Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PSICOLOGIA
RIBEIRÃO PRETO
2023
GUILHERME AUGUSTO BITENCOURT
SOPHIA THOMAZINI DE AGUIAR
RIBEIRÃO PRETO
2023
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO……………………………………………………………….….…….4
1.1 REVISÃO DE LITERATURA………………………………………………………..….4
2 APRESENTAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA CLIENTELA……………………...…...11
3 DISCUSSÃO E EVOLUÇÃO DO GRUPO……………………………………………..13
4 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………..21
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………...….22
ANEXOS……………………………………………………………………………………24
4
1 APRESENTAÇÃO
A escola pode ser considerada como um espaço que reflete a sociedade atual, assim, a
violência presente, é também observada em diferentes contextos e para Slavoj Žižek (2012) a
violência é vista como uma confissão implícita de impotências e ressentimentos. Logo, a
criação de espaços de diálogo entre alunos e professores, o estímulo à resolução pacífica de
conflitos, a promoção de atividades culturais e esportivas que possam favorecer a integração e
o convívio saudável entre os estudantes e o diálogo aberto sobre emoções e sentimentos pode
ocasionar no declínio desses episódios de violência extrema (CÉZAR, 2019).
No contexto brasileiro, a presença dos atentados tem se tornado cada vez mais
frequênte, logo há uma repercussão midiática maior, desencadeando grande comoção e
aumento da audiência. Contudo, Coelho, Silva e Pirozi (2019) apontam que após o momento
de divulgação da notícia, há um retorno à sociedade individualista, onde nada é feito, além de
se esperar pela próxima notícia fatídica. Assim, o combate à violência não deve ser
responsabilidade apenas do Estado, mas também de toda sociedade, que se incomoda
momentaneamente com os ocorridos, mas nada busca mudar.
Com isso, trazemos a similaridade de discutir a empatia como uma resposta de
comportamentos afetivos e cognitivos, na relação do indivíduo com seu meio ambiental.
Sendo assim, destacamos a importância do sentimento da empatia como um dos principais
exemplos a se levar quando pensamos em fatores de proteção. De acordo com Sampaio et al
(2013), o autor descreve empatia como um processo de projeção do self que permite a um
observador de uma obra de arte capturar a essência da obra e experimentar sentimentos de
admiração e unicidade por esta.
Com isso, foi possível perceber a relevância de compreender sobre esse sentimento,
dando mais atenção nas referências teóricas dos demais estudos sobre o assunto. Nesse
sentido, se viver em sociedade é pensar em empatia, visto que algumas associações podem ser
incluídas nesse campo, como por exemplo a pró-sociabilidade, incidir a agressividade,
diminuir os julgamentos morais, proporcionar mais responsabilidade pessoal e social. Assim,
podemos exemplificar que é concedendo para o sujeito a capacidade de coordenar e
diferenciar diferentes perspectivas permitiria aos sujeitos analisar o contexto no qual as
pessoas expressam sua afetividade, fazer atribuições causais sobre a situação observada e
sentir cautelosamente as experiências afetivas das pessoas à sua volta (SAMPAIO, et al,
2013).
A partir disso, relacionamos o sentimento de empatia com a inserção do indivíduo no
ambiente escolar, visto que crianças e adolescentes passam grande parte do tempo nestes
contextos, e acabam desempenhando um papel fundamental na educação de seus
9
indivíduos que apresentam baixos indícios e expectativas positivas para superar desafios e
dificuldades podem ter sua vulnerabilidade agravada. (COSTA; CAVALCANTE, 2018)
De outro modo, conceituamos os fatores de proteção como recursos pessoais ou sociais
que amenizam as situações de risco na vida do indivíduo. De acordo com Sapienza e
Pedromônico (2005), para entendermos a dimensão dos fatores de proteção, fazemos distinção
no aspecto individual, na qual têm cuidados estáveis, habilidade para solucionar problemas,
qualidade de relacionamentos, competência, auto estima, eficácia na relação com resiliência.
Apesar das vivências negativas, o sujeito consegue se reconstituir no processo de crescimento
sem ter decaídas em um determinado contexto. Com isso, podemos compreender algumas
instituições primordiais nesse momento, como por exemplo, a escola, família, condições
financeiras, condições de vida e amizade. No fator escola, crianças e adolescentes podem
experimentar esse ambiente como rede de apoio no suporte de vida. A criança ter poucos
amigos não é um fator de risco, precisamos entender o que denota essa situação é a
dificuldade da criança se expressar e ter um bom convívio social onde ela possa se relacionar
e externalizar sua subjetividade.
11
O primeiro encontro realizado com o grupo foi destinado a apresentação, tanto dos
participantes, como dos estagiários e do estágio. Assim, algumas dinâmicas foram utilizadas,
como por exemplo a da bola com palavras, que desencadeou o relato de diversas histórias
pessoais e a aproximação entre a dupla e o grupo. Dando continuidade ao movimento de
estreitamento de laços, no segundo encontro, os estagiários utilizaram do livro carta “o que
você faria”. Durante a atividade, a partir da fala de alguns participantes, foi possível observar
que o grupo possuía diversas vivências relacionadas à vulnerabilidade social, logo, foi um
momento proveitoso para a estruturação dos demais temas que foram abordados nos encontros
seguintes, tais como a empatia, amizade, adolescência e expressão de sentimentos. É válido
pontuar que a partir do terceiro encontro, os estagiários passaram a agir de forma ativa nas
discussões, propondo reflexões sobre os temas e os apresentando ao grupo, diferente dos dois
primeiros encontros que foram destinados à escuta ativa dos participantes.
Dessa forma, no terceiro encontro os estagiários tinham como tema principal a
amizade, sendo assim o objetivo desta sessão era discuti-la através de uma música e um curta
metragem chamado de “Kitbull”. De início foi colocada a música chamada de “Valeu amigo”,
a qual retrata bem sobre a questão da amizade. Foram dadas algumas folhas contendo a letra
da música, a qual o grupo pode acompanhar sem dificuldades. Posteriormente, foi proposto
uma reflexão envolvendo a música. Foi perguntado sobre questões como, o que significava a
palavra amizade, diferenças entre colega e amigo, qual era mais importante de se ter ao longo
da vida, como o grupo entendia sobre o assunto.
Segundo Carvalho et al (2017), os fatores intrapessoais, interpessoais e culturais são
formadores da individualidade de cada ser, onde o desenvolvimento representa uma síntese de
maturação e aprendizagem que podem ser adquiridos por tarefas psicossociais. Nesta fase, o
indivíduo lida com conflitos de identidade, sendo que as relações estabelecidas são influentes
na constituição do sujeito. Com isso, P., comentou um episódio quando fazia de tudo para ser
aceito em um grupo de amigos que era humilhante e desafiador. Nisso, o estagiário G.,
perguntou se alguém tinha feito algo de ruim por influência de outra pessoa, ninguém dos
participantes se manifestou.
O grupo, ao decorrer das atividades, foi pontuando sobre a amizade e as situações que
é necessário termos amigos. Cada participante teve alguma fala sobre os lados positivos e
negativos desse assunto. Por isso, temos que ter em mente sobre a qualidade das relações de
amizades, deixando claro os lados positivos e negativos. Como exemplos, alguns atributos
como caráter, lealdade, confiança, reciprocidade, suporte emocional, são pontos a serem
14
levados em consideração por parte das falas do grupo. Por atributos ruins, temos a rivalidade,
dominância, julgamentos, falsidade, baixa consideração, etc.
Na quarta sessão com os participantes e também nos demais encontros, foi abordado
sobre a empatia e suas consequências e ações. O objetivo do encontro foi realizar uma
dinâmica chamada “o feitiço virou contra o feiticeiro” e apresentação de um curta metragem
para engajar o grupo a discutir sobre a empatia. A primeira dinâmica realizada foi de grande
aproveitamento para gerar uma reflexão, pois a ideia era escrever um mico/ desafio para o
colega realizar sem desculpas. Porém, foi revelado que os próprios indivíduos teriam que fazer
os desafios, ocorrendo uma euforia por alguns participantes do grupo. Logo após, foi realizada
uma discussão sobre como tinha sido para cada integrante realizar os micos e
consequentemente não terem tido o cuidado de não pensar no próximo. O curta metragem
gerou mais força na fala de cada indivíduo, visto que também era um tema que abordava a
importância de se pensar no outro.
Como exposto anteriormente, a empatia é uma habilidade importante que afeta o
ajustamento social das pessoas, em qualquer fase de vida, como por exemplo na relação de
amizade, relação parental, relacionamentos afetivos, etc. (AZEVEDO; MOTA; METTRAU,
2018) Nesse sentido, foi percebido que muitas pessoas do grupo não tinham um cuidado em
pensar no próximo, visto que D., disse que H., havia chutado o portão de uma casa e ele bateu
no menino. P., havia contado sobre a ideia que ele e seus amigos tiveram em abrir portões do
bairro, que acabou no acionamento da polícia devido a esse descuido. Os estagiários
reforçaram a ideia de pensar no outro, perguntando se os meninos ficariam felizes se fosse ao
contrário.
Segundo Azevedo; Mota; Mettrau (2018), pessoas que possuem empatia acabam
tornando relações mais equilibradas e agradáveis, diminuindo os conflitos e questões que
dificultam esse processo. Além do mais, a empatia influencia diretamente nas tomadas de
decisões, principalmente quando relacionada com respeito e moralidade. Assim, alguns
participantes do grupo ressaltaram a importância de amar o próximo como a si mesmo. Os
demais participantes concordaram com a frase de efeito.
No decorrer da sessão, quando o grupo assistiu ao curta-metragem, acabaram se
prendendo ao tema. Percebe-se que o pessoal relata que os mesmo acontecimentos que
acontecem no L.O.U, também ocorrem na sala de aula. O grupo iniciou dizendo que em suas
escolas sempre acontecem furtos de materiais escolares, não tendo nenhum apoio de
professores, ou funcionários. P. comentou que já tentou levar pra diretora, mas nada aconteceu
, o deixando ainda mais irritado. Segundo Azevedo; Mota; Mettrau (2018), precisamos
15
considerar sobre a homeostase social para compreender cada papel de cidadão, visto que a
vida deve ser regulada não apenas por nossos desejos e sentimentos, mas pensar no outro
como atuante do processo. Assim, pode-se perceber que faltou empatia tanto para com os
alunos quanto para com os profissionais atuantes das escolas.
Na quinta sessão com o grupo, o tema abordado foi a adolescência, onde cada
indivíduo deveria realizar um desenho ou uma escrita em uma folha disponibilizada,
abordando a forma com que viam os adolescentes e as atividades que fazem. O objetivo da
sessão era realizar posteriormente uma discussão sobre as produções dos jovens de forma que
fosse possível identificar características compartilhadas por eles e promover reflexões acerca
das modificações causadas pela adolescência, como por exemplo o aumento de
responsabilidades e demais temas relacionados. Entretanto, por falta de tempo, demora na
realização da atividade e conversas paralelas, a discussão não foi tão proveitosa quanto o
esperado. Mesmo assim, alguns relatos e falas dos jovens podem ser comparados com a
literatura, como por exemplo as questões relacionadas ao bullying.
