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Resumo
Esta pesquisa objetivou estudar as propriedades psicométricas da versão brasileira do questionário de esquemas de Young,
forma reduzida, e mapear os esquemas cognitivos na amostra, buscando estabelecer correlações entre os níveis de ansiedade,
depressão, desajustamento psicossocial e vulnerabilidade com os esquemas iniciais desadaptativos. A metodologia utilizada foi
quantitativa, sendo a amostra da pesquisa constituída por 372 participantes. Os instrumentos utilizados foram um Questionário
de Dados Sociodemográficos, o Questionário de Esquemas de Young - versão breve - e a Escala Fatorial de Ajustamento
Emocional/Neuroticismo. Os resultados achados demonstraram a existência de validade na versão brasileira do Questionário de
Esquemas de Young (forma breve) com relação à amostra estudada. Os resultados apontaram para o satisfatório grau de
confiabilidade (D=0,955) e para a capacidade de discriminação do questionário, assim como para a validade concorrente com
relação à escala fatorial de ajustamento emocional/neuroticismo.
Unitermos: Esquemas. Psicométria. Questionário de esquemas de Young. Terapia.
Abstract
The aim of this research was to study the psychometric properties of the Brazilian version of the Young Schema Questionnaire (short form)
and map the cognitive schemas in the sample by establishing correlations between Early Maladaptive Schemas and variables such
as anxiety levels, depression, lack of psychosocial adaptation and vulnerability. The methodology was quantitative. The sample
comprised 372 subjects. A Demographic Questionnaire, Young Schema Questionnaire (short form) and Factorial Scale of Emotional
VALIDAÇÃO BRASILEIRA DO YSQ-S2
Adjustment/Neuroticism were used as the instruments of assessment. The findings demonstrate the validity of the Brazilian version
of the Young Schema Questionnaire (short form) for this group. The results showed a satisfactory degree of reliability (D=0.955) and
the questionnaire’s ability to make distinctions, as well as the convergent validity with regard to the Factorial Scale of Emotional
Adjustment/Neuroticism.
Uniterms: Schemas. Psychometrics. Young schema questionnaire. Therapy.
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Artigo elaborado a partir da dissertação de M.J. CAZASSA, intitulada “Mapeamento de esquemas cognitivos: validação da versão brasileira do Young
Schema Questionnaire Short Form”. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior.
2
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Ipiranga 6681, Prédio 11,
9º andar, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: M.J. CAZASSA. E-mail: <marga@pucrs.br>. 23
tístico 12.0 Program Statistical Package for the Social para verificação da consistência interna do questionário
Sciences (SPSS). Foram realizadas análises descritivas e de esquemas de Young - forma breve (YSQ-S2), consi-
de distribuição de frequências para demonstração do derando-se os 15 esquemas e a escala global. Para os 75
perfil dos participantes da pesquisa. Recorreu-se ao teste itens, o alpha foi 0,955, o que sugere excelente grau de
do Qui-quadrado para verificação da homogeneidade consistência interna.
da amostra quanto às variáveis sexo, escolaridade, estado No que tange aos 15 EID, com exceção do es-
civil e renda. A variável numérica ‘idade’ e os 75 itens do quema de dependência/incompetência (0,566), todos
YSQ foram submetidos ao teste de normalidade os demais apresentaram satisfatórios níveis de consis-
Kolmogorov-Smirnov, tendo em vista o tamanho amos- tência interna, variando de 0,719 a 0,905, a saber: “privação
26 tral (>30 participantes). emocional” (0,856), “abandono” (0,855), “desconfiança/
Validade concorrente
Assim, a suposição é a de que as pessoas que
O estudo de correlação envolveu os 15 EID e a
apresentam índices acima da média na EFN devam
pontuação geral da EFN.
apresentar, também, pontuações mais elevadas no
Os 15 EID apresentaram níveis de correlação YSQ-S2, o que significaria uma maior disfuncionalidade
positiva altamente significativos em relação à pon- nos esquemas cognitivos. Caso essa hipótese fique evi-
tuação geral da EFN. Tais resultados oferecem evidências denciada, torna-se possível afirmar que o instrumento
para o atendimento de um critério importante para a desenvolvido por Jeffrey E. Young tem adequação quanto
validade concorrente do YSQ-S2. Assim, quanto mais ao grau de senbilidade para a amostra estudada.
disfuncionais apresentam-se os esquemas, maior tende
São apresentadas tabelas que demonstram
a ser a pontuação nas dimensões da “vulnerabilidade”,
como as médias de cada esquema ficaram distribuídas,
“desajustamento psicossocial”, “ansiedade” e “depressão”
considerando-se o critério de estratificação abaixo da
da EFN.
média, na média e acima da média para os fatores “vulne-
Em contrapartida, quanto mais reduzida a pon- rabilidade”, “desajustamento psicossocial”, “ansiedade” e
tuação no YSQ-S2, menor propende a ser a pontuação “depressão”, da EFN.
na EFN (Tabela 1).
Constataram-se diferenças significativas ao nível
de p<0,001. Esses achados significam que as pessoas
VALIDAÇÃO BRASILEIRA DO YSQ-S2
Tabela 2. Comparação entre as médias dos diferentes graus de “vulnerabilidade” medidos a partir da escala fatorial de ajustamento emocional/
neuroticismo com relação aos esquemas iniciais desadaptativos.
Tabela 3. Comparação entre as médias dos diferentes graus de “desajustamento psicossocial” medidos a partir da escala fatorial de ajustamento
emocional/neuroticismo com relação aos esquemas iniciais desadaptativos.
Tabela 5. Comparação entre as médias dos diferentes graus de “depressão” medidos a partir da escala fatorial de ajustamento emocional/
neuroticismo com relação aos esquemas iniciais desadaptativos.
No que tange às análises das propriedades dis- na média. Isso significa que os participantes da pesquisa
VALIDAÇÃO BRASILEIRA DO YSQ-S2
criminantes do instrumento, muito embora o estudo que apresentaram o fator N (neuroticismo) pela EFN
não tenha trabalhado diretamente com grupos clínicos (grupo acima da média) demonstraram, também, maior
e não clínicos, buscou-se, a partir de uma estratificação disfuncionalidade nos EID.
da EFN, a conformação de grupos distintos. As divisões
Da mesma forma, o estudo de correlação de-
realizadas em abaixo da média, na média e acima da
monstrou índices significativos de correlação positiva
média nas 4 escalas da EFN (“vulnerabilidade”, “desajus-
entre os dois instrumentos utilizados na pesquisa, ou
tamento psicossocial”, “ansiedade” e “depressão”) pude-
seja, quanto maior a pontuação no YSQ, mais elevada a
ram demonstrar que o grupo que pontuou acima da
pontuação na EFN.
média apresentou, também, medidas significativamente
mais elevadas em todos os EID quando comparado aos Os resultados obtidos na amostra encontram
participantes que tiveram escores abaixo da média ou consonância com estudos internacionais, os quais de- 29
fundar a verificação da aplicabilidade do YSQ-S2 (forma Hoffart, A., Sexton, H., Hedley, L. M., Wang, C. E., Holthe, H.,
breve) na realidade brasileira, principalmente no que Haugum, J. A., et al. (2006). The structure of maladaptive
schemas: a confirmatory factor analysis and a psychometric
tange à discriminação entre populações clínicas e não evaluation of factor-derived scales. Cognitive Therapy and
clínicas, bem como na aplicação de teste e reteste para Research, 29 (6), 627-644.
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