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Sistema Psicomotor Humano de Vitor da Fonseca

Fatores Psicomotores e Significação Psiconeurológica


 Tonicidade
o Base da organização das informação sensorial,
o Permite respostas adaptativas posturais e preparando e guiando a ação
o Função primordial – preparação da musculatura para as mais variadas formas de
ação
o Poderá haver hipotonicidade (passividade exagerada aliada a flacidez e moleza de
movimentos) ou hipertonicidade (espasticidade e inflexibilidade acompanhadas de
rigidez.
o Dificuldades na manutenção da postura de sentado e na execução dos movimentos
necessários.
o Dificuldade em manter postura de base estável, obstáculo para a movimentação
dos membros superiores e condicionamento na execução de movimentos precisos.
o Problemas a nível do desenvolvimento psiconeurológico e ainda problemas
posturais e de desenvolvimento das aquisições relativas à locomoção.
o Persistência das reações tónico-emocionais  disfunção tónica.
 Equilibração
o Condição básica de toda a organização psicomotora
o Compreende multiplicidade de ajustamentos posturais e antigravíticos que servem
de suporte a toda a resposta motora
o Instabilidade postural  conhecimento adquirido não é adequado.
o Não há automatização das funções antigravíticas  cérebro tem de dispor sua
energia e tempo a controlar essas funções o que não permite a sua focagem no
processamento de informações simbólicas.
o Distúrbios ao nível da perceção e da memória (centros cerebelosos, límbicos,
talâmicos), afetam realização das praxias.
o Disfunção ao nível do controlo postural  interfere com atividade motora, atividade
emocional, cognitiva, percetiva, social e simbólica.
o Aquisições posturais constituem pré-requisitos para as aquisições humanas
específicas
 Lateralização
o Integração bilateral postural do corpo, aquisição básica à orientação no espaço,
fundamental para organização diferenciada de ações complexas.
o Postura abre caminho à linguagem através da função da lateralização.
o Se a informação corporal e espacial não for convenientemente transferida, os
hemisférios cerebrais não irão funcionar adequadamente (quando um falha, o outro
tem de compensar)
o Se os circuitos disponíveis para os programas simples não estão funcionais, os
circuitos dos programas mais complexos têm de entrar em atividade,
comprometendo a sua especificidade.
o Dificuldades ao nível da dissociação dos membros, dificuldades em integrar a
posição dos dois lados e a forma como estes se relacionam.
o Indispensável ao controlo postural e ao controlo percetivo-visual.
 Noção do Corpo
o 4º fator da BPM, segunda unidade funcional de Luria, cuja função é receção,
análise e armazenamento da informação.

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o Ligação sequencializada da informação motora à informação psíquica, e
psicológica.
o Compreende representação mais ou menos consciente do nosso corpo, dinâmica e
postural, posicional e espacial que encerra revestimento cutâneo que nos põe em
contato com o mundo exterior.
o Revela a capacidade de o indivíduo se reconhecer como um objeto no se próprio
campo percetivo, de onde resulta autoestima e autoconceito.
o Através desta noção que o sujeito elabora e planifica as suas ações de acordo com
o input sensorial
o Evolução da criança é sinónimo de uma consciencialização e de um conhecimento
cada vez mais profundo do seu corpo.
o Problemas ao nível da noção do corpo  autoconceito negativo, fraco
desenvolvimento do sistema táctil, não diferenciação e nomeação das partes do
corpo, desorientação espacial e direcional, baixa autoestima, autoimagem, devido a
disfunção ao nível da somatognósia.
o Implicações psiconeurológicas nas áreas académica, social, familiar,
comportamental, psicológica e motora.
o Problemas relacionados com distratibilidade, impulsividade cognitiva,
hiper/hipoactividade, ansiedade, inibição excessiva.
o Problemas ao nível da consciencialização corporal, desenvolvimento da linguagem
estará comprometido, o que irá afetar o desenvolvimento da atividade simbólica e
desempenho académico.
o Problemas a este nível vão refletir-se num movimento que não corresponde ao
proposto transparecendo dificuldades em corrigi-lo.
 Estruturação Espácio-Temporal
o Prende-se com estímulos tanto sensoriais como visuais e auditivos que vão permitir
a compreensão do espaço e do tempo envolventes do indivíduo.
o Desenvolve uma consciencialização espacial interna do corpo, dependente da
organização funcional da lateralização e noção do corpo.
o Problemas a este nível  execução antecipada ou retardada dos movimentos não
respeitando o seu momento de realização, incorreta utilização do espaço,
desrespeito pelas distâncias.
o Desenvolvimento desadequado deste fator pode dever-se a problemas ao nível
visual e auditivo, que podem condicionar o desenvolvimento das aptidões
simbólicas
 Praxia Global
o Organização da atividade consciente e a sua programação, regulação e verificação.
Localizada nas regiões anteriores do córtex (lóbulos frontais).
o Estudo das formas de construção e planeamento de movimentos voluntários,
compreende tarefas motoras sequenciais globais.
o Exige integração e interação das primeiras duas unidades funcionais. Rechama
tonicidade e equilibração, bem como a lateralização, noção do corpo e estruturação
espácio-temporal. Permite portanto observar o grau de integração cortical dos
fatores.
o Qualquer alteração no processo de criação de programas motores pode influenciar
o desempenho de um indivíduo na realização de uma tarefa relativa à praxia global.
o Quando ocorrem problemas ao nível deste fator, podem-se dever a uma
desorganização do córtex, (área 6 de Broadman), responsável pela planificação
motora.

