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Neuropsicopedagogia Clínica, Institucional e

Hospitalar

Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a


educação
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Introdução
Na atuação neuropsicopedagógica, além das atribuições do
psicopedagogo de estudar características da aprendizagem
humana, processos de ensinagem e aprendizagem e a origem das
alterações no processo de aprendizagem, o neuropsicopedagogo
faz a identificação, o diagnóstico, e reabilita como também faz a
prevenção em relação às dificuldades e aos distúrbios de
aprendizagem.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

O neuropsicopedagogo é o profissional que vai integrar à sua


formação psicopedagógica o conhecimento adequado do
funcionamento do cérebro, para melhor entender a forma como
esse cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva,
processa e elabora todas as sensações captadas pelos diversos
elementos sensores para, a partir desse entendimento, poder
adaptar as metodologias e técnicas educacionais a todas as
pessoas e, principalmente, àqueles com características cognitivas
e emocionais diferenciadas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

O neuropsicopedagogo, de posse de seus saberes na área das


Neurociências, deve elaborar pareceres técnicos
(laudos) de encaminhamento para neurologistas, pediatras e
psiquiatras, auxiliando-os na identificação de um diagnóstico
diante do quadro de sintomas e queixa principal. Vai atuar com
os pais explicando a parte clínica do distúrbio e as condutas a
serem desenvolvidas, com a intenção de realizar um processo
sistêmico de tratamento e intervenção, dando à família papel
principal no sucesso desta intervenção.
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A avaliação neuropsicopedagógica com ênfase clínica deve, além


do olhar e da escuta de todos os âmbitos psicopedagógicos,
aprofundar nas questões neurológicas, na análise das funções
cognitivas do indivíduo e de sua maturação, além de indivíduos
com questões cognitivas, de memória e de atenção. Pode e deve
trabalhar com crianças, adolescentes, adultos e idosos como o
psicopedagogo.
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Deve-se entender que, da mesma forma que é importante este


profissional saber utilizar instrumentos de avaliação
neuropsicopedagógica, é necessário saber intervir e mediar as
funções cognitivas deficitárias, visando ao sucesso cognitivo do
sujeito! As intervenções neuropsicopedagógica devem ser
organizadas de acordo com cada caso, o que não difere muito da
intervenção psicopedagógica, sempre priorizando o crescimento e
amadurecimento cognitivos.
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Diferença entre Neuropsicopedagogia e Neuropsicologia

A Neuropsicologia é uma área da Psicologia e da Neurologia que


estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano,
praticamente dedicando-se a investigar como diferentes lesões
causam défices em diversas áreas da cognição humana. Ainda
pode-se comparar assim: a educação estuda a gênese e a
estruturação dos processos cognitivos entre outros aspectos e a
Neuropsicologia investiga esses mesmos processos a partir da
implementação da atividades cerebrais.
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De acordo com Fonseca (2007, p. 69):

“o cérebro não é só o órgão da cognição, mas o órgão da


civilização. A cognição é uma fusão sistêmica de atividades
cerebrais: atenção, codificação e planificação, com as quais
aprendemos e nos adaptamos. A educação envolve aprender
mais informações e resolver problemas.”
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Atualmente, com tantas áreas de estudos e pesquisas, nota-se que


tudo que se refere à prática educativa não pode estar separado do
papel importante da Neuropsicologia, pois ela vem para envolver
a aprendizagem de informações novas e ajuda na resolução de
problemas.
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Segundo Luria (1984), a Neuropsicologia tem por objetivo


específico investigar o papel dos sistemas cerebrais individuais
nas formas complexas da atividade mental, e os objetivos de
estudo dela são os distúrbios cognitivos e emocionais, os
distúrbios de personalidade ocasionados por lesões do cérebro.
Verifica a investigação de como diferentes lesões causam défices
em diversas áreas de cognição humana e ainda estuda as funções
mentais superiores.
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Assim, esta ciência trouxe não apenas um conhecimento novo


mas também uma nova forma avaliativa, pois busca correlações
entre unidades funcionais e comportamento, o que se denomina
como avaliação neuropsicológica, que é o melhor método de
avaliação da função cerebral, mas não é um método apropriado
para localização de lesões cerebrais. Ela avalia especificamente
as funções cognitivas e emocionais visando esclarecer
diagnóstico e correlacionar suas dificuldades com a vida escolar,
a vida diária e os comportamentos.
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E ainda identifica por meio da avaliação das funções mentais


superiores, as operações comprometidas e preservadas, sendo
essa última essencial como ponto de partida para a reabilitação
e/ou intervenção; dá suporte á equipe multidisciplinar que
atender tal cliente, podendo ser elaborados planos de trabalho
conjuntos, buscando maximizar o funcionamento cognitivo que
se encontra deficitário; contribui com a escola e com a família
orientando com estratégias que venham possibilitar a melhora do
cliente.
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Deve-se ressaltar que este exame compreende a avaliação de


diferentes áreas da cognição, bem como memória, atenção,
linguagem, capacidade de planejamento, de cálculo, de raciocínio
lógico, de julgamento percepção visual e coordenação visório-
motora. Para o trabalho como psicopedagogos, a Neuropsicologia
vem ampliar com suas lentes o olhar para aqueles casos que mais
preocupam e, também, ajudar naqueles casos que habitualmente
se ouve como queixas nas escolas.
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Esta área amplia a importância de estudar as funções executivas


que, em uma interessante metáfora, Goldberg (2002) refere-se ao
mundo mental como uma orquestra com grandes músicos: os
talentos, as aptidões e os conhecimentos, sendo que, no
neocórtex, sem dúvida, estão os mais competentes atores da
orquestra cerebral, os responsáveis pelas funções executivas.
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Função executiva é um conceito


neuropsicológico recentemente
formulado. Usando a metáfora da
orquestra, cada músico (toca ou
executa suas habilidades por meio de
seu instrumento), tendo
responsabilidades em relação a ele e
na articulação com os demais músicos
da orquestras, para não desafinar.
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Pode-se e deve-se levar os educadores e as famílias a estimular as


crianças para o desenvolvimento das funções executivas. Elas
expandam-se por meio de brincadeiras e de atividades
pedagógicas que envolvam atenção seletiva, memória de
trabalho, planejamento, inibição motora e cognitiva,
flexibilização cognitiva, organização, manejo do tempo,
autorregulação do afeto e persistência para que sejam alcançados
os objetivos que foram previamente elegidos.
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Na escola, é desejável promover o trabalho em grupo porque