Como dito anteriormente, o bullying tem como principal objetivo agredir o outro, seja
de forma física ou psicológica e pode ser feito de diferentes formas, como por exemplo
através de piadas sobre a aparência da pessoa ou outras características que apresenta
(UNICEF, 2011). No grupo as queixas referente ao bullying foram principalmente
relacionadas a aparência física e quando questionados acerca dos motivos de terem feito tais
comentários, os jovens desviaram do assunto e não responderam a pergunta. Como os jovens
também evidenciaram que sofriam bullying na escola, foi questionado como se sentiam diante
disso, entretanto responderam que não se importam com o que era dito.
O surgimento dessa problemática foi curioso, principalmente pelos estagiários terem
abordado no encontro anterior o tema empatia. O participante D., o qual contribuiu
demasiadamente para a discussão da empatia, elencando o respeito e a atitude de se colocar no
lugar do outro foi quem revelou que realiza bullying com os colegas de turma. Os demais
participantes do grupo também comentaram que praticam essa ação e que não se importam
com os comentários que são direcionados a si mesmos. Em estudos comparativos realizados
por Pigozi e Machado (2015) fica evidente que muitos adolescentes subestimam a seriedade e
a gravidade da prática do bullying, o que muitas vezes pode estar relacionada com a falta de
orientação, principalmente dos efeitos ocasionados pela agressão na vítima.
Outro ponto com relação a tal temática é que muitas vezes o bullying acaba por ser
tolerado repetidas vezes pela vítima por ser amiga do agressor ou como forma de continuar
pertencente a um grupo (NASCIMENTO, MENEZES, 2013 apud PIGOZI, MACHADO,
16
2015). No caso do grupo, na discussão não ficou evidente os motivos da prática e como lidam
diante de tais situações, entretanto é possível inferir através da fala de D. e outras vivências
dos estagiários com o grupo que, diante de agressões, revidam da mesma forma, o que
fortalece o ciclo de agressões vivenciadas.
Durante a discussão, foi também evidenciado na fala de L. e K. o aumento das
responsabilidades de ambos, tendo em vista que precisam cuidar de suas irmãs mais novas e
realizar tarefas domésticas, ações que não faziam anteriormente. Alves (1997), como
apresentado no presente trabalho, comenta que tal fase é o momento em que ocorre a
reprodução de papéis sociais dos adultos, o que fica evidente no grupo quando comparam a
adolescência ao trabalho, maior independência e responsabilidades. E.M. também participou
da discussão e comentou que possui apenas 12 anos, mas que eventualmente cuida do filho de
sua vizinha, um bebê de pouco meses, e em troca recebe um pequeno pagamento. Para ela
pouco importa se o pagamento é ínfimo, mas se sente muito orgulhosa de realizar a ação e diz
que caso fosse criança não poderia cuidar do bebê e ter a responsabilidade que possui.
Na sexta sessão com o grupo, vários participantes comentaram com os estagiários que
poucos alunos compareceram à aula, pois estavam com medo. Diante da aproximação do dia
20 de abril, no qual em 1999 foi realizado o massacre de Columbine, diversas notícias foram
divulgadas no Brasil alertando estudantes e pais sobre a possibilidade de atentados em escolas
por todo o país. Assim, um pânico em massa acometeu o país e todos se viram assustados com
a possibilidade desses ataques ocorreram de fato. Nas escolas, a rotina teve de ser alterada,
professores relatam que muitos alunos estão chorando em sala de aula, pais buscando os filhos
antes do encerramento das atividades e suspensão de atividades realizadas no pátio
(PALHARES, MENON, 2023).
Foi relatado no grupo que alguns dos alunos que compareceram à aula no referido dia
carregavam estiletes, facas e facões em suas bolsas para se defenderem caso algo realmente
acontecesse. Logo, na sétima sessão, que ocorreu no dia 20, os estagiários se prepararam para
discutirem sobre o tema durante a utilização do baralho das emoções.
Entretanto, foi percebido que no decorrer de uma semana, os sentimentos de medo e
desespero nos adolescentes diminuíram, o que pode haver relação com a fala de L. sobre
maior policiamento nas escolas e a fala de E.K. referente a “fake news”. Com o intuito de
proporcionar aos jovens um local onde pudessem ter um diálogo aberto sobre seus
sentimentos, tal como pontuado por Cézar (2019), os estagiários utilizaram o “baralho das
emoções” como um elemento disparador para discussões em grupo.
17
época de avanços tecnológicos, volatilidade no mercado de trabalho, relações cada vez mais
superficiais, etc. (VASCONCELLOS; NEIVA, 2019)
No decorrer da sessão, foi observado que cada sonho ou desejo de cada indivíduo,
necessariamente era colocado de lado por trazerem a importância dos estudos, trabalho para
conseguirem terem outros propósitos em suas vidas. Portanto, o sonhar é um ato de desejar do
sujeito, uma vez que o ser humano é um ser desejante. O desejo em um olhar psicanalítico,
expressa um anseio em direção a um devir de prazer, que se aplica a uma experiência real ou
fantasiada. Podemos perceber que, cada participante tem seus respectivos desejos dentro de
suas realidades e particularidades. Sendo assim, o grupo se envolveu na atividade de trazer
sobre anseios futuros, uma vez que foi pontuado a importância de prosseguir no agora, e não
esquecer de suas responsabilidades como adolescentes. (FRANCO, 2017)
O nono encontro realizado foi planejado a partir de falas do encontro anterior,
referentes a ausência da figura paterna. Diversos participantes relataram que não tinham
contato recente com o pai ou que nunca haviam conhecido o progenitor, sendo assim,
consideravam como um desejo ou sonho (re)encontrar essa pessoa. É fato que na atualidade
vem ocorrendo um movimento de modificação da estrutura familiar e uma crescente ausência
da figura paterna, o que levou pesquisadores a ponderar sobre os efeitos de tal ausência. Sendo
assim, Shinn (1978 apud EIZIRIK, BERGMANN, 2004) através de pesquisas evidencia que
em famílias onde há a ausência paterna ou pouca interação entre pai e filhos, há associações
referentes a um desempenho inferior em testes cognitivos, o que pode estar associado a
presença de ansiedade e dificuldades financeiras em decorrência dessa ausência.
Já Muza (1998 apud EIZIRIK, BERGMANN, 2004), acredita que crianças que não
possuem o convívio com o pai têm maiores probabilidades de desenvolverem dificuldades de
conhecimento de limites e de aprendizado de regras relacionadas ao convívio social. Diante
disso, é importante ressaltar que a ausência do pai em si pode não ser o único fator
desencadeador para tais dificuldades, pois apesar dessa ausência, ainda pode existir a presença
de vários outros familiares, os quais são demasiadamente importantes para o ensinamento de
habilidades sociais essenciais para o convívio em sociedade (DEL PRETTE, DEL PRETTE,
2005). Logo, apesar de ser algo que aparentemente faz falta para alguns dos participantes do
grupo, não significa que seja determinante para o surgimento de alguma dificuldades.
No décimo encontro tinha-se como objetivo principal discutir sobre a autoimagem de
cada integrante, além de gerar uma percepção de como o sujeito enxergava o próximo ao seu
redor. A atividade utilizada para verificar esse assunto foi o “espelho espelho meu”, onde a
ideia era responder uma pergunta escolhendo um animal que maior representasse o
19
participante da vez, além de escolher outros dois para confundir os demais integrantes do
grupo. No geral, o grupo teve a predominância de atribuir características negativas aos
demais, como por exemplo dizerem adjetivos de arrogância, preguiça, falsidade, briguento. Os
estagiários sugeriram que acontecesse a situação inversa, que o pessoal pensasse aspectos
positivos a cada colega. Essa atividade trabalhou principalmente a autoimagem, mas podia-se
pensar no autoconhecimento no sentido de atribuir aspectos positivos a eles mesmos.
Neste sentido, a imagem é formada através de questões intrínsecas e do ambiente do
indivíduo, é uma condição que se porta diante dos padrões sociais e das relações construídas.
Com isso, a autoimagem é conceituada pela forma como o sujeito se vê, como acha que é ou
sente. A forma como ele se autodenomina é essencial na maneira como o sujeito percebe,
reage e interage com seu meio social. Desse modo, estudos dizem que tais questões estão
relacionadas diretamente com aa construção de uma identidade, a qual na contemporaneidade
se constitui pela imagem e pelo o que consumimos e como consumimos. Assim, os
adolescentes passam por um período de perda do corpo infantil e a reestruturação corporal,
influenciando pela busca de aceitação social, e a mídia e o mercado de consumo, definem
padrões de beleza ideais e atuam como um dos fatores para insatisfações. (OLIVEIRA;
MACHADO, 2021)
Contudo, Fukamachi (et. al, 2010) considera que a imagem corporal sofre influências
de bases fisiológicas, psicológicas, e sociais e se constrói através de uma socialização contínua
na qual, pela percepção do corpo do outro, constrói e reconstrói a própria imagem corporal, o
qual pode resultar na perda de individualidade. O corpo até a adolescência, mantém uma certa
identidade, mas que nesse período sofre uma desorganização frente às características sexuais
secundárias. Essas mudanças, muitas vezes, são refletidas em sentimentos de angústia, pois o
novo é algo às vezes desesperador. Além do mais, essas mudanças afetam os interesses,
comportamentos sociais e qualidade de suas vidas afetivas. Diante do novo, os adolescentes
podem retrair-se, voltando-se para si mesmo, como modo de defesa, a fim de não se
magoarem como novas subjetivações.
Por fim, na última sessão com os participantes, os estagiários realizaram o
encerramento com o grupo de adolescentes. Nesse encontro, foram retomados os temas
discutidos ao longo do grupo, de forma que fosse possível realizar uma retrospectiva e agrupar
alguns pontos relevantes destacados em cada encontro. Além do mais, cada participante teve a
oportunidade de comentar sobre alguma vivência marcante que presenciaram no grupo ou
realizar algum comentário, oferecendo um feedback para os estagiários. Esse momento visou
principalmente que os jovens tivessem um espaço aberto para se expressarem como estavam
20
diante do encerramento do grupo. De um modo geral, todos disseram os seus apreços por cada
encontro realizado, demonstrando suas opiniões e sentimentos ali presentes. Os estagiários
também deram suas impressões, sentimentos, percepções de como foi o estágio e o grupo em
questão. Após o encerramento do grupo, os estágio realizaram uma devolutiva com a
coordenadora do núcleo, onde foi pontuado de um modo geral o que foi realizado em cada
encontro.
