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Fundamentos da Psicomotricidade

Psicomotricidade:

A psicomotricidade pode ser definida como um campo transdisciplinar que estuda e investiga
as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade.

Esta ciência é uma terapia de mediação corporal e expressiva no qual o terapeuta estuda e
compensa as condutas motoras inadequadas ou inadaptadas, em diversas situações,
geralmente ligadas a problemas de desenvolvimento e de maturação psicomotora, de
comportamento, de aprendizagem e de âmbito psicoafectivo.

É uma ciência que estuda o homem através do seu corpo, nas relações com o ser mundo
interno e externo, refletindo sobre a organização neurológica que serve de sabe a todas as
aprendizagens. Está relacionada com o processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

Conhecimentos básicos: movimento, cognição e afetividade.

É uma técnica ou grupo de técnicas que tendem a interferir no ato intencional significativo,
para estimular ou modifica-lo, usando a atividade corporal e a expressão simbólica como
mediadores.

É um foco da intervenção educacional ou terapia cujo objetivo é o desenvolvimento das


capacidades motoras, expressivas e criativas a partir corpo, centrando a sua atividade no
movimento e no ato, que é derivado de: disfunções, patologias, excitação (estímulos),
aprendizagem, etc.

É uma disciplina educativa/ reeducativa/ terapêutica, concebida como diálogo que considera o
ser humano como uma unidade psicossomática e que atua sobre a sua totalidade por meio do
corpo e do movimento no ambiente, por meio de métodos ativos de mediação corporal,
contribuindo para o seu desenvolvimento integral.

Preocupa-se com a relação entre o homem e o seu corpo, considerando aspetos motores,
psicológicos, cognitivos e sócio-afetivos.

Instrumental: corpo- movimento, práxico- estruturas neuro;

- Relacional: corpo- movimento, espontâneo- estruturas, afetivo- emocionais.

- Corpo real: performante e competitivo, necessita de um equilíbrio permanente;

- Corpo imaginário: traduz a complexidade do funcionamento psíquico (construção e


estruturação do Eu) através da sua expressão simbólica.

corporeidade Psiquismo
Motricidade
holística como
como
psicológico identidade
identidade
afetivo afetiva
neutra
social
Quem é o psicomotricista?

Profissional que usa o corpo como mediador, em quase todas as situações de vida. Vai buscar
informações a diversas áreas do conhecimento. Trabalha com a pessoa para alcançar o
psíquico. Dimensão biopsicossocial. Trabalha com o corpo real (esquema corporal) e com o
corpo imaginário (imagem corporal).

O psicomotricista é capaz de oferecer um cuidado abrangente ao paciente, desde bebés a


idosos, com perturbações várias que se podem refletir no movimento e no gesto, atuando
através de mediações corporais diversas como a relaxação, o toque terapêutico, o jogo
simbólico, atividades rítmicas e de expressão corporal.

Um psicomotricista associa a motricidade á energia psíquica o que permite a integração e


expressão gnoso-práxica e tónico-emocional; utiliza a expressão práxica do movimento
voluntário e a expressão simbólica do movimento espontâneo.

-Pensamento facilita as sensações e as emoções;

-Sensações e emoções interferem nos movimentos;

-Motricidade constrói a inteligência e também a identidade do sujeito.

Áreas de competência do psicomotricista:

 Perceção;
 Coordenação;
 Praxia

-A praxia é a coordenação normal dos movimentos.

 Apraxia

-A apraxia é a desordem de ordem neurológica que provoca a perda da habilidade em executar


os movimentos;

-Apraxia, representaria uma dificuldade em ordenar o plano mental de ação com a efetivação
da ação motora.

 Praxia global;

-Coordenação óculo-manual e óculo-podal, planificação motora, integração rítmica (5- 6 anos).

 Praxia fina;

-Concentração, organização, especialização hemisférica (6- 7 anos).

 Lateralização;

- Integração sensorial, desenvolvimento das perceções e dos sistemas aferentes e eferentes (2-

3 anos).

- É inata, já vem pressuposta;


- Noção do próprio corpo;

- Desenvolve-se depois da tonicidade e equilibração;

- Telerecetores: visão, audição.

- Propriocetores: mãos, pés- pele, fuso neuromuscular, órgãos tendinosos de golgi.

 Integração espacial e temporal;

-Velocidade de deslocamento, desenvolvimento da atenção seletiva, do processamento da

informação, coordenação espaço-corpo, proficiência da linguagem (4- 5 anos).

 Esquema corporal (conhecimento corporal);

-Noção do Eu, consciencialização corporal, perceção corporal, condutas de imitação (3- 4

anos)

 Imagem corporal (autoestima);


 Emoção;
 Comunicação não-verbal (diálogo tónico-emocional);
 Comportamento do movimento (intenção, interação e expressão);
 Comportamento no jogo;
 Interação social e com objetos;
 Equilíbrio;

-Aquisição da postura bípede, segurança gravitacional, desenvolvimento de padrões

locomotores (12- 24 meses);

- Depende da tonicidade;

- Ataxias: problemas de equilíbrio

 Tonicidade

-Aquisições neuromusculares e integração de padrões motores antigravíticos (nascimento- 12


meses);

-Estado de tensão mínima dos músculos;

-Eutonias: estado normal do tónus, estado de tensão mínima dos músculos;

-Distonias: dificuldades na organização tónica- hipotonia/hipertonia

Competências do psicomotricista:

-Avaliação e diagnóstico do perfil e desenvolvimento psicomotor;

-Domínio de modelos e técnicas de habilitação e reabilitação psicomotora em populações


especiais ou de risco;

-Prescrição, planeamento, avaliação, implementação e reavaliação de programas de PM;

-Formação, supervisão e orientação de outros técnicos nos âmbitos anteriormente referidos;


-Proposta de adaptações envolvimentais (familiares ou escolares) suscetíveis de maximizarem
as respostas reeducativas ou terapêuticas decorrentes da intervenção direta.

