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Revista Visões ISSN 1983-2575, Edição nº.1 Volume 8 - 2021.

A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA EM ADOLESCENTES QUE


ESTÃO EM CONTEXTO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Dayane Santos Cruz1
Flaviane Bevilaqua Felicissimo2
1,2
Faculdade Católica Salesiana de Macaé

Resumo
A vulnerabilidade social é caracterizada pelas fragilidades e possibilidades de influência que
cercam o adolescente: drogas, gravidez, problemas familiares, entre outros. Diante disso, o
presente artigo trata sobre aspectos da adolescência, a construção da autoestima e a
vulnerabilidade social neste momento de tantas descobertas, mudanças e pressões internas e
externas. O objetivo do artigo é compreender se as vulnerabilidades sociais podem exercer
influência na construção da autoestima na adolescência. Realizou-se uma revisão teórica
bibliográfica. Concluiu-se que a autoestima é um dos fatores protetivos para enfrentamento da
vulnerabilidade social.

Abstract
Social vulnerability is characterized by the weaknesses and possibilities of influence that
surround adolescents: drugs, pregnancy, family problems, among others. In view of this, this
paper deals with aspects of adolescence, the construction of self-esteem and social vulnerability
in this moment of so many discoveries, changes and internal and external pressures. The
objective of the paper is to understand whether social vulnerabilities can influence the
construction of self-esteem in adolescence. A theoretical bibliography revew was carried out.
It was concluded that self-esteem is one of the protective factors to face social vulnerability.

Palavras Chave: Adolescência; Vulnerabilidade Social; Autoestima.

INTRODUÇÃO
Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualizadas
em 06 de abril de 2020, o Brasil possui 211.755.692 habitantes. Os grupos etários de 10 – 19
anos correspondem a 30.596.341 habitantes, portanto 14,45% da população brasileira. São
dezenas de milhões de adolescentes que precisam ter seus direitos e deveres garantidos para se
desenvolverem plenamente em seu potencial. A adolescência é uma fase do desenvolvimento
humano com atravessamentos biológicos, sociais e simbólicos. Nesse emaranhado complexo e
individual de sentimentos, pensamentos e experiências, ele vive ambivalências, descobertas e
incertezas que contribuem para seu estado de vulnerabilidade. Uma dessas variáveis, objeto
desse trabalho é a autoestima que começa a se desenvolver na infância, através das relações
familiares e sociais e desempenha um papel fundamental nas escolhas, decisões e relações
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interpessoais durante a vida, reconhecida como um fator protetivo. Quando se fala que a
imagem de si está relacionada também a fatores externos, ressalta-se a importância de fatores
protetores para auxiliar na superação das vulnerabilidades tanto pessoais inerentes a
adolescência quanto sociais.
Fonseca et al. (2013) salienta que a vulnerabilidade social não se restringe a apenas
fatores financeiros, mas de restrição de acesso, negligência e/ou abandono de ordem afetiva,
cultural e socioeconômica: dificuldade de acesso à escola e saúde, ingresso precoce no mercado
de trabalho, uso de drogas, gravidez, entre outros. A relevância desse artigo é mostrar que ser
um adolescente em vulnerabilidade não é ser incapaz, ele pode se desenvolver através de fatores
protetivos, ações adaptativas para superar os fatores de risco social.
Quanto à metodologia, foi escolhida a pesquisa documental e bibliográfica, realizada
por meio de artigos científicos disponíveis na base de dados da “SciELO – Scientific Eletronic
Library Online”, biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos
brasileiros, em livros sobre a temática, bem como em documentos e dados oficiais
disponibilizados por diversas entidades, tais como: Estatuto da Criança e do Adolescente,
Ministério da Saúde e Séries Históricas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Diante do exposto, o objetivo deste artigo foi compreender como a vulnerabilidade
social pode impactar a autoestima do adolescente. Para alcançar esse propósito caracterizamos
a adolescência, discutimos a vulnerabilidade social e sinalizamos a construção da autoestima
como fator protetivo de reestruturação cognitiva.

