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Jean Piaget: A

Psicologia da
Inteligência
O HÁBITO E A INTÊLIGENCIA
Independências ou derivações diretas
Jean Piaget, em sua teoria do desenvolvimento cognitivo, aborda a relação
entre hábito e inteligência. Segundo Piaget, o hábito e a inteligência estão
inter-relacionados, mas são aspectos diferentes do funcionamento mental.
Piaget argumenta que a inteligência não é apenas a reprodução do que já
existe, mas é construída pela criança ativamente, à medida que ela interage
com o ambiente. Nesse processo, a criança busca um equilíbrio entre
assimilação (incorporação de novas informações aos esquemas existentes) e
acomodação (ajuste dos esquemas para acomodar novas informações), o que
eventualmente leva a uma compreensão mais independente e autônoma do
mundo ao seu redor.
Na teoria de Piaget, associação se refere à conexão entre estímulos externos
e respostas comportamentais. É uma ideia associada a teorias de aprendizado
que se concentram nas relações entre estímulos externos e respostas. No
entanto, Piaget enfatiza que a simples associação não é suficiente para
explicar o desenvolvimento cognitivo.
Piaget argumenta que a assimilação desempenha um papel crucial na
formação do conhecimento, pois as pessoas não simplesmente associam
informações externas, mas as interpretam e as integram em suas estruturas
mentais existentes. Portanto, a simples associação não é apenas uma
reprodução direta da realidade externa, mas é filtrada e processada através
das estruturas mentais internas de cada indivíduo.
ASSIMILAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA

Piaget explica que a inteligência surge como uma forma de adaptação do


organismo ao meio, que se dá por meio de um equilíbrio entre a assimilação
e a acomodação.

A inteligência sensório-motora é o primeiro estágio do desenvolvimento


cognitivo, que vai do nascimento aos dois anos de idade. Nesse estágio, a
criança explora o mundo através dos sentidos e dos movimentos, e
desenvolve a noção de permanência do objeto.

A assimilação é a incorporação dos objetos aos esquemas mentais do sujeito,


que dependem das suas ações anteriores, já a acomodação é a modificação
dos esquemas mentais em função das características dos objetos, que
exercem uma pressão sobre o sujeito.
A CONSTRUÇÃO DO OBJETO E DAS RELAÇÕES ESPACIAIS

Piaget analisa como a criança constrói o conceito de objeto e as relações


espaciais entre os objetos, a partir das suas experiências sensório-
motoras.

E pautado três fases na construção do objeto: a fase pré-objetal, em que


a criança não tem uma representação clara dos objetos e os confunde
com as suas próprias ações; a fase objetal propriamente dita, em que a
criança reconhece os objetos como entidades distintas e permanentes; e a
fase da coordenação das perspectivas, em que a criança compreende que
os objetos podem ser vistos de diferentes ângulos e posições.

Também é descrito como a criança constrói as relações espaciais entre os


objetos, passando por quatro níveis: o nível topológico, em que a criança
se baseia nas relações de vizinhança, separação e ordem; o nível
projetivo, em que a criança se baseia nas relações de direção e
orientação; o nível euclidiano, em que a criança se baseia nas relações de
distância e medida; e o nível das coordenadas móveis, em que a criança
se baseia nas relações de movimento e transformação.
DIFERENÇAS DE ESTRUTURA
Inteligência Conceitual x Inteligência Sensório Motora

Inteligência Conceitual: se relaciona ao conhecimento abstrato e não ocorre sobre a


materialidade física, como as artes e a matemática.

Inteligência Sensório-Motora: coordena-se entre si percepções sucessivas e movimentos


reais, igualmente, sucessivos – nada podem ser em si mesmos além de sucessões de
estados, ligados por breves antecipações e reconstituições, mas sem nunca chegar a uma
representação de conjunto: esta só poderia se constituir com a condição de que, pelo
pensamento, os estados se tornassem simultâneos e, por conseguinte, de que fossem
subtraídos ao desenrolar temporal da ação.

