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A Criança e o Meio
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
A Criança e o Meio
Objetivos
• Analisar as teorias interacionistas, em especial a de Piaget, e sua proposição para a rela-
ção entre o desenvolvimento da criança e o meio;
• Compreender a importância da relação da criança com o meio físico;
• Análise de práticas pedagógicas que contemplem a relação da criança com o meio.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
A Criança e o Meio
Contextualização
Cada dia mais, a educação infantil tem sido foco de estudo dos profissionais da edu-
cação tendo em vista a importância desse momento para o desenvolvimento integral
e pleno do indivíduo. E dentro desta discussão, torna-se recorrente entender como a
criança se desenvolve, em especial, através da interação que ela estabelece com o meio.
A teoria interacionista piagetiana tem muito a nos ensinar acerca das relações estabele-
cidas pela criança, suas fases de desenvolvimento e como ela interpreta o mundo.
Curioso(a) para saber a resposta destas perguntas? Então, embarque conosco nessa
viagem pelo entendimento sobre o desenvolvimento da inteligência da criança.
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Introdução
A criança é movimento e interação. Ela brinca, corre, se joga, pula, levanta e cai,
imagina, interpreta e reinterpreta o mundo a sua volta. E é nesse turbilhão de práticas e
atividades que seu desenvolvimento ocorre. Assim, cabe a nós educadores entendermos,
no campo teórico e metodológico, como esse processo ocorre e qual a relação entre ele
e a interação com o meio.
Um ponto de partida é conhecer as linhas teóricas que nos darão alicerce para en-
tender essa discussão. Desta forma, passemos a explorar a teoria interacionista e a
perspectiva de Jean Piaget.
A Teoria Interacionista
A teoria interacionista pressupõe que a criança se desenvolve através da interação
com o meio em seu aspecto físico, social e cultural. É através dessas relações que a crian-
ça desenvolve a noção de mundo, inventa-o e reinventa-o cotidianamente, bem como
constrói a percepção de espaço e tempo.
Desta forma, tanto o ser humano quanto o meio estabelecem relação recíproca que
acarretam mudanças no indivíduo. Em suma, é na interação da criança com o meio físi-
co e social que seu desenvolvimento acontece. De acordo com Davis e Oliveira:
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se, portanto,
na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de
conhecimento como um processo construído pelo individuo durante
toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido
passivamente graças às pressões do meio. Experiências anteriores
servem de base para novas construções que depender, todavia, tam-
bém da relação que o indivíduo estabelece com o ambiente em uma
situação determinada. (DAVIS; OLIVEIRA, 2010, p.43)
A interação ocorre de inúmeras formas: entre a criança e seus pares, seus familiares,
junto ao educador ou com o meio físico. Todas elas possibilitam a formação e desenvol-
vimento da criança e devem ser consideradas na prática docente.
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A Criança e o Meio
Para saber mais sobre a teoria interacionista e a relação entre a criança e o meio, veja o
vídeo abaixo.
Visão interacionista da aprendizagem, disponível em: https://youtu.be/6l8O2cRG178
No entanto, essa relação – criança e meio - não é passiva, uma vez que o espaço é
dinâmico e o indivíduo se relaciona com ele. De acordo com Piaget (apud COLL, 1992,
p.170), “o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o
nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de percepções e infor-
mações (empirismo)”.
Como ponto de partida, devemos entender que o ambiente infantil deve ser rico e
diversificado, estimulante e desafiador, despertando o interesse da criança em querer
saber, aprender e ter a vontade de explorá-lo e vivê-lo.
Para saber mais sobre a influência da formação acadêmica de Piaget e sua busca por enten-
der a lógica de funcionamento do pensamento da criança e da Inteligência humana, assista
ao vídeo abaixo.
Jean Piaget: Tendência cognitiva. Disponível em: https://youtu.be/_CGu08gXTC4
Piaget, em seus estudos, deu margem para a criação da teoria construtivista. Nela, o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo se estabelece a partir do processo de interação
de modo a alcançar a equilibração.
