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Educação Física

O que é Educação Física:


Educação Física é uma disciplina que visa o aperfeiçoamento, controle e manutenção da saúde
do corpo e da mente do ser humano.

Consiste em um conjunto de atividades físicas planejadas e estruturadas para promover o


condicionamento físico de crianças, jovens e adultos através da prática de diferentes
modalidades esportivas.

As aulas de Educação Física são orientadas por um profissional formado no curso


superior de Educação Física, cujas matérias estão ligadas essencialmente às Ciências
Biológicas e da Saúde. O profissional sai com preparação para o ensino pedagógico e
para atuar principalmente em ambientes escolares.

O curso de Educação Física é diferente de um curso de Ciências do Esporte, pois o


profissional do Esporte trabalha na preparação física de atletas e equipes, na gestão e
organização de eventos esportivos etc.

No sistema de ensino a disciplina de Educação Física é obrigatória a todos os alunos. O


programa oficial do Ministério da Educação pretende promover uma diversidade de
conteúdos que devem ser trabalhados com os alunos ao longo do percurso escolar.

Os três blocos estruturados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são:

1. Ginásticas, jogos, esportes e lutas: englobam os esportes individuais e coletivos, jogos


tradicionais, lutas e ginásticas diversas;

2. Atividades rítmicas e expressivas: aulas de expressão corporal como teatro e dança seja
ela, clássica, contemporânea, folclórica, popular e de salão;

3. Conhecimentos sobre o corpo: aulas teóricas envolvendo conceitos de anatomia e


outros aspectos referentes às relações com o corpo em diferentes culturas.

Psicomotricidade: o que é, quando é indicada e como é feita

A psicomotricidade é uma técnica que tem como objetivo promover o desenvolvimento


cognitivo e afetivo através da realização de movimentos organizados e integrados, podendo ser
indicada para todas as pessoas, principalmente para crianças e adolescentes.

A psicomotricidade é uma ferramenta muito utilizada no tratamento de paralisia cerebral,


esquizofrenia, síndrome de Rett, dificuldade de aprendizagem, atrasos no desenvolvimento,
deficiências físicas e alterações neuronais, por exemplo.

Esse tipo de terapia dura cerca de 1 hora e pode ser realizada 1 ou 2 vezes por semana,
contribuindo positivamente para o desenvolvimento e aprendizagem infantil e qualidade de
vida.

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Para que serve
A psicomotricidade tem como objetivo melhorar os movimentos do corpo, a noção do espaço
onde se está, a coordenação motora, equilíbrio e também o ritmo. Estes objetivos são
alcançados através de brincadeiras como correr, brincar com bolas, bonecas e jogos, por
exemplo.

Através da brincadeira o terapeuta psicomotricista, que pode ser o fisioterapeuta ou o terapeuta


ocupacional, observam o funcionamento emocional e motor do indivíduo e utiliza outras
brincadeiras para corrigir as alterações à nível mental, emocional ou físico, de acordo com a
necessidade de cada um.

Quando é indicada
Algumas situações em que a técnica de psicomotricidade pode ser indicada são:

● Dificuldade de aprendizagem, como dislexia e déficit de atenção, por exemplo;

● Alterações na memória;

● Hiperatividade;

● Agressividade;

● Problemas posturais;

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● Dispraxia, que corresponde a dificuldades motoras.

Dessa forma, a psicomotricidade pode ser feita com crianças de possuem paralisia
cerebral, alterações genéticas, como a síndrome de Rett, ou mentais, como a esquizofrenia, por
exemplo, além de também poder ser recomendada para todas as crianças que possuem alguma
alteração no seu desenvolvimento.

Como é feita
Na psicomotricidade existem alguns elementos que devem ser trabalhados como tônus da
postura, repouso e sustentação, além do equilíbrio, lateralidade, imagem corporal, coordenação
motora, e estruturação no tempo e no espaço. Alguns exemplos de atividades psicomotoras que
podem ser usadas para alcançar estes objetivos são:

Jogo da amarelinha: é bom para treinar o equilíbrio num pé só e a coordenação motora;

Andar sobre uma linha reta desenhada no chão: trabalha o equilíbrio, coordenação motora e
identificação corporal;

Procurar uma bolinha de gude dentro de uma caixa de sapato cheia de papel amassado:
trabalha a lateralidade, coordenação motora fina e global e identificação corporal;

Empilhar copos: é bom para melhorar a coordenação motora fina e global, e identificação
corporal;

Desenhar a si mesmo com canetas e com tinta guache: trabalha a coordenação motora fina e
global, identificação corporal, lateralidade, habilidades sociais.

Jogo - cabeça, ombro, joelhos e pés: é bom para trabalhar a identificação corporal, atenção
e foco;

Jogo da estátua: é muito bom para orientação espacial, esquema corporal e equilíbrio;

Jogo da corrida do saco com ou sem obstáculos: trabalha orientação espacial, esquema corporal
e equilíbrio;

Pular corda: é ótimo para trabalhar a orientação no tempo e no espaço, além de equilíbrio,
e identificação corporal.

Estas brincadeiras são excelentes para ajudar no desenvolvimento infantil e podem ser
realizadas em casa, na escola, parques infantis e como forma de terapia, quando indicados pelo
terapeuta. Normalmente cada atividade deve estar relacionada com a idade da criança, porque
bebês e crianças com menos de 2 anos não irão conseguir pular corda, por exemplo.

Psicomotricidade: uma visão pessoal

A Psicomotricidade como ciência, é entendida como o campo transdisciplinar que estuda e


investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e o corpo, e,
entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que

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caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais,
afetivo-emocionais e psicosóciocognitivas.

Neste parâmetro de enquadramento conceptual, a motricidade é entendida como o conjunto


de expressões corporais, gestuais e motoras, não verbais e não simbólicas, de índole tónico-
emocional, postural, somatognósica, ecognósica e práxica, que sustentam e suportam as
manifestações do psiquismo.

No âmbito da matriz teórica da psicomotricidade, o psiquismo é entendido, concebido e


compreendido como sendo composto pelo funcionamento mental total, isto é, pelas
sensações, percepções, emoções, fantasmas, representações, projeções e condutas relacionais
e sociais. Cabem nesta concepção dinâmica, corporalizada e atuante do psiquismo, todos os
processos cognitivos que integram, processam, planificam, regulam e executam a motricidade,
como uma resposta adaptativa intencional e inteligível exclusiva da espécie humana.

A psicomotricidade, estudada em pressupostos e paradigmas claramente diferenciados da


motricidade animal, é, portanto, compreendida como suporte corpóreo das funções mentais,
donde emana a identidade singular e plural do indivíduo, nos inúmeros aspectos da sua
evolução complexa e única, isto é, do seu desenvolvimento, da sua socialização e da sua
aprendizagem.

Como sistema conceptual, a psicomotricdade, na nossa visão pessoal, deve estudada e


investigada numa arquitetura com três componentes mutuamente interligados:
o multicomponencial, o multiexperiencial e o multicontextual.

Multicomponencial, porque procura integrar de forma coerente e coibida os contributos e


domínios das Ciências Biológicas, Humanas e Sociais, que abrangem secâncias transdisciplinares
biopsicossociais que integram paradigmas da ecologia, da antropologia, da fenomenologia, da
biosemiótica, da psicossomática, da psicologia, da psicofisiologia, da psicopatologia, da
psicologia cognitiva, da psicanálise, da psicopedagogia, da neurociência, da neurologia, da
neuropsiquiatria, da neuropsicologia, da neuropatologia, da defectologia, da cibernética e da
epistemologia.

Multiexperiencial, uma vez que procura estudar e pesquisar a implicação da psicomotricidade


no processo do desenvolvimento e de desenvolvimento humano, desde o recém-nascido ao
sénior, desde o indivíduo inexperiente ao experiente, desde o indivíduo normal ao indivíduo
portador de deficiências, dificuldades e ou desvantagens etc., englobando o espectro total da
vinculação, da experiência e da vivência humanas.

Multicontextual, na medida em que visa projetar o nível de aplicação do seu conhecimento, das
suas capacidades e competências de intervenção profissional nos vários contextos onde se
integra e observa a atividade humana, desde a família às creches, desde a educação pré-escolar
à escola primária e secundária, desde o hospital aos centros de lazer e animação cultural e
desportiva, desde os locais de trabalho aos lares de séniores, ou seja, o âmbito da inclusão total
do indivíduo na comunidade em geral.

O enquadramento científico deverá partir igualmente duma concepção multifacetada da


psicomotricidade e da corporeidade humanas, visando a sua caracterização: filogenética,
sociogenética, ontogenética, disontogenética e retrogenética, não só contextualizada, mas
aprofundada, nas suas necessidades biopsicossociais transcendentes, descrevendo o
funcionamento do corpo e da motricidade, assim como das suas perturbações ou disfunções

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como um processo interactivo e evolutivo numa perspectiva biocultural e ecológica coerente e
integrada.

A mesma matriz científica encerra igualmente uma concepção de prevenção, educação,


reeducação, terapia e reabilitação total, em cujos campos se deve integrar a psicomotricidade
nas suas várias facetas interventivas nos sistemas de saúde, de educação e de segurança
social ou de bem-estar, consubstanciando-a como instrumento privilegiado para além doutros.
A psicomotricidade, que estuda as condições predisponentes à maximização, optimização e
modificabilidade máximas do potencial de adaptabilidade psicomotora do indivíduo, normal,
excepcional ou diferente, visa a sua acessibilidade aos vários ecossistemas envolventes, quer
sejam naturais, arquitectónicos, laborais, tecnológicos, recreacionaios ou culturais.

A nossa visão da psicomotricidade toma em consideração, não só o indivíduo, normal ou


portador de deficiências, de dificuldades ou desvantagens, como um todo psicossomático ou
psicocorporal único, original e evolutivo, onde as funções da motricidade e da corporalidade
são encaradas como indissociáveis das funções afetivas, relacionais, linguísticas e cognitivas, são
perspectivadas, como a ação, o agir, o gesto, a conduta, a expressão corporal o comportamento,
e não meros movimentos, produtos finais, respostas motoras ou exercícios físicos. A
psicomotricidade, toma também em consideração, o contexto ecológico, sócio-histórico e
cultural onde o indivíduo está inserido, com a finalidade de gerar novos processos de facilitação
e de interação com os vários ecossistemas (micro, meso, exo e macrossistemas) de uma
sociedade em mudança acelerada e complexa, no sentido de a eles se adaptar, com ajuda de
estratégias específicas de intervenção psicomotora.

A psicomotricidade como ciência apresenta uma arquitetura conceptual e uma estrutura


disciplinar atualizada, hierarquizada e sistémica, com um conjunto de paradigmas e
pressupostos que se compatibilizam, interligam e coíbem em termos conteudísticos, porque
emergem duma matriz biocultural, alargada, abrangente e inovadora.

Na psicomotricidade, os paradigmas do comportamento humano, do seu funcionamento ou


disfuncionamento, da aprendizagem, da adaptação e da reabilitação, são entendidos como
uma relação inteligível e dialética, entre a situação externa envolvimento e a ação interna
mentalmente elaborada.

A psicomotricidade, valoriza a interdependência e a interconexão das várias unidades


disciplinas estruturantes acima referidas, bem como reforça a conexão e a secância das suas
várias sub-matrizes, que constituem a sua interdisciplinaridade e multidisciplinaridade
fundadora. Os incentivos para uma discussão mediatizada e para uma transferência de
conhecimento entre os vários campos científicos e disciplinares, deverão ser planeados,
promovidos e implementados de forma inovadora, sistemática e prospectiva.

Desde o dualismo teológico ao cartesiano, que os estudos do corpo, e por inerência lógica, da
sua motricidade, continuaram alheios aos estudos do psiquismo, da consciência e da mente,
bem como da sua significação neurofuncional. Apesar da civilização grego-latina ter cultivado o
corpo harmonioso e sensual, o catolicismo reduziu o corpo a uma essência carnal e perversa,
que o cartesianismo escravizou a um instrumento executor dócil e comandado pela razão e pela
vontade. Tal racionalismo, que o iluminismo e o positivismo exacerbaram até à máxima
expressão, ainda que libertando o corpo flagelado e torturado, transformou-o inexoravelmente
num objeto físico e anatómico, sem sensibilidade e sem identidade, que ainda hoje tem os seus
defensores performáticos.

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A psicomotricidade tem como objetivo nuclear, colocar o corpo e a motricidade no centro do
comportamento e da evolução humanas.

Considerar o corpo como o lugar fenomenológico, onde o ser humano constrói e co-constroi a
sua identidade e o seu sentimento e conhecimento de si, como fonte de sensações, pulsões,
emoções e intenções, é pôr em causa um dualismo de vinte séculos, é também, produzir uma
rotura com o cognitivismo puro.

Eis o paradigma principal da psicomotricidade como ciência, donde emana em certa medida, a
sua legitimidade profissional e o seu reconhecimento social.

Romper com o paralelismo psicomotor, como se tratasse de duas entidades separadas do ser,
é o grande desafio da psicomotricidade. Reconhecer o corpo como um organismo complexo que
mobiliza a função tónica e postural para desenvolver a sua afetividade sociabilizada, evocar que
a ação é o primado do comportamento adaptativo e do pensamento reflexivo e o meio práxico
privilegiado para se apropriar dos objetos, do espaço, do tempo e do símbolo, numa palavra da
cultura, é o seu objetivo primacial.

Em síntese, a psicomotricidade parte duma noção holística, total e sistémica do corpo e da


motricidade, considerando o ser humano, como possuidor dum organismo complexo, que
integra um corpo e um cérebro, como entidades observáveis e compostas de matéria viva, mas
também é possuidor duma mente, como entidade inobservável, interna e íntima, donde
emergem funções psíquicas que representam dois mundos: o externo, dos outros, dos objetos
e dos ecossistemas; e o interno, das sensações, dos sentimentos, das imagens, dos pensamentos
e dos movimentos.

A mente humana não pode ser independente do corpo e do cérebro, sendo consequentemente
impossível separar o mental do neuronal e o psíquico do motor, o que pressupõe compreender
o desenvolvimento pessoal e social dum indivíduo, normal ou portador de disfunções
psicomotoras, como o resultado de uma múltipla integração e interação entre o
corpo (periferia) e o cérebro (centro) e os diversos ecossistemas que constituem o contexto
sócio-histórico onde ele se insere e integra.

Neste enquadramento conceptual, a motricidade humana passa a ser entendida e estudada,


como uma resposta adaptativa, resposta essa que está na origem da sobrevivência, da evolução
da espécie e da sua cultura.

Como manifestação global do comportamento, a psicomotricidade, ao contrário da motricidade


animal, envolve um processo prospectivo (ato mental antecipatório) e um produto (ato motor
controlado), subentendendo para além de funções de execução motora, funções psíquicas de
integração, elaboração, planificação, antecipação, extrapolação, controlo e referência.

Nesta perspectiva a matriz teórica da psicomotricidade, como já referimos, encerra paradigmas


do corpo e da motricidade que cruzam e integram conteúdos de muitas disciplinas
nomeadamente de: antropologia, biosemiótica, filosofia, fenomenologia, neurologia,
neuropsiquiatria, neuropsicologia, neuropatologia, defectologia, psicologia, psicopatologia,
psicoterapia, psicossomática, psicopedagogia etc. As transições dos seus paradigmas e
subparadigmas terão de ser devidamente analisadas e investigadas para terem impacto
duradouro, sólido e sustentado. Em certa medida, esta missão constitui um dos objetivos mais
críticos do desenvolvimento conceptual da psicomotricidade.

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O corpo e a motricidade do ser humano, não podem continuar hipotecados e restringidos ao
biológico, ao anatómico, ao fisiológico, ao físico, etc., defendendo um paralelismo
psicofisiológico desintegrado e fragmentado, deverá antes privilegiar, uma dimensão afetiva,
tónico-relacional, emocional, simbólica, cognitiva e interativa do seu ser total, na medida em
que se deve considerar o ser humano como um sujeito de ação e intenção, i. e., ter em
consideração que ele se constitui como um organismo biologicamente complexo mas situado
num contexto social e cultural, igualmente complexo.

A ação entendida como conduta humana só se pode compreender nas estruturas


neuropsicológicas que a integram, elaboram, regulam e controlam intencionalmente, e não
meramente nas estruturas que a executam e realizam, daí a importância da psicomotricidade
como processo de intervenção reeducativa e terapêutica.

Ao reforço da biologia, da anatomia e da fisiologia, que valoriza os segmentos corporais, os


componentes musculares e os indicadores de esforço, desenvolvendo técnicas de excelência
física e biomecânica, com excessos na análise performática terminal, frequentemente assumida
pela defesa da motricidade como instrumento e produto de utilização que é preciso rentabilizar,
dominar, controlar, e pôr ao serviço da vontade e da consciência, deve acrescentar-se,
matricialmente e conceptualmente, um conceito de psicomotricidade, que combata a
concepção uni facetada do corpo como massa muscular sem sensibilidade e proprioceptividade,
questionando a concepção da motricidade como atividade física mecanicamente mensurável.

Para servir os paradigmas da psicomotricidade, o corpo humano e a sua motricidade devem ser
situados na unidade e totalidade psicossomática do ser, consubstanciando abordagens mais
neuropsicológicas, comportamentais e contextuais, buscando nelas e nas disciplinas afins,
prolongamentos conteudísticos mais fundamentados e interconexões mais relevantes, não só
para a construção do conhecimento da psicomotricidade, como para que se possa formular um
entendimento mais sustentado sobre o disfuncionamento do seu funcionamento.

A tentativa de assimilar os conceitos mais atualizados da destreza, da praxia, do controlo do ato


motor e da aprendizagem motora, deve em convergência, analisar e aprofundar os paradigmas
psicomotores do modelo postural, da integração tónica, proprioceptiva e vestibular,
do esquema corporal, da imagem do corpo, do membro fantasma, da anosognósia,
do sentimento de si, da função de planificação, de decisão e de execução da ação, do ato ou
do gesto.