desenvolve relações interpessoais e práticas colaborativas, úteis
por toda a vida. Pais, educadores, neurocientistas e
psicopedagogos devem iniciar um diálogo sobre como entender
mais e utilizar melhor as unidades funcionais do cérebro, bem
como promover o desenvolvimento das funções executivas em
cada criança.
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A Neurociência
“O homem deve saber que de nenhum outro lugar, mas do encéfalo, vêm a
alegria, o prazer, o riso e a diversão, o pesar, o ressentimento, o desânimo e a
lamentação. É por isto, de uma maneira especial, que adquirimos sabedoria e
conhecimento, e enxergamos e ouvimos e sabemos o que é justo e injusto, o
que é bom e o que é ruim, o que é doce e o que é amargo... E pelo mesmo
órgão, tornamo-nos loucos e delirantes, e medos e terrores nos assombram...
Todas estas coisas suportamos do encéfalo quando não está sadio... Neste
sentido sou da opinião de que o encéfalo exerce o maior poder sobre o
homem.” (Hipócrates – Acerca das Doenças Sagradas, Século IX a.C. citado
por RELVAS, 2011, p. 22)
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Atualmente, com tantos estudos sendo feitos e tantas descobertas


no ramo do funcionamento cerebral, a Neurociência é o foco
destes estudos, e ela tem muitas respostas para as indagações dos
casos clínicos e, muitas vezes, das queixas escolares dos
professores. Em muitas vezes, durante a experiência como
professor, sem tem centenas de questionamentos a cerca das
dificuldades que os alunos apresentam.
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Ao entender que cada área do cérebro é responsável por um


aprendizado e que certas áreas produzem componentes essenciais
para que o aprendizado aconteça ou não, o profissional irá
entender melhor e saberá compreender ou tratar cada questão do
aluno ou cliente. Muitas vezes, rotula-se e até exclui-se crianças
com dificuldades ou limitações por falha do profissional: de não
conhecer o funcionamento cerebral, por falta de estudar, de se
informar, e se cercar de tudo que é preciso saber para a atuação.
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Divisões da Neurociência

• Neurociência Molecular: investiga a química que envolver a


função neural. Estuda a troca necessária de íons para que cada
célula nervosa conduza as informações de uma parte do
cérebro para outra.

• Neurociência Celular: estudas as diferenças entre os tipos de


células no sistema nervoso e como cada um funciona.
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• Neurociência de Sistemas: estuda grupos de neurônios que


exercem funções comuns, por meio de conexões e circuitos.

• Neurociência Comportamental: estuda a interação que existe


entre os sistemas que influenciam o comportamento, o controle
da postura, a influência de sensações visuais, vestibulares e de
propriocepção (um dos sentidos que é desconhecido), no
equilíbrio em diferentes condições.
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• Neurociência Cognitiva: estuda o pensamento, a


aprendizagem, as diferentes memórias, o planejamento das
ações e a linguagem.

Ainda pode-se destacar que a Neurociência é o estudo do sistema


nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento,
evolução, relação com o comportamento e a mente, e também
suas alterações. Já a Neurociência Cognitiva vincula o sistema
nervoso ao processamento cognitivo.
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Neurociência na Educação
Pesquisas no sentido de se avaliar a contribuição da neurociência
na pedagogia, na psicopedagogia e na educação de modo geral
estão sendo apresentadas sob as óticas diferenciadas do
neurocientista, do psicólogo e do pedagogo. Esse é um aspecto
interessante da situação atual, em que não se busca uma nova
teoria da educação científica, mas a compreensão científica da
educação.
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A neurociência, definida como o conjunto de ciências envolvidas


no estudo do sistema nervoso, especialmente do cérebro humano,
tem por base a interdisciplinaridade. A educação, como arte em
construção, é o eixo central da interdisciplinaridade desta
pesquisa que pretende abordar os conhecimentos sobre o ser
humano, em sua diversidade, na visão filosófica, antropológica,
social, psicológica, biológica e neurológica.
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Educadores- professores e pais- assim como psicólogos,


neurologistas ou psiquiatras são, de certa maneira, aqueles que
mais trabalham com o cérebro. Mais do que intervir quando ele
não funciona bem, os educadores contribuem para a organização
do sistema nervoso do aprendiz e, portanto, dos comportamentos
que ele apresentará durante a vida. E essa é uma tarefa de
grande responsabilidade! Portanto, é curioso não conhecerem o
funcionamento cerebral.

(Cosenza, 2011)
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A tecnologia de neuroimagem tem apresentado resultados


interessantes para a interpretação não somente da anatomia, mas
do funcionamento do cérebro humano em tempo real. São
pesquisas iniciais que permitem vislumbrar o alcance de sua
aplicação em educação, na compreensão de como o cérebro
aprende, indicando um novo paradigma nas práticas
educacionais.
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Maximizar a aprendizagem, aprender melhor, aprender a aprender,


compreender como o ser humano aprende são temas que remetem
ao professor, à sua formação acadêmica inicial e continuada,
capacitando-o para o papel essencial na educação. Muito se discute
sobre como as pessoas aprendem, mas pouco sobre como elas são
ensinadas. Não se tem a intenção de defender ou se posicionar a
favor ou contra linhas de pesquisa, correntes filosóficas ou teorias
educacionais, mas sim de encontrar bases científicas que possam
contribuir para a compreensão dos processos educacionais em
relação à aprendizagem e à formação do professor.
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O desenvolvimento da pesquisa integrada na neuroeducação, com


padrões e metodologias próprias, envolve a pedagogia, a
psicologia e a neurologia, além de outras áreas relativas às
tecnologias educacionais. A neuroeducação pode ser o campo de
mudança de paradigma no processo ensino-aprendizagem que se
deseja para a educação ao longo da vida toda da pessoa.
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Programas de pesquisas são desenvolvidos nas tradicionais


instituições acadêmicas norte-americanas, como as Universidade
de Harvard, John Hopkins e do Texas, além de outras instituições
privadas, como a Fundação Dana estão envolvidas no tema
neuroeducação, com crescente interesse de educadores, que
buscam compreender como a neurociência pode afetar a sua
profissão.
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A dificuldade em idealizar e realizar estudos que envolvam crianças


em idade escolar pode explicar a demora em transformar a realidade
da sala de aula a partir dos laboratórios de pesquisa. São duas as
vertentes das pesquisas em neuroeducação:

• A primeira, voltada para o estudo de condições específicas de


desenvolvimento que podem gerar problemas na aprendizagem,
como dislexia e autismo.