SER ADOLESCENTE É ESTAR VULNERÁVEL


Neufeld et al. (2017) cita a adolescência como uma fase do desenvolvimento humano
marcado por transformações biológicas, comportamentais e sociais. Ela pode ser compreendida
como um período de transição da infância para a fase adulta. Para Brasil (2007), do ponto de
vista cronológico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera adolescência dos 10 aos
19 anos, enquanto para o Estatuto da Infância e da Adolescência (ECA) a idade seria dos 12
aos 18 anos (Lei nº 8.069, 1990). Segundo Papalia e Feldman (2013), ela é um período de
transição no desenvolvimento, contemplando alterações físicas, cognitivas, emocionais e
sociais. Caracteriza-se por ser uma fase de várias mudanças, influências e pressões, podendo

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gerar inseguranças quanto à necessidade de afirmação, devido às transformações internas e


externas.
Nesse período da vida, as alterações físicas são visíveis e sofrem variações de acordo
com o gênero: mudança de estatura, aparecimento de pelos (púbicos e axilares), possibilidade
de acnes, entre outras. Mesmo consideradas universais, as transformações biológicas podem
sofrer alterações de acordo com influências externas (má alimentação, fatores estressores e
atividade física, residir em locais cujo clima seja quente ou frio demais) acelerando ou
retardando o processo anatômico e fisiológico do sujeito. Nas meninas, os caracteres que
geralmente aparecem são: surgimento das mamas, aumento dos quadris, menarca (primeira
menstruação). Já nos meninos é comum o aumento dos testículos, pênis, primeira ejaculação,
alteração do timbre da voz e aumento dos ossos e largura dos ombros. Organicamente se inicia
a fase da puberdade, que marca o início da preparação para a procriação e maturação sexual
(fertilidade) (PAPALIA e FELDMAN, 2013).
A adolescência é um período de profundas transformações na formação do sujeito. Nela
o adolescente busca desenvolver sua identidade, autonomia e independência. Para isso ele
experimenta novos papéis, na tentativa de se adaptar às diversas cobranças sociais. Aberastury
e Knobel (1981) ressaltam que o adolescente passa por um processo de luto: a perda do corpo
infantil, da identidade infantil e da imagem idealizada pelos pais (os filhos estão crescendo e os
pais envelhecendo). O juvenil começa uma nova realidade se despedindo da infância. Segundo
os autores, existe uma “síndrome normal da adolescência” devido às características comuns
nessa fase, definida a partir dos seguintes critérios:

1) busca de si mesmo e da identidade; 2) tendência grupal; 3) necessidade de


intelectualizar e fantasiar; 4) crises religiosas, que podem ir do ateísmo mais
intransigente até o misticismo mais fervoroso; 5) deslocalização temporal, onde o
pensamento adquire as caraterísticas de pensamento primário; 6) evolução sexual
manifesta, que vai do autoerotismo até a heterossexualidade genital adulta; 7) atitude
social reivindicatória com atitudes anti ou associais de diversa intensidade; 8)
contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta, dominada pela ação,
que constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período de vida; 9)
uma separação progressiva dos pais; e 10) constantes flutuações do humor e do estado
de ânimo (ABERASTURY; KNOBEL, 1981, p. 29).

De acordo com Amaral (2007), a adolescência é uma construção social, não é apenas
um período biológico, inerente ao desenvolvimento natural do ser humano, mas sim um
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processo de transformação, em que o homem transforma e é transformado nas relações sociais


e, através destas, o adolescente cria sua subjetividade.
Bock (2004) também analisa essa fase de forma crítica. Segundo a autora, o conceito de
adolescência precisava ser revisto, uma vez que não cabe a definição de patológico ou natural,
mas social e histórico, no qual a família é vista como agente de construção, através das relações,
para que os jovens possam se colocar na sociedade como parceiros sociais, produtores,
criadores e não como imaturos e problemáticos simplesmente. “Pensar a juventude como uma
manifestação da natureza humana é desvalorizá-la e condená-la à identificação com modelos
vazios em termos de inserção na sociedade” (BOCK, 2004, p.39).
Neufeld et al. (2017) observam que, na interação do adolescente com o meio, ocorrem
mudanças psicossociais, mediadas por aspectos que vão desde neurofisiológicos à
comportamentais, cabendo salientar que o intelecto não está totalmente maduro, o que favorece
comportamentos de risco nessa fase.

