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DESENVOLVIMENTO INFANTIL

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Sumário

1. Introdução............................................................................................... 2

2. Fases do Desenvolvimento Infantil (segundo Jean Piaget) .................... 4

Sensório-motor: de 0 a 2 anos ..................................................................... 4

Pré-operatório: de 2 a 7 anos ....................................................................... 5

Operatório concreto: de 8 a 12 anos............................................................. 7

Operatório formal: a partir de 12 anos........................................................... 7

3. Tipos de Desenvolvimento infantil .......................................................... 8

4. Desenvolvimento da Criança (0 a 6 anos) .............................................. 9

5. Psicologia do desenvolvimento infantil ................................................. 22

6. A importância do brincar no desenvolvimento infantil ........................... 23

7. Teoria de Piaget versus teoria de Vygotsky ......................................... 24

8. Fatores importantes para o bom desenvolvimento infantil ................... 25

9. Marcos do desenvolvimento infantil ...................................................... 26

Marcos importantes até os 12 meses ......................................................... 26

10. Desenvolvimento da linguagem ................................................................. 31


11. Quando a Criança não Apresenta o Desenvolvimento Típico ................. 33

12. Conclusão ................................................................................................ 35

13. Referências.............................................................................................. 36

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1. Introdução
O desenvolvimento infantil é um processo pelo qual todas as crianças passam
desde o nascimento até mais ou menos 6 anos de idade. Está relacionado ao
desenvolvimento de habilidades específicas que garantem a autossuficiência da
criança.

Ao conquistar determinadas capacidades, a criança passa a apresentar certos


comportamentos e ações (como, por exemplo, dizer a primeira palavra, dar os
primeiros passos, etc.) que são esperados a partir de determinada idade. Dessa
forma, o desenvolvimento infantil acaba por ser um conjunto de aprendizados que,
pouco a pouco, vai tornando a criança cada vez mais independente e autônoma.

Segundo Marcondes (1980), desenvolvimento é o aumento da capacidade do


indivíduo em realizar funções cada vez mais complexas. Desenvolvimento infantil é
um processo que se inicia na vida intrauterina e envolve o crescimento físico, a
maturação neurológica e a construção de habilidades relacionadas ao
comportamento, visando tornar a criança competente para resolver às suas
necessidades a às do seu meio.

O desenvolvimento humano é dinâmico, com mudanças biológicas e


psicológicas que permitem que a criança adquira novos comportamentos e também
modifique os antigos. Com isso o desenvolvimento neuropsicomotor corresponde à
aquisição progressiva de capacidades motoras e psicocognitiva de modo ordenado e
sequencial (PIAGET,1980).

A linguagem sofre influência contínua de fatores externos genéticos,


ambientais que apresentam variações de um indivíduo para o outro e que tornam
único o curso do desenvolvimento de cada criança. Alguns fatores são de boa
relevância quanto os achados para o desenvolvimento da linguagem, especialmente
nos períodos perinatal e neonatal, são prematuridade, gestação de alto risco, relação
negativa entre mãe e feto, idade materna, assistência pré-natal precária, baixo peso
ao nascer, comprimento menor que 45cm, asfixia perinatal, hemorragia intracraniana
infecções congênitas, período de aleitamento materno menor que seis meses e baixa
escolaridade materna (SOUZA 2002).

Os primeiros anos de vida são muito importantes devido á intensa atividade


cerebral, fruto da interação entre as características biológicas e as oportunidades de

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experiência dos indivíduos. A intensa neuroplasticidade nesse período é também
responsável por melhores prognósticos, se a intervenção ocorrer precocemente.
Observa-se no Brasil que estudos mostram as influências da condição social, do fator
desnutrição e da relação familiar como fatores de risco para o atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor da criança (GUTTON 2005).

A supervisão do crescimento e do desenvolvimento da criança é uma


importante tarefa que faz parte do rol de atividades do dia-a-dia do pediatra. O maior
objetivo da identificação e do diagnóstico precoce do atraso do desenvolvimento de
uma criança, e da consequente intervenção precoce, geralmente multiprofissional, ela
contribui para que cada criança adquira seu máximo potencial individual, com
finalidade da Pediatria (MÉIER 2013).

O acompanhamento de crianças e do processo de desenvolvimento reúne


diferentes modalidades de avaliação, que incluem os pais, os professores os
pediatras e os demais profissionais.

O acompanhamento de crianças e do processo de desenvolvimento reúne


diferentes modalidades de avaliação. Reunindo ambos profissionais de saúde. Este
acompanhamento é utilizado a anamnese, observação da criança em seu ambiente,
a prática de atividade ou, ainda, a aplicação de instrumentos de triagem (LEMOS
1986). Não existe um instrumento padronizado, isto dificulta a avaliação do
desenvolvimento, o que tem contribuído para que as alterações passem
despercebidas, isto se torna evidente muito anos mais tarde. Possivelmente quando
a criança está no ensino fundamental.

A aquisição da linguagem é uma das realizações mais notáveis dos primeiros


anos de vida. Aos cinco anos de idade, as crianças têm o domínio essencial do
sistema de sons e da gramática de seu idioma e adquiriram um vocabulário de
milhares de palavras. Este trabalho descreve os principais marcos do
desenvolvimento da linguagem presentes nos cinco primeiros anos de vida, em
crianças monolíngues com desenvolvimento típico, e os mecanismos que têm sido
propostos para explicar essas aquisições (HAGE 2004).

As habilidades de linguagem de crianças pequenas são importantes para seu


sucesso interpessoal acadêmico. É essencial, portanto, dispor de descrições do
desenvolvimento normativo que permitam identificação de crianças com

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comprometimento de linguagem e compreender os mecanismos de aquisição da
linguagem que podem fornecer a base para a otimização do desenvolvimento de
todas as crianças.

2. Fases do Desenvolvimento Infantil (segundo Jean Piaget)


As etapas do desenvolvimento infantil foram o principal tema de estudo do
psicólogo suíço Jean Piaget.

Jean William Fritz Piaget (9 de agosto de 1896 - 16 de setembro de 1980)

Durante o tempo em que trabalhava em uma escola, Piaget se interessou por


observar o raciocínio utilizado pelas crianças para responder as perguntas de seus
professores. Posteriormente, passou a observar também os seus filhos e desta forma,
acabou por subdividir as fases da infância.

A teoria de Piaget considera que o desenvolvimento infantil consiste em quatro


fases no que diz respeito à cognição: sensório-motor, pré-operatório, operatório
concreto e operatório formal.

As fases do desenvolvimento infantil são:

Sensório-motor: de 0 a 2 anos

Nesta fase, a criança se concentra nas sensações e nos movimentos. Ela começa a
entender o que as sensações significam e como os movimentos dela podem levar a
alterações no mundo exterior.

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Nos primeiros meses, o bebê ainda não tem controle consciente de suas ações
motoras. No entanto, com o passar do tempo, ele vai gradualmente ganhando
consciência de seus movimentos, e é aí que começa a festa: ele percebe que, se
esticar o bracinho, consegue puxar o móbile em cima do berço. A partir daí, passa a
testar as possibilidades de movimentação para ver aonde aquilo vai chegar.

