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Avaliação Neuropsicológica – Sapiens

Escalas Wechsler
WASI e WAIS-III

Profª Dra Juliana Cecato


Psicóloga clínica
Especialista em Psicopedagogia
cecatojuliana@hotmail.com
Neuropsicóloga, com Certificação em Neuropsicologia pela Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp)
Mestrado em Ciências da Saúde
Doutorado em Psicologia educacional (ênfase em Avaliação Psicológica) pela UniFieo
Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Jundiaí
Pós-doutoranda (FMJ) Frail e Superagers
Professora colaboradora do Departamento de Clínica Médica e do Ambulatório de Especialidades da Faculdade de Medicina de Jundiaí – FMJ
Professora da Universidade São Francisco (USF)
Idade Cronológica não é um Determinante

Físico

Emocional
Social Função

Avaliação
Fases da vida

Infância Adolescência Adulto Velhice


Introdução
Senescência X Senilidade

Processo de
envelhecimento normal – Envelhecimento
natural (envelhecimento patológico (doenças)
saudável)

(Caramelli, 2011)
Cognição ao longo da vida
Habilidades
cristalizadas
Conhecimentos; experiências
Performance

Habilidades
fluidas
Raciocínio; relação entre
vários elementos

Infância Maturidade Envelhecimento

(Craik & Bialvstock, 2006)


Velhice

Modelo da trajetória clínica da Demência, proposto por Sperling et. al., 2011.
Cognição ao longo da vida  idosos
Memória episódica

• Recordam a experiência global, mas


esquece os detalhes

• Menos esforço cognitivo para aprender


coisas novas

• Acesso às informações armazenadas


pode estar lentificado (p.ex.; chamar o
nome de todos os netos, para conseguir
dizer o nome daquele que quer)
The Nun Study  Estudo das Freiras

- Longitudinal (1991 – 2002)

- Ambiente controlado; n= 678; idades entre 75 a 107 anos

- Avaliação: Física, Cognitiva e Neurológica (cérebros pós


morte)

- Diminuição do volume cerebral e cognitivo

(Snowdon et al., 1996; 1997; 2003;2004)


The Nun Study  possibilitou...

(Jack et al., 2010)


A incidência de casos de demência vem caindo em muitos países (desenvolvidos) devido
a melhora de:
- Educação

- Nutrição

- Cuidados em saúde

- Mudança de hábito de vida


(Livingston et al., 2020)
Dados recentes sobre demência

- Início precoce (± 45 anos)

- Meia idade (45 a 65 anos)

- Tardio (> 65 anos)

(Livingston et al., 2020)


Dados recentes sobre demência

Causas prováveis (The Lancet Commissions 2017)

- Educação - Obesidade

- Hipertensão - Depressão

- Perda Auditiva - Sedentarismo

- Tabagismo - Diabetes

- Isolamento Social

(Livingston et al., 2020)


Dados recentes sobre demência

12 riscos (The Lancet Commissions 2020)

- Educação - Obesidade - Cultura

- Hipertensão - Depressão - Pobreza

- Perda Auditiva - Sedentarismo - Desigualdade

- Tabagismo - Diabetes

- Isolamento Social

(Livingston et al., 2020)


Dados recentes sobre demência

12 riscos (The Lancet Commissions 2020)

Demência
Doença de saúde pública

Evitar os 12 riscos = 40% o


desenvolvimento do quadro

(Livingston et al., 2020)


Dados recentes sobre demência

Políticas públicas deveriam priorizar

- Educação Infantil para todos  RESERVA COGNITIVA

- Iniciativa de políticas de saúde (atenção básica, prevenção ao abuso de álcool, etc)


 diminuem principalmente demência de início precoce e de meia idade

- Controle arterial (meia idade = 130mmHG ou menor)

- Poluição do ar = Tabagismo (“fumante passivo”)

(Livingston et al., 2020)


Dados recentes sobre demência
Perda auditiva (a qual é mensurada em audiometria) está
associada a perda de volume do lobo temporal, incluindo
Políticas públicas deveriam priorizar hipocampo e córtex entorrinal

- Em idosos, mais idosos, além de educação, todas


as condições de saúde e ausência do isolamento
social, incentivo a Atividade Física (irisina)

