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AUTISMO
AULA 2
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essa fase é uma via de mão dupla, uma vez que a escola faz parte do
desenvolvimento pleno e integrado da criança.
Desse modo, considerando fatores e condições que podem afetar o
desenvolvimento pleno na primeira infância, vamos refletir sobre o
desenvolvimento integrado na primeira infância, elucidando os distúrbios
motores e psicomotores na primeira infância e suas consequências no
desenvolvimento global do sujeito, para que seja possível auxiliar os
profissionais, no contexto da educação infantil, com a identificação precoce de
atrasos no desenvolvimento. Assim, eles poderão atuar em promoção da saúde
e prevenção, buscando aumentar a qualidade de vida da criança.
Crédito: GoodStudio/Shutterstock.
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Segundo a literatura, a prematuridade está ligada a uma maior frequência
de distúrbios de desenvolvimento, principalmente quando a criança apresenta
baixo peso. Distúrbios cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, infecções
neonatais, desnutrição, baixas condições socioeconômicas e nível educacional
precário dos pais também estão entre as principais causas (Willrich et al., 2009).
Em específico, a desnutrição está entre os principais influenciadores do
atraso no desenvolvimento infantil, mesmo em crianças com sequelas menos
graves. Acaba resultando em alterações no desenvolvimento neuropsicomotor,
o que prejudica o desenvolvimento intelectual e influencia na linguagem e na
sociabilidade (Cardoso; Magalhães; Barbosa, 2011).
O desvio no desenvolvimento motor e psicomotor pode ser o primeiro sinal
de outros distúrbios do desenvolvimento, considerando que atrasos em marcos
motores (como sustentar a cabeça, sentar-se, andar, falar) podem ser um sinal
de outras alterações, como deficiências mentais (Morais, 2013).
Vale ressaltar a importância da intervenção precoce e dos avanços nos
cuidados neonatais, para que os distúrbios sejam amenizados nas ocupações
do sujeito. Nesse contexto, é preciso considerar os fatores de risco modificáveis
relacionados a causas pré-natais, que incluem: desnutrição materna; má
assistência à gestante; doenças infecciosas (sífilis, rubéola, toxoplasmose);
fatores tóxicos (alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de
medicamentos teratogênicos); poluição alimentar; e tabagismo (Cardoso;
Magalhães; Barbosa, 2011).
• 0: Autismo infantil
• 1: Autismo atípico
• 2: Transtorno de Rett
• 3: Transtorno Desintegrativo da Infância
• 4:Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e movimentos
estereotipados
• 5: Transtorno de Asperger (ou síndrome de Asperger)
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contexto, calor, voz, colo da mãe, temperatura, amamentação e outros fatores
combinados podem ajudar a trazer a criança ao mundo de forma mais agradável
(Bee; Boyd, 2011).
Cada um desses estímulos, considerando como a criança é cuidada,
impacta em seu desenvolvimento. Aqui, veremos os marcos motores, de acordo
com Bee e Boyd (2011), que estão presentes em cada fase da criança, com o
intuito de facilitar a identificação precoce de atrasos. Isso pode mudar o futuro
da criança.
De modo geral, a partir de seus 2 meses e 3 meses, o bebê começa a
explorar as mãozinhas, de modo que muitas vezes leva a mão à boca; começa
também a sorrir para as pessoas; consegue se acalmar rapidamente; tenta olhar
para os pais; começa a fazer barulhos; passa a virar a cabeça em direção aos
sons; consegue manter a cabeça elevada; começa a erguer o tronco quando
está de bruços; faz movimentos mais suaves com os braços e as pernas; dá
atenção a rostos; começa a seguir objetos com os olhos; reconhece as pessoas
de longe; e começa a ficar entediado (chora, fica inquieto) se a atividade não
muda.
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Dos 4 aos 6 meses, o bebê é capaz de fazer a “esfinge”, quando se deita
com as mãos juntas, levantando a cabeça. Começa também a estabilizar seu
sono; rolar; reconhecer sons; balbuciar; imitar os sons que ouve; chorar de
maneira diferente para mostrar fome, dor ou cansaço; sorrir de forma
espontânea; brincar com as pessoas e chorar se a brincadeira acaba; imitar
alguns movimentos e expressões faciais; responder a afeto; tentar pegar um
brinquedo com uma mão; usar as mãos e os olhos juntos; seguir as coisas em
movimento com os olhos de um lado para observar os rostos atentamente;
reconhecer pessoas e coisas familiares de longe; manter a cabeça erguida
firmemente, sem apoio; empurrar as pernas quando os pés estão encostados
em uma superfície dura; rolar de barriga para cima quando está de bruços;
segurar um brinquedo e chacoalhá-lo; balançar brinquedos pendurados; levar as
mãos à boca; apoiar-se sobre os cotovelos quando está de bruços.
