Procedimentos de avaliação

das Funções Visuais, Viso

construtivas visoconstrução
e percepção visual

Profa. Esp. Karina Dametto

 Percepção

Consiste na capacidade de associar as informações

captadas pelo sistema sensorial à memória e à
cognição, a fim de construir uma representação interna
do mundo externo e orientar o comportamento
(Lent, 2004)

Somente com a unificação dos sentidos é que

transformamos sinais sensoriais em uma percepção de
mundo coerente, passando do reflexo de indícios
isolados ao reflexo de objetos ou situações inteiras
(Luria)
Apreendendo o ambiente
• Características como cor, forma e movimento são processadas
juntamente com diferentes vias neurais. A percepção requer,
porém, mais do que simplesmente perceber as características
dos objetos: percebemos objetos unificados...
 Organização hierárquica
Percepção
CÓRTEX DE ASSOCIAÇÃO

CÓRTEX SENSORIAL
SECUNDÁRIO

CÓRTEX SENSORIAL
PRIMÁRIO

NÚCLEOS DO TÁLAMO

RECEPTORES
Sensação
 Nível hierárquico

• Córtex Sensorial Primário: Consequência do estímulo,

sensação.

• Córtex Sensorial Secundário: Processamento da

informação, decodificação

• Córtex Associativo: Integração da informação com

demais modalidades sensoriais, processos mnêmicos,
afetivos etc.
MAPA SENSORIAL
COMO, ONDE?

Lobo Parietal
Localização,
Contraste e
Movimento

O QUE?
Lobo Temporal
Cores e
Formas
VIA VENTRAL OU OCCIPITOTEMPORAL É ESPECIALIZADA PARA
PERCEPÇÃO E O RECONHECIMENTO DE OBJETOS, POR MEIO DA
DETERMINAÇÃO DE O QUE É QUE ESTAMOS OLHANDO
Via dorsal ou occipitoparietal é especializada para a percepção
espacial, por meio da determinação de onde está um objeto, e
para a análise da configuração espacial entre diferentes objetos
em um cenário
Percepção visual
 FUNÇÕES VISUAIS PRIMÁRIAS

• Acuidade visual

• Sensibilidade ao contraste

• Percepção cromática

• Esteropsia

• Campo Visual
 FUNÇÕES VISUAIS – neuropsicologia

• Reconhecimento

• Discriminação

• Escaneamento espacial

• Análise e síntese de

informações visuais
 AGNOSIA
A= sem Gnosis= conhecimento
• Perda da capacidade de reconhecer um estímulo
• Preservação da capacidade de detecção do
estímulo

Déficit não pode ser atribuído a:

• Distúrbios Atencionais
• Déficits de Nomeação
 AGNOSIA

• O termo agnosia visual restringe-se aos indivíduos que

demonstram problemas no reconhecimento de objetos,
apesar do fato de que a informação visual continua a ser
registrada no nível cortical

• Lesão das áreas associativas - a percepção do estímulo está

preservada, porém, há o comprometimento do seu
reconhecimento e suas características
 Subtipos: Agnosia Aperceptiva

• Déficit na operação das análises perceptivas superiores

• Nestes pacientes, os problemas perceptivos são sutis

• Um paciente com agnosia aperceptiva pode reconhecer

um objeto quando o vê de uma perspectiva típica, mas se
a orientação não é comum a ele ou o objeto está na
sombra, o reconhecimento se deteriora
Subtipos: Agnosia Aperceptiva
 Agnosia Associativa

• Tipo de agnosia em que há dificuldade em ligar a

representação perceptiva com o conhecimento de
longa duração de suas percepções (plano semântico)

• O paciente pode identificar que duas gravuras são o

mesmo objeto, mas falha em demonstrar uma
compreensão de sua utilidade e onde pode ser
encontrado
Agnosia Associativa
Agnosia Aperceptiva Agnosia Associativa

Erros visuais Erros semânticos

 Agnosia Integrativa
• Déficits de reconhecimento de objetos devido a falha em
agrupar e integrar as partes componentes de um todo
coerente

• Dificuldades em identificar desenhos sobrepostos

• Mais facilidade com silhuetas do que com traços

desordenados

• Falha ao identificar formas a partir de contornos subjetivos

• Dificuldades com figura e fundo

 Agnosia para cores: Acromatopsia

▪ Nas formas mais graves o paciente enxerga o mundo em preto e

branco ou em gradações de cinza, enquanto em casos mais leves
as cores aparecem desbotadas, como a combinação de duas
cores ou como sendo vistas através de um filtro (Teste de
Ishihara)
 Agnosia para cores: Acromatopsia

Teste de Ishihara (cont.)

