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Cada uma destas abordagens traz específicas visões de ser humano,

desenvolvimento, aprendizagem e educação, embora todas elas busquem


discutir essas temáticas na relação do sujeito com o meio, investigando a origem do psiquismo.

Vale ressaltar que cada um dos autores apresenta a visão de aprendizagem em função do contexto
histórico em que viveu e de seu interesse de estudo. Piaget investigou como o sujeito constrói o
conhecimento; Vygotsky estudou como se formam as funções psicológicas superiores que nos constituem
humanos, e Wallon buscou conhecer a gênese da pessoa a partir de uma
visão que integra a compreensão do movimento, do intelecto e da afetividade.

De acordo com Zanella (1999), é pela


aprendizagem que o homem avança e que se explica o
processo de evolução histórico e social. ‘“A complexidade
de suas experiências, acrescidas das aprendizagens que
realiza contribuem para sua humanização” (p.23).
Em qualquer etapa, situação ou momento o ser
humano está sempre aprendendo e, por isso, sofrendo
mudanças no seu comportamento, no seu desempenho,
nas suas concepções e na sua visão de mundo

A aprendizagem
3. Teorias de ensino e Aprendizagem

3.1. Conceito de aprendizagem


- A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da
experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Dado que para que a criança aprenda, ela
necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças
mais experientes.

Segundo WIKIPÉDIA, aprendizagem é o processo pelo qual as competências, habilidades,


conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo,
experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo pode ser analisado a partir de diferentes
perspectivas, de forma que há diferentes teorias de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções
mentais mais importantes em humanos e animais e também pode ser aplicada a sistemas artificiais.

Características da aprendizagem
As conceituações apresentadas possibilitam um melhor entendimento das
características básicas da aprendizagem. De acordo com Campos (2001) e Zanella
(1999), a aprendizagem é um processo que apresenta as seguintes características:
• Contínuo – que ocorre ao longo da vida, de modo que em cada período temos
sempre o que aprender;
• Pessoal – cada pessoa é sujeito de sua aprendizagem, ou seja, ninguém
pode aprender por outrem, visto que a aprendizagem é intransferível de uma
pessoa para outra;
• Ativo e dinâmico - a aprendizagem só se realiza através da ação dinâmica do
aprendiz.

Gradual – ocorre gradativamente, conforme o ritmo de cada aprendiz.


• Global – envolve o indivíduo em sua totalidade, isto é, em todas as suas
dimensões: motora, afetiva e cognitiva;
• Integrativo – cumulativo – as aprendizagens são sempre integradas uma às
outras, constituindo-se num processo cumulativo, em que a experiência, atual
apóia-se nas experiências anteriores.
Pelo que foi exposto, podemos concluir que a aprendizagem é um processo
complexo que ocorre na mente humana (psiquismo) através da ação do indivíduo,
envolvendo-o em todas as suas dimensões.
Além das características gerais discutidas anteriormente, Ferro e Paixão
– (2006), apoiadas em Pozzo (2002) destacam três características de uma boa
aprendizagem:
• Mudança duradoura, vinculada á aprendizagem construtiva, proveniente
da reorganização dos comportamentos ou do conhecimento e visam integrar
esse comportamento ou ideia numa nova estrutura de conhecimento, por isso,
é mais geral, de natureza evolutiva e irreversível;
• Capacidade de utilizar os conhecimentos aprendidos numa situação
nova, porque, se não conseguimos transferir o conhecimento aprendido para
novos contextos, a aprendizagem torna-se ineficaz;
• Adequação da prática ao que se tem de aprender, visto que ela não é
originária de processos maturativos ou de desenvolvimento;

Condições favorecedoras da aprendizagem


Condições Biológicas
Referem-se ás condições orgânicas favoráveis ou desfavoráveis à aprendizagem,
tais como: maturação, integridade dos órgãos dos sentidos, doenças, condições de
nutrição, efeitos da idade no funcionamento da memória etc.

• Condições Ambientais
Condições ambientais favoráveis interferem na aprendizagem de tal forma que
um ambiente adequado e reforçador, condições de acomodação física, de temperatura,
iluminação e ventilação agradáveis tendem a favorecer a aprendizagem.

