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Livro - Unidade 2

Site: ESKADA | Cursos Abertos da UEMA Impresso por: FABIANA DE JESUS SILVA
Curso: Psicologia da Educação (CAPES) Data: quarta, 2 mar 2022, 14:30
Livro: Livro - Unidade 2
Índice

1. Introdução

2. Identidade e adolescência

3. Distúrbios no desenvolvimento humano e aprendizado


3.1. Distúrbios no desenvolvimento humano e aprendizado - continuação
4. As oito idades do homem segundo Erikson

5. Resumo

6. Referências
1. Introdução

Nesta segunda unidade, discorreremos sobre um tema extremamente interessante: os processos do desenvolvimento humano. Afinal
de contas, quais os limites do homem? Até aonde ele pode ir enquanto ser humano? Nela, vamos abordar identidade e adolescência,
enfatizando as mais diversas crises que marcam a idade da puberdade. Depois, estaremos analisando as oito idades do homem,
segundo Erikson. Ainda, nesta unidade, destacaremos as relações modais que envolvem as relações intrapessoais e interpessoais nos
processos educacionais. 

Vamos abordar os processos do desenvolvimento humano, pois estes são extremamente complexos. Os seres humanos são detentores
de dois construtos: a personalidade e o temperamento. Sabe-se que a personalidade vai sofrendo mutações ao longo do tempo, uma
vez que as experiências vão formatando a sua desenvoltura. É na construção da personalidade que, a todo tempo, estamos
desconstruindo, reconstruindo e construindo valores e hábitos que julgamos importantes. Já o temperamento ou humor dos seres
humanos não mudam. A teoria dos quatro temperamentos nasce com o grego Hipócrates, que dizia que existem quatro
temperamentos: Sanguíneo, Colérico, Fleumático e Melancólico. Os dois primeiros fazem parte do grupo das pessoas que são
extrovertidas e os dois últimos das pessoas que são introvertidas. Não existe a prevalência de um temperamento sobre o outro, na
verdade,  os quatro temperamentos são detentores de qualidades e de fragilidades. Os temperamentos, ao longo de nosso crescimento
cognitivo, vão melhorando, mas não se modificando. Podemos ter um temperamento primário e um secundário, mas sempre teremos
um que nos caracteriza nas relações interpessoais. Tanto a personalidade como os temperamentos fazem parte da construção de nossas
crenças nucleares, vale dizer, da construção de nosso ser, de nossos valores e de estilos de vida. 

Assim, falar dos processos do desenvolvimento humano é falar de estudos assistemáticos, em regra, uma vez que a personalidade
humana não obedece a um padrão, ela é imprevisível. Vamos começar a falar sobre identidade e adolescência, para podermos entender
de forma objetiva e didática a desenvoltura emocional e cognitiva do ser humano.

Bons estudos!
2. Identidade e adolescência

A adolescência é marcada pelas mais diversas mudanças. São mudanças somáticas e emocionais. Fala-se muito, nesse período, na
chamada puberdade. Mas, afinal de contas, o que é a adolescência?

Matheus (2007) faz a seguinte contribuição para o conceito de adolescência:

Etimologicamente, adolescência vem de adolescentes, o que significa desenvolver-se, ou crescer, entretanto, também guarda relação
com adolescentes, que significa adoecer. É devido a isso que se tem a ideia de crise para definir a adolescência. (MATHEUS, 2007, p. 21).

Definir o conceito de puberdade e de adolescência se tornou algo extremamente desafiador para os estudiosos do comportamento,
pois temos aqui um caso de conceitos que mudam de acordo com os contextos sociais. Em tempos de pós-modernidade e mundo
virtual, as relações interpessoais e intrapessoais se tornaram mais precoces. Talvez o conceito de puberdade precise ser redefinido, uma
vez que uma criança de 12 anos, em alguns casos no Brasil, já teve sua primeira experiência sexual, provavelmente pela influência dos
dois paradigmas citados. Estamos falando da relatividade dos valores e verdades e do complexo, emocionante, excitante e perigoso do
mundo virtual. A identidade é um construto que tem sua formação condicionada às nossas experiências sociais e emocionais. Isso
envolve a família, a religião, a escola, enfim, as mais diversas relações consigo mesmo e com o outro. Erikson (1976) fez uma definição
de adolescência bem interessante, então vejamos:

A transição da infância à vida adulta é basicamente marcada por uma moratória psicossocial, ou seja, pela liberdade para experimentar
livremente papéis sexuais, sociais e ocupacionais até definir-se. Constitui-se como uma crise normativa que ocorreria entre os 12 e 18
anos, em que a pessoa em desenvolvimento teria de resolver o dilema central entre construir uma identidade e viver uma difusão de
papéis, sendo o modelo de construção identitária marcado pela escolha e a reprodução de referências sociais (identidade como
reprodução). (ERIKSON, 1976, p. 43).