 Prosopagnosia

Déficit na habilidade de reconhecer faces

Déficits sutis podem passar desapercebidos
contribuindo para dificuldades na locomoção, na
identificação correta de elementos do ambiente

Testes:
Negligência espacial - Bells Cancellation Test
Percepção de figuras isoladas - CF, escala Wechsler
Síntese visual - Hooper
Bells cancellation test
 Bells cancellation test
COLOCAR A FOLHA AO CENTRO DO PACIENTE:
Instrução: “Sua tarefa consiste em circular a lápis todos os sinos
que você puder encontrar nesta folha. Comece quando eu
disser “VAI” e pare quando você circular todos os sinos”

Se o paciente para antes de todos os sinos serem circulados, o

examinador fornece o seguinte lembrete UMA VEZ: “Você tem
certeza que todos os sinos estão circulados agora? Por favor,
olhe de novo”

Aplicação: 1 a 5 minutos
Completar Figuras – WAIS-III
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Funções Visuais de Luria
Praxia e Visuoconstrução
 Comportamento motor

Importante considerar: não podemos estudar a percepção, a

atenção e a memória de maneira isolada; a ação motora final
tem várias implicações cognitivas

A ação efetiva é o objetivo final de todos os

processamentos internos. Assim, a aprendizagem
motora e o controle motor assumem um papel
crucial na produção de movimentos intencionais
 Praxia e visoconstrução
• Habilidades que permitem executar ações voltadas a um fim
num plano concreto por meio da atividade motora

• Capacidade de realizar atos voluntários no plano prático

– Vestir-se, escovar os dentes, pentear os cabelos
 Praxia

Capacidade de executar movimentos ou

gestos de maneira precisa, intencional,
coordenada e organizada com vistas à
obtenção de um fim ou resultado
específico
 Apraxia
• Dificuldades para realizar movimentos sob comando
verbal ou por imitação, mas pode vir a executar os
mesmos movimentos de maneira adequada em
situações nas quais isto é automático

• Problemas no uso de ferramentas

 Avaliação das apraxias
• Segundo Wheaton e Hallet (2007) a avaliação completa da
praxia deveria envolver os seguintes aspectos:

1. Uso de ferramenta: gesto sob comando verbal; imitação;

performance vendo a ferramenta; performance com a ferramenta

2. Exame de gestos: imitação, performance real (dar tchau ao ver

uma cena que eliciasse tal gesto)

3. Performance de gestos sem sentido

4. Tarefas de seleção de ferramentas sob comando verbal

 Avaliação das apraxias

• Identificação de apraxias pela observação do paciente

em seu ambiente natural

• Os critérios para estabelecer a presença, o tipo e a

gravidade da apraxia ainda não estão claros
 Apraxia
ideomotora
NA PRÁTICA CLÍNICA É MUIO
DIFÍCIL DIFERENCIÁ-LAS
Prejuízo na realização de gestos
simples ou simbólicos (dar tchau,
mandar um beijo), em que o plano
ideatório do ato motor não está
afetado
O paciente sabe o que fazer, mas é
incapaz de fazê-lo de forma
intencional (dificuldade de seguir a
ordem)
Apraxia
ideatória
Incapacidade de realizar uma
sequência lógica e harmoniosa de
gestos de um ato complexo.
Falha no uso de objetos cotidianos.
Dificuldades para sequenciar
movimentos de acordo com uma
ordem apropriada
 Avaliação das apraxias

Apraxia da marcha

• Déficit na marcha, lentificação, pequenos passos,

arrastados e hesitantes, às vezes com pausa. Piora
progressiva (como se os pés estivessem colados no
chão)