• A segunda, voltada para a compreensão de como o cérebro


funciona e se desenvolve.
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As duas são relacionadas e podem produzir conhecimentos que


ajudem o aluno a aprender e também possam esclarecer situações
específicas do processo ensino-aprendizagem. A neuroeducação,
a ciência da educação, vem se consolidando nos últimos anos,
principalmente nos Estados Unidos, como um campo
multidisciplinar de conhecimento e de atuação profissional, nas
áreas de docência e da pesquisa educacional.
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Neurociência, Educação e Aprendizagem

A neurociência se alia à educação em busca de uma resposta que


este trabalho busca contribuir discutindo a ciência da aprendizagem
que apresenta propostas para a aprendizagem ativa, repensando-se o
que é ensinado, como se ensina e como se avalia a aprendizagem. A
neuroeducação vem se constituindo num campo de pesquisa
educacional, com metodologia própria, que se fortalece com as
contribuições da neurociência, da psicologia e da pedagogia.
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Os estudos atuais sobre a mente, o cérebro e os processos neurais


envolvidos no pensamento e na aprendizagem têm possibilitado a
emergência de explicações e uma melhor compreensão da ciência
da educação. As investigações multidisciplinares e
interdisciplinares com a contribuição científica estão abrindo o
caminho que pode levar a pesquisa educacional básica à prática
da sala de aula.
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Trinta anos atrás, os educadores prestavam pouca atenção ao trabalho dos


cientistas cognitivos, e os pesquisadores do nascente campo da ciência
cognitiva trabalhavam bastante afastados das salas de aula. Atualmente, os
pesquisadores cognitivos estão dedicando mais tempo ao trabalho com os
professores, testando e refinando suas teorias em salas de aula reais, onde
podem ver como os diversos ambientes e as interações nas salas de aula
influenciam as aplicações das suas teorias. Hoje, o que talvez seja mais
extraordinário são as diversas abordagens e técnicas de pesquisa que foram
desenvolvidas, e a maneira pela qual começam a convergir as descobertas
provenientes de ramos muito distintos da ciência.

(Bransford, 2007)
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São enumerados os avanços sobre a aprendizagem com


excelentes expectativas. Como exemplo, as pesquisas em
psicologia cognitiva que contribuíram para a compreensão dos
princípios da organização do conhecimento que desenvolve a
capacidade para solução de problemas em áreas específicas,
como a matemática, os estudos sociais ou a história.
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Currículos inovadores com relação a raciocínio avançado podem


ser apresentados às crianças mais novas, com base em pesquisas
que demonstram que elas têm uma boa compreensão de
princípios básicos de biologia e física. Os princípios para a
estruturação das experiências de aprendizagem que permitem às
pessoas utilizarem o que aprenderam em novos cenários foram
identificados em pesquisas sobre aprendizagem e transferência.
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Os estudos de psicologia social, de psicologia cognitiva e de


antropologia evidenciam que toda aprendizagem acontece em
cenários que apresentam conjuntos específicos de normas e
expectativas culturais e sociais. Compreendendo como tais
processos evoluem e se inter-relacionam sistemicamente no cérebro,
os profissionais ficam, certamente, mais próximos do que são
efetivamente as funções cognitivas da aprendizagem, podendo, por
esse meio, identificar os obstáculos que a bloqueiam ou prevenir
disfunções ou dificuldades (ou descapacidades) que a impedem de
florescer.
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A neurociência tem meios para comprovar os diversos princípios


da aprendizagem através de pesquisas de laboratório. Estudos
demonstram como a aprendizagem modifica a estrutura cerebral,
assim com seu funcionamento. As tecnologias emergentes podem
gerar oportunidades de aprendizagem que não seriam sequer
imaginadas há algum tempo. O desenvolvimento atual nos
estudos relacionados com a aprendizagem mostra como a ciência
ganha um novo valor para a prática.
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Compreender como os seres humanos aprendem é importante


para instigar as mudanças que se esperam do sistema
educacional.

“O ser humano, como ser aprendente, acaba por se transformar


no produto das interações interiores e exteriores que realiza com
os outros seres humanos, ou seja, com a sociedade no seu todo.”
(FONSECA, 2009, p.65).
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Saber não mais se refere à capacidade de se lembrar de informações


ou repetir informações recebidas, mas como a capacidade de
encontrar e usar as informações corretas em contextos diversos. A
educação não pode mais se propor a suprir todo o conhecimento
humano, mas deve preocupar-se em proporcionar meios ao aluno
para o desenvolvimento de recursos intelectuais e de estratégias de
aprendizagem capazes de ajudá-lo na aquisição de conhecimento
que lhe permita pensar ativamente sobre as ciências. Assim
entendido, a pessoa torna-se um aprendiz vitalício e independente.
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As pesquisas educacionais mostram que existem novas


possibilidades e maneiras de se apresentar conteúdos.
Abordagens mais recentes possibilitam o desenvolvimento de um
entendimento mais aprofundado sobre um tema relevante para a
maior parte das pessoas.
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A psicologia cognitiva está elucidando os princípios da


organização do conhecimento que possibilita resolver questões
em diversas áreas. Existe base em pesquisas do desenvolvimento
de que existam currículos que introduzam conceitos necessários
para o desenvolvimento raciocínio avançados em idades mais
precoces. Alguns princípios importantes e necessários para a
estruturação de experiências de aprendizagem foram
evidenciados em pesquisas sobre aprendizagem e transferência de
conhecimento.
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Os estudos de psicologia social e cognitiva, como também


antropológicos demonstram que toda aprendizagem ocorre em
cenários específicos e relacionados a expectativas socioculturais.
A neurociência dispõe de recursos para estudar a aprendizagem a
partir de pesquisa em laboratório demonstrando que a
aprendizagem modifica a estrutura física do cérebro e sua
organização funcional. Os pesquisadores têm descoberto como
aprender a partir da sabedoria prática, assim como acontece a
aprendizagem em outros cenários.
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As tecnologias emergentes podem criar oportunidades que


orientem e melhorem a aprendizagem. Os investimentos em
pesquisa básica em educação estão retornando em aplicações
práticas. Há expectativas de que ocorram mudanças quanto ao
que se espera dos sistemas educacionais atuais. O conhecimento e
as informações, atualmente, são produzidos num ritmo inusitado
na história da humanidade. Nos tempos atuais não se espera que
alguém se lembre ou repita informações, mas que seja capaz de
encontrá-las e delas fazer uso.
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As primeiras tentativas de se estudar a mente humana, de modo


sistematizado, aconteceram no final do século XIX. Até então,
este era um assunto da teologia e da filosofia. Em reação a estas
posições subjetivas decorrentes da introspecção filosófica, a
psicologia científica do inicio do século XX projetou a escola
behaviorista clássica de John B. Watson. Nela a consciência não
sendo um conceito definível não faz parte de seu objeto de
estudo, que se restringe a comportamentos observáveis.
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O estudo dos processos mentais foi abandonado em detrimento


do estudo do comportamento. O comportamento neste contexto é
entendido como qualquer mudança observada em determinado
organismo que fosse desencadeado por um estímulo ambiental
com ênfase no sistema motor e glandular. Não seria a questão de
negação da existência de processos mentais, mas a
impossibilidade de se realizar estudos objetivos, propondo-se um
adiamento de seus estudos.
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Recorrendo à tradição empírica, os behavioristas conceituaram a


aprendizagem como o processo de estabelecer conexões entre os
estímulos e as reações. O que a neurociência atual enfatiza é que
entre estes dois pontos existe uma estrutura inteligente, o cérebro
humano. O behaviorismo inicial, focado nas condições de
estímulos observáveis e os comportamentos a eles relacionados,
dificultou o estudo das funções mentais essenciais para a
educação.
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A fome, a recompensa e a punição são as principais motivações