Vale lembrar que, nessa fase, a criança ainda tem dificuldades com tudo aquilo que
ela não pode ver, tocar ou sentir. A chamada permanência do objeto ainda não
existe, pois a criança não admite sua existência fora do seu campo sensorial. Sendo
assim, se os pais escondem um brinquedo, por exemplo, ela não vai procurar. Pra ela,
o brinquedo deixou de existir.

O mesmo acontece com as pessoas: se o bebê não vê a mãe, ela automaticamente


deixa de existir e começa a choradeira. A medida em que a criança vai recebendo
estímulos, ela passa a ter uma vaga noção de que objetos fora de sua vista não
necessariamente deixam de existir. É por isso que a brincadeira do “cadê o bebê?” é
tão divertida e saudável!

Pré-operatório: de 2 a 7 anos

Esse estágio se inicia com a capacidade do pensamento representativo, ou seja, a


criança começa a gerar representações da realidade no próprio pensamento. É isso
que possibilita a aprendizagem da fala (que começa bem mais cedo, mas se
desenvolve mais rapidamente aqui) e as brincadeiras de “faz de conta”.

Vale lembrar que essa fase é marcada por um egocentrismo evidente, mas isso não
significa falha de caráter, fazendo parte do desenvolvimento cognitivo típico de
qualquer criança. Ao falar, ela fala sozinha e poucas vezes considera aquilo que foi
dito para ela.

Com isso, há também uma necessidade de “dar vida” às coisas: para as crianças
nesse estágio, uma bola rolando faz isso porque tem vontade, não porque está em
uma superfície íngreme ou porque uma força foi aplicada, tirando-a da inércia. Ela
também acredita que as coisas acontecem para si mesma. Na mente das crianças

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dessa idade, o sol se põe para que elas vão dormir, não porque o dia acaba
naturalmente.

Voltando ao pensamento representativo, é justamente ele que permite o


desenvolvimento do pensamento lógico posteriormente. Nessa fase, a criança pode
se confundir com números e quantidades.

Um exemplo é quando colocamos a mesma quantidade de suco em copos de formatos


diferentes: um fino e longo, outro largo e curto. Por mais que seja a mesma quantidade,
o nível do suco no copo fino fica acima do nível no copo curto. Para as crianças nesse
estágio, isso quer dizer que tem mais suco no copo fino, mesmo que antes elas tenham
visto que se trata da mesma quantidade!

Outro exemplo: se eu pegar dois biscoitos para mim e der apenas um biscoito para
ela, a criança ficará chateada achando que tem menos. De fato, nesse caso, ela está
certa. No entanto, se eu dividir o biscoito dela ao meio ao invés de dar um novo
biscoito, ela achará isso justo. Isso acontece pois, para ela, parece que nós dois temos
dois biscoitos, mesmo que as metades do biscoito dela sejam consideravelmente
menores que os meus.

Por isso, se o seu filho pequeno dá respostas erradas em exercícios que medem
quantidades, volumes e tamanhos, não se preocupe: ele está se desenvolvendo
normalmente, apenas passando pelo período pré-operatório no qual a lógica ainda
está sendo formada!

É também nesse estágio que as crianças começam a entender o que é certo e o que
é errado, o que podem e o que não podem fazer. No entanto, ao serem apresentadas
a uma nova situação inusitada, elas ainda não são capazes de julgar moralmente o
problema, fazendo aquilo que têm vontade (independentemente de ser certo ou
errado).

Por isso, pais e mães devem ter paciência com as crianças nessa fase. Ela ainda tem
muito a aprender e não adianta brigar quando ela faz algo de errado: ela simplesmente
não é capaz de perceber sozinha que não pode.

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Operatório concreto: de 8 a 12 anos

Marcado pelo início do pensamento lógico concreto, as crianças passando por esse
estágio começam a manipular mentalmente as representações das coisas que
internalizou durante os estágios passados. O problema é que essa manipulação só
pode ocorrer com coisas concretas, dispostas no mundo real. Conceitos abstratos
ainda não são compreensíveis.

Lembrando do exemplo dos copos de suco, a criança nessa fase já compreende que
os dois copos têm a mesma quantidade de suco, ou seja, ela tem a noção
de conservação. Quanto ao biscoito, ela também entende que duas metades de um
biscoito não equivalem a dois biscoitos. Prepare-se para ter que dividir mais biscoitos
com seu filho, porque essa desculpa não vai mais colar!

Aqui, já há uma maior compreensão do que é moral. As regras da sociedade começam


a fazer sentido e, em situações simples, a criança já é capaz de, por si só, julgar o que
seria correto fazer.

Operatório formal: a partir de 12 anos

O último estágio postulado por Piaget tem seu início já na pré-adolescência, quando a
criança é capaz de manipular, também, representações abstratas, fazendo operações
com conceitos que não possuem formas físicas, como certos conceitos matemáticos.

Nesse estágio, as crianças começam a entender o mundo pelos olhos de outras


pessoas: elas passam a compreender experiências que elas mesmas não vivenciaram
em primeira pessoa. Na verdade, esse processo já começa durante o período
operatório concreto mas, como o nome já diz, só serve para objetos concretos. Já
nesse novo estágio, a criança passa a entender o ponto de vista dos outros a respeito
de conceitos abstratos.

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3. Tipos de Desenvolvimento infantil

Durante o processo de desenvolvimento, a criança evolui em diferentes


aspectos de sua formação. A evolução não se dá somente no crescimento físico da
criança, mas também na sua parte cognitiva e social, dentre outras.

Desenvolvimento emocional

O desenvolvimento emocional está relacionado aos sentimentos e às emoções e é


perceptível por parte da criança desde a fase de bebê.

Um bebê é capaz de compreender a recepção de carinho e de amor, e também de


amar e de criar laços afetivos com os pais e com outras pessoas próximas,
principalmente com aquelas com as quais tem mais convívio.

O estabelecimento dessas relações é fundamental para que a criança desenvolva sua


inteligência emocional e não tenha, no futuro, problemas afetivos.

Desenvolvimento cognitivo

O desenvolvimento cognitivo refere-se à parte mais intelectual do ser humano. Diz


respeito à atenção, ao raciocínio, à memória e à capacidade de resolver problemas.

A cognição do ser humano é desenvolvida com o tempo. Enquanto bebê, uma pessoa

não tem uma capacidade de memória muito aguçada. Em geral, as pessoas não têm,
por exemplo, recordações de acontecimentos que tenham tido lugar antes dos seus
dois anos de idade.

O desenvolvimento cognitivo infantil permite que a criança interprete, assimile e se


relacione com os estímulos do ambiente que a cerca e com a sua própria essência.

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Desenvolvimento físico

O desenvolvimento físico é aquele através do qual as crianças desenvolvem


habilidades e capacidades motoras como sentar, andar, ficar em pé, pular, correr, etc.

Em atividades que requerem mais precisão, como por exemplo, escrever, o


desenvolvimento físico fica também dependente do desenvolvimento cognitivo.

Desenvolvimento social

Com o desenvolvimento social, a criança aprende a interagir em sociedade.

É com base nesse tipo de desenvolvimento que a criança estabelece com outras
pessoas uma espécie de intercâmbio de informações, que permite adquirir cultura,
tradições e normas sociais.