• Não pode ser explicado por fraqueza ou falta de

coordenação motora
 Avaliação das apraxias
Apraxia do vestir

• Incapacidade de orientar peças de vestuário em

relação ao corpo, distúrbios gnósicos do esquema
corporal

• Nas formas mais intensas, o paciente não consegue

colocar a própria camisa
Vídeo 4:05
 Avaliação das apraxias

Apraxia ideomotora

• Prejuízo da realização de gestos simples ou simbólicos (ex.: dar

tchau, mandar um beijo); o plano ideatório do ato motor não
está afetado
• O paciente saber o que fazer, mas mostra-se incapaz de fazê-lo
de forma intencional
 Avaliação das apraxias

Apraxia ideomotora

• Nota-se que ele pode realizar esses movimentos

de modo automatizado, porém, sob comando
de fazer o sinal da cruz, é incapaz de realizar. Faz
apenas de maneira automática caso entrasse
em uma igreja
 Avaliação das apraxias

Apraxia ideatória

• Há na literatura duas perspectivas acerca da praxia ideatória:

1. Inabilidade para a realização de uma sequencia lógica e

harmoniosa de um gesto complexo. O paciente apresenta
dificuldade para sequenciar os movimentos de acordo com
uma ordem apropriada
 Avaliação das apraxias

Apraxia ideatória

• Porém, cada etapa poderia ser realizada separadamente

• Na tentativa de execução de toda a ação proposta seriam

observados erros por omissão e/ou troca de etapas

• Na clínica, esses aspectos seriam evidenciados se

solicitássemos que tentasse acender um cigarro com um
fósforo, colocasse na boca e tragasse
Comum em doenças degenerativas, como
a demência do tipo Alzheimer
 Avaliação das apraxias

Apraxia ideatória

2. Dificuldade na utilização específica de objetos em função de

prejuízo no sistema de praxia conceitual do gesto, a “apraxia
conceitual”

– Falhas no uso de objetos cotidianos

 Avaliação das apraxias

Apraxia mielocinética

• Dificuldade de realização de movimentos finos

• A velocidade e a precisão do movimento encontram-se

prejudicados, independentemente da complexidade dos
gestos realizados

• Na prática, pode ser identificada na mímica, tornando-se

mais evidente quando se testam os movimentos distais
(longe do tronco), em especial os mais rápidos
 Avaliação das apraxias
Apraxia bucofacial
• Incapacidade de realizar um ato motor voluntário que envolva a
região da face, língua, mandíbula e faringe na ausência de
alterações do tônus, dificuldade de compreensão ou
desatenção

• O sujeito não consegue realizar movimentos voluntários da

deglutição e da língua e não responde ao comando de gestos
faciais (ex.: lamber os lábios)

• Em contrapartida, apresentam eficiência na realização de gestos

automatizados, tais como recolher as migalhas de uma alimento
nos lábios com a língua
 Avaliação das habilidades visuoconstrutivas
• O mau desempenho em tarefas utilizadas para detectar
esse tipo de dificuldade pode ocorrer por diversos
fatores:

o Realização dessa tarefas depende de acuidade visual,

capacidade de perceber os vários elementos do modelo e suas
relações espaciais e habilidade motora adequada

o Não existe uma bateria neuropsicológica única para avaliação

das habilidades visuoconstrutivas

o Cabe ao neuropsicólogos escolher dentre uma gama de testes

aqueles que melhor se adaptam ao seu paciente e a dúvida
diagnóstica
 Avaliação das habilidades visuoconstrutivas

Atividades gráficas

• Podem ser examinadas por meio de desenhos e de cópias

de figuras

• A interpretação deve considerar que algumas pessoas

conseguem fazer uma cópia adequada, mas não
conseguem fazer um desenho livre

• Em idosos este quadro é geralmente observado, fazendo-se

notar uma tendência à simplificação dos desenhos livres
conforme o avanço da idade
 Avaliação das habilidades visuoconstrutivas

