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1 Cf. JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O Direito Civil tende a desaparecer? Revista da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, v. 70, p. 197-210, 1975, reeditado em: JUNQUEIRA DE AZEVEDO,
Antonio. O Direito Civil tende a desaparecer? Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 1, no 1, p. 355-
364, 2014.
2 Cf. BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht.
Archiv für die civilistische Praxis – AcP, v. 194, fascículo 1, p. 319-351, 1994; MENEZES CORDEIRO,
António. Tratado de Direito Civil português: Introdução, doutrina geral e negócio jurídico. 2. reimp. 3.
ed. Coimbra: Almedina, 2009. v. 1, t. 1. especialmente §§ 1º, 2º, 3º, 8º, 9º, 14º, 17º, 18º e 19º, seções 71
e 72 (a primeira edição desse tomo é de 2000); JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Caracterização
jurídica da dignidade da pessoa humana. In. JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Estudos e pareceres
de Direito Privado. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 5-6; FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do Direito Civil. Rio
de Janeiro: Renovar, 2000; DEL NERO, João Alberto Schützer. Do “estado liberal” ao “estado social”: O
caso do Direito Privado? Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 41, p. 97-115, out.-dez.
2002.
3 Paráfrase dos versos de Heinrich Heine (1797-1856), utilizados por Hans Kelsen para encerrar seus
escritos autobiográficos (KELSEN, Hans. Autobiografia de Hans Kelsen. Tradução de Gabriel Nogueira
Dias e José Ignácio Coelho Mendes Neto. Introdução de Matthias Jestaedt. Estudo introdutório de
Otavio Luiz Rodrigues Jr. e José Antonio Dias Toffoli. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 109).
4 Dos estágios pós-doutorais em Portugal e na Alemanha, resultaram os seguintes textos: RODRIGUES
JR., Otavio Luiz. Estatuto epistemológico do Direito Civil contemporâneo na tradição de civil law em
face do neoconstitucionalismo e dos princípios. O Direito (Lisboa), v. 143, p. 43-66, 2011; RODRIGUES
JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social: Exame crítico de um caso de “constitucionalização” do
Direito Civil. In: VERA-CRUZ PINTO, Eduardo; SOUSA, Marcelo Rebelo de; QUADROS, Fausto de;
OTERO, Paulo. (Orgs.) Estudos de Homenagem ao Prof. Doutor Jorge Miranda: Volume 3 - Direito
Constitucional e Justiça Constitucional. Coimbra: Coimbra Editora, 2012, v. 3, p. 61-90; MIRANDA,
Jorge; RODRIGUES JR., Otavio Luiz; FRUET, Gustavo Bonato. Principais problemas dos direitos da
personalidade e estado-da-arte da matéria no Direito Comparado. In. MIRANDA, Jorge; RODRIGUES
JR., Otavio Luiz; FRUET, Gustavo Bonato. (Orgs). Direitos da Personalidade. São Paulo: Atlas, 2012, v. 1,
p. 1-24; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB e da doutrina alemã no Direito Civil
brasileiro do século XX. O Direito (Lisboa), v. 147, p. 45-110, 2015.
5 TOMASETTI JR., Alcides. Execução do contrato preliminar. São Paulo: Tese de Doutorado: Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, 1982. p. 2.
6
Capítulo V, art. 6o, cf. CARVALHO E MELO, Luiz José de (Visconde da Cachoeira). Estatutos dos cursos
jurídicos. Conselheiro de Estado Visconde da Cachoeira. Introdução de Alberto Venancio Filho. Rio de
Janeiro: Instituto dos Advogados Brasileiros, 1977.
APRESENTAÇÃO
PRÓLOGO
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO PRIMEIRO
PUBLICIZAÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO
CAPÍTULO SEGUNDO
AS NOVAS FRONTEIRAS DO DIREITO PRIVADO CONTEMPORÂNEO
(OU SOBRE COMO AVIVENTAR RUMOS APAGADOS E RENOVAR
MARCOS ARRUINADOS OU DESTRUÍDOS)
CAPÍTULO TERCEIRO
A VISÃO DA DOUTRINA NACIONAL, O DIREITO ROMANO E AS
TEORIAS SOBRE A “DISTINÇÃO SISTEMÁTICA”
CAPÍTULO QUARTO
A “DISTINÇÃO SISTEMÁTICA”: PERMANÊNCIA, UTILIDADE E
FUNDAMENTOS
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO QUINTO
O DIREITO CIVIL ENTRE A AUTONOMIA E A
CONSTITUCIONALIZAÇÃO: EM BUSCA DE UM ACORDO SEMÂNTICO
(OU SOBRE COMO SERVIR VINHO VELHO EM TAÇAS NOVAS)
CAPÍTULO SEXTO
O QUE NÃO É CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
CAPÍTULO SÉTIMO
O QUE É CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
TERCEIRA PARTE
CAPÍTULO OITAVO
DIREITO CIVIL E DIREITOS FUNDAMENTAIS: O NASCIMENTO DE UM
NOVO OBJETO EPISTEMOLÓGICO
§43. Introdução
§44. O renascimento de uma nação: do “patriotismo imperial” ao
“patriotism constitucional”
44.1. A reconstrução nacional pós-1945 e a reconstitucionalização da
Alemanha com os “avós fundadores”
44.2. Em busca de um “guardião da Constituição”
44.3. O alvorecer do Tribunal Constitucional e o Direito Civil: o caso
Lüth
CAPÍTULO NONO
EFICÁCIA DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA ALEMANHA E
NO BRASIL: A CONSTITUIÇÃO COMO NOVA “PARTE GERAL” DO
ORDENAMENTO JURÍDICO
§55. Introdução
§62. O “jogo dos absurdos não aparentes” e duas posições realistas sobre a
eficácia dos direitos fundamentais em relação aos particulares
CONCLUSÃO
§73. A vertigem das listas e “uma certa enciclopédia chinesa”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3.3. Tese
A autonomia do Direito Civil, como disciplina com estatuto
epistemológico próprio, precisa resolver três problemas específicos, cada um
deles compreensivo da tese ora defendida:
(1) O problema da diferenciação sistêmica é clássico na Teoria Geral do
Direito, no Direito Romano e na Teoria Geral do Direito Privado, além de ser
objeto de especulações no Direito Público, de modo especial no Direito
Administrativo. Por ser um tema multissecular, há farta literatura sobre seus
desenvolvimentos históricos e dogmáticos. A tese aqui formulada (i) defende a
manutenção da autonomia e da diferenciação sistêmica do Direito Privado; (ii)
observa os fundamentos históricos, romanísticos, teóricos e normativos para
subsidiar essa diferenciação; (iii) sustenta a reformulação dos argumentos de
defesa da dicotomia com suporte no surgimento de novas situações existenciais,
novos Direitos e na ampliação dos espaços jusprivatísticos, superando-se os
argumentos preponderantes na doutrina do século XX (publicização,
socialização e constitucionalização) como hipóteses de compressão do Direito
Civil. O marco teórico utilizado para defesa desta tese é, de modo
preponderante, a obra de Franz Bydlinski.
(2) A constitucionalização do Direito Civil não é um tema clássico.
Remonta à segunda metade do século XX e foi incorporada como objeto
epistemológico do Direito Constitucional. No Brasil, ela assumiu uma feição
particular, dado que se tornou um objeto predominantemente civilístico. A tese
aqui defendida consiste em oferecer uma delimitação semântica sobre a
constitucionalização do Direito Civil, por meio de critérios de exclusão e de
delimitação. Pelos critérios de exclusão, eliminam-se acepções que
correspondem a fenômenos, procedimentos e modos de interpretação do Direito
Civil em conformidade ao texto constitucional, por serem óbvios, triviais ou
elementares, insusceptíveis de conformarem um novo conceito ou um conceito
autônomo de constitucionalização. Pelos critérios de delimitação, utilizando-se
premissas desenvolvidas por Louis Favoreu, Robert Alexy, Gunnar Folke
Schuppert e Christian Bumke, e Virgílio Afonso da Silva, apresentam-se
acepções que se podem reputar de adequadas para o conceito de
constitucionalização do Direito Civil. A despeito do recurso a esses autores, a
formulação da tese guarda contornos de originalidade em alguns pontos.
(3) Admitida a supervivência da autonomia sistêmica e epistêmica do
Direito Privado e, por efeito, do Direito Civil, passou-se à delimitação conceitual
da constitucionalização dessa área. Identificou-se, porém, na eficácia dos direitos
fundamentais em relação aos particulares o principal obstáculo ao
preenchimento do conteúdo de uma das acepções da constitucionalização e
também sua metafórica posição como “cavalo de troia” para a distinção
sistemática. A tese, após analisar os dois mais importantes modelos de eficácia
dos direitos fundamentais, toma posição pelo modelo fraco da eficácia indireta,
uma variante do modelo forte, desenvolvido originalmente por Günter Dürig.
Considera-se que esse modelo é o melhor dotado de ferramentas para preservar a
autonomia do Direito Civil.
7 HAGER, Günter. Von der Konstitutionalisierung des Zivilrechts zur Zivilisierung der Konstitu-
tionalisierung. JuS: Juristische Schulung, no 9, p. 769775, 2006. Item I.
8 MOTULSKY, Henri. Direito Privado: Hermenêutica e realização metódica: A teoria dos elementos
geradores dos direitos subjetivos. Reedição apresentada por MarieAnne FrisonRoche. Tradução de
Márcia Atálla Pietroluongo. Revisão técnica de Francisco Bilac Moreira Pinto Filho. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2014. p. 30 ss; WARDE JÚNIOR, Walfrido Jorge. Tratado de Direito Empresarial.
Coordenação de Modesto Carvalhosa. 2. tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. p. 29; TORRES,
Heleno Taveira. Direito Constitucional Tributário e segurança jurídica: Metódica da segurança jurídica
do sistema constitucional tributário. 2. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
p. 6166; ADEODATO, João Mauricio Leitão. Retórica como metódica para estudo do Direito.
Sequência: Revista do Curso de Pósgraduação em Direito da UFSC, v. 27, no 56, p. 5582, jun. 2008.
9 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht. Heidelberg: Müller, 1988. p. 1012.
10 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 11.
11 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 12.
12 O caso Lüth, considerado o mais importante da história do Tribunal Constitucional Federal ale mão,
referese a uma reclamação constitucional formulada por Erich Lüth em face de decisão da justiça
ordinária que lhe impôs preceito cominatório para se abster de incitar boicote a um filme dirigido
pelo cineasta Veit Harlan, que havia sido uma das estrelas do cinema nazista. A relevância desse
julgamento para o Direito Civil está no reconhecimento da eficácia dos direitos fundamen tais em
relação aos particulares e não somente na relação entre os cidadãos e o Estado.
13 HAGER, Günter. Von der Konstitutionalisierung des Zivilrechts zur Zivilisierung der Konstitutio-
nalisierung...Item I.
14 São necessários dois esclarecimentos quanto ao nome de Friedrich Carl Freiherr von Savigny. Nas
edições do século XIX, a grafia de seu segundo prenome é Carl, com a letra “c”. É comum, todavia,
encontrarse a grafia com “k”, Karl. No portal da Universidade Humboldt de Berlim, sucessora da
instituição que ele ajudou a fundar, seu nome aparece grafado desse modo, que é mais moderno do
que Carl. Nesta tese, optouse pelo uso do prenome Carl, seguindose a grafia do século XIX. O
segundo esclarecimento diz respeito a Freiherr, traduzível para a língua portuguesa como “barão”.
Esse nome não é um apelido de família, mas o designativo de um título de nobreza. Com a abolição
da monarquia na Alemanha, os títulos nobiliárquicos incorporaramse ao nome de seus portado res,
ao contrário do que ocorreu com a Áustria, após o fim da monarquia dual, que proibiu o uso de
designativos de nobreza. Mantevese o Freiherr em atenção às normas vigentes na Alemanha.
15 Destacando a relevância de Savigny para a formação da moderna dogmática do Direito Privado:
SOLON, Ari Marcelo. Dever jurídico e teoria realista do direito. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris,
2000. p. 44. Para Ari Marcelo Solon (Dever jurídico e teoria realista do direito...p. 44), apesar de portavoz
da Escola Histórica, cujo programa apresentava “uma reação contra o direito natural, no sistema de
Savigny encontramse espelhados os ideais filosóficos do seu tempo de conteúdo jusnaturalístico”.
16 Como Privatdozent, a princípio.
17 WIEACKER, Franz. Privatrechtsgeschichte der Neuzeit: Unter besonderer Berücksichtigung der
deutschen Entwicklung. 2. ed. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1967. p. 232.
18 WIEACKER, Franz. Privatrechtsgeschichte der Neuzeit...p. 233.
19 Friedrich Carl Freiherr von Savigny (17791861) é um dos juristas com a vida e a obra mais do-
cumentadas e divulgadas no mundo até hoje. Além de líder da Escola Histórica, grãochanceler e
secretário de Negócios Estrangeiros do Reino da Prússia, professor e reitor da Universidade de Berlim,
ele foi o mentor de uma geração de brilhantes professores de Direito, como Bernhard Windscheid e
Georg Friedrich Puchta (17981846).
20 Franz Wieacker foi um dos grandes responsáveis por transformar Savigny em um ícone do reacio-
narismo jurídico e político, a figura representativa do aristocrata do Antigo Regime. Os estudos
contemporâneos de História do Direito Privado desmentem essa visão: “É, sem dúvida, importan te
ressaltar que seria errôneo querer imputar ao autor atributos políticos correntes nos dias atuais como
‘socialista‘, ‘conservador‘ ou ‘liberal‘. Ressaltase corretamente que tais categorias surgi ram apenas na
primeira metade do século XIX. Ademais, sabese também que Savigny manteve contato com
defensores da Revolução Francesa. Entendêlo exclusivamente como ‘reacionário’ seria, de fato,
incorreto” (HERZOG, Benjamin. A recepção da metodologia de Savigny no Brasil e em Portugal.
Revista de Direito Civil Contemporâneo. Tradução de João Carlos Mettlach. Revisão e notas de Otavio
Luiz Rodrigues Jr. v. 7, ano 3, p. 277292, abr.jun. 2016. p. 280).
21 SAVIGNY, Friedrich Karl von. Metodologia jurídica. Tradução de J. J. SantaPinter. Buenos Aires:
Depalma, 1979.
22 SAVIGNY, Friedrich Karl von. Metodologia jurídica. Tradução de Hebe A. M. Caletti Marenco. Campinas:
Edicamp, 2001.
23 Sobre esse curioso dualismo entre o Direito Romano e a atualidade do Sistema de Savigny: SORDI,
Bernardo. Verso la grande dicotomia: Il percorso italiano. In. BENACCHIO, Gian Antonio; GRAZIADEI,
Michele (Orgs.). Il declino della distinzione tra Diritto Pubblico e Diritto Privato: Atti del IV Congresso
Nazionale SIRD, Trento, 2426 settembre 2015. Trento: Università degli Studi di Trento, 2016. p. 17.
24 Essa divisão entre os Germanisten e os Romanisten era tão profunda que eles se reuniam em con-
gressos diferentes e publicavam em periódicos separados ou em seções diversas de uma mesma
revista Os germanistas “estudavam o germânico Volksrechte e os costumes medievais alemães”, ao
passo em que os romanistas se dedicavam ao Corpus Iuris e às escolas que se especializaram no
exame dessas fontes na Europa medieval e moderna. No entanto, mais do que um debate
acadêmico, esses dois grupos representavam visões diferentes sobre o passado e o futuro po lítico da
Alemanha. Exemplo disso estava na associação entre o romanismo e uma visão antis social do
Direito, enquanto o germanismo expressaria um sentimento de união e comunidade, anti-
individualista, socialmente comprometido e mais afeito às tradições genuínas da Alemanha. Gierke,
nessa chave, era “o portavoz por excelência do campo germanista” (CAENEGEM, R. C. van. European
law in the past and the future: Unity and diversity over two millennia. Cambridge: Cambridge
University Press, 2003. p. 9293 e 95, os trechos entre aspas foram retirados dessas páginas). A gênese
do pensamento germanista está nas lições do professor de Otto von Gierke na Universidade de
Berlim, Georg Beseler, que escreveu o livro Volksrecht und Juristenrecht, de 1843, época na qual se
iniciava a reação ao pensamento de Savigny nos meios universitários alemães. Muitas das teses do
grupo dos germanistas, assim como várias outras deste período, voltariam a ser brandidas no período
hitlerista, a ponto de os nazistas defenderem oficialmente a extinção das cátedras de Direito Romano
das universidades alemãs.
25 “Primeiramente, traçar e estabelecer, no corpo de todo o nosso Direito, o que possui origem romana,
de modo a não sermos inconscientemente dominados por ele. Mas, então, nossa abor dagem visa a
eliminar, dentre todos os elementos romanos de nossa formação intelectual, aquilo que evanesceu
(...)” (SAVIGNY, Friedrich Carl von. System des heutigen Römischen Rechts. Berlin: Veit und Comp., 1840,
v. I. p. 15). Na abertura de seu System, ele esclarece que seriam excluídos de sua obra: em primeiro
lugar, a história em si dos institutos; em segundo lugar, as disposições do Direito anterior ao dos
tempos do imperador Justiniano; e em terceiro lugar, os institutos que, pertencendo embora ao
direito justinianeu, tenham desparecido no atual (SAVIGNY, Friedrich Carl von. System des heutigen
Römischen Rechts...p. 12).
26 REIS, Thiago. Direito e método na teoria possessória de Savigny. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris,
2013. p. 14.
27 WINDSCHEID, Bernhard. Lehrbuch des Pandektenrechts. 5. ed. Stuttgart: Ebner & Seubert, 1879. t. 1.
28 No primeiro tomo do Direito das Pandectas, há um capítulo específico sobre a interpretação e o tra-
tamento científico do Direito (Auslegung und wissenschaftliche Behandlung des Rechts). Após forne cer
o conceito de interpretação (§ 20), e analisar os métodos gramatical e lógico (§ 21), Windscheid
estuda as lacunas e as contradições no texto jurídico (§ 23). Na sequência, apresenta sua visão sobre
o tratamento científico do Direito (§ 24), que se serve dos elementos básicos fornecidos pela in-
terpretação para desenvolver, então, os conceitos presentes nas normas (p. 6364). Afirma que a
Ciência do Direito (a Pandectística) decompôs os conceitos, sendo este seu grande mérito, porque
dessa análise exaustiva depende a plena compreensão do Direito, bem como a segurança de sua
aplicação (WINDSCHEID, Bernhard. Lehrbuch des Pandektenrechts...t. 1, p. 64).
29 Reinhard Zimmermann demonstra a importância de Windscheid e sua ligação com Savigny: “E
mesmo Bernhard Windscheid, a encarnação da doutrina pandectista na segunda metade do século
XIX (‘Doutrina jurídica significa pandectismo, e pandectismo significa Windscheid’) não apenas
encarava a si mesmo como um servo, mas também como um mestre dos conceitos” (ZIMMERMANN,
Reinhard. The New German Law of Obligations: Historical and Comparative Perspectives. Oxford: Oxford
University Press, 2006. p. 8).
30 BERCOVICI, Gilberto. Die dirigierende Verfassung und die Krise der Verfassungslehre am Beispiel
Brasiliens. Verfassung und Recht in Übersee-VRÜ, v. 37, p. 286330, 2004. p. 290. Em sentido aproximado
sobre a “tradução” de institutos de Direito Privado para o Direito Público: “Assim, é preciso entender
quais são as origens da Teoria Geral do Direito Público: é uma disciplina que sur ge na passagem do
constitucionalismo clássico liberal para o constitucionalismo social” (CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo
Andrade. Contribuições para uma teoria crítica da Constituição. Belo Horizonte: Arraes, 2017. p. 80).
31 SEABRA FAGUNDES, Miguel. Da contribuição do Código Civil para o Direito Administrativo. Revista de
Direito Administrativo, v. 78, p. 125, 1964. p. 1, 6 e 24; CIRNE LIMA, Ruy. O Código Civil e o Direito
Administrativo. Revista Jurídica, v. 8, no 44, p. 515, mar./abr. 1960. p. 9.
32 HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: O breve século XX (19141991). Tradução de Marcos Santarrita.
Revisão técnica de Maria Célia Paoli. 2. ed. 9. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p.
7 (prefácio, onde o autor situa a extensão do século entre 1914 e o fim da era soviética).
33 “De entre esses autores, Franz Wieacker e Karl Larenz são particularmente relevantes, dada sua
enorme influência no pensamento jurídico brasileiro da segunda metade do século XX e até aos dias
de hoje. Suas obraschave foram escritas nos anos de 19501970 e, como afirma Joachim Rückert,
conseguiram retratar o BGB de uma maneira bastante negativa. Ocorre, porém, que mui tas das
críticas ao BGB, identificáveis nas obras desses dois autores, refletem concepções dos anos 1940 ou
mesmo anteriores, o que implicaria a recepção de ideias ultrapassadas, mesmo em 1950, e de
conteúdo nacionalsocialista. Sobre esse último ponto, nem seria de se estranhar, dado o
comprometimento de amplos setores da universidade e da magistratura alemãs com o nazismo,
como os membros da Escola de Kiel (Kieler Rechtsschule), um dos mais radicais centros da ‘renovação
jurídica’ promovida pelo regime hitlerista. Karl Larenz ocupou a cátedra de Gerhart Husserl, que foi
destituído da Universidade de Kiel por ser judeu. Essas ligações implicaram seu temporário
afastamento da cátedra universitária no pósguerra” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB
e da doutrina alemã no Direito Civil brasileiro do século XX...p. 102).
34 LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. Tradução de José Lamego. 4. ed. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 2005 (traduzida a partir da sexta edição reformulada de Methodenlehre der
Rechtswissenschaft, de 1991).
35 A “entrada” das cláusulas gerais como conceito operacional na doutrina brasileira tem como marco a
obra de Clóvis Verissimo do Couto e Silva (A obrigação como processo. São Paulo: J. Bushatsky, 1976,
embora a edição original seja de 1964), com o concurso de seu discípu lo Ruy Rosado de Aguiar
Junior, em sua atuação tanto no TJRS (Jurisprudência TJRS, 1997, v. 2, t11, p. 1116, RJTJRS, 133/401;
Jurisprudência TJRS, 1994, v1, t23, p. 2435, RJTJRS 154/378; Jurisprudência TJRS, 1989, v1, t17, p. 231-
237, RJTJRS 145/320) quanto no STJ (STJ. EREsp 125.859/RJ, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Segunda
Seção, j. 26/06/2002, DJ 24/03/2003, p. 136; STJ. REsp 95.539/SP, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar,
Quarta Turma, j. 03/09/1996, DJ 14/10/1996, p. 39015). Embora por via autônoma, com influências de
Emilio Betti, Menezes Cordeiro e da dog mática francesa, Antonio Junqueira de Azevedo foi outro
grande responsável pela introdução do tema no país (cf. JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. A boafé
na formação dos contratos. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 87, p. 7990,
jan./dez. 1992). António Menezes Cordeiro (Da boa fé no Direito Civil. 2. reimp. Coimbra: Almedina,
2001), ainda que seja um autor português, merece créditos especiais tanto pela “entrada” quanto
pela divulgação da boafé no Brasil. A circunstância de sua obra ter sido escrita em vernáculo foi
decisiva para tal efei to, o que também se deve a seu conteúdo excepcional, que a põe entre os mais
importantes livros sobre boafé no mundo ocidental. Isso se comprova pelo número de citações a
Menezes Cordeiro na doutrina alemã, reconhecidamente pouco aberta ao uso de fontes estrangeiras.