Áreas de atuação

 Educação psicomotora: intervenção de apoio baseada e fundamentada no movimento


práxico ou espontâneo com a finalidade de normalizar, completar ou aperfeiçoar o
comportamento global da criança. Assegurar o desenvolvimento funcional da criança,
o desenvolvimento afetivo/emocional através da relação com os outros – Âmbito
Escolar.
 Reeducação psicomotora: intervenção que abrange sujeitos desde a infância á idade
adulta. Trabalho sistematizado sobre os comportamentos psicomotores, visa a
melhoria das aptidões e equilíbrio somatopsíquico.
Défice instrumental e problemas neuromotores, risco de desenvolver problemas de
relacionamento.
 Terapia psicomotora: atividades que envolvem o corpo em relação e que visam
melhorar o domínio psicoafectivo (reconstrução egóica) da criança ou adulto.
Problemas que afetam a dimensão afetiva e relacional.

OU

Âmbitos de intervenção

 Preventivo: promoção e estimulação do desenvolvimento.


 Educativo: estimulação do desenvolvimento psicomotor e do potencial de
aprendizagem.
 Reeducativo ou terapêutico: intervenção nos problemas de desenvolvimento, de
aprendizagem e/ou do comportamento e, ainda, patologias de ordem psíquica que
comprometem a qualidade de vida do indivíduo. Movimento práxico (voluntário) e
movimento espontâneo (involuntário, retrata o inscosciente).
A terapia psicomotora é indicada para todas as problemáticas que afetam os seguintes
domínios:
-motricidade global e fina; -planificação;
-sequencialização; -execução de gestos;
-perceção auditiva, visual e tátil-cinestésica; -orientação espacial e temporal;
-lateralidade; -aquisição da escrita;
-comunicação verbal e não-verbal

Técnicas de intervenção

-Relaxação e consciencialização corporal;

-Educação gestual e postural;

-Neuromotoras/movimento;

-Lúdicas;
-Expressivas (música, desenho, modelagem, mímica, …)

-Avaliação psicomotora;

-Atividades de movimento: individual ou em grupo;

-Jogo e brincar;

-Estimulação e integração da perceção;

-Atividades grafomotoras;

-Atividades outdoor

Setting terapêutico

Objetivos

-Aumentar a adaptabilidade a ritmos impostos;

-Mobilizar a reorganizar as funções psíquicas, emocionais e relacionais;

-Aperfeiçoar a conduta consciente e o ato mental (input-elaboração-output);

-Enriquecimento da expressão simbólica;

-Normalização da função respiratória;

-Libertar a inteligência pelo controlo e automatização do gesto;

-Melhorar a focagem e a seleção da atenção e a possibilidade de manter por tempo


significativo um alto nível de vigilância

Indicações

 Uma grande diversidade de populações e necessidades:


-Crianças com ou sem deficiência;

-Crianças “em risco” ou com inteligência mantida, com problemas e síndromes de


desenvolvimento psicomotor;

-Crianças com dificuldades de aprendizagem;

-Crianças hiperativas ou impulsivas;

-Crianças inibidas;

-Adolescentes com problemas psicoafectivos atípicos e desviantes ou com problemas de


comportamento;

-Adultos com problemas psiquiátricos (crónicos ou agudos);

-Pessoas idosas como forma de prevenção do envelhecimento precoce ou tratamento de


patologias

 Visando em qualquer dos casos, o equilíbrio e o ajustamento da totalidade


psicossomática indivisível do ser humano

Locais de intervenção

 Saúde

-Hospitais gerais (serviços de psiquiatria e de pedopsiquiatria, serviços de pediatria/consultas


de desenvolvimento e saúde do adolescente);

-Centros de saúde;

-Hospitais psiquiátricas;

-Centros de atendimento à toxicodependência;

-Clínicas psicopedagógicas, geriátricas, apoio domiciliário

 Educação

-Creches e jardins de infância;


-Escolas do ensino básico;

-Estabelecimentos de educação especial e centros de apoio psicopedagógicos

 Segurança social

-Instituições privadas de solidariedade social (IPSS);

-Associações e cooperativas de ação social;

-Lares de acolhimento e apoio à infância e juventude;

-Centros de dia para idosos

 Justiça

-Instituições e equipas de reinserção social

 Estruturas desportivas com serviços

-Adaptação ao meio aquático;

-Equitação terapêutica

Paradigmas

-A psicomotricidade considera o movimento como uma conduta relativa a um sujeito único,


total e evolutivo;

-Conduta ou ação que transcende a execução, na medida em que só pode ser compreendido
nas estruturas neuropsicológicas que a integram, a elaboram, a regulam e a controlam;

-A psicomotricidade é um processo relacional inteligível entre a situação (input), a elaboração


(integração) e ação (output);

-A psicomotricidade é uma conceção holística de aprendizagem que associa os processos


mentais aos motores

Revisão histórica da psicomotricidade

 Fonseca, 2001

“.. a psicomotricidade não encerra apenas a história dos conceitos de exercício físico,
motricidade, corpo convocada para restaurar uma “ordem psíquica perturbada”, ou para
facilitar o “funcionamento do espírito”, mas também, o estudo e a análise de condições de
adaptação e de aprendizagem que tornam possível o comportamento humano”.

