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Síntese Desenvolvimento Psicológico De Adolescentes

Psicologia educacional: Sujeitos contemporâneos

1.1 ESSES ESTRANHOS INCOMPREENDIDOS

Segundo o livro, os adolescentes estão passando por uma fase de


transição, onde eles não são mais crianças que devem ser colocadas numa redoma
e serem protegidos, mas também não estão na fase adulta onde o indivíduo se
caracteriza por ser autônomo por suas próprias decisões. Trecho do Livro:

“O adolescente, longe de ter conquistado tal autonomia e não mais gozando


da idealização infantil, parece mesmo ser resultante de lugares polarizados,
ambíguos e pendulares. Ele deixou de ser uma coisa, mas ainda não se
tornou outra. Como diz o psicanalista austríaco Sigmund Freud
(1856-1939): "é a perfuração de um túnel a partir dos dois lados" e o difícil
(ou impossível) encontro apaziguado de ambas as escavações.”

Ele começa a ter as primeiras interações sexuais, onde ele não busca o
prazer e realização através do círculo familiar e indo para fora dele buscando o
prazer através do outro ser ou objeto. Com isso também vem a vivência de vários
lutos que o deixa cada vez mais perto da puberdade. Isso se liga a afirmações de
ideias próprias em diversos campos da vida (social, ideológico, etc.), começando a
formar relações afetivas com outros indivíduos.
Segundo o livro, “Os efeitos desses impasses são, hoje, muito visíveis:
adesão sem medida ao mundo virtual, podendo chegar até a radicalidade da
delinquência, do autoflagelo ou do suicídio, e muitos apelam às "condutas de risco"
numa clara busca por assegurar o valor da existência, por afastar”. Também
apresenta dificuldades em encontrar um lugar a pertencer, pois ele se vê com
maturidade, mas não é reconhecido.

1.2 A ADOLESCÊNCIA TEM UMA HISTÓRIA

Nos documentos brasileiros são definidos como jovens entre 12 a 18 anos


oficialmente, mas existem outros que afirmam que esse período se situa entre 15 a
30 anos. Contudo, como cada sujeito se constrói de maneiras e em tempos
diferentes, é muito difícil colocar uma idade certa para a adolescência. Mas
podemos colocar como esse período o fim da infância e a conquista da fase adulta
com suas responsabilidades. Citando o próprio livro:

“De todo modo, não há como universalizar condutas, comportamentos e


atos desse momento da vida sem que se incorrer em imprecisões de
análise de cada sujeito. Ainda assim, algum consenso pode ser admitido no
que se refere ao prisma psíquico dessa nebulosa temporal que se tornou a
adolescência de nosso meio: seu começo se dá em torno da manifestação
corporal da puberdade, podendo ser antes ou depois dela, até o momento
em que o sujeito passa, como adulto, a se responsabilizar social, sexual,
jurídica e economicamente por seus próprios atos. Isto é, a adolescência se
daria com o declínio da infância até a conquista de sua condição de jovem
adulto.”

A história da adolescência é muito recente, e só começou na virada do


século XIX para o século XX com os estudos de Stanley Hall (1846–1924). Assim,
com os séculos XX e XXI a sociedade se tornou mais complexa, então os
adolescentes/crianças necessitam de uma formação mais adequada na educação.
O texto ainda ressalta um fato importante:

“Uma das fortes características de nossos tempos é a ausência de tradições


e rituais de passagem que possibilitem ao sujeito adolescente significar
subjetivamente esse momento traumático que é a transição do universo
infantil para o do adulto.”

Hoje não estamos mais presos às tradições, isso ocasiona que jovem esteja à
mercê de suas próprias ideias e decisões, com isso muitos de sua própria geração
se ajudem a passar por essa transição complicada e traumática, e acaba se
tornando um símbolo de apelo corporal e social não visível. Eles encerram da
seguinte forma:

“Se for assim, ela não deixa de ser uma tentativa de resposta ao evento da
puberdade que, como tal, se apresenta ao sujeito alterando biologicamente
seu corpo, mas também psiquicamente seus impulsos sexuais, sua
habilidade social, bem como sua capacidade sociocognitiva de pensamento
e de formação de conceitos. Muitos não vivem isso apaziguadamente, mas,
decerto, por meio de sucessivas "crises" e comportamentos disruptivos, que
amiúde são manejados com demasiada dificuldade pelas famílias,
responsáveis e educadores, em geral.”