para o aprendizado. A limitação do Behaviorismo inicial
(“behaviorismo” com bê maiúsculo) decorrente da restrição do
seu foco de estudo, deu lugar a uma forma moderada de
behaviorismo (behaviorismo com bê minúsculo). Apesar desta
moderação, foi mantido o mesmo rigor científico na abordagem
do comportamento, admitindo a possibilidade de um estado
mental para explicar alguns fenômenos.
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Considera-se, na ciência da aprendizagem, a importância de que a


pessoa assuma o controle da própria aprendizagem, aprendendo,
também, a identificar quando entendem e quando necessitam de mais
informações. Com estes princípios, a educação pode se beneficiar dos
novos conhecimentos da neurociência para melhorar significativamente
a capacidade das pessoas se tornarem aprendizes ativos, empenhados
em entender e preparados para transferir o que aprenderam na solução
de novas situações complexas ou novos problemas. Repensa-se, assim
o que é ensinado, como se ensina e como se avalia a aprendizagem.
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O conhecimento de fatos sem conexão sem a oportunidade de


aprender e compreender não desenvolve uma competência.
Estudando comparativamente especialistas e iniciantes em suas
diversas áreas apresenta Bransford conclusões interessantes e
úteis para a educação:

• Aprendizes de todas as idades devem expandir a compreensão


existente e elaborá-la. A compreensão pré-existente pode
permanecer mesmo depois de ser ensinado um novo modelo
que contradiz a compreensão ingênua;
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• O desempenho de especialistas, independentes do campo,


utilizam uma base de informações amplamente estruturada;

• Uma diferença evidente entre o especialista e o principiante é


que o domínio dos conceitos pelo especialista molda seu
entendimento a respeito da nova informação permitindo
identificação de padrões, correlações, discrepâncias que não
são evidentes para os principiantes ajudando a selecionar e
lembrar informações relevantes;
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• Especialistas são mais capazes de acessar fluentemente o


conhecimento em decorrência de sua maior compreensão do
assunto.

A tarefa da educação pode ser vista como a de mover os


estudantes na direção de uma compreensão mais formal (ou
maior competência).
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A metacognição é uma estratégia a ser desenvolvida para que a


própria pessoa seja capaz de prever resultados, de dar explicações
a si mesmas para que melhore a compreensão, de perceber falhas
na aprendizagem e corrigir, planejar seu aprendizado. O ensino de
atividades metacognitivas incorporadas ao assunto em estudo
capacita o aluno a se estimular monitorando sua própria
aprendizagem. As práticas metacognitivas demonstraram
aumentar o grau em que os estudantes transferem o que
aprenderam para novos cenários e eventos.
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Analisando as consequências destes conhecimentos para a


formação de professores e sua tarefa de ensinar percebe-se que os
professores devem extrair a compreensão preexistente trazida
pelos alunos e trabalhar com ela. A compreensão mais formal do
assunto é construída sobre a base das concepções iniciais do
aluno criando, na sala de aula, tarefas e condições em que o
pensamento do aluno possa se revelar.
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A finalidade da avaliação deve ser ampliada para um conceito


formativo, contribuindo para que o pensamento do aluno torne-se
visível para eles mesmos, para seus colegas e para o professor. É
um feedback que orienta a modificação e o refinamento do
raciocínio. Com o foco na aprendizagem com compreensão, a
avaliação deve revelar o entendimento mais que demonstrar
capacidade de repetir fatos ou desempenhar habilidades.
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O professor em formação deve ser apto para identificar ideias


preconcebidas previsíveis do aluno que possam ser obstáculos ao
domínio de um assunto específico. Deve descobrir ideias
preconcebidas não previsíveis e trabalhar estas ideias para que o
aluno as elabore, as reveja e, quando adequado, seja capaz de
substituí-las.
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A visão geral deve ser substituída por uma cobertura detalhada.


Os professores devem ensinar algum assunto em profundidade,
fornecendo muitos exemplos em que o conceito está em ação e
proporcionando uma base sólida de conhecimento factual. O
aluno deve compreender os conceitos que definem os domínios
da disciplina. O próprio professor deve trazer, para o ensino, a
sua experiência do estudo aprofundado de sua área de atuação.
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Deste modo, ele poderá desenvolver recursos pedagógicos


eficientes para ajudar o aluno entender a relação entre as
informações e os conceitos que facilitem a organização do
conhecimento. O professor deve se preocupar em como evolui e
se desenvolve o raciocínio do aluno acerca desses conceitos. A
avaliação com o fim de responsabilização pelos resultados deve
testar a compreensão profunda e não o conhecimento superficial.
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As ferramentas de avaliação, com frequência, são, no entanto,


critérios de responsabilização do professor. As novas ferramentas
de avaliação devem estar alinhadas com as novas abordagens de
ensino e será necessário muito trabalho para evitar o desequilíbrio
entre a avaliação profunda, que impõe desafios para a
objetividade, e a avaliação objetiva, que facilita a classificação
objetiva.
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As escolas e as salas de aula devem estar centradas no


aprendiz. Para proporcionar um ambiente de sala de aula
centrada no conhecimento, é preciso prestar atenção ao que é
ensinado (informação, assuntos), porque é ensinado
(compreensão) e como se revela a competência ou habilidade.
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As avaliações formativas - avaliações contínuas, idealizadas para


tornar visível o raciocínio dos alunos tanto para eles próprios,
como para os professores - são essenciais. Permitem que o
professor compreenda as ideias preconcebidas dos estudantes,
perceba em que ponto os alunos estão no caminho que leva ao
raciocínio informal para o formal e planeje a instrução de acordo
com isso. No ambiente de sala de aula centrada na avaliação, as
avaliações formativas ajudam tanto professores como alunos no
monitoramento do progresso.
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A aprendizagem é influenciada de maneira fundamental pelo


contexto em que acontece. Uma abordagem centrada na
comunidade requer o desenvolvimento de normas para a sala de
aula e para a escola, assim como conexões com o mundo exterior
que apoiem valores essenciais da aprendizagem. O aluno pode
não reconhecer a importância da metacognição e esta deve ser
explicitada pelo professor, o ensino de habilidades
metacognitivas deve ser integrado no currículo de diversas áreas
temáticas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A integração da instrução metacognitiva com a aprendizagem


baseada na disciplina pode acelerar o progresso do aluno de
desenvolver, neles, a capacidade de aprender sozinho. Não existe
nenhuma prática de ensino que seja universalmente melhor. Os
livros e aulas expositivas podem ser eficientes na transmissão de
novas informações para aprendizagem estimulando a imaginação
e aguçando a crítica do aluno, mas não seriam eficientes para
extrair o seu nível de compreensão.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Se o ponto de partida for um conjunto de princípios de