Vitor da Fonseca foi dos primeiros autores em Portugal a refletir sobre a psicomotricidade,
tanto o campo teórico como prático, e a sublinhar a sua especificidade como campo científico e
área profissional.

Teoria Triárquica
o Multicomponencial

A motricidade envolve a dimensão do mundo interior do individuo e os diferentes fatores


psicomotores- tonicidade, equilíbrio, lateralização do corpo, estruturação espácio-temporal,
praxia global e praxia fina.

Há que ter em conta todo o processamento da informação.

o Multiexperiencial

A expressão psicomotora é fruto das diferentes vivências que um individuo tem, desde que
nasce até à idade idosa.

As aprendizagens e os estímulos que o individuo está sujeito ao longo da vida definem, em


grande parte, a flexibilidade ou rigidez do comportamento manifestado.

o Multicontextual

A psicomotricidade só pode ser entendida tendo em conta os diferentes contextos onde se


insere o individuo- família, educação, história clinica, tipo de profissão e local de trabalho dos
pais, outro tipo de contextos (prática desportiva, religião…)

Bateria psicomotora

Este instrumento de avaliação tem uma abordagem psiconeurológia e rege-se pela organização
funcional de Luria, que relaciona diferentes áreas cerebrais a fatores psicomotores específicos.

-Tarefa simples;

-Observação qualitativa e dinâmica.

 Tissié, sec.XIX

Ginástica médica como forma de tratamento da instabilidade mental com impulsividade


móbida.

“Dominando os movimentos, o paciente disciplinaria a razão”

“A ginástica médica e o controlo respiratório desenvolvem o autodomínio, solicitando os


centros cerebrais onde se encontram os pensamentos e os movimentos e o lugar onde nasce a
vontade”.

Em 1901, Philippe Tissié referia que na sua perspetiva, a educação física deveria trinar os
“centros psicomotores” pela associação entre movimento e pensamento.

A ginástica médica e o controlo respiratório desenvolvem o autodomínio, solicitando os centros


cerebrais onde se encontram os pensamentos e os movimentos e o lugar onde nasce a
vontade.
 Charcot, sec.XIX

Hipnotismo e a teoria da sugestão ou da persuasão.

“Por hipnose (estranha cumplicidade entre a ideia e o movimento) a palavra do médico


reeduca um pensamento desviantes ou pervertido. É por meio de palavras, de gestos e de
atitudes que imprimimos ao sujeito, que ele atinge a ideia que desejamos transmitir-lhe.”

 Perspetiva “localizacionista”, sec.XIX

Os sintomas de um distúrbio tinham uma localização específica a nível cerebral ou noutras


partes do corpo.

 Distúrbios práxicos, princípios sec.XX

No início do século XX identificaram-se alguns distúrbios práxicos que n tinham uma causa
propriamente anatómica, dirigindo os autores para uma perspetiva funcional destas
problemáticas.

 Significação do movimento humano- Dupré

Dupré foi um dos primeiros autores a associar a expressão motora aos sintomas mentais,
através da descrição de uma síndrome de debilidade motora e mental, no seu relatório de
1909.

O neuropsiquiatra foi de fundamental importância para o âmbito psicomotor, trouxe


importantes contribuições a partir dos seus estudos clínicos, principalmente com a definição de
debilidade motora.

As pesquisas trouxeram pressupostos que esclarecem que os aspetos neurológicos e as


perturbações motoras infantis o conhecimento que direciona para a noção de
psicomotricidade relacionada com o desenvolvimento da inteligência e afetividade.

 Freud

A deslumbrante concepção da psicanálise procura desvendar as relações entre o soma e o


psíquico, a partir de zonas do corpo como a boca, o anus e os órgãos genitais, zonas erogéneas
que induzem processos libidinais vitais estes inferem em contrapartida, uma somatanálise, de
onde emergem as primeiras representações de um “corpo emocional e intrapsíquico”

Instrumento essencial à construção da personalidade


do individuo e á sua auto-consciência, o verdadeiro
eu que emergem exatamente de necessidades e
experiências relacionais.
 Significação do movimento humano- Guilman

O exame psicomotor não deve ser apenas um instrumento de medida, mas deve também
possibilitar o diagnóstico, o encaminhamento para a terapia ou reeducação e uma previsão do
percurso futuro.

A nível terapêutico, Guilman afirma que devem ser incluídos exercícios de educação sensorial,
exercícios de desenvolvimento da atenção e trabalhos manuais.

Reeducação psicomotora

-Reeducar a atividade tónica: exercícios de atitude, equilíbrio e mímica.

-Melhorar as competências de relação com o envolvimento: exercícios de dissociação e


coordenação motora, numa perspetiva lúdica.

-Promover o controlo motor: exercícios de inibição a desinibição, de acordo com as


necessidades da criança.