1.3 O SUJEITO ADOLESCENTE DO SÉCULO XXI


Houve nos anos 60 a 70 um processo de "juvenilização” , que surgiu com
movimentos contraculturais que mudaram a base etária. O mundo foi mudando,
também, com os jovens guiando nossa sociedade com seus valores, diferentes das
décadas passadas onde eram os mais velhos a terem esse papel, a transformação
vem muito do domínio deles sobre a tecnologia e do mundo virtual contrariando a
ideias do passado, chamado pelo livro de e "adolescência generalizada’.
Porém tem que ressaltar que eles ainda estão passando pela transição, o
que o texto se refere a o “túnel", um período de instabilidades, e de criação de novas
subjetividades. E ainda existe a preocupação da superexposição nas redes,
deixando os mais expostos ao mundo.
Como todos querem ser cada vez mais jovens ou mesmo adolescentes,
então, o lugar do adulto e dos mais velhos se esvazia, pois a diferença geracional
tende a se apagar. A transmissão das tradições fica junto com os jovens ainda existe
uma alta no individualismo isso acaba criando uma sociedade mega ansiosa que
não tem preocupação com o passado ou o futuro, apenas o presente.E as
consequências são:
1. Alongamento do tempo da adolescência.
2. Deslocamento das fontes do saber.
3. Agrupamento de jovens. Citação do texto
"Os jovens poderão tornar-se extraordinariamente dedicados a um clá,
intolerantes e cruéis na sua exclusão de outros que são diferentes', na cor
da pele ou formação cultural, nos gostos e talentos, e frequentemente em
aspectos mesquinhos de vestuário e gestos, arbitrariamente selecionados
como sinais de 'ser do grupo ou 'não ser do grupo'. É importante
compreender, em princípio (sem que seja uma justificativa), que tal
intolerância pode ser, por algum tempo, uma defesa necessária, quando o
corpo muda radicalmente suas proporções, a puberdade genital inunda o
corpo e a imaginação, com toda a espécie de impulsos [..). À pessoa jovem,
enfim, o futuro imediato a coloca diante de um número excessivo de
possibilidades e opções conflitantes. Os adolescentes não só se ajudam
uns aos outros, ... mas também testam, insistentemente, as capacidades
mútuas para lealdades constantes, no meio de inevitáveis conflitos de
valores." (ERIKSON, E. Identidade: juventude e crise. 2. ed. Rio de Janciro:
Zahar, 1976, p. 133.)
4. Experiência de solidão, toxicomania, e delinquência alongada.

1.4 A CONSTITUIÇÃO SOCIOCOGNITIVA DE ADOLESCENTES E


SUA EDUCAÇÃO

Com o maior acesso à informação e o crescimento no tempo da


adolescência, conceitos abstratos ganham mais força nessa geração e com isso os
conteúdos são mais amplificados, mais complexos e refinados, isso muda a
interação de subjetividade, social e histórico-cultural. Para Vigotski existe a transição
do pensamento para maior autonomia e complexidade, gerando interação mais
complexas.
Eles tem novas para realizar uma delas é o criar do pensamento abstrato,
que desenvolvem questões complexas e a escritas delas. Além novamente sendo
ressaltado o momento de crise, e essas experiências vão em direção a “verdadeiros
conceitos”, como Vigotski chamava, conceitos seriam a imagem de uma coisa
objetiva em sua complexidade. O texto complementa:

“Pensar conceitualmente algum objeto significa incluir tal objeto no


complexo sistema de seus nexos e relações que se revelam em suas
definições. Um verdadeiro conceito, portanto, não é o resultado mecânico
da abstração, senão o de um conhecimento duradouro e profundo do
objeto.”