21
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALVES, C. P. “Eu nunca vou parar de buscar nada”. Emancipação frente à colonização e as
políticas de identidade na adolescência. Tese Doutorado, Programa de Pós-graduação em
Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, 1997.
BORSA, J.C. O papel da amizade ao longo do ciclo vital da vida. Rio de Janeiro: Resenha -
Psico USF, 2013.
CÉZAR, N. Educação dos sentimentos e cultura da paz nas escolas: um projeto a ser
construído. Saberes Interdisciplinares, v. 12, n. 24, p. 48-67, 2019.
DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das Habilidades sociais na infância.
Petrópolis: Vozes, 2005.
FRANCO, S. G. Quando não conseguimos mais sonhar acordados. Rio de Janeiro: Revista
LatinoAmericana de Psicologia Fundamental, 2017.
ANEXO
Data: 09/03/2023
Número do encontro: 1°
Quantidade de participantes: 1
Participantes presentes:1
Temática/Objetivo: Conhecer a unidade de SCFV e esclarecer possíveis dúvidas quanto às
atividades que serão desenvolvidas
Relato do Atendimento:
O primeiro encontro realizado pelos estagiários na unidade de SCFV Adão do Carmo
foi direcionado a visitação do local e esclarecimento de algumas dúvidas. Dessa forma, os
estagiários foram recebidos por D, educadora da unidade, que relatou ser a única pessoa
presente no dia, tendo em vista que às quintas-feiras e sextas-feiras não há realização de
nenhuma atividade com os jovens. D afirmou que o SCFV atende em média 40 crianças,
sendo o período da tarde o que possui maior quantidade, com jovens de 6 até 14 anos. Foi
relatado que a partir do mês de março serão realizadas atividades esporádicas com
adolescentes de 15 a 17 anos, além de um grupo com idosos.
A unidade conta com vários cômodos, sendo eles: uma cozinha, responsável por
fornecer lanches no período da manhã e da tarde, sala da coordenadora, um refeitório, sala de
televisão, onde são realizadas atividades temáticas programadas pelo CRAS, duas salas de
aula e uma sala livre, a qual D sinalizou ser o local que os estagiários costumam realizar o
atendimento. Nela há diversas cadeiras, mesas para possíveis atividades e uma lousa grande.
O local parece possuir outros cômodos que não foram visitados, pois D os direcionou para o
ambiente externo, mostrando uma área livre com bebedouros para as crianças brincarem e
uma quadra coberta pequena no fundo da unidade.
Nesse momento os estagiários realizaram algumas perguntas sobre os jovens que
frequentam o SCFV e sobre as atividades que são realizadas com os mesmos. D relatou que
são crianças tranquilas, alguns apresentam às vezes alguns comportamentos mais agressivos,
porém não é algo recorrente. Foi ressaltado por ela a importância de terem encontros com
psicólogos, principalmente por serem pessoas que apresentam dificuldades de expressão
emocional, autoestima baixa, desesperança e baixa tolerância à frustração. Outro ponto de
grande relevância comentado com os estagiários é referente a alfabetização dos jovens,
25
muitos deles ainda não conseguem ler e escrever e D afirma que quando precisam comparecer
ao CRAS para alguma atividade, em um primeiro momento se mostram animados, contudo
esse sentimento é substituído por medo e vergonha de serem colocados em alguma situação
que necessite de ambas as habilidades.
Quanto às atividades realizadas, D comentou previamente que uma assistente social
do CRAS ou ela trabalham na aplicação de dinâmicas em grupo a partir de temas mensais
propostos pelo CRAS. Algumas das atividades contam com a participação dos pais ou
responsáveis, os quais foram pontuados como de extrema importância para fortalecimento de
vínculo, além de possibilitarem a estruturação de uma rede de apoio integrada. Apesar de
possuírem esse objetivo de articulação, D comenta que há pouco contato principalmente com
a escola das crianças que frequentam o SCFV, assim como com demais profissionais da área
da saúde.
Após a discussão dessas temáticas, surgiu uma dúvida acerca do período de
permanência dos jovens nessa instituição, sendo assim, a educadora relatou que é comum
entrarem com 6 anos e permanecerem até o período limite, convivendo longos períodos com
colegas e até mesmo parentes, como irmãos. No período da pandemia ela comentou que
houveram grandes dificuldades quanto à adesão das crianças às atividades, que eram
realizadas em apenas um dia específico. Essa dificuldade aparentemente permaneceu até o
ano passado, logo na tentativa de remanejar essa situação os funcionários realizaram diversas
atividades atrativas para que houvesse um retorno desses jovens.
Por fim, D passou o contato da coordenadora da unidade, que atualmente está de
férias, para que os estagiários possam entrar em contato na próxima semana para combinarem
a quantidade de crianças e a faixa etária que será aceita no grupo.
Data: 16/03/2023
Número do encontro: 2°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 9
Temática/Objetivo: Apresentar os objetivo do estágio aos participantes, estruturar normas e
regras e realizar dinâmica de apresentação da bola com a finalidade de conhecer os
integrantes do grupo
Materiais/atividades: crachá, folha, canetinha e bola
Relato do atendimento
26
Data: 23/03/2023
Número do encontro: 3°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 8
Temática/Objetivo: Realização de dinâmica de grupo com livro carta “o que você faria”
visando conhecer melhor os participantes
Materiais/atividades: livro carta “o que você faria”, jenga e atividade “detetive ou killer”
28
Relato do atendimento
que alguns parentes que tiveram a doença não conseguem mais sentir o cheiro e o sabor dos
alimentos.
Os estagiários perguntaram se alguém gostaria de curar alguma outra doença e K.
disse que curaria o câncer, pois o seu avô morreu dessa doença. Em seguida, E.V. revelou
para o grupo que seu tio estava com câncer terminal e que logo iria morrer. Os membros do
grupo não compreenderam o que a palavra terminal significava e os estagiários explicaram,
revelando que não havia nenhum tratamento que pudesse ser realizado e que diante disso o tio
de E.V. provavelmente não iria resistir à doença. P. trouxe também um relato relacionado ao
câncer, comentando que o pai de um amigo está também doente, entretanto apenas a família
sabe que está em estágio terminal.
A próxima pergunta foi lida por E.K. e era “se você se tornasse imortal?”. Nesse
momento vários membros falam ao mesmo tempo e os estagiários não compreenderam
nenhuma fala. Diante disso, foi relembrado o combinado de aguardar enquanto alguém estava
falando e apesar de concordarem com a dupla, ao longo da sessão repetiram diversas vezes tal
comportamento. Após esse momento, E.K retomou a fala e disse que gostaria de se jogar de
um avião bem alto sem paraquedas. P. concordou e E.V. revelou que tem a curiosidade de
saber qual a sensação de se jogar de um prédio alto. E.K. disse que iria ganhar dinheiro
mostrando para todas que é imortal e faria isso dando vários tiros em sua cabeça, o que
segundo a mesma poderia desencadear em outras pessoas não imortais a mesma vontade. M.
concordou com a amiga e disse que seria uma forma de ganhar dinheiro fácil. As falas de
outros participantes não foram compreendidas após esse momento por conta da conversa
paralela, porém quando os estagiários interromperam e organizaram para que cada um falasse,
nenhum dos participantes acrescentou qualquer outro comentário.
Dando continuidade à atividade, L. leu a seguinte pergunta: "se pudesse viver só de
um hobby seu e qual seria ele?”. Alguns dos participantes tiveram dificuldade com a palavra
hobby, porém quando os estagiários explicaram, L. revelou que gostaria de viver do futebol e
logo em seguida K., R. e D. concordaram. Quando questionados se jogavam bola em uma
quadra próxima ao SCFV, D. comentou que eles praticam o esporte toda terça e quinta nessa
quadra. L. afirmou que em breve terá um campeonato entre times nesse local e que está
animado para isso. R. explicou para os estagiários que nessa escola de futebol há vários times
e que apesar de frequentarem juntos, não estão na mesma equipe.
A próxima pergunta foi " se você pudesse trocar um traço da sua personalidade e o
que seria?". R. que leu a pergunta revela que não sabia o significado de traço e que não
gostaria de responder. Os estagiários nesse momento explicaram ao que a pergunta se referia,
30
entretanto E.K e M aparentemente não compreenderam, pois responderam que queriam mudar
o cabelo. A dupla voltou a explicar que não se referia a algo da aparência física e assim E.V.
disse que gostaria de não sentir ansiedade. Outros participantes como K., M e L. concordaram
com a menina.
Em seguida, foi a vez de D. ler a carta que pegou, a qual continha a frase " se
encontrasse Deus e ele lhe dissesse que você tem direito de lhe fazer uma única pergunta?
Qual seria ela ? ". Ele respondeu que perguntaria se ele poderia cuidar de sua família. L.
estava interessado em saber quando iria morrer. Nessa mesma ideia E.V. revelou que gostaria
de saber quanto tempo mais o seu tio teria de vida. R. comenta que perguntaria se poderia
morar com ele.
Quando os estagiários sugeriram que P. fosse o próximo ele revelou que não gostaria
de ler sua carta e que não gostaria também que os outros lessem e respondessem. Os
estagiários tentaram compreender o motivo, porém o garoto se mostrou muito desconfortável
com a situação, assim passaram a vez para M., a qual seria a última participante a ler sua
carta. Depois da sessão, os estagiários concluíram que a carta do menino era " se tivesse
sozinho e que não faria na frente se ninguém? "
Dessa forma, a carta da menina era "Se você pudesse mudar um fato importante da sua
infância? E o que seria? ". M. disse não ter pensado em nada, assim K. comentou que gostaria
de ter passado mais tempo com o avô que morreu de câncer. Nesse momento P. compartilhou
que gostaria de mudar algo que ocorreu quando tinha apenas 7 anos. O menino conta que teve
a escolha de morar com a avó ou com a mãe, mas que na época optou pela segunda. Nesse
período, a mãe morava com um namorado, o qual colocou fogo na residência deles. P. conta
que quando isso ocorreu, estava dentro da casa mas foi salvo por seu irmão, que o retirou por
uma janela. Os estagiários perguntaram se ele ainda residia com a mãe, mas P. revelou que
após esse ocorrido, começou a morar com a avó. Alguns dos membros do grupo, apesar de
serem próximos do menino, comentaram que não conheciam essa história.
Por fim, para encerrarem as atividades, os estagiários propuseram a formação de dois
grupos com 4 pessoas para que pudessem jogar jenga. Após a explicação das regras, os
grupos iniciaram a brincadeira e jogaram duas rodadas antes que fosse finalizado o grupo.