A importância de brincar no desenvolvimento infantil está diretamente relacionada


com esse tipo de desenvolvimento, pois através da socialização com outras crianças,
são desenvolvidas certas capacidades de interação e noções de limites.

O que pode influenciar o desenvolvimento infantil?

Apesar da definição do conceito de fases do desenvolvimento piagetiano, o próprio


Piaget defende que esse desenvolvimento poder ser beneficiado por certos estímulos
e por um ambiente apropriado para crianças.

4. Desenvolvimento da Criança (0 a 6 anos)


Berçário, Pré-Maternal, Maternal I, Maternal II, Jardim A e Jardim B

Faixa etária: 0 aos 6 anos

"A trajetória que uma criança percorre desde que começa a deixar de ser bebê
(dependência total), até começar a se transformar em um ser mais independente e
autônomo está relacionado tanto às condições biológicas, como aquelas
proporcionadas pelo espaço familiar e social (escola), com o qual interage."

É preciso saber que:

O desenvolvimento de uma criança não acontece de forma linear.

 As mudanças que vão se produzindo ocorrem de forma gradual, são períodos


contínuos que vão se sucedendo e se superpondo.

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 Durante a evolução a criança experimenta avanços e retrocessos, vivendo seu
desenvolvimento de modo particular.
 Acompanhamos a construção de sua personalidade respeitando que em cada
idade há um jeito próprio de se manifestar.
 Tanto antecipar etapas, como não estimular a criança, podem ser geradores
de futuros conflitos.
 Cabe a família e a ESCOLA conhecer e respeitar os passos do
desenvolvimento infantil.

Característica da faixa etária dos 0 aos 6 meses

Desenvolvimento Físico

 Processo de fortalecimento gradual dos músculos e do sistema nervoso: os


movimentos bruscos e descontrolados iniciais vão dando lugar a um controle
progressivo da cabeça, dos membros e do tronco;
 Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a cabeça sozinho durante
poucos segundos, deitado de barriga para baixo;
 Controle completo da cabeça por volta dos 4 meses: deitado de costas, levanta
a cabeça durante vários segundos; deitado de barriga para baixo começa a
elevar-se com apoio das mãos e dos braços e virando a cabeça;
 Por volta dos 4 meses o controle das mãos é mais fino, sendo capaz de segurar
num brinquedo;
 Entre os 4 e os 6 meses utiliza os membros para se movimentar, rolando para
trás e para frente; apresenta também maior eficácia em alcançar e agarrar o
que quer ou a posicionar-se no chão para brincar;
 Desenvolve o seu próprio ritmo de alimentação, sono e eliminação;
 Desenvolvimento progressivo da visão;
 Com 1 mês, é capaz de focar objetos a 90 cm de distância;
 Progressivamente será capaz de utilizar os dois olhos para focar um objeto
próximo ou afastado, bem como de seguir a deslocação dos objetos ou
pessoas;
 Entre os 4 e os 6 meses a visão e a coordenação olho-mão encontram-se
próximas da do adulto;
 Desenvolvimento da função auditiva;

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 Entre os 2 e os 4 meses, o bebê reage aos sons e às alterações do tom de voz
das pessoas que o rodeiam;
 Por volta dos 4-6 meses, possui já uma grande sensibilidade às modulações
nos tons de voz que ouve;

Desenvolvimento Cognitivo

 A aprendizagem faz-se sobre tudo através dos sentidos;


 Vocaliza espontaneamente, sobretudo quando está em relação;
 A partir dos 4 meses, começa a imitar alguns sons que ouve à sua volta;
 Por volta do 6º mês, compreende algumas palavras familiares (o nome dele,
"mamã", "papá"...), virando a cabeça quando o chamam;

Desenvolvimento Social

 Distingue a figura cuidadora das restantes pessoas com quem se relaciona,


estabelecendo com ela uma relação privilegiada;
 Fixa o rosto e sorri (aparecimento do 1º sorriso social por volta das 6 semanas);
 Aprecia situações sociais com outras crianças ou adultos;
 Por volta dos 4 meses: capacidade de reconhecimento das pessoas mais
próximas, o que influencia a forma como se relaciona com elas, tendo reações
diferenciadas consoante a pessoa com quem interage. É também capaz de
distinguir pessoas conhecidas de estranhos, revelando preferência por rostos
familiares;

Desenvolvimento Emocional

 Manifesta a sua excitação através dos movimentos do corpo, mostrando prazer


ao antecipar a alimentação ou o colo;
 O choro é a sua principal forma de comunicação, podendo significar estados
distintos (sono, fome, desconforto...);
 Apresenta medo perante barulhos altos ou inesperados, objetos, situações ou
pessoas estranhas, movimentos súbitos e sensação de dor;

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Característica da faixa etária dos 6 aos 12 meses

Desenvolvimento Físico

 Desenvolvimento da motricidade: os músculos, o equilíbrio e o controlo motor


estão mais desenvolvidos, sendo capaz de se sentar direito sem apoio e de
fazer as primeiras tentativas de se pôr de pé, agarrando-se a superfícies de
apoio;
 A partir dos 8 meses, consegue arrastar-se ou gatinhar;
 A partir dos 9 meses poderá começar a dar os primeiros passos, apoiando-se
nos móveis;
 Desenvolvimento da preensão: entre os 6 e os 8 meses, é capaz de segurar
os objetos de forma mais firme e estável e de manipulá-los na mão; por volta
dos 10 meses, é já capaz de meter pequenos pedaços de comida na boca sem
ajuda, é capaz de bater com dois objetos um no outro, utilizando as duas mãos,
bem como adquire o controle do dedo indicador (aprende a apontar);

Desenvolvimento Cognitivo

 A aprendizagem faz-se sobre tudo através dos sentidos, principalmente


através da boca;
 Desenvolvimento da noção de permanência do objeto, ou seja, a noção de que
uma coisa continua a existir mesmo que não a consiga ver;
 Vocalizações;
 Os gestos acompanham as suas primeiras "conversas", exprimindo com o
corpo aquilo que quer ou sente (por ex., abre e fecha as mãos quando quer
uma coisa);
 Alguns dos seus sons parecem-se progressivamente com palavras, tais como
"mamã" ou "papá" e ao longo dos próximos meses o bebê vai tentar imitar os
sons familiares, embora inicialmente sem significado;
 A partir dos 8 meses: desenvolvimento do, acrescentando novos sons ao seu
vocabulário. Os sons das suas vocalizações começam a acompanhar as
modulações da conversa dos adultos - utiliza "mamã" e "papá" com significado;
 Nesta fase, o bebê gosta que os objetos sejam nomeados e começa a
reconhecer palavras familiares como "papa", "mamã", "adeus", sendo

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progressivamente capaz de associar ações a determinadas palavras (por ex:
tchau-tchau" - acenar);
 A partir dos 10 meses, a noção de causa-efeito encontra-se já bem
desenvolvida: o bebê sabe exatamente o que vai acontecer quando bate num
determinado objeto (produz som) ou quando deixa cair um brinquedo (o pai ou
a mãe apanha-o). Começa também a relacionar os objetos com o seu fim (por
ex., coloca o telefone junto ao ouvido);
 Progressiva melhoria da capacidade de atenção e concentração: consegue
manter-se concentrado durante períodos de tempo cada vez mais longos;
 A primeira palavra poderá surgir por volta dos 10 meses;

