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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Campus São Gabriel


Curso de Psicologia
Disciplina: Neuropsicologia

INTRODUÇÃO À
NEUROPSICOLOGIA
Prof. Ms. Mirelle França Michalick Triginelli
Surgimento
• Segunda metade do século XIX quando
neurologistas e psiquiatras europeus e norte-
americanos começaram a estudar
sistematicamente o sistema nervoso.
• Partiu de observações clínicas que
demonstraram que lesões em determinadas
regiões do cérebro se correlacionavam com
certas alterações do comportamento e da
cognição.
(Haase, 2009)
O que é Neuropsicologia?
• Neurociência interdisciplinar

Psicologia Medicina

NEUROPSICOLOGIA

Fisiologia
Objeto de Estudo

Sistema nervoso central

Comportamento e
funções cognitivas
Método
Correlação anatomoclínica ou
correlação estrutura função

Os achados sobre o comportamento e a


atividade cognitiva do paciente são
correlacionados com modelos de localização
funcional no cérebro
Aspectos metodológicos

• Os procedimentos são padronizados e capazes


de descrever como capacidades e habilidades
mentais se comportam após algum tipo de lesão
cerebral.
• Ao longo dos anos, esteve estruturada sobre o
estudo de casos únicos, dependente de uma
observação cuidadosa do comportamento
exibido pelo paciente.
Objetivos
• Localizar a lesão em termos de um
modelo de correlação estrutura-função.
• Obter informações sobre o perfil de
funções comprometidas e preservadas
para orientar o processo de reabilitação.
Formação para atuação do neuropsicólogo
• É bastante complexa.
• Está fundamentada em um tripé de
conhecimentos:
1. Medicina: principalmente neurologia, psiquiatria
e epidemiologia clínica;
2. Correlação estrutura-função e modelos de
processamento de informação;
3. Ciências sociais, comportamentais,
desenvolvimento humano e reabilitação.
Formação
• Cada área profissional tem seu próprio sistema
de formação.
• “ A complexidade do tema, a responsabilidade
e as implicações éticas, bem como a natureza
investigativa dos procedimentos
neuropsicológicos, sugerem, entretanto, que o
ideal é uma formação acadêmica em nível de
doutorado ou pelo menos de mestrado”.
(Haase, 2009)
Atuação do neuropsicólogo
1) Avaliação 2) Reabilitação
Neuropsicológica

de conseqüências das disfunções do


sistema nervoso, sejam elas adquiridas
ou decorrentes do seu funcionamento
anormal
O que é Neuropsicologia?
Ciência que ocupa-se da localização do
substrato anatômico das funções cognitivas, a
partir do desempenho observado em
indivíduos acometidos por danos cerebrais.
Estudo das conseqüências cognitivas e
comportamentais de lesões e disfunções
cerebrais.
Pressupostos teóricos
• Doutrina da localização cerebral das
funções mentais
• Processos psicológicos podem ser
investigados por exames não-invasivos –
testes, inventários e questionários ou por
estudos comparativos transculturais.
Neuropsicologia no Brasil
• Área em alta expansão.
• Literatura de qualidade em português começa a
aparecer nos últimos anos.
• Resolução 002/2004 do Conselho Federal de
Psicologia regulamenta a prática da
neuropsicologia – diagnóstico, acompanhamento,
reabilitação e pesquisa – como especialidade em
psicologia e reconhece, através de registro e
titulação, os profissionais especializados nestes
campos de atuação.
Neuropsicologia Clínica

Área voltada para diagnóstico e


reabilitação das conseqüências
comportamentais e cognitivas de lesões e
disfunções cerebrais.
Diagnóstico - Objetivos
• Localização dos eventuais déficits;
• Caracterização do perfil de
desempenho do paciente em termos de
funções comprometidas e preservadas.
• Importante para reabilitação e
orientação de processo educacional.
• Pode contribuir para esclarecimento do
diagnóstico e etiologia.
Diagnóstico - Enfoques

• Nomotético: comparação com dados


normativos populacional;
• Idiográfico: utilização de controles
quase-experimentais para observação e
mensuração do comportamento de
pacientes individuais.
Diagnóstico neuropsicológico

1. Diagnóstico funcional
2. Diagnóstico topográfico
3. Diagnóstico nosológico
4. Diagnóstico ecológico
1 – Diagnóstico funcional
• Descrição de sinais e sintomas e, eventualmente
da caracterização de uma síndrome ou padrão
de dissociação funcional.
1. Sinais e sintomas: anamnese e exame físico.
2. Diagnóstico sindrômico: conjunto de sinais e
sintomas que co-ocorrem com maior
frequência do que o acaso.
3. Dissociação funcional: dissociação entre
funções comprometidas e preservadas.
1 – Diagnóstico funcional

Determinação do grau de incapacidade do


paciente e a natureza temporária ou
permanente da mesma.