“Capacidades psicossociais como controle de impulsos, regulação emocional, postergação de


gratificações e resistência à influência de pares, portanto, evoluem de modo gradual durante a
adolescência” Steinberg (2004 apud NEUFELD, 2017 p.31).

Para Fonseca et al. (2013), toda mistura de experiências de instabilidade e descobertas


torna o adolescente inseguro e assim mais suscetível a questões que o tornam vulnerável,
gerando comportamentos extremos e por vezes negligentes: consumo de álcool, homicídio,
prostituição, violência, situação de rua, tráfico e gravidez precoce.

VULNERABILIDADE SOCIAL

Segundo Janczura (2012), “a palavra vulnerável origina-se do verbo latim vulnerare,


que significa ferir, penetrar. Por essas raízes etimológicas, vulnerabilidade é um termo
geralmente usado na referência de predisposição a desordens ou de susceptibilidade ao
estresse”, (p.02) o que, em algumas literaturas, é sinônimo de risco.
De acordo com Fonseca et al. (2013), o conceito de vulnerabilidade social não se
restringe a questões econômicas, mas à desigualdade de acesso a bens e serviços públicos e às
fragilidades de vínculos afetivos. É um conceito novo na América Latina e vem apontar
problemas sociais como: violência familiar, estar próximo ao tráfico, precariedade nos serviços
públicos, entre outros fatores.
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Silva et al. (2019) e Catrib e Silva (2014) sugerem que, ao associar a adolescência a
uma fase de vulnerabilidades, o sujeito é visto como incapaz, necessitando de agentes
protetores, tais como: políticas públicas e outras instâncias sociais, educacionais e de saúde,
para proverem acolhimento e norteamento com estratégias que visem auxiliá-los a superar
fatores de riscos a que estão submetidos.
De maneira geral, as políticas públicas brasileiras não contemplam satisfatoriamente
grande parte da população, estando as pessoas carentes de necessidades básicas. Nesse cenário,
alguns adolescentes ingressam no mercado de trabalho em empregos que exigem pouca
qualificação profissional e ficam sujeitos à exploração, enquanto outros acabam escolhendo o
crime organizado, prostituição ou tráfico de drogas, para Pessalacia et al. (2010).
O direito ao trabalho e educação que são garantidos por lei, através do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), podem ser reforçadores positivos da autoestima e autonomia,
mas nas classes mais baixas, o trabalho se torna índice de vulnerabilidade, pois os jovens entram
precocemente, principalmente, no mercado de trabalho informal; adquirem uma jornada mais
pesada, para conciliar estudo e trabalho, estudam em escolas com estrutura e qualidade de
ensino inferior; trabalham para ajudar seus responsáveis, podendo se tornar “chefes da casa”.
Por terem que se tornar adultos mais cedo, podem evadir da escola ou casar-se precocemente.
Outro ponto que chama a atenção para esses jovens seria a autonomia financeira (se achar dono
se si), que pode gerar experiências de risco, tal como iniciação com drogas, conforme apontado
pelo estudo de Dutra-Thomé et al. (2016).
Rodriguez (2008) relata que adolescentes que são submetidos à vulnerabilidade social
colocam em risco seu desenvolvimento biopsicossocial, o que aumenta a possibilidade de
problemas emocionais e comportamentais, não de forma causa e efeito, mas como
probabilidade de enfrentamento nas questões da vida. Para Silva et al. (2019), “um sujeito pode
tornar-se menos vulnerável se for capaz de reinterpretar criticamente mensagens sociais que
podem colocá-lo em situações de desvantagem ou desproteção” (p. 425). Ou seja, ressignificar.
Teixeira (2019) afirma que estar vulnerável socialmente aponta para fatores de risco que
podem dificultar o desenvolvimento pleno dos adolescentes. Uma das alternativas para o
equilíbrio entre os fatores de risco e os protetivos seria a resiliência. Ela tem como efeito
encorajar o sujeito a enfrentar as adversidades, transferindo o sofrimento oriundo da vivência
negativa para uma positiva em adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Neufeld et al. (2017) afirma que estar em vulnerabilidade pode ter um viés negativo,
mas também ser visto como uma força positiva, pois leva ao juvenil a possibilidade da