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É importante ressaltar que essa linha teórica pressupõe que a produção do co-
nhecimento e sua apropriação pelo indivíduo são constantes. Ela não se limita ao objeto
e nem ao sujeito, entendendo que a construção do saber é feita de modo interativo e
recíproco, via sujeito histórico e objeto cultural (COLL, 1992, p.169-170).
Adaptação
Figura 1
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A Criança e o Meio
conhece e interage com o mundo através dos elementos que estão dispostos em seu
meio. É aqui que ela bate, pega ou joga objetos como bolas, brinquedos, caixas, que
a ela são disponíveis.
Figura 2
Fonte: Getty Images
É natural que a criança queira explorar o espaço em que ela está inserida e por isso
é de suma importância que disponibilizemos inúmeros e diversos objetos de modo que a
criança seja estimulada. Observe o vídeo a seguir e veja como as professoras, através da
disposição de objetos no espaço da sala de aula, estimularam as crianças a interagirem
com o meio e, consecutivamente, a se desenvolverem.
Figura 3
Fonte: Getty Images
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É nessa etapa que a criança, através da interação com o meio, a partir da construção de
esquemas sensório-motores, elabora a noção do “eu”, diferenciando-se do mundo externo.
É importante também ressaltar que é nesta etapa que a criança começa a desenvolver
a noção de espaço e tempo, bem como causalidade, possibilitando que novas formas de
interagir com o meio sejam desenvolvidas e esquemas mais complexos possa ser viven-
ciado, dando espaço para a etapa seguinte.
Esquemas simbólicos: “esquemas que envolvem uma ideia preexistem a respeito de algo”
(DAVIS; OLIVEIRA, 2010, p.48).
Figura 4
Fonte: Getty Images
De acordo com Piaget, é nesta fase que ocorre o pensamento egocêntrico, que
consiste em a criança ter como ponto de referência ela mesma. Momento tido como
rígido, não flexível, tendo em vista que tem como ponto de referência a própria criança.
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A Criança e o Meio
Figura 6
Fonte: Getty Images
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Ao contrário da fase anterior, marcada pelo pensamento egocêntrico, aqui a criança
passa a ampliar sua visão de mundo, a relacionar o pensamento com as práticas e com
os demais indivíduos com quem ela convive.
Figura 7
Fonte: Getty Images
Figura 8
Fonte: Getty Images
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A Criança e o Meio
Outro ponto importante a apontar é que as faixas etárias propostas por Piaget não
são estáticas ou imóveis, havendo a possibilidade de oscilação entre o início e término de
cada uma delas. Assim, mesmo que haja consenso quanto aos períodos, à criança pode
superar tais divisões etárias. Todavia, não há a possibilidade de que a criança caminhe
para uma etapa sem ter vivenciado a anterior, ao passo que, ao alcançar uma etapa
superior, não é também possível retroceder a fases anteriores.
E por fim, Piaget entende que há fatores básicos que marcam a passagem de uma
etapa de desenvolvimento para outra. São eles: a maturidade do sistema nervoso, a inte-
ração social via linguagem e educação, a experiência física de objetos e principalmente
a equilibração.
Piaget (1993) define o espaço enquanto elemento físico e matemático, que depende
tanto do objeto quanto do sujeito, em interação para ter sentido. Assim sendo, a criança
vivência o espaço, cria e recria-o através do contato com este. Ela o percebe e cria suas
representações sobre ele ao longo do tempo, assimilando os elementos que se põem en-
quanto novos e acomodando o conhecimento de modo a voltar ao estágio de equilíbrio.
A esfera da percepção está ligada ao campo sensorial e ocorre através da relação entre
a criança, o objeto e o meio em que ela está inserida. De acordo com Oliveira (2005):
(...) a noção [de espaço] não é abstraída da percepção; a noção é
engendrada a partir de um conjunto de ações e operações. Ao lado
da percepção pura e essencialmente receptiva resultante de uma
determinada descentralização. (...) esta atividade perceptiva consiste
em explorações, transposições, antecipações, comparações e ou-
tras. A atividade perceptiva nada mais é senão o prolongamento da
inteligência sensório-motora, que aparece antes da representação.
(OLIVEIRA, 2005, p.110)
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O desenho é uma forma utilizada pela criança para representar os elementos que
foram assimilados e acomodados por ela. É um meio de expor o seu entendimento sobre
a realidade espacial percebida pela criança.
