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PRINCÍPIOS PARA ELABORAÇÃO DE Ana Carolina Cruz

LAUDO NEUROPSICOLÓGICO INAP


O laudo neuropsicológico é uma apresentação
descritiva acerca da situação e/ou condições
neuropsicológicas (cognição, emoção e comportamento)
do cliente e suas determinações históricas, sociais,
políticas e culturais, pesquisadas/estimuladas no
processo de avaliação/reabilitação.

Como todo documento,deve ser subsidiado em dados


colhidos e analisados à luz de um instrumental técnico
(entrevistas, testes psicológicos/neuropsicológicos,
observação clínica, exame psíquico), consubstanciado
em referencial teórico-técnico.
(ZIMMERMANN, 2016)
Deve atender às normas técnicas estabelecidas
pelo CFP para a elaboração de documentos,
constante na Resolução n. 6 de 29 de março de
2019.
TIPOS

• Individual tradicional
•Laudo de equipe
•Síntese neuropsicológica (evoluções hospitalares,
pareceres, etc)
•Laudo de reavaliação/acompanhamento neuropsicológico
•Laudo de evolução e/ou desfecho de intervenção
neuropsicológica
OBJETIVO/ FINALIDADE

• Esclarecer todo o processo de avaliação (desde


a demanda, instrumentos utilizados, resultados,
interpretação e conclusões)

• Responder a uma pergunta de encaminhamento


a fim de auxiliar no diagnóstico, planejamento e
intervenções terapêuticas.
O laudo neuropsicológico resume os dados da
administração dos testes, integram informações
qualitativas relevantes e abordam diretamente as
questões levantadas.

Como é um documento que informa a tomada de


decisão e permanece por anos nos registros acadêmicos,
médicos e/ou psicológicos, ele deve estar bem escrito.
FOCO DO LAUDO
PESSOA X PROBLEMA

Independente do tipo de laudo, o foco deve ser na pessoa


avaliada e as queixas apresentadas.

As pontuações e escores não devem ser o ponto central.

➢LEMBRAR SEMPRE !! – o solicitante não está interessado nas


pontuações em si, mas no que elas significam em relação ao
funcionamento intelectual, cognitivo ou acadêmico do
indivíduo.
NÍVEIS DE ITERPRETAÇÃO CLÍNICA
1) CONCRETO:
• Não extraem conclusões.
• A ênfase é colocada na descrição das várias
pontuações obtidas.

2) MECÂNICO:
• Incidem sobre as diferenças entre os subtestes e as
pontuações dos fatores.
3) INDIVIDUALIZADO:
•Tiram conclusões que se baseiam em uma
integração das informações preliminares
(anamnese), comportamento e pontuação dos
testes.
•Elas são explicativas e incluem informações
qualitativas.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
De acordo com a Resolução CFP N. 06/2019 sobre a
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS DECORRENTES DE
AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS, define que a estrutura de um
Laudo Psicológico deve conter:

1.Identificação;
2. Descrição da demanda
3. Procedimento
4. Análise
5. Conclusão
6. Referência
1. IDENTIFICAÇÃO:

Nome da pessoa:
Data de nascimento:
Grau de escolaridade(se estudante) ou ocupação (adulto):
Nome do solicitante:
Finalidade:
Nome autor:

Dependendo do cenário e da finalidade da avaliação, podem


ser incluídas outras informações, como os nomes dos pais.
2.DESCRIÇÃO DA DEMANDA:

• § 3o - Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or)


do documento deve descrever as informações
sobre o que motivou a busca pelo processo de
trabalho prestado, indicando quem forneceu as
informações e as demandas que levaram à
solicitação do documento.

O motivo do encaminhamento determina o foco de


uma avaliação e fornece o raciocínio para a
avaliação.
Ex: A equipe multidisciplinar da escola de João o encaminhou
para avaliação com objetivo de verificar a sua evolução após
três anos de serviços educacionais especiais, assim como
avaliar o seu desenvolvimento atual. Nos últimos três anos, ele
tem sido incluído nas salas de apoio após apresentar
dificuldades na aprendizagem, com acompanhamento da
terapeuta ocupacional e de uma psicopedagoga. Tanto sua
professora de quarta série, quanto seus pais expressaram
preocupação com seu desenvolvimento motor geral,
particularmente com sua letra, e querem saber maneiras de
ajuda-lo.
O motivo do encaminhamento também ajuda a determinar
os instrumentos e técnicas que serão utilizados na avaliação.

Uma queixa em relação ao comportamento pode envolver o


uso de listas de verificação, escalas de classificação e
observações em sala de aula e em um ambiente real
(playground);

Uma queixa relacionada a preocupações acadêmicas pode


envolver medidas específicas de inteligência e desempenho
escolar (por exemplo, um teste de leitura ou de matemática),
bem como avaliações informais de sala de aula e uma
revisão de trabalhos de casa recentes.
3. PROCEDIMENTO:

§ 4o - Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo


deve apresentar o raciocínio técnico-cientíco que justica o
processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e os
recursos técnico-cientícos utilizados no processo de
avaliação psicológica, especificando o referencial teórico
metodológico que fundamentou suas análises,
interpretações e conclusões.

