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CENTRO UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

CURSO DE PSICOLOGIA

THAYANNA FERNANDES RIBEIRO

ATIVIDADE DE 2ª ETAPA
Teoria do Desenvolvimento – Adulto e Idoso
Rúbia Dias da Silva Amaral

Barbacena
2022/01
INTRODUÇÃO

“A morte não está mais perto do idoso do que do recém-nascido.


Nem a vida.” Khalil Gibran

Sob a luz do filme UP – Altas Aventuras, podemos traçar uma linha perceptiva sobre
o desenvolvimento humano um tanto quanto diversificada. Nos primeiros momentos
do filme, identificamos o nascer de uma amizade típica da infância. Posteriormente,
vislumbra-se o desabrochar de dois adolescentes descobrindo os sentimentos
típicos da fase.

Em seguida, na fase adulta, os protagonistas se casam, planejam filhos, estruturam


planos, solidificam a relação, a vida financeira e os laços emocionais. Rapidamente,
observamos o surgimento da vida adulta tardia, marcada pelo adoecimento do corpo
e pelas perdas.

A partir daí, rompe-se com o tradicional ciclo de desenvolvimento, com o objetivo de


levar o telespectador a refletir sobre quem se espera que sejamos e quem, de fato,
podemos ser nessa fase da vida.
CARL EM SUA MARAVILHOSA VIDA ADULTA TARDIA

“Por que não olhar para esses novos anos de vida em termos de continuidade e de
novos papéis na sociedade, uma outra etapa no crescimento pessoal ou mesmo
espiritual e no desenvolvimento?” Betty Friedan, The Fountain of Age, 1993.

O que geralmente se espera da vida adulta tardia é o declínio, seja físico, cognitivo
ou psicomotor. Realidades diferentes dessas geram não só admiração, como
também surpresa. Mas será que estar bem deveria mesmo ser motivo de tanto
espanto? Quando iremos normalizar a velhice saudável e ativa? E, principalmente,
quando iremos estimulá-la através da mudança de hábitos e de mentalidade de toda
uma sociedade?

Acreditamos que, mais que uma questão fisiológica, as limitações da velhice surgem
da crença de que, uma vez próximos ao fim da vida, não há muito a se fazer. E a
brilhante trama de Carl vem nos provocar reflexões. Após viver todas as etapas da
sua vida seguindo padrões e modelos culturais que se esperam de cada fase, Carl
finalmente compreende que a sua idade é apenas um número. E que este número
não terá o condão de, mais uma vez, impedi-lo de realizar o seu sonho: ter sua casa
na América do Sul, como sua amada Ellie tanto desejou.

A virada de chave se dá quando Carl sofre a perda de Ellie, um dos fenômenos


mais recorrentes e significativos da vida adulta tardia: a perda de entes queridos e
amigos próximos. Ao se perceber sozinho e solitário, também se viu agressivo e
infeliz. Entretanto, Carl se deu conta de que poderia seguir em frente, não obstante
a morte de sua amada. E fez renascer o sonho que nutriram por anos a fio, sem
conseguirem concretizar.

Sua experiência de vida o trouxe uma genial ideia: levar a sua casa até o local
desejado. Mediante um plano bem estruturado, Carl driblou o asilo com milhares de
balões flutuando ao céu. Como quem informa ao mundo que não é chegada a hora
de se prender, mas de voar e se libertar. Libertar para o novo, para o desconhecido,
para a aventura e para o sonho. Carl se liberta das amarras dos estigmas da
terceira idade e traça sua própria rota a caminho da realização. Pois nunca é tarde
para se sonhar e buscar a vida que se deseja.
Esse pensamento é comum não só àqueles que experenciam a vida adulta tardia,
como a toda uma sociedade. Em uma pesquisa realizada por Cuddy, Norton e
Fiske, “os estereótipos mais consistentes a respeito dos idosos são que, embora de
um modo geral sejam vistos como afetuosos e carinhosos, eles são incompetentes
e de baixo status” (Cuddy, Norton e Fiske, 2005). Infelizmente, sabemos que, de um
modo geral:

“esses estereótipos inconscientes sobre envelhecimento, internalizados na juventude


e reforçados durante décadas por atitudes da sociedade, podem ter se tornado
autoestereótipos, que inconscientemente afetam as expectativas dos idosos em
relação ao seu comportamento e que frequentemente atuam como profecias
autorrealizáveis (Levy, 2003).