Desenvolvimento Social

 O bebê está mais sociável, procurando ativamente a interação com quem o


rodeia (através das vocalizações, dos gestos e das expressões faciais);
 Manifesta comportamentos de imitação, relativamente a pequenas ações que
vê os adultos fazer (por ex., lavar a cara, escovar o cabelo, etc.);
 A partir dos 10 meses, maior interesse pela interação com outros bebês;

Desenvolvimento Emocional

 Formação de um forte laço afetivo com a figura materna (cuidadora) -


Vinculação;
 Presença de ansiedade de separação, que se manifesta quando é separado
da mãe, mesmo que por breves instantes - trata-se de uma ansiedade normal
no desenvolvimento emocional do bebê;
 Presença de ansiedade perante estranhos: sendo igualmente uma etapa
normal do desenvolvimento emocional do bebê, manifesta-se quando pessoas
desconhecidas o abordam diretamente;
 A partir dos 8 meses, maior consciência de si próprio;
 Nesta fase é comum os bebês mostrarem preferência por um determinado
objeto (um cobertor ou uma pelúcia, por ex.), o qual terá um papel muito
importante na vida do bebê - ajuda a adormecer, é objeto de reconforto quando
está triste, etc.;

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Característica da faixa etária de 01 aos 02 anos

Desenvolvimento Físico

 Começa a andar, sobe e desce escadas, sobe os móveis, etc. - o equilíbrio é


inicialmente bastante instável, uma vez que os músculos das pernas não estão
ainda bem fortalecidos. Contudo, a partir dos 16 meses, o bebê já é capaz de
caminhar e de se manter de pé em segurança, com movimentos muito mais
controlados;
 Melhoria da motricidade fina devido à prática - capacidade de segurar um
objeto, o manipula, passa de uma mão para a outra e o larga deliberadamente.
Por volta dos 20 meses, será capaz de transportar objetos na mão enquanto
caminha;

Desenvolvimento Cognitivo

 Maior desenvolvimento da memória, através da repetição das atividades -


permite-lhe antecipar os acontecimentos e retomar uma atividade
momentaneamente interrompida, à qual dedica um maior tempo de
concentração. Da mesma forma, através da sua rotina diária, o bebê
desenvolve um entendimento das sequências de acontecimentos que
constituem os seus dias e dos seus pais;
 Exibe maior curiosidade: gosta de explorar o que o rodeia;
 Compreende ordens simples, inicialmente acompanhadas de gestos e, a partir
dos 15 meses, sem necessidade de recorrer aos gestos;
 Embora possa estar ainda limitada a uma palavra de cada vez, a linguagem do
bebê começa a adquirir tons de voz diferentes para transmitir significados
diferentes. Progressivamente, irá sendo capaz de combinar palavras soltas em
frases de 2 palavras;
 É capaz de acompanhar pedidos simples, como por ex. "dá-me a caneca";
 As experiências físicas que vai fazendo ajudam a desenvolver as capacidades
cognitivas. Por exemplo, por volta dos 20 meses;
 Sabe que um martelo de brincar serve para bater e já o deve utilizar;
 Consegue estabelecer a relação entre um carrinho de brincar e o carro da
família;

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 Entre os 20 e os 24 meses é também capaz de brincar ao faz-de-conta (por
ex., finge que deita chá de um bule para uma xícara, põe açúcar e bebe -
recorda uma sequência de acontecimentos e faz de conta que os realiza como
parte de um jogo). A capacidade de fazer este tipo de jogos indica que está a
começar a compreender a diferença entre o que é real e o que não é;

Desenvolvimento Social

 Aprecia a interação com adultos que lhe sejam familiares, imitando e copiando
os comportamentos que observa;
 Maior autonomia: sente satisfação por estar independente dos pais quando
inserida num grupo de crianças, necessitando apenas de confirmar
ocasionalmente a sua presença e disponibilidade - esta necessidade aumenta
em situações novas, surgindo uma maior dependência quando é necessária
uma nova adaptação;
 As suas interações com outras crianças são ainda limitadas: as suas
brincadeiras decorrem sobre tudo em paralelo e não em interação com elas;
 A partir dos 20-24 meses, e à medida que começa a ter maior consciência de
si própria, física e psicologicamente, começa a alargar os seus sentimentos
sobre si próprio e sobre os outros - desenvolvimento da empatia (começa a ser
capaz de pensar sobre o que os outros sentem);

Desenvolvimento Emocional

 Grande reatividade ao ambiente emocional em que vive: mesmo que não o


compreenda, apercebe-se dos estados emocionais de quem está próximo
dele, sobre tudo os pais;
 Está a aprender a confiar, pelo que necessita de saber que alguém cuida dela
e vai de encontro às suas necessidades;
 Desenvolve o sentimento de posse relativamente às suas coisas, sendo difícil
partilhá-las;
 Embora esteja normalmente bem disposta, exibe por vezes alterações de
humor ("birras");
 É bastante sensível à aprovação/desaprovação dos adultos;

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Característica da faixa etária dos 2 aos 3 anos

Desenvolvimento Físico

 À medida que o seu equilíbrio e coordenação aumentam, a criança é capaz de


saltar ou saltar de um pé para o outro quando está a correr ou a andar;
 É mais fácil manipular e utilizar objetos com as mãos, como um lápis de cor
para desenhar ou uma colher para comer sozinha;
 Começa gradualmente a controlar os esfíncteres (primeiro os intestinos e
depois a bexiga);

Desenvolvimento Cognitivo

 Fase de grande curiosidade, sendo muito frequente a pergunta "Por quê?";


 À medida que se desenvolvem as suas competências linguísticas, a criança
começa a exprimir-se de outras formas, que não apenas a exploração física -
trata-se de juntar as competências físicas e de linguagem (por ex., quando faço
isto, acontece aquilo), o que ajuda ao seu desenvolvimento cognitivo;
 É capaz de produzir regularmente frases de 3 e 4 palavras. A partir dos 32
meses, já capaz de conversar com um adulto usando frases curtas e de
continuar a falar sobre um assunto por um breve período;
 Desenvolvimento da consciência de si: a criança pode referir-se a si própria
como "eu" e pode conseguir descrever-se por frases simples, como "tenho
fome";
 A memória e a capacidade de concentração aumentaram (a criança é capaz
de voltar a uma atividade que tinha interrompido, mantendo-se concentrada
nela por períodos de tempo mais longos);
 A criança está a começar a formar imagens mentais das coisas, o que a leva
à compreensão dos conceitos - progressivamente, e com a ajuda dos pais, vai
sendo capaz de compreender conceitos como dentro e fora, cima e baixo;
 Por volta dos 32 meses, começa a apreender o conceito de sequências
numéricas simples e de diferentes categorias (por ex., é capaz de contar até
10 e de formar grupos de objetos - 10 animais de plástico podem ser 3 vacas,
5 porcos e 3 cavalos);

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Desenvolvimento Social

 A mãe é ainda uma figura muito importante para a segurança da criança, não
gostando de estranhos. A partir dos 32 meses, a criança já deve reagir melhor
quando é separada da mãe, para ficar à guarda de outra pessoa, embora
algumas crianças consigam este progresso com menos ansiedade do que
outras;
 Imita e tenta participar nos comportamentos dos adultos: por ex., lavar a louça,
maquiar-se, etc.;
 É capaz de participar em atividades com outras crianças, como por exemplo,
ouvir histórias;