 Significação do movimento humano- Schilder

Esquema e imagem corporal como a imagem tridimensional que cada qual tem de si mesmo e
que integra todas as experiências motoras, percetivas, afetivas e sexuais.

Corpo e cérebro, motricidade e psiquismo, portanto, co-integram-se em cointeração mútua ao


longo da ontogénese, um não é possível sem o outro, implicando daí a sua coestabilidade.

 Reeducação psicomotora- Ajuriaguerra

Integrou os modelos teóricos de Wallon e Piaget e também de outros autores com perspetivas
mais clínicas como Schilder e Laca.

Conceção inovadora da reeducação psicomotora

“Técnica que, pelo recurso ao corpo e ao movimento, se dirige ao ser humano na sua
totalidade. Ela não vida a readaptação funcional ou a supervalorização do músculo, mas sima
fluidez do corpo no envolvimento. O seu fim é permitir uma melhor integração e um melhor
investimento da corporalidade, uma maior capacidade de se situara no espaço, no tempo e no
mundo dos objetos e facilitar e promover uma melhor harmonização na relação com o outro.”

Somatognosia

corpo conhecimento

-Corpo como meio (esfera mental, afetiva, motora- unidade essencial);

-Defende que a evolução da criança ocorre pela consciência em relação ao seu corpo;
-A construção da personalidade é efetiva por meio das experiências corporais conquistadas na
vivência da criança;

-Através do corpo que a criança expressa os seus sentimentos, necessidades e emoções;

-Delimita os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquismo.

 Gardner, 1994

Concebe a inteligência humana com múltiplas componentes.

7 tipos de inteligência:

-Quinestésico-corporal;

.desporto, dança, mecânica…

-Interpessoal;

.liderança, cooperação…

-Intrapessoal;

.imaginação, independência, privacidade…

-Lógico-matemática;

.cálculo, ciências, orçamentos…

-Linguística;

.literatura, poesia, rádio, teatro…

-Visuo-espacial;

.arte, escultura, decoração, filmes…

-Musical

.música, ritmo, composição…

Gardner destes 7 tipos de inteligência destaca a inteligência quinestésico-corporal.

Quinestésico-corporal:

-Controlo do corpo de objetos e situações, envolvendo movimentos globais ou delicados dos


dedos, produzindo ações altamente diferenciadas para fins expressivos, expositivos ou
intencionais.

-Familia de procedimentos para traduzir a intenção da ação de onde resulta a praxia.

Série de acontecimentos neurológicos que orientam, regulam e controlam o movimento

Considera a inteligência quinestésico-corporal


-Como a base da sobrevivência ao longo da evolução (caça, fabricação de instrumentos, armas,
ferramentas…);

-Como apogeu da arte e da escultura;

-Como domesticação da motricidade animal;

-Linguagem não verbal como emergência e ontogénese da consciência;

-Nascimento do pensamento reflexivo.

o Praxia

A praxia depende da combinação integrada de 3 funções:

Função recetora Função elaborativa Função expressiva


Cérebro

Controlo recetivos Integração Controlo da ação


Captação de sinais Planificação Manifestação práxica
Interpretação da ação, etc Calibração Melodia cinestésica
Gestão de rotinas Reaferencia
Padrões de sequencialização

 António Damásio

-Corpo e mente não se separam, estão ligados por circuitos nervais e bioquímicas;

-Construção do eu, para cada pessoa um só corpo;

-Perspetiva neuropsicologia O próprio corpo é a referência de cada um para a relação


com o mundo e define a capacidade de ação sobre o meio que o envolve.

 Significação do movimento humano- Merlau-Ponty

-O corpo é a base da identidade e permite agir sobre o envolvimento e relação com o outro;

-Consciência corporal é a “fusão” de influências vindas do exterior e a relação com o próprio


corpo;

-Conhecer o próprio corpo, não é apenas uma “coisa”, ou um objeto de estudo, mas sim uma
condição permanente da experiência.

A motricidade permite a aquisição dos conceitos básicos, através da integração sensorial e da


perceção, possibilitando progressivamente a representação mental dessas mesmas aferências.
O corpo é também um espaço fundamentalmente expressivo, de atuação sobre o outro e sobre
os objetos.

 Henry Wallon

Relaciona o movimento ao afeto, emoção e meio ambiente aos hábitos do individuo

-O movimento do corpo é o primeiro instrumento para saber o que se passa na nossa mente;

-Desenvolvimento psicológico da criança é o resultado da oposição e substituição de


atividades;

-Refere-se ao esquema corporal não como unidade biológica psíquica mas construção
(elemento base no desenvolvimento da personalidade da criança);

-Função nervosas têm organização hierarquia (mais primitivos ou mais automáticas


complexos ou voluntários);

-Pensamento secreto: fusão entre a imaginação e a realidade externa:

.fabulação- invenção de histórias e conceitos;

.tautologia- repetição de palavras para definir um conceito;

.elisão- respostas diferentes ou incompletas à questão colocada;

.contradição- expressão de ideias contraditórias

-Inteligência da criança começa na prática e evolui a partir da representação da realidade,


imitação;

-É pela repetição do gesto e pela imitação que se acede à capacidade representativa. A


aquisição do esquema corporal é fundamental para a construção da personalidade da criança,
constituindo um meio básico de relação entre o individuo e meio.