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o Não é possível observar fraca integração sensorial ou psicomotora, pelo que o que
se observa diretamente são as dispraxias e as descoordenações motoras.
o Perturbações a este nível irão condicionar a movimentação e posição dos grandes
grupos musculares do braço e antebraço.
 Praxia Fina
o Compreende tarefas motoras sequenciais finas, relacionada com área 8 (está
agregada à função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da
atenção e durante as manipulações de objetos que exigem controlo visual. Abrange
também funções de programação, regulação e verificação das atividades
preensivas e manipulativas mais finas e complexas.
o Integra todas as considerações e significações psiconeurológicas da praxia global.
o Problemas a este nível: dificuldade de posicionamento correto dos dedos.
o Dificuldades evidenciadas costumam estar associadas a dificuldades posturais.
o Crianças com DA apresentam simultaneamente problemas percetivos e práxicos.
o Problemas percetivo-visuais, propriocetivos, de coordenação e inibição cerebelosa
e ainda problemas ao nível da automatização.
Relação com áreas de Luria
 1ª unidade - regular estados tónicos de alerta e estados mentais, nomeadamente: de
atenção, sono, vigília, tonicidade, de inibição/facilitação, de integração sensorial e
modelação neurotónica.
o Compreende a tonicidade e o equilíbrio.
o Tonicidade exerce função de alerta e vigilância que exige a mobilização de certa
energia essencial à ativação dos sistemas seletivos de conexão.
o Equilibração função determinante na construção do movimento voluntário, condição
indispensável de ajustamento postural e gravitacional.
 2ª unidade - receção, análise e armazenamento da informação.
o Compreende lateralização, noção do corpo e estruturação espácio-temporal.
o Lateralização respeita a progressiva especialização dos dois hemisférios como o
resultado das funções sócio-históricas do trabalho e da linguagem, tendo adotado
inclusive a designação de hemisfério “dominante” para o esquerdo e
“subdominante” para o direito. Retrata organização inter-hemisférica em termos de
dominância.
o Noção do corpo (somatognosia) onde são projetadas somatotopicamente as
informações intracorporais, cujo substrato neuroatómico compreende os lóbulos
parietais.
o Estruturação espacial tem funções de receção, processamento e armazenamento
espacial, que requerem uma estruturação percetivo-visual, que envolve as áreas
visuais do córtex occipital.
 3ª unidade - responsável pela programação, regulação e verificação da atividade. Acentua
sobretudo, na planificação motora, isto é, na elaboração, execução e correção práxica.
o Compreende praxia global e praxia fina
o Praxia global compreende as áreas pré-motoras, pois compreende tarefas motoras
sequenciais globais, com participação dos grandes grupos musculares.
o Praxia fina consta de tarefas de dissociação digital e de preensão construtiva com
significativas participações de movimentos dos olhos e da coordenação óculo-
manual e da fixação da atenção visual.
Segurança Gravitacional
 A segurança gravitacional está na base do controlo postural e da equilibração, traduzindo a
integridade do sistema vestibular, responsável pela deteção do movimento e da gravidade,

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organizando e participando na elaboração de repostas posturais e adaptações de
equilibração. Este sistema está por isso necessariamente envolvido em funções de
vigilância, de alerta e de atenção associadas à primeira unidade funcional. A insegurança
postural compromete todo o desenvolvimento emocional e psicomotor, estando na origem
da eclosão das dificuldades de aprendizagem, uma vez que era instabilidade emocional,
hiperactividade, ansiedade, distratibilidade, alterando todas as condições necessárias ao
processamento de informação (Fonseca, 2010).