- Manter-se cognitivamente ativo (hábito de


leitura; hábito de escrita; engajamento em
atividades que estimulem o intelecto)
(Livingston et al., 2020)
Dados recentes sobre demência

Países em desenvolvimento

- demência

- Nem todos têm acesso a educação (28 milhões de idosos e 6 milhões são
analfabetos)

- Jundiaí-SP (423 mil habitantes = 98,2% escolaridade entre 6 a 14 anos)

- Altas taxas de: hipertensão, diabetes, doenças cerebrovasculares, obesidade, perda


auditiva, tabagismo, etilismo

(IBGE, 2020; Livingston et al., 2020)


COVID-19 e demência

- Mortes desproporcionais em casos de demência

- Idoso  Fragilidade Global

- Hospitalização são estressantes e estão associadas a pobre recuperação 


hospitalização na demência frequentemente cursam com delirium (contribui para
avanço da perda cognitiva)

- Altos custos

(Livingston et al., 2020)


COVID-19 e demência
- Demência e DA  grupos mais sensíveis

- EUA: 11950 mortes (entre março a maio 2020)

 25.6% de todas as mortes por COVID-19


- O isolamento social não
acontece  precisam de outra
pessoa ( contágio)

- Não conseguem se isolar


COVID-19 entre idosos no Brasil
- Heterogeneidade de idosos
brasileiros

- Índice de fragilidade

- Idosos menos frágeis evoluíram


com 90% de chance de sobreviver a
COVID após 60 dias de internação
(linha verde)

- Enquanto que os mais frágeis


(linhas vermelha e preta) altos
índices de óbito
CONHECER CADA PACIENTE
OFERECER UMA AVALIAÇÃO E UM
CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE
SABER QUEM É O SEU PACIENTE
ENTENDER QUE É O SEU PACIENTE
Caso clínico
Identificação, E.J.P., 66 anos
Identificação
 E.J.P. sexo feminino, 66 anos

 Alta escolaridade (Psicóloga), com várias pós na área

 Casada e com 3 filhos (2 médicos e 1 Engenheiro)

 Mora apenas com o marido

 Mudou-se de residência recentemente

 HD inicial do médico = CCLa


Anamnese com o marido
 Sempre foi uma pessoa ativa

 Cuida da administração do consultório (dela, dos filhos e marido) 


continua gerenciando tudo sozinha

 Há 2 meses passou mal em sua casa, necessitando de SAMU para levar ao


hospital

 O marido relatou que sentiu como “se ela estivesse tendo um derrame”
(sic), mas foi descartado após neuroimagem
História pregressa
 3 filhas (1 mulher e 1 homens), 4 irmãs, 3 irmãos, pais falecidos (não sabem
dizer o motivo, pois moravam na em outro estado)

 É a mais velha dos irmãos, com quem tem pouco (ou quase nenhum
contato); tem mais contato com a família do marido

 Trabalhou a vida inteira atendendo, mas começou a diminuir seus


atendimentos há 1 ano (relatando fadiga)
Anamnese com a paciente
 Paciente não se sente esquecida

 Relata que a construção e mudança da nova casa a deixou muito cansada e


esgotada

 Relata que o cansaço também tem a ver com a falta de sono, embora o
marido comenta que dorme bem à noite
Hipóteses diagnósticas iniciais

 HD: CCLa

 O médico aplicou o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e a paciente

pontuou 29/30 pontos

 Teste do Desenho do Relógio (TDR) pela escala Mendez 19/20 pontos


Instrumentos de Escolha
Alta escolaridade?  Desempenho Intelectual (WASI) e MoCA

Profissão?  Habilidades Verbais (BAMS)

 Memória
Queixa Principal?  Funções executivas
 Atenção
Afetivo/Emocional?  EDG

Funcionalidade?  IQCODE
Avaliação Neuropsicológica
Montreal Cognitive Assessment - MoCA

 Instrumento de rastreio (não é diagnóstico)

 Utilizado em pacientes idosos, mas existe publicações com pessoas acima


de 15 anos

 Desempenho da paciente = 19 pontos, tendo apresentado dificuldades nas


Trilhas, Cubo, Fluência Verbal, Span Direto, Pensamento abstrato e Memória
de Evocação Tardia.
www.mocatest.org
Ponto de corte ≥ 26 pontos = normal

20 a 25 pontos = CCL

< 19 pontos = demência

(Cecato et al., 2014)