-Relação desta com o meio social (relação da criança com envolvimento social, imitação,
identificação do outro no espelho…), então Wallon dá-lhe o nome de desenvolvimento
cognitivo infantil;

Defende a importância do papel do jogo (jogo qualitativo), pois as crianças desenvolvem as


suas capacidades intelectuais, pensamento categorial e relação causa-efeito;

 Jean Piaget

-Estudo da construção da inteligência e do pensamento concetual;

-Importante recuperar os estados de desenvolvimento que ficaram mal estruturadas;

-Através da experiência e observação que obtemos inteligência (esquemas sensório-motor);

-A motricidade, a aquisição dos conceitos básicos possibilitando a representação mental;

-Menor autonomia (preensão, visão, sucção) Maior autonomia


Conceitos

1. Diálogo tónico-emocional

-É um diálogo que ocorre entre dois sujeitos, através de uma forma corporal, não verbal, de se
relacionar;

-As sensações de bem-estar estão associadas a um estado muscular mais relaxado


(hipotonicidade) e sensações de mal-estar estão associadas a um grau de tensão muscular mais
elevado (hipertonicidade)

-Além da tensão muscular, o diálogo tônico-emocional integra todos os sinais corporais: voz,
olhar, tato, proxémica, odores, qualidade de transporte, organização temporal da situação.

-Especificamente, o terapeuta psicomotor busca utilizar esse canal de comunicação como meio
terapêutico essencial para promover a expressividade de seu paciente.

2. Expressão psicomotora

-Engloba o reconhecimento e consecução do esquema corporal;

-O desenvolvimento da capacidade, disponibilidade e utilização do próprio corpo como


elemento expressivo, a orientação no espaço e na aquisição de diferentes noções de ritmo,
equilíbrio, respiração adequada, tensão e velocidade.

3. Desenvolvimento psicomotor

-Processo contínuo e evolutivo da motricidade, da cognição, da comunicação, da emoção, da


relação consigo, com os outros e com o ambiente e do próprio processo de aprendizagem.

4. Avaliação psicomotora

- A avaliação psicomotora permite formular o perfil do paciente considerando a diversidade do


seu funcionamento a nível neurológico, emocional, relacional e cognitivo e com o objetivo de
prevenir possíveis processo de aprendizagem.

5. Observação psicomotora

-A observação psicomotora consiste na observação do sujeito em ação livre no espaço,


seguindo assim o seu ritmo e tempo, fazendo aquilo que quer.

-É observado num todo, ou seja, no global considerando aspetos corporais objetivos como por
exemplo habilidades e algumas competências, mas também aspetos subjetivos,
nomeadamente a ação e interação.

6. Relação terapêutica

-A relação terapêutica na psicomotricidade é caracterizada por:


.a abordagem corporal da personalidade;

.a colocação em jogos de mediação.

.a adaptação dos canais de comunicação, ritmos de propostas, dispositivos e estrutura;

.o reconhecimento das capacidades expressas;

.o fortalecimento do sentimento de segurança pessoal.

-Quer a orientação seja mais terapêutica, educativa ou reeducativa, as trocas entre o


psicomotricista e os seus pacientes consistem essencialmente no envolvimento corporal.

-A relação terapêutica na psicomotricidade é organizada para favorecer, desde as primeiras


sessões, a tomada de iniciativas e a integração de um sentimento de segurança nas trocas.

7. Projeto terapêutico

-O projeto terapêutico é o que o psicomotricista pretende fazer com o paciente, através da


avaliação psicomotora, e da sua compreensão dinâmica da pessoa avaliada, e desta forma
permite diferenciar os meios e os objetivos do empreendimento terapêutico;

-Permite ao paciente iniciar um processo pessoal com um método estruturado e realista, tendo
em conta as suas dificuldades, limites e as suas competências.

-O projeto terapêutico em psicomotricidade inclui:

.ter uma base para estimular o progresso;

.específica as principais direções do processo;

.construir etapas principais e limites de intervenção;

.altera-se de acordo com a evolução do paciente, ou seja, é dinâmico;

.regulação tónica através de técnicos de relaxamento;

.educação e relaxação postural;

.diferentes jogos que promovem a organização e controle funcional;

.expressividade corporal e elástica.

Plágio

É a apropriação indevida de um produto intelectual nomeadamente um texto, uma obra


artista, imagem, artigo, etc, de uma outra pessoa sem lhe atribuir o devido crédito.

OU

O plágio é o ato de assinar, apresentar e publicar uma obra intelectual de natureza literária,
científica ou artística, em partes ou na íntegra, cuja autoria pertença a outra pessoa, sem que
haja a permissão do autor, no caso das obras com direito reservado, ou reconhecimento da
fonte, no caso de obras públicas.

Citações de autores

É o ato de referir-se a algum texto, uma ideia ou algo de outro autor referindo sempre esse
mesmo autor, ou seja, identificar o autor ou os autores desse mesmo artigo, texto ou poesia.

Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca

Visa identificar o potencial psicomotor do individuo, e detetar os sinais disfuncionais gnósicos e


práxicos nos 7 fatores psicomotores.

Permite fazer um plano, traçar um perfil psicomotor e por fim um projeto terapêutico- Pode ser
utilizada para estimar e rever a necessidade de uma intervenção ou de um acompanhamento
terapêutico, suscetível de enriquecer a sistemática dos fatores psicomotores.