Desenvolvimento Psicomotor
Leis do Desenvolvimento
 A aquisição de uma função depende da elaboração das estruturas anatómicas que lhe são
indispensáveis
 Lei da Diferenciação
o A motricidade global no recém-nascido afina-se progressivamente.
 Lei da Variabilidade
o Evolução faz-se no sentido de um aperfeiçoamento progressivo.
 Lei Céfalo-Caudal
o Cima para baixo
 Lei Proximo-Distal
o Do meio para as extremidades
Do nascimento aos 2 anos
 Motricidade
 Reflexos
o Os reflexos e as respostas de um recém-nascido permitem que ele reaja ao
ambiente. São instintivos e servem para proteção.
o Busca
o Mão-boca
o Tónico do pescoço
o Babinski e preensão
o De caminhar
o Levantar a cabeça
o De Moro
 Preensão
 Marcha
 Visão
 Sistema Auditivo
Depois dos 2 anos
 Controlo tónico-motor
 Lateralização
 Esquema Corporal
Psicologia do Desenvolvimento (principais orientações)
 Maturacionista (Gesell)
o Desenvolvimento como fruto da conjugação da maturação e da atualização do
potencial genético do indivíduo.
o O envolvimento intervém apenas moderadamente no desenvolvimento das
sequências desenvolvimentais - variações muito limitadas relativamente ao
desenvolvimento do programa genético.
 Comportamentalista (Watson & Skinner)

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o O envolvimento tem um papel importante porque promove experiências variadas,
as quais constituem a base das aprendizagens.
 Psicanalítica (Freud)
o É a criança que explica o adulto
o No desenvolvimento, o papel do envolvimento torna-se preponderante
relativamente ao da maturação. O indivíduo é moldado pelas suas experiências
pessoais e interpessoais.
o Todos os acontecimentos vividos na infância eventualmente aparentemente
esquecidos determinam o funcionamento psíquico do adulto.
 Etológica (Lorenz, Harlow)
o Abordagem relacionada com o estudo biológico do comportamento dos animais
o A observação do comportamento de bebés em condições de isolamento social, e a
necessidade de contacto social como uma característica inata da espécie-
 Cognitivo-Construtivista (Piaget)
o Abordagem relacionada com o estudo da criança como meio de acesso ao
funcionamento mental dos adultos - epistemologia genética: estudo das
transformações do conhecimento, da criança à idade adulta.
o Atribui maturação um papel necessário, mas não suficiente para explicar o
desenvolvimento, dado que são essenciais outros fatores como:
 Experiência oferecida pelo envolvimento para atualizar as potencialidades
proporcionadas pela maturação
 Transmissão social
 Equilíbrio das estruturas cognitivas
 Psico-Social (Wallon)
o Desenvolvimento integrado dos processos cognitivos, afetivos e sociais da
personalidade da criança
o Criança é um ser social, que constrói progressivamente a sua identidade através
das relações com o outro
o O envolvimento permite atualizar as potencialidades do programa genético
o Conceitos centrais residem na importância primordial atribuída à emoção, ao
movimento, à imitação e à evolução dialética da personalidade
Teoria Piagetiana
 A inteligência como um meio de ADAPTAÇÃO, que é o resultado de um equilíbrio
permanente entre dois processos associados:
 Assimilação
o Assimilação funcional, quando a inteligência integra os dados novos da
experiência, aos esquemas de ação pré-existentes (modos de reações suscetíveis
de se reproduzir e de se generalizar)
o Necessidade crescente de repetição de uma ação - consolidação do esquema
correspondente
o Aplicação do mesmo esquema a objetos diferentes (Sucção do seio, do dedo ou de
um objeto)
o Discriminação dos diferentes objetos aos quais foi aplicado o mesmo esquema, por
discriminação dos efeitos
o Processo pelo qual cada esquema se torna capaz de integrar o domínio de outro
(coordenação de esquemas de visão e de preensão-pegar o que vê e olhar o que
pegou)
 Acomodação