Só nesta busca de novos pressupostos e paradigmas, a psicomotricidade pode alcançar uma


abordagem das funções, subfunções ou disfunções do corpo e da sua motricidade, da sua
descoordenação ou desorganização sistémica, reivindicando a sua função reeducativa,
reorganizava e terapêutica. Efetivamente, só com base nesse objetivo, o curso pode dar lugar a
novos investimentos pesquisadores mais significativos sobre o papel dos fatores e subfatores
emocionais, afetivos, psíquicos, cognitivos, sociais, culturais e ecológicos, que estão na origem
da motricidade como expressão da subjetividade e da intencionalidade.

A referência ao esquema corporal e à imagem do corpo, como esquema mental que pode ser
"treinado por exercícios", em analogia com o desenvolvimento dos fatores de execução da
educação física e dos desportos, não absorve a transcendência das suas implicações
na psicogénese da consciência humana e nos diversos e múltiplos problemas de personalidade
e de comportamento que lhe estão adstritos, levando em consideração os seus fundamentos
neurofuncionais e sócio adaptativos.

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Pelo contrário, o conceito de psicomotricidade que interessa às diversas profissões da educação,
da reeducação e da reabilitação, tem necessariamente de abordar a significação subjetiva do
corpo e da motricidade nas seguintes componentes somatopsíquicas: na cinestesia; na
integração sensorial; na proprioceptividade; na tonicidade; na segurança postural; na
lateralizarão; na somatognosia; na ecognosia; na estruturação espaciotemporal; na dominância
manual; na especialização hemisférica; na representação iconográfica e gestual da linguagem;
na atenção; na interação; na afiliação; na imitação e identificação intrapessoal; na inteligência
emocional; na inteligência quinestésica e corporal; na proxémica; na organização e elaboração
práxica; no processamento da informação; na comunicação não verbal e verbal; na
aprendizagem não simbólica e simbólica; nos síndromes psicomotores; na apraxia e na dispráxia;
nas apractognosias somato-espaciais; na hipocondria; na anorexia mental; na histeria; na
anosognosia; na esquizofrenia; na despersonalização e neurastenia; nas ilusões somáticas; no
membro fantasma; etc., etc.

Por isto tudo, a profissão de psicomotricista, distingue-se da dum fisioterapeuta, da dum


professor de educação física ou dum treinador desportivo. Os fundamentos, os meios de
intervenção e os objetivos da sua ação profissional, são muito diferenciados.

A dimensão da intervenção psicomotora encerra não só parâmetros reabilitacionais como


educacionais, reeducacionais e terapêuticos, que a caracterizam preferencialmente, como uma
prescrição de inspiração psicoterapêutica e psicossomática, especificamente mediatizada pelo
corpo, pela ação, pelo gesto, pelo jogo, pelo conto, pelo ritmo e pela motricidade.

A reconceptualização e ressignificação da psicomotricdade, deve partir dum corpo vivido,


depois percebido e reconhecido nas suas esferas afetivas, simbólicas e cognitivas, visando a sua
integração e orientação no espaço e no tempo e na interação com os outros, com os objetos e
com a natureza.

A intervenção educacional ou reabilitacional mediatizada pela psicomotricidade deve visar a


facilitação da tomada de consciência do corpo e das suas diferentes partes no espaço e no
tempo, enfocando a descentração e a flexibilidade das relações entre posições e pontos de
referência, pondo em destaque as funções psíquicas de atenção, de percepção, de imagem, de
memória, de processamento simultâneo e sequencial de dados internos e externos, de
simbolização, de expressividade estética e artística, i.e., o seu primado não pode ser terminal,
periférico, físico ou puramente motor, tem de ser, por retroação e por proacção,
eminentemente representacional, central e psíquico.

Por conseguinte, a psicomotricidade equaciona, em síntese, uma resolução mental com


complexos processos de planificação e antecipação, e não a pura execução de produtos motores
finais mensuráveis e observáveis.

Na sua essência neuronal, a psicomotricidade envolve processos mentais privilegiados,


internalizados e íntimos de mobilização e reorganização de funções tónicas, emocionais e
mentais, ela implica o aperfeiçoando da conduta consciente e a liberdade do ato mental,
composto sistemicamente nas seguintes componentes principais: atenção, processamento,
planificação e autorregulação.

No seu conceito matricial, a atividade psíquica não pode ser vista separadamente da atividade
motora, mas sim como a sua componente complementar, retratando consequentemente, a
sua dialética funcional, a sua unidade e totalidade dinâmica, que exatamente consubstanciam
o ser humano em ação e em comportamento.

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A psicomotricidade não se pode preocupar apenas com a reaprendizagem motora em si, mas
sim, com a totalidade do processo de reaprendizagem, de redesenvolvimento, de
modificabilidade e de interação e contextualização das suas funções
receptivas (gnósicas), integrativas (representacionais e elaborativas) e expressivas (práxicas).

A importância da integração sistémica dos módulos ou fatores psicomotores (tonicidade,


equilibração, lateralidade, somatognosia, ecognosia e praxias) é entendida na psicomotricidade
como uma componente construtiva da atividade psíquica, daí que a sua desintegração
corresponda na criança, no adolescente, no adulto ou no sénior, a inúmeras perturbações
psicomotoras, nomeadamente: paratonias, sincinésias, adiadococinésias, ataxias,
deslateralizações, assomatognosias, autopoagnosias, agnosias digitais, apraxias, negligências
visuoespaciais e visuoconstrutivas, etc., que tendem a restringir o seu potencial habilitativo e de
aprendizagem, quando não a sua qualidade de vida.

A prática clínica psicomotora apresenta uma lista substantiva de factos e evidências sobre as
estreitas relações que unem as anomalias psíquicas com as motoras, que mais não são do que a
expressão de uma solidariedade neurofuncional original e profunda entre as ações e as
sensações, entre o movimento e o pensamento.

A noção de défice instrumental de inegável importância para a psicomotricidade, introduzida


por insignes pioneiros (Wallon, Piaget, Ajuriaguerra, Spitz, Winnicott, Freud, Reich, Kephart,
Cratty, J. Ayres, Frostig, Vygotsky, Luria, Bernstein, etc.) e continuada por investigadores
reconhecidos, separa a noção de motricidade da noção de psicomotricidade, conferindo à
primeira, a função de equipamento, e à segunda, a de funcionamento auto organizado desse
equipamento, uma espécie de metáfora entre o pianista e o piano.

Efetivamente, no seio do cérebro humano, principalmente no seu lobo frontal, distinguem-se


as áreas motoras, que obviamente são inerentes aos outros vertebrados, das áreas frontais pé-
motoras e suplementares, únicas e exclusivas da espécie humana, esta distinção
neurofuncional, consubstancia de facto, uma diferença radical entre a motricidade animal e a
motricidade humana, entre a motricidade e a psicomotricidade.

Os contornos epistemológicos e os pressupostos da psicomotricidade (e das suas


subespecialidades), só podem ser encarados à luz duma teoria científica que integre a dimensão
multicomplexa e multidiversificada do ser humano.

A psicomotricidade entendida como um processo de facilitação adaptativa que permite a


uma Pessoa, com ou sem deficiências ou Necessidades Especiais, atingir utilidade e satisfação
na vida, ilustra um conceito muito complexo que não cabe numa explicação motora restrita.

Reeducar no sentido etimológico da palavra, é sinónimo de restaurar, recuperar, readquirir,


reinstalar, remediar, reintegrar etc., o estado de integridade e de invulnerabilidade anterior
a zona de desenvolvimento proximal, ou seja, um estado de ajustamento sustentado,
funcional e adaptativo do indivíduo, isto é, um ajustamento total o mais útil possível, isto é, não
só motor, mas emocional, cognitivo, pessoal, familiar, social, vocacional, económico, ecológico,
numa palavra, psicomotor.

Em contrapartida educar é sinónimo de desenvolvimento, de aprendizagem, de compensação,


de modificabilidade, de adaptabilidade etc., de promoção e enriquecimento de atitudes, de
habilidades, de competências e de capacidades, trata-se de atingir um estado adaptativo e

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psicomotor ideal, provavelmente jamais consumado plenamente, por isso serve como objetivo
para ser seguido por qualquer indivíduo.

O que é então esse estado adaptativo e psicomotor ideal?

À luz da psicossomática, ou seja, do estudo das relações recíprocas e sistémicas, entre o soma e
o psíquico, e mesmo da definição de saúde, de qualidade de vida e de bem-estar (preconizados
pela Organização Mundial de Saúde), tal estado ideal de comportamento, deve subentender
uma relação inteligível, sentida, interiorizada e invariável entre o corpo, o cérebro e os
ecossistemas. É por esta razão que a psicomotricidade se legitima cientificamente e
profissionalmente.

Os pressupostos da psicomotricidade devem claramente enunciar conceitos de potencialidade


e de virtualidade, de modificabilidade, de autopoiesis, de auto-organização, de desenvolvimento
de auto-competências, ou seja, devem evidenciar o papel das ações, das interações, e das
retroações na totalidade da conduta humana, concebendo o ser humano como um ser auto e
eco organizado.

Em termos de futuro, depois de situarmos alguns paradigmas e subparadigmas da


psicomotricidade, parece compreensível conceber o corpo e a motricidade como condições da
totalidade do ser humano, assumindo a significação do corpo e da motricidade dentro da
inspiração do monismo ontológico.

O Corpo e a sua Motricidade como instrumentos de ação e de interação do ser humano e de


transformação do mundo envolvente, e obviamente, como instrumentos de aprendizagem e de
comunicação, com os quais estabelecemos contato e relação com os outros, com os objetos e
com os produtos culturais, e com os quais acrescentámos ao mundo natural um mundo
civilizacional, devem ser perspectivados como pressupostos preferenciais do objeto legítimo de
estudo da psicomotricidade.

O estudo da psicomotricidade, mesmo quando confrontado e integrado com o seu universo


conteudístico tão amplo, ambicioso e multifacetado, deve ser apanágio da Universidade. É na
universidade, como instituição social e como sede máxima do conhecimento, que a
psicomotricidade deve ser ensinada e investigada.

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em
movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de
maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento


organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante
de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.” (Associação Brasileira de
Psicomotricidade)

“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações


cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-
se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de
conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando
o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração
deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.” (Costa,2002)

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“Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas relações com o
corpo, a Psicomotricidade é uma ciência encruzilhada... que utiliza as aquisições de numerosas
ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguística...) Em sua prática
empenha-se em deslocar a problemática cartesiana e reformular as relações entre alma e corpo:
O homem é seu corpo e NÃO - O homem e seu corpo”. (Jean-Claude Coste, 1981)

A psicomotricidade pode também ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e
investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade.

Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma integrada as
funções cognitivas, socioemocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a
capacidade de ser e agir num contexto psicossocial. A psicomotricidade possui as linhas de
atuação educativa, reeducativa, terapêutica, relacional, aquática e ramain.

Os nossos sistemas, propriedades e funções. Essas transformações são encaradas


patologicamente, mas representam o efeito inevitável do avanço da idade. Na sequência dos
fatores de desenvolvimento há a noção inversa, que é a retrogênese humana.
As grandes mudanças, da infância à adolescência, desde a vida adulta até a velhice, são
inevitáveis. Elas atingem todas as áreas do comportamento humano e, naturalmente, a
psicomotricidade.

A senescência, como antítese da adaptação e da evolução, implica numa rede de mudanças


desintegradas e progressivas, bioquímicas, patológicas, biológicas e comportamentais, que,
progressivamente acumuladas, culminam na morte. A deterioração seletiva ocorre em
diferentes ritmos e zonas do cérebro. O empobrecimento neuronal causado pelo tempo conduz
a um declínio funcional e irremediável no envelhecimento normal. Problemas de memória,
humor, concentração, atenção e vivacidade, intelectual tendem a emergir com o tempo. As
perturbações da memória imediata e de médio termo são características enquanto se verifica
um apego ao longínquo.

Essas perturbações são normalmente acompanhadas de: insônias, perdas de julgamento,


egocentrismo, exploração assistemática de objetos e situações, inércia afetiva, incontinência,
dependência, hipotonia etc., traduzindo uma espécie de progressão (a meninice). O
processamento das informações visuais, auditivas e tátil-cinestésicas também sofre
desintegrações relevantes. A inteligência torna-se mais cristalizada, mas os fatores verbais
resistem mais. Enfim, desorganização e dessincronização motora, perda da memória, falta de
iniciativa, modificações afetivas, flutuações de tristeza, isolamento social e segregação familiar
favorecem um quadro de degradação mental e retrogênese psicomotora.
A evolução do cérebro, no seu todo filogenético e ontogenético, envolve uma transição do mais
organizados aos centros superiores que vão se organizando pela vida afora; do mais simples ao
mais complexo; do mais reflexo ao mais voluntário, pressupondo uma organização vertical
ascendente.

Na obra do professor Dr. Vitor da Fonseca (1998, p.351-5) encontramos os estudos de Luria,
referentes à organização funcional do cérebro. Tal organização resulta da interação conjunta e
hierarquizada de três blocos funcionais, dependentes das funções que comandam o trabalho
cerebral, implicando em todas as formas complexas de comportamento, nomeadamente na
organização psicomotora. Para Luria, as formas complexas de comportamento têm origem
social, a partir da qual se desencadeiam processos que elaboram, armazenam e conservam a

11
informação do mundo exterior programando e controlando ações que materializam intenções,
obedecendo a uma organização estruturada, autorregulada e hierarquizada no cérebro.
Experimentalmente, Fonseca (198) verificou, em termos ontogenéticos, que a organização
psicomotora, de acordo com o modelo neuropsicológico de Luria, evolui do primeiro ao terceiro
bloco funcional, ou seja, da tonicidade à praxia fina, sugerindo a evolução maturacional do
córtex humano, parte do tronco cerebral (primeiro bloco) para os hemisférios cerebrais
(segundo e terceiro blocos), dando significado ao princípio da hierarquia estrutural do cérebro.
Se a evolução humana contém uma dinâmica organizativa e funcional do cérebro, onde ocorrem
transições e modificações, que tendem a evoluir das estruturas inferiores às superiores segundo
uma organização vertical ascendente (do primeiro ao terceiro bloco), e, se a evolução está pré-
programada para se desintegrar, isto é, retroceder das estruturas superiores às inferiores,
segundo uma organização vertical descendente e de sentido contrário, então a retrogênese
psicomotora deve seguir uma desmontagem declinativa do terceiro para o primeiro bloco.

Ou seja, a deterioração da organização psicomotora inicia-se com a praxia fina, a seguir com a
praxia global, nos desestruturamos espaço-temporalmente, perdemos a noção do corpo, o
equilíbrio e, por fim, a tonicidade.

A vida, como a evolução, é uma implacável e inevitável sequência de experiências, relevando o nosso
patrimônio filogenético e evidenciando a nossa competência ontogenética, que, num momento
determinado, se esvanece e regride – da filogênese à retrogênese, passando pela ontogênese.

Psicomotricidade na intervenção com a criança com autismo


Inicialmente, sabemos que a criança com autismo convive com suas particularidades. Isso
pode representar um grande desafio para quem trabalha com educação, especialmente de
crianças com TEA. Assim, utilizar estratégias que trabalhem a Psicomotricidade na
intervenção com a criança com autismo.

Com isso, as intervenções realizadas visam ao desenvolvimento de aspectos indispensáveis


para o progresso dos pequenos. Dessa forma, movimento, cognição e emoção são
constantemente trabalhados para propiciar a esse público a melhor experiência possível,
tanto na vida escolar quanto na família.

Entretanto, os professores devem contar com o apoio da coordenação pedagógica – além


dos familiares – para que eles se sintam parte dessa rede de colaboração. A partir disso, a
criança passa a ser o elemento principal de um conjunto de práticas que visam ao seu
desenvolvimento.

Por que é importante a Psicomotricidade na intervenção com a


criança com autismo?
Antecipadamente, a psicomotricidade tem a sua importância na vida de todos nós. Porém,
o estímulo voltado para crianças com autismo é fundamental. Afinal, o Transtorno do
Espectro Autista (TEA) gera influências em competências e habilidades, uma vez que o TEA
é caracterizado como um distúrbio do neurodesenvolvimento.

12
Com efeito, esses pequenos precisam passar por intervenções que vão treinar e
potencializar todos os aspectos necessários para o processo de aprendizagem. No contexto
escolar, as maneiras de se estimular as crianças podem variar bastante. Isso depende da
estrutura da instituição, da sala de aula, dos recursos utilizados, entre outros.

Que intervenções são essas?


Em primeiro lugar, as atividades que visam ao progresso da psicomotricidade do aluno com
autismo devem contar com elementos que despertem a sua curiosidade – algo tão comum
na infância. Além disso, outro fator importante nessa dinâmica é a aposta nas brincadeiras
e intervenções lúdicas, como forma de aproximar a criança com TEA à proposta de
desenvolvimento de seu aspecto psicomotor. Dessa forma, veja que intervenções são
indicadas:

– Pintura;

– Desenho;

– Descoberta de novos objetos;

– Tarefas que abordem a consciência corporal e a lateralidade;

– Brincadeiras que utilizem a imagem corporal do pequeno;

O QUE FAZ UM PSICOMOTRICISTA?

Antes de falarmos o que faz um psicomotricista, precisamos entender o que é a


psicomotricidade.
Psicomotricidade, é um termo empregado para uma concepção de movimento
coordenado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é
resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as
interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na compreensão das capacidades de
ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se
constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e
relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor
humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo
dos objetos e outros sujeitos. ” (Costa,2002)
Os conceitos de psicomotricidade são apresentados para buscar maior compreensão da
necessidade do trabalho corporal, integrando mente e corpo de modo a permitir que
perceba o seu corpo, domine os seus movimentos e melhore sua expressão corporal,
paralelo a isso assegura o desenvolvimento intelectual considerando suas

13
possibilidades. Com isto a eficiência dos movimentos deve ser trabalhada a fim de
melhorá-los e gastar menos energia em busca do movimento pela consciência.
Portanto o psicomotricista é o profissional que age na conexão da saúde, educação e
cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o indivíduo na relação com o
ambiente e processos de desenvolvimento, tendo por objetivo atuar nas dimensões do
esquema e da imagem corporal em conformidade com o movimento, a afetividade e a
cognição.
Podendo atuar nas áreas,

● Educacional: Ensino básico e ensino superior, incluindo educação especial e outras


modalidades.
● Hospitalar: UTI, ambulatórios, enfermarias e brinquedotecas.
● Empresarial: Ergomotricidade, psicomotricidade aquática
● Terapia psicomotora: Saúde mental, gerontopsicomotricidade

A profissão de psicomotricista está regulamentada pela lei nº 13.794/2019. O projeto


de lei foi aprovado no início desse ano. Poderão se intitular psicomotricista e exercer
sua atividade, os portadores de diploma de curso superior de Psicomotricidade, os
portadores de diploma de curso de pós-graduação, nas áreas de saúde ou de educação,
desde que possuam, em quaisquer dos casos, especialização em Psicomotricidade, até
48 meses após a promulgação desta Lei.