Cotação:

-A cotação máxima da prova é de 28 pontos (7x4);

-A cotação mínima é de 7 pontos (7x1)

Entre 22-26 a 27-28 pontos Não deverão apresentar em nenhum fator (e não
subfactor) uma pontuação inferior a 3.

Entre 14-21 pontos Podem apresentar fatores psicomotores variados e diferenciados,


nível de realização completo, adequado e controlado na maioria dos fatores, podendo surgir
um ou outro mais imaturo.

7 fatores e 26 sub-fatores:

o Tonicidade

Controlo postural e muscular essencial para a realização de qualquer tipo de atividade. Contém
5 provas (

Dificuldades nesta zona (alterações no comportamento)- alterações ou dificuldades do


cerebelo ou noutras zonas subcorticais

o Lateralização
o Equilibração
o Estruturação espácio-temporal
o Noção do corpo
o Praxia global e fina

Fatores e subfactores são medidos numericamente de 1 a 4:

1- Apraxia (ausência de resposta, realização imperfeita);


2- Dispraxia (realização fraca com dificuldade de controlo e sinais desviantes);

3- Eupraxia (realização completa adequada e controlada);

4- Hiperpraxia (realização perfeita, precisa, económica e com excelentes facilidades de


controlo)

-A bateria psicomotora reúne um conjunto de situações/tarefas que procuram analisar


dinamicamente o perfil psicomotor da criança (perfil intra-individual).

-Procura cobrir a integração psiconeurológica e da personalidade psicomotora da criança dos 4


aos 12 anos, segundo o modelo de organização cerebral apresentado por Luria.

-Não se trata de um exame neurológico clássico, por isso não é um instrumento adequado para
avaliar a integridade psiconeurológica de uma criança em desenvolvimento.

Procura:

-Explorar o comportamento psicomotor com vista à elaboração de um perfil psicomotor


intraindividual;

-Executar um inventário das dificuldades e possibilidades psicomotoras

Objetivo:

Se a criança tem dificuldades, a linguagem utilizada, o foco, o contacto visual, a distância, a


existência de toque ou não de toque, o comportamento (toda a comunicação não-verbal)

-O desempenho da criança nos diferentes fatores psicomotores, irá traduzir o estado de


maturação das estruturas cerebrais correspondentes, permitindo assim, perceber a que nível é
que a informação é mal gerida, pois cada fator tem uma representação no cérebro;

-Surge em afinidade com o modelo de organização mental proposto por Lúria, estabelecendo-
se relações entre os fatores psicomotores e as unidades funcionais de Lúria;

-Não procura medir o produto motor, mas sim a qualidade dos processos mentais psíquicos
que estão na origem da sua integração, programação, elaboração e regulação.

o Analisa qualitativamente a disfunção ou a integridade psicomotora da criança


o Útil para identificação e despistagem de dificuldades de aprendizagem e psicomotora:
permite-nos observar várias componentes do comportamento psicomotor da criança
de forma estruturada, não estereotipada

Cotação:
Organização Funcional do cérebro humano

Alexader Romanovich Luria foi um russo que viveu no século passado (1902-1977) e é
considerado o pai da neuropsicologia moderna, sendo inclusive o criador deste termo.

Modelo de organização funcional do cérebro humano segundo Luria

 Lobo frontal

Funções cognitivas, coordenação dos músculos, empatia e comportamento social, emoções,


raciocínio, fala

 Lobo temporal

Perceção auditiva, componentes recetivos da linguagem, memória visual, memória declarativa


(factual) e emoção.

 Lobo parietal

Perceção da dor, tato e sensações de temperatura.

 Lobo occipital

Visão e associação visual.

 Cerebelo

Manutenção do equilíbrio, controle muscular e dos movimentos voluntários, aprendizagem


motora (andar, pular, nadar…)

Modelo de organização funcional do cérebro humano segundo Luria

O que é?

Luria apresenta uma alternativa à questão tão debatida das localizações cerebrais. Em primeiro
lugar, distingue a função como funcionamento de um tecido particular e a função como
sistema funcional complexo. Refere que os processos mentais, que incluem sensações,
perceção, linguagem, pensamento, memória não podem ser considerados simples faculdades
localizadas em áreas particulares e concretas do cérebro, mas como sistemas funcionais
complexos

 Córtex Motor

É a região do córtex cerebral que é responsável pelo planejamento, controle e execução de


atividades motoras voluntárias.

 Córtex pré-frontal

Esta região cerebral está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos


complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e modulação de comportamento
social.

 Córtex temporal

Esta região está relacionada com o processamento da audição, linguagem, memória (visual e
factual) e emoções.

 Cerebelo

É responsável pela manutenção do equilíbrio, pelo controle do tónus muscular, e inclusive dos
movimentos voluntários e aprendizagem motora.

 Córtex occipital

É responsável pelo processamento de estímulos visuais (cor, forma e movimento)

 Córtex parietal

É responsável pela integração das informações sensoriais (toque, temperatura, pressão e dor) e
desempenha também um papel na capacidade da pessoa de avaliar o tamanho, forma e
distância.

 Córtex somatossensorial

É um sistema complexo de neurônios sensoriais e vias neurais que responde a mudanças na


superfície ou dentro do corpo, parte do sistema nervoso sensorial.

O cérebro é para Luria um sistema de zonas de (co)laboração e concentração, caracterizado


pela consistência e estabilidade das suas intenções e pela variabilidade e plasticidade e dos
seus componentes, bem como pelos diferentes estádios de desenvolvimento que assume ao
longo do tempo.