Data: 30/03/2023
Número do encontro: 4°
Quantidade de participantes: 10
31
Participantes presentes: 6
Temática/Objetivo: Discutir o tema amizade com os participantes através de uma música e o
curta metragem “Kitbull”
Materiais/atividades: Notebook, folhas impressas com a canção, equilibrista
Relato do Atendimento:
restante do pessoal respondeu a mesma coisa que a colega. Nesse meio tempo, E.K, chegou
atrasada no encontro, assim foi contextualizado o momento ali na sala, citando algumas
questões sobre amizade. Foi perguntado se tinha alguma amizade que acabou se desfazendo,
nesse momento os estagiários contaram alguns relatos de vezes que acabaram se
decepcionando com pessoas que diziam ser amigas, os adolescentes gostaram de ouvir as
histórias. Sendo assim, P, comentou que teve momentos que fazia de tudo para ser aceito em
grupos de meninos que era muito trabalhoso e humilhante. Nisso, o estagiário G, perguntou se
alguém tinha feito algo de ruim por influência a algum amigo, ninguém tinha comentado nada
a respeito, nesse meio tempo K, chegou na sessão, os estagiários também contextualizaram o
que estava acontecendo. K, comentou que tinha mais amigos do que colega, que sempre tinha
os que ajudavam em suas necessidades. Para finalizar essa reflexão foi perguntado a
importância de ter um amigo, nisso, P, comentou que tinha um amigo desde quando ele era
menor, que podia contar tudo para ele. E, disse que é bom ter alguém a quem recorrer, R,
comentou que a amizade era importante na vida de qualquer ser humano, E, disse que era
bom ter alguém em quem confiar, K, disse que era importante ter amigo, D, disse que não se
via sem amigo.
É válido ressaltar que durante essa discussão, P. trouxe um relato sobre um grupo de
colegas de seu bairro, os quais afirmaram para o garoto que se ele quisesse entrar para o
grupo, deveria ir até a rua e parar um carro. Assim, P. fez o que foi pedido, entretanto foi
novamente solicitado que ele repetisse a ação. Nessa segunda vez, um dos garotos o empurrou
na frente do carro e ele se desequilibrou, caindo no asfalto. P. conta que o carro passou com a
roda sobre o seu braço e que teve que ir ao hospital para colocar gesso. Após o ocorrido, sua
família o proibiu de sair de casa para brincar na rua e ele conta que esses meninos ficaram um
bom tempo caçoando dele pelo que aconteceu. Assim os estagiários evidenciaram o lado bom
da amizade, mas também as más influências que um grupo pode ter sobre o indivíduo, para
isso deram alguns exemplos que vivenciaram na infância e adolescência. Os jovens
aparentemente concordaram com os estagiários e comentaram que não fazem tudo o que lhes
é solicitado.
Dando continuidade, foi explicado pelos estagiários que aquela pauta sobre a amizade
iria prosseguir, mas que teria um curta metragem ilustrando esse tema. Assim, foi colocado no
notebook um vídeo chamado “Kitbull”. Esse curta retrata uma amizade inesperada entre um
gato e um pitbull. Observou-se que os adolescentes ficaram intrigados com o curta, dando a
entender que gostaram de assistir. Sendo assim, foram feitas algumas perguntas para ter o
momento reflexivo do vídeo. Diante disso, foi questionado qual o tema principal do curta, P,
33
comentou que era sobre um gato e um cachorro, E.V, disse que era sobre uma amizade
improvável, K, comentou sobre o maus tratos pelos animais, o restante do pessoal comentou
que era sobre a amizade do gato e do pitbull. Assim, foi perguntado como aquela amizade se
desenvolveu, os participantes nomearam que foi por conta da ajuda do gato a favor do
cachorro, outros disseram que ambos foram se conhecendo aos poucos e isso foi favorecendo
pra eles irem confiando um no outro. K, comentou que ambos foram se ajudando, pois o
cachorro só queria brincar, e o gato percebeu que o cachorro não era um perigo para ele.
Assim, foi questionado o que o gato sentiu no primeiro momento quando viu o cachorro, R,
comentou que o gato tinha sentido desconfiança, E, disse que era medo, P, receio, K, disse
que o gato julgou o cachorro pela aparência. Nisso, os estagiários perguntaram sobre o
julgamento pela aparência, se os adolescentes já tinham feito isso. Apenas P, E.K e K,
disseram que sim, eles comentaram das vezes que tinham a impressão de tal pessoa ser de um
jeito, e uma simples atitude mudou suas impressões. Os estagiários deram situações em que
ocorreu isso com eles, comentando que era esperado dos seres humanos ter uma primeira
impressão sobre outras pessoas, mas o que valia era tentar a aproximação do outro, tendo em
vista que possíveis oportunidades de amizades poderiam ser perdidas.
Por fim, os estagiários separaram os participantes em dois grupos de três pessoas, para
jogarem o jogo equilibrista. Então, cada estagiário se juntou em cada grupo para jogar e assim
dar o tempo da sessão do dia
Observações: O grupo estava mais quieto nesta sessão, alguns participantes estavam mais
diretos em suas respostas, outros mais participativos.
Data: 06/04/2023
Número do encontro: 5°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 9
Temática/Objetivo: Dinâmica o "feitiço virou contra o feiticeiro” e apresentação do curta
“L.O.U” para discussão de empatia e consequência de ações
Materiais/atividades: Notebook, folhas, canetas, uno
Relato do Atendimento:
Antes dos estagiários começarem as atividades que haviam programado para a turma,
perceberam que havia um integrante novo, que havia faltado desde o primeiro encontro,
34
assim, a dupla pediu para que o menino se apresentasse. F. disse que tem 13 anos e que
frequenta a unidade há três meses, mas que durante a semana participa de várias atividades
que são oferecidas pelo SCFV Adão do Carmo. Nesse momento, um dos estagiários
perguntou se ele já conhecia os demais participantes do grupo e F. comentou que sim e diz
jogar bola no mesmo local que K., L., D. e P jogam.
Após esse momento, os combinados do grupo foram repassados e foi evidenciado a
importância de cada pessoa respeitar o momento de fala do outro, tendo em vista que
atrapalha os estagiários e os outros participantes de compreenderem o que é dito. Todos
concordaram com os combinados e assim a dupla deu continuidade com as atividades que
foram programadas para a presente sessão. Dessa forma, a primeira dinâmica realizada foi
“feitiço virou contra o feiticeiro”, onde os estagiários distribuíram papéis e canetas para todos
os participantes e comunicaram que deveriam escrever um mico ou um desafio para o colega
que estivesse sentado ao seu lado esquerdo. Alguns participantes como M., R. e K. tiveram
dificuldade para compreender o que deviam fazer, logo foi novamente explicado e os
estagiários deram alguns exemplos do que poderiam escrever.
Assim que todos terminaram, foi comunicado a eles que faltavam algumas
informações sobre a atividade que estavam fazendo, como por exemplo o nome, então os
estagiários revelaram que a dinâmica se chamava “o feitiço virou contra o feiticeiro”, pois as
ações que cada participante planejou para o colega deveriam ser na realidade executadas por
eles mesmos. Diante de várias reclamações, os participantes comentaram que achavam
injusto, porém pouco tempo depois instigaram cada um dos outros membros a realizarem suas
ações. D. começou e teve que abraçar R. por 50 segundos. E.M foi a próxima e teve que
abraçar M. por 30 segundos. P. por sua vez imitou rapidamente um pintinho. K. ficou bem
relutante em realizar o seu mico, porém após o incentivo dos colegas, imitou uma mulher. O
próximo foi L. que teve que abraçar a educadora da unidade. F. gritou uma frase, que segundo
seus colegas é conhecida por todos como um meme. R. tinha que dançar pisadinha para a
educadora. M devia pular em círculo em uma perna só.
Depois que todos realizam suas ações, os estagiários iniciaram a parte mais reflexiva
da atividade, começando com a pergunta de como se sentiram realizando a atividade. K., P.
D. e H. falaram que não se sentiram à vontade, ficaram com vergonha de realizar as ações. H.
chegou até a comentar que o nome da dinâmica era algo que acontecia muito no cotidiano das
pessoas, pois às vezes faziam algumas coisas que voltavam contra elas mesmas. Apesar disso,
quando a dupla perguntou se alguém já havia passado por uma situação semelhante, em um
primeiro momento ninguém compartilhou nenhuma história. Porém, após um tempo de
35
reflexão D. disse que H. já havia passado por essa situação quando chutou um portão de uma
casa e ele bateu no menino. P. comentou que ele e os amigos haviam combinado de abrir
portões no bairro, o que incomodou os moradores que chamaram a polícia pensando que eram
bandidos.
Partindo desse relato, os estagiários perguntaram como os participantes se sentiriam se
o portão de suas próprias casas fosse chutado e todos se revoltaram com o pensamento.
Alguns chegaram até a propor partir para a violência contra a pessoa que tentasse fazer isso.
Assim, foi pontuado que eles poderiam sofrer as mesmas consequências se algum dos
moradores das residências decidissem realizar a ação pensada pelo grupo. Retornando para a
atividade realizada, foi evidenciado que alguns participantes haviam escolhido ações mais
vergonhosas para os outros membros realizarem, então foi perguntado se em algum momento
eles pensaram como o outro se sentiria tendo que fazê-las. Todos do grupo disseram que não
pensaram no próximo, assim S. e G. partilharam histórias pessoais com o grupo que estavam
relacionadas com essa mesma atitude. Por fim, perguntaram para os participantes, o que
poderia ser aprendido naquela situação, H. disse que deveríamos pensar se gostaríamos de
estar no lugar que colocamos o outro, K. comentou sobre amar o outro como a si mesmo, D. a
respeitar o próximo. Os demais participantes concordaram com o que foi dito.
A próxima dinâmica realizada foi a apresentação de um curta-metragem, intitulado de
L.O.U.. Os participantes assistiram atentamente e logo que a animação chegou ao fim fizeram
alguns comentários sobre a animação, sendo assim, os estagiários perguntaram o que contava
a história. D. disse que era um menino muito mal educado. K. respondeu que ele estava
fazendo algumas ações para chamar a atenção dos outros, já que era muito sozinho. M.
concordou com D. e complementou dizendo que o menino do curta não tinha amigos por
causa da forma que tratava os colegas de escola. E.K comentou que o menino não sabia
brincar com os outros. Assim, os estagiários perguntaram sobre o que aconteceu para ocorrer
uma mudança de comportamento. P. respondeu que por L.O.U. ter pegado as coisas do
menino, havia causado um sentimento igual ao que ele causava nos outros. Em seguida, K.
complementou dizendo que quando ele começa a devolver os objetos, começa a fazer amigos
e ele vê como isso é algo bom, não estar mais sozinho.
Em dado momento da conversa, E.K disse que o menino podia estar fazendo isso,
porque um dia também roubaram as coisas dele e associou sua fala com uma experiência que
vivenciou recentemente. Ela contou que alguns colegas de sua turma acabam roubando seus
materiais e que quando os confronta, não consegue ter suas coisas de volta, assim, a solução
que encontrou foi roubar outras coisas dos colegas. Nesse momento, todos do grupo
36
comentaram que fazem o mesmo e que constantemente tem vários objetos roubados em sala
de aula, sejam canetas, lápis ou até mesmo cadernos. S. perguntou se eles conversam com a
diretora ou professora sobre isso. E.K disse que ninguém faz nada. P. contou que quando foi
até a diretora, ela apenas perguntou para a turma quem havia roubado os objetos do menino,
mas que diante da ausência de resposta, disse que nada poderia ser feito. K. revelou que os
professores não estão nem aí para o que acontece. D. e R. concordaram com o amigo. H.
complementou dizendo que muitas vezes são na verdade culpados por não terem prestado
atenção em seus pertences, o que conta não ser verdade.