Para saber mais sobre o desenho e processo de desenvolvimento da criança, acesse o arti-
go: “O desenho e o desenvolvimento das crianças” de Thais Gurgel.
Disponível em: http://bit.ly/2MbKD5P
Figura 9
Fonte: Divulgação/ Creche Central da Universidade de São Paulo
Nesta imagem, é possível analisar a percepção criada pela criança sobre o espaço
e os elementos a que ela assimilou e acomodou em seu desenvolvimento cognitivo.
Ao desenhar a sua percepção sobre o espaço e os elementos que o compõem, a criança
a fez de acordo com o seu desenvolvimento sensório-motor e seu grau de desenvolvi-
mento cognitivo. Nesse emaranhado de riscos e cores, a criança aponta que determina-
dos elementos, conhecidos por ela, estão dispostos no desenho.
De acordo com Piaget (1982), a imagem criada pela criança – via desenho, por
exemplo – é fruto da intensa relação e interatividade entre a criança e o objeto e atra-
vés de requisitos sensório-motores. Retomando o desenho apresentado anteriormente,
a criança desenhou os objetos que ela manipulou ou que teve acesso ao longo do seu
desenvolvimento. Assim, podemos afirmar que ela os assimilou e acomodou em seu
cognitivo. Veja o esquema a seguir que exemplifica como a percepção é desenvolvida
na criança:
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A Criança e o Meio
PERCEPÇÃO
ATIVIDADE PERCEPTIVA
ações do sujeito:
ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇÃO
dos objetos às coordenações das ações do
das ações que o sujeito sujeito aos
exerce sobre eles objetos
Figura 10
Figura 11
Fonte: BARCELLOS, 2003
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Figura 12
Fonte: Getty Images
Figura 13
Fonte: Getty Images
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A Criança e o Meio
Figura 14
Fonte: Divulgação/Creche Central da Universidade de São Paulo
“Vou desenhar a minha casa. Aqui é o portão e tem uma janela aqui.” Anita, 5 anos
“Dá para ver a sua mãe dentro de casa?” Repórter
“Não, porque a porta parece um espelho. Só daria se a janela estivesse aberta.” Anita
Por fim, a criança desenvolve a ideia de sucessão, que permite que ela represente
os elementos como estão dispostos, sequencialmente, em um espaço de modo definido,
delineado e inteligível. Observe a imagem a seguir e como os elementos foram dispostos
representados pela criança.
Figura 15
Fonte: Getty Images
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passa. Averiguamos a relação existente entre a assimilação, acomodação e equilibração
e a relação da criança com o espaço através da percepção e representação simbólica
desenvolvida por ela.
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A Criança e o Meio
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A difusão das ideias de Piaget no Brasil
VASCONCELOS, M. S. A difusão das ideias de Piaget no Brasil. São Paulo: Casa do
Psicólogo (Coleção Psicologia e educação), 1996.
Vídeos
Nova Escola | Pensadores: Jean Piaget – a Educação
https://youtu.be/LxELyNK4HVE
Jean Piaget – Fases do desenvolvimento
Para aprofundamento sobre as fases do desenvolvimento da criança na perspectiva de
Piaget, assista o vídeo.
https://youtu.be/EnRlAQDN2go
Leitura
O que é construtivismo?
Para aprofundamento sobre a Teoria Construtivista: BECKER, F. O que é Construtivis-
mo? Série Ideias, n. 20. São Paulo: FDE, 1994.
http://bit.ly/2ALBGuo
Interação e construção: o sujeito e o conhecimento no construtivismo de Piaget
Para aprofundamentos sobre a noção de interação de Piaget: SANCHIS, I. de P. e
MAHFOUD, M. Interação e construção: o sujeito e o conhecimento no construtivismo
de Piaget. Revista Ciência e Cognição, volume 12, 2007.
http://bit.ly/2LMqDb1
O desenho e o desenvolvimento das crianças
Para aprofundamento sobre a relação entre desenho e desenvolvimento da criança, veja
a matéria.
http://bit.ly/2MbKD5P
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Referências
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 2010.
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