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Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana 2012-2013

Ontogénese e Psicomotricidade 2º Semestre

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO – Orientações Teóricas

Ontogénese – percurso do desenvolvimento humano desde o nascimento até à morte.

Filogénese – evolução da espécie ao longo do tempo, incluindo todas as transformações até chegar aos
dias de hoje, diferenciando-nos das outras espécies, incluindo os primadas (existem 2 – 3% de diferenças
entre o Homem e os primatas).

1) Maturacionista – Gesell
O desenvolvimento como fruto da conjugação da maturação e da atualização do potencial genético do
indivíduo, enquanto membro de uma espécie;
O envolvimento intervém apenas moderadamente no desenvolvimento das sequências
desenvolvimentistas - variações muito limitadas relativamente ao desenvolvimento do programa genético;
Descrição precisa das principais características comportamentais de cada idade - avaliação
quantitativa do desenvolvimento nos primeiros anos de vida.

2) Comportamentalista – Watson e Skinner


O envolvimento tem um papel importante porque promove experiências variadas, as quais constituem
a base das aprendizagens;
Watson: promotor do estudo objetivo do comportamento humano, partindo do contributo do estudo
dos reflexos condicionados no animal (Pavlov), para a sua aplicação aprendizagem e educação;
Skinner: Alarga o conceito de condicionamento pela ação operante do sujeito, para o estabelecimento
de laços entre o estímulo e a resposta comportamental, com as respetivas implicações pedagógicas.

3) Psicanalítica – Freud
Abordagem que tal como a Psicologia Genética, considera que é a criança que explica o adulto;
No desenvolvimento, o papel do envolvimento torna-se preponderante relativamente ao da maturação.
O indivíduo é moldado pelas suas experiências pessoais e interpessoais, em particular durante a infância;
Todos os acontecimentos vividos na infância, eventualmente aparentemente esquecidos (recalcados
no inconsciente), determinam o funcionamento psíquico do adulto.

4) Etológica – Harlow e Bowlby


Abordagem relacionada com o estudo biológico do comportamento dos animais;
A observação do comportamento de bebés em condições de isolamento social, e a necessidade de
contacto social como uma característica inata da espécie Teoria do Apego Social Animal (Harlow);
Ex: Experiência realizada com um bebé macaco e uma “falsa mãe”/alimento Prefere a “falsa mãe”
ao alimento (predomínio do contacto social).
Perspetiva conceptualmente justificada pelo facto de no período em que o comportamento é
essencialmente não-verbal, os processos de desenvolvimento serem idênticos aos dos animais. O apego
humano, como uma característica inata, na qual o bebé é um membro ativo, (visando estabelecer a
manutenção na proximidade - Bowlby).

5) Cognitivo – Construtivista – Piaget


Abordagem relacionada com o estudo da criança como meio de acesso ao funcionamento mental dos
adultos - epistemologia genética: estudo das transformações do conhecimento, da criança à idade adulta;
Conceitos: Acomodação – modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das
particularidades do objeto a ser assimilado. Pode ser de duas formas: a) criar um novo esquema onde se
encaixe um novo estímulo; b) modificar um esquema existente de modo a que o estímulo possa ser incluído.
Assimilação – processo cognitivo de classificar novos estímulos em esquemas existentes, incorporando
elementos externos e um esquema ou estrutura do sujeito. São utilizadas as estruturas já existentes.
Orientação cognitiva (centrada sobre a génese dos processos mentais e dos respetivos
conhecimentos), e construtivista, na medida em que todos os nossos conhecimentos se elaboram no
decurso de trocas dialéticas entre o indivíduo e o envolvimento e se estruturam progressivamente,
apoiando-se nos conhecimentos anteriores e preparando a integração de novos conhecimentos;

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Atribui à maturação um papel necessário, mas não suficiente para explicar o desenvolvimento, dado
que são essenciais outros fatores como:
a)Experiência oferecida pelo envolvimento para atualizar as potencialidades proporcionadas pela
maturação; b) A transmissão social; c) O equilíbrio das estruturas cognitivas.

6) Psicossocial – Wallon
Estudo do desenvolvimento integrado dos processos cognitivos, afetivos e sociais da personalidade
da criança;
A criança é um ser social, que constrói progressivamente a sua identidade através das relações com
o outro;
O envolvimento permite atualizar as potencialidades do programa genético, proporcionando-lhe
ocasiões para exercer as novas capacidades;
Os conceitos centrais desta perspetiva, residem na importância primordial atribuída à emoção, ao
movimento, à imitação e à evolução dialética da personalidade.

PIAGET- GÉNESE DA INTELIGÊNCIA (A PRESPETIVA COGNITIVISTA)


“ A INTELIGÊNCIA HUMANA JUSTIFICA-SE NA ADAPTAÇÃO DO HOMEM AO MEIO EXTERIOR”

Palavras-chave: Inteligência verbal e prática; Equilibração; Assimilação; Acomodação; Integração;


Coordenação; Funcionamento; Perceção; Função implicadora e explicadora; Adaptação; Movimentos;
Organização das ações; INTELIGÊNCIA.

Inteligência Reflexiva: Movimento Aspeto Operativo Inteligência Prática Pensamento Aspeto


Figurativo

Da ação à operação

AÇÃO  IMAGEM MENTAL REPRESENTAÇÃO


Aspeto Operativo Aspeto Operativo Figurativo Aspeto Figurativo
- Inconsciente - Representação imagética - Consciente
- Jogo - Figuração - Estrutura espácio-temporal da
- Imitação imagem
- Conceptualização
- Reconstrução do ato

Ações Coordenações Operações INTELIGÊNCIA


“O real e o objeto existem porque são agidos!”
Noção de Objeto

Objetos  Movimentos Esquemas de Ação

Função dos objetos:


1) Utilização
2) Conhecimento

Objeto só fará parte da criança quando for assimilado nos seus esquemas de ação; Assimilar um
objeto a um esquema é conferir uma estrutura cognitiva à ação.

Perceção e Aprendizagem:
Aspeto interior  CRIANÇA + OBJETO Aspeto exterior
Assimilação  CRIANÇA + OBJETO Acomodação

Perceção (Conhecimento imediato do real)  Aprendizagem (Aquisição de conhecimentos)

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Formas de conhecimento

Empírico Lógico-matemático
- perceção e aprendizagem - relacionada com a linguagem
- garantida pela experiência - baseada na coordenação das ações

Ação sobre os objetos Coordenação das estruturas lógico-matemáticas

Abstração das propriedades dos objetos

A Aprendizagem – consiste em relacionar os esquemas sensório-motores; Assenta em estruturas que se


vão progressivamente organizando por fases.
“A aprendizagem é função dos instrumentos lógicos à disposição da criança, acumulados através
da experiencia”

Do movimento ao pensamento

- A motricidade é unidade fundamental da inteligência


- Base dos mecanismos cognitivos e portanto, meio facilitador das formas de expressão
- A ação como relação entre meio e fim
- Sucessão de movimentos que se orientam para a satisfação de uma necessidade

Inteligência - Biológico vs. Operação

- Múltiplas coordenações de atos e movimentos que contêm uma estrutura lógica LINGUAGEM

PRAXIA – conjunto de movimentos coordenados em função de um resultado a atingir ou de um fim


(intenção/objetivo) a conseguir.
Compreende:
- aspeto motor
- aspeto percetivo

RESUMINDO…

Agido e experimentando MUNDO EXTERIOR Pensado e conhecido (integrado)

Ação dados concretos praxia realização movimento


dados representativos gnósias função perceção

A TEORIA PIAGETIANA

- A inteligência como um meio de ADAPTAÇÃO que é o resultado de um equilíbrio permanente entre dois
processos associados:

Dos dados exteriores aos esquemas do sujeito  ASSIMILAÇÃO


ACOMODAÇÃO Dos esquemas à realidade exterior flutuante

- Assimilação – é funcional quando a inteligência integra os dados novos da experiência, aos esquemas
de ação pré-existentes (modos de reações suscetíveis de se reproduzir e de se generalizar)

Formas de assimilação:
1. Funcional ou reprodutora – necessidade crescente de repetição de uma ação – consolidação do
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2.Generalizadora – aplicação do mesmo esquema a objetos diferentes (sucção do seio, do dedo ou de um


objeto)

3.Recognitiva – discriminação dos diferentes objetos aos quais foi aplicado o mesmo esquema, por
discriminação dos efeitos (seio, dedo, objeto)
4.Recíproca – processo pelo qual cada esquema se torna capaz de integrar o domínio de outro
(coordenação de esquemas de visão e de preensão pegar o que vê e olhar o que pegou)

- Acomodação – após a assimilação aos esquemas do sujeito, a inteligência modifica esses esquemas,
para os ajustar aos novos dados.

Exemplo: 1- preensão de pequenos objetos com uma mão


2- perante objetos volumosos ou fluidos: diminuição da modificação dos esquemas de preensão
normal por acomodação (utilização das duas mãos para agarrar líquidos ou objetos volumosos)
3 – possibilidade de efetuar novas assimilações, através da possibilidade de efetuar a preensão
de novas categorias de objetos
4- aumento do campo de experiência e da probabilidade de encontrar objetos diferentes não
assimiláveis a esquemas pré-existentes

INTELIGÊNCIA Adaptação a situações novas


Resposta pessoal do indivíduo a cada problema encontrado
Construção contínua de estruturas
Processo de adaptação o pensamento organiza-se adaptando-se ao mundo e é
organizando-se que ele estrutura o mundo
Processo de Equilibração procura de equilíbrios sucessivos cada vez mais estáveis

Segundo Piaget, a inteligência resulta da capacidade de resolução de problemas. Faz-se a rechamada


dos esquemas mentais já integrados.

ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO:

1. PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR (0 aos 2 anos)


• A inteligência sensório-motora é um funcionamento cognitivo concreto e imediato, baseado na
utilização de esquemas motores e de atividades percetivas que fazem entrar a criança em
comunicação com o mundo exterior (reações circulares):
• Reação circular primária - que é o simples exercício de um esquema sensório-motor
inato, tal como a sucção, cujo resultado serve diretamente de estímulo à reação que
gerou;
• Reação circular secundária - que envolve a repetição de esquemas sensório-motores,
dirigidos para os objetos. A ação tem como único objetivo provocar um determinado
resultado;
• Reação circular terciária - que é a procura ativa de ações e de resultados novos, por
um processo de tentativas múltiplas.

Objeto permanente – mesmo sem que o bebé esteja a ver o objeto sabe que ele existe na mesma
Estádio Pré-Operatório. Por exemplo, quando a mãe deixa o bebé no infantário ele sabe que ela volta para
o vir buscar.
Conclusão:
Não é necessário visualizar ou agir diretamente sobre o objeto para saber que existe esta consciência
vem através da noção que a criança tem do seu corpo e da sua representação no espaço.

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Sub-estádios
Evolução progressiva no sentido de uma descentração do sujeito relativamente a si mesmo:

1º Utilização de esquemas sensório-motores primitivos e reflexos (sobretudo a sucção);


2º Aquisição de hábitos sensório-motores por assimilação reprodutora (reprodução do esquema inato
para além da necessidade biológica correspondente) e por generalização (aplicação do esquema motor a
outros objetos diferentes daquele ao qual se destinava primitivamente).

3º Repetições intencionais de descobertas fortuitas, mas sem que o laço de causalidade seja claramente
percebido (por exº puxar um fio e acionar um guizo). Este estádio surge aos 4 meses e meio, com o
aparecimento da coordenação óculo-manual.
4º No final do primeiro ano - utilização de um meio já conhecido para um objetivo novo: por exº, a criança
que sabe já elevar um objeto, utiliza esse comportamento para desviar um obstáculo entre ele e um objeto.

5º Dos 12 aos 18 meses - procura ativa de meios novos, de esquemas para atingir um dado objetivo, por
combinação de vários esquemas, mas sempre por tentativas.
6º Combinação imediata de esquemas sem tentativas. A criança descobriu de forma experimental, as leis
que regem o deslocamento de um objeto. (aquilo a que Piaget chamou os agrupamentos de
deslocamentos, e que vai permitir o acesso da criança à "permanência do objeto".

• CONSTRUÇÃO DO OBJECTO PERCEPTIVO (TRÊS FASES)


Antes do 6º sub-estádio, para a criança o objeto só existe se está no seu campo percetivo. Só
posteriormente lhe é possível perceber que um objeto tem uma existência independente da sua perceção,
pois sabe que os deslocamentos aplicados a um objeto podem ser aplicados em sentido inverso ou ser
combinados de todas as formas possíveis:
Adquiriu então, a noção de REVERSIBILIDADE DOS DESLOCAMENTOS.
a) Fase adualística: a criança só se interessa por um objeto em função do seu desejo imediato. Na
ausência de desejo, o objeto deixa de existir para ele.
b) Fase de permanência parcial do objeto: a partir da coordenação óculo-manual, o objeto
distingue-se do desejo imediato da criança, e ela procura-o ativamente, mas somente nos limites
do seu campo percetivo. Escondido o objeto, cessa a procura.
c) Fase de permanência do objeto: começa quando a criança já é capaz de combinar vários
esquemas motores (no 5º estádio sensório-motor, aos 8/9 meses) e desenvolve-se até cerca dos
18 meses, com a aquisição do agrupamento de deslocamentos.

2 - PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO (dos 2 aos 6 anos)


ACESSO À FUNÇÃO SIMBÓLICA
Com o desenvolvimento da INTERIORIZAÇÄO, a inteligência deixa de ser puramente sensório-
motora ao destacar-se da perceção imediata e diferir a ação para pensar graças à representação mental.
Estabelece-se assim, o acesso à FUNÇÃO SIMBÓLICA
A função SIMBÓLICA é a capacidade adquirida pela criança a partir do ano e meio, para
representar qualquer coisa por um símbolo ou um signo. Até aí a criança só conhecia e utilizava os
"índices" (relação por continuidade no tempo ou no espaço - as nuvens que anunciam a chuva).

Marcas do aparecimento da função simbólica:


- imitação diferida
- as imagens mentais
- jogo simbólico
- o desenho
- a linguagem

A) FASE DO PENSAMENTO PRÉ-CONCEPTUAL (DOS 2 AOS 4 ANOS)


- pré-conceito está a meio caminho entre a generalização do conceito e a individualidade dos seus
elementos. A criança apreende o envolvimento em função do seu ponto de vista percetivo, sem operar
nenhuma DESCENTRAÇÄO.
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B) FASE DO PENSAMENTO INTUITIVO (DOS 4 AOS 7 ANOS)


- raciocínio é pré-lógico. É capaz de raciocinar logicamente, mas só sobre uma parte dos dados. A criança
não pode ainda reunir os diferentes aspetos da realidade percebida, nem integrar num só ato de
pensamento, as fases sucessivas do fenómeno, com as respetivas transformações

- EGOCENTRISMO INTELECTUAL durante o período pré-operatório, dado que não se consegue


descentrar do seu próprio ponto de vista permanecendo presa às suas perceções sucessivas. É o chamado
PENSAMENTO IRREVERSÍVEL.

C) PERÍODO OPERATÓRIO

1) ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS (DOS 6/7 AOS 12 ANOS)


As regulações intuitivas dão lugar ao pensamento estruturado e lógico, que as engloba
simultaneamente, acedendo à REVERSIBILIDADE e à DEDUÇÃO. A criança é capaz de distinguir nas
mudanças, o que é invariante.
Esse pensamento lógico adquire-se em diferentes idades consoante as transformações se aplicam a
uma determinada característica dos objetos:
• Noção de conservação da quantidade e da matéria (7/8 anos)
• Noção de conservação do peso (9/10 anos)
• Noção de conservação do volume (11/12 anos)

Graças ao pensamento lógico, a criança é capaz de utilizar a estrutura de agrupamento (operações),


nos problemas de SERIAÇÃO e de CLASSIFICAÇÃO.

2) ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES FORMAIS (A PARTIR DOS 12 ANOS)


Começa a ser capaz de destacar o seu raciocínio das operações concretas para o aplicar diretamente
sobre enunciados verbais e puras hipóteses (raciocínio hipotético-dedutivo).
Há uma libertação do conteúdo concreto para um conjunto mais vasto de possibilidades. Torna-se
capaz de utilizar as afirmações e as suas negativas usando operações proposicionais:
• - Implicações - (se "a"... então "b"...)
• - Disjunções - (ou "a"... ou "b"...)
• - Exclusivas - (se "a"... então não "b"...)
Da moral de subordinação, o adolescente passa à reciprocidade, à verdadeira cooperação e à
autonomia.

HERRY WALLON – A PRESEPTIVA PSICOSSOCIAL

Ideias Principais:
A maturação do sistema nervoso é a base do desenvolvimento (integração das experiências);
Hierarquia das funções nervosas (desde as automáticas e reflexas até às voluntárias);
A Evolução da inteligência (diferenciação que parte do pensamento sincrético no qual a criança
confunde a sua imaginação com a realidade exterior, para o pensamento objetivo, graças à
diferenciação entre o sujeito e o objeto).

SOCIOMOTRICIDADE

Essência do movimento relações sociais


Movimento humano e social

“É a natureza social da vida humana que determina o desenvolvimento psicomotor”

Fundamento bio-sociológico do pensamento:

Individuo Movimento Meio


Desenvolvimento Biológico  Desenvolvimento Social (apropriação da expressão)
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(sistema nervoso e psicomotor social)

A sociedade determina o desenvolvimento e a construção da inteligência do Homem;

Movimento depende dos músculos estriados:


- Função tónica (tónus que suporta a estrutura e atitude)
- Função clónica (tónus de ação)

Tónus – grau de tensão muscular


Pode ser:
- base (mantem a posição/postura corporal, quando estamos em repouso)
- atitude
- ação (suporta a ação em movimento)

Resposta coordenada exige estabilidade:

Introceptiva nutrição, respiração; tonicidade visceral; choro-riso, carência-satisfação reflexos bulbo


Proprioceptiva noção de superfície; evolução motora; sentido quinestésico postura vias
extrapiramidais (área 6)
Extroceptiva relação com o espaço envolvente; evolução perceptiva-motora movimentos voluntários-
vias piramidais (área 4)

IMITAÇÃO (totalidade psicomotora) – GÉNESE:

1. Contacto magnético motor com o modelo social


2. Realização de movimentos- tentativa
3. Integração de modelos
4. Reprodução gestual
5. Reprodução do modelo social
6. (Re)criação do modelo
7. Gestos originais

IMITAÇÃO E JOGO - Circuitos sensório-motores


- Circuitos perceptivo-motores

Estruturas Nervosas em movimento

Mielinização das vias nervosas

Imitar é:
- repetir-se a si próprio;
- repetir os outros
ecolália – repetição/imitação de vocalizações
ecopraxia – repetição/imitação de ações

Desenvolvimento dialético da criança:


Importante não separar:
1. Indivíduo  Meio
2. Ato  Pensamento
3. Movimento  Representação
4. Motricidade  Linguagem
5. Imitação  Formação da Inteligência
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• A imitação;
DE UMA INTELIGÊNCIA PRÁTICA
PARA UMA INTELIGÊNCIA DISCURSIVA • Os processos de identificação social –
CONCEPTUAL (pela interiorização representativa perceber o outro vs. Perceção do EU
do ato surge o pensamento interior) psicocorporal;
• A comunicação baseada na motricidade
– o diálogo tónico que exprime as
emoções e prepara o aparecimento da
linguagem.