Mesmo eles tendo essas ideias e conceitos mais avançados, ainda mantém
as formas mais elementares sendo ainda muito utilizadas. Os conceitos têm a
função de permitir ao sujeito se entender e entender o seu entorno.
É bem provável que, hoje, os adolescentes tenham menos dificuldades em
definir os conceitos formais que eles já conseguem operar bem. O mundo virtual e
performático que atualmente experimentamos podem, inclusive, estar induzindo
crianças maiores à antecipação da formação de conceitos formais, abstratos e
científicos, para além do pseudoconceitos. Isso contribuiria bastante para uma
definição mais significativa desses mesmos conceitos por parte dos adolescentes.
Piaget nos apresenta um adolecente que escreve idealizando sistemas e
teorias que transformam o mundo, sendo criadas pelos mesmos ou estudando. Mas
o mundo virtual suas intimidades estão amplamente expostas na internet o “Eu” se
torna inflado e as redes contribuem para seu aumento e cria um egocentrismo que
acredita ser capaz de construir um universo capaz de incorporá-lo.
Mas, se para o psicólogo suíço somente após 11 ou 12 anos esse Eu
passaria a produzir o “pensamento formal”, podemos inferir que, no século XXI, tal
pensamento já se constata em crianças com menos de 10 anos, quando as
“operações lógicas” começam a mudar do plano da manipulação concreta para o
das ideias. O pensamento se torna “hipotético-dedutivo” ao poder fazer conclusões
formais independentemente da realidade de fato.
Os adolescentes parecem hoje se pôr em pé de igualdade com os mais
velhos no que concerne à autonomia de pensamento, mas muito diferente deles em
relação à idealização do mundo.
Então o texto ressalta a dificuldade para educar os adolescentes, falando
que existem várias formas de aproveitar a vida e a sociedade ainda reafirma essa
ideia. Porém a fase conturbada impede que o adolecente perceba o valor desse
momento, não só do momento, acredito eu, do tempo. Para envolvidos em sua vida
vale a pena entender o quão conturbado esse momento é complicado e deve se
criar um ambiente acolhedor. O texto faz algumas recomendações:

“Evitar o duplo risco (tanto a compreensão educativa quanto a repressão


social) e, sobremaneira, interessar-se por esses "estranhos" sujeitos,
dar-lhes a palavra, reconhecer suas posições afirmativas, permitir-lhes
interações, manifestações e exercícios criativos, desenvolver outras formas
de aulas não apáticas e com conteúdos que dialoguem diretamente com
seus interesses, fazer uso do mundo virtual aprofundando, adensando e
checando os saberes lá expostos: eis algumas das ações para que a
educabilidade de adolescentes se torne minimamente possível.”

A triste realidade é que é muito difícil ajudar essas pessoas ainda em


formação, eles herdam exigências sociais de seu tempo procurando resoluções para
seus complexos problemas. Para melhor entendimento vou colocar o trecho do livro:

“No caso de nossa contemporaneidade, os modos de transgredir, de


delinquir, como também os problemas escolares, fracassos, recusas,
desprezos, apatias, podem ser tentativas de resolução de seus impasses,
mesmo gerando formas muito peculiares de insurreição juvenil. Isso, com
efeito, não pode deixar de compor as reflexões e ações daqueles
educadores atentos aos modos de subjetivação de nosso tempo e lugar.”
Ao final da página 103 (na biblioteca virtual) o livro nos deixa
recomendações de leituras que acredito ser essencial para mais aprofundamento.
Para concluirmos de maneira esse resumo me vejo na obrigação de colocar o último
trecho integral para vocês já que não vejo uma forma melhor de concluir este
resumo se não citando diretamente o livro que estou usando:
“Talvez, o sujeito adolescente queira hoje, mais do que em outros tempos,
encontrar mesmo um adulto; um adulto a ser superado, mas que, como tal,
não se evada, que lhe sirva como uma referência sem tiranias, que lhe
desperte confiança, que não o segregue e nem lhe faça grandes discursos
moralistas. Ele deseja alguém que abra o caminho, que o escute, que o
reconheça e saiba acolhê-lo com seu curto circuito psíquico, suas
indecisões subjetivas e sociais. Que a instituição educativa, seus
educadores e as reflexões da Psicologia Educacional e de outros saberes
consigam ajudar a regular um pouco os impulsos desorganizadores,
opositores e destrutivos de cada jovem na difícil e necessária conquista de
seu lugar social.”

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