Introdução

Há muitos, a literatura apresenta aos educadores e terapeutas informações cada vez


mais elaboradas sobre os portadores de necessidades especiais, dentre eles o Deficiente
Mental (DM). A ciência, por sua vez, se preocupa em estudar de maneira profunda estes
indivíduos, para solucionar várias problemáticas que os acompanham, haja visto que
ainda não temos muito a saber sobre os mesmos.

É importante ressaltar que as razões para a mensuração em alunos com deficiência são
as mesmas para quaisquer outros grupos, principalmente se levarmos em conta que,
mesmo polemizado por alguns estudiosos, as estimativas da Organização das Nações
Unidas - ONU (1981), apontam que pelo menos 10% da população mundial apresenta
algum tipo de deficiência e que a deficiência mental é responsável pela maior parte
desse percentual. E segundo dados do IBGE - censo 2000 - no Brasil há 25,5 milhões de
portadores de necessidades especiais, que equivale a 14,5% da população e dentre este
número, 8,3% é deficiente mental (Internet).

A Deficiência mental é definida pela AAMR (American Association for Mental


Retardation) como indivíduos que possuem comprometimento intelectual associado a
limitações do comportamento adaptativo em duas ou mais das áreas seguintes:
comunicação, cuidados pessoais, vida escolar, habilidades sociais, desempenho na
comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar,
lazer, trabalho; com tais manifestações ocorrendo até a idade de 18 anos de idade.

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O diagnóstico e classificação são algumas das questões polêmicas que acompanham a
DM. É de certo modo bastante discutido os procedimentos utilizados para estabelecer
o diagnóstico, dando oportunidade para o desenvolvimento de diferentes opiniões
sobre este assunto. Dentre estas, há o modelo médico, que busca como fator etiológico
da DM as alterações orgânicas; o modelo psicopedagógico, onde o alvo do diagnóstico
pode ser o QI (Quociente intelectual), o desempenho psicomotor, estágio de
desenvolvimento cognitivo, além de outras considerações; e por fim, o modelo social
que propõe a avaliação da conduta adaptativa, tanto para o diagnóstico como para a
possibilidade de ações educacionais e melhoria nas condições de vida dos indivíduos.

O desenvolvimento psicomotor, utilizado pelo enfoque psicoeducacional, é avaliado


pelo conhecimento de sua importância como pré-requisito para o desenvolvimento de
habilidades acadêmicas. A avaliação psicomotora geralmente ocorre devido a vários
propósitos. Em geral, avalia-se o aluno pela tentativa de se identificar alguma
dificuldade psicomotora, de forma que possa ser elaborado um programa de
treinamento para a estimulação de tais habilidades não adquiridas.

Em outros casos, os alunos que possuem dificuldades acadêmicas são avaliados como
uma tentativa de se identificar em que medida as dificuldades psicomotoras podem
estar influenciando o desempenho acadêmico. E finalmente estes testes também são
usados para se diagnosticar lesões cerebrais e comportamentais.

Para a avaliação psicomotora, a revisão de literatura apresenta diversos instrumentos e


testes, além de trabalhos científicos, principalmente teses e dissertações, que por sua
vez colaboram para o aprofundamento dos conhecimentos e na padronização de
avaliações específicas para o deficiente mental. Entretanto, por se tratar de indivíduos
que apresentam dificuldades adaptativas, cria-se a necessidade de um maior número de
pesquisas para a elaboração de avaliações confiáveis.

Com esse intuito, o presente estudo teve como objetivo analisar a aplicabilidade da
bateria psicomotora elaborada por Fonseca (1995) como forma de avaliação do
desenvolvimento psicomotor do deficiente mental.

Desenvolvimento

Psicomotricidade

Além dos vários testes e escalas psicométricas e do comportamento adaptativo para


diagnosticar as necessidades especiais, a avaliação psicomotora pode ser usada como
parâmetro para observar as condições psicomotoras dos indivíduos avaliados, haja visto
que quando há um desenvolvimento cognitivo inadequado, provavelmente há um
atraso no desenvolvimento motor. Estes instrumentos são utilizados tanto para detectar
possíveis déficits psicomotores, quanto auxiliam na elaboração de um planejamento
para a estimulação psicomotora quando tais déficits são apontados.

15
De acordo com Ministério da Educação e do Desporto (MEC) e Secretaria de Educação
Especial (MEC/SEE, 1993), a psicomotricidade é a integração das funções motrizes e
mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso, destacando as relações
existentes entre a motricidade, a mente e a afetividade do indivíduo.

O termo psicomotricidade aparece a partir do discurso médico, quando foi necessário


nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras (Levin,
1995).

Na concepção atual, é impossível separar as funções motoras, as neuro-motoras e


perceptivo-motoras, das funções puramente intelectuais e da afetividade. Daí pode-se
afirmar que o desenvolvimento psicomotor se opõe à dualidade entre a psique e o
corpo.

A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo estão


intimamente ligados no indivíduo, e a psicomotricidade quer justamente destacar a
relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade, facilitando a abordagem
global da criança por meio de uma técnica. (Meur e Stales (1989).

SARA PAIN citada por Conceição (1984), distingue corpo e organismo, dizendo que um
organismo é comparável a um aparelho de recepção programada, que possui
transmissores capazes de registrar certos tipos de informação e reproduzi-las, quando
necessário. Já o corpo não se reduz a esse aparato somático, quando atravessado pelo
desejo e pela inteligência, compõe uma corporeidade, um corpo que aprende, que
pensa e atua.

O organismo bem estruturado é a base para a aprendizagem, consequentemente, as


deficiências orgânicas podem condicionar ou dificultar esse processo.

A aprendizagem inclui sempre o corpo, porque inclui o prazer, e este está no corpo, sem
o qual o prazer desaparece. A participação do corpo no processo de aprendizagem se dá
pela ação (principalmente nos primeiros anos) e pela representação.

O organismo constitui a infraestrutura neurofisiológica de todas as coordenações, e que


torna possível a memorização. Um organismo enfermo ou deficiente pode prejudicar a
aprendizagem na medida que afeta o corpo, o desejo, a inteligência.

Desenvolvimento Psicomotor

Compreende-se desenvolvimento psicomotor como a interação existente entre o


pensamento, consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos, com ajuda
do sistema nervoso (Conceição, 1984). Desse modo, cérebro e músculos influenciam-se
e educam-se, fazendo com que o indivíduo evolua, progredindo no plano do
pensamento e da motricidade.

O desenvolvimento humano implica transformações contínuas que ocorrem através da


interação dos indivíduos entre si e entre os indivíduos e o meio em que vivem.

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Harlow e Bromer (1942) citado por Fonseca (1995), demonstraram que o córtex motor
exerce uma função determinante em todas as funções de aprendizagem, sedo as
relações entre psicomotricidade e aprendizagem efetivamente inter-relacionadas em
termos de desenvolvimento psiconeurológico.

As diferentes fases do desenvolvimento motor têm grande importância, pois colaboram


para a organização progressiva das demais áreas, tal como a inteligência. Isto não é
menos verdadeiro com a criança com deficiência mental.

Quanto mais dinâmicas forem as experiências da criança deficiente, a partir de sua


liberdade de sentir e agir, através de brincadeiras e jogos, maiores serão as
possibilidades de enriquecimento psicomotor. O desenvolvimento motor da criança
com DM obedece a mesma sequência evolutiva das fases de desenvolvimento da criança
normal, porém de forma mais lenta (Conceição, 1984).

Analisando o processo evolutivo do ser humano, vê-se que há dois momentos


interessantes: inicialmente, as aprendizagens, ou seja, o método de estabelecer
conexão entre certos estímulos e determinadas respostas para aumentar a adaptação
do indivíduo ao ambiente, ficam numa dependência maior dos aspectos internos, isto é,
da maturação do sistema nervoso central (SNC); em seguida, as aprendizagens
dependem mais das informações provindas do meio externo que são captadas pelos
órgãos sensoriais. Portanto, há uma intima relação entre as influências internas e
externas, criando a necessidade da integridade do SNC e subsídios para o
estabelecimento de conexões com os estímulos ambientais ambiente para um
desenvolvimento percepto-motor normal.

A importância de um adequado desenvolvimento motor está na intima relação desta


condição com o desenvolvimento cognitivo. A cognição é compreendida como uma
interação com o meio ambiente, referindo-se a pessoas e objetos.

Segundo a teoria Piagetiana, para o desenvolvimento dos processos mentas superiores,


a criança passa por 3 períodos, sedo estes: 1o - Período sensório-motor (0 a 2 anos); 2o
- Período da inteligência representativa, que conduz às operações concretas (2 a 12
anos); e 3o - Período das operações formais ou proposicionais (12 anos em diante).

Dentro do período sensório-motor, há duas subfases, sendo a primeira a relação da


centralização do próprio corpo e a segunda, a objetivação e especialização dos
esquemas de inteligência prática. Este período se desenvolve através de seis estágios.

● Estágio 1: estagio relacionado às respostas reflexas, os quais Piaget não


consideram como respostas isoladas, mas sim integradas nas atividades
espontâneas e totais do organismo (0 a 1 mês).
● Estágio 2: Aparecimento dos primeiros hábitos que ainda não significam
inteligência, posto que não possuem uma determinação de meio e fim (1 a 4
meses).
● Estágio 3: Começo da aquisição da inteligência, que aparece geralmente entre o
quarto e quinto mês, onde está se apresentando o desenvolvimento da
coordenação da visão e preensão (4 a 8 meses).

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● Estágio 4 e 5: A inteligência sensório-motora prática vem permitir à criança uma
finalidade em seus atos. Em seguida, procura novos meios diferentes dos
esquemas de assimilação que ela já conhecia (8 a 12 meses e 12 a 18 meses).
● Estágio 6: Estágio de transição para o início do simbolismo, que para Piaget, só
começa aos dois anos, permitindo abandonar os simples tateios exteriores e
materiais, em favor de combinações interiorizadas (18 a 24 meses).

Em suma, no primeiro estágio (primeiros anos de vida), há o que Baltazar(2000) se refere


à paralelismo psicomotor, ou seja, as manifestações motoras são evidências do
desenvolvimento mental. O desenvolvimento neuromuscular até os três primeiros anos
proporciona indícios do desenvolvimento. Pouco a pouco, a inteligência e a motricidade
se separam; porém, quando esse paralelismo se mantém, pode determinar um
quociente de desenvolvimento que corresponderá em atraso ou desenvolvimento
atípico.

Ainda para o mesmo autor, o distúrbio psicomotor é aquele que prejudica apenas a
execução do movimento sem prejuízo da parte muscular. E crianças com DM
normalmente apresentam tais distúrbios.

O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo o corpo


e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários fatores
psicomotores. Segundo Fonseca (1995), apresenta 7 fatores, os quais são a tonicidade,
o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espaciotemporal e praxias
fina e global.

Tonicidade

A tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no


desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, as mímicas, as
emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.

Equilíbrio

O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas


(com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições
de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em
determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre
uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento,
determinando sucessivas alterações da base de sustentação.

Lateralidade

A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé,


do mesmo lado do corpo.

18
A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar
um lado do corpo com maior desembaraço.

O que geralmente acontece é a confusão da lateralidade com a noção de direita e


esquerda, que está envolvida com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade
adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou vice-versa. No entanto,
todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a lateralidade não está bem
definida, é comum ocorrerem problemas na orientação espacial, dificuldade na
discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e incapacidade de seguir a
direção gráfica.

A lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas só se estabelece


fisicamente por volta dos 4-5 anos.

Noção Corporal

A formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção


ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das
possibilidades de expressar-se por seu intermédio.

Ajuriaguerra citado por Fonseca (1995), relata que a evolução da criança é sinônimo de
conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, e através dele
que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua personalidade.

A noção do corpo em psicomotricidade não avalia a sua forma ou as suas realizações


motoras, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo da sua
representação psicológica e linguística e nas suas relações inseparáveis com o potencial
de alfabetização.

Este fator resume dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem, não só por


envolver um processo perceptivo polissensorial complexo, como também por integrar e
reter a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas.

Estruturação espaço-temporal

A estruturação espaciotemporal decorre como organização funcional da lateralidade e


da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial
interna do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior
(Fonseca, 1995).

Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados no espaço,


da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações integradas da
tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal.

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A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu
próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do
lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e coisas.

Praxia Global

Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-


estabelecida com forma de alcança um objetivo. A praxia global está relacionada com a
realização e a automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num
determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.

Praxia Fina

A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de
coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a
fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de
abranger as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas
e manipulativas mais finas e complexas.

Crianças que têm transtornos na coordenação dinâmica manual geralmente têm


problemas visomotores, apresentando inúmeras dificuldades de desenhar, recortar,
escrever, ou seja, em todos os movimentos que exijam precisão na coordenação
olho/mão.

Caracterização do Estudo

O presente estudo caracterizou-se como do tipo descritivo, com teor exploratório-


descritivo combinado (Lakatos e Marconi, 1991), tendo como objetivo analisar o perfil
psicomotor dos indivíduos de 6 a 10 anos de idade cronológica, de ambos os sexos,
sendo 5 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, alunos da Escola de Educação Especial
João Paulo I - APAE de Cianorte/PR - Paraná, portadores de deficiência mental,
relativamente aos aspectos da avaliação psicométrica.

População e Amostra

Os sujeitos da pesquisa foram nove alunos, com idade cronológica de 6 a 10 anos. A


seleção da amostra foi intencional. Os alunos selecionados eram todos diagnosticados
como portadores de deficiência mental e frequentavam diferentes salas de aula.

Caracterização individual dos sujeitos

Na caracterização individual dos sujeitos do referido estudo, tomou-se por base dados
do prontuário dos alunos e entrevista com a psicóloga e pedagoga responsáveis pela

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escola. Mesmo sendo caracterizado em diversas variáveis, utilizaremos no estudo
apenas variáveis de comportamento.

Instrumentos

Para o desenvolvimento do estudo, foi utilizado como instrumento de avaliação a


bateria psicomotora (BPM) elaborada por Fonseca em 1995.

A Bateria Psicomotora (BPM) compõe-se de sete fatores psicomotores: tonicidade,


equilibração, lateralizarão, noção do corpo, estruturação espaciotemporal, praxia global
e praxia fina, subdivididos em 26 subfatores.

A mesma apresenta condições e oportunidades para estudar a psicomotricidade atípica,


podendo no seu todo ou em alguns fatores ser utilizada para estudar a psicomotricidade
em deficientes visuais, deficientes da comunicação, deficientes socioemocionais, etc.

O resultado total da BPM é obtido cotando nos quatro parâmetros já apresentados


todos os subfatores, sendo a cotação média de cada fator arredondada. A cotação assim
obtida traduz de forma global cada fator, cotação essa que será transferida para a
primeira página onde se encontra o respectivo perfil psicomotor.

Procedimentos

Foi realizada uma observação direta e individual dos alunos por somente um avaliador.
Os alunos foram observados em dias variados durante os meses de agosto e setembro
de 2001. Os locais nos quais foram realizadas as avaliações foram em uma sala com
aproximadamente 20 metros quadrados, destinada às atividades de fisioterapia da
instituição e uma sala ampla de aproximadamente 100 metros quadrados, onde está
construído um circuito psicomotor para o trabalho com os alunos.

Análise dos resultados

Optou-se por avaliar somente os fatores tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção


corporal e as praxias global e fina. Não avaliamos o fator estruturação espaciotemporal,
pois as tarefas respectivas exigem dos alunos o entendimento de ordens simples e
complexas, além da aquisição de noções numéricas e matemáticas, fatores ainda não
presentes nesta amostragem.

Então, como forma de análise dos resultados, haja visto que um item foi abolido,
optamos por análise individual da média dos fatores.

Todos os resultados foram obtidos pela soma dos valores adquiridos pela avaliação dos
subfatores respectivos. Os valores para cada prova variavam entre 1 e 4. Em seguida, a
soma encontrada era dividida pela quantidade dos subfatores encontrados em cada
fator psicomotor para alcançar a média, que quando necessário era arredondada.

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Os valores entre 1 e 4 indicavam a seguinte situação:

1. Realização imperfeita, incompleta e descoordenada (fraco) - perfil apráxico


2. Realização com dificuldades de controle (satisfatório) - perfil dispráxico
3. Realização controlada e adequada (bom) - perfil eupráxico
4. Realização perfeita, econômica, harmoniosa e bem controlada (excelente) -
perfil hiperpráxico

Para obtenção dos resultados, utilizou-se da Média e do Desvio Padrão de cada fator
avaliado.

Resultados e discussão

A tabela 1 permite a observação geral dos resultados individuais das dimensões


avaliadas, seguida dos escores finais obtidos por cada indivíduo, visualizados na tabela
2. Com a observação dos escores individuais, foi percebido os seguintes resultados:

Sujeito 1: A tonicidade e o equilíbrio tiveram escore 3, equivalente a respostas com


realização controlada e adequada. A lateralidade e praxias tiveram escore 2, equivalente
à realização com dificuldade de controle e; escore 1 para a noção corporal, indicando
realização imperfeita e incompleta.

Sujeito 2: Este obteve em todos os fatores o escore 1, indicando realização imperfeita e


incompleta.