O DESENVOLVIMENTO DO
PENSAMENTO CATEGORIAL • As descobertas intelectuais passam por
jogos de oposição qualitativos, antes de
serem quantitativo (grande/pequenos,
muito/pouco, etc..)

ESTÁDIOS DA PERSONALIDADE – Duas orientações das condutas – Lei da Alternância Funcional

Centrífugos

- Virados para o exterior e para as relações objetivas;


- Suportados por processo de dispêndio energético (catabolismo);
- Assimilação Piagetiana.

Estádios:

1) ESTÁDIO IMPULSIVO (0 aos 3 meses);


2) ESTÁDIO SENSÓRIO-MOTOR (1 aos 3 anos);
3) ESTÁDIO CATEGORIAL (9 aos 1 anos).

Centrípetos

- Virados para o interior e para a construção (reformulação interna);


- Suportados por processos de assimilação (anabolismo);
- Absorção fisiológica ou social;
- Acomodação piagetiana.

Estádios:

1) ESTÁDIO EMOCIONAL (3 aos 12 meses);


2) ESTÁDIO DO PERSONALISMO (3 aos 6 anos);
3) ESTÁDIO DA ADOLESCÊNCIA (depois dos 11anos).

ESTÀDIOS:

1) ESTÁDIO IMPULSIVO (0-6 MESES)

Respostas motoras reflexas e impulsivas espasmódicas e descoordenadas (para diminuir o estado


de tensão)
Motricidade visceral e automática ligada ao predomínio da vida vegetativa (imperícia tónico-
postural)
Estabelecimento dos primeiros vínculos (os primeiros sinais orientados para o mundo humano,
expressando alegria ou angústia, existem desde os 3-4 meses)
Descargas motoras indiferenciadas como expressão de atração ou repulsa (prazer-desprazer), o
impacto somático destas emoções constitui uma pré-consciência e pré-representação
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Inaptidão motora – dependência sinal do adulto – diálogo tónico-emocional – corpo como


significante na comunicação
O papel da Díade (relação com a mãe) na génese do EU (a ação do outro como espelho de
organização da vida psíquica)
Emerge a motricidade autógena, a sensibilidade exteroceptiva primitiva vai permitir o controlo
progressivo das descargas motoras e o aparecimento dos primeiros sistemas de inibição
A construção do EU – uma ligação coerente entre as sensações (introceptivas e propriocepetivas)
as sensações afetivas e o ambiente social (pegar, acariciar) – holding e handling de Winnicott
De uma simbiose fisiológica para uma simbiose afetiva (reciprocidade afetiva – contágio emocional
– emergência do psiquismo)

2) ESTÁDIO TÓNICO-EMOCINAL (6 – 12 MESES)

Da evolução tónico-postural à conquista do espaço – locomoção e preensão


Gestos mais coordenados com significado comunicativo – coordenação da atividade tónica e
clónica – respostas tónicas (hipertonia ou hipotonia) ligadas à vida social e afetiva
Diálogo tónico-emocional – a tonicidade transforma o fisiológico em psicológico (sinais ligados à
iteração, satisfação de necessidades afetivas/fisiológicas intencionais e leca à reciprocidade e
antecipação da resposta do outro)
Reações expressivas proto linguísticas – imitação e sequencialização gestual – posturas sociais
interiorizadas
Excitação ainda superior à inibição
Preponderância da emoção e da função tónica (a simbiose afetiva e fisiológica)
Trocas sociais com adultos – atenção seletiva, associações sensoriais primeiros atos voluntários
(pré-aptidões da atividade circular)
Surge a capacidade de antecipação, geradora de imagens, das quais nasce a consciência afetiva
Satisfação das necessidades elementares – primeiras reações sociais, implicação das intenções
e trocas afetivas (os gestos, atitudes e mímicas da criança, provocam reações no meio e são
modificadas por essas reações)
Pela emoção estrutura-se a consciência, baseada nas modificações orgânicas que a condicionam

3) ESTÁDIO SENSÓRIO-MOTOR (12 - 24 MESES)

Descoberta do mundo dos objetos (reconhecimento percetivo e depois nominativo) – exploro-me


explorando
Coordenação de imagens visuais, auditivas e quinestésicas, e evolui para a modificação dos
gestos a fim de constatar as modificações do efeito produzido, (repetição e automatização pelas
sensações agradáveis e sentimento de auto-descoberta)
REAÇÕES CIRCULARES – integrar o movimento com os dados sensoriais provenientes dos
objetos externos, antecipação, repetição e reprodução das ações e consciência da finalidade
A coordenação visuo-motora desenvolve-se a partir da manipulação (desde os 4 meses até ao fim
do primeiro ano) – manipulação das propriedades do próprio corpo (inicialmente preensão
indiferenciada e depois divisão funcional bimanual ligada à dominância manual)
Individualização progressiva do EU e construção da unidade corporal (descoberta do mundo
interior – reconhecimento da imagem espetacular (2anos))
Reconhecimento dos objetos (desenvolvimento de uma inteligência prática e de situação)
A representação interiorizada do ato projeta-se exteriormente pela ação favorecendo a função
simbólica (análise do espaço e da situação do objeto, organização temporal da ação e controlo do
resultado da ação)
Passagem da exploração do espaço egocêntrico (sentado) para o geocêntrico (marcha
O pensamento organiza-se através das relações inteligíveis entre os inputs e outputs

4) ESTÁDIO PROJETIVO (2 – 3 ANOS)

Qualquer pensamento ou representação, apenas pode projetar-se em gestos e em ações


(indissociação entre a ação e a sua imagem)
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A atividade projetiva é um prelúdio à representação a qual surge devido à IMITAÇÃO e à


LINGUAGEM. A palavra representa a duplicação do gesto
IMITAÇÃO – entre a fusão e o desdobramento do ato – “fusão com o meio natural e humano
pela sua reconstituição do objeto, mas também desdobramento e distinção do ato a executar
segundo o modelo (pela constituição do seu duplo, composto de imagens e de símbolos).
Processo projetivo de socialização pela identificação e imitação do outro
As imagens mentais são imediatamente projetadas nos atos que as provocam. Resulta uma
figuração motora que ao deslocar-se da ação torna-se representação – uma narrativa de faz-
de-conta pelo jogo de ficção (desdobramento da realidade pelo simulacro)
IMITAÇÃO: Perceção de uma situação – estruturação dos elementos sensórias num conjunto
– reconstituição desse conjunto

5) ESTÁDIO PERSONALÍSTICO (3 – 6 ANOS)

Construção da objetividade e da autonomia – comportamento evolui da oposição à imitação


Sociabilidade evolui de uma expressão sincrética (reações de reciprocidade e de oposição em
relação aos pares), para uma expressão diferenciada (inveja, ciúme) – neste caso, a criança é
incapaz de se associar à gratificação do outro e só consegue demonstrar simpatia com o
desenvolvimento do desdobramento entre si e o outro
Aos 3 anos – crise de personalidade com regresso à auto-centração –idade do NÃO, do EU, do
MEU (para impor o seu ponto de vista e chamar a atenção). – crise essencial à autonomia e à
diferenciação com os outros

Construção da personalidade – capacidade de auto-reconhecimento (unidade somatognósica e espaço


afetivo personalizado) – a utilização do pronome pessoal na primeira pessoa (eu, meu, a mim).
Inclui diferentes períodos que objetivam a independência do EU:
a) Crise de oposição (correspondente à consciência si e à necessidade de diferenciação) - 3 anos
b) Fase da Sedução (necessidade de ser admirada de agradar aos - (as gracinhas ou a timidez) –
competitividade e ciúme indiferenciado) – imitação (4 anos)
c) Fase de Identificação (copiar, e reproduzir modelos (pessoas ou heróis das fantasias – situa-se
no envolvimento familiar e escolar ajustando-se em função do papel atribuído) – 5/6 anos

6) ESTÁDIO CATEGORIAL (6 - 11 ANOS)