aprendizagem, a seleção da estratégia de ensino poderá ser
escolhida de acordo com critérios por assunto, nível escolar,
resultado esperado. Com o enfoque em como as pessoas
aprendem o professor não estará diante de escolhas excludentes
do isto ou aquilo como, por exemplo, dar ênfase aos
fundamentos, ou ensinar a pensar ou na solução de problemas.
Todos estes enfoques são necessários.
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Tentar ensinar habilidades de raciocínio sem uma base sólida de


conhecimento não capacita o aluno para resolver problemas como
também não sustenta a transferência de conhecimento para novas
situações. O construtivismo, visto como um conjunto de teorias,
sem se restringir a uma linha pedagógica, alicerça muitos
princípios aplicados pelos professores na sala de aula.
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Desenvolvimento e
Aprendizagem
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Sem dúvida, já existem contribuições das neurociências que


fundamentam a prática educacional. Embora não seja possível, a
partir delas, prescrever receitas para a solução dos problemas da
educação, conhecer a aprendizagem numa perspectiva
neurobiológica pode auxiliar educadores, professores e pais, a
compreender alguns aspectos das dificuldades para aprendizagem
e inspirar práticas educacionais cotidianas.
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Sabe-se que os cuidados com o pré-natal são fundamentais para o


desenvolvimento adequado do sistema nervoso (SN). Neste
período, estruturas cerebrais são formadas e conexões entre
células nervosas – sinapses - determinadas geneticamente, são
estabelecidas, garantindo a organização estrutural e funcional
fundamental para comportamentos típicos da espécie, como
andar, se comunicar, sugar, expressar emoções, entre outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Deficiências nutricionais, ingestão de certas substâncias


químicas, infecção por vírus e protozoários, exposição a
radiações e até informações genéticas ou cromossômicas erradas
(síndromes de Williams, Down, Asperger, autismo, dislexia, etc.)
podem alterar a estrutura básica do SN. A criança que tem um SN
diferente apresentará comportamentos, habilidades limitações e
potencialidades cognitivas distintas das demais e poderá
demandar estratégias de aprendizagem alternativas.
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Após o nascimento, a interação do bebê com o meio em que vive


e os cuidados na primeira infância são muito significativos. Este é
um período receptivo, de intenso desenvolvimento do SN, no
qual as redes neurais são mais sensíveis às mudanças, quando
novos comportamentos podem ser progressivamente adquiridos,
preparando o cérebro para novas e mais complexas
aprendizagens.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A educação infantil e a exposição a estímulos sensoriais, motores,


emocionais e sociais variados, frequentes e repetidos nessa fase
contribuirá para a manutenção das sinapses já estabelecidas, com
preservação de comportamentos com os quais nasce, e para a
formação de novas sinapses, resultando em novos
comportamentos. Falta de estimulação pode levar a perda de
sinapses.
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Crianças pouco estimuladas nos primeiros anos de vida podem


apresentar dificuldade para a aprendizagem, porque o cérebro
delas ainda não teve a oportunidade de utilizar todo o potencial
de reorganização de suas redes neurais. Embora necessitem de
mais estímulos e estratégias alternativas de aprendizagem, ainda
terão chance de recuperar o tempo perdido e as habilidades não
desenvolvidas até então. Um lar saudável, um ambiente familiar
adequado, bons exemplos e uma boa escola podem fazer grande
diferença no desenvolvimento escolar.
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Neuroplasticidade é a propriedade de “fazer e desfazer” conexões


entre neurônios. Ela possibilita a reorganização da estrutura do
SN e do cérebro e constitui a base biológica da aprendizagem e
do esquecimento. Preserva-se as sinapses e, portanto, redes
neurais relacionadas aos comportamentos essenciais à
sobrevivência. Aprende-se que o que é significativo e necessário
para viver bem e se esquece aquilo que não tem mais relevância
para o viver.
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Atenção é importante função mental para a aprendizagem, pois


permite selecionar, num determinado momento, o estímulo mais
relevante e significativo, dentre vários. Ela é mobilizada pelo que
é muito novo e pelos padrões (esquemas mentais) que já se tem
nos arquivos cerebrais. Daí a importância da aprendizagem
contextualizada. É difícil prestar atenção por muito tempo.
Intervalos ou mudanças de atividades são importantes para
recuperar a capacidade de focar atenção.
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Dificilmente um aluno prestará atenção em informações que não


tenham relação com o seu arquivo de experiências, com seu
cotidiano ou que não sejam significativas para ele. O cérebro
seleciona as informações mais relevantes para o bem estar e
sobrevivência e foca atenção nelas.

São memorizadas as experiências que passam pelo filtro de


atenção. Memória é imprescindível para a aprendizagem.
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As estratégias pedagógicas devem utilizar recursos que sejam


multissensoriais, para ativação de múltiplas redes neurais que
estabelecerão associação entre si. Se as informações/experiências
forem repetidas, a atividade mais frequente dos neurônios
relacionados a elas, resultará em neuroplasticidade e produzirá
sinapses mais consolidadas. Esse conjunto de neurônios
associados numa rede é o substrato biológico da memória. Os
registros transitórios - memória operacional - serão transformados
em registros mais definitivos - memória de longa duração.
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Quando estuda apenas na véspera da prova, o aluno mantém as


informações na memória operacional. Assim que as utiliza na
prova, garantindo a nota, as esquece. A consolidação das
memórias ocorre, pouco a pouco, a cada período de sono, quando
as condições químicas cerebrais são propícias à
neuroplasticidade. Durante o sono, o cérebro reorganiza suas
sinapses, elimina aquelas em desuso e fortalece as importantes
para comportamentos do cotidiano do indivíduo. Dormir pouco,
dificulta a memorização.
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Para aprender, é preciso estar despertos e atentos para absorver a


experiência sensorial, perceptual e significativa, mas o sono é
necessário para que essas experiências sejam memorizadas e,
portanto, apreendidas. Memória não se forma de imediato, “da
noite para o dia”. A formação de sinapses demanda reações
químicas, produção de proteínas e tempo. Por isso, a
aprendizagem requer reexposição aos conteúdos e diferentes
experiências e complexidade crescente.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Assim, compreende-se a
importância da espiral da
aprendizagem. Além
disso, preserva-se na
memória o que é
importante no cotidiano.
Esquece-se o que não tem
mais valor, significado ou
aplicação para a vida.
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São as emoções que orientam a aprendizagem. Neurônios das