Desenvolvimento Emocional

 Inicialmente o leque de emoções é vasto, desde o puro prazer até a raiva


frustrada. Embora a capacidade de exprimir livremente as emoções seja
considerada saudável, a criança necessitará de aprender a lidar com as suas
emoções e de saber que sentimentos são adequados, o que requer prática e
ajuda dos pais;
 Nesta fase, as birras são uma das formas mais comuns da criança chamar a
atenção – geralmente deve-se a mudanças ou a acontecimentos, ou ainda a
uma resposta aprendida (as birras costumam estar relacionadas com a
frustração da criança e com a sua incapacidade de comunicar de forma eficaz);

Características da faixa etária dos 03 aos 04 anos

Desenvolvimento Físico

 Grande atividade motora: corre, salta, começa a subir escadas, pode começar
a andar de triciclo; grande desejo de experimentar tudo;
 Embora ainda não seja capaz de amarrar sapatos, veste-se sozinha
razoavelmente bem;
 É capaz de comer sozinha com uma colher ou um garfo;
 Copia figuras geométricas simples;
 É cada vez mais independente ao nível da sua higiene; é já capaz de controlar
os esfíncteres (sobretudo durante o dia);

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Desenvolvimento Cognitivo

 Compreende a maior parte do que ouve e o seu discurso é compreensível para


os adultos;
 Utiliza bastante a imaginação: início dos jogos de faz-de-conta e dos jogos de
papéis;
 Compreende o conceito de "dois";
 Sabe o nome, o sexo e a idade;
 Repete sequências de 3 algarismos;
 Começa a ter noção das relações de causa e efeito;
 É bastante curiosa e investigadora;

Desenvolvimento Social

 É bastante sensível aos sentimentos dos que a rodeiam relativamente a si


própria;
 Tem dificuldade em cooperar e partilhar;
 Preocupa-se em agradar os adultos que lhe são significativos, sendo
dependente da sua aprovação e afeto;
 Começa a aperceber-se das diferenças no comportamento dos homens e das
mulheres;
 Começa a interessar-se mais pelos outros e a integrar-se em atividades de
grupo com outras crianças;

Desenvolvimento Emocional

 É capaz de se separar da mãe durante curtos períodos de tempo;


 Começa a desenvolver alguma independência e autoconfiança;
 Pode manifestar medo de estranhos, de animais ou do escuro;
 Começa a reconhecer os seus próprios limites, pedindo ajuda;
 Imita os adultos;

Desenvolvimento Moral

 Começa a distinguir o certo do errado;


 As opiniões dos outros, acerca de si própria assumem grande importância para
a criança;

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 Consegue controlar-se de forma mais eficaz e é menos agressiva;
 Utiliza ameaças verbais extremas, como por exemplo: "eu te mato!", sem ter
noção das suas implicações;

Característica da faixa etária dos 04 aos 05 anos

Desenvolvimento Físico

 Rápido desenvolvimento muscular;


 Grande atividade motora, com maior controle dos movimentos;
 Consegue escovar os dentes, pentear-se e vestir-se com pouca ajuda;

Desenvolvimento Cognitivo

 Adquiriu já um vocabulário alargado, constituído por 1500 a 2000 palavras;


manifesta um grande interesse pela linguagem, falando incessantemente;
 Compreende ordens com frases na negativa;
 Articula bem consoantes e vogais e constrói frases bem estruturadas;
 Exibe uma curiosidade insaciável, fazendo inúmeras perguntas;
 Compreende as diferenças entre a fantasia e a realidade;
 Compreende conceitos de número e de espaço: "mais", "menos", "maior",
"dentro", "debaixo", "atrás";
 Começa a compreender que os desenhos e símbolos podem representar
objetos reais;
 Começa a reconhecer padrões entre os objetos: objetos redondos, objetos
macios, animais...

Desenvolvimento Social

 Gosta de brincar com outras crianças; quando está em grupo, poderá ser
seletiva acerca dos seus companheiros;
 Gosta de imitar as atividades dos adultos;
 Está a aprender a partilhar, a aceitar as regras e a respeitar a vez do outro;

Desenvolvimento Emocional

 Os pesadelos são comuns nesta fase;


 Tem amigos imaginários e uma grande capacidade de fantasiar;

19
 Procura frequentemente testar o poder e os limites dos outros;
 Exibe muitos comportamentos desafiantes e opositores;
 Os seus estados emocionais alcançam os extremos: por ex., é desafiante e
depois bastante envergonhada;
 Tem uma confiança crescente em si própria e no mundo;

Desenvolvimento Moral

 Tem maior consciência do certo e errado, preocupando-se geralmente em


fazer o que está certo; pode culpar os outros pelos seus erros (dificuldade em
assumir a culpa pelos seus comportamentos);

Características da faixa etária dos 5 aos 6 anos

Desenvolvimento Físico

 A preferência manual está estabelecida;


 É capaz de se vestir e despir sozinha;
 Assegura sua higiene com autonomia;
 Pode manifestar dores de estômago ou vômitos quando obrigada a comer
comidas de que não gosta; tem preferência por comida pouco elaborada,
embora aceite uma maior variedade de alimentos;

Desenvolvimento Cognitivo

 Fala fluentemente, utilizando corretamente o plural, os pronomes e os tempos


verbais;
 Grande interesse pelas palavras e a linguagem;
 Pode gaguejar se estiver muito cansada ou nervosa;
 Segue instruções e aceita supervisão;
 Conhece as cores, os números, etc.
 Capacidade para memorizar histórias e repeti-las;
 É capaz de agrupar e ordenar objetos tendo em conta o tamanho (do menor
ao maior);
 Começa a entender os conceitos de "antes" e "depois", "em cima" e "em baixo",
etc., bem como conceitos de tempo: "ontem", "hoje", "amanhã";

20
Desenvolvimento Social

 A mãe é ainda o centro do mundo da criança, pelo que poderá recear a não
voltar a vê-la após uma separação;
 Copia os adultos;
 Brinca com meninos e meninas;
 Está mais calma, não sendo tão exigente nas suas relações com os outros; é
capaz de brincar apenas com outra criança ou com um grupo de crianças,
manifestando preferência pelas crianças do mesmo sexo;
 Brinca de forma independente, sem necessitar de uma constante supervisão;
 Começa a ser capaz de esperar pela sua vez e de partilhar;
 Conhece as diferenças de sexo;
 Aprecia conversar durante as refeições;
 Começa a interessar-se por saber de onde vêm os bebês;
 Está numa fase de maior conformismo, sendo crítica relativamente aqueles
que não apresentam o mesmo comportamento;

Desenvolvimento Emocional

 Pode apresentar alguns medos: do escuro, de cair, de cães ou de dano


corporal, embora esta não seja uma fase de grandes medos;
 Se estiver cansada, nervosa ou chateada, poderá apresentar alguns dos
seguintes comportamentos: roer as unhas, piscar repetidamente os olhos,
fungar, etc.;
 Preocupa-se em agradar aos adultos;
 Maior sensibilidade relativamente às necessidades e sentimentos dos outros;
 Envergonha-se facilmente;

Desenvolvimento Moral

 Devido à sua grande preocupação em fazer as coisas bem e em agradar,


poderá por vezes mentir ou culpar os outros de comportamentos reprováveis.