• Entrevistas (especificar os informantes e se houve contato


com outros profissionais)
• Observação
• Instrumentos padronizados (reconhecidos pelo SATEPSI)
• Recursos Complementares (estudos preliminares ou apenas
qualitativo)
4. ANÁLISE:

§ 5o - Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve fazer


uma exposição descritiva,
metódica, objetiva e coerente com os dados colhidos e situações
relacionadas à demanda em sua complexidade considerando a
natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto
de estudo.

• Apresentação dos dados qualitativos (descritivos) e quantitativos


(brutos, padronizados e percentis) com a qualificação dos escores.

•A narrativa deve ter uma natureza dinâmica, não definitiva e não


cristalizada;

• Todas as afirmações devem ser baseadas em fatos e subsidiadas por


dados e teorias, com clareza, exatidão e precisão.
Enquanto a tendência pode ser descrever os resultados
dos testes, idealmente, a informação é organizada em
domínios lógicos, e os resultados serem apresentados em
termos de desempenho em vez de por teste.
Exemplo:
"habilidades de atenção sustentada estiveram
significantemente abaixo das expectativas em geral”
Ao invés de:
"A pontuação do paciente em um teste computadorizado
exigindo-lhe para responder à carta X quando se
apresenta com vários ensaios ao longo do tempo foi
ruim").
Ex.: “A compreensão verbal de Alice se mostrou intacta.
Ela foi capaz de seguir comandos complexos (Token Test-
dentro da faixa média) e compreender todas as
instruções oferecidas ao longo da testagem. Por outro
lado, as funções expressivas se mostraram piores
desempenhadas. A capacidade de gerar palavras por
comando dentro de um período de tempo fixo (Fluência
Verbal) se mostrou na faixa limítrofe, abaixo do percentil
10. Ela também teve considerável dificuldade em nomear
objetos por confronto visual (Boston Naming Test), com
pontuação na faixa de deficiência, atingindo percentil 2.”
PARA FACILITAR A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS,
USAR O RACIOCÍNIO NEUROPSICOLÓGICO

Raciocínio Neuropsicológico
Subteste:
1- função principal
2- funções secundárias
3- tipos de erros
5. CONCLUSÃO
§ 6o - Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve
descrever suas conclusões a partir do que foi relatado na
análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada
do seu objeto de estudo.
• Relação descritiva entre os resultados e as informações
dinâmicas obtidas (anamnese e observação clínica);
• Repostas ao solicitante sobre sua demanda (diagnóstico);
• NÃO é o detalhamento de todos os resultados, mas sim a visão
do profissional frente a eles.
• Sugestões de encaminhamentos e condutas a serem seguidas,
assim como as coordenadas principais para um processo de
reabilitação (se for o caso).
Ex.: “Apesar das queixas de memória, demonstrou desempenho
preservado em todas as etapas avaliadas (evocação imediata,
aquisição, evocação tardia e armazenamento). As queixas de
memória vivenciadas no dia-adia por Flávia podem ser justificadas
pela baixa velocidade de processamento, que interfere no bom
funcionamento da atenção (função anterior e fundamental para a
“entrada” de novas informações”).
Em questionários para avaliação do humor, apresentou ausência de
sintomas relacionados a ansiedade, depressão ou estresse.
Desta forma, sugere-se retorno ao neurologista e, se necessário (em
caso de piora das queixas), retestagem neuropsicológica como forma
de acompanhar evolutivamente o atual perfil neuropsicológico.
6. REFERÊNCIAS

§ 7o - Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação


das fontes científicas ou referências bibliográficas utilizadas,
em nota de rodapé, preferencialmente.

• Informar a referência dos testes utilizados, bem como do


estudo preliminar das atividades de testagem utilizadas.

• Referenciar fontes de pesquisa utilizadas na Conclusão.


Numerar as páginas!!
Rubricar todas as páginas e assinar a
última!!
DEVOLUTIVA

• A entrevista devolutiva deve constar da leitura e


explicação completa de todo o apanhado de resultados
da avaliação e de suas conclusões (diagnóstico).

• O laudo pode ser entregue diretamente ao


paciente ou a seu responsável, assim como ao solicitante
que lhe encaminhou, devendo ser protocolado o
recebimento do mesmo mediante assinatura de quem está
recebendo.
GUARDA DO DOCUMENTO

• O Laudo deverá ser guardado pelo prazo mínimo de 5


(cinco) anos, conforme Resolução CFP no 01/2009 ou
outras que venham a alterá-la ou substituí-la.
REFERÊNCIAS

CRP. Resolução n.6, de 29 de março de 2019.

ZIMMERMAN, N., et al. Como escrever um laudo


neuropsicológico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016.

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