Sujeito 3: Nos fatores tonicidade e lateralidade, este apresentou respostas com


dificuldade de controle, referente ao escore 2. Os fatores restantes, sendo este
equilíbrio, noção corporal e praxias, apresentaram realização imperfeita e incompleta,
equivalente ao escore 1.

Sujeito 4: Os valores são semelhantes aos resultados do sujeito 3, sendo 2 para


tonicidade e lateralidade e escore 1 para equilíbrio, noção corporal e praxias.

Sujeito 5: Neste caso, foi adquirido escore 2 para tonicidade, indicando realização com
dificuldade de controle; 3 para lateralidade, indicando realização controlada e
adequada; e 1 para equilíbrio, noção corporal e praxias, sendo a realização imperfeita e
incompleta.

Sujeito 6: Este apresentou escore 3 para tonicidade, sendo a realização controlada e


adequada; 2 para lateralidade, tendo respostas com dificuldade de controle; e 1 para
equilíbrio, noção corporal e praxias, equivalentes a respostas com realização imperfeita
e incompleta.

Sujeito 7: Apresentou escore 2 nos fatores tonicidade e lateralidade, indicando


realização com dificuldade de controle e 1 nos demais fatores, sendo equilíbrio, noção
corporal e praxias, equivalente a respostas incompletas e descoordenadas.

22
Sujeito 8: O sujeito apresentou escore 2 em lateralidade e praxia global, tendo obtido
realização com dificuldade de controle e 1 em tonicidade, equilíbrio, noção corporal e
praxia fina, equivalente à realização imperfeita e incompleta.

Sujeito 9: Este apresentou 1 nos fatores tonicidade, equilíbrio, noção corporal e praxias,
indicando realização descoordenada e em lateralidade, obteve o escore 2, indicando
realização com dificuldade de controle.

Com relação à média final de cada fator psicomotor, a tonicidade e lateralidade


obtiveram média mais próxima e exatamente igual a 2, respectivamente. Já os fatores
equilíbrio, praxia global e praxia fina obtiveram a média equivalente a 1,45 e 1,12,
respectivamente. Como foi orientado na cotação dos fatores da bateria, tais valores
foram arredondados para 2. As interpretações das médias obtidas pela avaliação dos
fatores acima permitiram a observação de uma realização satisfatória das atividades
propostas, porém com dificuldades de controle. Estes valores podem ser verificados na
tabela 2.

A respeito da noção corporal, esta obteve média 1, tendo como interpretação


realização imperfeita, incompleta e descoordenada das atividades referentes a tal fator.

Com a análise dos resultados, podemos verificar que a maioria indicava respostas
incompletas e imperfeitas, sugerindo perfil deficitário, sendo somente resultados
apenas com dificuldade, indicando a dispraxia, os obtidos pelos fatores tonicidade e
lateralidade. Tais resultados eram esperados, pelo motivo de trabalharmos com
indivíduos com DM, que por sua vez apresentam em maioria, dificuldades psicomotoras.
Fonseca (1995) afirma que uma pessoa (criança, adulto ou pessoa idosa) com uma
síndrome cerebral falha em muitas tarefas da bateria.

Verificamos grande facilidade em aplicar a BPM em nossa população. Justificamos pelo


fato do avaliador ser conhecido dos indivíduos escolhidos, facilitando assim sua
aplicabilidade. No entanto, em casos não catalogados, de indivíduos que são
encaminhados aos nossos serviços e que pela primeira vez se defrontam com os
avaliados, a aplicação da bateria vem se mostrando de fácil aplicação. Isso sugere que a
BPM pode ser um instrumento de avaliação para avaliar o perfil psicomotor dos
indivíduos portadores de DM, da mesma forma que avalia crianças que possuem
somente dificuldade de aprendizagem.

23
No entanto não podemos ignorar a afirmação de Fonseca em sua obra sobre a BPM,
onde relata que:

"A BPM não foi construída para identificar ou classificar um déficit neurológico, nem tão
pouco serve para diagnosticar uma disfunção cerebral, nem uma lesão cerebral. Quando
muito, fornece alguns dados que nos permitem chegar a uma disfunção psiconeurológica
de aprendizagem ou uma disfunção psicomotora (dispraxias)."

Outrossim, o autor em seguida coloca o interesse e incentivo a pesquisas que possam


comprovar a aplicabilidade da bateria em outras populações, como na educação
especial.

Como pôde ser observado na cotação dos resultados finais, o fator noção corporal é o
que obteve menores valores. Isto pode explicar possivelmente os índices baixos de
outros resultados.

Conclusão

Com a análise dos resultados, podemos verificar que eles foram compatíveis com os
resultados esperados, onde demonstraram as dificuldades psicomotoras encontrados
na maioria dos portadores de DM. No entanto, encontramos facilidade em sua
aplicabilidade perante a população escolhida, eliminando somente um dos fatores
presentes, por este apresentar a maioria de suas atividades complexas para tais
indivíduos.

Então observamos que a BPM pode ser utilizado como forma de avaliação da
psicomotricidade dos portadores de DM, quando analisados seus fatores de forma
individual.

Outrossim, esperamos um maior número de pesquisas, objetivando uma conclusão mais


embasada sobre o assunto.

O que é a Educação Psicomotora?

Esta forma de educação é condicionante para os aprendizados pré-escolares. Neste


ponto de partida as crianças ganham as bases para adquirir habilidades motoras,

24
afetivas e cognitivas. A psicomotricidade envolve atividades físicas que estimulam a
consciência corporal. Seja para que as crianças aprendam a situar-se no espaço, ou para
desenvolver a coordenação dos seus movimentos.

É importante notar que a movimentação é fator que favorece o aprendizado infantil. No


plano geral podemos dizer que há uma dupla finalidade envolvida no aspecto
educacional psicomotor. Se o primeiro de que tratamos está voltado ao
desenvolvimento funcional, o segundo é de ordem afetiva, pois temos um meio que
auxilia na interação do aluno com o ambiente humano que o circunda.

Qual é a sua importância dentro do processo educacional?

Quando são praticados exercícios motores desde tenra idade há um estímulo à


organização funcional dos neurônios. Através desta ação psicopedagógico, que se vale
de elementos de educação física, asseguramos o desenvolvimento da criança em todo
seu potencial. Na primeira infância podemos dizer que a totalidade do processo
educador é psicomotora.

Nas etapas seguintes o seu distanciamento de outras aprendizagens torna-se mais


acentuado. Não obstante, é até a faixa dos 7 anos que a motricidade humana tem seu
ponto de desenvolvimento mais relevante. Portanto, a Educação Psicomotora é
indispensável para o equilíbrio biopsicossocial nas diferentes fases de formação da
criança.

O que é desenvolvido na criança e quais os impactos em longo


prazo?

De modo geral esta prática leva ao domínio do equilíbrio corporal, sendo indispensável
para a adaptação ao mundo exterior. Além disso, coordenações globais e finas são
trabalhadas, de modo que competências futuras, como manipular um lápis, sejam
melhor executadas. Trata-se inclusive de um dos primeiros estímulos que podemos dar
à autonomia do indivíduo.

A prática também é de suma importância para aquelas crianças que portam


necessidades especiais, pois esta estimulação pode, e deve atuar de forma a mitigar suas
dificuldades adaptativas. Lembrando que o seu impacto nos neurônios é tamanho, que
o desenvolvimento motor está profundamente imbricado no desenvolvimento
intelectual.

Atingindo essas três dimensões do IDH, o ser humano é capaz de ter uma vida longa e
saudável, acesso ao conhecimento (que é essencial para a garantia do exercício das suas

25
liberdades individuais), e condições financeiras para manter um padrão de vida estável
(comprar comida, pagar suas contas básicas e ter um abrigo, por exemplo).

O IDH foi idealizado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen, que
apresentaram os primeiros resultados no Relatório de Desenvolvimento Humano do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990.

Desenvolvimento infantil

O que é o desenvolvimento infantil?

O desenvolvimento infantil é um processo de aprendizado pelo qual as crianças passam


para adquirir e aprimorar diversas capacidades de
âmbito cognitivo, motor, emocional e social.

Ao conquistar determinadas capacidades, a criança passa a apresentar certos


comportamentos e ações (como, por exemplo, dizer a primeira palavra, dar os primeiros
passos etc.) que são esperados a partir de determinada idade.

O desenvolvimento infantil acaba por ser um conjunto de aprendizados que, pouco a


pouco, vai tornando a criança cada vez mais independente e autônoma.

Fases do desenvolvimento infantil (segundo Jean Piaget)

As etapas do desenvolvimento infantil foram o principal tema de estudo do psicólogo


suíço Jean Piaget.

26
Jean William Fritz Piaget (9 de agosto de 1896 - 16 de setembro de 1980)

Durante o tempo em que trabalhava em uma escola, Piaget se interessou por observar
o raciocínio utilizado pelas crianças para responder as perguntas de seus professores.

Posteriormente, passou a observar também os seus filhos e desta forma, acabou por
subdividir as fases da infância.

A teoria de Piaget considera que o desenvolvimento infantil consiste em quatro fases no


que diz respeito à cognição: sensório-motor, pré-operatório, operatório
concreto e operatório formal.

Sensório-motor: 0 a 2 anos
Nessa fase do desenvolvimento, a criança desenvolve a capacidade de se concentrar em
sensações e movimentos.

O bebê começa a ganhar consciência de movimentos que, anteriormente, eram


involuntários. Ele percebe, por exemplo, que ao esticar os braços pode alcançar
determinados objetos.

Durante esse período, ocorre o desenvolvimento da coordenação motora.

Os bebês nessa faixa etária só têm consciência daquilo que podem ver e é por isso que
choram quando a mãe sai do seu campo de visão, mesmo que ela esteja muito perto.

27
Pré-operatório: 2 a 7 anos
Esse é o período onde ocorrem representações da realidade dos próprios pensamentos.

Nessa fase, algumas vezes a criança não tem a real percepção dos acontecimentos, mas
sim a sua própria interpretação.

Ao observar um copo fino e alto e um copo baixo e largo que comportam a mesma
quantidade, por exemplo, a criança acredita que o copo alto comporte uma quantidade
maior.

Durante esse período também é possível notar uma fase bastante acentuada
do egocentrismo e a necessidade de dar vida às coisas.

É a fase dos “porquês” e da exploração da imaginação, ou seja, do dito "faz de conta".

Operatório concreto: 8 a 12 anos


Nessa fase começa a ser demonstrado o início do pensamento lógico concreto e as
normas sociais já começam a fazer sentido para a criança.

A criança é capaz de entender, por exemplo, que um copo fino e alto e um copo baixo e
grosso podem comportar a mesma quantidade de líquido.

Nessa faixa etária, o desenvolvimento da criança já contempla conhecimentos


sobre regras sociais e sobre o senso de justiça.

Operatório formal: a partir dos 12 anos


Aos 12 anos a criança já possui a capacidade de compreender situações
abstratas e experiências de outras pessoas.

Mesmo que a própria criança jamais tenha vivido determinada experiência e nem
mesmo nada parecido, ela passa a ter a capacidade de compreender através de
situações vividas por outros, ou seja, a compreender situações abstratas.

O pré-adolescente também já é capaz de criar situações hipotéticas, teorias e


possibilidades e de começar a se tornar um ser autônomo.

Quais são os marcos do desenvolvimento infantil?

Os marcos do desenvolvimento infantil consistem em certos comportamentos ou


capacidades que se esperam das crianças em determinadas faixas etárias.

É importante referir que esses marcos podem acontecer mais cedo para umas crianças
do que para outras, mas uma variação de tempo excessivamente grande pode significar
algum distúrbio de desenvolvimento.

Desenvolvimento infantil de 0 a 6 meses

28
● Logo a seguir ao nascimento: o bebê dorme a maior parte do tempo, chora ao
sentir desconforto e tem o hábito de sugar a boca;

● 1 mês: move a cabeça, o olhar é capaz de acompanhar um objeto em


movimento, reage a sons, tem a capacidade de focar o rosto de outra pessoa
com o olhar;

● 6 semanas: sorri durante a interação com outras pessoas, fica deitado de bruços;

● 3 meses: abre e fecha as mãos, mantém a cabeça firme quando está sentado e a
eleva quando deitado de bruços, tenta alcançar objetos suspensos, começa a
balbuciar sons;

● 5-6 meses: rola o corpo quando deitado, reconhece pessoas, é capaz de sentar
(com apoio), emite sons semelhantes a pequenos gritos para exprimir alegria.

29
Desenvolvimento infantil de 7 meses a 1 ano

● 7 meses: é capaz de sentar (sem apoio), segura a mamadeira, passa objetos de


uma mão para outra, reconhece o próprio nome, sustenta parte do peso de seu
corpo quando está em pé;

● 9 meses: reage quando os brinquedos são tirados dele, consegue ficar em pé


(com apoio), consegue sentar a partir da posição de bruços, começa a falar
“papá” e “mamã” ("papai" e "mamãe"), engatinha;

● 12 meses: é capaz de andar com apoio e de dar um ou dois passos sem apoio,
aprende a bater palmas e a “dar tchau”, fala algumas palavras, aprende a ingerir
líquidos através de um copo.

30
Desenvolvimento infantil de 1 ano e 6 meses a 3 anos

● 1 ano e 6 meses: a criança anda com mais segurança, sobe escadas se apoiando,
é capaz de comer certos alimentos sozinhos, estabelece comunicação através de
um vocabulário de cerca de 10 palavras, desenha linhas verticais,

● 2 anos – 2 anos e 6 meses: corre com certa segurança, sobe em móveis, ao


manusear um livro ou uma revista consegue virar uma página de cada vez, forma
pequenas frases, abre portas, sobe e desce escadas sem apoio, indica quando
precisa ir ao banheiro.

● 3 anos: consegue andar de velocípede, vai ao banheiro sozinha, faz perguntas


com frequência, conta até 10, sabe formar o plural de algumas palavras,
reconhece algumas cores.

31
Desenvolvimento infantil de 4 a 6 anos

● 4 anos: consegue pular em um pé só, aprende a atirar bolas, sabe lavar as mãos
e o rosto, sobe e desce escadas alternando os pés.

● 5 anos: consegue agarrar uma bola atirada por outra pessoa, desenha pessoas,
sabe pular, sabe colocar a própria roupa e também se despir, conhece um
número maior de cores.

● 6 anos: sabe escrever o seu próprio nome, caminha em linha reta, apresenta fala
fluente (usa tempos verbais, plurais e pronomes corretamente), tem capacidade
de memorizar histórias, começa a aprender verdadeiramente a compartilhar,
começa a demonstrar interesse em saber de onde vêm os bebês.

Tipos de desenvolvimento infantil

Durante o processo de desenvolvimento, a criança evolui em diferentes aspectos de sua


formação. A evolução não se dá somente no crescimento físico da criança, mas também
na sua parte cognitiva e social, dentre outras.

Desenvolvimento afetivo

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O desenvolvimento afetivo está relacionado aos sentimentos e às emoções e é
perceptível por parte da criança desde a fase de bebê.

Um bebê é capaz de compreender a recepção de carinho e de amor, e também de amar


e de criar laços afetivos com os pais e com outras pessoas próximas, principalmente com
aquelas com as quais tem mais convívio.

O estabelecimento dessas relações é fundamental para que a criança desenvolva sua


inteligência emocional e não tenha, no futuro, problemas afetivos.

Desenvolvimento cognitivo

O desenvolvimento cognitivo refere-se à parte mais intelectual do ser humano. Diz


respeito à atenção, ao raciocínio, à memória e à capacidade de resolver problemas.

A cognição do ser humano é desenvolvida com o tempo. Enquanto bebê, uma pessoa
não tem uma capacidade de memória muito aguçada. Em geral, as pessoas não têm, por
exemplo, recordações de acontecimentos que tenham tido lugar antes dos seus dois
anos de idade.

O desenvolvimento cognitivo infantil permite que a criança interprete, assimile e se


relacione com os estímulos do ambiente que a cerca e com a sua própria essência.

Desenvolvimento físico

O desenvolvimento físico é aquele através do qual as crianças desenvolvem habilidades


e capacidades motoras como se sentar, andar, ficar em pé, pular, correr, etc.

Em atividades que requerem mais precisão, como por exemplo, escrever, o


desenvolvimento físico fica também dependente do desenvolvimento cognitivo.

Desenvolvimento social

Com o desenvolvimento social, a criança aprende a interagir em sociedade.

É com base nesse tipo de desenvolvimento que a criança estabelece com outras pessoas
uma espécie de intercâmbio de informações, que permite adquirir cultura, tradições e
normas sociais.

A importância de brincar no desenvolvimento infantil está diretamente relacionada


com esse tipo de desenvolvimento, pois através da socialização com outras crianças, são
desenvolvidas certas capacidades de interação e noções de limites.

33
O que pode influenciar o desenvolvimento infantil?

Apesar da definição do conceito de fases do desenvolvimento piagetiano, o próprio


Piaget defende que esse desenvolvimento poder ser beneficiado por certos estímulos e
por um ambiente apropriado para crianças.

Os principais fatores que podem impactar o desenvolvimento infantil são:

● Ambiente onde a criança vive.

● Hereditariedade (os seus pais, avós e demais ancestrais).

● Alimentação.

● Problemas físicos.

Psicologia do desenvolvimento infantil

A psicologia do desenvolvimento infantil é responsável por estudar as alterações que


ocorrem no comportamento do ser humano durante a infância e defende que ele
precisa passar por algumas etapas de aprendizado para finalmente adquirir
determinada capacidade.

Esse estudo engloba não só o desenvolvimento emocional/afetivo (emoções e


sentimentos), mas também o cognitivo (conhecimento/razão), o social (relações
sociais) e o psicomotor (funções motoras e psíquicas).

A psicologia do desenvolvimento busca estudar também os fatores que promovem as


mudanças de comportamento que levam a determinado fim.

O psicólogo suíço Jean Piaget, fez uma analogia entre o desenvolvimento infantil e o
desenvolvimento de um embrião: ele considerou que o percurso do desenvolvimento
infantil consistia em fases e que a conclusão de uma determinada fase era condição
necessária para passar à fase seguinte, ou seja, defendia que o desenvolvimento ocorria
de forma sequencial, sem pular etapas.

