz explicações sobre o neurônio, as sinapses, a
formação das redes neurais, o papel dos neurotransmissores e
as bases neurais do sono, da memória e do pensamento. Por
fim, aborda o aspecto neurofisiológico do processo de
aprendizagem. Podemos perceber, então, que é uma obra muito
ampla. Sugere-se a leitura do primeiro capítulo, que trata sobre
os neurônios, e do terceiro capítulo, que trata dos
neurotransmissores.

Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Ânima.

Conclusão
Podemos concluir que a neurociência pode ser uma importante ferramenta para o professor,
ajudando-o a compreender o indivíduo em seus aspectos fundamentais: como alguém com
capacidades intelectuais, cognitivas e sociais. Ao analisar o processo de aprendizagem, deve-se
estar atento para a multiplicidade de teorias e estudos que tratam desse processo múltiplo,
como vertentes psicológicas, neurológicas e sociais constituintes do indivíduo. Isso porque, no
desenvolvimento da aprendizagem, é importante considerar os diferentes aspectos, como
biológicos, cognitivos, emocionais, culturais etc., os quais dão base para que o aprendizado seja
efetivo.

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A neurociência traz uma importante contribuição para a área da educação e do processo de


ensino e aprendizagem. No contexto educacional, a neurociência é um princípio norteador para
que o educador possa identificar possíveis dificuldades, transtornos e distúrbios em seus
alunos. De uma forma geral, a neurociência possibilita um aprofundamento do estudo dos
processos que envolvem a cognição.
Por fim, o estudo sobre neuropsicopatologias e neurociências com implicações na educação
nos possibilita uma aproximação com o seu próprio objetivo, que é a aprendizagem dos alunos.
Além disso, amplia o nosso entendimento sobre a prática de ensino-aprendizagem, a qual
abrange o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos.

Referências
BORTOLI, B.; TERUYA T. K. Neurociência e educação: os percalços e possibilidades de um
caminho em construção. Imagens da Educação , Maringá, v. 7, n. 1, p. 70-77, 2017.
BOTTI, S. H de O.; REGO, S. Processo ensino-aprendizagem na residência médica. Revista
brasileira educação médica. Revista Brasileira de Educação Médica , Rio de Janeiro, v. 34, n. 1,
p. 132-140, jan./mar. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_abstract&pid=S0100-55022010000100016&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 10 out.
2020.
BRANSFORD, J. D.; BROWN, A, L.; COCKING, R. R. Como as pessoas aprendem . Cérebro mente,
experiência e escola. São Paulo: Senac, 2007.
COSENZA, R.; GUERRA, L. B. Neurociência e educação : como o cérebro aprende. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
GAZZANIGA, M.; MANGUN, G. R.; IVRY, R. B. Neurociência cognitiva : a biologia da mente. 2.
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KRUSZIELSKI, L. Fundamentos da Neurofisiologia : uma introdução para educadores. Curitiba:
Intersaberes, 2019.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de neurociência. 2. ed. São
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LOPES, V. P.; MAIA, J. A. R. Períodos críticos ou sensíveis: revisitar um tema polêmico à luz da
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10/12/2023, 15:57 Roteiro de Estudos

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