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o Após a assimilação aos esquemas do sujeito, a inteligência modifica esses
esquemas, para os ajustar aos novos dados.
 Estádios de Desenvolvimento
o Sensório-Motor (0 aos 2) - 6 sub-estádios
 Utilização rítmica de esquemas sensório-motores primitivos e reflexos
 Aquisição de hábitos sensório-motores por assimilação reprodutora e por
generalização
 Repetições intencionais de descobertas fortuitas, mas sem que o laço de
causalidade seja claramente percebido. Aparecimento da coordenação
óculo-manual.
 Utilização de um meio já conhecido para um objetivo novo.
 Procura ativa de meios novos de esquemas para atingir um dado objetivo,
por combinação de vários esquemas, mas sempre por tentativas.
 Combinação imediata de esquemas sem tentativas. A criança descobriu de
forma experimental, as leis que regem o deslocamento de um objeto
(permite acesso à permanência do objeto)
o Pré-Operatório (2 aos 6)
 Acesso à função simbólica
 Com o desenvolvimento da interiorização, a inteligência deixa de ser
puramente sensório-motora ao destacar-se da perceção imediata e
diferir a ação para pensar graças à representação mental.
Estabelece-se assim o acesso à função simbólica.
 A função simbólica é a capacidade adquirida pela criança a partir do
ano e meio, para representar qualquer coisa por um símbolo ou um
signo. Até aí, a criança só conhecia e utilização os índices.
 Fase do pensamento pré-conceptual
 O pré-conceito está a meio caminho entre a generalização do
conceito e a individualidade dos seus elementos.
 Fase do pensamento intuitivo
 O raciocínio é pré-lógico. É capaz de raciocinar logicamente, mas só
sobre uma parte dos dados.
 Egocentrismo intelectual: durante o período pré-operatório, dado que não se
consegue descentrar do seu próprio ponto de vista permanecendo presa às
suas perceções sucessivas. Pensamento irreversível.
o Operações concretas (6 aos 12)
 Implica a descoberta de permanências. As regulações intuitivas dão lugar
ao pensamento estruturado e lógico, que as engloba simultaneamente,
acedendo à reversibilidade e à dedução. A criança é capaz de distinguir,
nas mudanças, o que é invariante.
 Pensamento lógico só se pode aplicar a operações concretas, de alguma
forma ligadas aos objetos percetíveis e adquire-se em diferentes idades.
o Operações formais (12 )
 Capaz de destacar o seu raciocínio das operações concretas para o aplicar
diretamente sobre enunciados verbais e puras hipóteses (raciocínio
hipotético-dedutivo).
 Permanência do objeto
o Fase adualística: criança só se interessa por um objeto em função do seu desejo
imediato. Na ausência de desejo, o objeto deixa de existir para ele.

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o Fase de permanência parcial do objeto: a partir da coordenação óculo-manual, o
objeto distingue-se do desejo imediato da criança, e ela procura-o ativamente, mas
somente nos limites do seu campo percetivo. Escondido o objeto, cessa a procura.
o Fase da permanência do objeto: criança já é capaz de combinar vários esquemas
motores e desenvolve-se até aos 18 meses, com a aquisição do agrupamento de
deslocamentos.
Teoria de Wallon
 Ideias principais (4)
o A maturação do sistema nervoso representa a base do desenvolvimento -
integração das experiências e expressão das possibilidades intelectuais.
o Evolução da inteligência - diferença progressiva, que parte do pensamento
sincrético, para o pensamento objetivo, graças à diferenciação entre o EU e o
outro, entre sujeito e objeto.
o De uma inteligência prática para uma inteligência discursiva concetual (pela
interiorização representativa do ato surge o pensamento interior)
o As descobertas intelectuais passam por jogos de oposição qualitativos antes de
serem quantitativos.
 Estádios de desenvolvimento
o Impulsivo (0 - 6 meses)
 Reações tónicas e clónicas espasmódicas, descoordenadas;
 Expressão de atração ou repulsa, prazer ou desprazer.
o Tónico emocional (6 - 12 meses)
 Gestos, atitudes e mímicas, como expressão de necessidades
 A emoção como uma pré-linguagem despoletadora da ação.
o Sensório-motor (12 aos 24 meses)
 Reação circular
 Preensão e manipulação (coordenação visuo-motora)
 Marcha
o Projetivo (2 aos 3 anos)
 Expressão gestual e verbal
 Organização das representações
 Imitação
o Personalístico (3 aos 6 anos)
 Preponderância da atividade de relação
 Construção do EU e organização das relações afetivas
 Movimento antecipado pela representação
o Categorial (6 aos 11 anos)
 Pré-categorial
 Categorial
o Da puberdade e adolescência (11 aos 16 anos)
 Preponderância das necessidades do EU e das preocupações da pessoa
 Diferenciação feminino-masculino gera instabilidade no esquema corporal e
imagem corporal
 Grupos de adolescência
 Deslocamentos passivos ou endógenos
o Incapacidade para motricidade autónoma
o Simbiose fisiológica e afetiva
o Integração sensorial basicamente interoceptiva
o Atividade de relação impulsiva