Fala-se bastante de um mito da Grécia Antiga, segundo o qual, havia uma esfinge que devorava os passantes que não decifrassem o
seguinte enigma: qual o ser que, pela manhã, anda com quatro pés, ao meio dia, com dois, e, ao entardecer, com três; e que
contrariamente à lei, é mais fraco quando tem mais pernas?

Segundo os relatos gregos, o famoso Édipo desvenda o mistério pondo a mão no peito e dizendo: é o homem, claro! Mas, o que é o
homem? Quem sou eu? Questão decisiva, desafio presente quando nascemos, nos movemos até a maturidade... até a morte!

A construção de nossa identidade, que em regra se desenvolve mais incisivamente na adolescência, envolve obrigatoriamente essas
questões existenciais que deram muito trabalho para os filósofos. Quem sou eu? Fazemos essa pergunta de forma habitual. A nossa
vida tem fases, tanto no aspecto emocional como no físico. Caracterizar, no século XXI, a personalidade dos adolescentes tem sido algo
profundamente desafiador para os estudiosos do comportamento. Marcelo Afonso Ribeiro e convidados, no artigo intitulado “Ser
adolescente no século XXI”, diz que:

Ser adolescente no século XXI tem se mostrado um desafio importante para todos: para o mundo adulto, no qual é necessário lidar com
padrões de referência e modelos de ação no mundo muito distinto dos seus; para o Estado, que tem no adolescente um problema
central em termos de formação, inserção no mercado de trabalho, sexualidade, saúde, segurança, consumo e família; e para o próprio
adolescente, que tem de lidar com um mundo adulto que lhe dá poucas referências e modelos, que, muitas vezes, são confusos,
ambíguos e contraditórios, e se vê compelido a praticamente criar referências e construir formas de ser em um mundo contemporâneo
caracterizado como complexo, heterogêneo e flexibilizado. (RIBEIRO, 2014, p. 13).
São muitos os problemas emocionais e existenciais que o adolescente enfrenta em nossos dias. A exemplo disso, temos as  crises na
família, uma vez que a maioria é criado por mães solteiras ou pelos avós; as experiências sexuais precoces pelo advento da
pornografia na Internet e sua acessibilidade; o envolvimento com drogas, talvez uma função de aspectos econômicos, entre outras
questões. É importante esclarecer que esses fatores não são determinantes para as crises, mas contribuem.

Hoje, os professores devem aprofundar seus estudos em Psicologia da Educação, uma vez que os processos educacionais, como temos
falado exaustivamente, envolvem aspectos subjetivos. O professor deve perceber em profundidade as crises emocionais dos alunos
em sala de aula, em especial dos adolescentes, já que as emoções instabilizadas bloqueiam o processo de ensino-aprendizagem.
3. Distúrbios no desenvolvimento humano e aprendizado

Ouvi uma frase que dizia: “não é fácil ser, ser humano”. De fato, as complexidades do nosso ser e de outros seres humanos é uma
realidade. O Manual de Transtornos Mentais, DSM5, apresenta centenas de anomalias emocionais, sendo as mais conhecidas, a
depressão, a ansiedade, a bipolaridade, a fobia social, entre outras.

Grande parte das instabilidades emocionais e, consequentemente, de doenças mentais têm sua origem nas relações sociais, mais
precisamente na família. Quantas crianças, a saber, não conseguem aprender, não por causa da dislexia ou da discalculia, mas por um
trauma emocional sofrido na violenta relação conjugal entre  o pai e  a mãe dessa criança, por exemplo.

O ser humano cresce biologicamente, psicologicamente, socialmente e

espiritualmente. A família e a escola têm um papel preponderante para esse crescimento harmônico e saudável. Os professores passam
a ser, de uma certa forma, a ponte entre o conhecimento e uma formação social e cognitiva

saudável, mas entendo que a família deve sempre ser a protagonista da educação dos filhos.