36 DIEDERICHSEN, Uwe. Karl Larenz. NJW, p. 902903, 1993. p. 903.
37 LARENZ, Karl. Allgemeiner Teil des bürgerlichen Rechts. 9. ed. revisada e ampliada por Manfred Wolf.
München: C. H. Beck, 2004. p. 2122.
38 Sobre a recepção da doutrina de Karl Larenz no Brasil, com um importante viés crítico, acen tuando
inclusive que parte das ideias desse autor (ou o modo como foram aqui compreendidas) poderiam
ser atribuídas já à Pandectística: HERZOG, Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal
und Brasilien Eine rechtsvergleichende Untersuchung aus genetischer, funk tionaler und
postmoderner Perspektive Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering. Tübingen:
Mohr Siebeck, 2014. p. 673675.
39 Tanto Larenz quanto Wieacker foram expoentes da famigerada Escola de Kiel, “um dos mais radicais
centros da ‘renovação jurídica’ promovida pelo regime hitlerista” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A
influência do BGB e da doutrina alemã no Direito Civil brasileiro do século XX... p. 102103).
40 É um conceito que começa a ser desenvolvido no Brasil, de modo original, por Walfrido Jorge Warde
Júnior (Tratado de Direito Empresarial...p. 29) em um esforço de renovação epistemológi ca, assim
definível: “A metadogmática transcende a dogmática na sua objetividade, referindose, contudo, a
categorias e conceitos dogmáticos. O termo é empregado, no contexto de uma metó dica (teoria do
método), para designar um produto da interpretação (possivelmente para fins de atualização do
direito), que expresse uma visão externa do fenômeno jurídico, às vezes voltada à aplicação da
norma, mas sempre dedicada a uma reflexão que confronta fatores exógenos aos dogmáticos.
Qualquer rearranjo programático (do âmbito, das funções ou das técnicas) de uma disciplina jurídica,
que produza um resultado dogmático, pressupõe um diálogo entre Política do Direito e dogmática,
que é próprio da metadogmática”.
41 A primeira edição tem a seguinte referência: WIEACKER, Franz. Privatrechtsgeschichte der Neuzeit:
unter besonderer Berücksichtigung der deutschen Entwicklung. Göttingen: Vandenhoeck &
Ruprecht, 1952. A segunda edição (WIEACKER, Franz. Privatrechtsgeschichte der Neuzeit: Unter
besonderer Berücksichtigung der deutschen Entwicklung. 2a ed. Göttingen: Vandenhoeck &
Ruprecht, 1967) foi vertida para o português por António Manuel Botelho Hespanha: WIEACKER,
Franz. História do direito privado moderno. Tradução de A. M. Botelho Hespanha. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 1980.
42 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB e da doutrina alemã no Direito Civil brasilei ro do
século XX...p. 105. Em sentido idêntico: RÜCKERT, Joachim. Das Bürgerliche Gesetzbuch – ein
Gesetzbuch ohne Chance? JuristenzeitungJZ, ano 58, fasc. 15 16, p. 749 760, ago. 2003. p. 750.
43 As obras são: Esclarecimentos jurídico-teóricos sobre o § 242 do BGB, publicado em “Kleine juristische
Schriften” (1988); “Teoria do Direito e da produção do Direito” (1983); Das Sozialmodell der klassischen
Privatrechtsgesetzbücher und die Entwicklung der modernen Gesellschaft (1953), e Industriegesellschaft
und Privatrechtsordnung (1975), conforme anotado em: BEHRENDS, Okko. Franz Wieacker. NJW, p.
17131714, 1994. p. 1714.
44 ZIMMERMANN, Reinhard. Juristische Bücher des Jahres – Eine Leseempfehlung. NJW, p. 3332 3338,
2007. p. 33343335.
45 ESSER, Josef. Grundsatz und Norm in der richterlichen Rechtsfortbildung des Privatrechts. Tübingen:
Mohr, 1956.
46 ESSER, Josef. Grundsatz und Norm in der richterlichen Rechtsfortbildung des Privatrechts...p. 1 e p. 50 ss.
47 ESSER, Josef. Grundsatz und Norm in der richterlichen Rechtsfortbildung des Privatrechts...p. 337.
48 CANARIS, ClausWilhelm. Franz Bydlinski zum 70. Geburtstag. NJW, p. 3530, 2001. p. 3530.
49 BYDLINSKI, Franz. Juristische Methodenlehre und Rechtsbegriff. Vienna, New York: Springer, 1982.
50 CANARIS, ClausWilhelm. Franz Bydlinski zum 70. Geburtstag. NJW... cit. p. 3530. A referência da obra é
a seguinte: BYDLINSKI, Franz. System und Prinzipien des Privatrechts. Vienna, New York: Springer, 1996.
51 GRIGOLEIT, Hans Christoph; HAGER, Johannes; HELDRICH, Andreas; HEY, Felix Christopher; KOLLER,
Ingo; LANGENBUCHER, Katja; NEUNER, Jörg; PETERSEN, Jens; PRÖLSS, Jürgen; SINGER, Reinhard.
ClausWilhelm Canaris zum 70. Geburtstag. NJW, p. 20252026, 2007. p. 2025.
52 A tradução para a língua portuguesa é de António Menezes Cordeiro: CANARIS, ClausWilhelm.
Pensamento sistemático e conceito de sistema na Ciência do Direito. Introdução e tradução de A.
Menezes Cordeiro. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989. A versão original alemã é esta:
CANARIS, ClausWilhelm. Systemdenken und Systembegriff in der Jurisprudenz: entwickelt am Beispiel des
deutschen Privatrechts. Berlin: Duncker & Humblot, 1983.
53 Sobre a tópica viehwegiana: HERZOG, Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und
Brasilien Eine rechtsvergleichende Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmo derner
Perspektive Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering... § 21, item 4.
54 MENEZES CORDEIRO, António. Introdução à edição portuguesa. In. CANARIS, ClausWilhelm.
Pensamento sistemático e conceito de sistema na Ciência do Direito...p. XLVIIXLVIII.
Originalmente, foi publicado como um artigo (CANARIS, ClausWilhelm. Grundrechte und Priva trecht.
55
Archiv für die civilistische Praxis-AcP. v. 184, fascículo 3, p. 202246, 1984). Posteriormente, com
alterações, saiu como uma pequena monografia (CANARIS, ClausWilhelm. Grundrechte und
Privatrecht: eine Zwischenbilanz. Berlin: New York: Walter de Gruyter, 1999), cuja tradução para a
língua portuguesa foi publicada em 2003 (CANARIS, ClausWilhelm. Direitos fundamentais e direito
privado. Tradução de Ingo Wolfgang Sarlet e Paulo Mota Pinto. 2. reimpr. da edição de julho de 2003.
Coimbra: Almedina, 2009).
56 NIPPERDEY, Hans Carl. Grundrechte und Privatrecht. In. NIPPERDEY, Hans Carl (Ed.). Festschrift für Erich
Molitor zum 75. Geburtstag. München, Berlin: C. H. Beck, 1962. p. 1733. Com análise da po sição de
Nipperdey – pioneiro na defesa da aplicação direta dos direitos fundamentais às relações
particulares: SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do direito: Os direitos fundamentais nas
relações entre particulares. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 8791.
57 LARENZ, Karl. Allgemeiner Teil des bürgerlichen Rechts...p. 8890.
58 DIEDERICHSEN, Uwe. Das Bundesverfassungsgericht als oberstes Zivilgericht: ein Lehrstück der
juristi schen Methodenlehre. Archiv für die civilistische Praxis-AcP. v. 192, fascículos 12, p. 171260, 1992.
59 DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor (Ed.). Vom Bonner
Grundgesetz zur gesamtdeutschen Verfassung: Festschrift zum 75. Geburtstag von Hans Nawiasky.
München: Isar, 1956. p. 157190.
60 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...cit.
61 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte. 5. ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1996.
62 SCHWABE, Jürgen. Die sogenannte Drittwirkung der Grundrechte: zur Einwirkung der Grundrechte auf
den Privatrechtsverkehr. München: W. Goldmann, 1971.
63 SCHLINK, Bernhard. Freiheit durch Eingriffsabwehr. Rekonstruktion der klassischen Grundre-
chtsfunktion. Europäische Grundrechte-Zeitschrift – EuGRZ, no 17, p. 457468, 1984.
64 STARCK, Christian. Derechos fundamentales y Derecho Privado. Tradução de María J. Roca. Revista
Española de Derecho Constitucional, ano 22, no 66, p. 6590, 2002.
65 LADEUR, KarlHeinz. Kritik der Abwägung in der Grundrechtsdogmatik: Plädoyer für eine Erneuerung der
liberalen Grundrechtstheorie. Tübingen: Mohr, 2004. p. 5870.
66 MOITINHO DE ALMEIDA, José Carlos de Carvalho. L’interprétation par la Cour de justice de l’Union du
droit européen de procédure civile. In. BRADLEY, Kieran; TRAVERS, Noel; WHELAN, Anthony (Eds.). Of
Courts and Constitutions: Liber Amicorum in honour of Nial Fennelly. Oxford e Portland: Hart
Publishing, 2014. p. 1331. cit. p. 2426.
67 Neste sentido: ODUDU, Okeoghene. The public/private distinction in EU internal market law. Revue
Trimestrielle de Droit Europeeen, v. 46, no 4, p. 826841, dec. 2010. Item 3.
68 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Do príncipe Bismarck à princesa Caroline de Mônaco: vida pri vada de
pessoas célebres e as liberdades comunicativas no Direito Civil. In. CASSETTARI, Christiano (Coord.).
10 anos de vigência do Código Civil brasileiro de 2002: Estudos em ho menagem ao professor Carlos
Alberto Dabus Maluf. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 111125. cit. p. 117118. Cf. também STARCK,
Christian. Das CarolineUrteil des Europäischen Gerichtshofs für Menschenrechte und seine
rechtlichen Konsequenzen. Juristen Zeitung (JZ), v. 2, p. 7681, 2006 (com uma análise das decisões do
caso e sobre sua repercussão no âmbito internacional e constitucional).
69 TEUBNER, Gunther. A eficácia horizontal dos direitos fundamentais transnacionais. Tradução de
Raphael de Carvalho Vasconcelos. In. ASENSI, Felipe Dutra; PAULA, Daniel Giotti de (Coords.). Tratado
de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014, v. 2, p. 466490.
70 TEUBNER, Gunther. Recht als autopoietisches System. Frankfurt: Suhrkamp, 1989. Há tradução para a
língua portuguesa: TEUBNER, Gunther. O Direito como sistema autopoiético. Tradução e prefácio de
José Engracia Antunes. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.
71 NUNES, José Engrácia. Prefácio. In. TEUBNER, Gunther. O Direito como sistema autopoiético... p. III.
72 Cf. JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. A arbitragem e o Direito do Consumidor...p. 268; JUNQUEIRA
DE AZEVEDO, Antonio. O Direito, ontem e hoje: crítica ao neopositivismo constitu cional e
insuficiência dos direitos humanos. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v.
102, p. 579590, jan./dez. 2007, cit. p. 587586; JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Crítica ao
personalismo ético da Constituição da República e do Código Civil. Em favor de uma ética
biocêntrica. Revista Trimestral de Direito Civil – RTDC, v. 35, p. 2941, jul./set. 2008. passim, mas esp. p.
3133.
73 TEUBNER, Gunther. Fragmentos constitucionais: Constitucionalismo social na globalização.
Coordenação de Marcelo Beves e Rodrigo Mendes. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 240 ss.
74 Citamse algumas: MOSCO, Luigi. Scienza giuridica e metodologia giuridica. Napoli: Jovene, 1954;
VICENTI, Umberto. Lezioni di metodologia della scienza giuridica. Padova: CEDAM, 1997; HERNANDEZ
GIL, Antonio. Metodologia de la Ciencia del Derecho. Madrid: EspasaCalpe, 1988; MOZOS, Jose Luis de
los. Metodologia y Ciencia en el Derecho Privado moderno. Madrid: Revista de Derecho Privado, 1977;
BERGEL, JeanLouis. Méthodologie juridique. Paris: Presses Universitaires de France, 2001; PONTES DE
MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Sistema de ciência positiva do Direito. 2. ed. Rio de Janeiro, Borsoi,
1972 (edição em 4 tomos); PERLINGIERI, Pietro. Tendenze e metodi dela civilistica italiana. Napoli:
Edizioni Scientifiche Italiane, 1989.
75 A preocupação é tanta, especialmente em França, que os Archives de Philosophie du Droit, de 2001,
dedicaram um tomo especial (no 45) para a americanização do Direito. Nesse tomo, há capítulos
dedicados a diversos aspectos da americanização, como: a) perspectivas antro pológicas da
americanização do Direito Europeu (p. 4359); b) a americanização do Direito Constitucional (p. 7787);
c) a influência americana na Justiça e nas instituições judiciárias fran cesas (p. 88115 e p. 117135); d) a
“MacDonaldização do discurso judiciário francês” (p. 137 148); e) a americanização do Direito Penal,
do Direito Financeiro e da Responsabilidade Civil (p. 149157); f) a americanização do Direito francês
pelo viés econômico, dentre outros (TERRÉ, François. L’américanisation du Droit. Paris: DallozSirey,
2001). Na doutrina brasileira, esse tema não é ignorado. Há quem reconheça haver contestações a
esses avanços do Direito de ma triz norteamericana, como Luís Roberto Barroso (A americanização do
Direito Constitucional e seus paradoxos: teoria e jurisprudência constitucional no mundo
conteporâneo. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais, no 9, p. 258301, 2008. p. 260 e
301): “Os ataques vêm da direita, com sua agenda conservadora, que defende – mas nem sempre
pratica a auto contenção judicial; e da esquerda, com sua crítica à supremacia judicial e sua defesa do
constitu cionalismo popular” (p. 260). O autor adota uma posição moderada em relação a esse
fenômeno, defendendo que o modelo americano precisa ser aplicado a países de democratização
tardia, onde “o processo político majoritário não consegue satisfazer plenamente as demandas por
legitimi dade democrática, em razão de distorções históricas na distribuição de poder e de riquezas”
(p. 301). Termina por defender uma “atuação equilibrada e independente dos tribunais constitucio-
nais”, contra o que chama de “vocação autoritária do Executivo” e “baixa representatividade do
Legislativo” (p. 301). A despeito da seriedade desse autor, acreditase que a dificuldade na manu-
tenção desse modelo americanizado esteja justamente em atingir um ponto de equilíbrio, ponto este
cuja existência (no Brasil, pelo menos) é gravemente contestada pela demonstração empírica.
76 STOLLEIS, Michael. Judicial review, administrative review, and constitutional review in the Weimar
Republic. Ratio Juris. v. 16, no 2, p. 266280, jun. 2003. p. 278.
77 STOLLEIS, Michael. Judicial review, administrative review, and constitutional review in the Weimar
Republic…p. 278279.
78 Sobre essa distinção, consultese: ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplica ção dos
princípios jurídicos. 15. ed. rev., atual. e. ampl. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 102116. Para uma
importante opinião a respeito da segmentação teórica entre princípios e regras (in clusive com
apontamentos críticos sobre a recepção das ideias de Ronald Dworkin): LOPES, José Reinaldo de
Lima. Juízo jurídico e a falsa solução dos princípios e das regras. Revista de Informação Legislativa, v.
40, no 160, p. 4964, out./dez. 2003.
79 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do direito...p. 2937.
80 “A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do ‘de cujus’”
(art. 5o, inciso XXXI, CF/1988).
81 “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (art. 5º, inciso X, CF/1988).
82 “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição” (art.
220, caput, CF/1988).
83
STF. ADI 4815, rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, j. 1062015, DJe018 1o22016 caso das biografias;
STF. ADPF 130, rel. Min. Carlos Britto, Tribunal Pleno, j. 3042009, DJe208 6112009, RTJ 2131/20 – caso
da Lei de Imprensa.
84 Tropo retórico é expressão de João Baptista Villela (Variações impopulares sobre a dignidade da
pessoa humana. In. AA.VV. Superior Tribunal de Justiça: Doutrina. Edição comemorativa, 20 anos,
Distrito Federal, 2009. p. 559581).
85 HEDEMANN, Justus Wilhelm. Die Flucht in die Generalklauseln: Eine Gefahr für Staat und Recht,
Tübingen: J. C. B. Mohr, 1933.
86 No original: “zum Sport der heutigen Juristengeneration geworden” (HEDEMANN, Justus Wilhelm. Die
Flucht in die Generalklauseln…p. 64).
87 SCHMIDT, Jan Peter. Zivilrechtskodifikation in Brasilien. Strukturfragen und Regelungsprobleme in
historischvergleichender Perspektive. (Schriften zum ausländischen und internationalen Privatrecht,
v. 226), Tübingen, Mohr Siebeck, 2009. p. 451.
88 Essa crítica começa a ser formulada em trabalhos como: HERZOG, Benjamin. Anwendung und
Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien Eine rechtsvergleichende Untersuchung aus ge-
netischer, funktionaler und postmoderner Perspektive Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und
weniger Jhering...cit; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB e da doutrina alemã no Direito
Civil brasileiro do século XX...cit; STRECK, Lenio Luiz. As várias faces da discricionariedade no Direito
Civil brasileiro: O “reaparecimento” do movimento do Direito Livre em terrae brasilis. Revista de Direito
Civil Contemporâneo, v. 8, p. 3748, jul./set. 2016.
89 LENIN, Vladimir. Que fazer?: Problemas candentes do nosso movimento. Tradução de Marcelo Braz.
São Paulo: Expressão Popular, 2010.
90 Em certa medida, essas perguntas são formuladas e respondidas por António Menezes Cordeiro no
primeiro volume de seu Tratado de Direito Civil (MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil
português...v. 1, t. 1), a última (ou a mais recente?) grande obra em língua portuguesa (e,
provavelmente, não apenas em língua portuguesa) de natureza omnicompreensiva do Direito Civil e
que o considera como unidade epistêmica dotada de estatuto próprio. Embora voltada para um
escopo menos abrangente, identificase essa preocupação com questões de fundo epistemo lógico
também nesta obra: NERY, Rosa Maria de Andrade. Introdução ao pensamento jurídico e à Teoria Geral
do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
91 BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma Teoria Geral da Política. Tradução de Marco
Aurélio Nogueira. 1. ed., 18. reimpr. São Paulo: Paz e Terra, 2012. p. 139158.
92 BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade...p. 139.
93 BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade...p. 143.
METODOLOGIA DA PESQUISA
5.1. Método
Na maior parte da tese, seguiu-se o método dedutivo. A pesquisa foi
preponderantemente baseada em revisão de literatura, que compreendeu
publicações nas línguas portuguesa, espanhola, francesa, italiana, inglesa, alemã
e em latim. Quando disponíveis, foram cotejados os originais com traduções da
obra em outros idiomas. Os fragmentos em latim, referidos na tese, extraíram-se
de livros de Direito Romano. Salvo termos de conhecimento vulgar, o autor, que
não domina o latim, valeu-se de paráfrases ou de traduções para línguas
modernas oferecidas nas próprias fontes bibliográficas citadas, conferindo-se o
crédito ao responsável.94
Este trabalho não é histórico nem possui pretensões historiográficas. Não
se fez uso de quaisquer dos métodos próprios da História, como aqueles
desenvolvidos pelas escolas metódico-positivista, marxiana e dos Annales.
Apesar disso, recorreu-se frequentemente a informações e dados históricos, a sua
grande maioria extraídos de fontes secundárias. Evitou-se, contudo, a citação de
obras de vulgarização histórica, dando-se preferência a trabalhos de historiadores
(gerais e do Direito).
Justifica-se o uso de elementos históricos por duas razões. A primeira é
didática. Há expressões e fatos que, embora sejam de conhecimento ordinário
nos meios acadêmicos, podem não ser acessíveis para leitores de perfis variados.
A presença de informações históricas e biográficas permite uma maior fluidez na
leitura, dispensan-do-se a consulta a outras fontes. Evidentemente que tal
finalidade não se aplica à Banca Examinadora. A segunda integra-se aos
objetivos da tese. Como anunciado na Introdução, o elemento histórico tem sido
frequentemente utilizado para reforçar conceitos ultrapassados ou equívocos
sobre o Direito Civil. Alguns deles se baseiam na interpretação problemática de
obras e dos autores que os desenvolveram por efeito da má contextualização
histórica. Outros se ligam ao indevido isolamento entre o autor citado como
fonte e suas convicções político-ideológicas. É muito comum que certas ideias,
concepções e teorias tenham surgido em meio a movimentos ou regimes
autoritários e, por um expediente ordinário nos meios acadêmicos, ressurjam ou
se reinventem como concepções de caráter democrático. É indispensável dar ao
leitor meios de apreciar esses vínculos e decidir sobre a idoneidade dos autores e
a atualidade de suas teses.
O sincretismo metodológico e o bartolismo foram dois vícios que o autor
tentou, a todo custo, evitar. Em trabalhos anteriores, já se havia tornado pública
sua posição em ordem a evitar confusões conceituais, terminológicas e
metodológicas, particularmente quanto à procedência estrangeira das ideias e sua
vinculação a escolas jurídicas, filosóficas ou econômicas díspares e, muita vez,
conflitantes entre si.95 No que concerne ao bartolismo, trata-se de expressão
utilizada por Clóvis Verissimo do Couto e Silva96 para representar o modo como
a doutrina brasileira se vale de fontes estrangeiras, “com o objetivo de
estabelecer uma melhor definição do próprio objeto de análise”.97 No centro do
bartolismo estão as fontes oriundas da Europa continental de tradição latina e
alemã. Esse “estilo de investigação” converte-se em algo censurável quando se
transforma em um enumerar de citações de autores estrangeiros, sem coerência
de pensamento e sem que suas ideias possam ser reconduzidas a um sistema
jurídico que não lhes reconhece utilidade, aplicabilidade ou assimilação. É óbvio
que a tese não está imune a esse problema, que se entranhou na cultura jurídica
nacional e o autor, como membro dessa comunidade acadêmica, não está imune
a referido vício. Tanto quanto possível, tentou-se evitar esses desvios.