Piaget definiu o desenvolvimento cognitivo como uma espécie de embriologia mental.

A construção da criança enquanto indivíduo está diretamente relacionada com o


ambiente que a cerca. A demanda do ambiente pode influenciar diretamente o alcance
de determinadas capacidades.

Essa condição estabelece algumas relações do desenvolvimento infantil com a


aprendizagem: uma criança que não sofre estímulos, pode, por exemplo, desenvolver
certas capacidades mais tarde ou até mesmo vir a não as desenvolver.

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Em outras palavras, se o ambiente não demanda, a criança pode não “reagir” e não
“construir”.

Em suma, a psicologia do desenvolvimento infantil defende que a construção acontece


através da interação com o meio.

A importância do brincar no desenvolvimento infantil

As brincadeiras e jogos constituem uma parte fundamental do processo de


desenvolvimento infantil.

Através das brincadeiras, as crianças têm a possibilidade de explorar seus sentimentos


e emoções e também seus medos e angústias.

O lúdico também permite que as crianças criem situações hipotéticas que auxiliam no
desenvolvimento das capacidades de reflexão, análise, raciocínio, imaginação e
criatividade.

A brincadeira com outras crianças, por exemplo, ensina a criança a partilhar seja um
brinquedo ou mesmo um espaço. Desta forma, a socialização ajuda a criança a
ultrapassar a fase do egocentrismo.

Teoria de Piaget versus teoria de Vygotsky


No domínio da psicologia, Jean Piaget e Lev Vygotsky foram grandes estudiosos do
desenvolvimento infantil.

35
Lev Semyonovich Vygotsky (17 de novembro de 1896 - 11 de junho de 1934)

Ambos são considerados construcionistas e interacionistas, pois defendem que nada


acontece sem uma interação e que tudo precisa passar por um processo de construção
até alcançar determinado fim.

A diferença entre a teoria de Piaget e a teoria de Vygotsky são as mediações utilizadas


para abordar a interação.

Piaget considera que a interação se dê por meio da ação da criança. Desta forma ocorre
uma troca com o meio; a criança age e aprende por experiência própria, não há uma
pessoa ensinando.

Para Vygotsky, a mediação ocorre por meio de ferramentas culturais, ou seja, o


aprendizado ocorre quando a criança interage ou coopera com pessoas que fazem parte
do seu ambiente. Posteriormente, esses processos de aprendizados são internalizados
e passam a fazer parte do desenvolvimento independente da criança.

Em outras palavras, para Vygotsky o desenvolvimento infantil é resultado do convívio


social.

ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS: IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS

36
Em qualquer nível social, as telas vêm dominando a preferência da garotada. No pátio da
escola, dentro de casa, na rua, no parque, no transporte coletivo ou no carro, crianças e
adolescentes estão permanentemente com os olhos abaixados e os dedos ocupados em
celulares, tablets e joguinhos de toda sorte. Os especialistas alertam que, além de favorecer
o sedentarismo, um fator de risco para diversas doenças na vida adulta, esse
comportamento compromete o convívio social, levando ao isolamento.

Preocupada com esse cenário, já que 7,3% das crianças brasileiras com menos de 5 anos
estão acima do peso, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou, em 2017, um manual de
orientação para promover a atividade física na infância e na adolescência e para ajudar
médicos e educadores, incluindo pais, a encaminhar os pequeninos e jovens para a prática
diária de exercícios físicos.

Atividades físicas de acordo com a idade da criança


Segundo o documento, até os 2 anos de idade, as crianças precisam ser estimuladas a se
movimentar diversas vezes ao dia, engatinhando, buscando objetos e movendo membros
do corpo. Eletrônicos – incluindo TV – são contraindicados para essa faixa etária.

De 3 a 5 anos, as brincadeiras e atividades de qualquer intensidade devem ocupar pelo


menos 180 minutos diários, incluindo bicicleta, esconde-esconde, pega-pega, bola, etc.
Nessa fase, opções como lutas, danças e natação já podem começar a ser introduzidas.

Dos 6 aos 19 anos, por fim, a recomendação é de uma hora por dia de prática de esportes e
exercícios mais intensos, que demandem um pouco mais da capacidade cardiorrespiratória
– dependendo da modalidade, vale questionar o pediatra sobre a necessidade de avaliação
médica prévia. Adolescentes têm sinal verde para fazer musculação até três vezes por
semana, desde que com o acompanhamento de um educador físico.

Claro que nem sempre os pais têm tempo e mesmo recursos financeiros para ajudar os filhos
a cumprir essas metas. Muitas vezes, as próprias demandas escolares lotam a agenda dos
pequenos e dos adolescentes. Contudo, diante do fácil acesso aos eletrônicos, geralmente
o grande empecilho é mesmo conseguir a adesão da criança ou do jovem quando eles
finalmente estão livres. Para mudar essa rotina, confira as dicas a seguir e aproveite a
próxima consulta com o pediatra para conversar com a respeito.

Dicas para tirar a garotada do sofá


- Estabeleça um limite máximo de duas horas por dia de exposição às telas, incluindo
televisão, e mude a maneira como seus filhos as utilizam, substituindo uma pela outra. É
nesse meio tempo que devem entrar outras atividades.

37
- Aproveite as vantagens dos eletrônicos. Use com as crianças aplicativos que incentivam o
progresso em determinados exercícios – como o contador de passos do celular – e games
baseados em movimentos, como os de esportes e dança.

- Abra espaço para brincadeiras dentro de casa. Reserve alguns dias – especialmente os
chuvosos – para transformar a sala num circuito, com túneis de caixas de papelão, pula-pula
nas almofadas, colchões para cambalhotas e por aí afora. Tudo com supervisão,
evidentemente. Se puder incluir os amiguinhos, fica melhor ainda. Depois, ponha todo
mundo para organizar a bagunça que isso também consome energia.

- A propósito, distribua tarefas domésticas em casa. Colaborar na rotina do lar é importante


para desenvolver o senso de responsabilidade dos pequenos e ajudar na construção de sua
autonomia. De quebra, ainda faz a criança se movimentar pela casa.

- Exemplo funciona mais que mil palavras. Se você se exercita regularmente, mostre às
crianças que não há tempo feio que iniba você de malhar. Dessa forma, desde cedo vão
perceber que a atividade física ocupa um lugar prioritário na rotina da família e aderir
naturalmente a uma vida ativa.

- Sempre que possível, deixe o carro na garagem e faça os percursos a pé com as crianças e
os jovens. Estudantes que vão e voltam da escola caminhando já cumprem boa parte da
meta de atividade semanal preconizada pelos especialistas.

COMO TRABALHAR A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL

A Educação Infantil é o primeiro contato da criança fora do ambiente familiar. Esta primeira
etapa tem como objetivo o desenvolvimento integral dos aspectos físico, psicológico, intelectual
e social. Para potencializar a evolução das habilidades motoras, cognitivas e emocionais, as aulas
de Educação Física no ensino infantil são de extrema importância e proporcionam hábitos de
vida saudável e qualidade de vida futura.

Nesta fase, a criança amplia a percepção do universo que a cerca e a Educação Física ajudam a
promover uma grande diversidade de experiências – descobrir o próprio corpo e seus limites, se
relacionar com o outro, se expressar emocionalmente e ativar a criatividade são alguns
exemplos.

Para trabalhar o desenvolvimento global das crianças durante as aulas de Educação Física
separamos três propostas de atividades que fortalecem a aprendizagem, a memória e o
raciocínio, incentivam as interações sociais e a formação da personalidade. Além disso, elas
exercitam as habilidades motoras e a capacidade sensorial.

Jogos e brincadeiras

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Nos últimos anos, vem crescendo a percepção da importância das atividades recreativas e da
Educação Física escolar em todos os momentos do Ensino Fundamental. Uma das formas mais
eficazes de se trabalhar nesta faixa etária é por meio de jogos e brincadeiras.

Através do movimento, da ação, da experiência e da criatividade, as crianças se relacionam com


si mesmas, com o espaço e o tempo. Ao utilizar jogos e brincadeiras tradicionais, o professor
pode ensinar noções de cooperação e regras entre os alunos para brincadeiras em equipe,
valorizar a cultura popular por meio de brincadeiras tradicionais e apresentar normas de jogos
pé-desportivos.

O Impulsiona oferece gratuitamente o conteúdo JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA,


que propõe atividades para introduzir esportes e trabalhar as competências socioemocionais
com os alunos. O material atende à unidade temática Brincadeiras e Jogos da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) e ajuda o professor a entender mais sobre o assunto.

Jogos Competitivos x Jogos Cooperativos


Um dos temas mais discutidos na Educação Física no Ensino Infantil é o incentivo à competição
nas aulas. Por isso, ao trabalhar com jogos, muitos educadores podem ter dúvidas sobre qual
tipo escolher. Enquanto os competitivos ajudam a criança a lidar com vitórias e derrotas, os
cooperativos estimulam a parceria e o respeito às diferenças.

Preparamos o material JOGOS COMPETITIVOS X JOGOS COOPERATIVOS para apresentar as


vantagens e desvantagens de cada modalidade e qual o momento ideal de utilizar cada um,
incluindo sugestões de jogos para todas as idades.

Aquecimento
Muitas vezes ignorado, o aquecimento é uma atividade importante que prepara corpo e mente
para o esporte. Ele pode ser trabalhado desde a Educação Infantil e garante concentração e
entusiasmo para os exercícios a seguir.

Antes de começar a atividade física, o corpo está em estado de repouso e não está pronto para
esforços intensos e cargas pesadas. A falta de aquecimento pode provocar lesões leves a graves.
Respeitando os limites de cada um, o aquecimento provoca aceleração dos batimentos
cardíacos e da circulação, aumento da capacidade respiratória, aceleração do metabolismo,
entre outras reações benéficas ao organismo.

Para auxiliar o professor de Educação Física, o Impulsiona oferece a aula AQUECENDO PARA
NÃO ENTRAR NUMA FRIA. Você vai aprender o que é aquecimento e seus principais objetivos,
conhecer seus diferentes tipos e entender a diferença entre esta atividade e o alongamento.
Além disso, o material apresenta alguns jogos e brincadeiras que funcionam como aquecimento
e ainda divertem.

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BNCC
Apesar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não nomear a Educação Física para o Ensino
Infantil, ela determina diversos aprendizados motores importantes para crianças pequenas.
Clique no botão abaixo para se inscrever no curso gratuito da BNCC na Educação Física.

REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

1. Introdução

A atividade física é fruto do processo histórico-cultural de desenvolvimento da


civilização. O homem sempre se movimentou para sobreviver, pois, o movimento é a
expressão primordial da vida. O termo atividade física se refere a totalidade de
movimentos executados no contexto do esporte, da aptidão física, da recreação, da
brincadeira, do jogo e do exercício, vindo como disciplina obrigatória conforme a LDB
(Leis de Diretrizes Brasileiras) de 1996 em seu artigo 26º.

O termo “atividade física” descreve várias formas de movimento, incluindo atividades


envolvem o uso de grandes músculos. Atividades que envolvem os pequenos músculos
esqueléticos (por exemplo, jogos de tabuleiro, desenho e escrita) são importantes, mas
elas não fornecem os mesmos benefícios para a saúde que as atividades que envolvem
os grandes músculos esqueléticos e requerem gastos de energias substanciais.

A prática regular de atividade física tem sido apontada como um fator relacionado
funcionalmente à promoção da saúde dos indivíduos e à prevenção de algumas
condições de risco a doenças. Ressalta-se, primeiramente, a necessidade da
diferenciação entre os conceitos de atividade física e exercício. De acordo com
Caspersen, Powell e Christenson (1985), atividade física consiste em qualquer
movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, resultando em maior gasto
energético, quando comparado à taxa metabólica de repouso. Por sua vez, o exercício
físico constitui uma subcategoria da atividade física, de caráter planejado, estruturado,
repetitivo e intencional, com objetivo de manter ou melhorar um ou mais componentes
da aptidão física.

Hoje, em tempos onde a Educação Física está sendo considerada um dos maiores
fenômenos sociais, muitos de seus praticantes ainda não conhecem os benefícios que
ela proporciona. A prática por modismo ou pela influência de amigos ou de seus pais
que querem ver no filho o atleta que eles não foram. Com isso, muitos de seus princípios
não são levados em conta até mesmo pelos seus orientadores, fazendo com que a
atividade física seja considerada como uma prática qualquer, podendo muitas vezes ser
prejudicial aos seus praticantes devido sua iniciação ter sido de forma errada e estafante
para a faixa etária em que foi aplicada. A prática regular de atividade física constitui um
elemento essencial à promoção da saúde e prevenção de algumas doenças que
acometem indivíduos e grupos populacionais.

40
Partindo desta visão, será feita uma pesquisa, na qual, através de uma revisão
bibliográfica será demonstrado conceitos e estudos feitos por alguns autores, referentes
à contribuição que a atividade física pode proporcionar ao ser humano, em específico
na criança, quando bem orientada. O texto foi fundamentado nas ideias e concepções
de autores como: KAMEL (2001), NETO (1999), FREIRE (1997) e Manifesto mundial de
educação física– FIEP (Federação Internacional de Educação Física).

Considerando que as atividades físicas têm sido historicamente interpretadas como um


meio de educação das pessoas e que a própria expressão “Educação Física” teve origem
nessa interpretação. Em todos os tempos, a expressão “atividades físicas” tem sido
usada para designar os movimentos humanos, sendo assim através da história da
Educação Física é possível observar que a atividade física sempre foi identificada como
o meio da Educação Física. As atividades físicas podem caracterizar um processo
educativo quando exercidas a partir de uma intenção educacional nas formas de
exercícios ginásticos, jogos, esportes, danças, atividades de aventuras, relaxamento e
ocupações diversas de lazer ativo.

Segundo a FIEP (2004), as atividades físicas, com fins educativos, nas suas possíveis
formas de expressão, reconhecidas em todos os tempos como os meios específicos da
Educação Física, constituem-se em caminhos privilegiados de Educação.

A concepção de cultura corporal amplia a contribuição da Educação Física escolar para


o pleno exercício da cidadania, na medida em que tomando seus conteúdos e as
capacidades que se propõe a desenvolver como produto sócio culturais. Além disso,
adota uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o
desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação de
valores e princípios democráticos. O trabalho de Educação Física abre espaço para que
se aprofundem discussões importantes sobre aspectos éticos e sociais, alguns dos quais
merecem destaque.

A atividade física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das
mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de
influências está presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas
compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e
desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma postura não
preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes
grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte.

Em uma atividade física de qualidade há um impacto positivo no pensamento,


conhecimento e ação, nos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor, na vida de crianças
e jovens fisicamente educados para uma vida ativa, saudável e produtiva.

Salienta-se também que uma infância ativa não é garantia de saúde na vida adulta, visto
que são muitas as mudanças no processo de desenvolvimento de um indivíduo, mas que
a prática de atividade física deve ser constante na vida de uma pessoa, uma vez que o
sedentarismo é fator de risco para a saúde física e mental.

41
2. Atividade física na infância

A atividade física é definida por sua duração, intensidade e frequência, no qual a duração
é a quantidade de tempo gasto participando de uma sessão de atividade física. A
intensidade é a taxa de gasto energético. E a frequência é o número de sessões de
atividade física durante um período de tempo específico (por exemplo, de uma semana).
Sendo assim, a atividade física pode ser dividida em aeróbica e anaeróbica.

● Aeróbica: De intensidade leve a vigorosa é um tipo de atividade física que requer


mais oxigênio do que o utilizado em nosso período sedentário, portanto,
promove o condicionamento cardiovascular e outros benefícios para a saúde.
Exemplos: pular corda, andar de bicicleta, nadar, correr, jogar futebol,
basquetebol ou voleibol);
● Anaeróbica: é uma atividade física intensa, que é de curta duração e exige a
utilização de outras fontes de energia na ausência de oxigênio suficiente. Fontes
de energia são reabastecidos quando um indivíduo se recupera da atividade.
Atividade anaeróbica (por exemplo, “dar um sprinting” – ir mais rápido, durante
um momento da corrida, natação ou ciclismo) exige um desempenho máximo
durante um breve período.
A infância é, sem dúvida, uma fase muito importante da vida, e é nela, que se constroem
os alicerces da existência: o desenvolvimento psicológico, desenvolvimento de
habilidades motoras, a descoberta das maiores paixões. Também, da mesma maneira,
é possível observar o desenvolvimento de hábitos que criam consequências negativas e
que podem seguir durante toda a vida.

Esta fase do ser humano representa uma parcela importante da vida do ser humano.
Alguns autores destacam a importância do desenvolvimento da criança através de
padrões de movimento de acordo com a faixa etária, outros consideram que esta
padronização não deve existir, pois cada ser constrói seus movimentos a partir das
questões biológicas, psicológicas, ambientais de cada um, sendo assim é importante
conhecer os estudos realizados por diversos autores sobre ao desenvolvimento da
criança através de padrões, sem, contudo desconsiderar que estes padrões podem ser
alterados de acordo com a individualidade de cada criança.

Assim o ato motor não deve ser visto isoladamente na infância, pois as habilidades
motoras nesta visão devem ser desenvolvidas através de jogos, do brinquedo, das
cantigas de roda, da dança, inseridos nestes o aspecto lúdico, pois são fatores
importantes para o desenvolvimento das crianças. Desta forma não se pode reduzir a
educação física ao gesto motor puramente. Devem ser incorporadas ao trabalho
pedagógico da educação física as brincadeiras, as atividades que sempre contribuíram
para o desenvolvimento das crianças. Utilizar-se das atividades populares pode garantir
o aprimoramento das habilidades motoras, sem necessitar ficar preso a um gesto motor
padronizado.

É importante que o professor compreenda a ação motora, a linguagem verbal, social da


criança, pois os aspectos motores já construídos vão sendo incorporados a novas

42
combinações, surgindo movimentos mais refinados, e nesta fase, a do pé – escola, o
mundo da fantasia aparece e tudo pode ser transformado e modificado, um objeto pode
ganhar vida na imaginação da criança. As brincadeiras de faz de conta ocorrem com
frequência, o brincar de casinha, de pai, mãe, relacionam a atividade prática com a
atividade simbólica e a estruturação do corpo, a construção da leitura e da escrita vão
sendo construídas simultaneamente.