Mesmo nos primeiros momentos do nascimento do ser humano, este pode sofrer influência da mãe:

Na infância tem sido referido que alterações com a mãe no período da gestação podem contribuir para o aparecimento de neuroses
posteriormente. Não se trata de deficiências mentais, síndrome de Down ou de problemas resultantes de anomalias nos cromossomos,
formação do ovo, mas de situações ambientais determinando excesso de emoções e sofrimentos da mãe gestante. (CAMPOS, 2011, p.
99).

O problema das instabilidades emocionais não se limita apenas a fenômenos ultrainterinos, mas principalmente aos aspectos sociais,
vale dizer, aos relacionamentos com a família, com a escola e com a sociedade. Em alguns casos, aspectos de limitação motora e
emocional limitam o processo ensino-aprendizagem. Muitos diagnósticos de dislexia , de TDAH, por exemplo, não estão
condicionados a limitações motoras ou sensoriais, mas a aspectos emocionais. É nesse ponto que o olhar psicológico do professor deve
fazer valer, uma vez que ao detectar esse tipo de limitação, deve encaminhá-lo ao psicólogo habilitado para fazer testes que identifiquem
se o aluno tem ou não a dislexia, ou a sua improdutividade em sala de aula é causada pela fome, pela tristeza, pela angústia, gerados
pelo seu ambiente familiar. 

Nessa perspectiva, os distúrbios do ser humano são originados por diversas causas emocionais e motoras. Se essas anomalias
persistem no processo de educação de uma pessoa, essa verdadeiramente não vai conseguir acompanhar as diversas fases da
educação. Os transtornos do desenvolvimento humano causam, obviamente, os transtornos de aprendizagem. O professor deve, de
forma tempestiva, perceber a limitação do aluno, para tentar resolver a situação que tem causado o bloqueio do aprendizado.

Se o professor souber como funciona a atenção e a memória nas diversas fases da vida, com certeza vai ensinar melhor. A aprendizagem
está ligada ao processo de desenvolvimento biológico. A evolução é determinada pela genética da espécie. Nosso cérebro demora vinte
anos para amadurecer. Nossa saúde mental depende da ampliação de experiências anteriores e de experiências práticas. A escola é o
lugar de ampliação da experiência humana. O lugar onde gente como a gente constrói conhecimentos com o uso de diversas linguagens
e da imaginação. Ela precisa preocupar-se com a formação humana. A semente da disciplina ou da indisciplina reside no clima escolar.
Se esta não consegue impor seus valores entre alunos e professores, conseguir disciplina passa a ser uma proeza. Na escola em que há
mais indisciplina o rendimento é pior, mas se ela for cativante terá poucos problemas. (EBAH, 2019, p. 1-2).
3.1. Distúrbios no desenvolvimento humano e aprendizado -
continuação

Interessante transcrever o que diz o DSM5 (2014, p. 110) sobre os distúrbios da aprendizagem.

Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme  indicado pela presença de ao menos um dos sintomas a
seguir que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções dirigidas a essas dificuldades:

1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e
hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las);

2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as
relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido);

3. Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex., pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes);

4. Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização
inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza);

5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p. ex., entende números, sua magnitude e relações de
forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os
colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações); 

6. Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar
problemas quantitativos). 

As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo,
causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio de
medidas de desempenho padronizadas administradas individualmente e por avaliação clínica abrangente. Para indivíduos com 17 anos
ou mais,  a história documentada das dificuldades de aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação padronizada.

As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as
exigências pelas habilidades acadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do indivíduo (p. ex., em testes cronometrados, em
leitura ou em escrita de textos complexos longos e com prazo curto, em alta sobrecarga de exigências acadêmicas).

As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida,
outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica ou de
instrução educacional inadequada.

Nota: Os quatro critérios diagnósticos devem ser preenchidos com base em uma síntese clínica da história do indivíduo (do
desenvolvimento, médico, familiar e educacional), em relatórios escolares e em avaliação psicoeducacional.

Nota para codificação: Especificar todos os domínios e sub-habilidades acadêmicos prejudicados. Quando mais de um domínio estiver
prejudicado, cada um deve ser codificado individualmente conforme os especificadores a seguir.

Especificar se:

315.00 (F81.0) Com prejuízo na leitura:

Precisão na leitura de palavras

Velocidade ou fluência da leitura

Compreensão da leitura

Nota: Dislexia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas
no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e de dificuldades de ortografia. Se o termo dislexia for
usado para especificar esse padrão particular de dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que
estejam presentes, tais como:  dificuldades na compreensão da leitura ou no raciocínio matemático.