áreas cerebrais que regulam as emoções, relacionadas ao medo,
ansiedade, raiva, prazer, mantêm conexões com neurônios de
áreas importantes para formação de memórias. Pode-se dizer que
o desencadeamento de emoções favorece o estabelecimento de
memórias. “Aprendemos aquilo que nos emociona”.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Aprender não depende só do cérebro, mas, também, da saúde em


geral. Exercícios físicos aumentam a quantidade de fatores
neurotróficos que contribuem para estabilização das sinapses e
para manutenção e formação de memórias. Uma dieta
balanceada, incluindo proteínas, carboidratos, gorduras, sais
minerais e vitaminas, possibilita o funcionamento das células
nervosas, a formação de sinapses e a formação da mielina,
estrutura que participa da condução das informações entre redes
neurais.
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Problemas respiratórios que perturbam o sono, anemia que reduz


a oxigenação dos neurônios, dificuldades auditivas e visuais não
facilmente detectadas, entre outros fatores, podem dificultar a
aprendizagem. É importante o aprendiz estar em boas condições
de saúde para aprender bem.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Aprendizes são indivíduos em transformação. Seus cérebros,


portanto, estão sempre mudando um pouco. O cérebro do
adolescente ainda está em desenvolvimento, principalmente na
chamada área pré-frontal, parte mais anterior do lobo frontal,
envolvida com as funções executivas, ou seja, com a elaboração
das estratégias de comportamento para solução de problemas e
autorregulação do comportamento.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Cérebros adolescentes testam novos comportamentos com o


objetivo de selecionar habilidades, atitudes e conhecimentos de
fato proveitosos para a sobrevivência na vida adulta. Eles
aprendem o que os motivam, o que os emocionam, o que
desejam, aquilo que tem significado para seu cotidiano.
Transformar o conteúdo programático de uma disciplina em algo
relevante para o aprendiz é um grande desafio para o professor.
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Outros fatores também influenciam a aprendizagem. Aprendizes


privados de material escolar adequado, de ambiente para estudo
em casa, de acesso a livros e jornais, de incentivo ou estímulo dos
pais e/ou dos professores, e pouco expostos a experiências
sensoriais, perceptuais, motoras, motivacionais e emocionais
essenciais ao funcionamento e reorganização do SN, podem ter
dificuldades para a aprendizagem, embora não sejam portadores
de alterações cerebrais.
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Transtornos psiquiátricos, como o transtorno do déficit de


atenção e hiperatividade (TDAH) e depressão, que demandam
orientação médica e tratamento, podem dificultar a
aprendizagem. Transtornos, como a dislexia e discalculia,
caracterizados por dificuldades na aquisição de habilidades de
escrita, leitura e do raciocínio lógico-matemático, resultantes de
organização cerebral diferente, de provável origem genética,
também comprometem a aprendizagem.
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Nesses casos, as crianças conseguirão aprender, mas necessitarão


de estratégias alternativas de aprendizagem, uma vez que seus
cérebros utilizam caminhos ou circuitos neuronais diferentes para
atingir o mesmo aprendizado.

“E quando não aprendemos, o problema está sempre no cérebro?”


Nem sempre. Aprendizagem não depende apenas do
funcionamento cerebral.
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A maioria dos casos tem relação com outros fatores, e não com
um “problema cerebral”. Fatores relacionados à comunidade,
família, escola, ao meio ambiente em que vive o aprendiz e à sua
história de vida interferem significativamente na aprendizagem.
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Além disso, ela é influenciada por aspectos culturais, sociais,


econômicos e também pelas políticas públicas de educação, que
tornam as neurociências apenas mais uma contribuição para a
abordagem da aprendizagem. Devido à sua etiologia
multifatorial, a abordagem de uma dificuldade para a
aprendizagem é necessariamente multidisciplinar.
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O processos de aprendizagem exigem um certo nível de ativação


e atenção, de vigilância e seleção das informações. A ativação,
por meio da vigilância, conecta-se com a atenção no sentido da
capacidade de focalização da atividade. São elementos
fundamentais de toda atividade neuropsicológica, essenciais para
manter as atividades cognitivas, inibindo o efeito de muitos
neurônios que não interessam à situação. Sem uma organização
cerebral integrada, intra e interneurossensorial, não é possível
uma aprendizagem normal.
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Os processos de codificação e decodificação são de extrema


importância, quando se abordam problemas de aprendizagem. A
linguagem, oral e escrita, receptiva ou expressiva, faz parte com
toda sua especificidade, do sistema cognitivo. Distinguindo a
dimensão de percepção e gnose, como sendo reconhecimento modal
específico por meio de analisadores visuais, auditivos e
somestésicos do processamento conceptual e ação, como
pensamento e resposta (verbal ou não-verbal), a linguagem é um dos
componentes fundamentais na organização cognitiva e nos
processos complexos da aprendizagem.
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Os componentes cognitivos e as regiões cerebrais, que os


processam, constituem um todo interconexo.

A aprendizagem resulta da recepção e da troca de informações


entre o meio ambiente e os diferentes centros nervosos. Desta
forma, a aprendizagem inicia com um estímulo de natureza
físico-química advindo do ambiente que é transformado em
impulso nervoso pelos órgãos dos sentidos.
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Prestar atenção, compreender, aceitar, reter, transferir e agir são


alguns dos componentes principais da aprendizagem. Assim, a
informação captada é submetida a contínuo processamento e
elaboração, que funciona em níveis cada vez mais complexos e
profundos, desde a extração das características sensoriais, a
interpretação do significado até, finalmente, a emissão da
resposta.
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As áreas de projeção estão relacionadas com a sensibilidade, a


motricidade, e as áreas de associação e de sobreposição estão
relacionadas com funções psíquicas complexas: gnosias,
linguagem, esquema corpora, memória, emoções, etc. O aprender
implica em certas integridades básicas, que devem estar
presentes, quando oportunidades são oferecidas para a
reavaliação da aprendizagem. Essas integridades são
caracterizadas em três níveis:
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• À medida que o organismo


internaliza o observado ou o
experienciado, começa a assimilar
Funções hierarquicamente, pelos processos
psicodinâmicas psíquicos, devendo, portanto, existe
controle e integridade
psicoemocional para que ocorra a
aprendizagem.
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• Responsáveis pelos receptores


sensoriais, que são canais principais
Funções do para aprendizagem simbólica. Uma
subcarga sensorial implicaria em
sistema nervoso privação do cérebro de estimulação
periférico básica, para o crescimento e
amadurecimento dos processo
psicológicos.
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Funções do • Responsável pelo armazenamento,


elaboração e processamento da
sistema nervoso informação, resultante da resposta
central apropriada do organismo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Considerando a aprendizagem humana como processamento de


informações, nota-se que os processos “centrais” são
modificações e combinação que ocorrem nas estruturas
cognitivas. Na verdade, o aprendiz é concebido como um
manipulador inteligente e flexível, que busca a informação e trata
de organizá-la, integralizá-la, armazená-la e recuperá-la, quando
necessário, de forma ativa e ajustada às estruturas cognitivas de
que dispõem internamente.
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Psicopatologias detectadas nos alunos