Atento ao problema e até por uma questão de coerência com o que já
escreveu a respeito, o autor evidencia que seu trabalho se constitui em uma tese
assimilável ao Direito brasileiro. Essa preocupação não é irrelevante, embora o
autor reconheça que, mesmo sem ela, não haveria como se exibir tal ambição,
seja pela ausência de méritos da tese para tal fim, seja por ser ela escrita em
língua portuguesa, o que restringe - e muito – seu impacto. Tal preocupação
revelou-se útil para Claus-Wilhelm Canaris, quando ele inseriu como subtítulo
em seu livro Systemdenken und Systembegriff in der Jurisprudenz (traduzido por
António Menezes Cordeiro como “Pensamento sistemático e conceito de sistema
na Ciência do Direito”)98 o seguinte complemento: “Entwickelt am Beispiel des
deutschen Privatrechts” (“Desenvolvido tendo em consideração o Direito
Privado alemão”).99
Por ser uma tese de Direito brasileiro, a literatura citada será primariamente
nacional em diversas partes do trabalho. É claro que permeará à tese um
conjunto de temáticas desenvolvidas no estrangeiro ou que dizem respeito a
teorias gerais igualmente formuladas em outros países. Nesses casos, a
prevalência será dos autores não brasileiros. Outra possibilidade de citação de
obras estrangeiras é a que se relaciona a um confronto, uma crítica ou uma
comparação com respostas dadas por autores nacionais a questões formuladas no
trabalho. Tanto quanto as limitações ou a vigilância do autor permitirem, haverá
uma fuga do “bartolismo”, na particular acepção dada ao termo por alguns
autores.100
Finalmente, é preciso informar o leitor sobre a parte da tese que excepciona
o método dedutivo. Na Segunda Parte, Capítulo Quinto, há uma seção dedicada
ao estudo da recorrência do termo “constitucionalização” na literatura jurídica
brasileira desde março de 1950 até março de 2017. Esta é a única seção do
trabalho que se afasta do método dedutivo. Há uma hipótese, a saber, a
desproporção entre a importância do tema e o espaço que lhe é dedicado no
Brasil, a qual é submetida a um processo indutivo de pesquisa. Não é pretensão
do autor qualificar essa parte do trabalho como uma “pesquisa empírica”,
conquanto se tenha utilizado de procedimentos típicos desse tipo de
investigação, os quais foram indicados § 25 do Capítulo Quinto, ao qual se
remete o leitor.
94 As principais fontes de consulta utilizadas para termos em latim foram estas: CORPUS JURIS CIVILIS.
Digesto de Justiniano, Liber Primus: Introdução ao Direito Romano. Traduzido por Hélcio Maciel França
Madeira. Prólogo de Pierangelo Catalano. 7. ed. revista. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013;
MADEIRA, Hélcio Maciel França; RODRIGUES, Dárcio Roberto Martins. Introdução ao latim jurídico:
Lucerna Iuris. São Paulo: Quartier Latin, 2005; FERREIRA, António Gomes. Dicionário de latim
português. Porto: Porto Editora, 1995; TORRINHA, Francisco. Dicionário latino português. Porto:
Gráficos Reunidos, 1942.
95 “Não é este o momento apropriado para se criticar o sincretismo da doutrina e de algumas de cisões
jurisprudenciais quanto ao emprego desses diversos movimentos como fundamentação contrária ao
positivismo e favorável à intervenção judicial ativa, com base no texto constitucional. Registrese,
apenas, o desconforto de se encontrar citações de Ronald Dworkin e Robert Alexy, especificamente
sobre ponderação, conflito, regras e princípios, como se houvesse franca uni formidade de
pensamento entre esses autores” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Dogmática e crí tica da jurisprudência
(ou da vocação da doutrina em nosso tempo). Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 99, no 891, p. 65106,
jan. 2010. p. 83). Em sentido mais amplo, referindose também ao problema “da importação e da
apropriação inadequadas de conceitos e de categorias”, es pecialmente estrangeiros: RODRIGUES JR.,
Otavio Luiz. Estatuto epistemológico do Direito Civil contemporâneo...p. 45.
96 COUTO E SILVA, Clóvis do. Principes fondamentaux de la responsabilité civile en Droit brésilien et
Comparé: cours fait à la Faculté de Droit et Sciences Politiques de St. Maur (Paris XII). Paris: s/e., 1988,
p. 5 e ss.
97 MEDINA, Francisco Sabadin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien –Eine
rechtsvergleichende Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmoderner Perspektive –
Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering, de Benjamin Herzog. Revista de Direito
Civil Contemporâneo. v. 7, ano 3, p. 393412, abr./jun. 2016. p. 407.
98 CANARIS, ClausWilhelm. Pensamento sistemático e conceito de sistema na Ciência do Direito. Tradução
de António Menezes Cordeiro. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
99 Sobre essa delimitação e sua importância na recepção de doutrina estrangeira, confirase: HERZOG,
Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien – Eine rechts vergleichende
Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmoderner Perspektive – Zugleich ein Plädoyer
für mehr Savigny und weniger Jhering...cit. p. 741.
100 Particularmente, quanto à tradição da jurisprudência brasileira de invocar argumentos de autori dade
Carlos Alberto da. Teoria Geral do Direito Civil. Atualizado por António Pinto Monteiro e Paulo Mota
Pinto. 4. ed., 2. reimp. Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p. 74 (o autor também em prega “eficácia
reflexa”).
104 Expressão bastante utilizada em Portugal: MACCRORIE, Benedita Ferreira da Silva. A vinculação dos
particulares aos direitos fundamentais. Coimbra: Almedina, 2005. p. 1319; ABRANTES, José João Nunes.
A vinculação das entidades privadas aos direitos fundamentais. Lisboa: Associação Acadêmica da
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1990. p. 87108 (embora ao lon go da obra prefira
usar “eficácia dos direitos fundamentais”); ANDRADE, José Carlos Vieira de. Os direitos fundamentais
na Constituição portuguesa de 1976. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 247352. O conceito de
“vinculação” também é usado no Brasil: STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 58 (conquanto admi ta também como corretas as
expressões “eficácia horizontal” e “eficácia de direitos fundamentais nas relações (jurídicas) entre
particulares”).
105 TUSHNET, Mark V. The issue of state action/horizontal effect in Comparative Constitutional law.
International Journal of Constitutional Law, v. 1, no 1, p. 7998, jan., 2003. p. 8898, especial mente;
RÖDL, Florian. Fundamental rights, Private law, and societal constitution: On the logic of the socalled
horizontal effect. Indiana Journal of Global Legal Studies, v. 20, no 2, p. 10151034, 2013, p. 10161019
(voltado para a teoria da eficácia dos direitos fundamentais de Teubner); ANZURES GURRÍA, José
Juan. La eficacia horizontal de los derechos fundamentales. Cuestiones Constitucionales: Revista
Mexicana de Derecho Constitucional, no 22, p. 351, 2010.
106 ROTHENBURG, Walter Claudius. Direitos fundamentais e suas características. Revista de Direito
MÜNCH, Ingo von; SALVADOR CODERCH, Pablo; FERRER I RIBA, Josep (Orgs.). Zur Drittwirkung der
Grundrechte. Frankfurt am Main: Peter Lang, 1998. p. 713; CLASSEN, Claus Dieter. Die Drittwirkung der
Grundrechte in der Rechtsprechung des Bundesverfassungsgerichts. Archiv des öffentlichen Rechts -
AöR, v. 122, p. 65107, 1997. p. 6670; BUCHER, Eugen. Drittwirkung der Grundrechte? Schweizerische
Juristen Zeitung, v. 83, no 41, p. 3747, 1987. Em espanhol, citase: GARCÍA TORRES, Jesús; JIMÉNEZ-
BLANCO, Antonio. Derechos fundamentales y relaciones entre particulares: La Drittwirkung en la
jurisprudência del Tribunal Constitucional. Madrid: Civitas, 1986. p. 1118 (que usam o termo no
sentido de eficácia em relação aos particulares).
108 É o caso de: SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do direito:...cit. p. 5460 (analisa as
expressões “relações privadas”, “relações entre particulares”, “relações intersubjetivas”, eficácia,
aplicabilidade, efeitos); SOMBRA, Thiago Luís Santos. A eficácia dos direitos fundamentais nas relações
privadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 5658; SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações
privadas. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. XXXXXXI; STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos
particulares a direitos fundamentais...p. 5358; SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fun damentais e Direito
Privado: algumas considerações em torno da vinculação dos particulares aos direitos
fundamentais...cit, § 2.
109 Para uma análise rigorosa do suporte fático dos direitos fundamentais sugerese consultar: SILVA,
Virgílio Afonso da. Direitos fundamentais: conteúdo essencial, restrições e eficácia. 2. ed. 4. tira gem.
São Paulo: Malheiros, 2017. p. 65125.
110 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. XXXIXXXII.
111 Virgílio Afonso da Silva (Direitos fundamentais...p. 208251) explicita o conceito de eficácia das normas
constitucionais, após uma análise das principais formulações teóricas feitas a esse pro pósito no
Brasil, destacandose, naturalmente, a de José Afonso da Silva (distinção tríplice das normas
constitucionais segundo sua aplicabilidade). A tese defendida por Virgílio Afonso da Silva (Direitos
fundamentais...p. 209) é, em suas palavras, incompatível com essa última teoria, “pelo menos no
âmbito dos direitos fundamentais”.
112 As regras já estavam em uso no Brasil, posto que não obrigatoriamente, desde 1º de janeiro de 2009,
116 Hans Kelsen (18811973), jurista austrohúngaro, lecionou em Viena, Colônia, Berna, Praga e Berkeley,
onde terminou seus dias, após sucessivas mudanças de nacionalidade, religião e uni versidades, por
efeito da Primeira e da Segunda Guerra Mundiais, além da ascensão do nacio nalsocialismo na
Alemanha. Judeu, socialdemocrata, progressista e coerente, Kelsen foi um dos maiores teóricos do
Direito de todos os tempos. Embora o Prêmio Nobel não seja “conce dido a juristas”, ele, no entanto,
“poderia ser incluído no pequeno círculo ilustre de uma Légion d’honneur jurídica, dado que sua
posição de ‘clássico’ em escala global é inconteste” (JESTAEDT, Matthias. Introdução. In. KELSEN,
Hans. Autobiografia de Hans Kelsen...cit. p. 12). Ele é fruto da riqueza cultural nunca depois igualada da
Viena do final do século XIX, que gerou também nomes como Robert von Musil, Theodor Herzl,
Joseph Roth, Sigmund Freud, Friedrich von Hayek, sir Karl Popper, Ludwig Wittgenstein, Gustav Klimt,
Alois Schumpeter, Hugo von Hofmannsthal, Gustav Mahler e Karl Kraus. Essa mesma Viena foi
chamada de “a monstruosa residência de um rei já morto e de um deus ainda por nascer” ou de o
“laboratório do Apocalipse”, respectivamente, por von Hofmannsthal e Kraus (ROUDINESCO,
Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro e Lucy Magalhães.
Supervisão da edição brasileira por Marco Antonio Coutinho Jorge. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p.
775).
117 Sobre o papel de Kelsen na crítica aos fundamentos da diferenciação específica entre Direito Público
e Direito Privado: BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und
öffentlichem Recht. Archiv für die civilistische Praxis – AcP, v. 194, fascículo 1, p. 319351, 1994. p. 323.
118 KELSEN, Hans. Hauptprobleme der Staatsrechtslehre entwickelt aus der Lehre vom Rechtssatze.
Tübingen: Mohr (Paul Siebeck), 1911, p. X.
119 VASCONCELOS, Arnaldo. Teoria da norma jurídica. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986. p. 308.
120 Reconhecidamente, os regimes totalitários e autoritários foram os grandes defensores, seja por seus
atos, normas e documentos oficiais, seja por seus juristas, do fim da dicotomia entre o Direito Público
e o Direito Privado: “Merece maior atenção a recorrente hostilidade, neste século, de in fluentes
ideologias políticas às grandes bifurcações sistemáticas, em particular aos componentes do sistema
e, mais especialmente, ao Direito Privado. Sua autonomia foi contestada sob o prestí gio do Nazismo,
que só poderia ser, em alguma medida, subtraída à ideologia da Gemeinschaft e ao Führerprinzip”
(BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p.
322).
121 DIAS, Gabriel Nogueira. Positivismo jurídico e a teoria geral do direito: na obra de Hans Kelsen. São
funções no que se poderia chamar de ‘divisão do trabalho’ entre as diversas províncias jurídicas. Não
é adequado fazer o transplante desses elementos do Direito Público para o Direito Privado. O
estatuto epistemológico do Direito Privado não se coaduna com essa transposição, por que
desnecessária e imprópria” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto epistemológico do Direito Civil
contemporâneo na tradição de civil law em face do neoconstitucionalismo e dos princípios. O Direito
(Lisboa), v. 143, p. 4366, 2011. p. 64).
125 MICHAELS, Ralf; JANSEN, Nils. Private law beyond the State? Europeanization, globalization, priva-
tization. American Journal of Comparative Law, v. 54, p. 843890, 2006. p. 889890.
126 No Brasil, mesmo nos anos 1970, falavase em uma “desprivatização” ou “publicização” de “largos
setores do Direito Privado”, que ocorreria “em toda a parte, em regimes monárquicos ou repu-
blicanos, parlamentares ou não parlamentares, federativos ou não federativos, de capitalismo
privado ou de capitalismo privado com capitalismo de Estado, ou de capitalismo de Estado em
monopólio. O que difere é o grau da interveniência, mas em substância o fenômeno ostenta sua
homogeneidade essencial” (VILANOVA, Lourival. Fundamentos do estado de direito. Revista do
Instituto dos Advogados Brasileiros, v. 12, no 54, p. 6580, jan./jun. 1978).
127
Decretolei no 5.452, de 1º de maio de 1943.
128 Especificamente quanto às leis do inquilinato e seu papel social: MOREIRA ALVES, José Carlos.
Panorama do Direito Civil brasileiro: das origens aos dias atuais. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, v. 88, p. 185238, jan./dez. 1993. p. 222.
129 MOREIRA ALVES, José Carlos. Panorama do Direito Civil brasileiro: das origens aos dias atuais... p. 224-
225.
130 SAVATIER, René. Du Droit Civil au Droit Public. Paris: LGDJ, 1950, p. 13 e ss. Sobre a democratiza ção do
Direito: RIPERT, Georges. O regimen democrático e o Direito Civil moderno. Tradução de J. Cortezão. São
Paulo: Saraiva, 1937. p. 1970 (a tradução brasileira baseouse na edição francesa de 1936: RIPERT,
Georges. Le regime democratique et le Droit Civil moderne. Paris: LGDJ, 1936); SCAFF, Fernando
Campos. As novas figuras contratuais e a autonomia da vontade. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, v. 91, p. 141159, 1996. p. 144 (referindose à doutrina francesa da
moralização do contrato).
131 Citamse algumas obras do período que analisam a questão do dirigismo contratual: RIPERT, Georges.
La règle morale dans les obligations civiles. 4. ed. Paris: LGDJ, 1949. p. 130 e ss.; JOSSERAND, Louis. Les
dernières étapes du dirigisme contractuel: Le contrat forcé et le con trat legal. Dalloz: Recueil
Hebdomadaire, no 2, Chronique II, p. 58, 1940 (aqui Josserand critica os excessos do dirigismo,
embora tenha atacado o individualismo jurídico em outras oportu nidades).
132 A República Francesa foi invadida por forças militares do Reich alemão em 1940. O armistício foi
celebrado em 22 de junho de 1940, tendose definido que parte do território francês seria mantido
sob administração independente do Governo Militar alemão para as áreas ocupadas. O presidente
Albert Lebrun nomeou para o cargo de primeiroministro o marechal Philippe Pétain, que, em julho
de 1940, se tornou chefe de Estado do que passou à História como o Regime de Vichy, dado que a
sede do governo foi transferida para uma estância hidrotermal com esse nome. O governo de Pétain
ficou conhecido como “colaboracionista”, pois, enquanto durou, ser viu aos interesses alemães,
perseguindo judeus e compatriotas que não se renderam e prosse guiram a luta contra o invasor sob
a liderança do general de brigada Charles de Gaulle, futuro liberador da França em 1944. Grande
parte da elite política, militar, econômica e jurídica fran cesa tornouse “colaboracionista” e cooperou
ativamente com o governo de Pétain e o invasor alemão. A esse respeito, Robert Aron (Histoire de
Vichy. 19401944. Paris: Fayard, 1954. p. 97) assinala que Vichy surge em julho de 1940 como palco de
um dos mais impressionantes momen tos políticos da História da França: o lugar onde a República
comete suicídio legalmente e onde um golpe de estado é aprovado por suas próprias vítimas.
Poucos juristas, como René Cassin, Joë Nordmann e Pierre Cot, uniramse à França Livre e saíram do
conforto de suas posições para dar combate ao regime protofascista de Vichy (CASSIN, René. Vichy or
Free France? Foreign Affairs, v. 20, no 1, p. 103104, out. 1941). Os “juristas de Vichy” escreveram uma
página pouco lembrada da historiografia do Direito: “Um dos exemplos mais vergonhosos é o de um
jurista muito citado e admirado no Brasil, Adolphe Marie Louis Georges Ripert (18801958). La règle
morale dans les obligations civiles (A regra moral das obrigações civis) é provavelmente seu livro de
maior influência no Brasil. (...) Ripert foi um dos pioneiros na defesa de uma certa decadência do
Direito Civil e de sua publicização, que começou a se divulgar nos anos 1960 no país e ganhou ares
quase hegemônicos nos últimos 20 anos. O solidarismo ripertiano ainda é bem forte, a despeito dos
quase 70 anos de seu surgimento. Ripert foi ministro de Estado da Educação e Juventude no governo
de Vichy e, nessa condição, abandonou suas posições filossemíticas dos anos 1930, ao tempo em que
autorizou a elaboração de listas de judeus que ocupavam postos no serviço edu cacional. Cassin foi
uma das vítimas de Ripert, tendo perdido sua cátedra universitária por efeito da nova legislação
antissemita. O ministro Georges Ripert assinou o ato de demissão de Cassin” (RODRIGUES JR., Otavio
Luiz. Direito Comparado: Como se produz um jurista? O modelo fran cês [Parte 12]. Consultor Jurídico,
6 de maio de 2005. Disponível em: http://www.conjur.com. br/2015mai06/direitocomparadoproduz-
juristamodelofrancesparte12. Acesso em 174 2017). Com a vitória da Resistência em 1944, Georges
Ripert chegou a ser preso, mas foi liberado posteriormente e terminou seus dias na cátedra
universitária sem ser molestado (Cf. HALPÉRIN, JeanLouis. Georges Ripert. In. ARABEYRE, Patrick;
HALPÉRIN, JeanLouis; KRYNEN, Jacques. Dictionaire historique des juristes français: XIIXX siècle. Paris:
PUF, 2007. p. 669).
133 FARIA, Anacleto de Oliveira. Reflexões sobre o socialismo jurídico. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, v. 69, no 1, p. 3166, 1974. p. 4244.
134
AZEVEDO, Noé. A socialização do Direito Penal. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 16, no 63, p. 449-
463, out. 1927; MORAES, Justo de. A socialização do Direito contemporâneo. Archivo Judiciario, v. 42,
p. 4952, abr./jun. 1937; REZENDE FILHO, Gabriel José Rodrigues de. Socialização do Direito. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 1941; AMADO, Gilberto. Direito Público e Direito Privado: socialização dos
meios de produção. Revista Forense, v. 43, no 105, p. 170172, jan./mar. 1946; FONSECA, Arnoldo
Medeiros da. Socialização e humanização do Direito. Revista Forense, v. 49, no 141, p. 714, maio/jun.
1952.
135 AZEVEDO, Noé. A socialização do Direito Penal... loc. cit. Essa abordagem do texto foi originalmen te
feita por: GRECO, Luís. Comentário ao estudo “A socialização do Direito Penal”, de Noé Azevedo.
Revista dos Tribunais, v. 921, p. 4655, jul. 2012.
136 GIORGIANNI, Michele. O Direito Privado e as suas atuais fronteiras. Tradução de Maria Cristina de
Cicco. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 87, no 747, p. 3555, jan. 1998.
137 Sobre o contraponto entre o “individualismo” do Código Civil português de 1867 e o caráter “social”
do futuro Código de 1967: “Numa palavra, já não é de hoje a insistência por um direito de carácter
social, a cujos ideais não poderia corresponder o nosso velho Código de marcada feição liberal e
individualista” (COSTA, Mario Julio de Almeida. Enquadramento histórico do Código Civil português.
Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, no 37, p. 138160, 1961. p. 158159).
138 REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo jurídico do direito civil-
constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 11, ano 4, p. 213238, abr. jun. 2017. § 3.
139 RAMOS, Luiz Felipe Rosa; SILVA FILHO, Osny da. Para entender Orlando Gomes. Rio de Janeiro: Elsevier,
2015. p. XV.
140 REIS,
Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo jurídico do direito civil-
constitucional...cit. § 3.
141 GOMES, Orlando. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil brasileiro.
Salvador: Livraria Progresso,
1959. § 2.
142 GILMORE, Grant. The death of contract. Ohio: Ohio State University, 1974; HORWITZ, Morton J. The
transformation of American law, 1780-1860. London: Harvard University Press, 1977; ATIYAH, Patrick. S.
The rise and fall of freedom of contract. Oxford: Clarendon, 1979.
143 Na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, há sinais de mudança quanto a essa visão atomís-
tica do Direito Privado, que deita suas raízes no final do século XIX, quando se fez a opção por um
caminho propedêutico autônomo em relação aos modelos da Europa continental. É um movimento
que se denominou “The New Private Law” e cuja apresentação pública ocorreu em 2001, em um
simpósio na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard. The New Private Law expressa um
certo cansaço com a predominância do Law and Economics e dos Critical Legal Studies no discurso
acadêmicojurídico norteamericano, e defende a retomada da autonomia epistemológica do Direito
Privado, a partir de seus conceitos tradicionais (cf. HOSEMANN, Eike Götz. „The New Private Law“: Die
neue amerikanische Privatrechtswissenschaft in historischer und vergleichender Perspektive. Rabels
Zeitschrift für ausländisches und internationales Privatrecht, v. 78, p. 3770, 2014).
144 GILMORE, Grant. The death of contract…p. 87, 9596 e 101.
145 HORWITZ, Morton J. The transformation of American law, 17801860…p. 81.
146 HORWITZ, Morton J. The transformation of American law, 17801860…p. 99100.
147 HORWITZ, Morton J. The transformation of American law, 17801860…p. 192.
148 ATIYAH, Patrick S. The rise and fall of freedom of contract…cit. p. 86, 104 e 116.
149 FARNSWORTH, Alan. Contracts. 4. ed. New York: Aspen, 2004, p. 29 e ss.
150 Nooriginal, systematische Unterscheidung (BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unter scheidung
von Privatrecht und öffentlichem Recht...p. 323).
151 Divindade dos povos amorreus que devorava crianças (Levítico XX:25). A metáfora foi retirada de um
texto de Robert Alexy, no qual ele compara o tribunal constitucional alemão a um estra nho Moloch,
que devora a vítima e a si mesmo, quando deseja controlar os demais poderes. A afirmação é mais
provocativa do que expressiva do pensamento de Alexy (ALEXY, Robert. Direito constitucional e
direito ordinário: jurisdição constitucional e jurisdição especializada. Tradução de Luís Afonso Heck.
Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 91, no 799, p. 3351, mai. 2002).