Surge o pensamento categorial, ou seja, a capacidade de variar as classificações segundo as


qualidades das coisas, definindo as suas diferentes propriedades
Duas sub-etapas:
A) Pré-categorial (6 a 9 anos)
SINCRETISMO - um pensamento binário por pares opostos e contrastes, é a base da evolução
das operações mentais futuras. O sincretismo é caracterizado pela predominância da afetividade
sobre a objetividade, o que origina dificuldade na análise de qualidades, propriedades,
circunstâncias e conjunturas.
B) Categorial (9 a 11 anos)
• Nomear, agrupar, comparar, categorizar;
• Pode identificar, analisar, sintetizar e classificar pessoas, objeto, acontecimentos
Desenvolve-se a capacidade de atenção e a autodisciplina mental, maior capacidade de inibição
e discriminação e de planificação motora. Melhor perceção social das diferentes relações dos
agentes sociais e da sua posição em função dos seus interesses, necessidades e obrigações –
estabilização da sua sociabilização

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7) ESTÁDIO DA PUBERDADE E DA ADOLESCÊNCIA

Preponderância das necessidades do EU e das preocupações próprias da pessoa


Diferenciação feminino-masculino gera instabilidade no esquema corporal e imagem corporal
Os grupos de adolescência (independência, conquista; superação, surpresa)

Tipos de deslocamentos:
- Deslocamentos passivos ou endógenos – a criança ainda depende do outro para se desenvolver;
incapacidade para motricidade autónoma (imperícia neo-natal) Introceptiva
Incapacidade para motricidade autónoma (imperícia neo-natal);
• Simbiose fisiológica e afetiva;
• Integração sensorial básicamente interoceptiva;
• Atividade de relação impulsiva;
• Diálogo tónico vinculativo – contágio emocional;
• Hipotonicidade axial inicial. Interação social com impacto tónico-postural promove:
- da posição de deitado à de sentado (3 a 6 meses);
- reptação, quadrupedia, rolar (6 a 9 meses).
- marcha (até aos 15 meses)

- Deslocamentos ativos ou exógenos


• Predomínio da integração do sentido vestibular e táctilo-quinestésico;
• Maturação do SNC ligada à equilibração e locomoção (macromotricidade) e à preensão
(micromotricidade) – fundamental o controlo postural;
• Motricidade mais integrada - intencionalidade pela marcha e preensão;
• Gestualidade, mímica e pantomina ligadas a interações motoras e afetivo-relacionais pré-figuram
competências pré-simbólicas – importância da continuidade nas interações;

- Deslocamentos práxicos
• Predomínio da integração sensorial exteroceptiva - exploração centrada no exterior;
• Organização da motricidade dependente da interação da função tónica e clónica;
• O tónus como suporte da motricidade, da cognição e da expressão somática da afetividade;
• Aferência e processamento informacional cortical dependentes dos reajustamentos sensório-
tónicos;
• A somatognósia assegura a integração da experiência;

O movimento como materialização da conduta:


» da ação à consciência
» da previsão à execução
» a natureza social do movimento
» emoção
» imitação
» identificação social

Quando nos movimentamos estamos dependentes da relação;


Palavras-chaves de Wallon: tónus, emoção e influência social.

AUTORES AMERICANOS – PERCEPTUAL-MOTR SKILLS


Conceção perceptivo-motora:
Importância que assume o desenvolvimento motor no desenvolvimento percetivo
Informação percetiva apenas é significativa a partir do momento em que se relaciona com a
informação motora previamente aprendida
Informação percetiva deve ser agrupada e categorizada com a informação motora (categorização
percetivo-motora)
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Ontogénese e Psicomotricidade 2º Semestre

» A perceção pode surgir como uma distorção do real, quando não conectada com a informação
motora
Perceção – ação ou efeito de perceber; capacidade de assimilar através dos sentidos ou da inteligência:
perceção do sofrimento, do clima; capacidade para discernir; juízo consciencioso acerca de algo/alguém.

A criança deve ser colocada:


• em situações que desenvolvam a perceção e a precisão do movimento, antes de aprender a ler,
a escrever ou a contar
• A aprendizagem percetivo-motora requer uma interação entre os vários canais de perceção e ação
(visual, auditivo, táctil, quinestésico, vestibular)

KEPHART – DA AQUISIÇÃO MOTORA À GENERALIZAÇÃO

Sistema Sensorial
Espaço  Tempo

Relações integradas do conhecimento do corpo, objetos e acontecimentos (espaço e tempo)


Se não acontecer comprometimento da interiorização do mundo exterior e da aprendizagem

Permitir a vivência generaliza-la desenvolver complexificar

DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO-MOTOR

» Desenvolvimento motor antecede o desenvolvimento percetivo e a construção das estruturas cognitivas


» Aprendizagem Escolar – leitura (descodificação visuo-auditiva), escrita (codificação grafomotora) e
cálculo (associação lógico-espacial) – são processos de relação percetivo-motora.

Conceitos de Kephart:
» Aquisição motora – ação com precisão e controlo para um resultado específico/intencionalidade (=
praxia);
» Padrão motor – ação motora com maior disponibilidade na sua adaptação a várias situações – suscetível
de ser dividida em vários movimentos precisos e controlados;
» Generalização motora- conjunto ou combinação de padrões motores em movimentos mais globais e
complexos; versatilidade da adaptação de capacidades psicomotoras a situações-problema.

Não propor movimentos isolados para os braços e pernas, mas sim movimentos de equilibração e de
coordenação;
Aprendizagem Motora envolve a combinação de muitos padrões motores e os movimentos complexos
(praxias) exigem a combinação de capacidades psicomotoras.

SEQUÊNCIA DESENVOLVIMENTAL

1) ESTÁDIO MOTOR

Maior interesse pela ação do que pelo efeito;


Atenção centrada no controlo do próprio corpo;
Adaptação progressiva a novas situações – aprende a mover-se e move-se para aprender;
Capacidade de sequenciação motora;
Integração progressiva dos efeitos da ação com os seus procedimentos – para-planificação
motora;
Motricidade articula-se com informação percetiva concomitante;
Comportamento motor essencialmente não-voluntário implica informação vestibular e tátilo-
quinestésica que é integrada corticalmente – melhor autocontrolo e autoconhecimento.
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2) ESTÁDIO MOTO-PERCETIVO

Expansão e diferenciação da informação percetiva;


Visão associada à mão (coordenação óculo-manual) – inicialmente a mão conduz a visão;
Associações visuo-motoras e auditivo-motoras – informação motora tem função de controlo;
Informação visual é articulada com informação tátilo-quinestésica anterior e progressivamente a
visão começa a fornecer a mesma informação da mão (possibilitando a exploração percetiva).

3) ESTÁDIO PERCETIVO-MOTOR

Visão assume função de controlo – informação sistemática de objetos e imagens;


É a visão que lidera e guia a mão nas coordenações óculo-manuais;
Informação percetiva passa a ser prioritária na categorização percetivo-motora.

4) ESTÁDIO PERCETIVO

Possíveis as comparações (semelhança e diferença) e classificações, sem participação da


motricidade;
Capacidade de predição e seleção de respostas mais eficientes.

5) ESTÁDIO PERCETIVO-CONCEPTUAL

Aquisição dos conceitos a partir das comparações percetivas de múltiplas experiências com
identificação dos elementos comuns (múltiplas bolas - conceito de esfericidade;
O conceito é uma abstração de relações entre múltiplas perceções - a perceção origina a
conceptualização;
A abstração subentende detalhes e pormenores de muitas perceções.

6) ESTÁDIO CONCEPTUAL

Estabelecimento de relações entre conceitos com base em informação armazenada;


Integração de grande quantidade de informações vai permitir enriquecimento da expressão verbal;
Facilidade na manipulação de símbolos com base nas abstrações subjacentes.

7) ESTÁDIO CONCEPTUO-PERCETIVO

Informação percetiva funciona apenas como confirmação da manipulação conceptual da


informação;
Capacidade de antecipação e de prognóstico.
MOTOR PERCETIVO CONCETUAL [primeiro dá-se um sentido de análise para depois se puder
classificar]

Capacidades motoras básicas:


1) LATERALIDADE
» postura
» imagem

2) DIRECIONALIDADE DO CORPO

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» POSTURA:
Padrão motor que suporta toda a motricidade;
Ponto de origem de todas as direções e orientações no espaço;
Controlo neuromuscular do centro de gravidade – contração dos músculos antigravíticos que se
opõem à ação da gravidade;
O centro de gravidade - ponto interceção das três dimensões do espaço euclidiano: vertical,
horizontal e sagital;
Modelo postural como condição de constância antigravítica da atitude;
Integração da postura na imagem do corpo;
Controlo postural como suporte da função de atenção e elaboração e planificação da informação;
Ajustamentos tónico-posturais - consciência da dimensão vertical do corpo (noção de
verticalidade que abre espaço à noção de lateralidade);
Descontrolo postural – alteração na imagem corporal, na orientação espacial tridimensional e
nas aprendizagens escolares.

1) LATERALIDADE:
Capacidade motora que traduz a perceção integrada dos dois lados do corpo
Fundamental para a estruturação do corpo, do espaço e do tempo;
Consciência da simetria anatómica permite assimetria bilateral funcional;
Integração próprio e exteroceptiva dos dois lados do corpo – conceber projeções no espaço
exterior (cima / noção da cabeça - baixo / noção dos pés).