Diante de tantos relatos, os estagiários se simpatizam com o grupo e comentaram
sobre a importância de buscarem ajuda de professores ou diretores, mas que ao mesmo tempo
compreendiam que atualmente não estavam colaborando para uma melhora na situação.
Assim, foi realizada a tentativa de juntar os pontos em comum das duas atividades realizadas,
porém os jovens, diante de seus relatos, não conseguiam deixar de se ver tendo suas atuais
atitudes de roubo, como única solução. K. por exemplo, justificou que se pensasse no outro e
não o roubasse, que algum colega iria fazer isso com ele. Foi evidenciado como essa situação
parece ser um ciclo sem fim, onde um rouba o outro, e que talvez se todos conseguissem
sentir a perda que causam no outro, que poderia deixar de realizar tais atos.
Por fim, para que fosse realizado o fechamento do atendimento, o grupo foi dividido
em dois subgrupos e a dupla distribuiu dois unos para os adolescentes jogarem. Foram
realizadas duas partidas e ao final a sessão foi encerrada.
Data: 13/04/2023
Número do encontro: 6°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 9
Relato do Atendimento:
37
O estagiário G, chegou no núcleo alguns minutos antes das 13:30, se deparou com
alguns adolescentes do grupo sentados na mesa conversando sobre várias questões, eles
estavam esperando serem chamados para iniciar as atividades. Antes disso, foi organizada a
sala com as mesas e as cadeiras uma do lado da outra. Assim, a estagiária S, chegou alguns
minutos depois. Então, o grupo foi chamado para a sala das atividades para iniciar os
objetivos, porém foi esperado alguns minutos caso mais alguém chegasse, com isso os
estagiários foram conversando com o grupo sobre notícias recentes como os de ameaça contra
a escola, times de futebol, entre outras conversas.
Devido ao tempo, os estagiários começaram a explicação da atividade sobre a
adolescência, assim foi conceitualizado que o grupo deveria desenhar, escrever, a forma que
preferirem sobre algo que representasse essa fase da adolescência utilizando suas
imaginações. Alguns participantes ficaram com dúvidas sobre o objetivo do desenho, S, deu
um exemplo a respeito sobre o que faz um adolescente, G, citou quando o indivíduo começa a
frequentar festas com seus amigos. Assim, foi dado aproximadamente uns 20 minutos para
serem feitos os desenhos. Ao longo da atividade, foi notado que os jovens estavam muito
dispersos, conversando entre si e pouco preocupados com a realização da atividade proposta.
Outro fato observado foi que alguns participantes deixavam de fazer seus desenhos para pedir
a H que desenhasse o que queriam, tendo em vista que o menino apresenta grande habilidade
com desenho.
Ao decorrer da atividade, os estagiários foram passando um por um para conversar
sobre algumas ideias, incentivar o pessoal a não pensarem sobre a qualidade do desenho e sim
focar na importância da adolescência para eles. H, foi o primeiro a terminar o seu desenho e
acabou enfeitando por ter tempo de sobra, outros participantes tinham mais dificuldade e
levaram mais tempo para acabar. Por motivos de ultrapassarem os 20 minutos, os estagiários
cortaram o tempo do grupo para iniciar a discussão.
De início, D, quis começar a sua explicação sobre seu desenho, ele comentou que
tinha desenhado ele mesmo, que estava parado ouvindo música e refletindo. S, perguntou se
ele achava que adolescentes faziam isso, ele comentou que sim, pois a música ajudava nessa
parte de reflexão. Em seguida, L, comentou sobre sua impressão desta fase, ele tinha escrito
que o adolescente é ser um pouco livre, poder fazer qualquer coisa aproveitar essa fase, mas
também trabalhar para ganhar dinheiro para comprar roupas e outras coisas. Também
obedecer aos mais velhos, não ser bagunceiro, e praticar esportes, neste momento o pessoal
começou a dispersar muito fácil, foi chamada a atenção do grupo diversas vezes, mas L,
comentou que achava importante essa fase para se preparar para o futuro. O próximo a
38
comentar sobre seu desenho foi R, ele escreveu que a adolescência é realizar seus objetivos,
trabalhar para ganhar dinheiro e ser um pouco livre, R, não quis ler por alegar que estava com
preguiça, assim os estagiários leram e perguntaram sobre suas impressões, R, comentou
brevemente a mesma coisa que foi lida, não desenvolvendo muito sobre o tema. K, foi o
próximo a comentar sobre seu desenho, ele desenhou um menino com uma bola de futebol, e
comentou sobre jogar futebol, mas não entrou no objetivo da temática. Assim, os estagiários
questionaram a ele como era ser adolescente e o jovem respondeu que era uma fase que
deveria ser bem aproveitada, pois conforme a pessoa cresce vai adquirindo novas
responsabilidades, como por exemplo o trabalho, que diminui as horas de lazer. H, quis ser o
próximo, ele tinha feito um menino gamer/ youtuber, na qual comentou que adorava jogar e
gostaria de seguir esse ramo, neste momento o grupo comentou sobre o que gostavam de
jogar. Dando continuidade, E.K, estava inquieta para falar sobre seu desenho, ela tinha pedido
a H, para desenhar, com isso explicou a sua ideia de representar um menino de moletom preto
e branco grafitando um muro, ela disse que tinha muitos adolescentes usando essas roupas em
sua escola, e que sempre via muros com grafites, porém quando os estagiários perguntaram a
ela se grafitar era uma atividade realizada por adolescentes, ela apenas comentou que não e
que desenhou aquilo por ter visto recentemente algumas pichações no bairro. Em seguida,
E.V, comentou que seu desenho representava o bullying, na qual tinha muito em sua escola e
sentia muito por seus amigos, o grupo comentou que já sofreu e realizou essa prática. Nesse
momento D. partilhou com o grupo que havia feito no dia bullying com uma colega de turma,
comentando que ela era “pescoçuda”. O comentário causou risadas no grupo, porém ele
contou que a menina ficou chateada e chegou a chorar. Diante disso, os estagiários
perguntaram se ele havia gostado da reação que causou na menina e ele respondeu que não
chegou a vê-la depois do ocorrido, apenas que outros colegas comentaram a reação dela
posteriormente. Nesse momento ele compartilhou que já sofreu e ainda sofre eventualmente
bullying na escola, mas que não se importa com os comentários que são feitos a respeito dele..
M, comentou que seu desenho representava uma menina em uma festa que era esperado uma
pessoa mais velha ir para algum lugar com seus amigos, assim comentou que já tinha ido em
algumas festas, mas não com adolescentes. Por fim, P, não soube muito bem explicar o que
tinha feito e o que tinha haver com a temática, ele comentou que era um menino e ficou
faltando seu amigo por perto, que era para os dois estarem brincando, que achava importante
a amizade.
Ao longo da atividade foi observado que tanto M. apresentou dificuldades em cumprir
com a tarefa, pedindo ajuda para a estagiária do que desenhar. Quando a dupla tentou
39
compreender a forma com que via a adolescência, ela apenas comentou que iam a festas,
porém ao longo do processo deu a entender que seus colegas de turma e ela não compartilham
ainda características comuns aos adolescentes. Já P. evidenciou que não se considera mais
criança, principalmente por deixar de brincar de pega pega com outros amigos, pois acredita
ser uma brincadeira de criança.
Por motivos do tempo estar acabando, não foi possível gerar uma discussão proveitosa
com o grupo, houveram diversas conversas paralelas, distrações, além de uma certa demora
na realização dos desenhos. Assim, não foi possível realizar o momento lúdico que os
estagiários haviam programado, logo a turma foi liberada.
Data: 20/04/2023
Número do encontro: 7°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 8
Relato do Atendimento:
Diante das demandas emergentes do grupo acerca do medo de irem a escola por conta
da divulgação de possíveis atentados, foi discutido em supervisão a possibilidade de que
houvesse uma conversa com os jovens no intuito de diminuir tal ansiedade e que também
pudessem expressar suas emoções de forma livre. Porém, assim que os estagiários
perguntaram como estavam e como havia sido a aula, alguns participantes disseram que suas
mãe não deixaram que fossem para a escola. E.K revelou ter ido e disse que as salas estavam
mais vazias. P. contou que em sua turma, que possui 80 pessoas, apenas 10 pessoas
compareceram à aula.
L. diz que percebeu que as escolas estavam sendo monitoradas por policiais e se sentiu
mais seguro. Nesse momento E.K evidenciou para o grupo que a notícia era uma “fake news”
e que no fim nada aconteceu. Assim, os estagiários comentaram que perceberam algumas
diferenças na fala do grupo entre o encontro anterior e o atual, pois havia muitos sentimentos
de incerteza e medo relacionado à possibilidade de ataques às escolas. Foi comentado sobre
40
os sentimentos que foram percebidos nas últimas semanas e pontuado que durante a sessão
iriam conversar sobre eles. Logo, os estagiários dispuseram em uma mesa, diversas cartas do
baralho das emoções, que deveriam ser escolhidas, uma de cada vez, por algum participante
do grupo. Após ler o sentimento contido na carta, a pessoa deveria comentar sobre situações
que vivenciou e que se relacionavam com a carta, o que acabou funcionando como um tema
disparador para que outras pessoas revelassem situações semelhantes.
A primeira carta retirada foi “desespero”, a qual D. associou a uma situação que
vivenciou algum tempo atrás, onde estava pedalando sua bicicleta e perdeu o freio diante de
uma descida. Ele conta que antes que algo ruim acontecesse, conseguiu parar e não se
machucar. P. contou uma história semelhante, porém diz quase ter sido atropelado na
situação. L. lembra de algo semelhante, mas relacionado a sua irmã M., que perdeu o controle
da bicicleta, mas que correu atrás dela e a segurou. K. e sua irmã E.K contaram que sentiram
muito desespero quando estavam brincando perto da unidade do SCFV e pisaram em uma
terra muito macia, semelhante a uma areia movediça, que prendeu E.K por alguns instantes,
mobilizando K. para tirá-la da situação.
Os estagiários então comentaram que por vezes, diante de situações de desespero, as
pessoas ficam muito agitadas e nervosas e que isso pode acabar piorando a situação, como por
exemplo, se movimentar demasiadamente na areia movediça. Assim, ocorreu uma discussão
sobre a importância de tentar momentaneamente se acalmar para que uma solução mais
simples possa surgir, evitando com que o desespero apenas se mantenha por mais tempo.
