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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Centro de Ciências da Saúde - CCS
Curso de Psicologia
ESTÁGIO BÁSICO III

Relatório de Estágio Básico III

Larah Maria Pinho Nunes


2115122

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta os resultados e reflexões acerca das atividades realizadas, pela
autora-estudante Larah Nunes, para a disciplina Estágio Básico III, do curso de Psicologia da
Universidade de Fortaleza (Unifor). Dentre os objetivos desta disciplina estão, observar
adolescentes em grupos e organizações sociais em consonância com aspectos psicossociais da
adolescência e refletir sobre as transformações, desenvolvimento e aprendizagens do adolescente na
escola, estudar sobre a diversidade dos campos e áreas de atuação da Psicologia com adolescentes
em contextos sociais diferentes e observar as características psicossociais da adolescência.

A adolescência é conceituada como uma fase de desenvolvimento do ser humano situada entre
a infância e a idade adulta que, apesar de transitória, é extremamente importante, uma vez que,
neste período, são obtidas as características físicas, psicológicas e sociais do adulto. Além disso, a
avaliação do desenvolvimento na adolescência reveste-se de maior complexidade, pois existe uma
variabilidade individual muito grande.

Para Piaget as transformações emocionais que ocorrem na adolescência dependem das


transformações cognitivas, e uma das grandes transformações do estágio de desenvolvimento
operatório formal é o surgimento do pensamento hipotético-dedutivo, diferente do estágio
operatório concreto, em que a criança apenas raciocina sobre proposições que julgasse verdadeiras,
apoiando-se no concreto para isso.

O jovem torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou
ainda não acredita, isto é, pensa e reflete hipoteticamente. Desta forma, adquire a capacidade de
ultrapassar, pelo pensamento, situações vividas e a projetar ideias para o futuro.

Com a pesquisa realizada, o meu objetivo geral foi o estudo do desenvolvimento psicossocial
de adolescentes em diversos contextos, a escolha por esse grupo se justifica pelo desejo de aprender
e pesquisar essa fase de transição entre a infância e a idade adulta e estudar a observação
participante como técnica de investigação e atuação em Psicologia.

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MÉTODO

Considerando a adolescência uma construção sócio-histórica cujas manifestações são


fortemente influenciadas pelos fatores socioeconômicos, políticos e culturais do ambiente onde o
adolescente vive, buscou-se nesta pesquisa verificar as ações que envolvem o comportamento do
adolescente em sala de aula e em atividades escolares observando os campos do
desenvolvimento, temperamento, habilidades e capacidades, interesses, sexualidade, abordagem
à aprendizagem, interações sociais com adultos e outros adolescentes.

Este estudo mostra as abordagens acerca das observações em sala de aula tomando como
base a educação de adolescentes na faixa etária de 14 á 16 anos de idade em uma escola local da
cidade de Fortaleza, Colégio Manoel Anacleto. Tal escola possui uma carga horária de 4 horas
diárias, foi realizada a pesquisa em duas turmas composta por 32 alunos em sua maioria mulheres,
com idade média de 15 anos.

As observações foram feitas ao todo em 12 horas, divididas em 3 semanas de


observação. Durante a preparação e os estudos, através das orientações, foi possível explorar e
ajustar tópicos mais relevantes para serem utilizados durante a observação, evitando que alguma
questão importante deixasse de ser notada. Essa prática foi de grande importância para que as
observações fossem enriquecedoras para a construção do artigo.

A análise dos dados coletados nas observações , mediante ao apoio do referencial


teórico do campo da psicologia do adolescente e das orientações em sala, foi desenvolvida
comparando os diferentes comportamentos dos alunos em eventos escolares e em diferentes
grupos e salas. Assim, conseguimos coletar diferentes percepções e inferir informações, em
especial, a observação feita durante a campanha de setembro amarelo no colégio Manoel
Anacleto e a SEMAC, semana cultural do mesmo.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos textos e orientações em aula, as observações desenvolvidas para essa pesquisa sobre a
fase da adolescência podemos observar como o adolescente reage e como se introduz a essa
transição que é sair da infância ao perceber mudanças na imagem corporal, adotar valores e estilo
de vida, conseguir independência dos pais e estabelecer uma identidade própria.