A ideia de que a idade traz consigo inúmeras limitações, tais como cadeiras de
rodas e bengala é retratada no filme. Mas aos poucos rechaçada pelo protagonista
que, gradativamente, vai reconquistando sua autonomia, força e agilidade. Até o
momento em que, sozinho, com o seu próprio corpo, é capaz de sustentar a sua
casa, em uma linda metáfora da vida de quem acredita que é tão grande quanto o
tamanho dos seus sonhos. E que nunca estaremos velhos o bastante para
concretizá-los.

“Os esforços para combater o idadismo – preconceito ou discriminação com base na


idade – estão em amplo crescimento, graças à crescente visibilidade de idosos
ativos e saudáveis.” (PAPÁLIA, 2013). Nesse processo, Carl contou com o auxílio
de Russell, uma criança destemida e cheia de amor para dar. Também em busca de
seus sonhos (conquistar o mérito de auxiliar um idoso), Russell compartilha com
Carl algumas lições que, apesar da pouca idade, já aprendera com a vida. E uma
delas é o valor da amizade. Em busca de proteger o pássaro e o cão que tornaram
seus parceiros, Russell resgata em Carl o amor ao próximo e a capacidade de
protegê-los, aumentando, mais ainda, o seu senso de autoconfiança, geralmente
esquecido durante a velhice.

A trama também apresenta o quanto a união entre a coragem de um jovem e a


experiência de um idoso pode gerar lindos frutos. Juntos, os amigos descobrem a
força da união e da amizade entre duas gerações tão distantes. “Precisamos olhar
para além das imagens distorcidas da idade, para a sua realidade verdadeira e
multifacetada”. (PAPÁLIA, 2013).

Carl revela que seu corpo ainda está ativo e que sua mente ainda se submete aos
efeitos da plasticidade: “a plasticidade do cérebro pode ‘reorganizar os circuitos
neuronais para responder ao desafio do envelhecimento neurobiológico’ “.
(PAPÁLIA, 2013). Dessa forma, quanto mais Carl provoca seu corpo e seu cérebro
a novos desafios, mais ele se conecta com o passado e com o sonho que
comungava com Ellie, tornando-o cada vez mais vivo no presente.

As influências do estilo de vida na saúde e na longevidade são irrefutáveis, de modo


que ter uma boa alimentação, hábitos saudáveis e praticar atividades físicas já
afastam inúmeros sintomas mentais, tais como depressão e demência, aumentando
a qualidade de vida na idade adulta tardia.

Em suas aventuras Carl demonstra que não há dia, hora e muito menos idade para
se começar uma nova aventura. Ainda que esta tenha sido adiada por toda uma
vida. No final da meia-idade e no início da vida adulta tardia, Schaie aponta que o
indivíduo passa pelo estágio reorganizativo, no qual se aposenta e começa a pensar
em propósitos que venham a suprir o tempo dedicado ao trabalho e à carreira. Já na
vida adulta propriamente dita, no estágio reintegrativo, o idoso vai se concentrar
naquelas tarefas que, de fato, reflitam o seu propósito de vida, definido ou redefino.
O que claramente acontece com Carl, que resgata o propósito de anos e se dedica
a ele com todo entusiasmo, já sem medo de arriscar, valorizando a simplicidade
própria de Ellie e cultivando as novas amizades.
CONCLUSÃO

Os personagens do filme UP – Altas Aventuras, sabiamente nos demonstram a


beleza e a maravilha de se estar na velhice. É preciso quebrar com os tradicionais
paradigmas de que ao idoso compete ficar em casa, ou em um asilo, tecendo
crochê e movimentando-se em uma cadeira de rodas.

Que possamos aprender mais com culturas como a japonesa, na qual “a velhice é
um símbolo de status. Lá, geralmente, quando os viajantes se registram em hotéis,
eles dizem a idade para assegurar que receberão a deferência apropriada. Em
muitas outras culturas, ao contrário, envelhecer é visto como indesejável.”
(PAPÁLIA, 2013).

Romper com esse estereótipo que segrega, limita e adoece nossos idosos é uma
responsabilidade de todos nós, quem implica em mudanças sutis, porém
constantes.

Como sabiamente colocado por Khalil Gibran: “A morte não está mais perto do
idoso do que do recém-nascido. Nem a vida.”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

POETRIS. Citação de Khalil Gibran. Citações para todas as ocasiões. Disponível


em: https://www.poetris.com/frase/123y16a9yf8om6yi1imenvd3c Acesso em: 12 jun.
2022.

SLIDES. Vida Adulta Tardia. Professora Rúbia Dias da Silva Amaral. UNIPAC –
Barbacena, s/d. Disponível em:
https://unipac.blackboard.com/ultra/courses/_10932_1/cl/outline. Acesso em: 10 jun.
2022.

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 12 ed.


Porto Alegre: AMGH, 2013.

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