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28/03/2019 Bem-vindo ao início da vida - Guia Primeira Infância em Pauta

Bem-vindo ao Início da Vida


Como definir a primeira infância e por que essa fase é tão importante

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Como definir a primeira infância e por que essa fase é tão importante

Afinal, o que é a primeira infância?

Chamamos de primeira infância a fase que vai do nascimento até os 6 anos de idade. Apesar de o conceito e a importância dessa fase serem conhecidos pelas diversas áreas
da ciência, o termo ainda é praticamente ignorado pela população brasileira[1]. Em geral, quando mencionado, ele é associado ao período que começa aos 3 anos de idade, e
não àquele que vai do nascimento aos 6 anos. O fato de a maioria dos adultos não se lembrar com clareza de quando era um bebê contribui para que as pessoas deem menos
importância a essa fase.[2]

Mesmo os artigos acadêmicos[3] no Brasil não costumam se referir ao termo primeira infância. Quando usado, na maioria das vezes, é de maneira generalista, e não com a
preocupação de definir uma fase da vida com importância e características próprias.[4]

A primeira infância engloba ainda a chamada primeiríssima infância (do nascimento aos 3 anos), que, segundo descobertas da neurociência, é uma das fases mais relevantes
para o desenvolvimento cerebral[5], quando a janela de oportunidade de desenvolvimento é maior.

Por isso, a primeira sugestão deste guia é: em seus textos, vídeos, palestras, posts, áudios ou publicações, quando falar da primeira infância, reforce que se trata do período que
vai do nascimento até os 6 anos de idade. Você pode, inclusive, fazer isso de forma visual (veja quadro) para deixar ainda mais claro.

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Por que comunicar a primeira infância?

Por meio da comunicação adequada e bem embasada, é possível ampliar o entendimento sobre os múltiplos aspectos envolvidos no desenvolvimento infantil e sobre o fato de a
criança ser uma pessoa em desenvolvimento e um sujeito de direitos[6] que deve ter importância central na sociedade. O conhecimento proporcionado pela comunicação
permite à população ser mais crítica e capaz de exigir mais e melhores políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da primeira infância e mais qualidade dos serviços básicos
oferecidos à gestante, à criança e à família.

7 motivos para investir nos primeiros anos

De melhoras no aprendizado à economia a longo prazo, não faltam argumentos para você citar e assim comprovar a importância de se investir na primeira infância. Veja alguns
deles:

Metade do potencial de inteligência de uma pessoa é desenvolvida por volta dos 4 anos de idade. Intervenções na primeira infância podem ter efeitos sobre a capacidade
intelectual, a personalidade e o comportamento social futuros.[7]

Programas de desenvolvimento infantil na primeira infância – mesmo de nível mais básico – reduzem a mortalidade infantil.[8]

Os primeiros anos são fundamentais para o desenvolvimento da criança. Cientistas já comprovaram que oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento infantil nos primeiros
anos de vida é mais eficaz e gera menos custos do que tentar reverter ou minimizar os efeitos ou problemas futuros.[9]

Dentre os benefícios, há ganhos no desenvolvimento cognitivo a curto prazo, melhora nos níveis de aprendizado a médio prazo e na escolaridade, empregabilidade, qualidade
de vida e renda a longo prazo.[10]

Crianças em situação de “vulnerabilidade social”, ou seja, em situação de miséria, negligência e abandono, tendem a ter menos oportunidades de desenvolvimento ao longo da
vida. Com isso, quando adultas, podem dar continuidade a esse histórico social e familiar, produzindo o fenômeno conhecido como “ciclo intergeracional da pobreza”, que é
quando a pobreza avança de uma geração para a outra. Para termos uma sociedade com mais igualdade de oportunidades, é fundamental que nossas leis e políticas públicas
deem atenção à primeira infância e, em especial, às crianças em situação de vulnerabilidade social.[11] Programas voltados ao tema são essenciais para quebrar esse ciclo.[12]

O desenvolvimento na primeira infância está entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável[13], as metas globais definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
que devem ser cumpridas até 2030. A preocupação com a primeira infância está presente em todos os 17 objetivos.