Nessa fase, é importante deixar a criança no chão, em um tapetinho, com
brinquedos ao redor.
Aos 6 meses, tem início a vida alimentar da criança. Assim, é importante
que a criança consiga experimentar cheiros, cores e texturas.
Além disso, espera-se que o bebê seja capaz de: responder aos sons
emitindo outros sons; unir as vogais ao balbuciar; responder ao próprio nome;
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emitir sons para mostrar alegria e descontentamento; começar a falar sons
consoantes; reconhecer rostos familiares e começar a perceber se alguém é
estranho; gostar de brincar com outros, especialmente os pais; responder a
emoções alheias, normalmente parecendo feliz; gostar de se ver no espelho;
observar as coisas ao seu redor; levar objetos à boca; mostrar curiosidade sobre
as coisas; buscar objetos que estão fora do alcance; passar as coisas de uma
mão para a outra; rolar em ambas as direções; começar a sentar-se sem apoio;
quando está de pé, apoiar o peso sobre as pernas (pode tentar saltar); balançar
para frente e para trás, às vezes engatinhando para trás antes de seguir para
frente.
A criança começa a esboçar o engatinhar entre os 7 e 8 meses. Nessa
fase, começa a reconhecer melhor os pais e os estranhos. O contato visual, mais
desenvolvido, é muito forte com o mundo externo.
Aos 9 meses, a criança já começa a responder o próprio nome.
Compreende “não”; emite muitos sons diferentes, como “mamamama” e
”bababababa”; imita sons e gestos dos outros; usa os dedos para apontar as
coisas; pode ter medo de estranhos; pode ser grudado nos adultos familiares;
apresenta brinquedos favoritos; observa o caminho de alguma coisa quando ela
cai; procura objetos que percebe que você escondeu; brinca de esconder e achar
o rosto; coloca objetos na boca; movimenta objetos facilmente de uma mão para
a outra; pega coisas, como cereais, entre o dedão e o dedo indicador; fica de pé
apoiado em algo; consegue se sentar sem apoio; puxa para levantar; engatinha.
Dos 10 aos 12 meses, começa a dar tchau, mandar beijo, sentar-se
sozinha por longos minutos e entender as dinâmicas externas. Começa a se
interessar por outras crianças. O mundo externo passa a ser cada vez mais
interessante.
Com 12 meses, a criança já sabe que ela é um “ser” e começa a
compreender melhor as coisas. Por volta de 15 meses, dá tchau, joga beijo, faz
careta. Espera-se que consiga falar em torno de 10 a 20 palavras; é tímida ou
nervosa com estranhos; chora quando a mãe ou o pai vão embora; tem pessoas
e objetos preferidos; demonstra medo em algumas situações; entrega um livro
para você quando quer ouvir uma história; repete sons ou reações para
conseguir atenção; levanta os braços e as pernas para ajudar na hora de se
vestir; brinca de “esconder e achar o rosto” e de “ciranda”; responde a pedidos
verbais simples; usa gestos simples, como balançar a cabeça para sinalizar
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“não”; emite sons com alterações no tom (soa mais parecido com a fala); diz
“mama” e “papa” e exclamações como “uh-oh!”; tenta dizer as palavras que você
fala; explora as coisas de formas diferentes, como chacoalhando, batendo ou
arremessando; acha objetos escondidos com facilidade; olha para uma imagem
ou objeto certo quando dizemos o nome do objeto; imita gestos; começa a usar
as coisas corretamente – por exemplo, bebe de um copo, escova o cabelo; bate
dois objetos um contra o outro; coloca os objetos em uma caixa, tira os objetos
de uma caixa; solta as coisas sem ajuda; cutuca com o dedo indicador; segue
instruções simples, como “pegue o brinquedo”.
Aos 18 meses, fala em torno de 30 a 50 palavras, aponta partes do corpo,
continua algumas músicas, gosta de outras crianças e copia alguns
comportamentos. Também fala diversas palavras simples; diz “não” balançando
a cabeça; aponta para mostrar a alguém o que deseja; mostra afeto para as
pessoas com quem está familiarizado; brinca de faz de conta simples, como
alimentar uma boneca; mostra interesse em uma boneca ou animal de pelúcia,
fingindo alimentá-los; aponta para uma parte do corpo; faz rabiscos sozinho;
anda sozinho; pode conseguir subir degraus e correr; puxa brinquedos enquanto
anda; ajuda a se despir; bebe de um copo; come com uma colher.