152 Não é coerente esquecer uma exceção a esse processo de liberalização e privatização nos anos 1980:
a França, após a vitória do candidato socialista François Mitterrand (19161996), que go vernou o país
de 1981 a 1995. Na primeira fase de seu mandato, houve uma onda de estatizações de diversos
setores da economia francesa, até mesmo no sistema bancário. Em 1986, esse pro cesso foi
interrompido e começouse sua reversão, com a privatização de companhias públicas e a liberação do
mercado de bens e serviços. A administração Mitterrand, em sua fase estatizante, no entanto, marcou
o nascimento de um Direito Público dos Negócios (HALPÉRIN, JeanLouis. The French model: The
construction of Public law through the development of state liability for wrongs. In. BENACCHIO,
Gian Antonio; GRAZIADEI, Michele (Orgs.) Il declino della distinzione tra Diritto Pubblico e Diritto Privato:
Atti del IV Congresso Nazionale SIRD, Trento, 2426 settembre 2015. Trento: Università degli Studi di
Trento, 2016. p. 39).
153 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. A arbitragem e o Direito do Consumidor. Revista da Faculdade de
incapacidade econômica: BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht
und öffentlichem Recht...p. 327328.
156 COASE, Ronald H. A firma, o mercado e o direito. Traduzido por Heloisa Gonçalves Barbosa. Revisão da
tradução por Francisco Niclós Negrão. Estudo introdutório de Antonio Carlos Ferreira e Patrícia
Cândido Alves Ferreira. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2016. p. 95 ss (o Capítulo 5, O problema
do custo social, elaborouse sob influência do artigo: COASE, Ronald. The Federal Communications
Commission. The Journal of Law and Economics, v. 2, p. 140, Oct. 1959).
157 Em português, estado do bemestar social.
158 Parauma crítica a esse processo, com ênfase na realidade europeia, confirase: SUPIOT, Alain. The
publicprivate relation in the context of today’s refeudalization. International Journal of Constitutional
Law, v. 11, no 1, p. 129145, Jan. 2013. p. 140 e ss.
159 A referência é uma variante do movimento britânico surgido durante a Revolução Industrial, carac-
terizado pela atuação dos ludistas, um grupo dedicado à destruição das máquinas e à sublevação
contra o elemento tecnológico que avançava, com o uso do tear mecânico e da máquina a vapor.
Seu nome devese à figura mítica de Ned Ludd, cuja existência é controversa. Em 1779, Ludd te ria
destruído máquinas na tecelagem de uma vila de Leicestershire (HENDRICKSON JR., Kenneth.
Luddites and Ned Lud. In. HENDRICKSON III, Kenneth (Ed.). The encyclopedia of the Industrial
Revolution in world history. Lanham: Rowman & Littlefield, 2015, v. 3, p. 572). O crescimento da
tecnologia da informação nas últimas décadas, especialmente com o advento da Internet, criou uma
espécie de reação de amplos setores das classes trabalhadoras dos países capitalistas cen trais
(Estados Unidos, os red necks; Reino Unido, operários da “velha” indústria britânica, que
paulatinamente se transfere para a Ásia; França, habitantes das antigas regiões industriais do Reno),
por meio de votações em partidos de extremadireita ou de extremaesquerda, sem com promissos
com a União Europeia e com agendas xenófobas. A reação física dos taxistas contra os motoristas de
aplicativos como o Uber, em várias metrópoles ocidentais, também pode ser mencionada. O termo
proto-ludista significa essa antessala de uma possível reação mais violenta contra as novas
tecnologias (GRAHAM, Gordon. The internet: a philosophical inquiry. New York: Routledge, 1999. p. 6-
7). Uma conhecida síntese histórica dos movimentos contra a tecnologia pode ser vista em: JONES,
Steven E. Against technology: from Luddites to NeoLuddism. New York: Routledge, 2006.
160 A proposta de saída do Reino Unido da GrãBretanha e Irlanda do Norte da União Europeia ficou
conhecida como Brexit, em uma flexão das palavras Britain e exit (saída). Essa sigla povoou os
noticiários mundiais nos últimos tempos, acompanhada pelo debate político circundante, fer-
mentado pelo fortalecimento de partidos de viés nacionalista (contrários à permanência na União
Europeia). Em 2016, houve um plebiscito não vinculante para decidir a questão, e a vontade da
maioria foi pela efetiva saída. A questão envolve sensíveis problemas políticos, como a aparente falta
de uma verdadeira identificação políticocultural entre o Reino Unido e a União Europeia e a
valorização do elemento nacional.
161 Expressão que serve de título ao livro O novo Estado industrial (1967), do economista John Kenneth
Galbraith (19082006), nascido no Canadá e naturalizado norteamericano. O foco dessa obra está na
“profunda interpenetração entre as estruturas tecnoburocráticas do setor privado e do setor
público”. Ele “cunhou uma expressão para caracterizar esse fenômeno: ‘simbiose burocráti ca’”,
representativo da ideia de que “a tecnoestrutura das grandes empresas procura influenciar
sistematicamente as políticas públicas, provendo os técnicos e nomeando políticos que tomarão as
decisões relevantes para o desenvolvimento das suas atividades privadas” (SUPLICY, Eduardo
Matarazzo. Revista de Economia Política, v. 26, no 4 (104), p. 619626, out. dez. 2006. p. 621). Estado
industrial e economia industrial converteramse em expressões muito comuns em títulos de livros
jurídicos, especialmente nos anos 19601980, como se nota de duas obras alemãs de referência até os
dias atuais: FORSTHOFF, Ernst. Der Staat der Industriegesellschaft: Dargestellt am Beispiel der
Bundesrepublik Deutschland. 2. ed. inalterada. München: Beck, 1971, e em WIEACKER, Franz.
Industriegesellschaft und Privatrechtsordnung. Frankfurt am Main: Fischer, 1974.
162 SEABRA FAGUNDES, Miguel. Da contribuição do Código Civil para o Direito Administrativo...cit. p. 1.
163 SEABRA FAGUNDES, Miguel. Da contribuição do Código Civil para o Direito Administrativo...p. 6.
164 SEABRA FAGUNDES, Miguel. Da contribuição do Código Civil para o Direito Administrativo...p. 24.
165 Em um sentido aproximado, na literatura administrativista contemporânea: “Com o direito civil, ramo
do direito privado, o direito administrativo mantém muitos pontos de conexão. Devese lembrar que,
nos primórdios de sua formação, os institutos do direito civil forneceram os alicer ces para a
construção do novo ramo. Assim, por exemplo, a teoria dos atos jurídicos foi a base da teoria dos atos
administrativos” (MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno. 18. ed. rev. e atual. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014. p. 52). Igualmente: “Constatase, historicamente, que a teoria do Direito
civil possui suas raízes nas civilizações antigas. E é natural, do ponto de vista da ciência do Direito,
que as novas formulações teóricas – como se passa com o Direito adminis trativo – aproveitem
raciocínios e construções já edificados, ao longo dos séculos, por pensadores dedicados a certo ramo
da ciência do Direito, ramo esse que, por circunstâncias históricas, tenha anteriormente se
evidenciado como objeto de estudo” (MENEZES DE ALMEIDA, Fernando Dias. Contrato administrativo.
São Paulo: Quartier Latin, 2012. p. 16).
166 Em alemão, Verwaltungsprivatrecht.
167 ESTORNINHO, Maria João. Requiem pelo contrato administrativo. Coimbra: Almedina, 1990. Em obra
mais recente, a autora esclarece que a “fuga para o Direito Privado” no âmbito do Direito
Administrativo teria por causa remota o “processo de alargamento das tarefas da Administração
Pública, no Estado Social”, cujos efeito é esta “passar a utilizar o meio de actuação mais típico do
Direito Privado, o contrato” (ESTORNINHO, Maria João. A fuga para o direito privado: Contributo para o
estudo da actividade de direito privado da Administração Pública. 2. reimpressão. Coimbra:
Almedina, 2009. p. 42).
168 OSÓRIO, Fábio Medina. Existe uma supremacia do interesse público sobre o privado no Direito
Administrativo brasileiro? Revista dos Tribunais, v. 88, no 770, p. 5392, dez. 1999; SARMENTO, Daniel. A
trajetória da dicotomia públicoprivado. Revista Trimestral de Direito Civil: RTDC, v. 6, no 22, p. 239257,
abr./jun. 2005; ABBOUD, Georges. O mito da supremacia do interesse público sobre o privado: a
dimensão constitucional dos direitos fundamentais e os requisitos necessários para se autorizar
restrição a direitos fundamentais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 100, no 907, p. 61119, maio 2011;
SILVA, Frederico Rodrigues. A relatividade da supremacia do interesse pú blico: um estudo
comparado. Direito público: Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), v. 8, no 43, p. 195230, jan./fev.
2012; MADUREIRA, Claudio Penedo. Supremacia do interesse público sobre o privado: uma
necessária desconstrução da crítica. Fórum administrativo, v. 14, no 161, p. 924, jul. 2014.
169 VERONESE, Alexandre Kehrig. A judicialização das políticas públicas de telecomunicações e as
demandas dos consumidores: o impacto da ação judicial. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2011. p. 3132.
170 Para uma ampla visão desses novos arranjos: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na
administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria públicoprivada e outras
formas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
171 “Como já dito, os contratos administrativos são disciplinados pelas regras e princípios do direito pú-
blico, conforme dispõe a Lei 8.666/93. Nada impede, porém, que regras e princípios do direito
privado no caso acima foram aplicadas regras do Código Civil sejam aplicados no âmbito dos
contratos administrativos. Isto ocorrerá sempre que não existirem regras ou princípios do direito
público que possam ser utilizados para a solução de questões verificadas em contratos celebra dos
pela Administração Pública, e desde que essas regras ou princípios do direito privado sejam
compatíveis com o direito público” (FURTADO, Lucas Rocha. Contratos administrativos e contratos de
direito privado celebrados pela administração pública. Revista do Tribunal de Contas da União, v. 31,
no 86, p. 4159, out./dez. 2000. p. 4243).
172 “Emboraentenda eu não se tratar propriamente de uma privatização (pois que não se alienam os
bens ou a atividade, transferidos que são eles mediante contrato passível de extinção ou desqua-
lificação da OS), tal trespasse de atividade pública implica uma redução do campo de atuação es tatal
mediante introdução da gestão privada sobre o serviço público antes direta e integralmente a cargo
do Estado” (MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Público e privado no setor de saúde. Revista de
direito público da economia, v. 3, no 9, p. 105154, jan./mar. 2005).
173 Essa expressão é também encontrável em obras estrangeiras: KÖNDGEN, Johannes. Privatisierung
des Rechts: Private Governance zwischen Deregulierung und Rekonstitutionalisierung. Archiv für die
civilistische Praxis – AcP. v. 206, p. 477525, 2006. p. 478 e ss.; GALGANO, Francesco. Pubblico e privato
nell’organizzazione giuridica. Contratto e impresa, v. 2, p. 35775, 1985.
174 Com ironia, em relação às duas faces da moeda: “Com efeito, uns falam com arrogância de ‘civili-
zação do direito constitucional’ e outros respondem com igual sobranceira com a ‘constituciona-
lização do direito civil’” (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Dogmática de direitos fundamentais e
direito privado. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituição, direitos fundamentais e Direito Privado.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 339). Citando exemplo em relação a um dado instituto
jurídico: “Não fosse por isso, a doação modal avulta em importância no direito administrativo, pois é
um dos mecanismos de que dispõe o poder público para fomentar a cons trução de instalações
industriais e comerciais. Ao civilista é caro constatar, aqui, um exemplo da ‘civilização do direito
público’, vale dizer, a incidência de um contrato civil no âmbito da adminis tração pública”
(MARQUESI, Roberto Wagner. A doação modal no Código Reale. Revista de Direito Privado, v. 11, no
42, p. 91105, abr./jun. 2010. item 1).
175
MARQUESI, Roberto Wagner. Fronteiras entre o direito público e o direito privado. Arte jurídica, no 1,
p. 257276. 2005. p. 266267, especialmente; MATIAS, João Luis Nogueira; PINHEIRO, Afonso de Paula.
Atuação estatal na ordem pública e privada. Nomos: Revista do Curso de Mestrado em Direito da UFC,
no 25, p. 97111, jan./dez. 2006. Em texto fundamental, Norberto Bobbio (Estado, governo, sociedade:
para uma Teoria Geral da Política. Tradução: Marco Aurélio Nogueira. 17. reimpr. São Paulo: Paz e
Terra, 2011. p. 26) anota que: “De fato, o processo de publicização do privado é apenas uma das faces
do processo de transformação das sociedades industriais mais avançadas. Ele é acompanhado e
complicado por um processo inverso que pode chamar de pri vatização do público. Ao contrário do
que havia proposto Hegel, segundo o qual o Estado como totalidade ética terminaria por se impor à
fragmentação da sociedade civil, interpretada como ‘sistema da atomística’, as relações de tipo
contratual, características do mundo das relações pri vadas, não foram realmente relegadas à esfera
anterior das relações entre indivíduos e grupos menores, mas reemergiram à fase superior das
relações politicamente relevantes”.
176
FRANÇA, R. Limongi. Direito Privado. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial, v. 4, no
11, p. 3341, jan./mar. 1980. Itens 4 e 5.
177 GOMES, Orlando. Perspectivas atuais da CLT. In. GOMES, Orlando. Novos temas de Direito Civil. Rio de
Janeiro: Forense, 1983. p. 326.
178 SEABRA FAGUNDES, Miguel. Da contribuição do Código Civil para o Direito Administrativo...p. 1, 6 e
24.
179 Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda (Tratado de Direito Privado: Parte Geral. Introdução: pessoas
físicas e jurídicas. Atualizado por Judith MartinsCosta, Gustavo Luís da Cruz Haical e Jorge Cesa
Ferreira da Silva. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. p. 139) criti ca a ideia de que
isso se trate de uma privatização do Direito Público: “Quando, no direito pú blico, se invoca regra de
lei, ou princípio de direito privado, não é para se privatizar o direito público: é para que êsse se revele,
em sua plenitude; recorrese ao direito privado, porque é de entenderse que o direito público e o
direito privado, pertencendo ao mesmo sistema ju rídico, são inspirados pelos mesmos temas e fins;
portanto, que o igual é tratado igualmen te. É o que se passa com todos os compartimentos em que
há vazio: o que é de um dêles se comunica”.
180 Sobre a aplicabilidade da boafé objetiva no Direito Administrativo: NOBRE JUNIOR, Edilson Pereira. O
princípio da boa-fé e sua aplicação no Direito Administrativo brasileiro. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 2002. passim. Na jurisprudência, encontrase um acórdão do STJ que reco nhece, de modo
expresso, a transposição da boafé objetiva, citandose o BGB, para as relações de Direito
Administrativo: “Prestigiase o primado da confiança, assente no § 242, Código Civil alemão, e
constante do ordenamento jurídico brasileiro como cláusula geral que ultrapassa os limites do
Código Civil (arts. 113, 187 c/c art. 422) e que influencia na interpretação do Direito Público, a ele
chegando como subprincípio derivado da moralidade administrativa. Ao caso aplicase o que a
doutrina alemã consagrou como ‘pretensão à proteção’ (Schutzanspruch) que serve de fundamento à
man tença do acórdão recorrido” (STJ. REsp 944.325/RS, rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
j. 04/11/2008, DJe 21/11/2008).
181 BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o triunfo tardio do
Direito Constitucional no Brasil). Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 58, p. 129 173, jan.
mar. 2007. Item 4.2.
CAPÍTULO SEGUNDO
12.1. Introdução
O Direito de Família, o Direito das Sucessões, a teoria das incapacidades, o
Direito Processual (Civil e Penal), o Direito Ambiental, o Direito Constitucional
e o Direito da Concorrência, que se serão examinados a seguir, trazem diversos
exemplos práticos da porosidade do Direito Público a institutos do Direito
Privado, ou mesmo de um “renascimento” deste último como esfera de
desenvolvimento das relações jurídicas. Muitos outros haveriam de ser
enumerados, fez-se tão somente um recorte aleatório de situações fáticas e suas
respectivas normas, até para se seguir algo que é muito próprio ao sistema de
Direito Privado: seu caráter entrópico e, muita vez, destituído de
racionalidade.204
182 BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. A administração pública entre o Direito Público e o Direito Privado.
Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 3, p. 3153, abr./jun. 2015; MUNIZ, Veyzon Campos.
Superando Antígona. A distinção entre Direito Público e Direito Privado: limites, en fraquecimento e
consequências operacionais a partir de uma análise hermenêutica. Revista do Instituto de
Hermenêutica Jurídica, v. 11, no 14, p. 169183, jul./dez. 2013. p. 175177.
183 São exemplos de obras que criticam a privatização do Direito Administrativo, com referências a uma
“colonização” do Direito Administrativo por valores privados: BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito
Administrativo e políticas públicas. 1. ed. 2. tir. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 172; NOHARA, Irene Patrícia.
Transformações latentes das fronteiras entre público e privado: mutação ou retro cesso no Direito
Administrativo brasileiro. In. LINHARES, Emanuel Andrade; MACHADO SEGUNDO, Hugo (Orgs.)
Democracia e direitos fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. São
Paulo: Atlas, 2016. p. 94102.
184 Ricardo Luis Lorenzetti (Fundamentos do Direito Privado. Tradução de Véra Maria Jacob de Fradera.
São Paulo: RT, 1998. p. 55) desenvolveu o conceito de “feudalização” do Direito ao comparar a
situação das classes altas, residindo em condomínios fechados de alto luxo e com segurança pri vada,
aos senhores feudais do Medievo: “Esse indivíduo não necessita do Estado; incomodao, pretende que
seja suprimido, porque ele está satisfeito, não tem necessidade da ação pública. O Estado incomoda-
o, cobralhe impostos, a lei impõelhe ônus, responsabilidades; é preciso redu zilo ao mínimo”.
185 SUPIOT, Alain. The publicprivate relation in the context of today’s refeudalization... cit. p. 138.
186 SUPIOT, Alain. The publicprivate relation in the context of today’s refeudalization…p. 140143.
187 Em alemão, Zivilrechtslehrervereinigung.
188 KÖNDGEN, Johannes. Privatisierung des Rechts: Private Governance zwischen Deregulierung und
Rekonstitutionalisierung…p. 478479.
189 KÖNDGEN, Johannes. Privatisierung des Rechts: Private Governance zwischen Deregulierung und
Rekonstitutionalisierung…p. 483484.
190 KÖNDGEN, Johannes. Privatisierung des Rechts: Private Governance zwischen Deregulierung und
Rekonstitutionalisierung…p. 484485.
191 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Código Civil comentado: (arts. 481 a 537), compra e venda, troca, contrato
estimatório. Coordenação de Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2008. v. 6, t. 1, p. 152.
192 Parcialmente nesse sentido, cuidando do conceito de “polícia das profissões”: “As leis que regu-
lamentam profissões e criam ordens ou conselhos transferemlhes competência para exercer a
fiscalização do respectivo exercício profissional e o poder disciplinar. A chamada polícia das
profissões, que originalmente caberia ao poder público, é, assim, delegada às ordens profissionais”
(MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno...p. 112).
193 Sobre o problema do enquadramento jurídico das ordens e conselhos profissionais (que parte da
doutrina insere no âmbito das autarquias): MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno... p. 113.
194 KÖNDGEN, Johannes. Privatisierung des Rechts: Private Governance zwischen Deregulierung und
Rekonstitutionalisierung…p. 495496.
195 SILVA, Joseane Suzart Lopes da. A responsabilidade civil dos provedores em face dos consumido res
de produtos e serviços contratados no ambiente virtual: a relevância do Marco Civil da Internet
regulamentado pelo Decreto Federal 8.771/2016. Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 10, ano 4,
p. 151190, jan. mar. 2017. p. 184.
196 A metáfora referese ao grupo formado por Jiang Qing, Zhang Chunqiao, Wang Hongwen e Yao
Wenyuan, que passou à História como o “Bando dos Quatro” ou a “Camarilha dos Quatro”. Nos anos
finais de Mao TséTung, líder da República Popular da China de 1949 a 1976, esse bando – que era
formado pela última esposa de Mao, Jiang Qing – influenciou suas ações governamentais, a ponto de
estimulálo a iniciar a Revolução Cultural (19661969), um período de radicalização ideológica do
regime e de expurgo de milhares de quadros do Partido Comunista chinês, sob suspeita de
moderação política. Após a morte de Mao TséTung, a camarilha foi acusada de usur pação do poder e
a eles se imputou a responsabilidade pelos expurgos da Revolução Cultural.
197 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Insuficiências, deficiências e desatualização do projeto de Código
Civil na questão da boafé objetiva nos contratos. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 89, no 775, p. 11-
17, mai. 2000. p. 16.
198 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O Direito Civil tende a desaparecer?...passim.
199 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O direito pósmoderno e a codificação. Revista da Faculdade de
Direito da Universidade São Paulo, v. 94, p. 312, jan./dez. 1999. p. 9.
200 MOHNHAUPT, Heinz. Historische Konkurrenzen und Beeinflussungen zwischen Privatrecht und
factum proprium nulli conceditur! é apenas uma maneira rebuscada para dizer que os sujei tos de
direito devem respeitar os vínculos jurídicos por eles criados. (...) A desvantagem da fórmula do
venire... é que ela facilmente induz ao equívoco, muito corriqueiro especialmente na jurispru dência,
de que tudo o que se precisa demonstrar é um comportamento incoerente” (SCHMIDT, Jan Peter.
Alegação de invalidade como comportamento contraditório proibido? – Comentários ao Acórdão do
REsp 1.461.301/MT. Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 7, ano 3, p. 419 437, abr./jun. 2016. p.
433); “No Brasil, é bem provável que se esteja a iniciar um processo de discussão sobre princípios e
cláusulas gerais muito próximo do incendiário debate ocorrido na Alemanha na primeira parte do
século XX, envolvendo as escolas do Positivismo, do Direito Livre e da Jurisprudência dos Interesses,
sobre a boafé objetiva” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Um ‘mo delo de revisão contratual por etapas’ e
a jurisprudência contemporânea do Superior Tribunal de Justiça. In. ANCONA LOPEZ, Teresa; LEMOS,
Patrícia Faga Iglecias; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Sociedade de risco e Direito Privado: desafios
normativos, consumeristas e ambientais. São Paulo: Atlas, 2013, p. 513); “Os redatores do Código Civil
alemão consideraram que uma cláusula geral de responsabilidade civil não oferece critérios
minimante precisos para os juízes decidirem os lití gios, o que os sobrecarregaria, além de contrariar
a concepção de judicatura então prevalecente na Alemanha” (REINIG, Guilherme Henrique Lima;
CARNAÚBA, Daniel Amaral. Abuso de direito e responsabilidade por ato ilícito: críticas ao Enunciado
37 da 1ª Jornada de Direito Civil. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 7, p. 6394, abr./jun. 2016. p.
77); DAMASCENO, Jaks Douglas Uchôa; CACAU, Marfisa Oliveira. Cláusulas gerais, Direito Privado e
Constituição: A importância das cláusulas gerais sob os influxos do Direito Constitucional. In. MATIAS,
João Luís Nogueira (Coord.). Relações privadas, direitos humanos e desenvolvimento nos 30 anos da
Constituição de 1988. Fortaleza: Mucuripe, 2018. p. 1338. Sobre a cláusula geral da boafé e os abusos
em sua utilização: DIAS Toffoli, José Antonio; RANGEL, Roberta Maria. Revisão contratual e boafé:
confronto inevitá vel? In. LIMA, Tiago Asfor Rocha; ARAÚJO FILHO, Raul Araújo Filho; SOUZA, Cid
Marconi Gurgel de (Coords.). Temas atuais e polêmicos na Justiça Federal. Salvador: JusPODIVM, 2018,
p. 190194.