Existem 19.632.111[14] crianças de até 6 anos de idade no Brasil, o que corresponde a pouco mais de 10% da população. Use comparações para ajudar a dar a real dimensão
da primeira infância brasileira:

o número de indivíduos na primeira infância no nosso país é maior do que a população inteira do Chile;

o número de crianças de até 6 anos no Brasil equivale a duas vezes a população total da Suécia;

o número de crianças de até 3 anos no Brasil é de 10.938.914, uma população maior que a de toda a Bolívia (10,6 milhões);

há 8.693.197 crianças de 4 a 6 anos no Brasil, número maior que o da população do Paraguai (6,8 milhões).

Informação fundamentada X antigas crenças

Existe um distanciamento entre os conceitos científicos e a visão do público brasileiro sobre o desenvolvimento na primeira infância. A comunicação é importante para fazer
com que a população amplie esse conhecimento e possa adotar atitudes que contribuam para melhorar a atenção dada às crianças de até 6 anos no país.

Muitas vezes, a informação que o público toma como certa é exatamente o oposto do que os especialistas e as pesquisas indicam. Veja os principais ruídos identificados na
comunicação da primeira infância:[15]

Assunto O que dizem os especialistas Visão do público

Cuidados na A gestação é um período sensível para o desenvolvimento Dá bastante importância aos cuidados com a saúde durante a gestação, mas tem pouco
gravidez infantil, pois nessa fase diversas estruturas estão em fase de conhecimento sobre a influência que o ambiente exerce sobre o feto.
formação e amadurecimento.

Cérebro O cérebro é um órgão em processo de desenvolvimento, Acredita que as estruturas cerebrais já estão prontas a partir do nascimento e que não há
em especial durante a primeira infância. qualquer mudança no decorrer do crescimento da criança.

Do nascimento A primeira infância é uma janela de oportunidade para que Considera que o período mais importante da infância tem início somente aos 2 anos, pois
aos 3 anos o desenvolvimento pleno da criança ocorra de maneira há uma crença de que é a partir daí que começam a se formar as primeiras lembranças.
positiva.

Aprendizado O aprendizado ocorre em todos os lugares. Atividades Tende a limitar a escola como local preferencial de aprendizado.
como andar, correr, falar, entre outras, fazem parte do
desenvolvimento cognitivo.
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Desenvolvimento Os tipos de desenvolvimento (físico, emocional, social e O desenvolvimento da criança costuma ser visto de forma compartimentada. O
cognitivo) estão interligados, o crescimento deve ser crescimento físico é tratado de forma independente dos desenvolvimentos socioafetivo e
integral. cognitivo, porque a relação entre eles não está clara.

Importância dos O desenvolvimento cognitivo da criança é potencializado Sabe que o carinho dos adultos é importante, mas crê que ele influencia apenas o
relacionamentos por relacionamentos significativos, dentro e fora da escola. temperamento e a personalidade da criança.

Papel da família A criança tem um papel ativo no seu desenvolvimento e Ainda existe o pensamento de que o bom relacionamento entre pais e filhos deve ser
cabe aos pais lhe dar apoio, estimulando sua autonomia. marcado pela autoridade.

Apoio O apoio profissional é necessário e importante para o Esse tipo de apoio é visto com desconfiança, porque há o receio de haver interferência na
profissional desenvolvimento. autoridade dos pais.

Ferramentas úteis

Com o objetivo de diminuir esses distanciamentos e ampliar o conhecimento dos brasileiros sobre o desenvolvimento na primeira infância, ao longo deste guia são apresentadas
diversas ferramentas úteis para auxiliar na construção de uma comunicação mais eficiente e embasada. Elas ajudam a traduzir os conceitos científicos, facilitando o entendimento
das informações pelo público em geral.

Entre essas ferramentas destacam-se as metáforas. Uma boa metáfora facilita o entendimento ao comparar questões complexas com elementos concretos e familiares. Ela
prepara o caminho para comunicar os resultados científicos mais difíceis, pois é simples, visual, concreta, produtiva e impactante.

O Instituto Frameworks fez uma análise das metáforas desenvolvidas com base em pesquisas sobre desenvolvimento na primeira infância nos Estados Unidos e no Canadá e
escolheu cinco para serem testadas e adaptadas à realidade brasileira.[16] O objetivo foi sensibilizar o público e os formuladores de políticas públicas no Brasil em relação às
contribuições do conhecimento científico na melhora das políticas de desenvolvimento na primeira infância. Algumas delas foram usadas nesta publicação.

Outras ferramentas apresentadas no guia são imagens, gráficos, infográficos, exemplos de comunicações bem estruturadas (incluindo campanhas, filmes, instalações,
reportagens e blogs), sugestões de estudos, publicações e sites de referência para a produção de reportagens, campanhas, informativos e outros materiais de comunicação.