O padrão de organização cerebral muda com o tempo e com a experiência

A mesma lesão é diferente na criança e no adulto, porque em ambos se encontram integrados


diferentes padrões de organização interna e funcional.

A construção duma função psicomotora ou simbólica é executada em zonas dispersamente


distribuídas pelo cérebro (anatómica e psicologicamente)

Facto que deve ser levado em conta no caso duma lesão


1. Primeira unidade funcional

Tonicidade e equilibração

Regulação tónica, de alerta (vigilância) e dos estados emocionais

-Um sistema funcional que executa a ativação difusa e generalizada do cérebro, ativação
específica e pontual para realizar uma tarefa especifica;

-Envolve tanto as estruturas mais antigas do tronco cerebral como as estruturas mais recentes
da evolução (lobo frontal)

Só em condições mínimas de alerta e vigila é possível receber e integrar uma informação intra
e extra corporal;

A função de alerta exige a mobilização dum certo tônus e de uma certa energia cortical e é
essencial para a ativação dos sistemas seletivos de conexão sem os quais nenhuma atividade
mental pode ser processada, mantida ou organizada, corrigida ou recorrigida eficazmente.

-Isto é sem os quais não é possível traduzir qualquer atividade intencional…;

-A função de alerta integra e modula o estímulo de forma a selecionar o relevante do


irrelevante, estruturando-se na mobilização de processos neurológicos de facilitação e inibição
(imprescindíveis à atividade ou mudança da atividade)

Certo nível de tônus cortical é tão indispensável à atividade mental como é o tônus postural
para a preparação de qualquer tipo de movimento voluntário

Bases anatómicas

As estruturas que regulam e mantém o tônus cortical não se encontram no córtex- Situam-se
no plano inferior, no subcortex e tronco cerebral

o Substância reticulada

Localiza-se no tronco cerebral e no cerebelo, e é formada por uma vasta formação de


substância cinzenta- uma complexa rede nervosa ao longo da qual se encontram espalhadas e
distribuídas células nervosas conectadas entre si por pequenos axónios.

-Regula a atenção seletiva da atividade consciente;

-Regulação tónica;

-Regulação dos estados emocionais;

-Regulação de funções vitais (durante o sono)

.Sistema gastrointestinal

.Respiratório

.Cardiovascular;
.Postural;

.Locomotor

Área integrativa que coordena informação sensorial com informação motora

Regulada e modulada pelos centros corticais superiores

Dois tipos de fibras:

o Ascendentes

-Terminam nos centros superiores e têm a função de alerta, de construção da consciência e de


regulação de atitude e atenção;

-Relaciona-se também com o sistema límbico que regula a emoção e processo da memória

o Descendentes

-Responsável pela manutenção do tônus corporal e integração de referências proprioceptivas,


vestibulares e cerebelosas de grande importância no movimento voluntário

-A sua excitabilidade é gradual (condução aberta e difusa, apta para captar diferentes tipo de
informação, sensorial e motora)

2. Segunda unidade funcional

Lateralização, noção do corpo e estruturação espácio-temporal

-Córtex cerebral;

-Hemisfério esquerdo e direito;

-Lobo-parietal (Tatilo-Quinestésico);

-Lobo occipital (visual);

-Lobo temporal (auditivo)

Bases anatómicas

Receção, análise e armazenamento da informação que nos permite perceber o mundo à nossa
volta

Localiza-se nas regiões posteriores e laterais do neocórtex (convexidade superior dos


hemisférios cerebrais):

o Região occipital (áreas 17, 18, 19 de Brodman), funções visuais;


o Região temporal superior (áreas 41, 42 e 22), funções auditivas;
o Região parietal (áreas 3, 1 e 2), funções tatiloquinestésicas

A sua organização é hierarquizada e subdividida em zonas nucleares:


o Primárias (projetivas, que recebem aferências dos analisadores específicos);
o Secundárias (projetivo-associativas, responsáveis pela codificação e síntese,
convertendo a informação sensorial em sistemas funcionais);
o Terciárias (associativas, responsáveis pelo co-trabalho de vários analisadores na
produção de sistemas supra-modais-simbólicos-básicos para as atividades gnósicas e
cognitivas

Estas zonas obedecem a leis especificas e são a base para toda a atividade cognitiva humana-
relacionando-se com trabalho e é estruturada pela linguagem.

Leis básicas fundamentais à organização estrutural das áreas da 2ª unidade funcional:

 A lei da estrutura hierárquica das zonas corticais

A complexidade das relações entre as áreas primárias, secundárias e terciárias é crescente;

A formação adequada das áreas secundárias só tem lugar depois da formação das áreas
primárias (que se traduzem no seu material de construção), acontecendo o mesmo tipo de
dependência das áreas terciárias em relação às secundárias.