2) DIRECIONALIDADE:
Capacidade de transferir a noção de lateralidade para a discriminação da noção de esquerda
e direita dos objetos no espaço;
Relações espaciais inicialmente egocêntricas e só depois geocêntricas (proximais e distais);
Dependente da integração do controlo motor visual com a informação vestibular e
quinestésica;
Importância da integração da linha média do corpo – organização de movimentos com
cruzamento da linha média (dentro para fora e fora para dentro) – base da reversibilidade
espacial.

» NOÇÃO DO CORPO:
Capacidade de organização neurológica e integrada das capacidades motoras anteriores;
Representa a diferenciação funcional das várias partes do corpo e respetivas relações com os
objetos;
Fornece consciência motora para a organização e exploração das relações externas.

» GENERALIZALÇÕES MOTORAS:
- Necessárias para que a criança esteja disponível para o mundo exterior;
A) EQUILÍBRIO E CONTROLO POSTURAL - Suporte do corpo face à força da gravidade;
B) LOCOMOÇÃO
- Relações entre a criança e os objetos
- Relações entre a criança e o próprio espaço

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C) CONTACTO
- Meio pelo qual a criança se informa dos objetos através da sua manipulação
- Abordagem + Preensão + Libertação

D) RECEPÇÃO e PROPULSÃO - Atividades motoras pelas quais a criança aprende o movimento dos e
com os objetos

Linha média do corpo: Sagital – esquerda/direita; Frontal – frente/trás; Horizontal – cima/baixo

DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO-MOTOR - Equilibração, Trampolim, Jogos, Atividades rítmicas,


Coordenação global e Fina, Visualização, Áudiomotricidade.
DESENVOLVIMENTO DO CONTROLO VISUAL - Fixação visual, Sequência visual, Grafismo no
quadro, Jogos e desportos.

BRIAN CRATTY – PIRÂMIDE DO COMPORTAMENTO PERCETIVO-MOTOR

Ausência de experiências de exploração lúdica e motora Dificuldades de aceitação pelos companheiros


Auto-Desvalorização INSUCESSO ESCOLAR (Fundamentalmente em rapazes)

Aprendizagem Ativa:
• Estudo global do movimento;
• Importância do movimento no desenvolvimento intelectual;
• O movimento e o jogo devem ter uma importância idêntica às outras disciplinas, na educação da
criança.

Motricidade e Inteligência:
• A precisão do movimento é essencial à expressão da inteligência;
• A situação motora é um ótimo meio para desenvolver os níveis de vigilância e atenção;
• A participação lúdica facilita a aquisição das noções simbólicas fundamentais para a
aprendizagem escolar;
• O movimento facilita as condições de autocontrolo;
• A satisfação inerente à experiência motora contribui bastante para o sentimento de sucesso;
• Os movimentos globais e finos são uma modalidade multissensorial da aprendizagem;
• Através do movimento valoriza-se o pensamento criativo.

PIRÂMIDE DO COMPORTAMENTO PERCETIVO-MOTOR

3. Especificidade da aquisição motora ou da situação


2. Capacidades percetivo motoras
1. Suportes gerais do comportamento

1) Suportes gerais do comportamento:


Nível de aspiração; Resistência; Vigilância; Atitude
Circunstâncias que influenciam o comportamento
Verbalização de tarefas intelectuais e percetivo-motoras suscetíveis de serem alteradas por
uma autoavaliação

2) Capacidades percetivo-motoras
Força estática; Flexibilidade; Tonicidade; Estruturação Espaço -Temporal
Velocidade braço-pernas; Velocidade pulso-dedos; Força do tronco; Precisão pulso-braço;
Força estática; Força balística

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3) Especificidade da aquisição motora ou da situação


Experiência anterior; Dimensão espacial; Condições práticas; Rigor de execução; Perceção
visual; Condições sociais
Fatores específicos que influenciam no imediato a motivação

» SOLUÇÕES:
POSTURA – referência; suporte; oposição a gravidade
LATERALIDADE – esquerda/direita; orientação no mundo; estruturação do corpo, espaço e tempo
NOÇÃO DE CORPO – diferenciação das partes do corpo
DIRECIONALIDADE – esquerda/direita; transferência da lateralidade

» COMPLEXO VISUO-MOTOR: composto por um diagrama de aprendizagem com diferentes estádios


interligados entre si
Aquisições Percetivo-Visuais como base de todos os processos de aprendizagem escolar

VISÃO
- Recetor de estímulos espaciais; sentido que permite a compreensão do que não é manipulável;
- Através da qual o espaço é percebido como um todo;
- Capacidade de interpretar e perceber o mundo exterior.

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PERCETIVO-MOTOR


DIAGRAMA DE APRENDIZAGEM
1º ESTÁDIO: Sistema de respostas Inatas
• Reflexo Tónico do Pescoço (RTP);
• Reflexo de Moro (RM);
• Reflexo à Luz (L);
• Reflexo de Preensão (P);
• Reflexo Recíproco (R);
• Reflexo Estático-Quinestésico (EQ);
• Reflexo Miotático (MI);

2º ESTÁDIO: Sistemas Motores Globais

• Reptação e Quadrupedia (RQ);


• Marcha (M);
• Corrida (C);
• Saltar (S);
• Trotar e Galopar (TG);
• Pé Coxinho (PC).

Através delas a criança explora o mundo;


Processa toda a informação visual;
Coordena e correlaciona as experiências e informações

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A não aquisição destas habilidades LIMITA e PREJUDICA A EXPLORAÇÃO; PREJUDICA a


MATURAÇÃO da PERSONALIDADE COMPORTAMENTOS DE INIBIÇÃO

Família e Sociedade – importância?


- instrumentos de orientação e de vigilância;
- controlo;
- exploração do mundo exterior. APRENDIZAGEM

3º ESTÁDIO: Sistemas Motores Especiais


• Coordenação Óculo-Manual (COM);
• Lateralização Funcional das Mãos (LAT);
• Coordenação Mano-Pedal (CMP); Aquisições necessárias para ler, escrever e contar
• Voz (V);
• Gestos (G).

IMOBILIDADE DINÂMICA

PSICOMOTRICIDADE – Facilita a expressão dos movimentos globais;


- Desenvolvimento de:
» atenção
» interiorização
» memorização
» simbolização
» concetualização

4º ESTÁDIO: Sistemas Visuo-Motores

• Fixações (F);
• Pequenos Saltos (S); a visão substituirá a mão na exploração do mundo
• Perseguições (P);
• Rotações (R).

Primeira forma de aprendizagem ação; movimento; manipulação


Segunda forma de aprendizagem imagem; perceção: retenção
Conclusão: A exploração motora prepara a exploração visual
5º ESTÁDIO: Sistemas de Linguagem Oral
• Lalações (L);
• Imitações Orais (IO);
• Linguagem Original (LO)

Ação que fala o aparecimento do símbolo permite a substituição da experiência motora

Exemplo:
Desenho de uma árvore ÁRVORE (componente visual, linguagem recetiva) ÁRVORE (componente
auditiva, linguagem expressiva)
Conclusão: Só quando a informação auditiva for integrada e interpretada, é conferida à criança a sua
capacidade de auto-expressão.

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6º ESTÁDIO: Sistemas de Visualização


• Intersistema Imediato (ISI);
• Intersistema de (Re)visão e (Pre)visão (RP)

Sistemas de memórias imagem táctil – imagem auditiva – imagem simbólica

Sistemas de visualização:
- Passado
- RE – rever o que aconteceu
- PRE – prever o que vai acontecer visão Futuro

7º ESTÁDIO: Sistemas de Processamento da Informação


INFORMAÇAÕ PERCEPTIVA:
- Experiências externas (situação circunstancial) RESULTADO COGNITIVO
- Fator comportamento
- Experiências internas (memória)

8º ESTÁDIO: Sistemas de Conceptualização

- Estrutura psicofisiológica da aprendizagem – processo de tratamento de informação captada pelos


recetores sensoriais MANIPULAÇÃO SIMBÓLICA

CONCLUSÃO:
- As aprendizagens escolares só poderão ser concretizadas quando a criança explora todos os sistemas
psicofisiológicos referidos;
- Importância da educação das aprendizagens não-verbais, pois estão presentes em todos os
acontecimentos da vida e de qualquer aprendizagem.

MARIANNE FROSTIG – EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO


Perceção – ponte de ligação entre o individuo e o seu meio exterior
Aprendizagem percetivo-visual antes das primeiras aprendizagens escolares:
» coordenação visuo-motora;
» figura – fundo;
» consistência da forma;
» posição no espaço;
» relações espaciais.
Teste de perceção visual – noções de quociente percetivo e idade percetiva

IDADES CAPACIDADES
0-3 anos - sensório-motora: equilíbrio
- percetivo-motora:
» coordenação
3-7 anos » euritmia
» flexibilidade
» velocidade e agilidade
» força e endurance
- cognitivo-motora:
7-11 anos » aumento do vocabulário
» abstrações, pensamentos

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Educação pelo movimento – Objetivos:


• Consciencialização do corpo;
• Consciencialização do envolvimento;
• Desenvolvimento da coordenação geral;
• Desenvolvimento sensório-motor;
• Controlo do Movimento;
• Coordenação óculo-manual;
• Noção de direção espacial;
• Estimulação táctilo-quinstésica, auditiva e visual;
• Consciencialização espácio-temporal;
• Desenvolvimento das capacidades motoras.