Atividades gráficas:
a) Espontâneas

Teste Autor Descrição

Casa, Bicicleta e Lezak, 1995 Desenho à mão-livre de
Margarida uma casa, uma bicicleta e
uma margarida
Desenho do Relógio Borod et al., 1980 Solicita-se o desenho da
Goodglass e Kaplan, 1983 face de um relógio
Figura Humana - Observar a capacidade de
planejamento da construção
da figura, as omissões e
distorções realizadas
 Avaliação das habilidades visuoconstrutivas

Atividades gráficas:
b) Cópia

Teste Autor Descrição

Figura complexa de Rey Rey, 1941 Cópia de uma figura complexa da
melhor forma possível e mantendo o
maior número de detalhes
Cubo de Necker Capacidade de cópia de figura
tridimensional
Teste Gestáltico de Bender, Cópia de nove figuras sem significado,
Bender 1938 com diferentes formas, ângulos e,
portanto, níveis de dificuldade
Figura Complexa de Rey
Figura Complexa de Rey
 Teste do Relógio

• Comando: Pedir ao paciente para fazer um relógio, fazendo um

círculo e colocando os números na posição correta, sem olhar no
relógio dele. Assim que terminar peça para colocar os ponteiros
marcando 10 minutos para as 2 horas

• Tempo: Não tem tempo determinado

• Avaliação: Percepção visual, praxia de construção, disfunção do

hemisfério direito com negligencia a esquerda, relógio muito
pequeno indica falta de planejamento e números em lugares
inadequados indicam déficit executivo
Teste do Relógio
 Teste do Relógio

Comando: “Eu gostaria que você desenhasse a face de

um relógio com todos os números. Faça num
tamanho grande”

Depois de completado o relógio, solicitar:

“Agora, marque o horário 11h10min., colocando os
ponteiros”
 Cópia de Formas
• 0 a 2 anos
• 2 a 3 anos

• 3 a 4 anos
• 4 a 5 anos
 Cópia de Formas
• 5 a 6 anos
• 6 a 7 anos

• 7 a 8 anos
Cópia de Formas - Exemplo
 Avaliação das habilidades visuoconstrutivas

Atividades construtivas: paciente é solicitado a montar

modelos propostos pelo examinador, com diferentes
materiais.

Teste Autor Descrição

Cubos (WAIS-III e WISC-IV Wechsler, Construção com cubos de figuras
1992 tridimensionais a partir de modelos
bidimensionais

Armar Objetos (WAIS-III e Wechsler, Juntar peças de um quebra-cabeça para

WISC-III) 1992 montar uma figura com significado
Armar Objetos (Escala Wechsler - Adulto)
Cubos (Escala Wechsler)
 Considerações

Na prática clínica, em algumas situações devemos

responder a uma hipótese diagnóstica de apraxia por
meio da avaliação neuropsicológica

Nessas situações devemos ter cautela e garantir uma

avaliação neuropsicológica compreensiva, de maneira
a desvelar em qual momento ou etapa da atividade as
dificuldades do sujeito aparecem
• Exemplos:

- Habilidades visuoperceptivas: paciente com uma

heminegligência que não percebe nenhum estímulo
visual no campo esquerdo de sua visão e devido a
essa falha omite o lado esquerdo de uma figura na
hora de realizar sua cópia

- Habilidades motoras: indivíduo com um

comprometimento motor grave e que, portanto, não
consegue realizar atividades gráficas ou construtivas
• Exemplos:

- Funções executivas: Um paciente com uma disfunção

executiva impactante com grande dificuldade na
programação do ato motor e que, devido a esse
prejuízo, não consegue realizar uma atividade de
montagem de quebra-cabeça. No caso, seria
dificuldade de planejar o passo a passo da atividade
que impediria a finalização da tarefa
• Em geral, distúrbios de praxia e das habilidades
visuoconstrutivas não são os principais motivos da
queixa do paciente que é encaminhado para a
avaliação neuropsicológica, a não ser em casos
extremos (ex.: dispraxias graves)

• Porém, uma avaliação compreensiva que aborde

essas funções pode revelar dificuldades sutis que
provavelmente prejudicam a QV desses pacientes
Dúvidas?
 Obrigada!
lucianesimonetti29@gmail.com