Experiência Sensação Perceção Imagem Simbolização Conceptualização

Implicação das lesões diferente no adulto e na criança

 A lei da diminuição progressiva da especificidade sensorial

Existe uma transição estrutural e funcional entre as 3 áreas;

As áreas primárias são altamente especificas (intraneurosensoriais) em termos de modalidades


sensoriais (nos 3 córtex, visual, auditivo e táctilo-quinestésico), isto é, os seus neurónios são
altamente diferenciados;

As áreas secundárias têm uma especificidade um pouco mais baixa, já não são áreas exclusivas
de projeção, mas de projeção-associação (interneurosensosial)- função gnósica

Axónios mais curtos sugerindo interações intersensoriais como:

-Visuo-tátilo-quinestésicas;

-Visuo-auditivas;

-Auditivas-tátilo-quinestésicas

 A lei da progressiva lateralização das funções

A especialização hemisférica induz uma realização de tarefas mais eficaz por cada um dos
hemisférios:

-O direito é mais eficaz no processamento de padrões espaciais e rítmicos (pensamento


espacial, orientação visuo-percetiva, memória não verbal…);
-O esquerdo é mais eficaz no processamento de padrões verbais e lógicos, organização da fala
e dos processos cognitivos relacionados com a linguagem (perceção organizada em esquemas
lógicos, memória verbal ativa, pensamento lógico e a categorização)

As áreas secundárias e terciárias realizam funções intra e inter hemisférios

3. Terceira unidade funcional

Praxia global e fina

Programa, regula e verifica a atividade mental

-Córtex motor;

-Córtex pré motor;

-Lobos frontais

É responsável pela organização da atividade consciente e pela programação, regulação e


verificação da atividade e está localizada nas regiões anteriores do córtex, exatamente à frente
do sulco central, formando os lóbulos frontais:

o Área motora- área 4 de Brodman (ação)


o Área pré-motora- áreas 6 e 8 de Brodman (planificação e programação)

Área 4- apresenta células piramidais gigantes

Relação com o sistema piramidal que regula os movimentos voluntários desde os


motoneurónios superiores aos medulares, apresentam um elevado grau de diferenciação
motora.

Área 6

Realização e automatização dos movimentos coordenados mais complexos que exigem a


participação de diferentes grupos musculares.

Área 8

Divisão secundária do córtex motor- com função da coordenação dos movimentos dos olhos
durante a fixação da atenção e manipulação dos objetos que exijam controlo visual.

As áreas primárias frontais (área 4) são altamente diferenciadas pelas suas características de
projeção somatotópica, as áreas secundárias menos especificas, enquanto áreas terciárias, não
apresentam ramificações projetivas descendentes.
Nota:

A 3 unidade funcional obedece aos mesmos princípios estruturais que a 2 unidade, quer
quanto à hierarquização, quer quanto à diminuição da especificidade, porém distintas
funcionalmente e no sentido da sua organização vertical.

 2ª unidade- funções de receção- sistemas sensoriais aferentes

Organização vertical ascendente: parte das primárias, segue para as secundárias e termina nas
terciárias.

 3ª unidade- funções de expressão- sistema motores eferentes

Organização vertical descendente: parte das terciárias, segue para as secundárias e termina
nas primárias, de onde parte o comando desde o motoneurónio superior ao inferior e deste
diretamente para os músculos.

4. Interação entre as três unidades

As três unidades funcionais não trabalham isoladamente, mas em conjunto: As estruturas


sistémicas dos processos psicológicos complexos trabalham em integração harmónica de forma
organizada e não aleatória.

A 1º unidade contém o
tónus necessário do córtex e
do corpo;

A 2ª unidade recebe e
processa a informação
recebida;

A 3ªOunidade
sistema atua como humano (SPMH)
psicomotor
mecanismo de programação
Sistema complexo, com características estruturais que funcionam com certas propriedades;
e de verificação para
assegurar
Sistema a
total composto natureza
por um conjunto de subsistemas que se interrelacionam filo e
intencional do
ontogeneticamente com vários ecossistemas.
comportamento

Filogénese
Ontogénese
Evolução da espécie humana- as
Série de transformação sofridas pelo individuo desde a zona occipital, parietal e temporal
fecundação do ovo até ao completo desenvolvimento do ser foram as que se desenvolveram mais
(amadurecimento das estruturas cerebrais) tarde

É hierárquica- desde as zonas mais simples (subcorticais) às


zonas mais complexas (frontais)
O SPMH é um sistema complexo integrado por sete fatores psicomotores independentes,
mas que se interrelacionam:

-Tonicidade;

-Equilibração;

-Lateralização;

-Noção do coro- somatognosia;

-Estruturação espácio-temporal;

-Práxia global;

-Práxia fina

Propriedades do SPMH:

o Totalidade

Todos os fatores estão interligados para formar um todo

o Interdependência

Os fatores interrelacionam-se e afetam-se mutuamente, quando um fator é afetado afeta todos


os outros

o Hierarquia

Os níveis de complexidade são crescentes (1ª unidade são os fatores mais simples, 2ª unidade
são fatores mais complexos e a 3ª unidade são fatores hipercomplexos)

o Auto-regulação e controlo

O sistema regula o seu comportamento para atingir um objetivo

o Interação com o mundo envolvente

O sistema está dependente do envolvimento, sendo influenciado por ele

o Equilíbrio

O sistema possui homeostasia, tendendo para a harmonia (coordenação do movimento)

o Adaptabilidade

O sistema adapta-se a novos desafios e mudanças

o Equifinalidade

O ser humano tem tendência para atingir um objetivo, mas cada um faz isso de forma
individual

A psicomotricidade é encarada como uma qualidade geral que emerge da inter-relação dos
sete fatores que podem atuar em conjunto ou separadamente que podem ser avaliados em
diversos níveis- Bateria psicomotora de Vitor da Fonseca.

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