Condições Psicológicas
Estão relacionadas à motivação do aprendiz, “ou seja, a forma como este se
mobiliza e direciona sua ação na aprendizagem” (ZANELLA, 1999, p.26).

• Condições Pedagógicas
Referem-se aos elementos mais diretamente
relacionados com os métodos e técnicas de aprendizagem
dirigida, incluindo-se nesse grupo: significação e
organização do material a ser aprendido, o método de
ensino utilizado, duração e distribuição da prática.

3.3.2. Jean Piaget (1896-1980)


A teoria de Piaget não é propriamente uma teoria de aprendizagem mas uma teoria de desenvolvimento
mental. Ele distingue quatro períodos gerais de desenvolvimento cognitivo: sensório-motor, pré-
operacional, operacional-concreto e operacional-formal.

Segundo Piaget, o crescimento cognitivo da criança se dá através de assimilação e acomodação. O


indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade.

Todo esquema de assimilação é construído e toda abordagem à realidade supõe um esquema de


assimilação. Quando a mente assimila, ela incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se
ao meio. Muitas vezes, os esquemas de ação da pessoa não conseguem assimilar determinada situação.
Neste caso, a mente desiste ou se modifica. Quando a mente se modifica, ocorre o que Piaget chama de
acomodação. As acomodações levam à construção de novos esquemas de assimilação, promovendo,
com isso, o desenvolvimento cognitivo. Piaget considera as ações humanas e não as sensações como a
base do comportamento humano. O pensamento é, simplesmente, a interiorização da ação. Só há
aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação. A mente, sendo uma estrutura
para Piaget, tende a funcionar em equilíbrio. No entanto, quando este equilíbrio é rompido por
experiências não assimiláveis, a mente sofre acomodação a fim de construir novos esquemas de
assimilação e atingir novo equilíbrio. Este processo de reequilíbrio é chamado de equilibração majorante
e é o responsável pelo desenvolvimento mental do indivíduo. Portanto, na abordagem piagetiana,
ensinar significa provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela, procurando o reequilíbrio,
se reestruture cognitivamente e aprenda.

Apesar de Piaget já propor estas idéias na década de 30 e ser um precursor da linha construtivista, sua
teoria só conquistou um maior espaço na área educacional na década de 80, quando iniciou o declínio
do comportamentalismo.

As ideias de Piaget têm influenciado muito os educadores responsáveis pelo ensino de Física (ou
Ciências, de um modo geral), principalmente, por mostrar que as crianças desenvolvem
espontaneamente noções sobre o mundo físico e que o ensino deve ser compatível com o nível de
desenvolvimento mental da criança.

A ideia de ensino reversível é outra implicação da teoria de Piaget. Ensinar é provocar o desequilíbrio,
mas este não pode ser tão grande a ponto de não permitir a equilibração majorante que levará a um
novo equilíbrio. Assim, se a assimilação de um tópico requer um grande desequilíbrio, o professor deve
introduzir passos intermediários para reduzi- lo. Ensino reversível não significa eliminar o desequilíbrio e
sim passar de um estado de equilíbrio para outro através de uma sucessão de estados de equilíbrio
muito próximos, tal como em uma transformação termodinâmica reversível.

Os estágios de desenvolvimento cognitivo-afetivo

Os estágios de desenvolvimento descritos por Piaget são: o sensó-


riomotor, o pré-operatório, o operatório concreto e o operatório formal, que
serão apresentados no Quadro 3

Fases do desenvolvimento cognitivo/afetivo em Piageta

Sensório Motor Está dividido em três subestágios, sendo marcado, inicialmente, por
(0-2 anos) coordenações
sensoriais e motoras de fundo hereditário (reflexos, necessidades
nutricionais).
Posteriormente ocorre organização das percepções e hábitos. Por
último, é
caracterizado pela inteligência prática, que se refere à utilização de
percepções
e movimentos organizados em “esquemas de ação”, que,
gradativamente, vão se
tornando intencionais, dirigidas a um resultado.
A criança começa a perceber, gradativamente, que os objetos a sua
volta continuam
a existir, mesmo se não estiverem sob seu campo de visão

Pré-Operatório Surgimento da função simbólica, aparecimento da linguagem oral.