Como método de uma pesquisa feita por observações, expressa pontos de vista, sentimentos,
memórias e discussões pessoais dos observadores sobre os alunos. Assim, podemos observar uma
nova perspectiva sobre a área dividindo a análise dos temas abordados em categorias: os textos
dados em aula, a perspectiva estudantil , o público-alvo, o comportamento adolescente, os seus
resultados, os desafios e as perspectivas.

As definições de adolescência frequentemente vinculam-se à idade e às transformações anatômicas


e fisiológicas características da puberdade. Do ponto de vista cronológico, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) considera adolescente o indivíduo entre 10 e 19 anos. De acordo com oEstatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) - Lei n. 8.069, de 13/07/19902 -, é considerado adolescente o
indivíduo entre 12 e 18 anos de idade.

● Parece que a duração da adolescência pode ser razoavelmente definida em termos de


processos psicológicos, em face das limitações no emprego de outros elementos. Segundo
esta estrutura de referência, a adolescência começa com as reações psicológicas do jovem a
suas mudanças físicas da puberdade e se prolonga até razoável resolução de sua identidade
pessoal. Para alguns, o processo de maturação sexual pode começar na primeira década da
vida e, para outros, jamais se conseguirá um firme senso de identidade pessoal. Entretanto,
para a maioria das pessoas jovens, estes eventos ocorrerão principalmente entre as idades de
11 e 20 anos, que limitam a fase da adolescência. (CAMPOS, 1998, p. 15).

Campos (1998) esclarece que delimitar a adolescência não é uma tarefa muito fácil, em razão
dos fatores biológicos específicos, atuantes na faixa etária, se somarem as determinantes sócio -
culturais, advindas do ambiente em que o fenômeno da adolescência ocorre. Ou seja, o adolescente
não apenas está vulnerável aos efeitos das transformações biológicas corporais, mas, também as
mudanças vividas no mundo moderno, do progresso científico, da tecnologia, das comunicações,

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das novas aspirações humanas e rápida evolução social, que se estabelecem em seu dia-a dia e
compõem sua construção como sujeito.

E são esses tópicos que vão ditar parte da identidade do adolescente e a maneira dele reagir
durante a vida e vão indicar se e vai estar apto ou não para a vida adulta. Grande parte desse
processo se dá na escola, pois é onde o jovem encontra um pequeno “mundo” com uma sociedade a
qual ele precisa conviver durante anos e nela enfrentar todas as mudanças sociais, mentais e
corporais que estarão por vir.

Tiba (2005) diz que assim como a infância constitui-se por etapas, a adolescência possui as
suas, tanto no sentido psicossocial do adolescer, como no que se refere às mudanças biológicas,
destacando-se entre elas; a confusão pubertária, o estirão, menarca, mudança de voz e onipotência
juvenil.

De acordo com Berger (2003) além de a adolescência começar em meio as alterações físicas
da puberdade, ela capacita o jovem a transcender do pensamento concreto para o pensar abstrato e
hipotético. Havendo em paralelo, mudanças psicossociais voltadas aos pais, à nova independência
com amigos, nova intimidade com a compreensão de si. Sendo estas transformações precursoras da
vida adulta, no qual o tornar-se adulto, não é uma questão de proporção de intelectualidade, mas
sim, de maturidade social.

● Mudanças cognitivas levam os adolescentes ao pensamento abstrato, a refletir mais sobre “o


que deveria ser”, “o que poderia ser”, do que sobre “o que é”. Refletir sobre algo e fazer
conjecturas a respeito do futuro deixam de ser atitudes estranhas para eles, que se sentem
cada vez mais inclinados a especular e imaginar. Na medida em que fazem, suas emoções se
conectarem mais intimamente a seus pensamentos. (ELIAS; TOBIAS & FRIEDLANDER,
2001, p. 65).

Partindo deste tópico , podemos analisar que a identidade é uma forma de autenticidade do
seu próprio eu que acontece de forma progressiva. Quando o adolescente busca esse “eu” e recebe
um retorno de forma positiva ele se sente realizado e também se apropria de valores que irão
ajudá-lo a se posicionar de maneira cívica acerca de situações que surgem na sociedade. Embora
essa busca da identidade possa gerar conflitos acerca de temas que surgem na fase da adolescência
também, tais como: sexualidade, relacionamento com a família, os amigos e a sociedade adulta,
questões sobre a autoimagem, entre outros, já que como dito mais acima, os adolescentes é o grupo
social que mais recebe influência, sendo assim, conflitos que retardem essa formação podem
acontecer a qualquer momento.( Gadelha, 2020, p. 18).