Uma questão importante é a criatividade do professor, nem sempre a escola dispõe de


materiais adequados, e as aulas devem acontecer priorizando a qualidade. A criatividade
contribuirá para a construção das atividades, o desenvolvimento motor, cognitivo,
afetivo e social também dependerá muito do professor. Ele deve saber estimular,
proporcionar brincadeiras e jogos lúdicos que despertem o interesse e a motivação das
crianças pelas aulas. As brincadeiras das crianças devem ser acompanhadas pelos
professores, pois às aulas devem ter objetivos pedagógicos, pois ao término desta fase,
as crianças devem ser capazes de correr, saltar, pular, girar, equilibrar-se, rolar, lançar e
pegar objetos.

Freire (1997) afirma que a criança é para ser educada e não adestrada, sendo assim, as
atividades desenvolvidas pelas crianças devem levá-las a pensar, a terem consciência da
ação corporal que estão realizando. Independentemente de qual seja o conteúdo
escolhido, os processos de ensino e aprendizagem devem considerar as características
dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de
relação interpessoal e inserção social).

Um exemplo é o jogo da amarelinha, o voleibol ou uma dança, o aluno deve aprender,


para além das técnicas de execução, a discussão de regras e estratégias, apreciá-los
criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-los e recriá-
los, portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal é contribuir
para a construção de um estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para que
sejam capazes de apreciá-las criticamente.

A prática da atividade física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos para
monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as
potencialidades e limitações e sabendo distinguir situações de trabalho corporal que
podem ser prejudiciais.

A possibilidade de vivência de situações de socialização e de desfrute de atividades


lúdicas, sem caráter utilitário, é essencial para a saúde e contribuem para o bem-estar
coletivo. O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são
necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender
que os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégios apenas dos
esportistas ou das pessoas em condições de pagar por academias ou clubes. Dar valor a
essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode
ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas que envolvem atividade
física.

Os conhecimentos sobre o corpo, seu processo de crescimento e desenvolvimento, que


são construídos concomitantemente com o desenvolvimento de práticas corporais, ao

43
mesmo tempo em que dão subsídios para o cultivo de bons hábitos de alimentação,
higiene e atividade corporal e para o desenvolvimento das potencialidades corporais do
indivíduo, permitem compreende-los como direitos humanos fundamentais.

No que tange à questão do gênero, as aulas mistas de que envolvem atividade física,
podem dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observem-se,
descubram-se e possam aprender a ser tolerante, a não discriminar e a compreender as
diferenças, de forma a não reproduzir estereotipadamente relações sociais autoritárias.

No âmbito da atividade física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise


crítica dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram
dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação
social e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los e impô-los;
uma discussão sobre a ética do esporte profissional, sobre a discriminação sexual e racial
que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração da estética do ponto
de vista do bem estar, as posturas não-consumistas, não-preconceituosas, não
discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática.

No caso de crianças e adolescentes, a atividade física merece considerações especiais.


Durante essas fases da vida, o indivíduo se encontra em processo de crescimento e
amadurecimento neuropsicomotor, apresentando não só maior vulnerabilidade a danos
físicos e emocionais, como também mudanças significativas em relação a interesses e
objetivos (incluindo a adesão a exercícios físicos).

De acordo com as principais etapas do desenvolvimento infantil, Carazzato (1999) divide


o período da infância e adolescência em quatro fases (zero a 1 ano, “conhecimento”; 1
a 6 anos, “desenvolvimento neuropsicomotor”; 6 a 12 anos, “crescimento”; e 12 a 18
anos, “desenvolvimento”) e sugere que a orientação quanto à atividade física seja
individualizada para cada fase.

Weffort e cols. (2009) propõem uma tabela que simplifica as recomendações em relação
à prática de atividade física para cada etapa de desenvolvimento da infância e da
adolescência:

Idade Atividade
(anos)

0a1 Pegar objetos, sentar, rolar, engatinhar,


levantar, andar, estimulação da
psicomotricidade, brincar na água a partir
de 6 meses.

2a6 Recreação, arremessar a um alvo, pegar ou


chutar bola, pular, explorar o meio

44
ambiente, pedalar, correr, saltar obstáculos
ou degraus, subir escadas, mergulhar.

7 a 12 Escolas de esportes, natação, ginástica


olímpica, dança, basquetebol, futebol,
voleibol, entre outros (não-competitivos).

13 a 18 Esportes competitivos.

3. A motricidade e jogos na infância

A importância que revestem os espaços de jogo no desenvolvimento motor e sócio-


afetivo da criança exige que a sua existência necessária tenha da parte das entidades
competentes, a resposta mais adequada ao cumprimento dos seus direitos de crescer e
viver. Não só com dignidade, mas, sobretudo com qualidade.

Segundo Neto (1984), A criança tem uma grande necessidade de se movimentar. Da


qualidade desse comportamento, vai depender de todo o processo desenvolvimento.
Desta forma, os aspectos do desenvolvimento motor até uma idade mais avançada, não
devem ser descuidados, mas sim encorajados e estimulados tanto quanto possível.
Nestas idades a manipulação de brinquedos e objetos assume aspectos determinantes,
no que se refere aos padrões de evolução motora.

As crianças adoram brincar, sobretudo no exterior, ao ar livre, o qual usufruindo de


oportunidades únicas de jogo, e sobretudo de aprendizagem. Porém, só beneficiam do
jogo se o realizarem em segurança, o que raramente sucede, pois frequentemente o
equipamento de ar livre coloca perigos à criança, na medida em que a sua concepção e
construção, não merecem cuidados especiais.

Neto (1997) manifesta a sua preocupação ao afirmar que se tem vindo a assistir a um
crescente analfabetismo motor, no desenvolvimento da criança, num esforço
indisfarçável, para manter a criança intelectualmente ativa e corporalmente passiva. E
nesse sentido as crianças vêm cada vez mais reduzidos os seus espaços de jogo e o
acesso a estes espaços.

As características dos espaços de jogo para as crianças de diferentes idades, exige que
se conheça as suas necessidades motoras, as suas motivações, e sobretudo, as suas
etapas de desenvolvimento. Nesta perspectiva tanto o desenho como os equipamentos
e materiais a utilizar, podem fazer com que a criança se adapte aos mesmos, bem como
estes sejam concebidos segundo as possibilidades das crianças.

45
Nos jogos, ao interagirem com os adversários, as crianças podem desenvolver o respeito
mútuo, buscando participar de forma leal e não violenta. Confrontar-se com o resultado
de um jogo e com a presença de um árbitro permitem a vivência e o desenvolvimento
da capacidade de julgamento de justiça. Principalmente nos jogos, em que é
fundamental que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode ser exercida e valorizada.
Em relação à postura diante do adversário podem-se desenvolver atitudes de
solidariedade e dignidade, nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é capaz
de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros
sem se sentir humilhado.

As experiências vividas a partir do próprio corpo possibilitam a apreensão de conceitos,


desenvolvem-se as faculdades sensoriais e mentais de forma harmônica, a partir da
vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolve-se a consciência de si mesmo,
aprende a conviver com os outros, a compartilhar e cooperar com os colegas.

Deve-se, portanto, potencializar as possibilidades criativas da criança, de forma plena e


espontânea. A educação psicomotora favorece a aquisição da capacidade de relacionar
objetos e pessoas no espaço e tempo, provenientes da consciência e controle corporal
indispensáveis à noção da percepção espaço temporal. A criança livremente já executa
movimentos diversos, salta, rola, arrasta, engatinha etc. É interessante que o professor
aproveite estas experiências motoras para aprimorar a utilização do corpo no tempo e
no espaço.

E como já foi salientado anteriormente, o desenvolvimento motor da criança não deve


estar dissociado dos demais aspectos da evolução psicomotora. Precisamos
compreender os padrões motores básicos, as etapas deste desenvolvimento para que
possamos valorizar o jogo simbólico, o faz- de – conta, as brincadeiras de amarelinha,
de casinha, de imaginação que tanto são vivenciadas pela criança fora da escola e que
necessitam ser incorporadas nas aulas que envolvem a atividade física:

É o movimento que permite à criança encontrar um conjunto de relações (sujeito, as


coisas, o espaço) necessárias ao seu desenvolvimento motor, aprendendo a perceber e
a interacionar o vivido, o operatório e o mental. Nas primeiras idades deverá existir uma
preocupação de assegurar um papel de facilitação da ação, permitindo que cada criança
tenha acesso à diversificação de experiências de movimento, na exploração direta de
espaços e materiais. Se assim acontecer, a riqueza de aquisições processa-se de forma
contínua e em plasticidade, permitindo mais tarde uma cultura motora fundamental a
tarefas mais precisas e que solicitem maior exigência das diversas estruturas ou
componentes da motricidade. (NETO, 2001, p.117).

É necessário que os educadores reflitam sobre a importância da motricidade no


processo da aprendizagem, visto que nem sempre a ação corporal é assumida como
princípio educativo. Para entendermos o desenvolvimento motor na infância é
interessante visualizar as etapas do mesmo desde o pré-natal até o nascimento, pois
todas estas etapas contribuem para as etapas posteriores de aquisição de habilidades
motoras específicas da criança. Estas etapas são de ordem estrutural e funcional e
demonstram como a ação motora já se inicia na vida intrauterina. A cada período novos

46
movimentos vão sendo executados pelo feto e refletem a necessidade da criança em se
movimentar.

A importância da educação psicomotora no processo de aprendizagem é a base que


condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares, possibilitando a criança a
tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o
tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. Não
podemos renunciar à educação psicomotora, precisamos de uma visão maior de como
essa elaboração mental está se programando, caso a criança consiga ter esse domínio
está preparada para a vida, e consegue desatar todos os bloqueios.

Sendo assim, a atividade física é definida como um conjunto de ações que um indivíduo
ou grupo de pessoas prática envolvendo gasto de energia e alterações do organismo,
por meio de exercícios que envolvam movimentos corporais, com aplicação de uma ou
mais aptidões físicas, além de atividades mental e social, de modo que terá como
resultados os benefícios à saúde.

A prática regular de atividades físicas sempre esteve ligada à imagem de pessoas


saudáveis. Antigamente, existiam duas ideias que tentavam explicar a associação entre
o exercício e a saúde: a primeira defendia que alguns indivíduos apresentavam uma
predisposição genética à pratica de exercício físico, já que possuíam boa saúde, vigor
físico e disposição mental; a outra proposta dizia que a atividade física, na verdade,
representava um estimulo ambiental responsável pela ausência de doenças, saúde
mental e boa aptidão física. Hoje em dia sabe-se que os dois conceitos são importantes
e se relacionam.

A atividade física é desde a infância o meio pelo qual a criança afirmar sua
independência e seus primeiros contatos sociais, sendo fundamental ao seu
desenvolvimento psicofísico de forma geral. Orientada muitas vezes por um predomínio
de impulsos cerebrais que originam uma grande compulsão para a movimentação, além
de uma menor percepção subjetiva do esforço, a criança tem no movimento uma
necessidade premente. Daí a prática regular de atividades corporais deve ser estimulada
precocemente, em conformidade às condições relativas ao estágio de desenvolvimento
em que se encontra.

Examinando a atividade física sob o prisma dos aspectos psíquicos da criança, nos
deparamos com duas vertentes – Os aspectos psicomotores, decorrentes do processo
normal do desenvolvimento motor, e os psicossociais, nascidos das inter-relações
humanas provocadas pela atividade físico-desportiva.

Vivemos num mundo conturbado e moderno, onde os jogos eletrônicos ocuparam o


lugar das longas horas de conversa com nossos avós que contavam suas histórias, das
brincadeiras na rua, de roda, pega-pega, esconde-esconde, onde o correr, o brincar, o
viver eram mais valorizados. É necessário resgatar essa vivência, dando a oportunidade
de nossas crianças praticarem atividades físicas prazerosas e de muito movimento.

Numa época em que muito se enfatiza e objetiva uma melhor qualidade de vida para a
população, muitas são as estratégias utilizadas para se atingir esse alvo. Muitas vezes

47
desconsiderada, a atividade física constitui-se numa das principais maneiras e numa
forma prática e econômica para a promoção da saúde em comunidades do mundo
inteiro.

A atividade física regular promove benefícios tanto do ponto de vista funcional –


melhoria de capacidades como força muscular, resistência e flexibilidade, como
psicológico – melhora o nível de ativação e maior resistência ao estresse e faz com o que
o organismo funcione de forma homogênea (KAMEL/KAMEL, 2001, p.70).

A prática regular de exercícios físicos acompanha-se de benefícios que se manifestam


sob todos os aspectos do organismo. Do ponto de vista musculoesquelético, auxilia na
melhora da força e dos tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das
articulações. No caso de crianças, pode ajudar no desenvolvimento das habilidades
psicomotoras.

Já no campo da saúde mental, a prática de exercícios ajuda na regulação das substâncias


relacionadas ao sistema nervoso, melhora o fluxo de sangue para o cérebro, ajuda na
capacidade de lidar com problemas e com o estresse. Além disso, auxilia também na
manutenção da abstinência de drogas e na recuperação da autoestima. Há redução da
ansiedade e do estresse, ajudando no tratamento da depressão. A atividade física pode
também exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho
quanto no familiar.

Os benefícios gerais são diversos, porém o objetivo maior e mais importante num
programa de atividade física está se concentrando no desenvolvimento da percepção da
necessidade de adoção de estilos de vida saudáveis, influenciando diretamente na
qualidade de vida do ser humano.

4. Benefícios decorrentes da prática de atividade física na


infância

A busca por uma melhor qualidade de vida vem sendo constantemente associada a uma
vida não sedentária como ferramenta para promoção e/ou manutenção da saúde.
Conforme Burgos (2002, p.160) essa busca pela qualidade de vida tem sido cada vez
maior, e tem estreitado a relação saúde-atividade física gerando mudanças no estilo de
vida.

Em relação às crianças, a atividade física desempenha papel fundamental sobre a


condição física, psicológica e mental. Conforme descrevem Bois et al. (2005), a prática
da atividade física pode aumentar a autoestima, a aceitação social e a sensação de bem-
estar entre as crianças.

Hohepa, Schofield e Kolt (2006) observaram que jovens estudantes relacionam os


efeitos benéficos da prática da atividade física a cinco temas gerais:

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a) alegria – resultante da socialização com outros jovens; b) realização – com o
desenvolvimento pessoal e o reconhecimento social; c) benefícios físicos – relacionados
à aparência, desempenho físico e benefícios à saúde; d) benefícios psicológicos –
relativos ao humor e ao aumento de confiança.

Inúmeros benefícios já foram comprovados com relação à atividade física quando


praticada desde a infância. Dentre esses ganhos tem-se a diminuição de sintomas
depressivos e ansiedade, um efeito de proteção contra as doenças crônico-
degenerativas, especialmente as de origem cardiovascular (STEIN, 1999, p. 147).

Independente da fase em que se encontra, a atividade física pode trazer inúmeros


benefícios para quem a prática. Na infância, a atividade física pode melhorar o
desenvolvimento das crianças. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2008, p. 04)
“A atividade física é o comportamento que juntamente com a genética, nutrição e o
ambiente, contribuem para que o indivíduo atinja seu potencial de crescimento,
desenvolva plenamente a aptidão física e tenha como resultante um bom nível de saúde.

Além de benefícios ligados diretamente à saúde física, observa-se também que através
dessas atividades as crianças aumentam a socialização, visto que em algumas práticas
elas terão que conviver com outras crianças que talvez nem conheçam, além da
presença de um professor que pode ser uma figura totalmente nova e significativa em
suas vidas.

A prática de um exercício físico coletivo, como o futebol ou vôlei, contribui com a


sociabilização, ensina as crianças a respeitarem as regras. Perder um jogo ou uma
disputa é uma forma dos pequenos aprenderem a lidar com a frustração, ensina a ser
persistente e driblar um obstáculo. Ganhar uma competição, colocar uma medalha no
peito, é motivo de orgulho e bem-estar, melhora a autoestima.

De açodo com Rose Jr. cita de forma geral os benefícios que as crianças têm ao praticar
a atividade física (2009):

A prática de atividade física por crianças […] contribui não apenas para o controle de
peso corporal, mas também para uma série de fatores determinantes da saúde
individual e coletiva. A promoção de um estilo de vida ativo tem forte influência positiva
no padrão de crescimento e desenvolvimento; […] previne ou retarda o aparecimento
de fatores de risco cardiovasculares; […] melhora o relacionamento em grupo; minimiza
a depressão; e aumenta a autoestima. Dessa forma, o desfecho para esse conjunto de
adaptações é um indivíduo com melhor qualidade de vida e bem-estar. (DE ROSE Jr,
2009 p. 220).

Como exposto pelo autor, crianças ativas tem maior chance de se tornarem adultos
ativos, mas para que isto aconteça deve-se fazer com que esta atividade gere satisfação
para quem a pratica, além de mostrar aos alunos os benefícios que eles têm ao fazer
que esta atividade que está sendo praticada se torne um hábito em suas vidas.

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A prática de atividade física na infância tem importante papel para prevenção de vaias
doenças, sendo assim, ao contrário de alguns mitos populares, exercícios físicos não são
prejudiciais para crianças quando realizados de forma segura. Ademais, tal prática
promove vários outros benefícios para a saúde infantil, além da prevenção e controle
da obesidade. São alguns deles:

● Estímulo do crescimento e desenvolvimento;


● Fortalecimento dos ossos, músculos e articulações;
● Melhora da postura e equilíbrio;
● Aumento da sensibilidade à insulina;
● Melhora do perfil lipídico;
● Melhora da autoestima;
● Melhora do foco e concentração;
● Domínio do próprio corpo.

Os exercícios devem ser realizados de forma agradável e leve e ter como principal
objetivo desenvolver o hábito no cotidiano das crianças, estimulando-as a gostar dessa
prática.