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autonomia. Não obstante, é preciso compreender o que pode levar os indivíduos a enxergarem
as vulnerabilidades como algo positivo. Assis et al. (2006 apud RODRIGUEZ, 2008 p. 71)
enumeram três possíveis fatores: o primeiro seria a capacidade individual do adolescente, seus
mecanismos internos, com sua autoestima e temperamento; o segundo seria o ambiente familiar
afetuoso que atua como apoio e o terceiro o ambiente social, suas relações interpessoais.
Para Pereira-Guizzo et al. (2018) um outro fator protetivo importante para
adolescentes em situação de vulnerabilidade seria trabalhar as habilidades sociais, porque elas
auxiliam no empoderamento, na superação de desafios, melhoria nos relacionamentos
interpessoais, bem como no exercício dos seus direitos.

A CONSTRUÇÃO DA AUTOESTIMA

O conceito de autoestima não é de fácil definição, já que na atualidade se valoriza o ter


em detrimento do ser. Em uma cultura voltada ao que está externo: as conquistas materiais e
culto à beleza física, ter a autoestima saudável está relacionada a olhar para dentro,
reconhecendo seus valores, qualidades e limitações, sentindo-se bem consigo por se aceitar com
suas capacidades e dificuldades (FAUSTINO, 2017). Braden (1997) entende que ela é formada
por fatores tanto internos, que são criados por ele (crenças e atitudes) quanto externos, que são
as informações recebidas, através das relações importantes, significativas do indivíduo nos
ambientes e instituições em que ele circula e a cultura de que ele faz parte.
Para Riso (2017), a autoestima começa a se desenvolver nas relações sociais e
experiências pessoais, possui quatro pilares principais que não devem ser vistos de forma
separada: autoconceito (seu pensamento sobre si é como o indivíduo se vê e se trata, sua
autoavaliação. A forma não saudável desse pilar leva à autossabotagem, autocrítica ruim,
autoexigência elevada e autorrotulação negativa), autoimagem (como se percebe relacionado a
sua aparência), autorreforço (como se premia pelo que faz, é um tipo de autoamor, é expressar
afeto, investir tempo em si, é a autodeclaração de sentimentos positivos para o bem-estar) e
autoeficácia (sobre sua confiança em você, está relacionada à crença de capacidade, uma boa
autoeficácia traz segurança, o autor chama de “... uma opinião afetiva de si”, p.119).
Para Silva e Marinho (2003), o conceito de autoestima é desenvolvido através das
relações familiares e sociais, ou seja, a interação com o ambiente gera a referência individual
sobre si, podendo ser saudável ou não, de acordo com os reforçadores: positivos ou negativos.