Em Português

https://www.youtube.com/watch?v=ijmVgD57LLk

Em Inglês

https://www.youtube.com/watch?v=
XjrnsIXoSCg&t=32s
Avaliação Neuropsicológica
Desempenho Intelectual (WASI – Escala Wechsler Abreviada de Inteligência)

 Inteligência Cristalizada
Habilidades
 Inteligência fluida cristalizadas

Performance Conhecimentos; experiências

Habilidades
fluidas
Raciocínio; relação entre
vários elementos

(Craik & Bialvstock, 2006) Infância Maturidade Envelhecimento


Avaliação Neuropsicológica

QIT 77 (Percentil= 6) limítrofe


QIV 85 (Percentil= 16) médio inferior
QIE 75 (Percentil= 5) limítrofe
Avaliação Neuropsicológica
Memória episódica
Avaliação Neuropsicológica
Memória semântica
Bateria de Memória
Semântica – BAMS
(60 a 98 anos)
Avaliação Neuropsicológica

FDT – Teste dos 5 dígitos

 Atenção, Controle inibitório, flexibilidade cognitiva (teste com nível simples

e nível complexo de exigência)


Paciente “toma conta” do consultório = não consegue resolver tarefas simples
Não percebe quando erra
Esquece a regra do teste em tarefa de Alternância
Número de erros baixo, quando comparado a amostra geral
Não percebe quando erra
A perda da lembrança da regra do teste, aumenta o número de erros
Avaliação Neuropsicológica
Aspectos Afetivos/Emocionais

Escala de Depressão Geriátrica

Em decorrência das queixas afetivas/emocionais, optou-se por avaliar os


pensamentos depressivos. Dona Edna não pontua para a presença de
sintomas depressivos.
Escala de Depressão Geriátrica

- Existem várias escalas para avaliar a depressão em pessoas


idosas

- Escala de Depressão Geriátrica (EDG): escala mundialmente


utilizada

- Validada para o português (Geriatric Depression Scale – GDS)


Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage et. al.,
1982)
EDG (GDS) – Correção
EDG - Escore

< 5 = Normal
5 a 10 = Leve a Moderado
> 10 = Grave

Pontuação do paciente: _______ ponto(s).


https://youtu.be/Q3_qrLM-9QM https://youtu.be/-R-syEcCml4
Avaliação Neuropsicológica

Avaliação da Funcionaldiade

 Informant Questionnaire on Cognitive Decline in the Elderly IQCODE)

 IQCODE= 4,375
Atividade de Vida Diária

ABVD – Atividades Básicas de Vida Diária são aquelas que referem-se ao autocuidado,
ou seja, são fundamentais para a manutenção da independência (tomar banho, vestir-
se, alimentar-se, dentre outras)

AIVD – Atividades Instrumentais de Vida Diária são mais estruturadas e refere-se a uma
série de situações do cotidiano que exige certas habilidades do paciente, ou seja, o
indivíduo deve saber utilizar os recursos disponíveis no ambiente sem ajuda e caso
necessite do auxílio de outra pessoa quanto essa ajuda é necessária (usar o telefone,
fazer compras, preparar alimentos, tomar remédios, etc)
Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP)

1. Ele (a) manuseia seu próprio dinheiro?


0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

2. Ele (a) é capaz de comprar roupas, comida, coisas para casa sozinho (a)?
0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

(Pfeffer et al., 1982)


3. Ele (a) é capaz de esquentar água para o café e apagar o fogo?
0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

4. Ele (a) é capaz de preparar uma comida?


0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

5. Ele (a) é capaz de manter-se em dia com as atualidades, com acontecimentos da


comunidade ou da vizinhança?
0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz
6. Ele (a) é capaz de prestar atenção, entender e discutir um programa de rádio ou
televisão, um jornal ou uma revista?
0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

7. Ele (a) é capaz de lembrar-se de compromissos, acontecimentos familiares, feriados?


0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

8. Ele (a) é capaz de manusear seus próprios remédios?


0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz
Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP)
9. Ele (a)é capaz de passear pela vizinhança e encontrar o caminho de volta para casa?
0 = normal, ou nunca o fez mas poderia fazê-lo agora
1 = faz com dificuldades, ou nunca o fez e agora teria dificuldades
2 = necessita de ajuda
3 = não é capaz

10. Ele (a) pode ser deixado (a) em casa sozinho (a) de forma segura?
0 = normal ou nunca ficou, mas poderia ficar agora
1 = sim, mas com precauções ou nunca ficou e agora teria dificuldades
2 = sim, por períodos curtos
3 = não poderia

Pontuação Total = 30 pontos


Ponto de corte ≥ 5 pontos
(Pfeffer et al., 1982)
Informant Questionnaire on Cognitive Decline the Elderly
(IQCODE)

Agora, nós queremos que você se lembre como o seu amigo ou familiar estava há 10 anos atrás e compare
com o estado em que ele está agora.