A Psicologia Clínica pode ser definida como o ramo da psicologia


que tem por objeto o estudo, a avaliação e a intervenção nos
problemas e nas perturbações psíquicas, bem como da componente
psíquica das perturbações somáticas. O seu objeto é pois um
organismo biológico, situado num contexto social com o qual
interage, possuindo uma história e caracterizado pela sua
reflexividade, ou seja, um organismo biopsicossocial.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento que implica


rápidas modificações físicas, psicológicas, cognitivas e
socioculturais, tendo como finalidade a aquisição da autonomia e
identidade. A pluralidade de contextos sociais e interpessoais
constitui um conjunto de desafios e de fatores de risco para o
adolescente que podem ter consequências na sua saúde e no seu
ajustamento social e emocional.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A adolescência sendo um período de grande atividade física e


psicológica, de escolhas e oportunidades, constitui por isso um
período crítico e, por consequência, de desenvolvimento de
comportamentos e atitudes de responsabilidade perante a saúde.
Atualmente, a taxa de mortalidade e morbilidade apresentadas
pelos adolescentes é o resultado dos estilos e formas de estar na
vida, sendo que os fatores de risco de uma atitude de vida
saudável relacionam-se com o uso e abuso de substâncias,
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

a violência e delinquência, a psicopatologia (depressão, distúrbios


do comportamento alimentar), a gravidez e as doenças sexualmente
transmissíveis. É importante que os adultos (profissionais da
educação e saúde, pais e família, etc.) criem condições para que os
jovens e crianças aprendam e desenvolvam as suas competências
pessoais e sociais, a sua capacidade de resolução de problemas e
tomada de decisões, de gestão de conflitos interpessoais e de
comunicação, de forma a facilitar o desenvolvimento da capacidade
de escolha de um estilo de vida saudável, assim, como a sua
manutenção.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Considerando que a saúde é a capacidade de cada homem, mulher


ou criança para criar e lutar pelo seu projeto de vida, pessoal e
original, em direção ao bem estar, cabe sem dúvida aos sistemas
educativos, perante o conhecimento rigoroso das características e
dimensão dos problemas de saúde, condicionados pelos
comportamentos, para eles construir respostas preventivas que
são parte integrante da formação global do cidadão.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A psicopatologia fundamenta-se através da observação e


sistematização de fenômenos do psiquismo humano e presta a
sua indispensável colaboração aos profissionais que
trabalham com saúde mental, em especial os psiquiatras, os
psicólogos, os assistentes sociais, os professores, entre outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Perturbação da Hiperatividade e Déficit de Atenção

Esta perturbação apresenta como principal característica “um


padrão persistente de falta de atenção e/ou impulsividade –
hiperatividade, com uma intensidade que é mais frequente e grave
que o observado habitualmente nos sujeitos com um nível
semelhante de desenvolvimento”. Salienta-se que estes
comportamentos devem manifestar-se antes dos sete anos de
idade, mas podem ser diagnosticados bastantes mais tarde, depois
de terem sido considerados durante anos, crianças desatentas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Estes problemas normalmente devem ser detectados em duas


situações (por exemplo: casa - escola, etc.). As faltas de atenção
podem manifestar-se em situações escolares, sociais etc. “Os
sujeitos com esta perturbação podem não dar atenção suficiente
aos pormenores ou podem cometer erros de descuido nas tarefas
escolares ou noutras tarefas”. Os alunos revelam dificuldades de
concentração nas tarefas propostas e os seus trabalhos são
incompletos, desorganizados e por vezes incorretos, devido
essencialmente à referida dificuldade.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Revelam uma atitude alheada das tarefas escolares, assim como


dificuldade em finalizar as tarefas propostas. São alunos com
facilidade para se distraírem com estímulos irrelevantes (ruídos,
sinais, etc.) quando comparados com alunos de padrão normal,
também apresentam diversas faltas de material por esquecimento.
Apresentam, normalmente, insucesso escolar motivado pela falta
de concentração e hábitos de estudo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Em situações sociais esta perturbação pode manifestar-se por


“frequentes mudanças na conversa, não prestar atenção aos
outros, não manter um raciocínio na conversa e não seguir os
pormenores ou as regras de jogos ou atividades.”. Quanto à
hiperatividade manifesta-se pela dificuldade em se manter quieto,
quando o deve fazer.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

“A hiperatividade pode manifestar-se por estar inquieto ou


mover-se quando está sentado, não ficar sentado quando se
espera que o faça, correr ou saltar excessivamente em situações
em que é inadequado fazê-lo, ter dificuldades em brincar ou atuar
tranquilamente em atividades de lazer, frequentemente andar ou
atuar como se ou frequentemente falar em excesso.” Esta
perturbação varia dependendo da idade e do nível de
desenvolvimento do sujeito.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Por exemplo, em crianças em idade pré-escolar esta perturbação


manifesta-se por serem muito ativas com dificuldades em
participarem em atividades sedentárias. Nas crianças de idade
escolar, além de demonstrarem os mesmos comportamentos, mas
com menor frequência, têm dificuldade em se concentrarem nas
tarefas escolares, pois não conseguem estar quietos, podendo
ainda, conversar muito. Nos adolescentes esta perturbação
dificulta a dedicação a atividades sedentárias e tranquilas,
tornando-se pessoas instáveis e inquietas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A impulsividade, característica típica das pessoas com esta


perturbação, manifesta-se por “impaciência, dificuldade para
adiar respostas, precipitação das respostas antes que as perguntas
tenham acabado, dificuldade em esperar pela sua vez, interromper
ou interferir frequentemente com os outros ao ponto de
provocarem problemas em situações sociais, escolares ou
laborais”.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Normalmente, são pessoas que emitem comentários inoportunos,


desadequados ao contexto, interrompem conversas. Por vezes,
envolvem-se em atividades perigosas, não medindo as
consequências dos seus atos. Os alunos com perturbação da
hiperatividade e défice da atenção normalmente apresentam um
rendimento escolar mais baixo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

As características associadas variam dependendo da idade e


estádio de desenvolvimento e podem incluir uma baixa tolerância
à frustração, arrebatamentos emocionais, teimosia, insistência
excessiva e frequente em que as suas exigências sejam satisfeitas,
labilidade emocional, desmoralização, disforia, rejeição pelos
companheiros e baixo autoestima. Com frequência, o rendimento
escolar está afetado e desvalorizado, o que tipicamente conduz a
conflitos com a família e autoridades escolares.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Esta perturbação pode ocorrer em qualquer cultura, com valores


diferentes de prevalência nos diferentes países ocidentais, o que
pode ser explicado “provavelmente devido a práticas de
diagnóstico diferentes e não devido a diferenças na apresentação
clínica do quadro. Esta perturbação é mais frequente em pessoas
do sexo masculino. Os dados referentes à adolescência são ainda
imprecisos.
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Problemas comportamentais

A característica principal da perturbação do comportamento é


“um padrão de comportamento persistente e repetitivo em que
são violados os direitos básicos dos outros ou importantes regras
ou normas sociais próprias da idade do sujeito. Estes
comportamentos agrupam-se em 4 tipos principais:
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• Comportamento agressivo que causa sofrimento às outras


pessoas ou aos animais;

• Comportamento não agressivo que causam prejuízos ou


destruição de propriedade;

• Falsificação e roubos;

• Violações graves das normas.