315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão escrita:

Precisão na ortografia
Precisão na gramática e na pontuação

Clareza ou organização da expressão escrita

315.1 (F81.2) Com prejuízo na matemática:

Senso numérico

Memorização de fatos aritméticos

Precisão ou fluência de cálculo

Precisão no raciocínio matemático

Nota: Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no
processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o termo
discalculia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades matemáticas, é importante também especificar quaisquer
dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como:  dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras.

Especificar a gravidade atual:

Leve: Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que
permita ao indivíduo ser capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio
adequados, especialmente durante os anos escolares.

Moderada: Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o
indivíduo se torne proficiente sem alguns intervalos de ensino intensivo e especializado durante os anos escolares. Algumas adaptações
ou serviços de apoio por pelo menos parte do dia na escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para completar as atividades
de forma precisa e eficiente.

Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo
aprenda essas habilidades sem um ensino individualizado e especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares. Mesmo
com um conjunto de adaptações ou de serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser capaz
de completar todas as atividades de forma eficiente.
4. As oito idades do homem segundo Erikson

O psicanalista Erik Erikson contribuiu sobremaneira para a sistematização do desenvolvimento humano, escrevendo sobre os oito
estágios do seu desenvolvimento. Antes de apresentar as chamadas oito idades do homem, vamos conhecer um pouco da biografia
desse estudioso.

Erikson nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 1902 (vindo a falecer em 1994). No começo da carreira artística, foi convidado a laborar em
uma escola para pacientes submetidos à psicanálise, entrando então em contato com o grupo de Anna Freud, a filha mais nova de
Sigmund Freud. Em 1933, quando se casou com uma canadense, mudou-se para os Estados Unidos, continuando seus estudos em
Psicanálise, tornando-se o primeiro psicanalista infantil americano.

Para Erikson, a crise existencial está profundamente condicionada ao desenvolvimento humano. Em seu diagrama epigenético, o autor
apresenta sua teoria segundo a qual as pessoas passam por quatro estágios de infância antes da crise de identidade da adolescência e
por três estágios posteriores.

Os oito estágios são: 

O primeiro estágio – confiança/desconfiança (0 - 18 meses). A idade em que a criança adquire confiança em si mesma e no mundo ao
redor, a partir da relação com a mãe. Se a mãe atende às necessidades do filho, a confiança está construída. Se não, medo, receio e
desconfiança podem ser desenvolvidos pela criança. Virtude social desenvolvida: esperança.

O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha (18 meses - 3 anos). A contradição entre o que a criança quer fazer (impulso) e o
que as normas permitem. A criança deve ser estimulada a fazer as coisas de forma autônoma, para não se sentir envergonhada. Os pais
devem ajudar os filhos a terem vontade de fazer as coisas corretamente. Virtude social desenvolvida: desejo.

O terceiro estágio – iniciativa/culpa (3 anos - 6 anos). Nesse estágio, a criança já tem a capacidade de distinguir o que pode e o que não
pode fazer. Toma iniciativas, mas sem sentir culpa. A criança começa a assumir outros papéis, tendo noção de ‘outro’ e de
individualidade, começando a se preocupar com a aceitação do seu comportamento. Virtude social desenvolvida: propósito.

O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em
algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Desenvolve-se a identidade de gênero.(PAPALIA, 2006, p. 40).

O quarto estágio – indústria (produtividade) / inferioridade (6 anos - 12 anos). A criança começa a se sentir como uma pessoa
trabalhadora, capaz de produzir. A resolução positiva dos estágios anteriores é importantíssima, sem confiança, sem autonomia e sem
iniciativa, não conseguirá se sentir capaz. O sentimento de inferioridade pode levar a se sentir incapaz. Este é o momento de relações
interpessoais importantes. Virtude social desenvolvida: competência.

O quinto estágio – identidade/confusão de identidade (adolescência). Aqui se adquire a identidade psicossocial. O adolescente precisa
entender seu papel no mundo e reconhecer sua singularidade. Há uma redefinição nos elementos de identidade já adquiridos. Algumas
dificuldades desse período são: falta de apoio no crescimento, expectativas parentais e sociais diferentes, dificuldades em lidar com as
mudanças entre outras. Virtude social desenvolvida: fidelidade.