"Aprendemos sobre o jeito de ser de cada criança através da forma como se relaciona
com seus amigos, seus brinquedos, como manifesta suas vontades e afetos; tolera
suas frustrações, através das primeiras expressões gráficas e da linguagem".

21
Os principais fatores que podem impactar o desenvolvimento infantil são:

Ambiente onde a criança vive.

Hereditariedade (os seus pais, avós e demais ancestrais).

Alimentação.

Problemas físicos.

5. Psicologia do desenvolvimento infantil


A psicologia do desenvolvimento infantil é responsável por estudar as
alterações que ocorrem no comportamento do ser humano durante a infância e
defende que ele precisa passar por algumas etapas de aprendizado para finalmente
adquirir determinada capacidade.

Esse estudo engloba não só o desenvolvimento emocional/afetivo (emoções e


sentimentos), mas também o cognitivo (conhecimento/razão), o social (relações
sociais) e o psicomotor (funções motoras e psíquicas). A psicologia do
desenvolvimento busca estudar também os fatores que promovem as mudanças de
comportamento que levam a determinado fim.

O psicólogo suíço Jean Piaget, fez uma analogia entre o desenvolvimento


infantil e o desenvolvimento de um embrião: ele considerou que o percurso do
desenvolvimento infantil consistia em fases e que a conclusão de uma determinada
fase era condição necessária para passar à fase seguinte, ou seja, defendia que o
desenvolvimento ocorria de forma sequencial, sem pular etapas. Piaget definiu o
desenvolvimento cognitivo como uma espécie de embriologia mental.

A construção da criança enquanto indivíduo está diretamente relacionada com


o ambiente que a cerca. A demanda do ambiente pode influenciar diretamente o
alcance de determinadas capacidades. Essa condição estabelece algumas relações
do desenvolvimento infantil com a aprendizagem: uma criança que não sofre
estímulos, pode, por exemplo, desenvolver certas capacidades mais tarde ou até
mesmo vir a não desenvolvê-las. Em outras palavras, se o ambiente não demanda, a
criança pode não “reagir” e não “construir”. Em suma, a psicologia do
desenvolvimento infantil defende que a construção acontece através da interação
com o meio.

22
6. A importância do brincar no desenvolvimento infantil

As brincadeiras e jogos constituem uma parte fundamental do processo de


desenvolvimento infantil. Através das brincadeiras, as crianças têm a possibilidade de
explorar seus sentimentos e emoções e também seus medos e angústias.

O lúdico também permite que as crianças criem situações hipotéticas que


auxiliam no desenvolvimento das capacidades de reflexão, análise, raciocínio,
imaginação e criatividade. A brincadeira com outras crianças, por exemplo, ensina a
criança a partilhar seja um brinquedo ou mesmo um espaço. Desta forma, a
socialização ajuda a criança a ultrapassar a fase do egocentrismo.

Por intermédio da brincadeira, a criança explora e reflete sobre a realidade e a


cultura na qual está inserida, interiorizando-a. A experimentação de diferentes papéis
sociais (o papel de mãe, pai, bombeiro, super-homem) através do faz-de-conta,
permite à criança compreender o papel do adulto e aprender a comportar-se e a sentir
como ele, constituindo-se como uma preparação para a entrada no mundo dos
adultos. A criança procura assim conhecer o mundo e conhecer-se a si mesma.

Outro aspeto importante do brincar é o desenvolvimento do raciocínio, da


atenção, da imaginação e da criatividade, na medida em que as brincadeiras trazem
novas linguagem e ajudam a criança a pensar, se quisermos, a pensar a realidade de
forma criativa. Os benefícios do brincar são inesgotáveis e como tal é muito
importante que os pais não se esqueçam de definir na agenda da criança um espaço
diário para não fazer nada – é aí que surge o espaço para brincar.

23
O adulto pode e deve participar na brincadeira, uma vez que o seu
envolvimento não só estreita os laços afetivos com a criança como também aumenta
o seu nível de interesse e motivação. Na interação, o adulto tem oportunidade de
conter e ajudar a criança na elaboração das inquietações que surgirem durante a
brincadeira, bem como enriquecer e estimular a imaginação da criança, despertando-
lhe ideias e questionando-a para a descoberta de soluções.

7. Teoria de Piaget versus teoria de Vygotsky

Lev Semyonovich Vygotsky (17 de novembro de 1896 - 11 de junho de 1934)

No domínio da psicologia, Jean Piaget e Lev Vygotsky foram grandes


estudiosos do desenvolvimento infantil. Ambos são considerados construcionistas e
interacionistas, pois defendem que nada acontece sem uma interação e que tudo
precisa passar por um processo de construção até alcançar determinado fim. A
diferença entre a teoria de Piaget e a teoria de Vygotsky são as mediações utilizadas
para abordar a interação.

Piaget considera que a interação se dê por meio da ação da criança. Desta


forma ocorre uma troca com o meio; a criança age e aprende por experiência própria,
não há uma pessoa ensinando.

Para Vygotsky, a mediação ocorre por meio de ferramentas culturais, ou seja,


o aprendizado ocorre quando a criança interage ou coopera com pessoas que fazem
parte do seu ambiente. Posteriormente, esses processos de aprendizados são
internalizados e passam a fazer parte do desenvolvimento independente da criança.

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Em outras palavras, para Vygotsky o desenvolvimento infantil é resultado do
convívio social.

8. Fatores importantes para o bom desenvolvimento infantil


A base para um bom desenvolvimento é o vínculo afetivo com a mãe, o pai, os
familiares e demais cuidadores. Quando há um ambiente acolhedor, a criança tem a
oportunidade de crescer saudavelmente, desenvolvendo suas habilidades ao
máximo.

Ambientes perturbados como casas em que moram muitas pessoas, presença


de muitas brigas, violência, abuso psicológico e físico, entre outros, são fatores de
risco para que as crianças tenham dificuldade em desenvolver suas habilidades
plenamente. Não raramente, esses pequenos passam a sofrer de transtornos mentais
mais tarde na vida e podem ter dificuldades no social, na carreira, nos estudos, entre
outros.

Fatores que podem influenciar no desenvolvimento são:

Hereditariedade: Se os pais começaram a falar mais tarde do que maior parte dos
bebês, é provável que o filho também demore um pouco para aprender a falar;

Nutrição: A alimentação é importante não apenas para o desenvolvimento do corpo,


como também para a cognição, visto que o cérebro é um órgão como todos os outros
e precisa estar nutrido para funcionar adequadamente;

Ambiente: Quando há falta de estimulação no ambiente em que a criança vive, pode


haver um retardo no desenvolvimento intelectual. Já ambientes com estímulos o
suficiente, facilmente aceleram esse processo;

Problemas Físicos: Se a criança sofre de alguma condição médica, o


desenvolvimento pode ser dificultado. Crianças surdas, por exemplo, podem demorar
para desenvolver a linguagem.