(2-6 anos) Característica egocêntrica em termos de pensamento (centrado nos
próprios pontos
de vista), linguagem e modos de interação. A lógica do pensamento
depende da
percepção imediata, não sendo possível operações mentais reversíveis.

Operatório Concreto Pensamento mais compatível com a lógica da realidade, embora ainda
(6-11 anos preso à
realidade concreta. Reversibilidade de pensamentos (uma operação
matemática, por exemplo, pode ser reversível).
Compreende gradativamente noções lógico-matemáticas de
conservação da
massa volume, classificação etc. O egocentrismo diminui, surgindo
uma moral
de cooperação e de respeito mútuo (moral da obediência).

Operatório Formal Pensamento hipotético-dedutivo. Capacidade de abstração.


(a partir dos Egocentrismo tende a desaparecer. Construção da autonomia, com
11, 12 anos) avanços
significativos nos processos da socialização.

Fonte: Nunes e Silveira (2005)

Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934)

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio de relações sociais, ou


seja, de sua interação com outros indivíduos e com o meio. Para Vygotsky, o professor é figura
essencial do saber por representar um elo intermediário entre o aluno e o conhecimento
disponível no ambiente.

Enfatizava o papel da linguagem e do processo histórico social nodesenvolvimento do indivíduo.


Sua questão central é a aquisição deconhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para
ele, osujeito não é apenas ativo, mas também interativo, pois adquireconhecimentos a partir de
relações intra e interpessoais. É na trocacom outros sujeitos que o conhecimento e as funções
sociais sãoassimilados. O professor, portanto, tem o papel explícito deinterferir nos processos e
provocar avanços nos alunos, criando oque ele chamava de zonas de desenvolvimento proximal.
O aluno, no modelo de Vygotsky, não é apenas o sujeito da aprendizagem, mas aquele que
aprende com o outro aquilo que seu grupo social produz.

Assim, a aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de


desenvolvimento proximal (distância entre aquilo que a criança faz sozinha e o que ela écapaz de fazer
com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as
pessoas; ou seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial) nasquais as interações
sociais são centrais, estando então, ambos osprocessos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-
relacionados; assim, um conceito que se pretenda trabalhar como, por exemplo, em matemática, requer
sempre um grau de experiência anterior para a criança.

Na sala de aula

Podemos usar como exemplo uma criança que está com dificuldade
para aprender a ler. O professor trabalha com ela a pronúncia das
palavras e também o reconhecimento destas, através de textos e
músicas que fazem parte do cotidiano, assim a criança é capaz de
aprender a ler.

A teoria de Vygotsky aponta que a criança nasce com funções


psicológicas elementares e que com o aprendizado da cultura e
as experiências adquiridas, essas funções tornam-se funções
psicológicas superiores, que são o comportamento consciente, a
ação proposital, capacidade de planejamento e pensamento abstrato.

A partir desses conceitos, Vygotsky apresenta outras concepções


igualmente importantes, como é o caso da zona de desenvolvimento
proximal, que é onde o professor vai fazer intervenções para uma
aprendizagem satisfatória e a relação entre pensamento e linguagem,
pois é por meio da linguagem que o aprendizado é mediado.

Pensamento e linguagem na teoria de Vygotsky

A linguagem é o principal instrumento de representação simbólica


que os seres humanos possuem. A sua função inicial é a
comunicação, a compreensão. Essa função está diretamente ligada
ao pensamento, permitindo a interação social.

Para Vygotsky a linguagem é associada a fala, então, inicialmente o


desenvolvimento da linguagem ocorre com a finalidade da
comunicação. Podemos usar como exemplo o choro dos bebês e
também os sons emitidos por animais, os quais partem do mesmo
propósito de comunicação, mesmo que de forma primitiva e sem
elaboração conceitual.

A Aprendizagem segundo Freud


Freud fez uma teoria e um método de tratamento psicoterápico, a Psicanálise sobre o desenvolvimento
da personalidade (Id, Ego e Super Ego).

Teoria que coloca no INCONSCIENTE a força do desenvolvimento da personalidade. O inconsciente


busca o prazer imediato, é atemporal e suas pulsões tem que ser satisfeitas imediatamente. EX. bebê
humano
Para que possamos viver em sociedade, há que aprender a reprimir/conter a necessidade de satisfação
imediata e adiá-la para mais adiante. Quem faz isso é o EGO que vai buscar na vida real os meios de
satisfazer tais impulsos.