Aquisição de estruturas sensório e percetivo-motoras aquisição da linguagem vocabulário do


movimento
Aprendizagem das noções:
• Espaço
• Peso
• Relação
• Tempo
• Gravidade
• Forma
• Nível

Educação pelo movimento Desenvolvimento de capacidade percetivo-visuais Coordenação visuo-


motora (movimentos oculares, globais e específicos)
Perceção Figura – Fundo – tridimensão, discriminação e classificação dos objetos, jogos de atenção e
AVD
Consciência da forma – mesma forma + tamanhos diferentes classifica-se pelo tamanho e pela forma
Perceção da posição no espaço – imagem e conceito do corpo, consciencialização das partes do corpo,
localização das partes do corpo, jogos corporais, direção, completar a figura humana
Perceção das relações espaciais – posições no espaço e padrões de espaço (mapas)

IDEIA-CHAVE: é com base neste programa que Frostig equaciona a aprendizagem percetivo-visual, sem
a qual as aprendizagens escolares como a leitura, a escrita e o cálculo não serão adequadas.

VINCULAÇÃO

TEMPERAMENTO MÃE* PAI AMBIENTE

*MÃE – “é o ninho e o pai ensina a voar”; primeira figura de vinculação é a mãe, já que este processo se
começa a construir ainda quando o bebé está na barriga da mãe (aproximadamente aos 3 meses).

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TEORIA DO APEGO

Experiência ameaçadora Procura de proximidade Obtenção de segurança Exploração do mundo

Exemplo: Experiência do Macaco, quando se sente ameaçado procura a estrutura fofa que lhe transmite
segurança em vez do alimento.

A exploração antes da locomoção depende da manipulação, isto é, do que tem mais perto. Depois
da locomoção, o bebé já tem maior capacidade de procura do mundo em seu redor.

Exploração: a criança explora o desconhecido, para isso tem de ter segurança para enfrentar os seus
medos/inseguranças.
Quando a criança está a explorar sabe que está segura porque vê o adulto perto e sabe que aquilo
que está a fazer deixa o adulto satisfeito motivação / vinculação

A Construção do Apego

A preocupação consigo próprio (confiança de base);


Contacto com objectos numa situação antecipatória repetida;
A coordenação postural e motora e o sentimento de continuidade de existência;
O eixo corporal, a verticalidade, o equilíbrio dinâmico e o sentimento de identidade psicomotora;
Viver o corpo próprio como primeiro espaço psíquico.

RECÉM-NASCIDO:
Indiferenciação das funções motoras e psíquicas;
Indistinção do corpo próprio e do corpo maternal – sem fronteiras;
Amálgama complexa e indefinida das tensões corporais, sensações, sentimentos e imagens.

SISTEMA TÓNICO INATO:


Distinção primária entre sensações agradáveis e desagradáveis (organização dicotómica);
Reciprocidade entre descontração corporal e prazer psíquico e dor corporal e sofrimento psíquico;
A angústia é uma dor psicocorporal (expressão apenas por choro e gesticulações);
O apagar do sofrimento depende da ajuda do outro.

Do nascimento até aos 6meses


Da motricidade global e reflexa para a motricidade voluntária

Três níveis de organização:


• Motricidade
• Postura Define o perfil adaptativo Bases do pensamento e da comunicação
• Linguagem

DIÁLOGO TÓNICO COMO PRIMEIRA LINGUAGEM

Comunicação A emoção inicialmente revelada através da expressão tónica

» Gestos
» Movimentos expressivos Carregados de emoção

“O CORPO COMO MEIO EXPRESSIVO E COMO PRIMEIRA LINGUAGEM”

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Hipertonia ou Hipotonia:

- Coordenação entre a postura, a motricidade e os cuidados relacionais;


- Desenvolvimento da manipulação visuo-manual e da coordenação global;
- Dinâmica do eixo e simetria corporal e relacional.

Uma boa situação relacional

Internalização do objeto e das regras de comunicação;


Continuidade do pensamento;
Constituição inicial da unidade corporal.

PROCESSO DE VINCULAÇÃO

Necessidades do bebé Sorriso, Vocalização, Agarrar, Gatinhar, Choro Figura de vinculação


Proximidade, Segurança, Presença do prestador de cuidados Modelos operantes internos: modelos
de si e do outro

BOWLBY – FASES DO DESENVOLVIMENTO DA VINCULAÇÃO

Até aos 3 meses - Orientação e sinais com uma discriminação limitada das figuras

Interacções sociais sem intenção (iniciar, manter e terminar),


(Emde, 1989, cit in Soares, 2007)
Incapazes de diferenciar uma pessoa da outra, mas há interação com o outro;
(Gomes-Pedro, 1985; Montagner, 2002, cit in Soares, 2007)
Sem capacidade de autorregulação necessitando da responsividade do prestador de
cuidados;
Estas interações possibilitam a maturação de processos cognitivos.
(Emde, 1989; Koop, 1982, cit in Soares, 2007)

3 aos 6 meses - Orientação e sinais dirigidos para uma (ou mais) figuras) discriminadas

Responsividade diferenciada e focada numa(s) figura(s);


Orientação preferencial para o que é familiar e exibição de comportamentos diferentes para
com terceiros,
Orientação visual e postural particular com a mãe;
Há uma maior variedade e complexidade das trocas afetivas, baseadas na experiência
adquirida na primeira fase (coordenação de expressões faciaia e vocalizações.
No final deste período, os comportamentos do bebé de procura de proximidade, são mais
claramente orientados para uma figura;

6 aos 24 meses - Manutenção de proximidade com uma figura discriminada através de


locomoção e de sinais
Aquisição da locomoção e da linguagem, permite uma comunicação mais efetiva e próxima
com o prestador de cuidados (base segura);
(Papousek & Papousek, 2002, cit in Soares, 2007)
Exploração do envolvimento e descoberta da noção de objeto permanente coincide com o
estabelecimento de relação de vinculação com certas figuras;
Comportamentos de vinculação num sistema corrigido em função de objetivos: Exº orientação
postural e visual para a FV, emissão de sinais para chamar a atenção, locomoção para regular
a proximidade;
Possível o estabelecimento de uma relação de vinculação.
(Sroufe, 1989, cit in Soares, 2007)
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Após os 24/30 meses - Formação de uma relação recíproca

Capacidade primitiva de tomar o ponto de vista do outro (compreender o que influencia o


comportamento da FV);
Maior sofisticação nos comportamentos de vinculação utilizados – inferir sobre os
objetivos da FV e sobre os seus planos para os atingir;
Compreensão dos planos que devem ser adotados para chegar até à FV (procura
influenciar e mudar os planos da FV, para os tornar mais convergentes com os seus);
Capacidade de aceitar a separação mais prolongada, mas mantém, dependência da
acessibilidade e responsividade da FV.
(FV – figura de vinculação)

INFLUÊNCIAS NA VINCULAÇÃO
Características da mãe:
Presença de “acessibilidade” e, ausência “inacessibilidade”; (Bowlby (1973, cit in Soares, 2007)
Saúde-psicológica, bem-estar, certas características da personalidade; (Belsky, 1999b, cit in
Soares 2007)
Auto-confiança, independência, a alegria, adaptabilidade e afetividade; (O’Connor (1997, cit in
Soares, 2007)
Ansiedade pré-natal (Del Carmen, Pedersen, Huffman, & Bryan, 1993, cit in Soares, 2007),
depressão (Belsky, 1999b, cit in Soares. 2007), geram uma insegurança na vinculação.

Características do pai:
Em muitos estudos, no primeiro ano, sensibilidade paterna não tem relação com a segurança de
vinculação. (Soares, 2007)
Na primeira infância, o pai tem um papel relevante na exploração do meio, situação de jogo. (Lamb,
1975, cit in Soares, 2007)
Nas intercções sociais com os irmãos e pares, manutenção do seu comportamento social e
emocional, adequados. (Steele & Steele, 1995, cit in soares, 2007)

COMO SE AVALIA A VINCULAÇÃO?


• A avaliação da vinculação é realizada através dos comportamentos interativos.

Situação Estranha – MARY AINSWORTH


A) Organização segura

Procura ativa de proximidade e interação com a FV;


Quando o contacto é obtido, o bebé procura mantê-lo, sem resistência ou evitamento nos
episódios de reunião.
Pode apresentar protestos à ausência da FV e r estratégias de proximidade, como formas de
protesto à separação da mãe;
As figuras de vinculação aproximam-se dela, brincam, conferindo uma base de apoio;
Exploração do meio, por parte da criança.