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A formação dessa identidade em questão de tempo (anos) é bastante relativa, cada
indivíduo tem seu tempo de construção desse próprio eu. Com a identidade formada, o adolescente
se sente preparado para se impor acerca de questões na sociedade que irão mexer com fatores
relacionados a etnia, sexualidade, família, entre outros. Ele vai carregar consigo valores que o farão
ter autenticidade suficiente para não se deixar influenciar por situações negativas sobre esses fatores
citados acima, ocorrendo neste momento uma realização pessoal e apropriação de sua própria
identidade.

CONCLUSÃO

Diante da presente pesquisa concluiu-se que a adolescência é de fato um período bastante


complexo e engloba variados elementos como novas capacidades de reflexão sobre os outros e
sobre si mesmo, a aquisição de novos papéis sociais, transformações biológicas e emocionais, a
necessidade de pertencer com aceitação a grupos, de autonomia e mais, corresponde ao momento
crucial de definição da identidade.

● A concepção de adolescência é grande e com vários pontos de vistas. Mais do que um


período de transição, a adolescência se impõe como uma categoria social distinta, fruto do
meio em que ela se insere. Diante desse cenário, o adolescente apresenta características
próprias, partes destas fundamentadas pela sequência da maturação cerebral e que envolve a
elaboração da identidade sexual e a busca de uma identidade adulta e da independência
emocional e econômica. (PSICOLOGIA POLÍTICA, 2019, p. 275)

Foi possível concluir também que a autocompreensão dos jovens, não se vem apenas em
elementos dos primeiros anos de vida, mas, dos novos
componentes sociais, institucionais e das interelações cotidianas, para definir-se em termos de
identidade, dos quais se destacam como agentes de base para a construção de uma identidade sadia
ou não; as escolas (educadores, colegas e o corpo escolar), família (pais ou cuidadores), amigos e
pessoas mais próximas que acompanhem esta etapa.

Assim como denota, o papel do psicólogo no sentido de intervenção, como mediador na


desmistificação de rótulos via práticas escolares que proporcionem a reflexão da participação
positiva e negativa dos cuidadores e profissionais da educação neste sentido. E o objetivo com que
faz-se necessário intervir no espaço terapêutico, que é o de viabilizar o ambiente adequado não
existente de reestruturação da identidade, para a vítima de rotulação poder adquirir condições
suficientes para o combate aos rótulos e reivindicar sua verdadeira posição, no que se refere à
própria identidade. (Maciel, 2008, p.50).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T.


Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999.
368 p.
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ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. 432 p.
BUENO, Silveira. Minidicionário da língua. São Paulo. FTD LISA, 1996, 703 p.
BURKE, Thomas Joseph. O professor revolucionário: da pré-escola à universidade. 2. ed
Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. 110 p.
CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da adolescência: normalidade psicopatologia.
Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1998. 155 p.
CARVALHO, Alysson Massote; SALLES, Fátima; GUIMARÃES, Marília Marques.
Adolescência. Belo Horizonte: Instituto de Filosofia e Teologia de Goias, 2003. 122 p.
CLAES, Michel. Os problemas da adolescência. São Paulo: Ed. Verbo, 1985. 193 p.
COSTA, Carmem R.; SOUZA, lara E. R.; ROCANGLIO, Sonia Maria. Momentos em
Psicologia Escolar. 2ª ed. Curitiba: ed Juruá, 2000. 122 p.
CREMA, Roberto. Análise transacional centrada na pessoa e mais além. 2. ed São Paulo:
Agora, 1985. 308 p.
ELIAS, J. Maurice, TOBIAS, E. Steven, FRIEDLANDER. A adolescência e a inteligência
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263p
ERIKSON, Erik H. Identidade juventude e crise. Rio de Janeiro.ed Guanabara 1987. 322 p.
FENWIK, Elizabeth; SMITH, Tony. Adolescência: guia de sobrevivência para pais & adolescentes.
São Paulo: Ed. Ática, 1996. 286 p.

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