Explicar o S-Ego.

Quanto ao desenvolvimento da personalidade vamos ver que as crianças pequenas perto da fase escolar
na maior parte do tempo pronunciam os porquês? Que em síntese buscam respostas às perguntas:

De onde viemos? E, para onde vamos?

Freud é considerado o responsável pela descrição do desenvolvimento afetivo-emocional das crianças.


Ele queria que sua teoria constituísse entre outras coisas, um modelo da construção dos processos
através do quais um indivíduo se torna um ser sexuado. (fases oral, anal, fálica, de latência e genital)

A origem destas preocupações vem do fato de as crianças quererem saber qual é seu lugar no mundo
bem como elas tem uma preocupação com as diferenças sexuais anatômicas: ter ou não ter pênis. A
leitura destas diferenças não é tão concreta e remete à Falta que determina no ser humano a Angústia
de Castração ter que lidar com as perdas, com nossa incompletude.

A resposta que buscam não é tão concreta, mas sim importa a interpretação dada a este fato. A criança
quer saber sobre as diferenças entre mulheres e homens ( na época em que Freud elaborou estas ideias
as mulheres tinham valor social secundário, enquanto ser homem, ter pênis equivalia a ter poder.

As crianças descobrem diferenças que as angustiam. E é essa angústia que as faz querer saber, satisfazer
suas curiosidades.

Freud verifica que nesta época as crianças estão vivendo o Complexo de Edipo. Estas preocupações,que
são chamadas de “investigações sexuais infantis” geralmente serão reprimidas em torno da época da
entrada na escola primária: serão reprimidas. Arte dessa repressão sublima-se em “pulsão de saber”
associada “a pulsões de domínio” e a “pulsões de ver”. Daí que o desejo de saber associa-se com o
dominar, o ver e o sublimar.

Sublimar é deslocar a curiosidade sexual para interesse não sexuais. E então vão perguntar sobre
interesses não sexuais, o desejo de saber.

Saber associa-se com dominar > Ex poema de Machado de Assis em que um homem disseca uma
borboleta, ou seja, a curiosidade sádica que deriva da pulsão de domínio. Na ânsia de saber, o homem
destrói, mata a mosca

O ENCONTRO DA PSICANÁLISE E A EDUCAÇÃO


Cabe ao professor o esforço imenso de organizar, articular, tornar lógico seu campo de
conhecimento e transmiti-lo a seus alunos. ( guiado pelo seu desejo)

A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles elementos transmitidos pelo
professor, que se engancha em seu desejo, que fazem sentido para ele, que, pela via de
transmissão única aberta entre ele e o professor - a via de transferência – encontram eco nas
profundezas de sua existência de sujeito do inconsciente.

3. CONCLUSÃO

Não há aprendizagem sem relação. O que isso nos diz? Que o ato de aprender, presumi sempre uma
relação com o Outro, não há ensino sem professor. Mesmo aqueles que não vão à sala de aula e
aprendem através de livros (autodidatas), ainda sim estão aprendendo com o Outro, pois o livro
representa a figura de alguém que possui o saber e o transmiti.

REFERÊNCIAS

FREUD, S. (1930).O mal estar na cultura. Tradução de Renato Zwick. Porto ALEGRE, RS: L&PM, 2012.
KUPFER, M.C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo, SP: Ed. Scipione, 2005. JORGE, M.
A. C. Freud: criador da Psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 2010. LAPLANCHE, J; PONTALIS, J.
Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2008, p. 494 e 514. MEDNICOFF, E. Dossiê
Freud. São Paulo, SP: Universos dos livros, 2008. ROUDINESCO, E. Dicionário de Psicanálise.Rio de
Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 1944, p. 734.

FREUD, S. A interpretação dos sonhos. In: Obras completas de Sigmund

Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1988ª

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 3. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 1989. 191 p.

KUPFER, M. C. Educação para o futuro: psicanálise e educação. São Paulo:

Escuta, 2000.
BECKER, F. A Epistemologia do professor: o cotidiano da escola. 2. ed. Rio

de Janeiro: Vozes, 1994. 344 p

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