Abaixo, são situações em que esta pessoa usa sua memória ou inteligência e nós queremos que você indique
se estas situações melhoraram, permaneceram do mesmo jeito ou se pioraram nos últimos 10 anos.

Observe a importância de comparar a sua performance com a de 10 anos atrás. Então, se há 10 anos atrás
esta pessoa sempre se esquecia onde ela guardava as coisas, e ela ainda se esquece, então isto seria
considerado “não muito alterado”. Por favor, indique as alterações que você observou, marcando com um
“x” na resposta apropriada.

(Jorm, 1994)
Comparada há 10 anos atrás, como está a pessoa Muito Um pouco Não muito Um pouco Muito
melhor melhor alterado pior Pior
nas situações:
1 2 3 4 5
1. Lembrar-se de coisas sobre a família e amigos,
Por exemplo: ocupações, aniversários, endereços.

2. Lembrar-se de coisas que aconteceram


recentemente.
3. Lembrar-se do que conversou nos últimos dias

4. Lembrar-se de seu endereço (atual) e telefone

5. Lembrar-se do dia e mês correntes

6. Lembrar-se onde as coisas são guardadas


usualmente
7. Lembrar-se onde foram guardadas coisas que
foram colocadas em locais diferentes do usual
Comparada há 10 anos atrás, como está a pessoa Muito Um pouco Não muito Um pouco Muito
melhor melhor alterado pior Pior
nas situações:
1 2 3 4 5
8. Saber como os aparelhos da casa funcionam

9. Aprender como usar novos aparelhos da casa

10. Aprender coisas novas em geral


11. Acompanhar uma estória em um livro ou na
televisão
12. Tomar decisões em problemas do dia-a-dia

13. Manusear dinheiro para as compras

14. Lidar com problemas financeiros, como por


exemplo, pensão, coisas de banco
Comparada há 10 anos atrás, como está a pessoa Muito Um pouco Não muito Um pouco Muito
melhor melhor alterado pior Pior
nas situações:
1 2 3 4 5

15. Lidar com outros problemas matemáticos do


dia-a-dia, como por exemplo, saber quanta comida
comprar, saber quanto tempo transcorreu entre as
visitas de familiares e amigos

16. Usar sua inteligência para entender qual o


sentido das coisas
Informant Questionnaire on Cognitive Decline the Elderly
(IQCODE)

 Existe 5 possibilidades de resposta, em uma escala Likert, as quais cada resposta recebe
uma pontuação: 1 ponto, muito melhor; 2 pontos, um pouco melhor; 3 pontos, não muito
alterado; 4 pontos, um pouco pior; e 5 pontos muito pior.

 O ponto de corte é igual a 3,41 e o desempenho do paciente é obtido pela soma


ponderada dos itens que foram assinalados pelo cuidador ou familiar e o resultado dessa
soma é dividido pelo total de itens.

 O resultado final varia entre 1 a 5 e os escores maiores que 3,41 indicam alteração da
funcionalidade .

(Jorm, 1994; Sanchez et. al., 2009)


Por que fazer avaliação da funcionalidade????

- A avaliação funcional em casos de suspeita de síndrome


demencial contribui com a investigação diagnóstica, pois o
declínio cognitivo causado pela demência prejudica
significativamente o desempenho do paciente nas ABVDs e
principalmente nas AIVDs
- A combinação dos testes cognitivos e os questionários que
avaliam a funcionalidade aumentam a precisão diagnóstica
nos casos de demência

(Bustamante et. al. 2003; Caramelli, 2006)


Conclusão

 Depois da análise clínica e Avaliação Neuropsi.

 HD: ?????

?????
Conclusão
Conclusão
Conclusão

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