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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
2 PRINCÍPIOS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
2.1 HISTÓRICO DA NEUROPSICOLOGIA
2.2 A PRÁTICA CLÍNICA DA NEUROPSICOLOGIA HOJE
2.3 OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
MÓDULO II
3 FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
3.1 BASES ANATÔMICO-FUNCIONAIS DAS FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
3.2 MEMÓRIA E APRENDIZAGEM
3.3 ATENÇÃO
3.4 FUNÇÕES EXECUTIVAS
3.5 RACIOCÍNIO E LINGUAGEM
3.6 PERCEPÇÃO E FUNÇÕES VISUOESPACIAIS E CONSTRUTIVAS
MÓDULO III
1 INTRODUÇÃO
2 PRINCÍPIOS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
2.1 HISTÓRICO DA NEUROPSICOLOGIA
2.2 A PRÁTICA CLÍNICA DA NEUROPSICOLOGIA HOJE
2.3 OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
MÓDULO II
3 FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
3.1 BASES ANATÔMICO-FUNCIONAIS DAS FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
3.2 MEMÓRIA E APRENDIZAGEM
3.3 ATENÇÃO
3.4 FUNÇÕES EXECUTIVAS
3.5 RACIOCÍNIO E LINGUAGEM
3.6 PERCEPÇÃO E FUNÇÕES VISUOESPACIAIS E CONSTRUTIVAS
MÓDULO III
4 BATERIAS DE TESTES BÁSICOS E ESPECÍFICOS
4.1 TESTES PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO GLOBAL
4.1.1 Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN)
4.1.2 Miniexame do Estado Mental (MEEM)
4.1.3 Clinical Dementia Rating (CDR)
4.2 TESTES DE INTELIGÊNCIA
4.2.1 Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III)
4.2.1.1 Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI)
4.2.2 Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV)
4.2.3 Teste de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV)
4.3 TESTES DE MEMÓRIA E APRENDIZAGEM
4.3.1 Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey (RAVLT)
4.3.2 Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD
4.3.3 Teste de Memória de Figuras
4.3.4 Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR)
4.4 TESTES DE ATENÇÃO
4.4.1 Teste de Atenção por Cancelamento
4.4.2 D-2 Teste de Atenção Concentrada
4.4.3 Teste de Trilhas
4.5 TESTES DO FUNCIONAMENTO EXECUTIVO
4.5.1 Teste do Desenho do Relógio (TDR)
4.5.2 Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST)
4.5.3 Torre de Hanói, Torre de Londres e Torre de Toronto
4.6 TESTES DE RACIOCÍNIO E LINGUAGEM
4.6.2 Teste de Nomeação de Boston (versão reduzida)
4.6.3 Teste de Provérbios
4.6.4 Testes de Leitura e Escrita
4.7 TESTES DE PERCEPÇÃO E DO FUNCIONAMENTO VISUOCONSTRUTIVO
4.7.1 Teste de Praxia Construtiva da bateria CERAD
4.7.2 Figuras Complexas de Rey
4.7.3 Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender – Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG)
4.7.4 Subteste Cubos do WAIS
4.7.5 Subteste Quebra-Cabeça do WISC
5 AVALIAÇÃO DO HUMOR, COMPORTAMENTO E FUNCIONAMENTO
ADAPTATIVO
5.1 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE DEPRESSÃO
5.1.1 Inventário de Depressão de Beck (BDI)
5.1.2 International Neuropsychyatric Interview (MINI)
5.1.3 Escala de Depressão Geriátrica (EDG)
5.2 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE ANSIEDADE
5.2.1 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)
5.2.2 Escala de Ansiedade de Hamilton
5.2.3 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD)
5.3 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL
5.3.1 Índice de Katz para Atividades Básicas da Vida Diária
5.3.2 Functional Activities Questionnaire (FAQ)
5.3.3 Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária
5.3.4 Informat Questionnaire of Cognitive Decline of the Elderly (IQCODE)
MÓDULO IV
6 DESORDENS COGNITIVAS
6.1 DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA
6.1.1 Amnésia
6.1.2 Síndrome de Korsakoff
6.1.3 Comprometimento ou cognitivo leve (CCL)
6.1.4 Síndrome demencial
6.2 DISTÚRBIOS ATENCIONAIS
6.2.1 Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Distu´rbio do
De´ficit de Atenc¸a~o (DDA)
6.3 DISFUNÇÃO EXECUTIVA
6.3.1 Síndromes disexecutivas
6.3.2 Demências frontotemporais (DFTs)
6.4 DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM
6.4.1 Afasias
6.5 DESORDENS VISUOESPACIAIS E CONSTRUTIVA
7 INTRODUÇÃO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
7.1 OBJETIVO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
7.2 ORIENTAÇÕES À FAMÍLIA DO PACIENTE E O ENCAMINHAMENTO PARA
REABILITAÇÃO
8 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MÓDULO 1
O coração também já foi tido como o centro da mente ou da alma humana. Essa
ideia ficou conhecida como hipótese cardíaca.