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B) Organização inseguro – evitante

Comportamentos de evitamento, sobretudo nos episódios de reunião - criança afasta-se,


ignora a figura materna e procura o objeto;
Na ausência da FV, não resiste ao contacto físico nem protesta pela ausência – a figura
estranha é tratada de forma idêntica à da FV;
No que diz respeito ao sistema Caregiving, as mães desvalorizam as necessidades de
vinculação dos filhos; (George e Solomon (1996, cit in Guedeney, 2004)
Pode originar perturbações comportamentais e tendo em conta o processamento de
informação, existe um maior número de alterações ao nível da memória. (Soares (2007)

C) Organização insegura ambivalente – resistente

Coexistência de comportamentos de resistência ativa ao contacto, e de comportamentos


de procura de contacto com a FV, a qual inibe a exploração do meio;
Bebé revela pouco evitamento, mas exibe comportamentos que manifestam irritação ou
passividade na situação;

D) Organização desorganizada – desorientado

Presença simultânea ou sequencial de comportamentos contraditórios, movimentos


despropositados e assimétricos, estereotipias, posturas anómalas;
Sinais de apreensão em relação à figura de vinculação;
Expressões de desorganização, desorientação e confusão;
Em amostras de risco, em que existem maus tratos, a desorganização da vinculação aumenta.
(Main e Solomon (1986 it in Soares, 2007)

Perceção da mãe sobre o temperamento do bebé:


Mães percecionam os seus bebés com temperamentos fáceis no caso das vinculações dos grupos
inseguro-evitante, e seguro;
Contudo o grupo de bebés inseguro-ambivalentes têm um temperamento mais difícil, segundo a
opinião da Figura de Vinculação;
O temperamento difícil por parte do bebé pode afetar a relação de vinculação e,
consequentemente diminuir a sensibilidade por parte da mãe.
(Vaughn &Bost, 1999 cit in Soares, 2007)
INSTITUCIONALIZAÇÃO E ADOÇÃO
Privação de Cuidados, as repercussões são muito negativas:
Atraso do Sistema Físico e Psicomotor;
Menor QI;
Menor capacidade de Memorizar;
Menos Atenção e Concentração;
Sequelas nos Sistemas Cognitivo e Emocional, e altura mais baixa relativamente aos pares;
Adoção é positiva antes dos 12 meses; caso contrário apresenta maior irregularidade no sistema
de vinculação, maior vulnerabilidade neurobiológica e relacional, e problemas de comportamento.

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Ontogénese e Psicomotricidade 2º Semestre

Qualidade da vinculação e da prestação de cuidados na perspetiva ecológica:


TEORIA ECOLÓGICA DA VINCULAÇÃO - Relação de vinculação é influenciada pela
qualidade de relação do casal, contexto familiar e apoio social. (Belsky, 1999b, 2005, cit in Soares,
2007)

Desenvolvimento da Psicopatologia tem probabilidade maior de ocorrer em ambientes de


alto risco, nos quais a segurança de vinculação não a impede, ao contrário dos ambientes
de baixo risco. (Belsky e Fearon (2002, cit in Soares, 2007)

Crianças seguras, em meios stressantes, podem ter problemas de comportamento, mas


apresentam uma recuperação superior relativamente às crianças inseguras. (Sroufe et al
(2005ab cit in Soares, 2007)

VINCUAÇÃO SEGURA PROPORCIONA:


Relações de maior qualidade com a figura de vinculação, com irmãos, amigos e pares em geral;
Autonomia em relação ao cuidador, Auto-Estima, e Auto-Confiança, Auto-conceito positivo;
Jogo Simbólico, mais entusiasmo, persistência e cooperação na resolução de problemas e
capacidade para lidar temporariamente com o stress;
Competências nas relações emocionais, Competências na linguagem, e menor probabilidade de
desenvolvimento de problemas de comportamento na infância;

PERTURBAÇÕES PRECOCES DA VINCULAÇÃO


Emoções e comportamentos no contexto de relação de vinculação são suficientemente perturbados para
aumentar o risco de desamparo permanente ou de desvantagem da criança Perturbações da vinculação
Perturbações psíquicas

Três grandes tipos de fatores ligados às perturbações da vinculação:


Perturbações da “ausência de vinculação”;
Perturbações da base de segurança;
Ruturas do laço de vinculação.
(Zeanah e Boris, 2000 in Guedeney & Guedeney, 2004)
Perturbações da “ausência de vinculação”:
Dificuldades na auto-regulação, auto-protecção, procura de conforto e segurança, expressão do
afeto, cooperação e exploração;
Incluem 2 Tipos de perturbações, nas quais não existe vinculação:
Perturbação da vinculação com retraimento emocional – criança é retraída, inibida, sem
vinculação;
Perturbação com sociabilidade indistinta – a criança procura conforto e interações sociais
com estranhos, sem as reservas adequadas à idade.

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Perturbações da base de segurança:


A criança apresenta uma vinculação preferencial a uma figura de vinculação – as perturbações
são específicas de uma relação em particular;
São descritas em 4 categorias:
1. Perturbações da vinculação “com pôr em perigo”:
Vai contra o objetivo da vinculação (segurança e sobrevivência);
Afasta-se da figura de vinculação;
Envolve-se em atividades perigosas/ provocadoras;
2. Perturbações da vinculação com exploração inibida:
Inibição da exploração;
O facto da inibição ser específica de determinada relação diferencia-a de
aspetos temperamentais.
3. Perturbações da vinculação com vigilância e submissão excessivas:
Hipervigilante;
Restrição emocional com submissão exagerada às exigências do progenitor;
Associada a uma relação marcada pelo abuso e pelo terror;
4. Perturbação da vinculação com inversão de papéis:
Suporte de carga emocional desajustada ao desenvolvimento;
Controlo da criança sobre os pais;
Ruturas do laço de vinculação:
• Perda da figura de vinculação por:
» morte do progenitor;
» mudança sucessiva de famílias de acolhimento.
Desenvolvimento da sequência: Protesto Desespero Desapego
Exemplo:
Perturbação da vinculação – dificuldades profundas e permanentes em receber conforto, segurança e
apoio por parte de um adulto (que seja para a criança uma figura de vinculação clara)
[É DIFREENTE DE]
Perturbação invasiva do desenvolvimento ou Síndrome Autista – não existe uma figura de vinculação

Evolução das perturbações de vinculação:


Perturbações da base segura Perturbações da rutura do laço de vinculação Ausência de vinculação
(mais grave)

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VINCULAÇÃO E PSICOPATOLOGIA NA INFÂNCIA


1) Vinculação e Regulação Emocional:
• Segurança da vinculação – factor de protecção contra perturbações psicológicas;
• Porquê? Porque crianças seguras têm:
o Maior capacidade de regular emoções;
o Espírito mais livre para a resolução de problemas;
o Capacidade representativa mais elaboradas;
o Por outro lado, as crianças inseguras têm:
o Menor capacidade de resolução de problemas;
o Persistência de emoções negativas;
o Níveis de ansiedade difíceis de gerir

VULNERABILIDADE (visão caótica e ameaçadora do mundo)


2) Papel dos Modelos Operantes Internos:
Regulação emocional Relações familiares (relações – fonte de frustração) Auto – Imagem (“não
mereço ser amado”) Expetativas de relações Estabelecimento de relações satisfatórias em risco
Imagem do outro Imagem de si Sentimentos negativos Vulnerabilidades a perturbações
psicopatológicas

3) Estratégias de Vinculação e Psicopatologia:


VINCULAÇÃO EVITANTE Perturbações de externalização criança reprime sentimentos que por não
possuir estratégias representativas, expressa através da ação. Ex. Hiperatividade (PHDA)

VINCULAÇÃO AMBIVALENTE Perturbações de internalização criança exagera manifestações de


aflição para captar atenção. Predisposição para perturbações. Ex. Depressão.

A VINCULAÇÃO DESORGANIZADA
» Ausência de uma estratégia organizada ou coerente para lidar com a ativação do sistema de vinculação
numa situação de stress (Ex. situação estranha).
» Exposição repetida a comportamentos assustadores ou dissociativos da figura parental
» Ativação do comportamento de vinculação Figura parental – fonte de segurança ou ameaça ou perigo
» Suscitam o medo e confusão na criança
» Colapso da estratégia para obter conforto e segurança Aproximação vs. Afastamento / Conflito
irresolúvel / Comportamentos disfuncionais
Possíveis Causas:
1. Vivência do cuidador como fonte de ameaça:
Reação parental associada a traumas ou não resolução de perdas
1. Experiências prévias de maus tratos
2. Situações em que a fig. Vinculação parece ficar assustada quando o sistema de
vinculação da criança é ativado;
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2. Comportamento disruptivo, extremamente negligente e insensível das figuras parentais;


3. Comportamento hostil e intrusivo da figura materna.

Apesar de a desorganização da vinculação se encontrar…


» Em populações normativas, famílias adaptadas e caracterizadas por um bom funcionamento
psicossocial…
» Esta está mais frequentemente associada a grupos de risco, como são os contextos familiares
perturbados.

VINCULAÇÃO E ADOLESCÊNCIA

A adolescência é um período em que ocorre:


Distanciação das figuras de vinculação iniciais e transformação das relações com as mesmas;
Emergência de uma organização de vinculação integrada e singular; (Soares, 2007)
Criação de novos laços de vinculação;
Emergência da sexualidade.
Desenvolvimento de capacidades para se tornar caregiver (figura de vinculação).

Transformações do comportamento de vinculação na adolescência:


I. Transformações cognitivo-afetivas e comportamento de Vinculação:

Novas capacidades:
» Evolução das capacidades cognitivas permite a organização da vinculação, a partir de padrões
distintos de comportamento perante cada uma das figuras de vinculação;

» Adolescente consegue já representar experiências de vinculação, ligadas entre si.

Melhor diferenciação de si e do outro – existência fora das interacções com o caregiver;


Possibilidade de comparação das relações com diferentes figuras de vinculação entre
si, mas também com ideais hipotéticos;
Resultado: abertura, objetividade e maleabilidade (na avaliação das relações de
vinculação).