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o Diálogo tónico-vinculativo
o Hipotonicidade axial inicial
 Deslocamentos ativos ou exógenos
o Predomínio da integração do sentido vestibular e táctilo-quinestésico
o Maturação do SNC ligada à equilibração e locomoção e à preensão
o Motricidade mais integrada - intencionalidade pela marcha e preensão
o Gestualidade, mímica e pantomina ligadas a interações motoras e afetivo-
relacionais pré-figuram competências pré-simbólicas
 Deslocamentos práxicos
o Predomínio da integração sensorial exterocetiva - exploração centrada no exterior
o Organização da motricidade dependente da interação da função tónica e clónica
o O tónus como suporte da motricidade, da cognição e da expressão somática da
afetividade
o Aferência e processamento informacional cortical dependentes dos reajustamentos
sensório-tónicos
o Somatognósia assegura integração da experiência
Vinculação
Fases da Vinculação
o Orientação e sinais com uma discriminação limitada das figuras (até 3 meses)
 Interações sociais sem intenção (iniciar, manter, terminar)
 Incapazes de diferenciar uma pessoa da outra, mas há interação com o
outro
 Sem capacidade de auto-regulação necessitando da responsividade do
prestador de cuidados
 Estas interações possibilitam a maturação de processos cognitivos
o Orientação e sinais dirigidos para uma (ou mais) figura(s) (3 aos 6 meses)
 Enfoque numa figura
 Resposta ao que é familiar, exibição de comportamentos diferentes para
com terceiros, e sempre mantendo o contacto visual com a mãe
 No segundo trimestre, há uma complexidade e uma troca afetiva baseado
na experiência que adquiriu na primeira fase.
o Manutenção de proximidade com uma figura discriminada através de locomoção e
de sinais (6 aos 24 meses)
 Aquisição da locomoção e da linguagem, permite uma comunicação efetiva
com o prestador de cuidados
 Exploração do envolvimento e descoberta da noção de objeto permanente
 Comportamentos face a um objetivo mais marcado, para regular a
proximidade
 Origem da relação de vinculação
o Formação de relação recíproca (após 24 meses)
 Capacidade primitiva de tomar o ponto de vista do outro
 Maior sofisticação nos comportamentos de vinculação utilizadas
 Compreensão dos planos que devem ser adotados para chegar até à mãe
 Capacidade de aceitar a separação mais prolongada
Influências na vinculação
o Características da mãe
 Presença de ‘acessibilidade’ e ausência ‘inacessibilidade
 Saúde psicológica, bem-estar, certas características da personalidade
 Autoconfiança, independência, alegria, adaptabilidade e afetividade

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 Ansiedade pré-natal gera uma insegurança na vinculação
o Características do pai
 Sensibilidade paterna não tem relação com segurança de vinculação
 O pai tem um papel relevante na exploração do meio, situação de jogo
 Nas interações sociais com os irmãos e pares, manutenção do se
comportamento social e emocional adequados.
Como se avalia a vinculação
 Situação estranha
o Organização Segura
 Estratégias de proximidade, como formas de protesto à separação da mãe
 As figuras de vinculação aproximam-se dela, brincam, conferindo uma base
de apoio
 Exploração do meio por parte da criança
o Organização Inseguro-Evitante
 Criança afasta-se, ignora a figura materna e procura o objeto
 As mães desvalorizam as necessidades de vinculação dos filhos
 Pode originar perturbações comportamentais
o Organização Insegura Ambivalente-Resistente
 Resistência ativa no contacto e procura de contacto
 Inibição ou dificuldade na exploração do envolvimento
 Comportamentos de irritação ou passividade
o Organização Desorganizada-Desorientada
 Presença simultânea de comportamentos contraditórios, movimentos
despropositados e assimétricos, posturas anómalas
 Sinais de apreensão em relação à figura de vinculação
 Expressões de desorganização, desorientação e confusão
 Em amostras de risco, em que existem maus tratos, a desorganização da
vinculação aumenta.
Teoria do apego
 Experiência ameaçadora
 Procura de Proximidade
 Obtenção de Segurança
 Exploração do mundo
Construção do apego
 A preocupação consigo próprio
 Contacto com objetos numa situação antecipatória repetida
 Coordenação postural e motora e o sentimento de continuidade de existência
 O eixo corporal, a verticalidade, o equilíbrio dinâmico e o sentimento de identidade
psicomotora
 Viver o corpo próprio como primeiro espaço psíquico.
Diálogo tónico como primeira linguagem
 Comunicação  emoção inicialmente revelada através da expressão tónica
 Gestos/movimentos expressivos  carregados de emoção
 Corpo como meio expressivo e como primeira linguagem
Teoria Ecológica da Vinculação
 Relação da vinculação é influenciada pela qualidade de relação do casal, contexto familiar
e apoio social
O que proporciona uma vinculação segura