Uso de métodos neuropsicológicos.


2 – Diagnóstico topográfico
• Localização das lesões, ou seja, localização de
parte(s) do sistema nervoso afetada(s). São
verificados três eixos:
a) vertical (cortical e subcortical)
b) látero-lateral
c) ântero-posterior
• Na maioria das vezes é feita de modo virtual e
não in vivo.
• Importância de um sistema nervoso
conceitual”
3 – Diagnóstico nosológico

• Correlação do padrão de associação ou


dissociação funcional com uma etiologia,
prognóstico ou resposta ao tratamento.
• Utilização de manuais de classificação de
doenças:
• CID-10
• DSM-IV
4 – Diagnóstico ecológico

• Avaliação do impacto do transtorno sobre o


funcionamento adaptativo psicossocial do
paciente.
• Percepções do paciente sobre qualidade de
vida e participação familiar, social e
profissional/acadêmica.
Reabilitação neurológica

• Trata da prevenção terciária: diz respeito à


independência funcional, qualidade de vida e
adaptação psicossocial.
• Envolve, idealmente, equipe multiprofisional.
• Há necessidade de tomada de decisões,
estabelecendo prioridades: recursos limitados.
Reabilitação neurológica

1. Envolvimento e treinamento da família;


2. Consideração de aspectos psicossociais
relacionados à adaptação subjetiva do
paciente.
3. Desenvolvimento de uma atitude estratégica
como modo de enfrentamento e
compensação dos déficits apresentados.
Recuperação funcional vs. Compensação

Recuperação Compensação
Conceito Cura Compensação
Forma Treinamento funcional Trein. de estratégias
Objetivo Normalização funcional Melhoria da capacidade de
ação
Indicação Fases precoces / crianças Adultos
Avaliação Testes neuropsicológicos Escalas funcionais
Aval. comportamental
Métodos Treino Estratégias / Apoio social
Medicação Modificação no ambiente
Foco Deficiências Funções preservadas
Neuropsicologia do Desenvolvimento
Aplicação do ponto de vista do desenvolvimento
ao estudo da neuropsicologia.
Estuda os transtornos do desenvolvimento.

Transtorno do desenvolvimento:
Patologia que se origina de perturbações (genéticas
ou adquiridas) do desenvolvimento cerebral,
interferindo com o desenvolvimento psicológico
normal.
Neuropsicologia do Desenvolvimento

Objetos de estudo:
1. Conseqüências cognitivas e
comportamentais das lesões e
disfunções cerebrais da infância;
2. Doenças cujos sintomas aparecem na
adolescência, idade adulta ou velhice.
Neuropsicologia do Desenvolvimento
1. Existe uma relação geral entre crescimento e
envelhecimento cerebral e mudanças no
comportamento;
2. Existem fatores diferenciais que afetam o
crescimento e o envelhecimento cerebral e
que podem explicar diferenças individuais
na determinação cerebral do
comportamento;
Neuropsicologia do Desenvolvimento
3. A maturação ou envelhecimento cerebral
impõe restrições sobre o desenvolvimento
psicológico.
4. O cérebro em desenvolvimento é diferente
do cérebro adulto.
Transtornos estudados frequentemente
pela Neuropsicologia
1. Transtorno do Déficit de Atenção /
Hiperatividade
2. Transtornos Abrangentes do
Desenvolvimento
3. Dislexia de Desenvolvimento
4. Transtorno Desafiante Opositor
5. Transtorno de Conduta
Transtornos estudados frequentemente
pela Neuropsicologia
6. Esclerose múltipla
7. Depressão maior
8. Parkinson
9. Demência de Alzheimer
Referências Bibliográficas
Bear, M.F., Conors, B.W & Paradiso, M.A. Introdução às neurociências. In
Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2002.
Cosenza, R. M.; Fuentes, D.; Malloy-Diniz, L. F. A evolução das idéias sobre a
relação entre cérebro, comportamento e cognição. In: Fuentes, D.; Malloy-
Diniz, L. F.; Camargo, C. H. P.; Cosenza, R. M. e cols. Neuropsicologia:
teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Haase, V.G. Neuropsicologia do desenvolvimento: um enfoque clínico. In: Haase,
V.G, Ferreira, F.O. e Penna, F.J. Aspectos biopsicossociais da saúde na
infância e adolescência. Belo Horizonte: COOPMED, 2009.
Haase, V.G. e cols. Correlação estrutura-função no diagnóstico neuropsicológico.
In. Ortiz, K.Z. Avaliação neuropsicológica: panorama interdisciplinar dos
estudos na normatização e validação de instrumentos no Brasil. São Paulo:
Vetor, 2008.
Haase, V.G. Correlação anátomo-clínica em neuropsicologia do desenvolvimento.
In. Haase, V.G e colaboradores. Psicologia do desenvolvimento:
contribuições interdisciplinares. Belo Horizonte: Ed Health, 2001.

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