203 Parcialmente nesse sentido: “(...) há equívoco em se falar de publicização do direito privado em
virtude da intensidade da intervenção estatal nas relações privadas” (LÔBO, Paulo. Direito Civil:
Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 41).
204 “A entropia é uma palavra de diferentes acepções, mas que significa nas Ciências Biológicas a medida
com fundamentos diferentes dos que se defende nesta tese: “(...) o direito de família é genuina mente
privado, pois os sujeitos de suas relações são entes privados, apesar da predominância das normas
cogentes ou de ordem pública. Não há qualquer relação de direito público entre marido e mulher,
entre companheiros, entre pais e filhos, dos filhos entre si e dos parentes entre si. Não lhe retira essa
natureza o fato de ser o ramo do direito civil em que é menor a autonomia privada e em que é
marcante a intervenção legislativa” (LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
p. 41).
207 RODRIGUES JR., Otavio Luiz; RODAS, Sérgio. Interview with Reinhard Zimmermann and Jan Peter
Schmidt. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 4, ano 2, p. 379413, jul./set. 2015. p. 408.
208 Cf. MULTEDO, Renata Vilela; BODIN DE MORAES, Maria Celina. A privatização do casamento.
Civilistica.com, a. 5, no 2, p. 121, 2016. p. 5, referindose à maior liberdade em relação ao casa mento
como um “fenômeno do século XXI”.
209 Uma análise pormenorizada dessa lei, precedida por um breve estudo comparatístico sobre o
divórcio, pode ser consultada em: RODRIGUES, Silvio. O divórcio e a lei que o regulamenta. São Paulo:
Saraiva, 1978. p. 59 ss.
210 RODRIGUES, Silvio. Breve histórico sobre o Direito de Família nos últimos 100 anos. Revista da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 88, p. 239254, jan./dez. 1993. p. 244. No mesmo
sentido: “Diferentemente do que acontecia com a Constituição anterior, a atual abdicou da idéia de
proteção absoluta ao casamento e de que este era a via única para a formação de uma família com
proteção legal” (ALMEIDA, José Luiz Gavião de. O Direito de Família e a Constituição de 1988. In.
MORAES, Alexandre de. Os 20 anos da Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Atlas,
2009. p. 381394, citada p. 382).
211 A ponto de não ser mais possível qualificar a família “de legítima ou ilegítima, sendo esta consti tuída
de várias formas: pelo casamento, pela união estável ou pela monoparentalidade” (MALUF, Adriana
Caldas do Rêgo Freitas Dabus. Novas modalidades de família na pós-modernidade. São Paulo: Atlas,
2010. p. 13.
212 RODRIGUES, Silvio. Breve histórico sobre o Direito de Família nos últimos 100 anos...p. 245.
213 “Anova lei restringe a intervenção do Estado na vida privada das pessoas, na medida em que
possibilita que os inventários, as separações e os divórcios consensuais, sem filhos menores, não
necessitem mais se submeter à tutela prévia do Poder Judiciário, já combalido e assoberbado com
tantas demandas judiciais” (COLTRO, Antonio Carlos Mathias; DELGADO, Mário Luiz. Nota dos
coordenadores. In. COLTRO, Antonio Carlos Mathias; DELGADO, Mário Luiz (Coords.) Separação,
divórcio, partilhas e inventários extrajudiciais: questionamentos sobre a Lei no 11.441/2007. São Paulo:
Método, 2007. p. 57. cit. p. 5).
214 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo. O novo divórcio. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 55. Pouco
antes da aprovação da EC 66/2010, Paulo Lôbo já afirmava que seu efeito seria a supressão da
separação judicial, “seja como alternativa ao divórcio, seja como requisito ao divórcio por con-
versão”, e que se reputariam “revogados todos os dispositivos do Código Civil que tratarem da se-
paração judicial, exceto os que digam respeito à guarda dos filhos, aos alimentos devidos ao cônjuge
e aos filhos, à manutenção ou não do nome de casado (sem o requisito de culpa) e à partilha dos
bens” (LÔBO, Paulo Luiz Netto. Dissolução da sociedade conjugal: separação judicial e suas modali-
dades. In. CHINELLATO, Silmara; SIMÃO, José Fernando; FUJITA, Jorge Shiguemitsu; ZUCCHI, Maria
Cristina. Direito de família no novo milênio. São Paulo: Atlas, 2010. p. 285297, cit. p. 287288).
215 CASTRO JUNIOR, Torquato. O divórcio após a Emenda Constitucional 66/2020 e a questão da culpa
pelo rompimento de vínculo no Brasil. In. COSTA FILHO, Venceslau Tavares; CASTRO JUNIOR,
Torquato da Silva (Coords.). A modernização do Direito Civil. Recife: Nossa Livraria, 2012. V. 2. p. 235-
248.
216 Em sentido aproximado: “Tais alterações refletiram a tendência que vem ocorrendo em nosso país: a
da desregulamentação das relações conjugais, havendo a possibilidade cada vez maior de expressão
das liberdades de escolhas, atentando o Direito por garantir a estrutura familiar mais conveniente
para cada indivíduo” (MULTEDO, Renata Vilela; BODIN DE MORAES, Maria Celina. A privatização do
casamento. Civilistica.com, a. 5, no 2, p. 121, 2016. p. 5).
217 MULTEDO, Renata Vilela; BODIN DE MORAES, Maria Celina. A privatização do casamento...p. 7. As
autoras destacam, contudo, que “não se busca defender a completa ausência do Estado; bus camse,
sim, as intervenções que sejam garantidoras dos espaços de autodeterminação, de modo a que a
autonomia existencial se realize plenamente. Para tanto, parece, fundamental aceitar que as relações
conjugais e convivenciais não estejam sob o jugo de normas cogentes, salvaguardandose sempre as
especiais situações de vulnerabilidade e desigualdade material que, diante dos prin cípios da
solidariedade e da dignidade da pessoa humana, requeiram a ação positiva do Estado” (MULTEDO,
Renata Vilela; BODIN DE MORAES, Maria Celina. A privatização do casamento...p. 8).
218 Jorge Alberto Caras Altas Duarte Pinheiro (O núcleo intangível da comunhão conjugal: Os deveres
conjugais sexuais. Coimbra: Almedina, 2004. p. 509) reconhece a existência do problema, mas nega
essa possibilidade, pois, “embora não exista nenhuma norma que impeça especificamente a
realização, na constância do matrimônio, de acordos que derroguem os deveres conjugais, há pre-
ceitos que negam a licitude de acordos do género, quando efectuados no momento da celebração
do casamento ou em momento anterior”.
219 PINHEIRO, Jorge Alberto Caras Altas Duarte. O núcleo intangível da comunhão conjugal: Os deve res
conjugais sexuais...p. 514.
220 NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade. Segurança patrimonial da família: Institutos jurídi cos
a serviço da liberdade dos nubentes na confecção do pacto antenupcial. In. TAVARES DA SILVA,
Regina Beatriz; BASSET, Ursula Cristina (Coords.). Família e pessoa: Uma questão de princípios. São
Paulo: YK, 2018. p. 639655 (esp. p. 648649).
221 Emfavor da continuidade da culpa, de modo coerente com a defesa de que a separação judicial
permanece no ordenamento brasileiro: CASTRO JUNIOR, Torquato. O divórcio após a Emenda
Constitucional 66/2020 e a questão da culpa pelo rompimento de vínculo no Brasil...p. 247; TAVARES
DA SILVA, Regina Beatriz. Divórcio e separação: após a EC no 66/2010. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
p. 37 ss.
222 Há disputa na doutrina especializada sobre haver realmente alguma diferença entre essas espé cies
de alimentos devidos entre os cônjuges: a) pela diferença: CARVALHO FILHO, Milton Paulo de.
Comentário ao art. 1.704. In. PELUSO, Cezar (Coord.). Código Civil comentado: doutrina e
jurisprudência. 8. ed. revista e atualizada. Barueri: Manole, 2014. p. 18341835; b) pela igualdade das
espécies de alimentos: DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9. ed. revista, atualizada e
ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 549: “Com o fim da separação (EC 66/10), restou
definitivamente esvaziada a busca de motivos para a dissolução do casamento, que só pode ser
obtida via divórcio. Dessa forma, as previsões legais (CC 1.702 e 1.704), impondo redução do
pensionamento do cônjuge culpado, restaram derrogadas”. Criticando a “situação constrangedora e
até humilhante” a que é submetido o excônjuge nessa hipótese do art. 1.704, parágrafo único:
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 9. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 711-
712.
223 RAVÀ, Adolfo. Lezioni di Diritto Civile sul matrimonio. 3. ed. revista e atualizada. Padova: CEDAM, 1935.
p. 397398 (destacando não se tratar de negócio de natureza patrimonial, pertencendo, na verdade, “à
categoria dos negócios familiares ou negócios de Direito de Família”. (No original: “(...) appartiene alla
categoria dei negozi familiari o negozi di diritto familiare”).
224 RUGGIERO, Roberto de. Istituzioni di Diritto Civile. 7. ed. Milano: Casa Editrice Giuseppe Principato,
1934. v. II. p. 64.
225 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Contrato de casamento, sua extinção e renúncia à alimentos na separa ção
consensual. In. AA.VV. Estudos em homenagem ao professor Washington de Barros Monteiro. São Paulo:
Saraiva, 1982. p. 4748 (invocando o caráter utilitário de assim considerar o casamento, mas
advertindo que este se rege por normas de ordem pública, embora permaneça como um instituto de
Direito Privado); CARVALHO SANTOS, João Manuel de. Código Civil brasileiro interpretado
(principalmente do pontodevista prático). 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1961. v. IV. p. 1011
(para quem o casamento é contrato especial, diferentemente dos demais contratos, por quanto “o
casamento se prende a elevados interêsses morais e pessoais e de tal forma que, uma vez ultimado o
contrato, produz êle desde logo efeitos que não mais podem desaparecer, subsis tindo sempre e
sempre como que para mais lhe realçar o valor”); ESPÍNOLA, Eduardo. A família no Direito Civil
brasileiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1957. p. 4850; PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti.
Tratado de direito de família. 3. ed. inteiramente refundida e aumentada. São Paulo: Max Limonad,
1947. v. I. p. 9394; BEVILÁQUA, Clóvis. Direito da família. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1938. p.
3637; “O que se deve entender, ao assegurar a natureza do matrimônio, é que se trata de um
contrato especial dotado de consequências peculiares, mais profundas e ex tensas do que as
convenções de efeitos puramente econômicos, ou contrato de Direito de Família, em razão das
relações específicas por ele criadas” (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 2. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1975. v. V. p. 46).
226 A corrente doutrinária que negava a natureza contratual do casamento era representativa no século
XIX: “O casamento, attenta a sua natureza intima, não é um contracto, antes differe delle
profundamente, em sua constituição, no seu modo de ser, na duração e alcance de seus effeitos. O
casamento abrange a personalidade humana inteira; crêa a familia; funda a legitimidade dos filhos;
dá nascimento a relações que só se extinguem com a morte: os direitos e obrigações que delle
resultão trazem o cunho da necessidade e, no que dizem respeito ás pessoas, não podem ser
alterados, modificados ou limitados pelo arbitrio dos cônjuges” (PEREIRA, Lafayette Rodrigues.
Direitos de Familia. Annotações e adaptações ao Código Civil por José Bonifácio de Andrada e Silva. 2.
tiragem. Rio de Janeiro: Typ. da Tribuna Liberal, 1889. p. 30).
227 O casamento é “uma instituição, com caracteres próprios, que nasce de um ato jurídico de feição
complexa” (FRANÇA, Rubens L. Instituições de direito civil. 2. ed. atualizada. São Paulo: Saraiva, 1991. p.
225).
228 CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu. A mutabilidade do regime de bens entre cônjuges no Código
Civil de 2002. Revista Jurídica do Uniaraxá, no 9, p. 345367, 2006. p. 347. A autora é adepta da teoria
contratualista do casamento, destacando, contudo, seu caráter especial, como “contrato de direito
de família” (CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu. A mutabilidade do regime de bens entre cônjuges
no Código Civil de 2002...p. 350).
229 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Direito de Família. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
v. 5. p. 56: “Por ser o matrimônio a mais importante das transações humanas, uma das bases de toda
constituição da sociedade civilizada, filiamonos à teoria institucionalista, que o considera uma
instituição social”; RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família...cit. p. 23 (reconhecen do, contudo, haver
obrigações “que impregnam de contratualidade o casamento, como aquelas de mútua colaboração
no sustento e nas responsabilidades econômicas”).
230 “Em suma: o casamento assume a feição de um ato complexo, de natureza institucional, que
depende da manifestação livre da vontade dos nubentes, o que, porém, se completa pela celebra-
ção, que é ato privativo de representante do Estado. Não há inconveniente, dada a peculiaridade do
fenômeno, de chamar ao casamento contrato de direito de família” (RODRIGUES, Silvio. Direito Civil:
Direito de Família. 28. ed. rev. e atual. por Francisco José Cahali. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 6. p. 2022,
citada p. 22).
231 “Nas relações conjugais impera uma certa instabilidade, muito embora a Constituição Federal
continue proclamando (Art. 226) que ‘a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado’.
É uma proteção muito relativa e de certo modo precária” (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Evolução do
Direito de Família: Transformação dos valores éticosociais em relação ao casamento, aos filhos e à
sexualidade. In. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Direito civil: Alguns aspectos da sua evolução. Rio de
Janeiro: Forense, 2001. p. 204).
232 JAYME, Erik. Pósmodernismo e Direito da Família. Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra, no 78, p. 209221, 2002.
233 FERNANDES, Luís A. Carvalho. Lições de Direito das Sucessões. Lisboa: Quid Juris, 1999. p. 23.
234 RODRIGUES JR., Otavio Luiz; RODAS, Sergio. Entrevista com Reinhard Zimmermann e Jan Peter
Schmidt. Tradução do inglês por Mark Walker. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 5, ano 2, p.
329 362, out./dez. 2015. p. 345 346 (sobre os novos arranjos jurídicos no Direito das Sucessões e a
renovação do interesse acadêmico sobre a matéria); GARBI, Carlos Alberto. Proposições para um
novo Direito Sucessório no Brasil. In. TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz; BASSET, Ursula Cristina
(Coords.). Família e pessoa: Uma questão de princípios. São Paulo: YK, 2018. p. 257266 (esp. p. 261264,
quando defende a flexibilização do regime atual de igualdade entre cônjuge e compa nheiros
sobreviventes e a descendência do sucedido); MACEIRA, Irma Pereira. Herança digital. In. TAVARES
DA SILVA, Regina Beatriz; BASSET, Ursula Cristina (Coords.). Família e pessoa: Uma questão de
princípios. São Paulo: YK, 2018. p. 387412; MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding
familiar e suas vantagens: planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 2.
ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 5; FROTA, Pablo Malheiros da Cunha. O direito real de habitação e a sua
possível relativização no direito sucessório brasileiro: Primeiras reflexões. Revista de Direito Civil
Contemporâneo, v. 8, p. 225271, jul./set. 2016.
235 STF, RE 878694, rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, j. 10/05/2017, DJe021 06/02/2018. Para um
exame crítico desse acórdão: RANGEL, Roberta Maria. A declaração incidental de inconstitucio-
nalidade do art. 1.790 do Código Civil pelo Supremo Tribunal Federal: Comentários ao RE 646.721/ RS
e RE 878.694/MG. Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 15, ano 5, p. 353438, jul.set. 2018.
236 LAGO JÚNIOR, Antonio; BARBOSA, Amanda Souza. Primeiras análises sobre o sistema de (in)capa-
cidades, interdição e curatela pós Estatuto da Pessoa com Deficiência e Código de Processo Civil de
2015. Revista de Direito Civil Contemporâneo, São Paulo, v. 8, no 3, p. 4989, jul./set. 2016. p. 61. Esses
autores destacam, contudo, a existência de aspectos dignos de reflexão no EDP: “Ocorre que, da
forma como o EPD transformou a teoria das incapacidades, em determinadas situações sua aplicação
redundará em desproteção, como nos casos de pessoas com deficiência que sejam, de fato,
absolutamente incapazes. Entendese que, nesses casos extremos, não existe razão para não se
declarála como tal, mediante a ação de interdição” (LAGO JÚNIOR, Antonio; BARBOSA, Amanda
Souza. Primeiras análises sobre o sistema de (in)capacidades, interdição e curatela pós Estatuto da
Pessoa com Deficiência e Código de Processo Civil de 2015...p. 84).
237 Com maior ênfase, defendendo que o CPC restringiu “de maneira brutal os direitos fundamentais da
pessoa restrita em sua capacidade, excluindoo da sociedade civil, colocandoo a margem das relações
extrapatrimoniais, contrariando de forma cediça o objetivo da Convenção da Organização das
Nações Unidas e do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que possui como paradigma social a
inclusão” (NISHIYAMA, Adolfo Mamoru; TOLEDO, Roberta Cristina Paganini. O estatuto da pessoa
com deficiência: reflexões sobre a capacidade civil. Revista dos Tribunais, v. 974, p. 3562, dez. 2016. p.
47). Em sentido contrário, defendendo a continuidade da interdição no ordenamento brasileiro:
TOSTES, Camila Strafacci Maia; AQUINO, Leonardo Gomes de. A repercussão do es tatuto da pessoa
com deficiência no regime da capacidade civil. Revista de Direito Privado, v. 75, p. 6377, mar. 2017, p.
71. Adotando posição intermediária, no sentido de que a lei fixou “a obrigatoriedade da aplicação de
tailored measures, que levem em conta as circunstâncias de cada caso concreto, afastando a tão
comum saída, utilizada até então de forma quase total, de simples decretação da incapacidade
absoluta com a limitação integral da capacidade do sujeito” (REQUIÃO, Maurício. As mudanças na
capacidade e a inclusão da tomada de decisão apoiada a partir do Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 6, no 3, p. 3754, jan./mar. 2016. p. 48).
238 REQUIÃO, Maurício. As mudanças na capacidade e a inclusão da tomada de decisão apoiada a partir
princípios. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014 (esp. p. 116118); MALLET, Estevão. Igualdade e
discriminação em Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013; RIOS, Roger Raupp. Direito da
antidiscriminação: discriminação direta, indireta e ações afirmativas. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008; GOMES, Joaquim Benedito Barbosa. Ação afirmativa e princípio constitucional da
igualdade: o direito como instrumento de transformação social. A experiência dos EUA. Rio de
Janeiro: Renovar, 2001; MAGANO, Octavio Bueno. A igualdade e a não discriminação nas relações de
trabalho. Revista LTr: legislação do trabalho e previdência social, v. 48, no 10, p. 11731180, out. 1984;
GENRO, Tarso. O princípio da “nãodiscriminação” no Direito do trabalho. Revista LTr: legislação do
trabalho e previdência social, v. 45, no 9, p. 10441046, set. 1981.
247 Jorge Cesa Ferreira da Silva tem escrito sobre o tema desde 2007, com interesse principalmente nas
discriminações indiretas: SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. A proteção contra discriminação no direito
contratual brasileiro. In. PINTO MONTEIRO, Antonio; NEUNER, Jörg; SARLET, Ingo Wolfgang (Orgs.).
Direitos fundamentais e Direito Privado: uma perspectiva de Direito Comparado. Coimbra: Almedina,
2007; SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. A proteção contra discriminação no Direito Contratual brasileiro.
Revista de Direito Civil Contemporâneo...cit. Mais recentemente: PINHEIRO, Rosalice Fidalgo. A
proibição de discriminação nos contratos no Direito brasileiro em face da expe riência europeia.
Direitos Fundamentais e Justiça, v. 8, no 28, p. 5281, jul./set. 2014.
248 RODRIGUES JR., Otavio Luiz; RODAS, Sérgio. Entrevista com Paulo Mota Pinto. Revista de Direito Civil
mais conhecido como Oskar von Büllow, mas quem consultar suas obras até 1877 encontrará apenas
Oskar Büllow. Rigorosamente, as duas formas são corretas. Assim como Otto von Gierke, que
escreveu a maioria de suas obras como Otto Gierke e passou a usar a partícula von só no século XX,
Büllow era um plebeu que foi nobilitado em 1877, quando Karl, rei de Württemberg, concedeulhe a
Cruz de Cavaleiro de 1ª Classe da Ordem da Coroa Vurtemberguesa. Só a partir de então ele adquiriu
o direito de incorporar a seu nome a partícula von, que caracteriza os membros da nobreza nos
Estados alemães.
253 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido Rangel. Teoria
Geral do Processo. 31. ed. revista e ampliada. São Paulo: Malheiros, 2015. p. 286287.
254 Sobre o caráter publicístico da ação: TUCCI, Rogério Lauria. Jurisdição, ação e processo civil (subsídios
para a Teoria Geral do Processo Civil). Revista de Processo, v. 13, no 52, p. 740, out./dez. 1988. § 5.
255 Sobre o caráter público da jurisdição: TUCCI, Rogério Lauria. Jurisdição, ação e processo civil (sub-
sídios para a Teoria Geral do Processo Civil)...§ 2; BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Breves no tas
sobre jurisdição e ação. In. ZUFELATO, Camilo; YARSHELL, Flávio Luiz (Org.). 40 anos da Teoria Geral do
Processo no Brasil: passado, presente e futuro. São Paulo: Malheiros, 2013. p. 537555, cit. p. 538539
(inclusive afirmando o caráter de “administração pública de interesses privados” para o caso da
jurisdição voluntária: op. cit. p. 545). Heitor Vitor Mendonça Sica destaca que a construção do
instituto da jurisdição é muito anterior à autonomização científica do Direito Processual, tendo sido
esse conceito aprimorado pelos juristas entre o fim do século XIX e meados do século XX, “a reboque
do desenvolvimento do conceito de processo, considerado este último como instrumento de que se
serve o Estado para exercer o poder jurisdicional” (SICA, Heitor Vitor Mendonça. Velhos e novos
institutos fundamentais do direito processual civil. In. ZUFELATO, Camilo; YARSHELL, Flávio Luiz
(Orgs.). 40 anos da Teoria Geral do Processo no Brasil: passado, presente e futuro. São Paulo: Malheiros,
2013. p. 430466. cit. p. 433434).
256 “Na verdade, foi somente com Planck e, mais tarde, com Windscheid, é que a actio e outros institutos
a ela jungidos passam a ser examinados sob um prisma processual, culminando com a obra de Bülow
reconhecidamente o mais importante processualista do século passado na qual, após sobrelevar as
fronteiras que separam o direito material do direito processual, vem concebido o processo como
relação jurídica, de natureza pública, autônoma e triangular” (TUCCI, José Rogério Cruz e. Espírito do
Processo Civil moderno na obra de Rudolf von Ihering. Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo, v. 87, p. 2336, jan./dez. 1992. p. 29). A gran de contribuição de Büllow, realmente, “foi
demonstrar que a relação (pública) entre juiz, autor e réu não se confunde com a relação jurídica de
direito material controvertida entre autor e réu e trazida à apreciação judicial, pois cada qual se
sujeita a pressupostos próprios” (SICA, Heitor Vitor Mendonça. Velhos e novos institutos
fundamentais do direito processual civil...p. 439). “Se é certo que o Direito Processual Civil disciplina a
resolução processual das lides civis (id est, não penais), seus princípios e normas incidem, por outro
lado, sobre uma atividade estatal. Isto significa que o Direito Processual é ramo do Direito Público”
(MARQUES, José Frederico. Instituições de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1958. v. I. p.