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 Relações de maior qualidade com a figura de vinculação, com irmãos, melhores amigos,
pares em geral
 Autonomia em relação ao cuidador, autoestima e autoconfiança, autoconceito positivo
 Jogo simbólico, mais entusiasmo, persistência e cooperação na resolução de problemas e
capacidade para lidar temporariamente com o stress
 Competências nas relações emocionais, competências na linguagem e menor
probabilidade de desenvolvimento de problemas de comportamento na infância
Perturbações precoces da Vinculação
 Perturbações da ausência de vinculação (mais grave)
o Dificuldades na: autorregulação, autoproteção, procura de conforto e segurança,
expressão do afeto, cooperação e exploração
o Incluem 2 tipos de perturbações nas quais não existe vinculação:
 Perturbação da vinculação com retraimento emocional - criança é retraída,
inibida, sem vinculação
 Perturbação com sociabilidade indistinta - a criança procura conforto e
interações sociais com estranhos, sem as reservas adequadas à idade
 Perturbações da base de segurança
o Criança apresenta uma vinculação preferencial a uma figura de vinculação - as
perturbações específicas de uma relação particular.
o 4 categorias:
 Perturbações da vinculação “com pôr em perigo”. A criança:
 Vai contra o objetivo da vinculação
 Afasta-se da figura de vinculação
 Envolve-se em atividades perigosas/provocadoras
 Perturbações da vinculação com agarrar e exploração inibida
 Inibição da exploração
 O facto da inibição ser específica de determinada relação diferencia-
a de aspetos temperamentais.
 Perturbações da vinculação com vigilância e submissão excessivas
 Hipervigilante
 Restrição emocional com submissão exagerada às exigências do
progenitor
 Associada a uma relação marcada pelo abuso e pelo terror
 Perturbação da vinculação com inversão de papéis
 Suporte de carga emocional desajustada ao desenvolvimento
 Controlo da crianças sobre os pais
 Importante determinar este tipo de relação pode comprometer o
desenvolvimento da criança
 Ruturas do laço de vinculação
o Perda da figura de vinculação
 Morte do progenitor
 Mudança sucessiva de famílias de acolhimento
 Desenvolvimento da sequência:
 Protestodesesperodesapego
Vinculação na Adolescência
Processos importantes na construção do EU psico-corporal
 Imitação
 Imagem Mental
 Jogo Simbólico