As três condições essenciais do plano sensório-motor para o plano reflexivo: em


primeiro lugar, um aumento das velocidades que permite fundir, em um conjunto
simultâneo, os conhecimentos associados às fases sucessivas da ação. Em
seguida, uma tomada de consciência, não mais simplesmente dos resultados
pretendidos da ação, mas de seus próprios procedimentos (démarches),
permitindo assim duplicar a busca do êxito pela constatação. Finalmente, uma
multiplicação das distâncias, permitindo prolongar as ações relativas às próprias
realidades por ações simbólicas incidindo sobre as representações e superando,
assim, os limites do espaço e do tempo próximos
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DAS OPERAÇÕES
Pensamento Simbólico e pré-conceitual ( 2 - 4 anos )

Desde os últimos estágios do período sensório-motor a criança é capaz de


imitar algumas palavras e atribuir-lhes uma significação global, mas é
somente por volta do final do segundo ano que se inicia a aquisição
sistemática da linguagem.
Ora, a observação direta da criança, assim como a análise de alguns
distúrbios da fala, colocam em evidência o fato de que a utilização do
sistema dos signos verbais deve-se ao exercício de uma “função simbólica”
mais geral, cujo caráter próprio consiste em permitir a representação do
real por intermédio de “significantes” distintos das coisas “significadas”.
Até mesmo, no terreno do pensamento adaptado – ou seja, dos primórdios
da inteligência representativa associada, de perto ou de longe, aos signos
verbais –, é importante observar o papel dos símbolos em imagens e
constatar o quanto o sujeito permanece longe de atingir, durante os
primeiros anos, os conceitos propriamente ditos. Desde a aparição da
linguagem até cerca de 4 anos, deve-se distinguir, com efeito, um período
inicial da inteligência pré-conceitual que é caracterizado pelos pré-
conceitos ou participações e, no plano do raciocínio incipiente, pela
“transdução” ou raciocínio pré-conceitual.
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DAS OPERAÇÕES
Pensamento Intuitivo ( 4 - 8 anos )
É somente a observação que permite analisar as formas de pensamento,
descritas há pouco, pelo fato de que a inteligência das crianças
pequenas continua sendo demasiado instável para que seja possível
questioná-las de forma útil. Pelo contrário, a partir dos 4 anos,
aproximadamente, breves experiências que sejam feitas com o sujeito,
levando-o a manipular os objetos utilizados por essas experiências,
permitem obter respostas regulares e prosseguir a conversação. Esse
fato, por si só, constitui já o indício de uma nova estruturação.
Com efeito, de 4 a 7 anos, assiste-se a uma coordenação gradual das relações representativas
– portanto, a uma conceitualização crescente – que, da fase simbólica ou pré-conceitual,
conduzirá a criança ao limiar das operações. Mas, aspecto bastante notável, essa inteligência
– cujos progressos, muitas vezes rápidos podem ser acompanhados – continua sendo
constantemente pré-lógica, e isso nos terrenos em que ela chega a seu máximo de adaptação:
até o momento em que o “agrupamento” indica o termo dessa sequência de equilibrações
sucessivas, ela supre ainda as operações inacabadas por uma forma semissimbólica de
pensamento que é raciocínio intuitivo; e ela só controla os julgamentos por meio de
“regulações” intuitivas que, no plano da representação, são análogas ao que são as
regulações perceptivas no plano sensório-motor.

Esse pensamento intuitivo está avançado em relação ao pensamento pré-conceitual ou


simbólico: incidindo essencialmente sobre as configurações de conjunto – em vez das figuras
simples semi-individuais, semigenéricas –, a intuição conduz a um rudimento de lógica, mas
sob a forma de regulações representativas e não ainda, de modo algum, de operações.
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DAS OPERAÇÕES
Operações concretas ( 8 - 12 anos )

Desenvolvimento do pensamento: O texto aborda o desafio de compreender


o desenvolvimento do pensamento, particularmente em relação às
operações lógico-aritméticas e espaçotemporais.

Transição de intuição para operações: Destaca a importância de


compreender o momento em que as intuições articuladas se transformam
em sistemas operatórios, que não pode ser definido por mera convenção.