42).
257 CORREIA DE MENDONÇA, Luís. O pensamento de Franco Cipriani sobre a Justiça civil. Revista de
Processo, v. 172, p. 55120, jun. 2009.
258 DINAMARCO, Candido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
v. 2. p. 484485.
259 Essa contratualização do Processo Civil não tem sido ignorada pelo Direito francês: CADIET, Löic. La
tendance a la contractualisation de la justice et du procès. Revista de Processo, v. 41, no 261, p. 117-
137, nov. 2016; CADIET, Löic; JEULAND, Emmanuel. Droit Judiciaire Privé. 9. ed. Paris: LexisNexis, 2016.
260 “Pois bem, à orientação contrária não cairá mal, nessa perspectiva, a denominação de privatismo.
Sejamos, porém, mais exatos: já que semelhante orientação nos remete à mentalidade dominan te
em tempos idos e infelizmente, ao que tudo indica, reerguida da sepultura em que parecia jazer ,
numa época em que o processo civil era tido e havido como ‘coisa das partes’ (Sache der Parteien,
segundo a conhecida expressão alemã), tomamos a liberdade de chamarlhe neopriva tismo, na
esperança de que isso não desagrade aos seus ardorosos propagandistas” (BARBOSA MOREIRA, José
Carlos. O neoprivatismo no Processo Civil. Revista de Processo, v. 122, p. 921, abr. 2005. § 10); GRECO,
Leonardo. Publicismo e privatismo no Processo Civil. Revista de Processo, v. 33, no 164, p. 2956, out.
2008; BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Privatização do processo? Revista da EMERJ, v. 1, no 3, p. 1325,
1998.
261 O PLC 4.850, de 2016, estabelece medidas contra a corrupção e demais crimes contra o patrimô nio
Gonçalves de Castro (Org.). O novo Código de Processo Civil: programa de estudos avançados em
homenagem ao Ministro Arnaldo Esteves Lima. Rio de Janeiro: EMARF, 2016. p. 161172; MESQUITA,
José Ignácio Botelho de. Vista da arbitragem a partir do processo. In. FRANÇA, Erasmo Valladão
Azevedo e Novaes; ADAMEK, Marcelo Vieira von (Coords.). Temas de direito empresarial e outros
estudos: em homenagem ao professor Luiz Gastão Paes de Barros Leães. São Paulo: Malheiros, 2014,
p. 192200; MENDES, Rodrigo Octávio Broglia. Arbitragem, lex mercatoria e direito estatal: uma análise
dos conflitos ortogonais no direito transnacional. São Paulo: Quartier Latin, 2010 (com enfoque no
problema da jurisdição em face da transnacionalidade).
264 Embora com fundamentos diversos dos aqui apresentados: “As restrições urbanísticoambientais
convencionais, historicamente de pouco uso ou respeito no caos das cidades brasileiras, estão em
ascensão, entre nós e no Direito Comparado, como veículo de estímulo a um novo consen sualismo
solidarista, coletivo e intergeracional, tendo por objetivo primário garantir às gerações presentes e
futuras espaços de convivência urbana marcados pela qualidade de vida, valor esté tico, áreas verdes
e proteção contra desastres naturais” (STJ. REsp 302.906/SP, rel. Min. Herman Benjamin, Segunda
Turma, j. 26/08/2010, DJe 01/12/2010).
265 HARDIN, Garrett. The Tragedy of the Commons. Science, v. 162, fascículo 3859, p. 12431248, Dec.
1968.
266 COLE, Daniel. Pollution and property: Comparing ownership institutions for environmental protec-
tion. Cambridge: Cambridge, 2002. p. 86 e ss.
267 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p.
325.
268 ROPPO, Vincenzo. Il contratto. Milano: Giuffrè, 2001. p. 565; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A dou trina
do terceiro cúmplice: autonomia da vontade, o princípio res inter alios acta, função social do contrato
e a interferência alheia na execução dos negócios jurídicos. Revista dos Tribunais, v. 93, no 821, p. 80-
98, mar. 2004. § 4.
269
SILVEIRA, Newton. Propriedade imaterial e concorrência. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 75, no
604, p. 264271, fev. 1986.
270
Existe ainda a proteção ao locatário, em um regime de locações subordinado à Lei no 8.245, de 18 de
outubro de 1991, em seu art. 51, que prevê o direito de renovação do contrato desde que haja
exploração comercial no imóvel, na mesma atividade, por, no mínimo, de três anos ininterruptos.
271 LEAL, Larissa Maria de Moraes; COSTA FILHO, Venceslau Tavares. Notas sobre o empreendimento do
shopping center: a questão do tenant mix e da cláusula de raio e seus efeitos no campo das relações
empresariais e das relações de consumo. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 2, p. 137154,
jan./mar. 2015.
272 “O controle judicial sobre eventuais cláusulas abusivas em contratos de cunho empresarial é res trito,
o exercício das pretensões de indenização por infração às regras de concorrência. Ela é conhecida
como Diretiva do private enforcement.
276 ZÖTTL, Johannes; SCHLEPPER, Lisa. Die private Durchsetzung von kartellrechtlichen Schaden-
279 Evidentemente que qualquer pesquisa sobre o tema, no Direito estrangeiro, é lacunosa, dada a
imensidão de fontes e a pluralidade de repositórios a serem pesquisados. A seguir, enumeramse
artigos, capítulos de livros e obras monográficas especialmente dedicadas ao problema da dis tinção
Direito PúblicoPrivado: ALPA, Guido. Diritto Privato e Diritto Pubblico. Un questione aperta. Rivista
Trimestrale di Diritto dell’Economia, v. 2, p. 104174, 2016; PUPOLIZIO, Ivan. Per un modello teorico
della “grande dicotomia” tra Diritto Pubblico e Diritto Privato. Materiali per una Storia della Cultura
Giuridica...cit.; PUPOLIZIO, Ivan. Materiali per uno studio socio logico della distinzione tra Diritto
Pubblico e Diritto Privato. Sociologia del Diritto. v. XXXIX, no 2, p. 735, 2012; MOHNHAUPT, Heinz.
Historische Konkurrenzen und Beeinflussungen zwischen Privatrecht und öffentlichem Recht...cit.;
ODUDU, Okeoghene. The public/priva te distinction in EU internal market law. Revue Trimestrielle de
Droit Europeeen, v. 46, no 4, p. 826841, dec. 2010; RÖDL, Florian. Private law beyond the democratic
order? On the legitima tory problem of Private law “beyond the state”. The American Journal of
Comparative Law, v. 56, no 3, p. 743767, 2008; JANSEN, Niels; MICHAELS, Ralf. Private Law and the
State: Comparative perceptions and historical observations. Rabels Zeitschrift für ausländisches und
internationales Privatrecht, v. 71, no 2, p. 354397, 2007; LEISNER, Walter. Unterscheidung zwischen
priva tem und öffentlichem Recht. Juristen Zeitung, v. 61, no 18, p. 869875, Sep. 2006; MICHAELS, Ralf;
JANSEN, Nils. Private law beyond the State? Europeanization, globalization, privatization... cit.;
NAPOLITANO, Giulio. Pubblico e privato nel diritto amministrativo. Milano: Giuffrè, 2003; STOLLEIS,
Michael. Öffentliches Recht und Privatrecht im Prozeß der Entstehung des modernen Staates. In.
HOFFMANNRIEM, Wolfgang; SCHMIDTAßMANN, Eberhard (Orgs.). Öffentliches Recht und Privatrecht
als wechselseitige Auffangordnungen. BadenBaden: Nomos, 1996, p. 41 61; CAPPELLINI, Paolo.
Pubblico e privato (diritto intermedio). In. AA.VV. Enciclopedia del diritto. Milão: Giuffrè, 1986. v. XXXV,
p. 660687; FERRARI, Vincenzo. Privato e pubblico (sociologia del dirit to). AA.VV. Enciclopedia del
diritto. Milão: Giuffrè, 1986. v. XXXV, p. 687704; GALGANO, Francesco. Pubblico e privato
nell’organizzazione giuridica. Contratto e Impresa, v. 2 loc. cit.; RAISER, Ludwig. O futuro do Direito
Privado. Revista da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, v. 9, nº 25, p. 1130, 1979 (texto
de grande influência no Brasil nos anos 1980); BULLINGER, Martin. Öffentliches Recht und Privatrecht:
Studien über Sinn und Funktionen der Unterscheidung. Stuttgart: W. Kohlhammer, 1968;
MERRYMAN, John Henry. The Public lawPrivate law distinc tion in European and American law.
Journal of Public Law, v. 17, no 1, p. 319, 1968; BAUR, Fritz. Neue Verbindungslinien zwischen
Privatrecht und öffentlichem Recht. Juristen Zeitung, v. 18, no 2, p. 4147, Jan. 1963; CERRONI,
Umberto. Sulla storicità della distinzione tra Diritto Privato e Diritto Pubblico. Rivista Internazionale di
Filosofia del Diritto, v. 37, p. 335367, 1960; EISENMANN, Charles. Droit Public, Droit Privé. Revue du
Droit Public, v. LXVIII, p. 903979, 1952; WOLFF, Hans Julius. Der Unterschied zwischen öffentlichem
und privatem Recht. Archiv des öffentlichen Rechts-AöR, v. 76, p. 205217, 1950; MOLITOR, Erich. Über
Öffentliches Recht und Privatrecht. Eine rechts systematische Studie. Karlsruhe: C.F. Müller, 1949;
SAVATIER, René. Du droit civil au droit public.... loc. cit.; ALIMENA, Francesco. Osservazioni sulla
distinzione del Diritto in pubblico e privato. Roma: Società Editrice del Foro Italiano, 1931; DONATI,
Benvenuto. L’unità del diritto e l’unità della scien za del diritto a proposito della distinzione del diritto
in pubblico e privato. Internationale Zeitschrift für Theorie des Rechts, v. 1, p. 120139, 19261927;
BONFANTE, Pietro. La progressiva diversifica zione del Diritto Pubblico e Privato. In. BONFANTE,
Pietro. Scritti Giuridici Vari. Roma: Sampaolesi, 1925. v. 4, p. 2845; KELSEN, Hans. Diritto Pubblico e
Privato. Rivista Internazionale di Filosofia del Diritto, v. 4, p. 340357, 1924; MAGGIORE, Giuseppe.
L’aspetto pubblico e privato del Diritto e la crisi dello Stato moderno. Rivista Internazionale di Filosofia
del Diritto, v. II, 23, p. 111142, 1922; RAGGI, Luigi. Ancora sulla distinzione tra Diritto Pubblico e Diritto
Privato. Rivista Italiana per le Scienze Giuridiche, v. LV, p. 111172, 1915; RANELLETTI, Oreste. Il concetto
di ‘pubblico’ nel diritto. Rivista Italiana per le Scienze Giuridiche, v. XXXIX, p. 337354, 1905. Parte dessas
fontes baseouse na enumeração feita por: PUPOLIZIO, Ivan. Per un modello teorico della “grande
dicotomia” tra Diritto Pubblico e Diritto Privato...loc. cit.
280 São exemplos desse debate pouco intensivo na literatura especializada no Brasil, em ordem cronoló-
gica decrescente, que reúne 23 trabalhos sobre a dicotomia Direito PúblicoDireito Privado: NOHARA,
Irene Patrícia. Transformações latentes das fronteiras entre público e privado: mutação ou retrocesso
no Direito Administrativo brasileiro. In. MACHADO SEGUNDO, Hugo; LINHARES, Emanuel Andrade
(Orgs.). Democracia e direitos fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo
Bonavides. São Paulo: Atlas, 2016, p. 85108; PINTO, Emerson de Lima; COSTA, Bernardo Leandro
Carvalho. A distinção entre público e privado e sua caracterização no âmbito do Estado brasileiro.
Revista Digital de Direito Administrativo, v. 2, no 1, p. 311323, 2015; BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. A
administração pública entre o direito público e o direito privado...; MORAES, Luiz Gustavo Vasques
de. A validade da distinção clássica entre Direito Público e Direito Privado no âmbito dos direitos
reais mediante o princípio da função social da propriedade. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 104, no
958, p. 7397, ago. 2015; MUNIZ, Veyzon Campos. Superando Antígona. A distinção entre Direito
público e Direito Privado: li mites, enfraquecimento e consequências operacionais a partir de uma
análise hermenêutica. Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica, v. 11, no 14, p. 169183, jul./dez.
2013; PINTO, Renata Jamús da Costa. Direito Público e Direito Privado: uma dicotomia do Direito
Desportivo. Revista Brasileira de Direito Desportivo, no 18, p. 180187, jul./dez. 2010; CASTRO, Honildo
Amaral de Mello. Falsa dicoto mia entre Direito Público e Direito Privado. Revista de doutrina e
jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, no 36, p. 3344, jan./abr. 2005; FLORES, Paulo
Roberto Thompson. A dicotomia entre Direito Público e Direito Privado. Universitas Jus, no 12, p. 145-
149, jan./jun. 2005; MARQUESI, Roberto Wagner. Fronteiras entre o Direito Público e o Direito
Privado...; SGARBI, Adrian. “Reduction ad unum”: Kelsen e o problema da dicotomia: Direito Público e
Direito Privado. Revista Trimestral de Direito Civil: RTDC, v. 4, no 14, p. 317, abr./jun. 2003; REIS,
Sebastião. Uma visão do Direito: Direito Público e Direito Privado. Revista de Informação Legislativa, v.
35, no 137, p. 6367, jan./mar. 1998; VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Direito Público, Direito Privado:
sob o prisma das relações jurídicas. 2. ed., rev. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 1996; POLETTI,
Ronaldo. A vertente romanista na dicoto mia Direito PúblicoPrivado. Revista Brasileira de Direito
Comparado, v. 7, no 12, p. 148151, jan./jun. 1992; BORJA, Sergio. Direito Público e Direito Privado:
desenvolvimento histórico da distinção. Estudos Jurídicos, São Leopoldo, v. 24, no 60, p. 525, jan./abr.
1991; MADEIRA, Carlos. Direito Civil e Direito Público. Revista do Tribunal de Justiça do Estado do
Maranhão, v. 1, no 1, p. 1125, out./dez. 1983; SURGIK, Aloísio. Anotações históricocríticas em torno do
binômio Direito PúblicoDireito Privado. In. AA.VV. Estudos em homenagem ao professor Washington de
Barros Monteiro. São Paulo: Saraiva, 1982, p. 2742; SALDANHA, Nelson. Direito Público e Direito
Privado: notas sobre o aspecto histórico do problema e sobre a possibilidade de uma revisão. Arquivo
Forense, v. 46, p. 5562, jul./dez. 1962; QUEIROZ, João José de. A distinção entre o Direito Público e o
Direito Privado. Revista de Direito da Procuradoria Geral da Prefeitura do Distrito Federal, no 2, p. 1628,
1955; CIRNE LIMA, Ruy. Direito Pú blico e Direito Privado. Revista Jurídica, v. 1, no 1, p. 712, jan./fev.
1953; AMADO, Gilberto. Direito Público e Direito Privado: socialização dos meios de produção. Revista
Forense, v. 105, no 511/513, p. 170172, jan./mar. 1946; KLINGHOFFER, Hans. Direito Público e Direito
Privado: resumo da teoria de Hans Kelsen. Revista Forense, v. 39, no 89, p. 395399, jan./mar. 1942.
281 “(...) nada vamos com essas idéas francezas, que proclamão a impossibilidade de separarse com rigor
o Direito Publico do Direito Privado, o Direito Civil do Direito Criminal, e o Direito Civil the orico do
Direito Civil pratico, apresentando mil pontos de contacto e de differenças, e reduzindo desta
maneira a Sciencia Juridica e a Legislação a uma pasta de confusos elementos” (TEIXEIRA DE FREITAS,
Augusto. Nova apostila à censura do senhor Alberto de Moraes Carvalho sobre o projetcto do Codigo Civil
portuguez. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1859. p. 72). Em sentido aproximado:
TEIXEIRA DE FREITAS, Augusto. Consolidação das leis civis. Rio de Janeiro: Garnier, 1876. p. XXXVIII-
XXXIX.
282 RIBAS, Antonio Joaquim. Curso de Direito Civil brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: B.L. Garnier, 1880. v. 1. p.
39.
283 “O direito publico é o complexo das leis, que respeitao á organisação do corpo politico, aos inte-
resses geraes da sociedade, á segurança e garantias dos direitos individuaes. dos seus membros, e
que regulão ao mesmo tempo as relações do poder soberano com os seus subditos. O direito
privado, porém, é o complexo das leis, que regulão as relações dos subditos entre si como parti-
culares” (LOUREIRO, Lourenço Trigo de. Instituições de Direito Civil brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: B. L.
Garnier, 1872. t. 1. p. 19).
284 BRASIL. Código Civil brasileiro: Trabalhos relativos á sua elaboração. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1917. v. 1. p. 26.
285 VAMPRÉ, Spencer. Manual de Direito Civil brasileiro: Theoria Geral do Direito e Direito de Familia. Rio
de Janeiro: F. Briguiet, 1920. v. 1. p. 4.
286 BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria geral do Direito Civil. Ed. hist. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1977. p. 19.
287 BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil: Commentado. 5. ed. São Paulo: F. Alves,
1936. v. 1. p. 65.
288 BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil...v. 1. cit. p. 6768.
289 ESPÍNOLA, Eduardo. Sistema do Direito Civil brasileiro. Rio de Janeiro: Editor Rio, 1977. p. 4152.
290 ESPÍNOLA, Eduardo. Sistema do Direito Civil brasileiro...p. 42.
291 ESPÍNOLA, Eduardo. Sistema do Direito Civil brasileiro...p. 5051.
292 SAN TIAGO DANTAS, Francisco Clementino de. Programa de Direito Civil: Teoria Geral. 3. ed. revis ta e
atualizada por Gustavo Tepedino, Antonio Carlos de Sá, Carlos Edison do Rêgo Monteiro Filho e
Renan Miguel Saad. Notas taquigráficas de Victor Bourhis Jürgens. Rio de Janeiro: Forense, 2001. v. 1.
p. 27.
293 SAN TIAGO DANTAS, Francisco Clementino de. Programa de Direito Civil: Teoria Geral...v. 1. p. 35.
294 SAN TIAGO DANTAS, Francisco Clementino de. Programa de Direito Civil: Teoria Geral...v. 1. p. 83.
295 RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos: Noções gerais. Direito positivo. Direito objetivo.
Atualização de Ovídio Rocha Barros Sandoval. 3. ed. anot. e atual. São Paulo: RT, 1991. v. 1. p. 188 (a
primeira edição é de 1952).
296 RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos...v. 1. p. 190191.
297 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil: Introdução, Parte Geral e Teoria dos Negócios
Jurídicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1957. v. 1. p. 27.
298 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil...v. 1. p. 30.
299 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil...v. 1. p. 31.
300 Utilizouse nesta tese, para as citações do pensamento de Orlando Gomes, a décimanona edição:
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 19. ed. revista, atualizada e aumentada, de acor do com o
Código Civil de 2002 por Edvaldo Brito e Reginalda Paranhos de Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
A primeira edição desse livro é, no entanto, de 1957: GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. Rio
de Janeiro: Forense, 1957.
301 GOMES, Orlando. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil brasileiro...cit. Essa obra é en contrável
na atualidade, em segunda edição: GOMES, Orlando. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil
brasileiro. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
302 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil...p. 910.
303 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil...p. 1011.
304 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral de
Direito Civil. 28. ed., rev. e atual. Atualizado por Maria Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro:
Forense, 2015. v. 1 p. 1215, embora a visão da atualizadora seja crítica à grande dicotomia (a primeira
edição é de 1961).
305 Ele comenta, com base em literatura francesa dos anos 1950 (SAVATIER, René. Du Droit Civil au Droit
Public...cit.) que ʺa tendência de absorção do direito privado pelo direito público é conside rável e
sensívelʺ. Tal vocação revela-se ʺnitidamente no aumento das regras de ordem pública, que se
multiplicam no campo do direito privado, principalmente no do Direito de Famíliaʺ (RODRIGUES,
Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. atual., 3. tir. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1. p. 79).
306 BARROS MONTEIRO, Washington de; FRANÇA PINTO, Ana Cristina de Barros Monteiro. Curso de Direito
1988. Nesta tese, utilizouse edição mais moderna: FRANÇA, R. Limongi. Instituições de Direito Civil:
todo o direito civil num só volume. 3. ed., atual. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 8.
312 GOMES, José Jairo. Teoria Geral do Direito Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. p. 23 (reconhecen do a
perda de prestígio da “grande dicotomia”, mas assinalando seu “inegável interesse prático”, por se
tratar de uma “classificação didática, operacional, que facilita a compreensão do fenômeno jurídico
em seus diversos matizes”); NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 7. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2010. v. 1. p. 1416; VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 13. ed., rev. e atual. São
Paulo: Atlas, 2013. v. 1. p. 6062 (conquanto reconheça haver mais interesse didático do que uma
separação ontológica entre esses Direitos); FIUZA, César. Direito Civil: Curso completo.17. ed., rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. p. 5255; DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito
Civil brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 1. p. 1319; GAGLIANO,
Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 8. ed. revis. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1. p. 2829 (embora afirmem que “a realidade atual aponte para a
impossibilidade de se traçar nítida diagnose diferencial en tre o direito público e o direito privado, a
doutrina cuida de estabelecer critérios diferenciado res”); FERRIANI, Carlos Alberto. Noções gerais de
Direito e de Direito Privado. In. LOTUFO, Renan; NANNI, Giovanni Ettore (Coords.). Teoria geral do
Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2008. p. 1112.
313 Exemplo dessa variação está em Paulo Lôbo (Direito Civil: Parte Geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
p. 6), que, de forma coerente com sua visão do Direito Civil, assim se manifesta: “No estágio atual
permanece a dicotomia cumprindo função operacional, com largo uso linguístico. Todavia, novos
direitos têm sido compostos de partes de direito privado e partes de direito público, em interlocução
contínua, ainda que partindo da mesma situação jurídica básica, como o direito da criança e do
adolescente, o direito do consumidor, o direito do idoso, o direito ambiental, que conjugam direito
civil, direito processual, direito penal, direito administrativo, formando um todo incindível”.
314 NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade; NERY JUNIOR, Nelson. Instituições de Direito Civil:
Teoria Geral do Direito Privado. 2. tiragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. v. 1, t. 1. p. 418.
315 NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade; NERY JUNIOR, Nelson. Instituições de Direito Civil:
Teoria Geral do Direito Privado. v. 1, t. 1. p. 420.
316 AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 8. ed. rev., mod. aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2014. p.
116117.
317 AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução...p. 120.
318 MALUF, Carlos Alberto Dabus; MALUF, Adriana Caldas do Rêgo Freitas Dabus. Introdução ao Direito
Civil. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 37.