25
9. Marcos do desenvolvimento infantil

Muitas mamães e papais sabem que seu filho está se desenvolvendo bem porque
conhecem os marcos do desenvolvimento. Esses marcos são eventos nos quais a
criança começa a demonstrar certos comportamentos e têm momentos certos para
acontecerem.

Vale lembrar que as idades podem variar bastante, mas em geral é aconselhável
procurar um pediatra ao desconfiar que seu filho não está se desenvolvendo
tipicamente.

Marcos importantes até os 12 meses

No nascimento, o bebê:

 Dorme a maior parte do tempo;


 Suga com a boca com frequência;
 Chora quando é perturbado ou sente desconfortos.

4 semanas

 Leva as mãos aos olhos e à boca;


 Move a cabeça de um lado para o outro quando deitado;
 Segue um objeto em movimento em frente ao rosto com o olhar;
 Responde aos sons do ambiente (levando sustos, chorando etc.);
 Pode se virar na direção de vozes e sons familiares;
 É capaz de focar em um rosto.

26
6 semanas

 Observa objetos dentro do seu campo de visão;


 Passa a sorrir quando falam com ele;
 Fica deitado sobre a barriguinha.

3 meses

 Consegue manter a cabeça firme quando está sentado;


 Eleva a cabeça a 45º quando deitado de bruços;
 Abre e fecha as mãozinhas;
 Faz força com os pés quando é colocado sob uma superfície plana;
 Movimenta-se para alcançar brinquedos suspensos, como o móbile do berço;
 Segue, com o olhar, um objeto na frente do seu rosto, balançando a cabeça de um
lado para o outro;
 Observa rostos atentamente;
 Sorri ao ouvir a voz do cuidador (mãe, pai, babá etc.);
 Começa a balbuciar, emitindo sons semelhantes à fala.

5-6 meses

 Mantém a cabeça firme quando está de pé;


 Consegue se sentar com apoio;
 Rola o corpo em um sentido, geralmente da posição deitado de bruços para deitado
de costas;
 Tenta alcançar objetos;
 Reconhece pessoas à distância;
 Presta bastante atenção às vozes humanas;
 Sorri espontaneamente;
 Ao sentir prazer, expressa por meio de gritinhos;
 Balbucia para brinquedos.

7 meses

 Consegue se sentar sem apoio;


 Sustenta parte do seu peso corporal quando mantido de pé;

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 Passa objetos de uma mão para a outra;
 Segura a própria mamadeira;
 Procura objetos que caíram;
 Responde ao próprio nome;
 Balbucia combinando vogais e consoantes;
 Responde à brincadeira do “cadê o bebê? ”.

9 meses

 Consegue se sentar bem;


 Tenta pegar brinquedos que estão longe do seu alcance;
 Responde quando os brinquedos são tirados dele;
 Engatinha ou se mantém sobre os pés e as mãos;
 Consegue se colocar de pé;
 A partir da posição de bruços, consegue se sentar;
 Consegue ficar de pé se apoiando em algo ou alguém;
 Diz “mama” e “papa”.

12 meses

 Consegue andar se apoiando em móveis ou segurando a mão de pessoas;


 Pode dar um ou dois passos sem apoio;
 Fica em pé por poucos momentos de cada vez;
 Diz “mama” e “papa” para as pessoas corretas;
 Aprende a beber em copo;
 Bate palminhas e dá tchau;
 Consegue falar algumas palavras.

Marcos do desenvolvimento dos 18 meses aos 6 anos

Aos 18 meses

 Anda bem;
 Consegue subir escadas se apoiando.
 Desenha uma linha vertical;
 Faz uma torre com 4 cubos;

28
 Vira várias páginas de um livro ao mesmo tempo;
 Fala cerca de 10 palavras;
 Puxa brinquedos em cordas;
 Consegue comer algumas coisas sozinho.

Aos 2 anos

 Tem coordenação motora o suficiente para correr bem;


 Sobe em móveis.
 Manuseia bem talheres;
 Vira páginas individuais dos livros;
 Faz uma torre com 7 cubos;
 Forma frases com 2 ou 3 palavras.

Aos 2,5 anos:

 Salta;
 Sobre e desce escadas sem ajuda.
 Faz rabiscos em padrão circular;
 Abre portas;
 Consegue vestir roupas simples sozinho;
 Fala quando precisa ir ao banheiro.

Aos 3 anos

 Possui boa coordenação motora para andar bem (marcha madura);


 Anda de velocípede.
 Prefere usar uma mão à outra;
 Copia um círculo;
 Consegue se vestir sozinho, mas ainda não sabe fechar os botões ou amarrar
cadarços;
 Conta até 10 e usa plurais;
 Reconhece pelo menos 3 cores;
 Faz perguntas constantemente;
 Consegue comer sozinho;
 Grande parte das crianças nessa idade já conseguem usar o banheiro sozinhas.

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Aos 4 anos

 Sobe e desce as escadas alternando os pés;


 Salta sobre um pé;
 Consegue lançar bolas.
 Copia uma cruz;
 Consegue se vestir;
 Lava as mãos e o rosto.

Aos 5 anos

 Pula;
 Pega uma bola arremessada.
 Copia um triângulo;
 Desenha uma pessoa em 6 partes;
 Conhece 4 cores;
 Consegue se vestir e se despir sem ajuda.

Aos 6 anos

 Anda em linha reta usando toda a superfície do pé.


 Escreve seu próprio nome.

30
10. Desenvolvimento da linguagem

Crianças não nascem sabendo falar, e isso não é surpresa para ninguém. A
fala, assim como a cognição, não surge da noite para o dia: ela também vai chegando
por meio de estágios.

Entretanto, não conseguir falar é diferente de não conseguir se comunicar. A


comunicação entre cuidador e bebê é, na maioria das vezes, muito bem estabelecida.
Quantas vezes você não viu uma mãe reconhecer a necessidade do pequeno só pelo
choro? Pois bem, desde o começo ele já vai criando uma espécie de linguagem
própria, ainda que não use as palavras.

O problema é que nem todo mundo entende essa linguagem do bebê e, a


medida em que cresce, ele precisa aprender a se adaptar ao mundo à sua volta. Com
isso, ele passa a aprender a língua do lugar em que vive ao longo de dois estágios: o
pré-linguístico e o linguístico.

Estágio pré-linguístico

Este estágio ocorre antes da criança conseguir falar as primeiras palavras.


Durante esse tempo, ela costuma usar muito o choro para se comunicar. Muitas
vezes, nem o bebê sabe muito bem porque está chorando.

Para ele, a fome é apenas uma sensação desconfortável, não sendo muito
diferente da dor da cólica. Com a ajuda da mãe, ele mesmo vai aprendendo o que é
o que: se a sensação ruim passa depois de se alimentar, então é fome. Assim, ele
cria um choro específico para essa sensação, a medida em que vai aprendendo a
diferenciar o que sente.

Com o tempo, ele começa a produzir sons chamados “arrulhos”, sons guturais
(saem diretamente da garganta) que dão a base para que ele aprenda a usar as
cordas vocais. Por volta dos 6-10 meses, o bebê passa a balbuciar e repetir sons de
consoantes e vogais.

É nessa fase que ele começa a falar “mama”, “papa” e “dada”. Não raramente,
os pais confundem isso com suas primeiras palavras, quando na verdade o próprio
bebê não faz muita ideia do que aquilo significa. Ou seja, nem sempre que a criança

31
fala “mama”, ela está chamando a mãe. Muitas vezes, está só experimentando suas
cordas vocais.