O sexto estágio – intimidade/isolamento (25 anos - 40 anos). É essencial estabelecer uma relação íntima durável com outras pessoas,
caso não consiga estabelecer essa relação se sentirá isolado. Virtude social desenvolvida: amor.
A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente. O pensamento e os julgamentos morais tornam-se mais complexos. São
feitas escolhas educacionais e vocacionais, após um período exploratório. Traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente
estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas fases e acontecimentos da vida. São tomadas decisões sobre
relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais, mas podem não ser duradouras. (PAPALIA,2006, p. 41).

O sétimo estágio – generatividade / estagnação (35 anos - 60 anos). Há necessidade de orientar a geração seguinte, uma fase de
afirmação pessoal no trabalho e na família. Pode ser produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações futuras,
educando e criando os filhos. O lado negativo é que pode levar a pessoa a parar em seus compromissos sociais. Virtude social
desenvolvida: cuidar do outro.

As capacidades mentais atingem o auge, a especialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos são acentuadas. A
produção criativa pode declinar, mas melhor em qualidade. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu
máximo, para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais
idosos pode causar estresse. (PAPALIA, 2006, p. 41).

O oitavo estágio – integridade/desespero (após os 60 anos). É a hora da avaliação de tudo que se fez na vida, em caso de uma negação
em relação ao passado, se sente fracassado pela falta de poderes físicos e cognitivos. O desespero para pessoas que acham o balanço de
sua vida negativo e integridade para pessoas que sentem o balanço de sua vida positivo. Virtude social desenvolvida: sabedoria.

Seja qual for o abismo a que as preocupações  fundamentais possam conduzir os homens, [...] o homem, como criatura psicossocial,
defrontar-se-á, no final de sua vida, com uma nova edição da crise de identidade que poderíamos formular nas seguintes palavras: ‘Eu
sou o que sobrevive de mim’. Das fases da vida, portanto, disposições tais como fé, força de vontade, determinação, competência,
fidelidade, amor, desvelo, sabedoria – tudo critérios de força vital individual – também fluem para a vida das instituições. Sem elas, as
instituições definham; mas sem que o espírito das instituições impregne os padrões de desvelo e amor, instrução e treino nenhuma
força poderia emergir da sequência de gerações. (ERIKSON, 1976, p.141).
5. Resumo

Aqui, descrevemos sobre os processos do desenvolvimento humano. Começamos conversando sobre identidade e adolescência,
aspectos que nos possibilitaram uma vasta discussão, posto que o conceito de “adolescência” se tornou em nossos dias polimodal, isto
é, possui vários conceitos devido aos novos paradigmas que temos enfrentado no século XXI. Discorremos também sobre os distúrbios
no desenvolvimento humano e aprendizado, aspectos bem interessantes. Mostramos que a vida do ser humano tem seus altos e baixos,
em função de relações consigo mesmo e com o outro, inclusive apresentamos o famoso DSM5, que qualifica as mais diversas anomalias
mentais; focamos, entretanto, nos distúrbios do aprendizado. Encerramos assim, destacando  "Oito idades de Erikson" que demonstram
as diversas fases que temos em nossa jornada, com suas peculiaridades.
6. Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre :
ARTMED, 2014. 

AS OITO IDADES DE ERIKSON. Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/as-oito-idades-da-vida-segundo-psicanalista-erik-


erikson-qual-e-a-sua/. Acesso em: 30 jan. 2019. 

BIOGRAFIA DE ERIKSON. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Erik_Erikson. Acesso em: 30 jan. 2019. 

COLL, C. (Org.). Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artmed, 2004. 

CONCEITO DE PUBERDADE. Disponível em:https://pt.wikipedia.org/wiki/Puberdade. Acesso em: 30 jan. 2019. 

ERIKSON, Erik. Identidade, juventude e crise. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. 

GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática pedagógica. 16. ed. Petrópolis: Vozes,
2010. 

JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. 12.ed. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001. 

MATHEUS, T. C. Adolescência: História e política do conceito na psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. 

OS DISTÚRBIOS DO APRENDIZADO. Disponível em: www.ebah.com.br/content/ABAAAgyyAAB/disturibios-aprendizagem. Acesso em: 30


jan. 2019. 

RIBEIRO, M. A. Carreiras: Novo olhar socioconstrucionista para um mundo flexibilizado. Curitiba: Juruá, 2014.

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