319 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil: Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2006. p. 19.
320 FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. p. 74.
321 RIZZARDO, Arnaldo. Parte geral do Código Civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 19.
322 Sobre o tratamento promíscuo dos conceitos de “socialização” e “publicização” do Direito Privado,
ver a crítica de Michele Giorgianni (O Direito Privado e as suas atuais fronteiras...cit. § 1o). De modo
correto: “É importante observar que o fenômeno da constitucionalização dos direitos não se
confunde com o que no Brasil se denominou de publicização” (LÔBO, Paulo. A constitucionali zação
do Direito Civil brasileiro. In. TEPEDINO, Gustavo (Org.). Direito Civil contemporâneo: novos problemas
à luz da legalidade constitucional. Anais do Congresso Internacional de Direito Civil Constitucional da
Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Atlas, 2008. p. 19).
323 CAMBI, Eduardo; FOGAÇA, Marcos Vargas. Direito civil constitucional. Revista de Direito Privado, v. 61,
p. 1335, jan./mar. 2015. item 2.4 (argumentos a a g); ARONNE, Ricardo. Por uma nova Hermenêutica
dos direitos reais limitados: (das raízes aos fundamentos contemporâneos). Rio de Janeiro: Renovar,
2001. p. 10 (argumentos c e h); PEIXOTO, Ester Lopes. O princípio da boafé no Direito Civil brasileiro.
Revista de Direito do Consumidor, no 45, p. 140171, jan./mar. 2003. Item 3.1. (argumento i); DELGADO,
José Augusto. O direito adquirido nas relações de Direito Privado e nas relações de Direito Público.
Revista de julgados do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, v. 10, no 20, p. 1336, jul./set. 1984.
§ 1o (argumento j e k); BOYADJIAN, Gustavo Henrique Velasco; BIZELLI, Rafael Ferreira. A cláusula
geral da função social dos contratos: enfo que específico na sua eficácia externa, sob a perspectiva
civilconstitucional. Revista de Direito Privado, v. 15, no 58, p. 111137, abr./jun. 2014. § 2o (argumento
c); BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Belo Horizonte: Fórum,
2007. p. 2327 (argu mentos a e c); SURGIK, Aloísio. Anotações históricocríticas em torno do binômio
Direito Público Direito Privado...p. 42 (argumento l, afirmando que “não podemos afirmar que a
divisão do direito em direito público e privado, tal como se coloca hoje, tenha origem romana”, além
do que não seria essa uma matéria “tanto lógica; talvez, mais ideológica”); ALMEIDA, Gregório
Assagra de. Direito material coletivo: superação da summa divisio Direito Público e Direito Privado Por
uma nova summa divisio constitucionalizada. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 407419 (argumento c);
RETAMOSO, Mariana Borges. O abuso de direito à luz da Teoria Geral do Direito. Revista de Direito
Privado, v. 9, no 34, p. 221285, abr./jun. 2008 (argumentos e e f); AIRES, Mariella Carvalho de Farias. A
eficácia horizontal dos direitos fundamentais no contrato de trabalho a partir da Constituição Federal
de 1988. Revista de Direito do Trabalho, v. 33, no 128, p. 125154, out./dez. 2007. Item 1.3; (argumentos
d e b).
324 SORDI, Bernardo. Verso la grande dicotomia: Il percorso italiano. In. BENACCHIO, Gian Antonio;
GRAZIADEI, Michele (Orgs.) Il declino della distinzione tra Diritto Pubblico e Diritto Privato...p. 1819.
325 DELLEDONNE, Giacomo. La distinzione tra Privatrecht e öffentliches Recht nel dibattito tedesco. In.
BENACCHIO, Gian Antonio; GRAZIADEI, Michele (Orgs.) Il declino della distinzione tra Diritto Pubblico e
Diritto Privato...p. 6364.
326 RODRIGUES, Darcio Roberto Martins. Aspectos de interesse atual do matrimônio romano. Revista da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 93, p. 81107, jan./dez. 1998. p. 82.
327 CORPUS JURIS CIVILIS. Digesto de Justiniano, Liber Primus: Introdução ao Direito Romano. Traduzido
por Hélcio Maciel França Madeira. Prólogo de Pierangelo Catalano. 7. ed. revista. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2013. p. 1920.
328 AMARAL, Francisco. Individualismo e universalismo no Direito Civil brasileiro permanência ou su-
peração. Revista Brasileira de Direito Comparado, v. 7, no 13, p. 6495, jul./dez. 1992. Item 3.
329 MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 84.
330 Agrande maioria dos manuais brasileiros faz menção ao fragmento de Ulpiano. Apenas a título de
exemplo, citemse algumas referências extraídas de periódicos: CASTRO, Honildo Amaral de Mello.
Falsa dicotomia entre Direito Público e Direito Privado. Revista de Doutrina e Jurisprudência - Tribunal
de Justiça do Estado do Amapá, no 36, p. 3344, jan./abr. 2005. p. 3941; REIS, Sebastião. Uma visão do
Direito: Direito Público e Direito Privado. cit...p. 64; SALDANHA, Nelson. Direito Público e Direito
Privado: Notas sobre o aspecto histórico do problema e sobre a possibilidade de uma revisão. Arquivo
Forense...p. 55; QUEIROZ, João José de. A distinção entre o Direito Público e o Direito Privado. Revista
de Direito da Procuradoria Geral da Prefeitura do Distrito Federal, no 2, p. 1628. 1955. p. 24; FRANÇA, R.
Limongi. Direito Privado...item 1.
331 ALPA, Guido. Manuale di Diritto Privato. 4. ed. Milano: CEDAM, 2005. p. 2122; ALPA, Guido. Diritto
Privato e Diritto Pubblico. Un questione aperta...p. 107; SORDI, Bernardo. Verso la grande dicotomia: Il
percorso italiano. In. BENACCHIO, Gian Antonio; GRAZIADEI, Michele (Orgs.) Il declino della distinzione
tra Diritto Pubblico e Diritto Privato...p. 18.
332 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p.
321322 (embora reconheça haver dúvidas sobre a correta interpretação do fragmento e sua utilidade
para a “distinção sistemática”, especialmente MayerMaly, Kaser e Wieacker).
333 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português: Introdução, doutrina geral e negócio
jurídico. 2. reimp. 3. ed. Coimbra: Almedina, 2009. v. 1, t. 1. p. 31; MOTA PINTO, Carlos Alberto da.
Teoria Geral do Direito Civil...p. 36.
334 BONFANTE, Pietro. La progressiva diversificazione del Diritto Pubblico e Privato. In. BONFANTE,
Estados nacionais. A partir daí eles voltaram a se separar. Nesse sentido: STOLLEIS, Michael.
Öffentliches Recht und Privatrecht im Prozeß der Entstehung des modernen Staates. In. HOFFMANN-
RIEM, Wolfgang; SCHMIDTAßMANN, Eberhard (Orgs.)...cit. p. 60.
348 ANKUM, Hans. La noción de ius publicum en Derecho romano...p. 529.
349 GIUFFRÈ, Vincenzo. Il “Diritto Pubblico” nell’esperienza romana. 2. ed. Napoli: Jovene, 1989. p. 25.
350 GIUFFRÈ, Vincenzo. Il “Diritto Pubblico” nell’esperienza romana...p. 25.
351 GIUFFRÈ, Vincenzo. Il “Diritto Pubblico” nell’esperienza romana...p. 26.
352 LUMIA, Giuseppe. Diritto Pubblico e Diritto Privato nel pensiero di Kant. In. ORECCHIA, Rinaldo (Org.).
La norma giuridica: Diritto Pubblico e Diritto Privato: Atti del IV Congresso Nazionale di Filosofia del
Diritto (Pavia, 1013 Ottobre 1959). Milano: Giuffrè, 1960. p. 385391. cit. p. 385.
353 LUMIA, Giuseppe. Diritto Pubblico e Diritto Privato nel pensiero di Kant...p. 385.
354 LUMIA, Giuseppe. Diritto Pubblico e Diritto Privato nel pensiero di Kant...p. 385.
355 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português...v. 1, t. 1. p. 36 e ss.
356 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português...v. 1, t. 1. p. 37.
357 Parcialmente nesse sentido: MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1.
p. 37.
358 Argumento extraído de: LEISNER, Walter. Unterscheidung zwischen privatem und öffentlichem
Recht...p. 872.
359 “(...) o critério não é aceitável, pelas duas seguintes razões: α) Não pode saber-se, em muitos casos, qual
o interesse predominante. O interesse principalmente tutelado por certas normas será o interesse da
coletividade ou um interesse particular? Muitas vezes não nos restaria, perante a pergunta, senão a
incerteza e a dúvida insuperáveis ou, pelo menos, conducentes a respostas carecidas de certeza. β)
Há normas que, dado o lugar da sua inserção no sistema jurídico e dada a tradição e o
desenvolvimento histórico do direito, são pacificamente classificadas como de direito privado e,
todavia, visam predominantemente interesses públicos. É o que acontece com a maio ria das normas
imperativas (jus cogens)” (MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria geral do Direito Civil...cit. p. 38).
360 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 38.
361 STJ. REsp 302.906/SP, rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, j. 26/08/2010, DJe 01/12/2010.
362 WOLFF, Hans J.; BACHOF, Otto; STOBER, Rolf. Verwaltungsrecht. 11. ed. atual. München: C.H. Beck,
1999. v. 1. § 22, item 3.
363 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 3839.
364 MAURER, Hartmut. Allgemeines Verwaltungsrecht. 18. ed. atual. München: Beck, 2011. § 3, nota
marginal 19.
365 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 39.
366 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 39.
367 MAURER, Hartmut. Allgemeines Verwaltungsrecht...cit. § 3, nota marginal 16.
368 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 40.
369 OLIVEIRA, Nuno Manuel Pinto. Princípios de Direito dos Contratos. Coimbra: Coimbra Editora, 2011. p.
11.
370 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 40.
371 OLIVEIRA, Nuno Manuel Pinto. Princípios de Direito dos Contratos...p. 8.
372 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 41.
373 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 41.
374 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 41.
375 Ateoria foi lançada nesta publicação: WOLFF, Hans Julius. Der Unterschied zwischen öffentli chem
und privatem Recht...cit. p. 205217. Em sentido idêntico: MAURER, Hartmut. Allgemeines
Verwaltungsrecht...cit. § 3, notas marginais 1718. Para a crítica dessa teoria: LEISNER, Walter.
Unterscheidung zwischen privatem und öffentlichem Recht. Juristen Zeitung, v. 61, no 18, p. 869 875,
Sep. 2006. p. 871.
376 Hans Kelsen (Diritto Pubblico e Privato. Rivista Internazionale di Filosofia del Diritto, v. 4, p. 340357,
1924; p. 340) vai se referir a “um caos de opiniões doutrinárias contraditórias”. Nesse sentido, com
variada fundamentação: LEISNER, Walter. Unterscheidung zwischen privatem und öffentlichem
Recht...p. 869870.
CAPÍTULO QUARTO
321.
379 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/images/pesquisasjudiciarias/pesquisa_100_maiores_liti
gantes.pdf. Acesso em 3012017.
380 O avanço da centralização política no Império, entre 1822 e 1850, ano da edição do Código
Comercial, teria provocado “o deslocamento da atividade dos juristas para o campo do direito
privado, principalmente, o Direito Comercial e o Direito Civil de Família e Sucessões” (GEDIEL, José
Antonio Peres. Teixeira de Freitas: Um civilista do Império do Brasil. In. FONSECA, Ricardo Marcelo;
SEELAENDER, Airton Cerqueira Leite (Orgs.). História do Direito em perspectiva: Do Antigo Regime à
Modernidade. 1. ed., 4. reimpr. Curitiba: Juruá, 2012. p. 355).
381 BASTOS, Aurélio Wander. O ensino jurídico no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p. 45.
382 Resolução CNE/CES 5/2018, DOU de 18 de dezembro de 2018, Seção 1, p. 122, republicada no DOU
de 19 de dezembro de 2018, Seção 1, p. 4748.
383 Para uma visão das principais teorias sobre a aquisição de personalidade no quadro das pessoas
naturais: CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu. Tutela civil do nascituro. São Paulo: Saraiva, 2000. p.
135160. Essa autora, como se sabe, filiase à tese concepcionista (Tutela civil do nascituro...p. 161:
“Colocamonos entre os adeptos da doutrina verdadeiramente concepcionista, isto é, aquela que
considera o início da personalidade desde a concepção”).
384 “O direito ao nome não é o mesmo que o direito de dar um nome. O primeiro é próprio do indi víduo;
o segundo, dos pais (...).” O indivíduo “tem o direito de receber e possuir um nome; mas a escolha do
nome é algo que, em princípio, não lhe cabe, mas aos seus descendentes. Tanto é assim que somente
nos casos autorizados em lei o sujeito pode alterar seu nome. A escolha dos pais, em princípio, é
definitiva e insusceptível de mudança. A rigor, cuidase não somente de um direito, mas também de
um dever. Temse, na verdade, um poderdever dos pais quanto à escolha do nome do filho”
(MONTEIRO, Arthur Maximus. Direito ao nome da pessoa natural no ordena mento jurídico brasileiro.
In. MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JR., Otavio Luiz; FRUET, Gustavo Bonato (Orgs.). Direitos da
personalidade. São Paulo: Atlas, 2012. p. 359396).
385 “O parágrafo traz inovação digna de aplausos, reconhecendo legitimação a terceiros para a defesa
dos direitos da personalidade do morto. O brocardo jurídico mors omnia solvit não se aplica aos
direitos da personalidade que se estendem desde a concepção e para além da vida da pessoa na-
tural” (CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu. Comentários ao art. 12. In. COSTA MACHADO, Antonio
Cláudio da (Org.); CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu (Coord.). Código Civil Interpretado. 8. ed.
Barueri: Manole, 2015. p. 3940); RIBEIRO, Ney Rodrigo Lima. Direito à proteção de pessoas fale cidas.
Enfoque lusobrasileiro. In. MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JR., Otavio Luiz; FRUET, Gustavo Bonato
(Orgs.). Direitos da personalidade...p. 424462.
386 ANCONA LOPEZ, Teresa. Comentários ao art. 607. In. ANCONA LOPEZ, Teresa. Comentários ao Código
Civil: Parte Especial: Das várias espécies de contratos: da Locação de Coisas; do Empréstimo; da
Prestação de Serviço; da Empreitada; do Depósito. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 7. p. 232237.
387 WALD, Arnoldo. Comentários ao art. 1.028. In. WALD, Arnoldo. Comentários ao novo Código Civil: Livro
II – Do Direito de Empresa (arts. 966 a 1.195). Rio de Janeiro: Forense, 2005. v. XIV. p. 222 225.
388 “Considerase aberta a sucessão no instante mesmo ou no instante presumido da morte de al guém,
fazendo nascer o direito hereditário e operando a substituição do falecido por seus suces sores a
título universal nas relações jurídicas em que aquele figurava. Não se confundem, todavia. A morte é
antecedente lógico, é pressuposto, é causa. A transmissão é consequente, é efeito da morte”
(HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao art. 1.784. In. HIRONAKA, Giselda Maria
Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil: Do Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva, 2003. v.
20. p. 21).
389 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von privatrecht und öffentlichem Recht...p.
319.
390 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB e da doutrina alemã no Direito Civil brasileiro do
320.
395 Sobre associações, cf. a obra de referência sobre o tema em língua portuguesa: LEONARDO, Rodrigo
Xavier. Associações sem fins econômicos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
396
“Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (...) IV as organizações religiosas. § 1o São livres a
criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo
vedado ao poder público negarlhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários
ao seu funcionamento (...).
397 Para uma interessante discussão sobre a natureza jurídica das associações religiosas: CHAVES,
Antonio. Associações religiosas: natureza jurídica. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo, v. 76, p. 6374, 1981.
398 Sobre o processo de mutação social provocado na modernidade, com a dissolução dos “contornos
da sociedade industrial”: BECK, Ulrich. Risikogesellschaft: Auf dem Weg in eine andere Moderne.
Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1986. p. 14.
399 No original, ungleiche Konsumstile, cf. BECK, Ulrich. Risikogesellschaft...p. 125.
400 No Livro do Apocalipse VI, 2, o apóstolo S. João, em sua terceira visão profética, revelou quatro
cavaleiros, que traziam consigo a peste, a guerra, a fome e a morte. A chegada dos cavaleiros é o
prenuncio da grande tribulação, que terminaria com a batalha do Armagedom. A metáfora aqui
utilizada relacionase à percepção que milhares de pessoas tiveram, durante a Primeira Guerra
Mundial, de que o conflito seria uma comprovação da profecia apocalíptica. O sofrimento das po-
pulações europeias no período de 19141918 foi agravado pela fome, guerra, morte e pela peste (a
gripe espanhola, que ceifou milhões de vidas).
401 NAM, KiYeon. Persönlichkeitsrechtsschutz in Ungleichgewichtslagen – am Beispiel des Sports. Frankfurt
am Main; Berlin; Bern; Wien: Lang, 2007. passim.
402 CARRÁ, Bruno Leonardo Câmara. Responsabilidade civil sem dano: Uma análise crítica. Limites
epistêmicos a uma responsabilidade civil preventiva ou por simples conduta. São Paulo: Atlas, 2015.
p. 1718.
403 MALUF, Carlos Alberto Dabus. Limitações ao direito de propriedade: De acordo com o Código Civil de
2002 e com o Estatuto da Cidade. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 108 ss.
404 Nesse sentido: “(...) a despeito do silêncio doutrinário a respeito do assunto, foramse elaborando, no
âmbito dos tipos taxativamente previstos pelo legislador, negócios jurídicos que provocam profunda
evolução dos direitos reais, passandose ao largo da discussão acerca da vigência do princípio do
numerus clausus. Não se pode negar, nesta direção, que as servidões prediais e as grandes
incorporações imobiliárias constituíramse de tipos abertos, cujo conteúdo foi sendo fixado, não sem
ousadia, pelo operador econômico, delineandose um quadro riquíssimo de servidões rurais,
condomínios com di mensões fabulosas, empreendimentos de shoppings centers,
multipropriedades imobiliárias e condo mínios de fato, utilização de espaços em cemitérios, tudo isso
sem que houvesse previsão legal especí fica” (TEPEDINO, Gustavo. Teoria dos bens e situações
subjetivas reais. In. TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. t. II, p.
143). O STJ acolheu a tese de Gustavo Tepedino ao conceder natureza de direito real à
multipropriedade imobiliária, ainda que nascida da autonomia da vontade (STJ. REsp 1546165/SP, rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, rel. para o acórdão Min. João Otávio de Noronha, Terceira Turma, j.
26/04/2016, DJe 06/09/2016). Registrando a preocupação com os efeitos dos contratos de time-
sharing sobre o direito dos consumidores: MARQUES, Claudia Lima. Contratos de “timesharing” e a
proteção dos consumidores: Crítica ao Direito Civil em tempos pós modernos. Revista de Direito do
Consumidor, no 22, p. 6486, abr./jun. 1997.
405 GRIMALDI,Michel. Problèmes actuels des sûretés réelles Rapport Français. AA.VV. Les garanties de
financement: Travaux de l’Association Henri Capitant – Journées Portugaises. Paris: LGDJ, 1998.
t.XLVII, p. 155; GRIMALDI, Michel. Projet de réforme du droit des sûretés. Revue des Contrats, no 3,
2005, p. 782. Em língua portuguesa, cf. o abrangente estudo sobre esse novo tratamento
epistemológico do “Direito das Garantias” em: SILVA, Fábio Rocha Pinto e. Sistema de garantias no
Direito brasileiro: Análise sistemática das garantias positivadas e uma proposta para sua reforma. Tese
de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, 2016.
406 PINHEIRO, Jorge Alberto Caras Altas Duarte. O núcleo intangível da comunhão conjugal: Os deve res
PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p.
805831. cit. p. 819825 (com indicação jurisprudencial); MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 6.
ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 376386, confronta a “doutrina amplamente
permissiva”, a “doutrina restritiva” e a “doutrina contrária” ao dano mo ral no Direito de Família;
GOMIDE, Alexandre Junqueira. Abandono afetivo. In. LAGRASTA NETO, Caetano; SIMÃO, José
Fernando (Coords.). Dicionário de Direito de Família. São Paulo: Atlas, 2015. v. 1 (AH). p. 2731
(concluindo que “a violação do dever de cuidar, educar e dar afeto ao seu próprio filho pode ser
considerada conduta que viola direitos da personalidade da criança e do adolescente, de modo a
ensejar a reparação pelo dano moral”, cit. p. 30).
408 TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Reparação civil na separação e no divórcio. São Paulo: Saraiva,
Rodrigues Jr. e Marcela Paes de Andrade Lopes de Oliveira. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v.
7, p. 243278, abr./jun. 2016. p. 271276.
416 Omais perfeito exemplo desse recuo acabou, de certo modo, assumido pelo próprio Natalino Irti,
autor do clássico estudo L’età della decodificazione, de 1979, aqui utilizado com esta referência: IRTI,
Natalino. L’età della decodificazione. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial, v. 3, no
10, p. 1533, out./dez. 1979. Em 1999, em uma quarta edição desse livro, Irti afirma que não se dedicou
a uma defesa da supressão das codificações, mas à descrição de uma realidade existente à época, e
que já não mais se verificava no contexto dos anos 1990. Aqui utilizada com esta referência: IRTI,
Natalino. L’età della decodificazione. 4. ed. Milano: Giuffrè, 1999. p. 9 ss.
417 O movimento antirrecodificação foi intenso e liderado, na época, por expressivos nomes do Direito
Civil Brasileiro: “Na contramão dessas mudanças, inaugurase um novo diploma legislativo, o qual não
guarda nem atende aos anseios sociais desse sujeito concreto da contemporaneidade” (FACHIN, Luiz
Edson. Sujeito, poder e Direito na contemporânea principiologia axiológica civil constitucional. In.
TORRES, Heleno Taveira (Coord.). Direito e poder: nas instituições e nos valores do público e do
privado contemporâneos: Estudos em homenagem a Nelson Saldanha. Barueri: Manole, 2005. p. 609-
632, cit. p. 612); JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Insuficiências, defi ciências e desatualização do
projeto de Código Civil na questão da boafé objetiva nos contratos... cit.; TEPEDINO, Gustavo. Código
Civil, os chamados microssistemas e a Constituição: Premissas para uma reforma legislativa. Revista
da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no 6/7, p. 1325, 1998/1999.
418 Há 29 anos, também se dizia que “o processo de codificação do direito privado, ora sob a forma
concentrada, ora sob a de grandes cortes setoriais, não se interrompeu”. Como exemplos cita vamse
como “suas mais recentes manifestações” os códigos civis de Portugal (1966), Alemanha Oriental
(1975), Bolívia (1975), Peru (1984), Paraguai (1985), República Popular da China (1986), Etiópia (1960),
Sudão (1971), Somália (1973) e Argélia (1975), além do código de obrigações da Iugoslávia, de 1978
(VILLELA, João Baptista. Introdução. In. NONATO, Orosimbo; GUIMARÃES, Hahnemann; AZEVEDO,
Philadelpho. Anteprojeto de Código de Obrigações. Introdução, organiza ção e notas de João
Baptista Villela. Arquivos do Ministério da Justiça, v. 41, no 174, p. 7150, out./ dez. 1988. p. 10). Em
sentido idêntico: AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução...p. 204.