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Assis e Avanci (2004) citam que “a autoestima é uma característica humana forjada a
partir dos olhares que a criança direciona e recebe dos espelhos que encontra ao percorrer o
labirinto de sua vida. ” (p.15) Rodriguez (2008) observa que, na infância e adolescência, existe
a necessidade de estabelecer e manter vínculos seguros para reafirmar seu sentimento de
autoestima positiva, isso cria a ideia de segurança interna (autoeficácia). Esse apego seguro é
quando a criança/adolescente se permite experienciar, descobrir, sabendo que tem o amparo,
caso precise. Se o sujeito se sente seguro de si, ele saberá lidar com as adversidades, exercendo
protagonismo.
Macedo e Andrade (2012) relatam que a autoestima é subjetiva e faz parte do
autoconceito. Através da experiência de como o indivíduo se vê e o que pensa, ele interage com
o mundo, em um movimento constante de revisão, adaptação e construção. Quando a imagem
de si é gerada de forma favorável, o sujeito atinge a responsabilidade e a autonomia.
Para Neufeld (2017), trabalhar a autonomia do adolescente é desenvolver sua
capacidade cognitiva e comportamental para fazer escolhas responsáveis e assertivas, além de
construir e fortalecer outras habilidades: resolução de problemas, reflexão, manejo das emoções
e construção de um projeto de vida. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é uma
abordagem que atua nas capacidades mencionadas acima, ela é uma estratégia de cuidado, que
ajuda a aprender novos comportamentos com base na ressignificação de crenças, busca da
qualidade de vida e formas adaptativas para enfrentar as dificuldades. Outro ponto a ser
trabalhado no adolescente é sua habilidade de identificar, reconhecer e nomear suas emoções,
já que, na adolescência, as emoções são muito intensificadas. Desse modo, são imprescindíveis
técnicas de regulação emocional, para que, quando vierem as situações de risco social, eles
possam agir com autoeficácia.
Para um trabalho mais efetivo de proteção e amparo, precisa-se incluir os pais ou
responsáveis legais. Pureza et al. (2014) observa que trabalhar com os pais, através de programa
de Treino dos Pais (TP), faz com que esses cuidadores compreendam a dinâmica do
comportamento de seu filho. Esse tipo de programa é realizado com orientação e psicoeducação
para manejar situações disfuncionais, favorecendo comportamentos desejados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adolescência é uma fase com muitos altos e baixos, questões externas e internas. Para
desenvolver uma adolescência de forma saudável e com qualidade de vida são necessárias ações

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que acolham e norteiem os jovens. Para tal, é preciso ampliação das políticas públicas, melhores
acessos à seguridade social, psicoeducação dos pais e alfabetização das emoções.
Tendo em vista os aspectos observados, a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é
uma estratégia protetiva que pode ajudar no enfrentamento da vulnerabilidade social na
adolescência, visto que ela trabalha com pensamentos, comportamento e emoções, manejo das
emoções, reestruturação cognitiva e diminuição de comportamentos e pensamentos
disfuncionais para funcionais para qualidade de vida. Quando o adolescente vulnerável social
reestrutura suas crenças cognitiva e comportamentalmente, ele se empodera, com isso, os
fatores externos ganham um menor peso em sua existência. Dessa forma, ele tem a possibilidade
de ressignificar sua história, substituindo atitudes disfuncionais por saudáveis, construindo mais
autoconfiança, autoeficácia e uma autoestima saudável, pois se coloca como protagonista.
Na TCC, o que ele pensa (pensamento), tem relação com o que ele sente (emoção) e
como reage (comportamento), onde um influencia/altera o outro, quando o indivíduo percebe
essa relação e aprende a reconhecer, identificar e nomear suas emoções, essas passam a não
mais dominá-lo, tendo maior equilíbrio nas suas relações e situações estressoras e desafiadoras.
Fatores externos impactam adolescentes, mas a família, através do vínculo de afeto,
consegue diminuir a proporção. Em virtude do que foi mencionado, a percepção de apoio da
família, treino de pais e o domínio de habilidades sociais são considerados fatores do bem-estar
para o adolescente.
Conclui-se que os fatores de vulnerabilidade social influem de maneira significativa na
formação da autoestima adolescente, contudo não são fatores únicos e determinantes, visto que
características pessoais, genéticas e externas assumem relevância no fortalecimento dessa
construção.
Destaca-se a necessidade de continuação desse tema, porque falar sobre adolescência é
falar sobre a edificação de uma sociedade. O tema não se esgota e dizer sobre vulnerabilidade
social é falar sobre um caminho longo, cheio de buracos, que está começando a ser trilhado.

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