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 Linguagem
 Desenho
Psicomotricidade
 Importância da Psicomotricidade
o A psicomotricidade constitui uma abordagem nova do corpo e da motricidade
humana
o O seu objeto é o sujeito humano total (e não o seu corpo) e as suas relações com o
corpo, sejam elas integrativas, emocionais, simbólicas ou cognitivas
o Propõe desenvolver qualidades expressivas do sujeito, nas quais por esse
contexto, assume uma dimensão educacional e terapêutica original, com objetivos
e meios próprios
o Em psicomotricidade o fim do movimento e do “não movimento” não está em si
próprio, mas naquilo que o origina (motivação), que o justifica (intencionalidade) e
que o planifica e controla (funções psíquicas superiores) – o importante é o que
está por detrás do gesto, a intenção
o As atividades realizadas têm uma determinada finalidade e existe sempre um
controlo na sua totalidade, uma vez que o seu grande objetivo é o desenvolvimento
humano
o Há um processo de reconstrução que permite uma aquisição de capacidades antes
não possíveis
 Componente Instrumental
o Situações-problema apelando à descoberta guiada e ao pensamento divergente -
evitar a demonstração.
o O papel da verbalização - na antecipação e na avaliação da atividade -
interiorização da ação.
o A importância da mediação cognitiva entre o estímulo e a resposta - favorecer a
análise, a integração e elaboração da informação
o Situações desenvolvidas através da variabilidade das condições espaciais e
temporais de realização
o A exploração das múltiplas formas de expressão (motora, verbal, sonora, gráfica,
por cores, plástica)
o A praxia associada à gnosia - a experimentação sensório-motora - associada à
perceção e simbolização das ações.
 Componente Relacional
o O reviver regressivo da relação primordial maternal - tónico-emocional
o A sessão - um local de prazer e de afirmação dos desejos
o Os objetos como mediadores entre a realidade interna e externa e como meio para
as produções simbólicas
o A comunicação estabelecida essencialmente no plano não-verbal
o O papel do jogo (de exercício, simbólico, de construção e de regras)
o O terapeuta como espelho dos desejos da criança e mediatizador da sua relação
com o envolvimento
o O papel da regressão e da transitividade (acesso ao simbólico e ao social).
 Especificidade do Psicomotricista
o Centração nas significações das manifestações corporais através de um diálogo
tónico-emocional
o Inscrever a pessoa num processo de autonomização, de previsibilidade e de
antecipação

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o Investimento de e no corpo, pela sua tomada de consciência, e por intermédio do
outro, num progressivo assumir de distância, relacional e simbólica
o Investimento na espera e na escuta como meios de aceso à representação. Um
espaço de pensamento e de ação, de investimento na regularidade e continuidade
o Investimento relacional e social do corpo, na promoção da diferenciação do mundo
interno e externo (movimento físico torna-se psíquico)
Terapia Psicomotora em meio aquático
Importância da Água
 O homem no meio aquático assiste à sua formação no meio intra-uterino.
 É no “meio aquático” que nos formamos, estamos envolvidos no meio amniótico. Daí a
importância da água nas nossas vidas.
 A água é um bem essencial, não devemos ligar a mitos que nos causam medo e algum
pavor, pois a água proporciona-nos o bem e um bom desenvolvimento, mas para isso é
necessário uma adaptação
 Sem confiança, o processo de adaptação da água será lento, assim convém que a criança
tenha ao seu tempo todo um conjunto de pessoas com quem possa confiar, tal como os
pais (ou outro tipo de acompanhantes) e os técnicos
 Pais
o Espaço de partilha, lazer e relaxação
o Proporciona partilha da dinâmica familiar
o Intervenção e acompanhamento
o A água é um espaço simbólico e cultural, geradora de segurança, confiança e
conforto
o Os pais são um elemento relacional, mediador entre a equipa/técnico e o
bebé/criança
o A água proporciona momentos de terapia e apoio aos pais
 Técnicos
o Focalizar a sua atenção nas capacidades dos bebés na sua interação com o novo
meio
o Verificar a atitude de experimentar, explorar, de potencializar a motricidade
o Tomar em referência o desenvolvimento psicomotor do bebé/criança
o Importantes acompanhantes para os pais
o Ajuda técnica aos bebés/crianças sobre o plano corporal
o Acompanhamento relacional e dinamizador junto dos bebés/crianças e dos pais
o Função de sustentar – favorecer um diálogo tónico-emocional e afetivo-corporal
o Conhecer e apoiar os pais/acompanhantes
 Bebés
o Proporcionar um desenvolvimento psicomotor e psicoafectivo
o Proporcionar comportamentos que levam a um bom crescimento do bebé levando à
verticalização
o O olhar permite conquistar espaços na horizontalidade/verticalidade (perto-longe)
o A água é um espaço de jogo por excelência, permitindo passar por etapas de
maturação do equilíbrio e coordenação
o O ritmo do jogo é em função da personalidade e desenvolvimento de cada um
o As vivências de experiências na água irão enriquecer o desenvolvimento
psicomotor
 Na psicomotricidade
o Água um meio envolvente que obriga à mudança dos comportamentos