O papel do comunicador

Um bom comunicador consegue passar conceitos complexos de forma acessível e facilita o entendimento acerca da importância da primeira infância. Bem informada, a
população se torna mais atuante na luta por melhores políticas públicas de atendimento às crianças – e toda a sociedade lucra com os benefícios proporcionados pelo
desenvolvimento infantil adequado. A atuação do comunicador, portanto, é fundamental para o desenvolvimento do país.

Confira algumas dicas para exercer bem esse papel:

comunicar assuntos relativos à primeira infância com base em estudos e pesquisas;

ter clareza sobre os objetivos que pretende alcançar;

ter sempre em mente a responsabilidade de informar, sensibilizar e mobilizar o público;

apresentar resultados e/ou impactos das ações e políticas voltadas para a primeira infância realizadas no país;

buscar informações atualizadas e qualificadas para tratar das questões envolvidas no desenvolvimento infantil.

Navegue pelo site para ver mais conceitos, sugestões, dicas e exemplos que poderão ajudá-lo nessa tarefa.

[1] Em março de 2016, a Lei n. 13.257, de 8 de março de 2016, conhecida como Marco Legal da Primeira Infância, definiu primeira infância e trouxe importantes diretrizes para as políticas públicas
destinadas a essa faixa etária.

[2] BARAN, M. et al. Valores e metáforas: para a comunicação do conhecimento científico sobre o desenvolvimento na primeira infância no Brasil. Washington: Instituto FrameWorks, 2014.

[3] RIZZINI, I.; PORTO, C. A criança na primeira infância em foco nas pesquisas brasileiras. Rio de Janeiro: Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI)/PUC-Rio, 2014.
Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

[4] A Lei n. 13.257/2016, o Marco Legal da Primeira Infância, define a primeira infância e traz importantes diretrizes para as políticas públicas para essa faixa etária.

[5] NELSON, C.A. et al. Cognitive recovery in socially deprived young children: the bucharest early intervention project. Science, 318, p. 1937-1940, 21 dez. 2007. Disponível aqui. Acesso em: 27 set.
2017.

[6] O Marco Legal da Primeira Infância determina que as políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira infância sejam elaboradas e executadas de forma a “atender ao
interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã” (art. 4,I).

[7] UNICEF. Early childhood development: the key to a full and productive life. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

[8] Ibidem.

[9] DELANEY, L.; DOYLE, O. Socioeconomic differences in early childhood time preferences. Journal of Economic Psychology, v. 33, n. 1, p. 237-247, fev. 2012.

[10] HECKMAN, J. J. Policies to foster human capital. Research in Economics, Elsevier, v. 54, p. 3-56, mar. 2000; CURI, Andréa Zaitune; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. A relação entre educação
pré-primária, salários, escolaridade e proficiência escolar no Brasil. Estud. Econ., São Paulo, v. 39, n. 4, p. 811-850, dez. 2009. Disponível aqui. Acesso em: 30 set. 2017.

[11] O Marco Legal da Primeira Infância determina que crianças em situação de vulnerabilidade tenham prioridade nas políticas públicas (art. 14, § 2º).

[12] UNICEF. Early Childhood Development: the key to a full and productive life. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

[13] Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um conjunto de 17 objetivos e 169 metas traçadas pela ONU, integradas e que cobrem as principais dimensões do desenvolvimento sustentável:
pessoas, planeta, prosperidade e paz. O propósito é ambicioso e abrange a erradicação da pobreza, a restauração da dignidade e da igualdade humanas, a proteção do planeta, a gestão de recursos
naturais, a promoção da prosperidade econômica e da paz, a justiça e a inclusão.

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[14] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo demográfico 2010: características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.
O Censo é mais adequado para apresentar dados sobre a primeira infância pois é produzido a cada dez anos com base em cerca de 20 milhões de questionários. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) é anual e se baseia, como o próprio nome diz, em uma amostra de cerca de 400 mil questionários.

[15] BARAN, M. et al. Lembrar, espelhar e experimentar: distanciamentos e sobreposições entre público e especialistas brasileiros sobre desenvolvimento na primeira infância. Washington, DC:
Instituto FrameWorks, 2014. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

[16] BARAN, M. et al. Valores e metáforas: para a comunicação do conhecimento científico sobre o desenvolvimento na primeira infância no Brasil. Washington: Instituto FrameWorks, 2014.

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