Isso é importante tanto no que diz respeito à saúde infantil quanto do ponto de vista
das habilidades sociais. As entidades profissionais, científicas e os meios de
comunicação devem considerar, portanto, a atividade física na infância como uma
questão de saúde pública, divulgando informações sobre sua importância e
implementando programas para a sua prática orientada.

Deve-se fazer com que as crianças mantenham o interesse pela atividade oferecendo
sempre alternativas para sua prática. Não pode se esquecer de fornecer aos alunos
experiências motoras variadas além de contemplar os interesses individuais e buscar
suprir o objetivo do aluno ao ingressar nessa atividade física.

O objetivo principal da prescrição de atividade física na criança e no adolescente é de


criar o hábito e o interesse pela atividade física, e não treinar visando o desempenho.
Dessa forma deve- se priorizar a inclusão de atividade física no cotidiano e valorizar a
Educação Física escolar que estimule a prática de atividade física para toda a vida, de
forma agradável e prazerosa, integrando as crianças e não descriminando os menos
aptos. (LAZZOLI et al, 1998, p. 108).

A atividade física para crianças, quando ministrada de forma inadequada, pode trazer
prejuízos para a maturação do indivíduo, conforme cita De Rose Jr. (2009) condições
extremas de treinamento, acompanhadas de outros fatores negativos, muitas vezes
presentes no esporte de alto rendimento, como subnutrição e sobrecarga emocional,
podem atrasar a maturação.

Outro fator que pode interferir a não adesão de prática de atividade física em crianças
é citado por Silva e Costa Jr. (2011, p.45) “No entanto, o acesso facilitado à televisão e
videogame diminui a oportunidade de as crianças praticarem atividades físicas”.

50
Nos dias atuais tem-se também maior acesso a outros equipamentos eletrônicos que
distraem as crianças e as deixam longe das práticas de atividade física, como
computadores, tablets e celulares, cada vez mais modernos e com mais funções, jogos,
entre outras funcionalidades, além de problemas como falta de segurança nas ruas, e
conforme citado por Koezuka (2006, apud SILVA E COSTA Jr., 2011)

O acesso facilitado ao microcomputador, o desenvolvimento de videogames mais


interativos e instigantes, as atrações disponibilizadas por canais de televisão e pela
internet, bem como a percepção de falta de segurança pública, retratada diariamente
pela mídia, constituem fatores para a mudança em relação às formas de lazer de
crianças e jovens. (SILVA E COSTA Jr, 2011, p. 47).

A criança que prática exercício físico tende a ter uma melhor qualidade de sono, maior
capacidade de concentração e aprendizado na escola, além de uma melhora na
coordenação motora. Através da atividade física a criança conhece melhor o seu corpo,
suas limitações e suas capacidades.

É preciso ressaltar que a importância da atividade física na infância vai além da estética.
Ela ajuda a prevenir doenças, muitas das quais surgidas silenciosamente. Também é
importante instrumento para auxiliar no crescimento e desenvolvimento motor do
jovem e que pode ser fundamental na vida adulta. Praticados em grupo e em forma de
jogos cooperativos, por exemplo, ainda ajudam no aprendizado, de forma que as
crianças aprendam a competir, mas também a trabalhar em equipe, formando cidadãos
conscientes. Sendo assim, crianças que não praticam exercícios físicos tendem a se
tornar adultos sedentários.

Considerações finais

A infância é sem dúvida uma fase muito importante para o desenvolvimento de


habilidades e comportamentos que podem acompanhar as pessoas ao longo da vida. A
partir dela, constrói-se o alicerce para as outras fases da vida, podendo tal fase
influenciar de forma positiva ou negativa.

Às crianças deve-se dar a oportunidade de um desenvolvimento adequado. Com um


bom desenvolvimento motor, estimulação das habilidades motoras e intelectuais. Além
disto, um bom convívio social e afetivo com os pais, professores e demais pessoas de
sua convivência.

No Brasil a prevalência de sobrepeso, obesidade e sedentarismo está aumentando,


sendo os principais pontos relevantes neste contexto é os avanços tecnológicos,
propagandas de comidas industrializadas e a inatividade física. Devemos ressaltar que a
prática de atividade física deve ser sempre indicada e acompanhada por profissional
qualificado, incluindo médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física.

O levantamento do nível de conhecimento e a importância da prática de atividade física


na infância fazem-se necessário, pois muitas crianças deixam de brincar de correr, pular,
jogar adequadamente por até anos e ficam horas e horas em frente à televisão, jogando

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vídeo game ou navegando na internet, muitas das vezes rumo ao nada culminando com
o aumentando do índice de inatividade física na infância.

A atividade física em crianças, além de ser importante na aquisição de habilidades


psicomotoras, é também importante para o desenvolvimento intelectual, favorecendo
um melhor desempenho escolar e também melhor convívio social. A prática regular de
exercícios pode funcionar como uma via de escape para a energia “extranormal” das
crianças, ou seja, sua hiperatividade.

Todas as pessoas necessitam de atividades físicas para o seu desenvolvimento, tanto no


aspecto biológico quanto para o conhecimento do corpo, para criar habilidades de
controle e coordenação, equilíbrio e harmonia, força e agilidade, em diferentes
atividades. Há atividades físicas para todos os gostos e faixas etárias. Mas a atividade
nunca deve ser imposta pelos pais e sim o que a criança deseja. Conheçam algumas
modalidades esportivas e tire o máximo de proveito. Sendo assim, a atividade física deve
ser assegurada e promovida durante toda a vida das pessoas, criando, assim, um estilo
de vida ativo, assegurando saúde, disciplina e lazer.

Em virtude dos fatos mencionados anteriormente, considera-se através deste artigo,


que o simples fato de se manter uma infância ativa, não é garantia de saúde na vida
adulta, mas já é um começo, pois é possível despertar o gosto por uma vida ativa, além
de ajudar no crescimento, desenvolvimento físico e social além de ensinar as crianças o
valor de hábitos saudáveis e comportamentos que levem ao crescimento de suas
potencialidades.

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A importância do brincar na infância

O brincar durante a infância representa muito mais do que uma diversão. Esses momentos são
fundamentais para o desenvolvimento da criança e para a construção de um adulto mais confiante
e criativo.

Brincando a criançada experimenta o mundo. Constrói relações sociais, aprendem a comunicar-se


consigo mesmas e desenvolvem sua autonomia, criatividade e inteligência emocional.

Através do brincar as crianças têm oportunidades incríveis de se conectarem com o universo lúdico.
Uma verdadeira porta aberta para a criança fantasiar, imaginar, sonhar e viver a infância em toda
sua plenitude. É por essa razão que a ludicidade entra como a principal ferramenta da educação
infantil.

Pode ser brincando sozinhas com objetos ou com outras crianças, elas terão inúmeras oportunidades
para absorverem informações e construírem a sua cultura. Portanto, esses momentos são
caracterizados como o processo inicial de compreensão do mundo e das relações sociais.

Brincar é um direito de toda criança e fazer esse direito ser real para a criançada do nosso país é um
dos objetivos do Comitê pela Cidadania. As ações do Comitê são focadas especialmente para
crianças, que vivem em situação de vulnerabilidade social, na cidade de Belo Horizonte e regiões
metropolitanas, como Betim, Nova lima, Ibirité e Sarzedo.

Uma das ações do Comitê para promover esse mundo mágico é o projeto Natal Solidário. O Natal
Solidário teve início em 2003 e é uma das maiores campanhas da ONG.

No Natal Solidário, os voluntários se unem às instituições sociais, como creches, para presentear
crianças de 0 a 10 anos com brinquedos. Durante a campanha, que inicia todo mês de novembro, o
Comitê pela Cidadania pede doações de brinquedos ou doações em dinheiro, que é utilizado para
comprar mais brinquedos.

53
Os brinquedos arrecadados durante o Natal Solidário são distribuídos para diversas instituições que
possuem crianças assistidas. É um momento de alegria, onde a magia do Natal acontece e gera
lembranças inesquecíveis.

Certamente, cuidar das nossas crianças é uma linda forma para transformar o mundo.

Educação Física na escola – Qual a sua importância?

Educação Física na escola

As aulas de Educação Física na escola costumam ser muito esperadas pelos alunos, pois
são uma oportunidade para eles saírem da sala e realizarem atividades mais dinâmicas
e em grupo, rompendo a rotina das aulas teóricas, que costumam ser mais cansativas.

Mais do que um momento de descontração e de prática de esportes, a Educação Física


é muito importante para o desenvolvimento de crianças e jovens. Leia o post completo
e saiba mais!

Qual a importância da Educação Física na escola?

A Educação Física tem por objetivo promover um estilo de vida ativo e saudável para
as crianças e os adolescentes, com base na prática de exercícios físicos e atividades
desportivas na escola.

Ela realiza seu propósito transmitindo aos alunos conhecimentos da cultura corporal de
movimento, que envolve a motricidade humana e a expressão corporal, associadas aos
aspectos sociais, históricos e culturais da sociedade.

Disseminar esses conhecimentos permite às crianças e aos jovens que compreendam


a importância das atividades físicas, de modo a produzir, reproduzir, transformar e
qualificar essas práticas essenciais para a qualidade de vida humana.

As atividades físicas são essenciais para a saúde física e mental, direito fundamental de
todo ser humano. Promover essas práticas também é um dever da sociedade e,
sobretudo, da escola.

Nesse sentido, a Educação Física na escola pretende promover a saúde por meio de
atividades físicas, tendo caráter preventivo de diversas doenças provocadas pelo
sedentarismo.

Os exercícios físicos também contribuem com a saúde do cérebro, pois estimulam


funções cognitivas, como a atenção, a memória e o raciocínio lógico, o que melhora o
desempenho escolar.

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Outros benefícios que as atividades físicas proporcionam são:

● Alívio do estresse;
● Socialização;
● Conhecimento do próprio corpo;
● Melhora da autoestima;
● Desenvolvimento motor;
● Cooperação e empatia.

O estilo de vida das crianças e dos jovens, atualmente adeptos da tecnologia, diminuiu
o contato com estímulos físicos, sendo a escola um ambiente propício para proporcionar
essas atividades.

A Educação Física faz parte do desenvolvimento global dos alunos, que integra todas as
dimensões do ser humano: intelectual, física, mental, social e cultural. Desse modo,
além dos aspectos acadêmicos, é preciso expandir na escola a capacidade de o aluno de
lidar com o próprio corpo e a promoção do bem-estar.

Essa área do conhecimento não se restringe à racionalidade científica que costuma


nortear as práticas pedagógicas das demais áreas; ela vai além e proporciona
experiências mais amplas que envolvem cultura, lazer e saúde.

As práticas corporais possuem três elementos fundamentais:

● Movimento corporal: como elemento essencial.


● Organização interna: com uma lógica específica, de graus variados.
● Produto cultural: associado ao lazer, ao entretenimento, ao cuidado e à saúde
do corpo.

Como podemos ver, a Educação Física é muito mais do que um momento recreativo de
prática de esportes e exercícios físicos

Educação Física na escola – Como se adequar à BNCC?

Na etapa da Educação Infantil, a Educação Física pode ser desenvolvida com base nos
direitos de aprendizagem e nos campos de experiência definidos pela BNCC, que se
adéquam às propostas dessa área do conhecimento, como propor atividades físicas e a
prática de esportes específicos para a faixa etária, com base nos direitos de
aprendizagem:

Brincar

“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com


diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a
produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade,

55
suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e
relacionais.”

As atividades físicas e esportivas se realizam com as brincadeiras e exercitam o corpo


por meio do lúdico.

Participar

“Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão


da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades
da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes,
desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se
posicionando.”

A prática de atividades físicas permite às crianças que participem em grupo da escolha


das brincadeiras e dos jogos que gostariam de realizar.

Explorar

“Com o corpo em movimento, as crianças exploram o próprio corpo e o espaço, bem


como as relações com as outras crianças e os professores.”

Expressar

“Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções,


sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de
diferentes linguagens.”

A criança consegue se expressar por meio do corpo ao realizar atividades físicas e


recreativas, abordando o exercício físico de forma lúdica como uma brincadeira, em que
a linguagem sempre está presente — corporal e oral.

Conhecer-se

“Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma


imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de
cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em
seu contexto familiar e comunitário.”

As atividades físicas permitem às crianças que conheçam o próprio corpo e se


identifiquem com ele ao se expressarem por meio do movimento.

Quanto ao campo de experiências, é possível inserir a Educação Física nas atividades


escolares, seguindo dois deles:

56
O eu, o outro e o nós

“É a partir da interação e do convívio com outras crianças, que a criança começa a


construir sua identidade e a descobrir o outro. Quando ela chega na escola, seu foco é
seu próprio mundo (EU). Com o trabalho realizado no ambiente escolar, ela passa a
perceber seus colegas (OUTRO) e logo está interagindo no meio dos outros (NÓS). ”

Realizar atividades físicas em grupo, permite à criança ampliar seu auto percepção e a
percepção do outro. Com isso, aprende a valorizar a sua identidade, a respeitar os outros
e a reconhecer as diferenças entre si e seus colegas.

Corpo, gestos e movimentos

“A criança explora o espaço em que vive e os objetos a sua volta com o corpo, por meio
dos sentidos, gestos e movimentos. É nesse contexto — a partir das linguagens como
música, dança, teatro e brincadeiras — que elas estabelecem relações, expressam-se,
brincam e produzem conhecimentos. ”

Promover atividades físicas e lúdicas permite às crianças que explorem e experimentem


diferentes movimentos, como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar,
caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr,
dar cambalhotas, alongar-se, entre outros.

Já no Ensino Fundamental, a Educação Física é um componente curricular com unidades


temáticas, objetos de conhecimento e habilidades específicas definidas pela BNCC.

Nas aulas de Educação Física, as práticas corporais devem ser abordadas como
fenômeno cultural dinâmico, entendidas como manifestações das possibilidades
expressivas dos alunos.

As competências e as habilidades gerais específicas da Educação Física são:

1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a


organização da vida coletiva e individual.
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no
processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais
e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética
corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir
posturas consumistas e preconceituosas.
5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e
combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e
aos seus participantes.

57
6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às
diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade
cultural dos povos e dos grupos.
8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o
envolvimento em contextos de lazer e ampliar as redes de sociabilidade e a
promoção da saúde.
9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e
produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças,
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o
trabalho coletivo e o protagonismo.

Educação Física na escola – Ensino Fundamental — Anos Iniciais

Por meio de brincadeiras, as atividades físicas devem introduzir a compreensão do


mundo com base na cultura do movimento, visando à leitura, à produção e à vivência
das práticas corporais.

As Unidades Temáticas e os Objetos de Conhecimento para o 1.º e 2.º anos são:

● Brincadeiras e jogos: brincadeiras e jogos da cultura popular presentes nos


contextos comunitário e regional.
● Esportes: atividades esportivas de marca e precisão.
● Ginásticas: práticas corporais de ginástica geral.
● Danças: danças do contexto comunitário e regional.

Educação Física na escola – Ensino Fundamental — Anos Finais

Nessa etapa, os alunos devem ter acesso a um conhecimento mais aprofundado das
práticas corporais, realizadas em contextos de lazer e saúde, dentro e fora da escola.

As Unidades Temáticas e os Objetos de Conhecimento para o 6.º e 7.º anos são:

● Brincadeiras e jogos: jogos eletrônicos.


● Esportes: atividades esportivas de marca, de precisão, de invasão e técnico-
combinatórios.
● Ginásticas: ginástica de condicionamento físico.
● Danças: modalidades urbanas.
● Lutas: modalidades brasileiras.
● Aventura: práticas corporais de aventura urbanas.

As Unidades Temáticas e os Objetos de Conhecimento para o 8.º e 9.º anos são:

58
● Esportes: atividades esportivas de rede/parede, de campo e taco, de invasão e
de combate.
● Ginásticas: de condicionamento físico e de conscientização corporal.
● Danças: modalidades de salão.
● Lutas: modalidades do mundo.
● Aventura: práticas corporais de aventura na natureza.

No Ensino Médio, a Educação Física faz parte da área de Linguagens e suas Tecnologias,
com a proposta de explorar o movimento e a gestualidade em práticas corporais de
diferentes grupos culturais, bem como analisar os discursos e os valores associados a
elas.

“No Ensino Médio, além da experimentação de novos jogos e brincadeiras, esportes,


danças, lutas, ginásticas e práticas corporais de aventura, os estudantes devem ser
desafiados a refletir sobre essas práticas, aprofundando seus conhecimentos sobre as
potencialidades e os limites do corpo, a importância de se assumir um estilo de vida
ativo, e os componentes do movimento relacionados à manutenção da saúde” (BNCC).

Educação Física, valores e atitudes.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam a abordagem desses temas em uma


perspectiva pedagógica transversal, estimulando educadores a romper as barreiras
simbólicas de suas respectivas áreas de conhecimento na escola. Nesse sentido, a
disciplina de Educação Física oferece um campo fértil de conteúdo a serem
desenvolvidos na Educação Básica, em especial no segundo segmento do Ensino
Fundamental.

No campo de valores e atitudes, vamos sugerir atividades lúdicas e esportivas que


estimulem debates e reflexões sobre o respeito às diferenças de habilidades intelecto-

59
motoras, religiosas, de compleição física, de orientação sexual e àquelas provenientes
de deficiências físicas e/ou intelectuais. Serão propostas, ainda, vivências de jogos e de
esportes em que ocorrem mais notadamente situações de discriminação, para que as
diferentes características dos praticantes desses jogos e esportes sejam valorizadas,
naturalmente sem prejuízo da qualidade e da eficiência da execução.

Com essa estratégia pedagógica, pretende-se não somente ressaltar a importância do


respeito às diferenças, mas também transmitir aos alunos valores éticos universais, para
além dos muros escolares.