Ainda hoje, ouvimos popularmente expressões coerentes com esta ideia, como, por
exemplo, quando dizemos “fazer o que o coração manda”.
No período grego clássico, muitos filósofos buscaram explicar a relação corpo e alma.
Platão (428-348 a.C.) explicava que o corpo era a instância material, perene e mutável
do homem enquanto a alma era a imaterial, a eterna, imutável.
Hipotese Cerebral
1) cada região cerebral pode ser entendida como um “órgão” que comanda determinada
atividade mental ou comportamental específica;
A frenologia foi criticada pela comunidade científica porque seus pressupostos não
foram comprovados. Um grande opositor de Gall foi Flourens (1794-1867), um
fisiologista que estudava o cérebro de animais e percebeu que alguns
comprometimentos em determinadas regiões cerebrais não resultavam em danos
permanentes. Em seu estudo com pássaros observou que, independente do local
lesionado, o animal poderia restabelecer o padrão de funcionamento, pois não era a
região lesionada e sim a extensão da lesão que dificultava a recuperação. Suas
conclusões o fizeram defender as ideias de que qualquer região cerebral poderia assumir
as funções de outra área em caso de lesão e que, portanto, o cérebro funcionaria como
um todo no qual todas as partes estariam envolvidas em todos os comportamentos
(GAZZANIGA et al., 2006).
Outro opositor das ideias localizacionistas e defensor das propostas de Flourens foi Karl
Lashley (1890-1958), que apresentou os princípios da “ação de massa” em referência a
ideia de que seria a quantidade de material lesionado que determinaria os prejuízos
funcionais e comportamentais e o princípio da “equipotencialidade” em referência a
possibilidade de diferentes regiões cerebrais poderem exercer a mesma função. Lashey
fez experimentos com ratos em labirintos e mostrou que os animais conseguiam
executar a tarefa de encontrar a saída mesmo após lesão em determinadas áreas
cerebrais. Sua conclusão sobre estes resultados era que para aprender a se locomover o
animal utilizava funções visuais e proprioceptivas, então a lesão em somente uma destas
áreas era compensada com uso da área preservada.
O Mapa Frenológico
O principal resultado da teoria de Gall foi o tipo de gráfico do crânio, o qual mapeava as
regiões onde as protusões e depressões relacionadas a 37 faculdades poderiam ser
palpadas, medidas e diagnosticadas. Este era um excelente dispositivo para praticantes,
e foi amplamente usado.
A barra atingiu o olho esquerdo e atravessou a parte frontal do cérebro. Apesar disto,
Phineas sobreviveu, aparentemente, sem sequelas motoras e cognitivas, mas com
alteração significativa em sua personalidade, comportando-se de forma oposta ao que
costumava fazer antes do acidente. Essa sequela tão específica em uma lesão tão grave
gerou interesse dos estudiosos em neurociências.
O curioso caso de Phineas Gage
Um 13 de setembro de 1848, como quase todo dia, o jovem Phineas Gage, de 25 anos,
saiu de casa para o trabalho.
Mas já não era Phineas Gage. A descrição do acidente e sua vida posterior constam de
relatos apresentados por seus médicos. De acordo com um deles, Phineas conservou
todas sua faculdades intelectuais. Salvo a perda do olho e a cicatriz, nada parecia indicar
a gravidade do seu acidente. Sem problemas de memória, os cinco sentidos perfeitos,
movimentos em ordem, conversa fluente, inteligência normal... Mas foi sua esposa e
outra pessoas próximas que notaram alterações dramáticas em sua personalidade. Seu
médico descreve, “Seus chefes, que o consideravam o trabalhador mais eficiente e capaz
antes do acidente, disseram que as mudanças que tinha sofrido eram tão marcantes que
não poderiam lhe devolver seu antigo emprego. Era agora instável e irreverente, capaz
das condutas e blasfêmias mais grosseiras, mostrando escasso respeito pelos sus
semelhantes, impaciente, incapaz de escutar qualquer conselho que se opusesse aos seus
desejos. Também se mostrava insistentemente obstinado, teimoso e ao mesmo tempo
vacilante, imerso em muitos planos para o futuro mas, sendo incapaz de continuar uma
tarefa demasiado longa, mudava-os constantemente. Em virtude destas mudanças, seus
amigos e familiares concluíram que Gage “não era mais Gage”.”
Sem emprego, esposa ou amigos, Phineas decidiu ganhar dinheiro com sua desgraça,
exibindo-se com sua barra de ferro em cidades dos Estados Unidos e -provavelmente-
Europa. Posteriormente trabalhou como instrutor e condutor de carruagens, mudando
para o Chile e lá vivendo por sete anos. Com problemas de saúde, voltou à casa materna
nos Estados Unidos, onde morreu no dia 20 de maio de 1860, treze anos após o
acidente, devido a complicações provocadas por ataques epilépticos.