No final do primeiro ano de idade, a criança já tem uma noção básica dos sons
usados na linguagem, o que dá a base para que ela possa efetivamente aprender a
falar. É nessa hora que ela realmente começa a aprender suas primeiras palavras.

Estágio linguístico

Lá pela metade do segundo ano de vida (18 meses), a criança já consegue


usar combinações de sons para se referir a pessoas, objetos, animais e até mesmo
acontecimentos. Nessa época, estima-se que ela tenha um vocabulário de cerca de
50 palavras, mesmo que elas estejam erradas.

O curioso é que, nessa fase, uma única palavra tem o valor de uma frase
inteira. Um exemplo é quando ela aponta para fora de casa dizendo “ua”. Os pais
entendem que essas duas letrinhas significam “eu quero ir para a rua”, ou “quero ir
passear”. A esse fenômeno dá-se o nome de “holófrases”.

Ainda nessa idade, são frequentes trocas e omissões de letras, como no


exemplo citado da “rua sem r”.

Ao final dos 2 anos de idade, espera-se que a criança tenha um vocabulário de


mais de 100 palavras e, entre os 2 e 3 anos, ela começa a aprender as regras
gramaticais e a trocar menos as letras. Aos 6 anos, já consegue falar frases longas e
busca sempre empregar as regras gramaticais corretamente.

Gênese da linguagem: como a criança aprende?

Apesar de sabermos que a linguagem está sendo desenvolvida pelo que a


criança demonstra externamente, não sabemos muito bem como esse aprendizado
se dá. No entanto, diversos teóricos tentaram explicar isso.

Um linguista chamado Chomsky acredita que parte do aprendizado é


biologicamente determinado, ou seja, ocorre de maneira nativa. A criança vai
aprendendo a falar porque seu organismo se desenvolve, possibilitando a fala.

Já Skinner, um grande psicólogo comportamental, defendia que a linguagem


era obtida pela experiência. A medida em que a criança experimentava a linguagem
com seus pais e com outros adultos, ela ia aprendendo.

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Piaget, já citado, traz uma terceira visão que reflete melhor o que vemos na
prática: o aprendizado da linguagem ocorre por meio das interações entre a criança
e o mundo. Ele se dá juntamente com o desenvolvimento cognitivo, e é baseado tanto
em pressupostos biológicos quanto interacionistas.

Com isso, fica mais claro que a criança precisa do estímulo dos pais para
aprender a falar. Suas primeiras sílabas são, de fato, imitações dos sons que os pais
emitem perto dela. Isso deixa claro como é preciso que haja alguém a estimulando
para que a criança possa aprender a falar de fato.

11. Quando a Criança não Apresenta o Desenvolvimento


Típico
Para começar, devemos manter em mente que as idades, tanto do
desenvolvimento cognitivo quanto motor, são aproximadas, com referência em uma
média. Ou seja, a capacidade de pensamento representativo, característica marcante
do estágio pré-operatório, pode não aparecer logo que a criança faz 2 anos de idade.

Outra coisa importante é perceber que, muitas vezes, os estágios se


sobrepõem: entrar no estágio pré-operatório não necessariamente quer dizer que a
criança aprendeu tudo que tinha para aprender no estágio sensório-motor.

Nesses casos, não há porque se preocupar, pois a passagem de um estágio


para o outro não significa que ela não será capaz de desenvolver essas habilidades
posteriormente. Pelo contrário, as habilidades já adquiridas continuam evoluindo
sempre, independente do estágio. Vale lembrar que crianças diferentes se
desenvolvem de maneiras diferentes, mas, em linhas gerais, existe um tempo certo
para que algumas habilidades apareçam.

Se, por acaso, uma criança de 3 anos ainda não consegue falar uma palavra,
é sinal de que ela apresenta alguma disfunção no desenvolvimento e isso deve ser
investigado. Por outro lado, bebês que não saem da fase do balbucio podem ser
surdos, sendo esta apenas outra condição que precisa de atenção.

Na dúvida, consulte sempre um pediatra de confiança. Se necessário, ele


poderá encaminhar o pequeno para um fonoaudiólogo, psicopedagogo, neurologista,
entre outras especialidades que podem ajudar a trabalhar essas habilidades.

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É importante compreender os estágios do desenvolvimento cognitivo infantil
porque é justamente nessa fase que aparecem os primeiros sintomas de vários
transtornos diagnosticados na infância, como é o caso do autismo e do transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Além disso, dificuldades no aprendizado de uma criança podem ser um convite


para a reflexão: o que está acontecendo no ambiente social e familiar dessa criança
que pode estar atrapalhando seu desenvolvimento?

Como dito anteriormente, os vínculos afetivos são indispensáveis para um


desenvolvimento pleno e de qualidade. Pais que brigam frequentemente ou que são
ausentes, a presença de algum irmão com quem a criança é sempre comparada,
situações nas quais ela é inferiorizada, entre outros, são todos fatores que prejudicam
o desenvolvimento.

Por isso, às vezes o problema pode não estar na criança em si, mas na
dinâmica familiar. Nesses casos, é importante prestar atenção nas atitudes que
podem prejudicá-la, assim como buscar ajuda quando necessário.

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12. Conclusão
Considera-se que o desenvolvimento da criança é um fator relevante em todos
os aspectos, pois é preciso que se tenha um desenvolvimento na integra, ou seja,
social, psicológico, por isso é fundamental que se possa oferecer condições a criança
de ter um desenvolvimento sócioafetivo adequado e desenvolver também a sua
capacidade de aprendizagem respeitando os limites de cada idade. A criança desde
que nasce desenvolve-se de forma relevante e dinâmica, o desenvolvimento físico
corresponde a sua maneira de crescer com fatores genéticos e biológicos interferindo
nesse processo. Já o desenvolvimento social e afetivo é outro fator relevante que
deve ser levado em consideração em especial no processo de aprendizagem.

É verídico que a personalidade da criança é única e sua construção se dá nos


primeiros anos de vida. A base deste desenvolvimento dará estruturação à infância,
adolescência, juventude e vida adulta. Por este motivo, é tão importante o cuidado
das crianças em seu desenvolvimento emocional saudável. Conhecer o mundo e
sentir-se seguro é fundamental para o indivíduo que acabou de sofrer o trauma do
nascimento e entrou no mundo real. Nesta fase, o mais importante é o
estabelecimento do vínculo mãe-filho para que o bebê se sinta seguro e parta para a
sua aventura de descobrir o mundo.

As crianças com capacidades normais precisam apenas vivenciar interações


conversacionais para adquirir a linguagem. No entanto, muitas crianças talvez não
tenham experiências suficientes com esse tipo de interação para maximizar seu
desenvolvimento de linguagem. Os pais devem ser encorajados a tratar seus filhos
pequenos como parceiros de conversa desde os primeiros meses de vida.
Educadores e formuladores de políticas devem reconhecer que as habilidades
linguísticas das crianças não refletem apenas suas capacidades cognitivas, mas
também as oportunidades de ouvir e usar a linguagem que seus ambientes lhes
proporcionaram.

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13. Referências

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Fontes, 1998.

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