Antes que a próxima carta fosse escolhida, E.K disse que estava muito curiosa para
ver todas as emoções, mas que não queria nada relacionado à ansiedade e à depressão, já que
é um tema que relaciona a E.V, a qual traz diversos relatos de vulnerabilidade. Diante disso,
os estagiários comentaram que essas características vêm sendo atribuídas sempre a E.V, mas
que são sentimentos que todos possuem, em maior ou menor quantidade. Foi explicado sobre
a ansiedade e a normalidade dela surgir em nossas vidas, exemplificando com histórias e
comportamentos que E.K partilhou anteriormente com o grupo. E.V concordou com os
estagiários e revelou que não são todos os dias que se sente bem, mas que é algo comum às
demais pessoas.
Dando continuidade a atividade, a próxima carta foi “preocupação” e K. contou sobre
diversas ocasiões que foi responsável por cuidar de sua irmã E.K., mas que ela desapareceu,
causando muita preocupação. Algum tempo depois, sempre a encontrava na casa de uma
amiga ou com pessoas conhecidas, porém ela comenta que nessas situações tinha dificuldade
de encontrar também o irmão, assim não conseguia avisá-lo. Os estagiários pontuaram da
41
importância de sempre manter os familiares informados sobre onde estão e que a ausência de
alguém pode gerar muito desespero e angústia.
P. associou a preocupação à figura do irmão, que morava com ele na casa da avó, pois
ele costumava sair com os amigos, sem que desse informações de onde estaria e quando
voltaria. Esse comportamento irritou muito a avó e a mãe, que chegou a deixar P. durante boa
parte do dia trancado para fora de casa, até que achasse seu irmão. Como não conseguiu, ficou
sentado na porta de casa e esperou até que o irmão voltasse. Diante dessa situação, P. conta
que não demorou para o irmão sair de casa e se mudar para um local onde pudesse morar
sozinho, entretanto ele não comunicou para nenhum familiar sobre o local em que estava.
Após alguns meses, P. e a mãe tiveram notícias e foram até o apartamento que o jovem estava
morando, causando um sentimento de alívio por saber onde estava o irmão e como estava.
E.V se recordou de uma situação também relacionada à preocupação, mas a associou à
figura da mãe. Nesse momento, ela revelou que possui pouco contato com a mesma e que
recentemente quando recebeu a visita da mãe, ficou preocupada, pois ela permaneceu pouco
tempo com a filha e foi embora com um homem desconhecido. E.V diz que a mãe
constantemente se relaciona com diversas pessoas, assim como o seu pai. A última namorada
que teve possuía sete filhos e ela pontua que ele quis ficar com eles, porém não deseja seus
filhos. A partir dos relatos de P. e E.V., os estagiários associaram ambas vivências com a
ausência de uma pessoa querida e possíveis sentimentos ocasionados pela falta, como o
sentimento de medo, angústia, ansiedade e incerteza, principalmente por não possuírem
nenhuma informação sobre o bem-estar da pessoa querida.
A próxima carta retirada da mesa foi “solidão” e P. retomou a história de seu irmão.
Ele conta que como o jovem saia muito, acabava deixando-o sozinho em casa por longos
períodos e que a mãe o culpava por não tentar impedir o mais velho de deixá-lo sozinho. E.K.
se recordou de quando seu irmão K. a esqueceu na escola e que se sentiu muito sozinha diante
da situação.Os estagiários também pontuaram que havia uma diferença entre estar sozinho e
se sentir sozinho, comentando sobre a normalidade de preferirem fazer algumas atividades de
forma individual. O grupo concordou e E.V. revelou que prefere ficar em seu quarto, fazendo
o que gosta, ao invés de interagir com a família na sala de casa.
Assim, E.M continuou sua fala e disse que sentiu a solidão quando seus pais e sua
irmã mais velha saíram de casa, antes que ela acordasse, e só voltaram a noite. Não havia
bilhete de onde estavam, nem os vizinhos souberam informar, o que deixou a garota triste nos
momentos em que estava acordada, tendo em vista que contou ter dormido o dia todo
42
esperando por eles. E.V. até hoje diz não saber onde os pais estavam e acredita que seu pai
prefere estar mais com suas irmãs do que com ela.
Os demais participantes do grupo dizem que não sentem solidão, sendo assim, os
estagiários comentaram que poderiam passar para a próxima carta, que era referente ao
sentimento de “amor”. O grupo, em um primeiro momento, pensou no amor romântico e logo
começaram a rir e fazer piadas, o que levou os estagiários a intervirem e evidenciarem que
existem diferentes tipos de amor, como por exemplo o amor aos animais. Diversos membros
concordaram e contaram sobre seus pets, já outros como P. e E.V. disseram que amam seus
irmãos. K. a família como um todo.
Nesse momento, E.K e P. comentaram para os estagiários que lembraram de uma
situação que vivenciaram juntos e logo se puseram a narrar, entretanto a dupla não conseguiu
compreender a relação que a história possuía com o sentimento amor, pois foi uma narrativa
longa, que gerou risadas dos participantes e deixou P. muito ansioso para contar. D. e K.
pediram em vários momentos que P. se acalmasse, pois não estavam entendendo o que era
dito.
Enquanto isso, R., perguntava aos colegas quanto tempo faltava para a sessão se
encerrar. Durante todo o encontro ele se manteve calado e suas interações com os colegas era
para saber a hora, o que levou os estagiários a pontuarem que a presença não era obrigatória e
que se algum dos participantes não desejasse estar no grupo não haveria problemas. Foi
evidenciado que o comunicado não tinha como intenção exigir a participação durante o
encontro, mas sim não forçar ninguém a estar onde não gostaria, pois R. nos últimos
encontros tem se mostrado pouco participativo e atrapalhando as discussões com conversas
paralelas.
Como o horário do encontro havia acabado, os estagiários realizaram o encerramento
e comentaram que na semana seguinte poderiam retomar a atividade, tendo em vista que M.,
L. e R. não tiveram vez. Os participantes concordaram e comentaram que gostaram das
discussões, assim a sessão foi finalizada.
Data: 27/04/2023
Número do encontro: 8°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 5
43
Relato do Atendimento:
alguns participantes como P., e D., reforçaram sobre os roubos em suas respectivas salas, R.,
apenas concordou abanando a cabeça. Os estagiários desde o início prestavam atenção em
suas expressões, comentando e pontuando quando preciso. Com isso, a dupla realizou
algumas perguntas a mais sobre desconfiança e como ele aparecia em dados momentos de
vida.
A próxima carta tirada foi sobre o sentimento de alegria. H.,iniciou dizendo sobre a
alegria quando junto a seus amigos, por estar na escola no sentido de estudar, mas preferir
momentos como a educação física, estar com seus amigos, etc. P., disse sobre a alegria de
estar no mundo, sobre estar com seus amigos. R.., apenas ficou escutando cada fala. Os
estagiários comentam algumas de suas experiências, para dar outros incentivos a eles falarem
sobre o sentimento de alegria. D., disse que se sentia alegre quando jogava futebol, o qual
fazia bem para ele, além de estar com sua família e amigos. Alguns relatos foram acontecendo
ao decorrer da sessão, como por exemplo algumas histórias de P., a respeito de quando sentiu
alegria, entre outros participantes e suas demais falas.
Para terem mais elementos sobre esse momento com o grupo, os estagiários pegaram
alguns sentimentos para discutirem com o pessoal. G., comentou primeiro sobre o sentimento
de vergonha. Neste sentido, ele comentou sobre uma vez que entrou na onda de não estudar
para uma prova de simulado que valia nota, nesse momento foi surgindo algumas falas sobre
a vergonha para algum sentimento de se sentirem para baixo. P., acabou desviando do foco e
comentou sobre outro sentimento sentido por ele. R., não comentou nada sobre, apenas
pontuou que era difícil ter vergonha de certas coisas. Os integrantes D., e H., disseram no
sentido de algumas atitudes tomadas por eles, a qual sentem vergonha no sentido irônico. Por
fim, a estagiária pegou o sentimento de esperança, a qual explicou para alguns participantes
do grupo como se dava esse sentimento no dia a dia. Ela comentou sobre ter a esperança de
trabalhar, se sustentar e conseguir viver bem. Assim, G., comentou sobre um assunto mais
esportivo, envolvendo a esperança do seu time ganhar um campeonato. Logo após, alguns dos
meninos disseram sobre seus times, conversaram sobre algumas expectativas sobre cada time,
entre outros assuntos. R., P… D., comentou que tinha o sonho de ajudar sua família, sendo
um jogador e insistindo nessa vida. H., comentou sobre estudar para não ter que trabalhar em
alguma coisa que envolvesse a força física, visto que tem familiares no serviço de pedreiro.
Por fim, foi percebido que o grupo estava mais cansado e quase terminando a
atividade. Assim, foi jogado o jogo mímica, o qual teve um bom momento de descontração
por parte dos meninos. Neste momento, E. acordou e comentou sobre não ter dormido na
45
escola naquele dia. Então, esse teve a participação de todos ali presente naquele encontro, na
qual posteriormente foi encerrado a sessão.
Data: 04/05/2023
Número do encontro: 9°
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 9
Relato do Atendimento:
Diante das falas relacionadas ao trabalho que surgiram nas discussões do encontro
anterior, foi evidenciado em supervisão a importância de conversar sobre sonhos e
expectativas para o futuro. Diante disso, os estagiários organizaram a sala de forma que fosse
possível realizar uma roda de conversa. Assim, a atividade começou a ser descrita e os
estagiários pontuaram que todos deveriam completar duas frases: “o maior sonho da minha
vida é…” e “para tornar o meu sonho realidade eu…”. Para melhor compreensão, a estagiária
S. começou respondendo que deseja independência financeira, mas que para isso irá precisar
trabalhar. Comentou que para realizar o sonho está cursando faculdade e que nem sempre é
fácil. Diversos adolescentes do grupo relataram que partilham da dificuldade em irem para a
escola e que não gostam de estudar. As matérias favoritas citadas foram principalmente
educação física e para algumas pessoas, artes, apesar da professora ser descrita como difícil
de lidar.
O próximo foi o estagiário G que tem o sonho de viajar para a Espanha, mas que para
isso terá de trabalhar para conseguir atingir o que deseja. Ele perguntou para os demais
participantes se gostariam de viajar e muitos pontuaram que gostam, mas que não é o maior
sonho da vida deles. P. comentou que gostaria de ir para os Estados Unidos, mas que tem
muita dificuldade em inglês, por isso não conseguiria se comunicar com as pessoas de lá. E.K
comentou a fala do amigo e os estagiários sugeriram que ela desse continuidade na atividade e
completasse as duas perguntas. Ela respondeu que gostaria de ser rica e ter vários carros e
motos e que para isso ela jogaria na telesena. O grupo riu e fizeram diversas piadas com a fala
da menina, e após esse momento, foi evidenciado que era arriscado confiar na sorte para
46
realizar um sonho, tendo em vista a quantidade baixa de pessoas que conseguem ganhar na
telesena. Entretanto, E.K não aparentou estar preocupada e comentou que conhece uma
pessoa próxima que ganhou 10 mil reais dessa forma.