Respeito às diferenças

Tradicionalmente, é creditada à disciplina de Educação Física, tanto no interior da escola


como fora dela, a tarefa de desenvolver nos alunos competências de naturezas similares
às originadas em afirmações clássicas como: “através dos jogos e esportes, o aluno
aprenderá a respeitar regras e a ser disciplinado”; “o aluno, por intermédio do esporte,
deverá saber lidar com a vitória e com a derrota”; “os jogos e os esportes contribuirão
para os alunos respeitarem as diferenças entre as pessoas”; e outras. Há verdades e
exageros nas afirmações. Mas abemos que os mesmos esportes/jogos que podem ser
indutores de posturas solidárias e de atitudes civilizadas também podem levar a
processos severos de exclusão, de agressão e, principalmente, de preconceitos de
diversas ordens – gênero, orientação sexual, etnia, opção religiosa, habilidade intelecto-
motora, etc. Isso é percebido nos ambientes em que se realiza o esporte de alto
rendimento ou de alto nível e, igualmente, no cotidiano de nossas escolas, seja nas aulas
de Educação Física, seja nos eventos esportivos.

A soberania do vitorioso sobre o derrotado; a escolha dos mais habilitados para compor
as equipes; a supervalorização do alto rendimento em detrimento do lúdico; e a rigidez
de regras impostas, que inibem a construção coletiva, formam um conjunto de fatores
que caracteriza o esporte, mas dificulta sua utilização como ferramenta pedagógica para
trabalharmos temas importantes, entre os quais inclusão, tolerância, respeito às
diferenças e solidariedade.

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Outras práticas corporais, como as lutas, as diferentes modalidades de ginástica e as
danças, também podem contribuir tanto para a inclusão quanto para a exclusão de
crianças, adolescentes e jovens, por não se enquadrarem em um perfil de bons
executores em atividades escolares – nas aulas de Educação Física, em festivais culturais,
em mostras, etc.

Muitas vezes, mesmo sem querer excluir, os próprios professores expõem os alunos a
grandes frustrações, como acontece em apresentações de dança, nas quais selecionam
os mais talentosos de suas turmas, e na própria organização coreográfica, quando os
menos habilidosos ficam atrás, no fundo do palco. Diante desses exemplos, a escola e,
em particular, a disciplina de Educação Física podem constituir-se em espaços em que a
prática de esportes, jogos, danças, ginásticas e lutas seja um forte aliada na construção
de novos conhecimentos para os alunos e, principalmente, na consolidação de valores
essenciais que fomentem relações humanas mais fraternas e respeitosas.

Um espaço privilegiado

Alguns conteúdos classificados, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,


MEC, 1997), como de natureza atitudinal, como: inclusão, tolerância, respeito às
diferenças, solidariedade, etc., sugeridos para serem tratados, pedagogicamente, de
maneira transversal, encontram na disciplina de Educação Física a potencialidade para
abordá-los por intermédio de outros conteúdos previstos em seu currículo.

Isso acontece pelo fato de as aulas se darem, na maioria das vezes, em um ambiente
diferente do da sala de aula tradicional, caracterizada pela organização das cadeiras em
fileiras separadas e pela imobilidade dos alunos.

Na Educação Física, os estudantes realizam tarefas individuais ou coletivas com o corpo


e têm necessidade frequente de se organizar em equipes para determinadas atividades,
o que possibilita diferentes vivências, entre elas exercitar o respeito às diferenças de
diversas ordens, a tolerância, a capacidade de ouvir e a tomada de decisões em grupo,
entre outras.

Mas não é o bastante. Essas vivências precisam da presença ativa do professor, criando
situações que provoquem a reflexão e o debate, mas que não gerem expectativas
inatingíveis ou frustrações demasiadas nos alunos. Como sugestão de atividades, que
separarmos para falar neste artigo, serão priorizados os conteúdos para as faixas entre
10 e 15 anos que possibilitem, de maneira diversificada, a abordagem dos temas
propostos aqui.

Futsal

Como todo jogo ou esporte coletivo, o futsal demanda a formação de equipes para sua
execução. Porém, que critérios adotar na montagem dos times? Como evitar a
superexposição de um aluno pouco habilidoso? Como garantir que nem os mais nem os
menos talentosos saiam frustrados do jogo?

61
O grande desafio, sem dúvida, será o de fazer com que eles compreendam como direito
universal o acesso aos conhecimentos produzidos pela humanidade (o futsal é um
deles). Portanto, quem desejar pode aprender a jogar essa modalidade de esporte sem
sofrer constrangimentos em razão de sua condição física, sua orientação sexual, sua
habilidade, sua origem socioeconômica, sua etnia ou mesmo por ser, eventualmente,
portador de alguma deficiência.

Para desenvolver atividades esportivas de natureza coletiva e que dialoguem de


maneira produtiva com os princípios da tolerância e da diversidade, deve-se começar
pelo conceito de tática. Segundo o historiador e sociólogo francês Michel de Certeau,
“táticas são iniciativas tomadas pelos indivíduos como reação ao poder instituído (que
ele chama de estratégias), utilizando-se das brechas existentes no interior desse sistema
para obter êxitos temporários”. A afirmação nos leva a desmistificar a tática como
privilégio de poucos, geralmente, os técnicos esportivos e os comandantes das grandes
batalhas.

A partir desse conceito, vamos estimular que os alunos se organizem taticamente para
o futsal, de forma que suas equipes, mesmo compostas de maneira heterogênea, ou
seja, contando com indivíduos tão diferentes em habilidade, força física, sexo, etc.,
consigam resultado. E, quando não conseguirem, que encontrem meios/táticas, sem
discriminação, intimidação, exclusão ou opressão, para se reorganizar e tentar
novamente. Parece simples, mas, na verdade, os professores de Educação Física lidam
com turmas que aprenderam, fora da escola, conceitos como “no esporte sempre vence
o melhor” e que, para isso, deve-se eliminar qualquer impedimento, inclusive os colegas
de turma que não sabem jogar.

Frescobol e peteca

Existem duas diferenças importantes entre a prática do futsal (ou de qualquer outro
jogo/ esporte coletivo) e o frescobol e a peteca, além do tipo de material utilizado e da
quantidade de jogadores. A primeira delas refere-se a um hábito cultural que
popularizou o frescobol e a peteca como jogos de praia, e, portanto, quem mora longe
do litoral (a maioria da população carioca) não pratica nem um nem outro. A segunda
diferença está ligada à lógica dos jogos: tanto no frescobol como na peteca há uma
intenção permanente de colaboração entre os jogadores. Se isso não acontece, a bola
ou a peteca cai no chão e a atividade é descontinuada.

Diante das características distintas do frescobol e da peteca em relação ao futsal, os


conteúdos a serem trabalhados nas aulas de Educação Física precisam ter como
objetivos principais romper com a herança cultural que relaciona as duas atividades à
praia e provocar nos alunos reflexões sobre a importância da valorização do outro como
elemento essencial para o aprendizado de cada uma delas. Dessa forma, a relevância do
jogar “com o outro”, e não “contra o outro”, deve permear toda a ação educativa que
se pretenda desenvolver.

Hip-hop

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Desenvolver o conteúdo da dança sempre foi um grande desafio para os professores de
Educação Física. Além da falta de espaços e de equipamentos nas escolas, a própria
formação acadêmica desses professores, geralmente muito esportividade, não oferece
muitos subsídios para eles tratarem, pedagogicamente, uma prática corporal construída
e aprimorada pela humanidade. E que, por isso mesmo, deveria estar presente nos
programas escolares da disciplina.

Existe, ainda, uma resistência dos alunos (principalmente os meninos) em se expor, no


ambiente escolar (acontece bem menos nos bailes e nas festas), às vivências rítmicas
que fazem parte do conteúdo da dança.

A situação é agravada até pela questão espacial das quadras e dos pátios das escolas,
usados normalmente para a Educação Física e que se localizam, geralmente, em espaços
devassados, sem paredes ao redor. Apesar disso, a dança (e suas modalidades) constitui-
se em um conteúdo forte no interior da escola. Além de agregar conhecimentos ao
repertório cultural dos alunos, é um espaço de reflexão sobre os preconceitos em
relação à compleição física, à orientação sexual, à habilidade, à deficiência física e
outros. Na história da dança, encontra-se um universo amplo e diversificado de ritmos
e de movimentos que expressam crenças, hábitos, formas de convivência, enfim,
culturas que se perpetuam e se modificam a partir dessa prática corporal. Nesse
universo, o hip-hop destaca-se como um conteúdo fértil a ser desenvolvido com alunos
do 6º ao 9º ano de nossas escolas municipais.

Exatamente por a dança no hip-hop ter como sua maior marca o improviso, foi
identificado um potencial para o trabalho com grupos de alunos que apresentam
diferentes níveis de habilidades, ritmos, gostos, desejos, composições físicas, etc. A
inexistência, nas danças de rua, de rígidos padrões de performance e de execução,
presentes em outras modalidades, é um elemento facilitador para atrair alunos que,
tradicionalmente, se recusam a participar de atividades dessa natureza. Outro dado
positivo é que o hip-hop e outras danças de rua foram incorporados aos hábitos culturais
de parcelas significativas de crianças, a adolescentes e jovens do Rio de Janeiro e de
todo o Brasil.

Pelas características mencionadas, o professor de Educação Física, em seu planejamento


de ensino, terá melhores condições de desenvolver o conteúdo da dança através do hip-
hop e de sublinhar, em sua ação pedagógica, a importância da valorização e da
tolerância com o diferente.

Dica para o professor

Promover uma Feira Cultural na escola em que se apresentem as turmas que


trabalharam com dança. As coreografias seriam elaboradas por todos os alunos (através
de um trabalho conjunto), que criariam suas performances individuais ou em grupos, a
partir do que foi apreendido. Dessa forma, todos teriam oportunidades e condições

63
efetivas de se apropriar, de maneira lúdica, de um conhecimento novo, respeitando as
limitações e as potencialidades de cada um.

. A educação física escolar propõe por meio das experiências motoras a


apropriação crítica e cultural de seus conteúdos, articulando o conhecimento
para ressignificação da prática e formação humana. A disciplina vem para
somar e contribuir com a educação intelectual e moral nas escolas.
Ela deve instigar o aluno a entender os limites do próprio corpo, exercendo,
assim, o papel de compreendê-lo como sujeito ativo dentro do espaço da
escola e da sociedade. Dessa forma, ele estará desenvolvendo seu
aprendizado e sua capacidade de expressão, evidenciando sua liberdade
cognitiva e emocional para a aprendizagem.
● Beneficia o desenvolvimento motor;
● Integra socialmente;
● Colabora para que os alunos adquiram autoconfiança;
● Melhora a autoestima;
● Trabalha a expressão do aluno;
● Reduz o estresse pelas pressões do dia a dia;
● Coopera para um estilo de vida melhor;
● Contribui para resolução de problemas;
● Favorece o autoconhecimento.

A importância do esporte na escola


O esporte na escola é uma grande estratégia de transformação, considerando seus recursos
pedagógicos, metodologias, espaços, dinâmicas profissionais e a oportunidade de extrapolar os
muros da escola com experiências esportivas e culturais envolvendo a comunidade. Os esportes
coletivos trazem consigo o benefício do trabalho em conjunto, que é a integração social entre
alunos. Essa integração insere no jovem uma das noções humanas mais importantes para a vida
em sociedade: o respeito às diferenças.

O esporte é apresentado como eixo na instituição e como conteúdo da educação física propõe
práticas que contemplam conceitos importantes para a formação de pessoas íntegras, bem
como benefícios fisiológicos e sociais. A prática esportiva regular e bem orientada contribui para:

● Redução do risco de doenças ligadas à pressão e ao coração;


● Ganho de resistência muscular;
● Equilíbrio dos níveis de colesterol;
● Combate à insônia;
● Flexibilidade de tendões e articulações;
● Aumento da oxigenação do cérebro.

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As vantagens da prática de atividade física já foram comprovadas cientificamente. No Brasil,
futebol, ginástica e caminhada são os exercícios mais populares.

No Objetivo Sorocaba, o esporte é um dos pilares dos métodos de ensino. A escola estimula
todos os alunos a participarem das mais variadas atividades esportivas, acreditando sempre que
o esporte seja parte integrante do desenvolvimento de importantes habilidades, como a
socialização, o trabalho em equipe, o respeito a regras, a cultura corpórea e o aprender a ganhar
e, também, a perder.

Recreação e Lazer

Silveira (2011) observa, ainda, em relação ao lazer, a necessidade de levantar os


aspectos do dito "lazer ilícito" que está relacionado a práticas ilegais sob ponto de vista
da legislação de um determinado país. No Brasil, por exemplo, o uso de drogas, rachas
de automóveis, rinhas de animais, prostituição, jogos de azar, entre outros, são práticas
de lazer consideradas ilegais. Apesar de proibidas pela lei do país, são amplamente
realizadas por indivíduos, individual ou coletivamente, em todo o território nacional.
Estas práticas são voluntárias, ocorrem em um momento da vida não comprometido e
visam ao prazer do participante, o que caracteriza atividades típicas de lazer.

Não entraremos aqui em uma discussão moral, ética, política ou legal. Gostaríamos
porém de apresentar que este caráter ilícito não permite a caracterização de tais
práticas como recreativas, uma vez que não condizem com a proposta de crescimento
individual ou social, de revigorar das forças, de revitalizar, que são característicos do
trabalho recreativo. Igualmente se tornam incompatíveis com a necessidade de
objetivos elaborados por um profissional, que também é essência do trabalho
recreativo.

Direita ou para a esquerda.

Posteriormente, deveremos observar o nível da cintura escapular e pélvica para verificar


se há basculamento lateral. Um ombro mais baixo que o outro e proeminências ósseas
na escápula, acusam um desnivelamento escapular. Pregas glúteas e triângulo de Tales
em desigualdade, acusam um desnivelamento da cintura pélvica. Observar se há
inclinação lateral da cabeça, existência de pregas lombares, se tendão calcâneo estará
valgo ou varo, aproximação medial do joelho ou afastamento lateral dos joelhos.

No plano frontal, se há assimetria torácica, assimetria facial e conferir as observações


feitas posteriormente.

As verificações, citadas acima, são feitas de forma estática, porém, devemos realizar um
exame dinâmico, para observar a marcha e como o corpo se comporta no momento de
sua realização. É muito importante que seu aluno não saiba que você estará observando-
o na marcha, pois isto poderá estar interferindo em uma marcha mais natural e seu

65
aluno acabar escondendo, mesmo que inconsciente algum problema que possa estar
iniciando.

Todas estas alterações posturais correspondem ao desequilíbrio do sistema dinâmico e


estático, muitas vezes acarretando desconforto, algias e incapacidades funcionais

O padrão respiratório deverá ser avaliado no plano sagital, classificando em apical ou


diafragmático durante a respiração normal e verificar se há hipertonicidade ou
hipotonicidade através da palpação muscular.

Atenção especial devemos dar ao ambiente escolar onde encontramos crianças e


adolescentes, desenvolvendo hábitos posturais incorretos e praticando atividades
físicas não compatíveis com o seu desenvolvimento, quando na verdade deveriam estar
num programa de exercícios específicos individualizado. Neste caso, se faz muito
importante a avaliação postural para estarmos detectando os desequilíbrios posturais e
estar encaminhando nossos alunos para as atividades de maior benefício a cada um sem
oferecer riscos. Sem a avaliação podemos estar acentuando os desequilíbrios na
aplicação de atividades sem orientação.

É com base nesses fatos que vemos a escola como local ideal para atuação do
profissional de Educação Física não só, para jogos, esportes, dança e recreação. Mas
também, atuando na educação postural dos alunos prevenindo e orientando os
desequilíbrios posturais. Afinal, é na escola que encontramos o maior número de
crianças reunidas, e onde podendo aplicar os recursos disponíveis em nossa formação,
informando pais e alunos da importância de melhores posicionamentos da postura,
prevenir desequilíbrios, diagnosticar precocemente, e orientar com eficiência, afim de
combater o aparecimento e desenvolvimento de alterações posturais.

Como sugestão, na avaliação física dispor de uma ficha de avaliação individual, fita
métrica e simetrógrafo. Esta ficha pode conter um formulário de Anamnese contendo
informações do histórico da criança, e um quadro para anotar as observações realizadas
na visão anterior, posterior e sagital. Pode-se verificar a critério, a flexibilidade, condição
muscular e o equilíbrio.

Estudos realizados em uma escola pública do Estado de São Paulo - em crianças de 9 a


12 anos, no ano de 1996, pudemos mensurar estes resultados: de 100 crianças
avaliadas, 80% apresentaram alterações posturais. A escoliose foi encontrada em 30%
dos resultados (2% escoliose estrutural - desse resultado, 52% convexa à direita, 22%
convexa à esquerda e 26% escoliose mista), 19% apresentavam hiperlordose associada
a escoliose, 22% hipercifose associada a escoliose. A hiperlordose encontramos em 16%,
a hipercifose em 10% e, representando 18% encontramos desequilíbrios na assimetria
de ombros, cintura pélvica, joelhos e pés.

Quando realizamos a avaliação de acordo com o sexo, observamos que os meninos


apresentaram 4% de incidência nos desequilíbrios a mais que as meninas.

Podemos perceber após este relato que, as alterações posturais são ocorrências
significativamente presentes entre as crianças de 9 a 12 anos, daí a necessidade de estar

66
avaliando. Outro fato importante, é a presença significativa da escoliose idiopática não
estrutural.

Diante destas informações, podemos concluir a necessidade da implantação de um


setor de avaliação e acompanhamento do desenvolvimento motor da criança dentro das
escolas, onde os professores possam desenvolver programas de orientação e
intervenção imediata em atividades físicas corretivas para os desequilíbrios posturais,
avaliações periódicas, orientação para a importância de bons hábitos posturais nas
atividades diárias, possibilitando uma boa biomecânica. Utilizar-se da ergonomia ao
sentar à frente do computador, nas carteiras de sala de aula, no transporte do material
escolar, na realização das tarefas de casa, enfim, em todas as atividades diárias.

No entanto, após realizada a avaliação postural, se faz necessário que os pais tomem
conhecimento dos resultados e que se necessário, seja orientado a procurar um
ortopedista, para um melhor acompanhamento da criança.

O objetivo principal da avaliação postural na escola é identificar os desequilíbrios mais


evidentes a fim de evitar prescrição de exercícios que possam vir a acentuar esses
desequilíbrios. Acredito que, mais do que executar, nossa função é orientar.

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