Em 1867, o corpo de Gage foi exumado e o crânio junto com a barra de ferro são
exibidos hoje em uma sala especial no museu da Faculdade de Medicina de Harvard.
Crânio e barra de ferro de Phineas, no museu da Faculdade de Medicina de Harvard
Mais de 150 anos após o acidente, a neurociência tem uma explicação aproximada sobre
o que aconteceu com Phineas. Sabemos hoje que a região mais anterior do cérebro é
responsável pela nossa capacidade de planejamento, a fundamental capacidade de
prever o que vai acontecer caso façamos isto ou aquilo. Assim, nos ajuda a tomar a
decisão correta, às vezes até de forma não consciente.
O curioso caso de Phineas Gage pode não ser como “O curioso caso de Benjamin
Button”, mas nos mostra que quando nos permitimos admirar todo o drama e o
deslumbramento da vida através dos olhos perscrutadores de ciência, o panorama que se
apresenta pode ser tão interessante -e certamente mais real- quanto a mais premiada
história de Hollywood.
No início do século XX, o interesse em explicar as funções mais complexas foi
crescente e a noção de que as diversas áreas cerebrais estavam interligas foi ganhando
espaço. Em 1940, Walter Hess defendeu a ideia de que o número de estruturas cerebrais
envolvidas para realização de uma atividade seria proporcional à sua complexidade.
James Papez e Paul MacLean ampliavam o conhecimento sobre o sistema límbico,
explicando sobre a existência de um conjunto de estruturas cerebrais interconectadas
para que fossem processados os conteúdos emocionais (COSENZA et al., 2008).
Neste mesmo período, o médico William Scoville descreveu o caso clínico do paciente
“H. M.”, que ficou amplamente conhecido na literatura como uma das primeiras
evidências de que os processos de memória e aprendizagem dependiam de
diversificadas áreas cerebrais e de suas conexões. Trata-se de um paciente epiléptico
que, após cirurgia para remover seu hipocampo e amígdalas, tornou-se incapaz de
aprender novas informações.
Este é um conceito central na área da neurociência atual, sobre o qual muitos cientistas
se debruçam na busca de inovações. A grande contribuição de Luria para as técnicas
utilizadas hoje na área da neuropsicologia, tanto no âmbito da avaliação quanto da
reabilitação, faz com que ele seja considerado por alguns como o pai da
neuropsicologia. Luria argumentava que apenas funções mais simples poderiam ser
localizadas e que funções complexas são executadas a partir de “sistemas funcionais”,
ou seja, grande parte dos processos mentais demandam sistemas que atuam em
conjunto, independente se áreas envolvidas estão localizadas em partes diferentes ou
mesmo distantes do cérebro.
Camargo et al. (2008) enumeraram diferentes objetivos para os quais uma avaliação
neuropsicológica pode ser solicitada, a saber:
Auxílio diagnóstico;
Prognóstico;
Orientação para o tratamento;
Perícia.
Por exemplo, em casos de pacientes idosos com prejuízos cognitivos cujos resultados
dos exames de neuroimagem e dos testes laboratoriais são insatisfatórios para explicar
as causas dos prejuízos que poderiam ser decorrentes de um quadro depressivo ou de
uma síndrome demencial em fase inicial.
Além da escolha dos testes, existem condições situacionais que podem interferir na
testagem e, portanto, precisam ser controladas. São exemplos:
- Interesses pessoais;
A investigação destes fatores pode ser incluída como parte do roteiro de avaliação
neuropsicológica. Trata-se de informações que podem ser facilmente obtidas, por meio
de entrevista semiestruturada, com o próprio paciente ou com um informante quando
houver prejuízos que incapacitem o próprio paciente de fornecê-las. Estas informações
adicionais podem complementar o relatório de avaliação, principalmente, quando o
objetivo é o de fornecer suporte para elaboração de um programa de reabilitação
neuropsicológica que visa à recuperação do desempenho cognitivo global ou específico.
MODULO II
3. FUNCOES NEUROPSICOLÓGICAS
Contudo, nem toda informação precisa ser armazenada por longo período de
tempo. A memória de curto prazo corresponde à capacidade de manter alguma
informação consciente durante um pequeno intervalo de tempo e memória de
longo prazo implica no armazenamento ilimitado de informações que são
armazenadas por longo período de tempo.
3.3ATENCAO
Sternberg e Osório (2000) definiram a atenção como “fenômeno pelo qual o ser humano
processa ativamente uma quantidade limitada de informações de enorme montante de
informações disponíveis através dos órgãos dos sentidos, de memórias armazenadas e de
outros processos cognitivos”.