Aos 24 meses, compõe pequenas frases, olha nos olhos, sabe o nome
dos familiares, consegue andar de triciclo, correr, pular com dois pés; fala de 100
a 200 palavras; repete palavras que ouviu em uma conversa; aponta para coisas
em um livro; mostra cada vez mais independência; mostra um comportamento
desafiador (faz o que pediram para não fazer); brinca principalmente ao lado de
certas crianças, mas começa a incluir outras crianças, como em brincadeiras de
pega-pega; encontra objetos mesmo quando escondidos debaixo de duas ou
três camadas; começa a separar formas e cores; pode começar a usar uma mão
mais do que a outra; constrói torres de quatro ou mais blocos; segue instruções
de dois passos; nomeia itens em um livro de imagens, como gato ou pássaro;
fica na ponta do pé; chuta uma bola; começa a correr.
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Crédito: Natchapohn/Shutterstock.
Por volta dos 30 meses, sobe escadas, escala móveis e consegue descer
com facilidade; o brincar imaginário está desenvolvido; cria brincadeiras;
consegue brincar de esconde-esconde e pega-pega; demostra sentimentos;
apresenta expressão corporal mais aprimorada; sabe demostrar quando está
triste; sabe o seu nome; espera-se que fale de 300 a 500 palavras.
Com 3 anos, a criança fala aproximadamente 1000 palavras; consegue
formular frases longas e complexas; é capaz de desenvolver diálogos;
compreende sentimentos; se comunica com clareza; reconhece cores, letras e
números; reveza em brincadeiras; mostra preocupação por um amigo que está
chorando; entende a ideia de “meu”, “seu” ou “sua”; separa-se com facilidade da
mãe e do pai; pode ficar aborrecido com mudanças grandes na rotina; entende
palavras como “dentro”, “em cima” e “embaixo”; fala o primeiro nome, a idade e
o sexo; fala bem o suficiente para que as pessoas estranhas entendam o que diz
na maior parte do tempo; pode manusear brinquedos com botões, alavancas e
partes móveis; monta quebra-cabeças com 3 ou 4 peças; constrói torres de mais
de 6 blocos.
Com 4 anos, consegue pular corda; pular de um pé só; fantasiar com
maior frequência; consegue usar tesoura com destreza; utilizar o lápis de forma
adequada; desenhar esboço de pessoas, sol, nuvem; consegue contar como foi
a escola e narrar rotinas; gosta de fazer coisas novas; brinca de “mamãe” e
“papai”; coopera com outras crianças; com frequência não consegue separar o
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real do imaginário; fala sobre o que gosta e sobre o que está interessada; conta
histórias; consegue dizer nome e sobrenome; lembra-se de partes de uma
história; entende a ideia de “igual” e “diferente”; desenha uma pessoa com 2 a 4
partes do corpo; usa tesouras; começa a copiar algumas letras de forma; brinca
de jogos de tabuleiro ou de cartas.
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afetiva (que antes era vista como papel apenas da família) passou a ser inserida
no ambiente escolar. Sobre o tema, Silva (2016) complementa:
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Crédito: Olga Belyaevskay/Shutterstock.
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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Falamos a respeito da primeira infância, uma fase crucial para o
desenvolvimento, pois é fase de maior aprendizado das crianças.
Em seguida, conhecemos alguns distúrbios motores e psicomotores na
primeira infância, descrevendo como eles se desenvolvem. Descreveremos as
principais causas de distúrbios motores e psicomotores, sublinhando que atrasos
motores acarretam prejuízos que podem se estender até a fase adulta.
Na sequência, estudamos o desenvolvimento global e os marcos motores,
com o intuito de conhecer o desenvolvimento típico, o que facilita a identificação
precoce de atrasos, influenciando o futuro da criança de forma significativa.
Por fim, discutimos o desenvolvimento neurocognitivo, buscando
conhecer estratégias metodológicas para o desenvolvimento neurocognitivo da
criança.
Vale ressaltar, ainda, que a afetividade deve ser usada pelos professores
como recurso de aprendizagem, nas relações acadêmicas, pois terá influência
significativa, de acordo com a literatura, na capacidade de aprendizagem e no
desenvolvimento integrado da criança. Nota-se também a importância da
ampliação de olhares sobre a criança. É necessário considerá-la como um ser
humano global e em desenvolvimento, em sua relação com aqueles que estão
próximos e que acompanham o seu desenvolvimento de forma íntima. A ideia é
acompanhar o desenvolvimento da criança de forma integral.
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REFERÊNCIAS
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