P., que estava ao lado de E.K, deu continuidade e comentou que o seu sonho era se
mudar de casa para morar H e outro amigo que ambos possuem em comum. Esse desejo já
havia sido comentado antes e ele pontua que é um sonho antigo e que estão guardando
dinheiro para realizá-lo. Os estagiários perguntaram como os adolescentes conseguiam
dinheiro e P. comenta que o amigo está no programa pequeno aprendiz e que o dinheiro que
recebe, ele guarda. M e E.K perguntaram como funcionava esse programa e P. explicou.
Posteriormente, completou que na rua onde mora há algumas idosas que pedem para que ele
faça compras no supermercado e que é gratificado por isso, apesar de ser uma remuneração
muito pequena. Foi perguntado se ele gostaria de ser um jovem aprendiz e P. diz que quando
tiver idade o suficiente que irá tentar, pois, como D. evidenciou, às vezes é uma oportunidade
da empresa efetivar ele após o período de experiência.
Em seguida, L. comentou que também faz compras para algumas idosas de sua rua e
que é gratificado por isso. Assim que expos essa questão, comentou com os estagiários que
precisaria ir embora naquele momento, pois haveria treino de futebol e ele gostaria de
participar. Após a despedida, a atividade deu continuidade com E.M, que compartilha do
sonho de P., mas que deseja se mudar da casa da avó junto com o pai, que atualmente está
namorando e provavelmente irá se mudar para outra residência. Ela explica que tem muitos
conflitos com a senhora e que constantemente apanha com cabo de vassoura, em várias vezes
sem nem ao menos compreender o motivo. Isso é algo que a deixa muito chateada e que
apenas aumenta o desejo de sair de casa.
Os estagiários pontuaram que esse sonho dependeria do pai e questionaram se ela via
possibilidades de sair de casa sozinha quando tivesse idade o suficiente. Ela diz que sim e que
gostaria de trabalhar com açaí, que é algo que sua irmã já tentou, porém se demitiu por não ter
possibilidades de cumprir com os turnos exigidos pela empresa. D. e K. fizeram piada com a
profissão que E.M deseja seguir, assim, os estagiários chamaram a atenção de ambos e
passaram a vez para D., que diz ter o sonho de ser jogador de futebol e jogar junto com
Neymar. Em um primeiro momento foi evidenciado a dificuldade que ele pode encontrar em
tentar realizar esse sonho e quando questionado acerca das coisas que está fazendo para o
sonho se tornar realidade, ele diz que joga em um time do bairro e que mantém os estudos
também, como uma forma alternativa caso o futebol não dê certo.
47
D. pontua que a continuidade na escola pode garantir empregos com melhores remunerações.
Assim, como o tempo estava próximo ao final do grupo, os estagiários começaram a realizar o
encerramento, porém E.M perguntou se poderia contar mais outro sonho.
Ela diz que sua família é grande e confusa, já que tanto o pai quanto a mãe possuem
filhos de outros casamentos. Diante disso, ela diz que possui uma irmã por parte de mãe, mais
velha, que todos parecem ter muito carinho e fazem diversos comentários sobre ela, contudo
E.M. nunca a conheceu. Assim, o seu sonho é conhecer a irmã. Em seguida, P. disse que tem
o sonho de conhecer o pai e que sempre que pergunta para a mãe sobre ele, ela fica brava e
desvia do assunto. Ele não sabe onde o pai está e como está, sendo assim, diz que gostaria de
saber como ele era. Em contrapartida, D. diz que esse já foi um sonho, mas que após um
encontro com o pai, quando possuía dois meses, que nunca mais o viu, principalmente por ele
ameaçar de morte D. e sua mãe.R. comentou que diferente dos demais, possui um bom
contato com o pai, porém M. revelou que não vê o pai há 2 anos e que sente falta dele, porém
não entende o porquê não pode vê-lo.
Diante do horário avançado e da interrupção pela coordenadora da unidade para dar
um comunicado ao grupo, os estagiários encerraram o grupo e se despediram de todos. Como
E.M havia dormido na sessão anterior, os estagiários aproveitaram sua demora para sair da
sala de aula para conversarem com ela. E.M diz que em dias normais costuma ir dormir cedo,
por volta das 9h ou 10h, mas que quando precisa limpar a casa, acaba indo dormir por volta
das 2h da manhã. Ela diz que todos que residem na casa possuem uma tarefa e que são
distribuídas por dia, assim, no dia do grupo ela seria responsável por limpar toda a casa junto
de sua irmã.
Os estagiários sinalizaram que talvez E.M deveria conversar com seus responsáveis e
mudar o dia, principalmente por ela estar com sintomas de gripe e aparentar cansaço. Ela
também comentou que sente medo de dormir sozinha no quarto, assim, só vai para a cama
quando algum outro familiar também vai. E.M atualmente divide seu quarto com a irmã e diz
se sentir segura.
Data: 11/05/2023
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 6
49
Relato do Atendimento:
Diante das falas relacionadas ao trabalho que surgiram nas discussões do encontro
anterior, foi evidenciado em supervisão a importância de conversar sobre questões familiares
e diferentes percepções do grupo. Diante disso, os estagiários organizaram a sala de forma
que fosse possível realizar uma roda de conversa. Foi feito um momento de descontração
jogando o jogo detetive ou killer, para assim começaram a conversar. De início, foi observado
que quando os estagiários comentaram a respeito do tema e os objetivos, alguns participantes
ficaram incomodados a respeito do assunto, portanto, foi pensado em algo que o grupo
quisesse conversar sobre esse tema. Assim, D., sugeriu de expor algumas tarefas que eram
encarregadas para ele realizar. Ele comentou sobre o quanto ajuda a sua mãe a fazer trabalhos
domésticos e sobre a importância disso.
Neste momento, o restante dos participantes disseram todos ao mesmo tempo que
também tinham essas responsabilidades de limpar a casa. Para entender melhor, os estagiários
pediram para que um de cada vez comentasse a respeito. K., comentou que ajudava sua avó a
passar pano no chão e geralmente limpar outros cômodos de sua casa. Ele pontua que se não a
ajudasse ele poderia ser castigado por sua mãe/avó, no sentido de ser punido com agressões e
xingamentos. Diante disso, E.K, começou a caçoar de K, por motivos de não se preocupar em
ajudá-lo nas tarefas. S., questionou se ela não arrumava seu quarto, ela comentou que às vezes
não arrumava nem a cama dizendo sobre como sua vida era fácil nesse sentido.
Com isso, P., comentou que sua avó era brava, então ele nem podia sonhar em não
ajudá-la a limpar a casa quando pedido. P., disse que não recebe ajuda dos seus irmãos e que
tudo acaba sobrando para ele. Neste momento, o participante disse a respeito de sua avó ser
explosiva, comentando sobre as vezes que ela o batia. G., perguntou se era algo constante
sobre essa sua fala exposta. P., respondeu que sim, ele percebe que sua avó acaba
descontando tudo de ruim em sua pessoa o que deixa ele bem triste.
Sequencialmente a participante E.M, também comentou que ajudava muito nas tarefas
domésticas, visto que sua casa apresenta vários moradores o que de acordo com ela é muito
difícil de se conviver. Ela diz que não pode deixar de cumprir as tarefas, pois sua avó não é
nada assertiva. Diante disso, foi notado que a participante fez uma expressão de cansaço
como se ocorresse algo de ruim eventualmente em sua vida. Ao decorrer de sua fala alguns
50
participantes acabavam tendo algum momento de zoação, a partir de agora em diante nas
próximas falas.
O participante R., comentou bem diretamente sobre sua contribuição perante a
limpeza de sua casa. Ele comentou que se não realizasse as tarefas ele não sairia para jogar
bola e outras opções de atividades. G., perguntou para R., sobre quais tarefas ele ficava
encarregado. Ele comenta sobre limpar a cozinha, o seu quarto e outra ajuda quando
solicitado. Além disso, foi mais um participante que trouxe sobre a realidade de apanhar caso
não cumprisse essa responsabilidade.
O estagiário G., pontuou algumas coisas ditas nas falas de cada integrante, ressaltando
que todos tinham a responsabilidade de ajudar em suas casas, porém eram educados de uma
forma totalmente prejudicial para eles. Nesse momento, a estagiária S., faz uma pergunta
sobre o que eles pensam sobre a ideia de sofrerem algum tipo de violência e como isso
poderia prejudicá-los. Nesta hora, todos se exaltaram na hora de falar, passando um por cima
da fala do outro com um tom de empolgados para contar as maneiras de como apanharam. Foi
observado que ninguém levou a sério sobre esse assunto, o grupo achou que era algo normal
perante as suas vivências. P., foi um dos mais falantes nesse momento, ele contou as diversas
vezes que se trancou no quarto, pulava o muro para não apanhar de sua avó. Diante disso, os
estagiários perguntaram sobre alguns motivos para levar a esse extremo. P., citou um
momento em que não chegou no horário e acabou levando a maior bronca. Além disso, ele foi
citando outras vezes que não entendia os motivos de ter apanhado.
Com isso, cada um teve seu momento para contar sobre os motivos que levaram a
serem punidos de alguma forma. Um dos relatos que chamou a atenção foi de K. Ele comenta
sobre uma vez que apanhou de um objeto na perna, onde ficou 2 dias sem andar direito. S.,
pergunta se sua mãe acabou se arrependendo posteriormente, K, disse que achava que sim
porque, ele ficou bem mal e ela percebeu que exagerou. Assim, G., perguntou para o grupo
sobre os malefícios de usar a violência e como não tinha sentido. O estagiário comenta sobre
sua percepção do grupo rir de cada relato dito , que eles deveriam considerar em olhar com
mais seriedade. S., complementa dizendo que a violência só poderia acarretar em mais
violência, uma vez que isso de certa forma não os educavam. Assim, G., sinalizou sobre os
relatos em que eles fugiam de apanhar, demonstrando o que a violência poderia abalar cada
emocional. No demais, S., disse sobre algumas vezes que apanhou de sua mãe e como isso
não adiantou em nada em sua vida. Ela comenta sobre algumas práticas familiares dos tempos
passados, onde comentou que seu pai era castigado por qualquer coisa.
51
Nesse momento, alguns participantes como E.M, K., E.K, disseram que seus pais
tinham tido isso em suas infâncias. G., faz uma ressalva sobre algumas causas que podem
levar a pessoa violentada. Ele comenta sobre as ações de reproduzir a violência futuramente
em suas vidas. No demais, foi comentado sobre as duas únicas vezes que o estagiário apanhou
de sua mãe. Diante disso, ambos os estagiários foram trazendo reflexões sobre as causas e
consequências sobre apanhar.