II. Transformações das relações com os pais e comportamento de Vinculação:

Satisfação da parceria corrigida quanto ao objetivo – diminuição do recurso aos pais como figura de
vinculação – mas as relações de vinculação continuam importantes para assegurar a sensação de
segurança. É necessário o desenvolvimento da autonomia e exploração e a criação de DISTÂNCIA
Capacidade específica para pensar as relações de vinculação.

Desejo de autonomia face aos pais – impulso para usar os pares como figuras de vinculação

» Diminuição da procura da autonomia Aumento de indicadores relação positiva com os pais

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III. Transformações das relações com os pares e comportamento de Vinculação:

Ocorrem transformações ao nível:


» Cognitivo-afetivo
» Desenvolvimental Permite ao adolescente, e aos respetivos pares, tornarem-
» Competências sociais se figuras de vinculação uns em relação aos outros

Estabelecimento de uma relação de autonomia com os pais Transferência progressiva


das relações de vinculação para os pares;

Modificação da relação com os pais: Relação assimétrica (protetora) Relação de


reciprocidade;

SISTEMA DE VINCULAÇÃO + SISTEA DE REPRODUÇÃO PROCURA DE NOVAS RELAÇÕES


(EM PARTICULAR AMOROSAS)

Influência da organização da vinculação sobre a adolescência:

Organização da Vinculação e relações no interior da família;


› Segurança Melhor comunicação Resolução de problemas;

Organização da Vinculação e relações com os pares;


› Mal estar dos afetos Afastamento dos pares;
› Segurança <-> qualidade global das relações de amizade e aceitação social pelos pares

FACTORES PSICOMOTORES – ASPETOS DESENVILVIMENTAIS E


FUNDAMENTOS NEUROPSICOLÓGICOS

TONICIDADE

SISTEMA PSICOMOTOR HUMANO

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A TONICIDADE
» O papel da função tónica e da emoção nos progressos da atividade de relação, são processos
básicos de intervenção psicomotora;
» A atividade postural e atividade sensório-motora como pontos de partida da atividade intelectual;
» Para Wallon o movimento é o primeiro instrumento do psiquismo.

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO CÉREBRO SEGUNDO LURIA

Unidades funcionais do cérebro:

» O cérebro humano é composto por 3 unidades funcionais:

1ª unidade funcional – regular o tónus cortical e a função de vigilância;


2ª unidade funcional – obter, captar, processar e armazenar informação vinda do mundo exterior;
3ª unidade funcional – programar, regular e verificar a atividade.

» Interação entre as 3 unidades funcionais:

LURIA: “ é fácil ver a significação de cada um dos três sistemas do cérebro: o primeiro mantém o tónus
necessário do córtex e do corpo; o segundo recebe e processa a informação; o terceiro atua como
mecanismo de programação e de verificação para assegurar a natureza intencional do comportamento.”

» Fatores psicomotores e relação com as unidades funcionais:

Os fatores psicomotores distribuídos pelas três unidades funcionais são apresentados como
circuitos dinâmicos auto-regulados, construídos segundo o princípio da organização vertical das estruturas
do cérebro e dependentes de uma hierarquização funcional, que ocorre no desenvolvimento da criança.
A cada unidade funcional correspondem vários fatores, psicomotores, que procuram demonstrar a
relação entre o modelo psiconeurológico de Luria e a BPM.

QUAL A CORRESPONDÊNCIA ENTRE ELES ?

UNIDADE FUNCIONAL FATORES PSICOMOTORES


1ª unidade – tonicidade e vigilância Tonicidade / Equilibração
2ª unidade – receção, análise e armazenamento Lateralização / Noção do Corpo /
da informação Estruturação Espácio – Temporal
3ª unidade – programação, regulação e
verificação da atividade Praxia global / Praxia fina

1. TONICIDADE
Função tónica:
» Tónus de atitude
» Tónus de repouso
» Tónus de ação

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Tonicidade:
» Integração sensorial, facilitação / inibição dos impulsos aferentes e eferentes;
» Atividade geral de atenção e de vigilância;
» A formação reticulada: vigilância, ajustamento e integração da postura e da praxia;
» Princípio da Hierarquia Dominante – organização tónico-motora da profundidade para a superfície (função
motora e tónica);
» Respostas adaptativas à gravidade – Lei Céfalo-Caudal e Próximo-Distal;
» Tónus Cortical – suporte da representação;
» Integração Tónica, inervação recíproca e jogo agonista-antagonista.

ATIVIDADE TÓNICA – atividade muscular mantida, que prepara a atividade motora fásica.
TÓNUS – emoções
- tomada de consciência do “EU”
- representação mental
- reações posturais

EXTENSIBILIDADE E DESENVOLVIMENTO MOTOR


Crianças pouco extensíveis:
» posição de pé e marcha precoces;
» preensão tardia;
» maior mobilidade.

Crianças hipertónicas:
» pouco extensíveis;
» grande mobilidade;
» posição de pé e marcha precoces;
» exploração do meio sobrepõe-se à exploração de objetos;
» estereótipos espontâneos mais frequentes.

Crianças muito extensíveis:


» posição de pé e marcha tardias;
» preensão precoce;
» menor mobilidade.

Crianças hipotónicas:
» muito extensíveis;
» menor mobilidade;
» posição de pé e marcha tardias;
» mais calmo e com desenvolvimento postural mais tardio. Prefere a exploração de objetos;
» estereótipos espontâneos menos frequentes.

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TEORIA SENSÓRIO-TÓNICA (WERNER & WAPNER)


- A perceção decorre de uma contínua interação dos processos sensório-tónicos
- A perceção é integrada a níveis superiores, na medida em que se observa uma interdependência entre o
desequilíbrio provocado pela interação com o meio, e o respetivo equilíbrio sensório-tónico.
Não basta ocorrer a sensação, para que se transforme em perceção. Ela é promovida a nível cortical
através de uma compensação e reajustamento tónico, que se opera no organismo.
- Essa resposta sensório-tónica tem como objetivo evitar que o organismo se desequilibre por influência do
estímulo.
- A função de “Input” produz no organismo uma tensão sensório-tónica, equivalente a um estado de alerta,
que gera uma equivalência funcional entre os processos psicológicos e fisiológicos.

Componentes das Funções Tónicas:


1. Neurofisiologia
» reflexo miotático
» fuso neuromuscular
» anel gama
» tónus cortical

2. Motricidade
» postura
» atitudes
» equilibração
» controlo antigravítico
» relaxação
» praxias

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3. Comunicação
» Diade
» Diálogo tónico
» Comunicação não-verbal
» Proxémia

4. Personalidade
» Emoções
» Perturbações
» Necessidades e satisfações
» Prazer – desprazer
» Imaginário
» Inibições
» Instabilidade

5. Cognição
» Atenção
» Memória
» Integração
» Processamento

PERTURBAÇÕES DA FUNÇÃO TÓNICA


Hipertonia
Perturbações da Função Tónica
Espasticidade
40 a 60% dos casos de lesão cerebral
Lesão do córtex motor (área 4 de Broadman) - Vias Piramidais
Falta de controlo do movimento voluntário (disparado, mas sem precisão).
Contração simultânea dos flexores e extensores (perturbação na inervação recíproca)
Movimentos descoordenados e dispraxia.
Hipoextensibilidade
Fraco controlo do corpo, na posição de sentado, de pé e na marcha (cerebelo e sistema
extrapiramidal)

Atetose
15 a 20% das lesões cerebrais
Lesão nas vias extrapiramidais, nos gânglios basais e no mesencéfalo
Movimentos involuntários ocorrem no início do movimento voluntário (não são inibidos)
Movimento abrupto, disrítmico, e com ruturas, sem transferência progressiva do suporte
tónico do movimento.
Problemas mais visíveis na oro e micromotricidade.
Movimentos irregulares e arrítmicos
Cabeça fletida para trás - sistema extrapiramidal - controlo da postura

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Ataxia
Lesão do cerebelo, que altera a coordenação dos movimentos e o controlo postural
Tremor
Rigidez
Hemiplegia, Paraplegia, Tetraplegia
Hipotonia

REGULAÇÃO DA FUNÇÃO TÓNICO-POSTURAL


Maturação intra-uterina Maturação extra-uterina
Sistema Vestibular Sistema Cerebeloso Sistema Extrapiramidal Sistema Piramidal
(padrões automáticos) (Área 4 – idiocinética)
Sistema extrapiramidal – modela as condições preparatórias ao ato (Função Hipertónica)
Sistema piramidal – organiza a flexibilidade para atuar e interagir com os objetos (descontração
concentrativa) – tónus de média amplitude
Sistema Cerebeloso – tónus de menor amplitude
Formação Reticulada – inibição ou ativação dos motoneurónios alfa e gama

A TONICIDADE E A APRENDIZAGEM
Sensações Perceções Linguagem
A – V – TQ A – V – TQ A – V - TQ
Áreas Primárias Áreas Secundárias Áreas Terciárias
A MOTRICIDADE – função integrativa deste sistema polisensorial

ESTÍMULO ÁREAS PRIMÁRIAS ÁREA MOTORA ÁREAS TERCIÁRIAS RESPOSTA MOTORA


ÁREAS SECUNDÁRIAS ÁREAS SECUNDÁRIAS
ÁREAS TERCIÁRIAS ÁREAS PRIMÁRIAS

A TONICIDADE – reguladora da entrada e saída.

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