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Esta perturbação pode se manifestar na escola, em casa ou em


sociedade. Pode ainda ser agrupada segundo a sua gravidade em
três graus: ligeiro, moderado e grave, “Os sujeitos com
Perturbação do Comportamento têm fraca empatia e pouca
preocupação com os sentimentos, desejos e bem-estar dos
outros.” Apresentam como características associadas a baixa
tolerância à frustração, a irritabilidade, o temperamento explosivo
e a imprudência.
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As causas mais apontadas para predispor o sujeito a desenvolver


uma perturbação comportamental são variadas, das quais se
destacam: rejeição ou abandono pelos pais, negligência,
temperamento infantil difícil, práticas educativas incoerentes com
disciplina rígida, abusos sexuais ou físicos, falta de supervisão,
vida institucional precoce, mudanças frequentes das pessoas que
tomam conta das referidas crianças,
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famílias numerosas, história de tabagismo materna durante a


gravidez, associação a grupos de companheiros delinquentes,
vida em bairros violentos e certos tipos de psicopatologia
familiar. Estudos revelam, ainda, que a Perturbação do
Comportamento é influenciada por fatores genéticos e
ambientais.
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Perturbação do Humor

A Perturbação do Humor inclui as perturbações que têm como


característica predominante uma perturbação do humor. Existem
vários tipos de Transtornos de Humor, dos quais se salienta o
Transtorno Depressivo Maior – que apresenta como característica
principal, num período mínimo de duas semanas, um humor
deprimido (ou até irritado), ou revela perda de interesse por quase
todas as atividades.
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Estes sintomas podem ser acompanhados ainda pelos seguintes:


alterações no apetite ou peso (em ambas as direções), alteração
no sono, diminuição da energia, cansaço e fadiga, sentimentos de
culpa, dificuldades de concentração e tomada de decisões,
pensamentos suicidas. Estas pessoas são, usualmente,
caracterizadas como deprimidas, tristes, ansiosas,
desesperançadas ou “para baixo”.
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Parecem sempre com propensão para o choro, preocupam-se


muito com a saúde física, queixam-se com frequência de dores,
doenças e têm tendência para a irritabilidade. Um dos problemas
mais sérios que pode estar associado a esta perturbação é a
tentativa ou a concretização do suicídio.
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Perturbação da Ansiedade Generalizada

É caracterizada pela preocupação excessiva ou por uma ansiedade


excessiva, ocorrendo estes transtornos em muitos dias por um
período superior a seis meses, em relação a várias situações,
acontecimentos ou atividades. A pessoa sente que não consegue
controlar a preocupação ou a ansiedade e normalmente esta é
acompanhada por outros sintomas, tais como: inquietação,
nervosismo, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade,
tensão muscular e perturbação do sono.
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A intensidade, duração ou frequência da ansiedade ou


preocupação são claramente desproporcionais à real
probabilidade ou impacto do evento temido. São, normalmente,
pessoas com carácter inseguro, perfeccionista e conformadas.
Muitas pessoas relatam que sempre foram ansiosas e nervosas,
outras apontam o início da perturbação para a infância e
adolescência, mas também pode ocorrer já na fase adulta
acompanhada de uma situação de stress.
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Stress

Em 1936 o médico Hans Selye definiu stress como sendo uma


resposta do organismo a acontecimentos que provocam o
desequilíbrio no bem-estar, e sendo provocado por um
acontecimento que obriga a alterar o comportamento.
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• Stress Agudo

Nesta perturbação desenvolve-se uma ansiedade característica e


outros sintomas, que aparecem após um mês da exposição a uma
situação de stress traumática. O indivíduo pode apresentar um
dos seguintes sintomas: ausência de respostas emocionais,
redução da consciência sobre o que o rodeia, entre outros. A
prevalência deste transtorno depende da gravidade e persistência
do trauma e do grau de exposição ao mesmo.
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• Stress Pós-Traumático

A principal característica é o desenvolvimento de sintomas


característicos após a exposição ao stress traumático, envolvendo
a experiência pessoal direta com o acontecimento ameaçador, que
pode envolver morte, ferimentos, ou outra ameaça à própria
integridade física; ter testemunhado um acontecimento que
envolva a morte violenta ou inesperada, ameaça à integridade
física de outra pessoa ou ferimentos graves;
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ou o conhecimento sobre a morte


violenta ou inesperada, ameaça de
morte ou ferimento grave de um
familiar ou outra pessoa próxima.
As reações a estes acontecimentos,
normalmente, envolvem sentimentos
como o medo, o horror e a
impotência.
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Perturbação de Sono

Entende-se por Transtornos Primários do Sono, os decorrentes


das anormalidades endógenas nos mecanismos de geração ou nos
horários de sono/vigília. Estes transtornos são caracterizados por
anormalidades na quantidade, qualidade ou tempo de sono ou
caracterizados por acontecimentos comportamentais ou
fisiológicos anormais ocorrendo em associação com o sono.
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• Insônia Primária

A característica principal desta perturbação baseia-se na


dificuldade para adormecer e manter o sono; dificuldade já com a
duração de pelo menos um mês, causando sofrimento clínico,
problemas sociais e escolares. No entanto desenvolve-se um ciclo
vicioso, pois os indivíduos manifestam uma preocupação pela
incapacidade de dormir e adormecer.
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As pessoas revelam sinais de cansaço, podem ainda se queixarem


de cefaleias, tensão muscular, indisposições, entre outros. Esta
perturbação, em crianças e jovens em idade escolar, faz baixar o
rendimento e aproveitamento escolar.
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• Hipersônia Primária

Esta perturbação tem como característica principal uma


sonolência excessiva por um período mínimo de um mês,
evidenciando episódios prolongados de sono ou então por
episódios de sono diurno quase diários. Salienta-se que a
qualidade e quantidade de sono noturno são normais. O sono
diurno surge em situações de baixa atividade (exemplo: ver
televisão, ler, etc.)
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Esta perturbação acarreta problemas sociais, familiares, entre


outros, pois por vezes é confundida com preguiça ou tédio.
Quando se manifesta em crianças e jovens, em idade escolar,
diminuir o aproveitamento e sucesso acadêmico.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

Postula-se que o avanço do conhecimento neste milênio só será


possível a partir de uma perspectiva transdisciplinar. As diversas
áreas do conhecimento deveriam utilizar seus pressupostos para
avançar em direção a novos conhecimentos. A educação pode se
beneficiar dos conhecimentos da neurobiologia para abordagem
das dificuldades escolares e suas intervenções terapêuticas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

A reflexão sobre as possibilidades e desafios do diálogo entre a


neurociência e a educação pode trazer avanços para ambas as
áreas. Com conhecimento científico, intercâmbio de experiências,
julgamento crítico, paciência, vontade, disposição, energia,
dedicação, mas sem euforia, será feito fazer bom uso das
contribuições das neurociências. E assim, saber como o cérebro
funciona, pode, de fato, ajudar a educar.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a educação

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FIM DA APRESENTAÇÃO

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