Equilíbrio entre assimilação e acomodação: Discute a importância do


equilíbrio entre a assimilação das coisas à ação do sujeito e a acomodação
dos esquemas subjetivos às modificações das coisas, que é alcançado com o
"agrupamento".
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DAS OPERAÇÕES
Operações formais ( 12 - adolescência )

Defasagens no desenvolvimento cognitivo: O texto explora defasagens horizontais


e verticais no desenvolvimento cognitivo, onde as defasagens horizontais ocorrem
no mesmo período e as verticais envolvem transições entre coordenações sensório-
motoras e representativas.

Desenvolvimento das operações formais: O início das operações formais por volta
dos 11-12 anos requer uma reconstrução para transcender os agrupamentos
concretos, marcando uma mudança significativa em relação ao pensamento
concreto.

Diferença entre operações concretas e formais: A dificuldade psicológica nas


operações formais é ilustrada, destacando que problemas simples, como a
seriação de termos apresentados de forma desordenada, podem ser desafiadores
em um contexto formal, enquanto são resolvidos de forma mais fácil no
pensamento concreto. Essa diferença é atribuída à natureza das premissas e ao
raciocínio formal independente das operações concretas.
HIERARQUIA DAS OPERAÇÕES
e sua diferenciação progressiva

Uma conduta é um intercâmbio funcional entre o sujeito e os objetos, que pode ser ordenado segundo uma
sucessão genética baseada nas distâncias espaciais e temporais que caracterizam os trajetos dos intercâmbios.
Os níveis de desenvolvimento do pensamento operatório são: inteligência sensório-motora, pensamento
representativo (simbólico e intuitivo), operações concretas e operações formais, cada nível é caracterizado por
uma nova coordenação e uma diferenciação dos elementos fornecidos pelos níveis anteriores, que constituem
totalidades de ordem inferior.
A inteligência sensório-motora é o nível pré-simbólico, em que o sujeito interage diretamente com o objeto por
meio de esquemas perceptivos, habituais e sensório-motores. Nesse nível, há uma indiferenciação entre os
agrupamentos espaciotemporais, lógico-aritméticos e práticos.
O pensamento representativo é o nível em que o sujeito evoca os objetos ausentes por meio de símbolos ou
imagens. Nesse nível, há uma diferenciação entre os agrupamentos práticos e a representação, mas ainda há uma
indiferenciação entre as operações lógico-aritméticas e as operações espaçotemporais.
As operações concretas são o nível em que o sujeito realiza operações reversíveis sobre objetos presentes ou
representados. Nesse nível, há uma diferenciação entre as operações lógico-aritméticas (classes, relações e
números) e as operações espaçotemporais ou infralógicas.
As operações formais são o nível em que o sujeito realiza operações hipotético-dedutivas sobre proposições verbais
ou simbólicas. Nesse nível, há uma diferenciação entre as operações associadas à ação real e as operações que
incidem sobre o universo do possível.
A DETERMINAÇÃO DA SAÚDE MENTAL

Existem testes de nível, que visam estimar o grau de retardo ou de avanço dos indivíduos
em relação à idade média estatística. Esses testes foram iniciados por Binet e Simon, e se
baseiam em uma variedade de provas que avaliam o rendimento global da inteligência,
sem atingir as operações construtoras. Os testes de fatores, que visam diferenciar as
diversas aptidões especiais envolvidas no mecanismo do pensamento. Esses testes foram
desenvolvidos por Spearman e sua Escola, e se baseiam em métodos estatísticos para
deduzir as correlações entre os resultados das provas. Um dos fatores propostos por
Spearman é o "fator g", que exprime a inteligência geral ou a eficiência comum do
indivíduo. Os testes de operações, que visam determinar as próprias operações à
disposição do indivíduo, no sentido genético e construtivo, foram aplicados por Inhelder,
que utilizou a noção de agrupamento para diagnosticar o raciocínio dos débeis mentais,
dos imbecis e dos retardados simples. Esses testes se baseiam na análise das noções de
conservação da substância, que indicam os níveis de desenvolvimento das operações
concretas e formais

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