Foi observado em um geral, que os participantes ficaram sem ideia em como se
expressarem, visto que para eles era algo normal bater para educar. Nisso, foi perguntado para
o grupo se eles fariam isso caso tivessem filhos. Alguns responderam que não, pois acha
errado. K., comenta que às vezes uma palmada não faz mal, mas para não exagerar no castigo.
Diante disso, os participantes ficaram calados enquanto os estagiários falavam sobre esse
assunto. S., pergunta sobre a realização/sentimento deles estarem morando com seus
respectivos parentes. P., comentou que gosta mais do irmão mais velho, mas quase nunca o vê
por conta do seu trabalho. K., disse que gosta tanto da sua avó como da sua mãe. E.K, diz
somente sua mãe. D., fala sobre seus irmãos e mãe. E.K, ficou meio em dúvida em quem
escolher como preferido, ela comenta que considera um pouco mais sua irmã mais velha. Por
fim, R. comenta sobre sua família no geral.
Data: 18/05/2023
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 8
Relato do Atendimento:
Assim, D. pediu para começar e selecionou os animais: leão, preguiça e onça para
responder a pergunta “como me vejo nesse momento”. Apenas L. acertou o animal escolhido,
que foi leão, entretanto justificou que o amigo era tal animal por ser briguento. Os demais
participantes comentaram que D. era lerdo e preguiçoso. Diante disso, D. revelou que
escolheu o leão por ser inteligente e corajoso, o que para os demais participantes foi algo que
gerou piadas. D. ficou muito ofendido, principalmente com P. e lhe respondeu as ofensas, o
que fez com que os estagiários intervissem.
O próximo foi K. que escolheu para si o tigre, por acreditar que os membros de sua
família o veem como forte e responsável. Contudo, sua irmã, E.K discorda do que ele
comentou e como membro da família diz que ninguém tem esses pensamentos sobre ele. O
próximo foi L. que escolheu o bicho preguiça para se referir a como não quer que os outros o
vejam no futuro. P. escolheu também o bicho preguiça e diz que tenta evitar que sua avó o
considere preguiçoso, tendo em vista que apanha quando não cumpre com as obrigações
impostas por ela. Já M. escolheu a cobra e diz que tenta não ser vista pelos amigos como uma
fofoqueira ou alguém que não seja confiável.
E.M escolheu os animais: passarinho, gato e cobra para responder a pergunta “como
quero ser visto no futuro”. E.K disse que a certa era a cobra e que E.M era falsa e sorrateira.
K. falou que o pássaro, por E.M querer voar para longe da casa da avó. P. também
compartilhou do pensamento de K, se recordando das falas da menina nas sessões anteriores.
L. escolheu o gato e comentou que ele é leal com que gosta, mas com quem não gosta acaba
gerando brigas. Por fim, apesar de concordar com K e P sobre o passáro, revelou que escolheu
o gato por ser um animal ágil e esperto.
Diante da observação da predominância de características negativas atribuídas aos
participantes do grupo, os estagiários pontuaram tal fato e evidenciaram que os animais
escolhidos não necessariamente possuíam apenas as mesmas características, tendo em vista
que o grupo ficou reduzido a denominar os outros de briguentos, falsos, arrogantes e
preguiçosos. Assim, foi evidenciado outras possibilidades diante dos animais mais escolhidos.
Em seguida, os estagiários propuseram que cada pessoa dissesse uma característica
positiva que percebia no amigo sentado à esquerda. D. começou e disse que P. é alguém em
quem confia. P. revelou que M. é muito atenciosa tanto com ele como as demais pessoas. M.
não conseguiu decidir sobre algo bom referente a E.K e pediu para passar a vez. Já E.K disse
que não conhecia L. tão bem, logo não queria responder. Os estagiários pontuaram que ela
deveria ter observado alguma coisa no comportamento do amigo, o que a levou a concluir que
ele era bom em jogar futebol, habilidoso. L. disse o mesmo de K., que era alguém esforçado e
53
com grandes habilidades. K. por sua vez, revelou que E.M é uma pessoa engraçada e
divertida. Por fim, E.M comentou que D., apesar de briguento, gosta de defender os amigos.
Durante esse momento, K. sugeriu aos estagiários que as cartas fossem dispostas sobre
a mesa e que cada um dos participantes escolhesse algum animal que representasse o amigo.
K. escolheu para D. uma raposa e disse que o amigo pensa rápido quando estão em situações
complicadas. M. escolheu para L. o leão e falou que era por ser briguento mas também
protetor. E.K teve muita dificuldade em escolher algum animal para qualquer um de seus
colegas. P. escolheu o leão para K. e disse que ele é muito ágil. D. escolheu a mesma carta e
também a direcionou a K.
Após esse momento, os estagiários perguntaram sobre o tema central do jogo e L.
disse ser conhecer a si mesmo, K. completou dizendo que conhecendo também o que as
demais pessoas pensam sobre o outro. Assim, a dupla nomeou a fala dos meninos,
evidenciando que se tratava de autoconhecimento ou autoconceito e perguntaram a
importância de conhecer a si próprio. D. acredita que ter conhecimento sobre si pode
colaborar para fazer mais amigos, enquanto K. evidenciou que o autoconhecimento favorece a
identificação de pontos que são positivos sobre si e demais características que podem vir a ser
modificadas. Nesse momento, foi observado que o grupo estava disperso, apresentando
diversas conversas paralelas que dificultaram o entendimento do que era dito. Logo, os
estagiários intervieram e deram continuidade à discussão.
Por fim, perguntaram aos adolescentes o que pensavam sobre terem escolhido sempre
características negativas para atribuir aos colegas e tanto E.M quanto E.K acreditam ser mais
fácil identificar o que incomoda, logo, o que é visto como ruim. Porém foi pontuado que essa
visão pessimista poderia vir a machucar o outro, em um ponto que se sentisse desconfortável
ou triste, tal como D. se sentiu incomodado no início da sessão. Como o tempo já havia
excedido, os estagiários realizaram o fechamento da discussão e finalizaram o atendimento.
Data: 25/05/2023
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 6
Relato do Atendimento:
personagens diferentes e em mais pessoas. Desde o início, o grupo se manteve atento ao que
era solicitado/explicado, pois o estagiário ficou como bancário e mediador nesse momento.
As explicações foram se sucedendo ao decorrer de cada jogada do grupo, visto que os
integrantes estavam competitivos entre si. A primeira decisão importante a ser tomada foi
escolher o caminho de realizar uma faculdade ou seguir como um investidor, recebendo um
menor salário dependendo da profissão. Sendo assim, K., foi o único que seguiu a vida
acadêmica, o qual acabou sendo um médico ganhando o maior salário entre as outras
jogadoras.
O estagiário notou que o grupo se esnobava no sentido de se importarem em ver quem
tinha mais notas de dinheiro, na maioria do tempo o grupo foram fazendo comentários mais a
favor do jogo, do que relacionarem com alguns aspectos da vida real. Porém, cada
participante demonstrou pensar muito antes de tomar qualquer decisão que poderia ser ou não
benéfica para eles. K., era o mais racional do grupo, a fim de ajudar o estagiário a prosseguir
com cada regra do jogo. G., foi dando algumas sugestões para os participantes levarem em
consideração, visto que até um certo ponto ninguém havia dado importância para o seguro de
vida, seguro da casa e seguro do carro. Além do mais, algumas opções como comprar ações,
pegar empréstimo foi bem aproveitado por eles, porém eles trouxeram que pedir empréstimo
para banco tinha suas desvantagens envolvendo juros, dizendo a respeito de pagar a vista
algumas de suas conquistas.
Sequencialmente, alguns acontecimentos mais relevantes ocorreram no sentido do
grupo trazer que não pensavam em ter filhos futuramente, pois era um gasto a mais para eles
se preocuparem futuramente. Além disso, foi observado que suas fantasias vieram à tona,
expressando alguns sonhos caso tivessem todo aquele dinheiro, como por exemplo, K., disse
sobre comprar roupas de futebol e viajar. E.M, celular, maquiagem, roupas. E.K, roupas, uma
casa nova, aparelhos tecnológicos. Por fim, quando o grupo estava caminhando para o fim do
jogo, K., foi o primeiro a atingir o milhão ganhando o jogo e deixando as meninas na posição
de ganhar uma da outra. E.K, era a jogadora com menos notas em comparação de E.M, porém
devido as suas decisões no decorrer do jogo, acabou ficando em segundo lugar, a qual fez
com que E.M, fizesse birra por ter perdido, deixando o clima pesado por ser apenas um jogo
com propostas deles pensarem sobre seu futuro.
Data: 01/06/2023
Número do encontro: 13
56
Quantidade de participantes: 10
Participantes presentes: 8
Relato do Atendimento:
Neste dia, o principal objetivo dos estagiários foi encerrar o grupo no núcleo , depois
de terem trabalhados diversos temas que percorrem a vida. De início, os estagiários
aguardaram alguns dos participantes a comerem um lanche da tarde, que foi o tempo deles
deixaram uma roda de cadeiras, para fazer uma roda de conversa nesse dia.
Sendo assim, os estagiários deram a notícia para o grupo que este seria o último
encontro deles, alguns integrantes demonstraram reações de desapontamento, outros nem
tanto, mas foi proposto que eles dissessem o que iriam levar para a vida, quais lições que os
marcaram, seus sentimentos perante a finalização do estágio, e o que eles quisessem dizer.
Com isso, D., disse que tinha gostado de todas atividades, principalmente do tema
envolvendo sonhos, o qual levaria a frente seu sonho de jogar futebol e conhecer o jogador
Neymar, mas que para isso teria que trabalhar. O próximo a dizer suas impressões foi K., ele
comentou que tinha gostado muito da atividade dos sonhos, mas também a atividade do
baralho das emoções, pois o fez pensar em considerar mais o próximo, e olhar mais para si. O
participante R., disse o mesmo que os colegas anteriores, apenas acrescentou que tinha
achado legal fazer as atividades. L., comentou que tinha gostado da atividade do espelho
espelho meu, pois o fez refletir sobre como não gostaria que os outros o vissem, pois tinha
comentado que não gostaria de ser um preguiçoso. M., comentou do seu interesse pelo jogo
da vida, pois a mesma demonstrou interesse por ser veterinária, e ter uma vida com bastante
dinheiro e lazer. E.M, comentou que gostou de todas, pois a dupla de estagiário haviam
acertado em suas escolhas de atividades , uma vez que ela gostou de refletir sobre alguns dos
temas. Em seguida, P., disse que tinha gostado muito da atividade do desenho, espelho
espelho meu, de dizer os sonhos, pois o fez entender que não era apenas brincadeiras, pois
tinha assuntos bem importantes de serem levados para a vida. Por fim, E.K, comentou do seu
gosto pelo baralho das emoções, pois gostou de ter conhecido alguns sentimentos passados
despercebidos por ela, além de ter achado interessante a atividade.
57