Leila Sofia Cerca, RPM2 2010/2011


o A extensão, transparência, profundidade, barulho, cheiro, movimento e impulsão
provocam sensações térmicas, auditivas e quinestésicas
o A adaptação pode ser considerada como uma forma de transformar o corpo por um
processo interno que a estimulação irá desencadear e desde modo modificar a
noção corporal e a tonicidade
o A água favorece o desenvolvimento psicomotor, é um espaço de partilha das
vivências corporais e de prazer/lazer entre adultos e bebés/crianças
o Mantém e prolonga o contacto corporal, proporciona a liberdade de movimentos
o Provoca alterações da imagem, na forma, distância a que os objectos se encontram
o Pela motricidade aquática elabora-se uma análise de distribuição espacial dos
órgãos de informação e locomoção
o O desenvolvimento psicomotor permite a manutenção corporal e psíquica
o A água possibilita a marcha vertical, autonomia, estando associada ao
desenvolvimento psicológico permitindo mais projecção de ideias e relações
cognitivas
o A água permite e sustém um diálogo tónico-emocional e afectivo-corporal
o A psicomotricidade vai estimular as áreas cujo individuo apresenta necessidades
de apoio.
o O apoio e o manuseio dá segurança, em que tocar e ser tocado aumenta o diálogo
tónico-emocional
o A água é um espaço de confiança e a linguagem utilizada é uma linguagem
corporal
Respiração
 Elemento essencial
 Frequência respiratória
 Integrar e coordenar
 Conhecer o espaço para maior segurança
Flutuação
 Desenvolvimento
 Relação tónico-postural
 Redução do esquema corporal (4/6 anos)
Importância da Imersão
 Permite a conquista de novos horizontes do mundo exterior
 Novo desafio debaixo de água – espaço para conquistar
 É fundamental a respiração e deve ser aprendida a capacidade de apneia
 Passagem da inspiração-expiração de novo automático para voluntário
 Passagem da verticalidade para a horizontalidade
 Pode ser facilitada através de saltos, jogos
Intervenção Prática na água
 Função de sustentar e favorecer um diálogo tónico-emocional e afectivo-corporal (noção
de envelope sensorial, corporal e relacional)
 Apoio e manuseio – apoiar/segurar, tocar, ser tocado
 (Re) Construção do ser corporal – tudo o que é psíquico desenvolve-se em constante
referência a experiência corporal (Freud)
Flutuadores na intervenção em Meio Aquático
 Vantagens
o Apoio mental para o individuo
o Servem de sustentação e são um modo de flutuação para o individuo

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o Consegue-se intervir com flutuadores
o Podem ser aplicados a um maior número de pessoas
 Desvantagens
o Não é possível assumir o contacto com a pessoa
o O apoio é estático, enquanto que o técnico é dinâmico, ajustável imaterial e vivo
O jogo simbólico
 Atividade física e mental que favorece o desenvolvimento pessoal, a sociabilidade, de
forma integral e harmoniosa
 Durante o jogo ocorre a assimilação de conhecimentos, a construção de hipóteses, a
elaboração de soluções para problemas e o enriquecimento da personalidade
 Permite uma assimilação e uma adaptação da realidade humana pelas crianças
 Jogo Simbólico:
o A criança sofre modificações e com o desenvolvimento busca semelhanças com a
realidade
o A criança exercita a capacidade de pensar, representar simbolicamente as suas
ações, as suas habilidades motoras
 O jogo é importante para a aprendizagem devido à motivação que este proporciona nas
crianças, levando à aquisição de uma forma lúdica
 É uma atividade que se desenvolve dentro de certos limites e de espaço, numa ordem
visível, de acordo com regras livremente aceites, e que se situa fora da necessidade da
utilização de materiais
 Vai além das atividades puramente físicas e biológicas
 Tem uma função significante, tem um sentido
 No jogo há algo que transcende as necessidades imediatas da vida e que confere sentido
à ação
 Para que possa ter significado, proporcionar experiências únicas e importantes para cada
um, o jogo tem que respeitar um conjunto de normas:
o O jogo é uma forma natural de aprendizagem que tem estratégias e meios de
aplicação de vários elementos
o Deve-se permitir a repetição sem perder a motivação
o A designação permite reconhecer os objetivos e as características do jogo
o A formação descreve a estrutura organizada do jogo e representa um programa
contendo vários elementos do programa
o A descrição explica como o jogo se desenrola
o Os pontos a serem ensinados reforçam as razões de cada jogo e a forma como os
diferentes elementos devem ser ensinados
o Os pontos de verificação reforçam os pontos críticos da aprendizagem, procurando
reforçar os elementos fundamentais e chamar a atenção para os elementos em
falta e que não estão a ser cumpridos
o As variantes têm pró objetivo impedir a monotonia, podendo ser introduzidos outros
fatores e elementos de aprendizagem e ainda aumentar o grau de complexidade
Autores europeus e norte-americanos

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