419 Nesse sentido: “Mas, respeitando a história, podemos dizer que a hora é atualmente a da re-
físico e o ambiente virtual: aparelhos variados podem ser conectados à Internet, o que viabiliza seu
acesso remoto e controle através de dispositivos ligados à rede. Esse mecanismo permite maior
planejamento, segurança e precisão na utilização dos bens, o que se dá através da acumulação
inteligente de informações sobre eles. Prevêse um impacto positivo não apenas na vida doméstica,
mas também em setores estratégicos, a exemplo da agropecuária, da saúde e da educação. Cf.
GUBBI, Jayavardhana et al. Internet of Things (IoT): A vision, architectural ele ments and future
directions. Future Generation Computer Systems, v. 29, p. 16451660, 2013. esp. p. 16451646 (onde se
destaca que o novo “modelo” gerará uma quantidade imensa de dados, que precisarão ser
armazenados e processados de forma fácil e eficiente).
426 Era dos dados é um termo bastante amplo que pode, contudo, ser usado para descrever o mo mento
concepção de intimidade e de qual tutela lhe deve ser atribuída. O tratamento jurídico pressupõe a
inevitabilidade do aumento do fluxo de dados pessoais em razão da interação global promovida
pelas tecnologias da telecomunicação e da informática. De um lado, relativizase a intimidade,
ampliandose a possibilidade de acesso a dados e informações de natureza pessoal; de outro, buscase
fortalecer a proteção da pessoa inserindo nos poderes do titular desse direito de perso nalidade o
controle não só sobre o acesso, mas também no que se refere ao seu tratamento, à sua utilização e à
sua circulação” (GEDIEL, José Antonio Peres; CORRÊA, Adriana Espíndola. Proteção jurídica de dados
pessoais: a intimidade sitiada entre o Estado e o mercado...p. 143).
430 Normas extravagantes sobre proteção de dados já se encontram em vigor em alguns países ou
ordenamentos comunitários: a) Regulamento (UE) 2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 27 de abril de 2016, relativo à proteção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento
de dados pessoais e à livre circulação desses dados e que revoga a Diretiva 95/46/ CE (Regulamento
Geral sobre a Proteção de Dados); b) Lei nº 19.628, de 28 de agosto de 1999, sobre a proteção de
dados de caráter pessoal (Chile); c) Lei nº 67/98, de 26 de outubro de 1998, Lei de Proteção de Dados
Pessoais (Portugal); d) Lei nº 25.326, de 4 de outubro de 2000, que dispõe sobre os princípios gerais
relativos à proteção de dados (Argentina).
431 Para Danilo Doneda (Princípios de proteção de dados pessoais...p. 379), durante muito tempo, no
Brasil, o CDC constituiu “a única norma que tratou da proteção de dados de forma mais específica
(exceção feita à norma que regulamenta a ação de habeas data que, no entanto, no Brasil jamais
evoluiu no sentido de proporcionar um patamar geral de proteção aos dados pessoais”. A referên cia
é aos arts. 43 e 44 do CDC.
432 Pela insuficiência do CC/2002 ou do CDC, na ausência de uma lei de proteção de dados pessoais
específica: VERONESE, Alexandre; MELO, Noemy. O projeto de lei nº 5.276/2016 em contraste com o
novo regulamento europeu (2016/679 EU). Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 12, jul./ago., p.
7179, 2017. Pela suficiência do CDC e do MCI, até que se aprove uma lei de proteção de dados
pessoais: MENDES, Laura Schertel. A tutela da privacidade do consumidor na Internet: uma análise à
luz do Marco Civil da Internet e do Código de Defesa do Consumidor. In. DE LUCCA, Newton; SIMÃO
FILHO, Adalberto; LIMA, Cíntia Rosa Pereira de (Coords.). Direito & Internet III: Marco Civil da Internet
(Lei nº 12.965/2014). São Paulo: Quartier Latin, 2015. t. I. p. 471501.
433 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p.
328.
434 BYDLINSKI,Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p.
329.
435 WOLFF, Hans J.; BACHOF, Otto; STOBER, Rolf. Verwaltungsrecht...cit. § 22, II, 1, b.
436 “A responsabilidade criminal do servidor é apurada mediante processo penal, nos respecti vos juízos.
É possível que a mesma conduta configure infração administrativa, acarrete dano à Administração e
seja tipificada como crime. Neste caso, o servidor arcará com as consequências da responsabilidade
administrativa, civil e criminal, pois as três têm fundamento e natureza di versos. O mesmo se aplica
na ocorrência de duas modalidades de infração” (MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo
moderno...p. 345346).
437 Para uma análise da conversão do negócio jurídico no direito intermédio, cf. DEL NERO, João Alberto
Schützer. Conversão substancial do negócio jurídico. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 175187.
438 Problemas de qualificação referemse aqui não ao “momento da nomogênese jurídica”, no qual se
“observa a experiência jurídica da perspectiva genética, como complexo de fatos e avaliações que
culminam no estabelecimento de uma certa norma jurídica”. Esse ato de qualificação jurídica
“antecede a norma jurídica e nela se objetiva, constituindo objeto de estudo próprio da filosofia do
direito, da política do direito e da teoria geral do direito”. O sentido utilizado ao se aludir aos
“problemas de qualificação” diz com “o momento da aplicação dos modelos normativos”, o que se
constitui em “objeto de estudo próprio da dogmática jurídica ou teoria dogmática do direito, a que o
momento monogenético, embora não constitua aspecto típico de exame, não é estra nho, dada sua
relevância para a atividade de interpretação” (DEL NERO, João Alberto Schützer. Conversão
substancial do negócio jurídico...p. 1213.
439 Sobre o Direito Regulatório e seus vínculos com outras áreas do Direito: WALD, Arnoldo. O Direito da
Regulação, os contratos de longo prazo e o equilíbrio econômico financeiro. Revista dos Tribunais,
São Paulo, v. 96, no 866, p. 1123, dez. 2007. p. 1215.
440 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002. p. 16 (para a análise do negócio jurídico como categoria – “fato jurídico abstrato” – e
como fato – “fato jurídico concreto”, ou seja, “todo fato jurídico consistente em de claração de
vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, respeitados os
pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide”).
441 “O vendedor, ainda depois da entrega, fica responsável pelos vícios e defeitos ocultos da coisa ven-
dida, que o comprador não podia descobrir antes de a receber, sendo tais que a tornem imprópria ao
uso a que era destinada, ou que de tal sorte diminuam o seu valor, que o comprador, se os
conhecera, ou a não comprara, ou teria dado por ela muito menor preço” (art. 210, CCom/1850);
“Tem principalmente aplicação a disposição do artigo precedente quando os gêneros se entregam
em fardos ou debaixo de coberta que impeçam o seu exame e reconhecimento, se o comprador,
dentro de 10 (dez) dias imediatamente seguintes ao do recebimento, reclamar do vendedor falta na
quantidade, ou defeito na qualidade; devendo provarse no primeiro caso que as extremidades das
peças estavam intactas, e no segundo que os vícios ou defeitos não podiam acontecer, por caso
fortuito, em seu poder. Essa reclamação não tem lugar quando o vendedor exige do comprador que
examine os gêneros antes de os receber, nem depois de pago o preço” (art. 211, CCom/1850).
442
Art. 178, § 2o, CC/1916 (prazo de quinze dias, conquanto fosse considerado de natureza pres-
cricional), correspondente de modo parcial ao art. 445, CC/202 (prazo de 30 dias, se a coisa for móvel,
e de um ano, se for imóvel, considerado como decadencial. Há variações sobre o início da contagem
do prazo).
443 “O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I trinta dias,
do Superior Tribunal de Justiça. Revista de Direito Civil Contemporâneo. v. 1, ano 1, p. 2739, out./dez.
2014. p. 3637. No mesmo sentido: RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Um “modelo de revisão contratual por
etapas”... cit., p. 476.
446 “É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa” (Súmula STJ 356).
447 STJ. REsp 911.802/RS, rel. Min. José Delgado, Primeira Seção, j. 24/10/2007, DJe 01/09/2008.
448 Trecho da ementa do REsp 911.802/RS, rel. Min. José Delgado, Primeira Seção, j. 24/10/2007, DJe
01/09/2008.
449 Trecho do votovogal do min. Humberto Martins no REsp 911.802/RS, rel. Min. José Delgado, Primeira
325 a.C.), de ser impossível a conciliação das normas e convenções sociais com a realidade da vida
virtuosa. O cinismo estaria assim na descrença de que as teorias possam se amoldar aos fenômenos
jurídicos em sua exteriorização no mundo real.
454 MENEZES CORDEIRO, António. Tratado de Direito Civil português...v. 1, t. 1. p. 52.
455 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia...p. 414; MARINO,
Francisco Paulo de Crescenzo. Interpretação do negócio jurídico. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 2129.
456 Com referência a essa crise do negócio jurídico: “(...) há décadas que se fala em crise: crise do negócio
jurídico, crise do contrato, crise do direito contratual, declínio do contrato ou da liberdade contratual,
desagregação da doutrina do contrato, corrupção do pensamento contratual, aporia da autonomia
privada ou tão somente crise da concepção liberal do contrato (...)” (FERREIRA DE ALMEIDA, Carlos.
Texto e enunciado na teoria do negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 11).
457 ALPA, Guido. Diritto Privato e Diritto Pubblico. Un questione aperta...p. 109110.
458 WOLFF, Hans J.; BACHOF, Otto; STOBER, Rolf. Verwaltungsrecht...§ 22, item 3.
459 Por uma questão de honestidade intelectual é importante dizer que a tese de Kelsen sobre a “grande
dicotomia” evoluiu ao longo de seus trabalhos de 1911, 1922, 1924, 1934, 1945 e 1960. O fato de ele
ter voltado tantas vezes ao tema é revelador de sua importância e de sua permanência como uma
pauta central da Teoria do Direito desde o início do século XX até os dias de hoje. Ele passa da tese da
impossibilidade de se elaborar um critério satisfatório para a distinção ao pos terior reconhecimento
de que haveria duas teorias prevalentes: a teoria do interesse e a teoria da vontade. Sua posição final
é a de que a distinção Direito PúblicoDireito Privado não tem valor teórico, mas apenas valor prático
(PUPOLIZIO, Ivan. Materiali per uno studio sociologico della distinzione tra Diritto Pubblico e Diritto
Privato. Sociologia del Diritto. v. XXXIX, no 2, p. 735, 2012. p. 1213).
460 Em alemão, alles Recht ist Staatsrecht. Cf. KELSEN, Hans. Hauptprobleme der Staatsrechtslehre... p. X;
DIAS, Gabriel Nogueira. O positivismo jurídico e a Teoria Geral do Direito...p. 133, nota de rodapé 8.
461 RANELLETTI, Oreste. Il concetto di ‘pubblico’ nel diritto...p. 337 ss.
462 MELO FRANCO, Afonso Arinos de. Curso de Direito Constitucional brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2019. item 21 (embora o autor reconheça a importância prática da distinção sistemática e
que ela se expressa também no plano da formação e da atuação profissional no Direito).
463 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...cit. p. 39.
464 FORSTHOFF, Ernst. Der Staat der Industriegesellschaft: Dargestellt am Beispiel der Bundesrepublik
Deutschland. 2. ed. inalterada. München: Beck, 1971. p. 143144.
465 MEDEIROS, Jarbas. Ideologia autoritária no Brasil: 19301945. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
1978. p. 30.
466 MOLITOR, Erich. Über Öffentliches Recht und Privatrecht. Eine rechtssystematische Studie. Karlsruhe: C.
Derecho. Tradução de Cristina García Pascual. Madrid: Dykinson, 2008. p. 259267, cit. esp. p. 259.
469 LA TORRE, Massimo. La lucha contra el derecho subjetivo: Karl Larenz y la teoría nacionalsocialista del
Derecho...p. 260.
470 LA TORRE, Massimo. La lucha contra el derecho subjetivo: Karl Larenz y la teoría nacionalsocialista del
Derecho...p. 260.
471 LA TORRE, Massimo. La lucha contra el derecho subjetivo:Karl Larenz y la teoría nacionalso cialista del
Derecho...p. 275277, citando Larenz em: LARENZ, Karl. Die Rechtsordnung als völ kische
Lebensordnung. In. AAVV. Tag des deutschen Rechts, 1939. 6. Reichstagung d. Nat.soz.
Nationalsozialistischer Rechtswahrerbund. Berlin: Deutscher Rechtsverlag, 1939. p. 557574.
472 MAGGIORE, Giuseppe. L’aspetto pubblico e privato del Diritto e la crisi dello Stato moderno...cit. p.
141.
473
Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998. Essas organizações celebram os chamados contratos de gestão
com a Administração, com vistas ao estabelecimento de parcerias para a consecução de atividades
variadas (ensino, pesquisa, cultura, saúde, desenvolvimento tecnológico etc.), de modo que “o poder
público deixará de ser executor direto de atividades ou serviços naquelas áreas, para ser
incentivador, fornecedor de recursos e fiscal da execução” (MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo
moderno...p. 115).
474
Lei no 9.790, de 23 de março de 1999.
475 LEONARDO, Rodrigo Xavier. Associações sem fins econômicos...p. 280.
476 IRTI, Natalino. L'età della decodificazione. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial,
1979...p. 2627.
477 LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do Direito Privado. Tradução de Vera Maria Jacob de Fradera.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 34.
478 GOMES, Orlando. A caminho dos microsistemas. In. GOMES, Orlando. Novos temas de Direito Civil. Rio
de Janeiro: Forense, 1983. p. 4150.
479 BYDLINSKI, Franz. System und Prinzipien des Privatrechts...p. 426429.
480 FILOMENO, José Geraldo Brito. Dos direitos do consumidor. In. GRINOVER, Ada Pellegrini; BENJAMIN,
Antônio Herman de Vasconcellos e; et alii. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado
pelos autores do anteprojeto. 11. ed., rev., atual. e reform. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 11.
481 Há fórmulas mais brandas, as quais, no entanto, não negam a natureza privatística do Direito de
Família. Uma delas é a que reconhece a analogia de natureza e de estrutura da relação jurídica de
Direito de Família com a relação jurídica de Direito Público. Em defesa dessa analogia: ALIMENA,
Francesco. Osservazioni sulla distinzione del Diritto in pubblico e privato...p. 18 e 27.
482 MORAES, Bernardo B. Queiroz de. Código Civil e Direito de Família: (In)conveniência de um mi-
“delitos individuais” cometidos por membros da Família Imperial, além de outros dignitários do
Estado. No Título 5º da CI/1824 (“Do Imperador”) havia um Capítulo III, intitulado “Da Familia Imperial,
e sua Dotação” (arts. 105 a 115). Na Constituição Espanhola de 1978, o Título II (“De la Corona”)
contém diversos artigos sobre a família real, como os de números 57, 58, 60 e 65.
484 GARCEZ, Martinho. Do Direito de Família segundo o projecto de Código Civil Brazileiro. Rio de Janeiro:
Jacintho Ribeiro dos Santos Editor, 1914. p. 1011.
485 Embora a última comissão governamental do Império para o Código Civil, constituída em 1º de julho
de 1889, tenha deliberado e atingido o consenso para incluir em seu projeto o “casamento ci vil; o
homestead; o sistema Torrens; a livre disposição testamentária; a personalidade, o estado, a
capacidade civil e os direitos de família; a lei de personalidade segundo as sucessões legítima e
testamentária; a preferência dos cônjuges aos colaterais na ordem da sucessão legítima; o divórcio
no caso de adultério” (LOBO, Abelardo Saraiva da Cunha. Curso de Direito Romano: História; sujeito e
objecto do direito; instituições jurídicas...p. 609). Essa comissão era composta pelo ministro da
Justiça, Conselheiro Cândido de Oliveira, além de Olegário H. de Aquino e Castro, Afonso A. Moreira
Pena, Antônio Coelho Rodrigues, José da Silva Costa, M. P. de Souza Dantas e Barão de Sobral. O
imperador D. Pedro II participou de todas as sessões e foi seu presidente de facto (MEIRA, Silvio A. B.
Pedro II e as grandes codificações imperiais: um novo Justiniano. Revista de Direito Civil, Imobiliário,
Agrário e Empresarial, v. 1, no 1, p. 211226, jul./set. 1977. p. 222).
486 “Eis a que extremos cahiu a secularisação do matrimônio. Para ser um casamento a contento, apenas
faltalhe o prazo. Um passo mais, e entraremos no regimen das uniões livres. E nem pre cisaria tanto,
com as facilidades que o Projecto offerece, para que dentro de curto período mu lheres, remodelados
os tempos de Seneca, non consulum numero sed maritorum, annos suos computent. Nesta relação,
bem poderíamos accommodar um trecho das observações do sr. dr. Clovis Beviláqua ao Projecto do
Código Civil: o erro essencial no art. 223, é mais um ‘expediente que, sobre as ruinas de uma familia,
ergue a possibilidade de outras ruinas, formando uma triste cadeia de matrimônios ephemeros, na
qual se vae a dignidade ensombrando, a noção do dever apagando e a organisação da familia
dissolvendo’” (MACHADO, Brasílio. A instabilidade da família, mercê do Projeto do Código Civil
brasileiro. Revista da Faculdade de Direito de São Paulo, v. 9, p. 143169, 1901. p. 169).
487 “O reconhecimento dos filhos naturais será isento de quaisquer selos ou emolumentos, e a heran ça,
que lhes caiba, ficará sujeita, a impostos iguais aos que recaiam sobre a dos filhos legítimos” (art. 147,
CF/1934).
488 “A família é constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à proteção especial do
Estado. § 1º O casamento será civil, e gratuita a sua celebração. O casamento religioso equiva lerá ao
civil se, observados os impedimentos e as prescrições da lei, assim o requerer o celebrante ou
qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no Registro Público. § 2º O casamento
religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, terá efeitos civis, se, a requerimento do casal,
for inscrito no Registro Público, mediante prévia habilitação perante a autoridade compe tente” (art.
163, CF/1937).
489 “Art 167 A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos Poderes Públicos. § 1º -
O casamento é indissolúvel. § 2º O casamento será civil e gratuita a sua celebração. O casa mento
religioso equivalerá ao civil se, observados os impedimentos e as prescrições da lei, assim o requerer
o celebrante ou qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no Registro Público. § 3º O
casamento religioso celebrado sem as formalidades deste artigo terá efeitos civis se, a requerimento
do casal, for inscrito no Registro Público mediante prévia habilitação perante, a autoridade
competente. § 4º A lei instituirá a assistência à maternidade, à infância e à adoles cência” (art. 167,
CF/1967).
490 A abordagem do tema e parte das fontes utilizadas, como exposta neste parágrafo, correspondem ao
que foi desenvolvido anteriormente pelo autor em: RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A influência do BGB
e da doutrina alemã no Direito Civil brasileiro do século XX...p. 52 e 56.
491 SCHULTENÖLKE, Hans. Die schwere Geburt des Bürgerlichen Gesetzbuchs. Neue Juristische
Wochenschrift. v. 49, p. 170517010, 1996. p. 17051706.
492 WIEACKER, Franz. Der Kampf des 19. Jahrhunderts um die Nationalgesetzbücher. In. KASER, Max et alii
(Orgs.). Festschrift für Wilhelm Felgentraeger: Zum 70. Geburtstag. Göttingen: O. Schwartz, 1969. p. 409-
422.
493 SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER, Roland (Hrsg). Op. cit., notas marginais 910.
494 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von privatrecht und öffentlichem Recht... p.
340.
495 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von privatrecht und öffentlichem Recht... p.
346.
496 BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der Unterscheidung von privatrecht und öffentlichem Recht...p.
351.
SEGUNDA PARTE
497 Gustavo Tepedino (Editorial: Vinhos novos para odres novos: tributo a Antonio Junqueira de
Azevedo. Revista Trimestral de Direito Civil – RTDC, v. 40, nº 10, p. IIIIV, out.dez. 2009. p. IV) tam bém se
refere a essa parábola, lembrando as lições de Antonio Junqueira de Azevedo: “Ao invocar trecho do
Evangelho de sua predileção (Marcos 2:2122), deixa o Professor Antonio Junqueira aconselhamento
precioso para o futuro do direito civil brasileiro: ‘Ninguém costura remendo de pano novo em veste
velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotu ra. Ninguém põe vinho
novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os
odres. Mas põese vinho novo em odres novos’”.
498 A tradução para o português do primeiro capítulo do livro The New German Law of Obligations:
Historical and Comparative Perspectives foi publicada em: ZIMMERMANN, Reinhard. O Código Civil
alemão e o desenvolvimento do Direito Privado na Alemanha. Tradução, revisão e notas: Arthur
Maximus Monteiro, João Carlos Mettlach, Otavio Luiz Rodrigues Jr. e Jan Peter Schmidt. Revista de
Direito Civil Contemporâneo. vol. 12. ano 4. p. 317318, jul./set. 2017. Estas informações foram
reproduzidas na tradução, em nota de rodapé.
499 Cf.
SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do Direito...esp. p. 17174; DIMOULIS, Dimitri;
MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 5. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: RT,
2014, p. 95114 (embora mais voltado ao conceito de eficácia dos direitos fundamentais em relação
aos particulares); DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos
fundamentais. Construção de um modelo de convergência à luz dos contratos de con sumo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 117; LEAL, Fernando. Seis objeções ao Direito Civil
constitucional. Direitos Fundamentais e Justiça, v. 9, no 33, p. 123165, out./dez. 2015 (embora seja um
trabalho mais voltado à crítica metodológica do Direito Civil Constitucional).
500 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O direito ontem e hoje: crítica ao neopositivismo constitucio nal e
à insuficiência dos direitos humanos. Revista do Advogado, v. 28, no 99, p. 714, set., 2008; CASTRO
JUNIOR, Torquato. Constitucionalização do Direito Privado e mitologias da legislação: Código Civil
versus constituição. In. SILVA, Artur Stamford da (Org.) O judiciário e o discurso dos direitos humanos.
Recife: EDUFPE, 2011. p. 5966; BORGES, Roxana Cardoso; LINS, Emanuel. Igualdade substancial e
autonomia privada no Código Civil brasileiro de 2002. In. SILVA, Rafael Peteffi da; AMUNÁTEGUI
RODRIGUEZ, Cristina. (Orgs.) III Encontro de Internacionalização do CONPEDI/ Universidad Complutense
de Madrid: Direito Mercantil, Direito Civil, Direito do Consumidor, Novas Tecnologias Aplicadas ao
Direito. Madrid: Ediciones Laborum, 2015, v. 8, p. 29; COSTA FILHO, Venceslau. Não mencione o
Código de Napoleão! Análise crítica da pesquisa no ambiente das pósgraduações em Direito Civil. In.
RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski; SOUZA, Eduardo Nunes de; BEZERRA DE MENEZES, Joyceane;
ERHARDT JUNIOR, Marcos (Orgs.). Direito Civil constitucional: A ressignificação da função dos
institutos fundamentais do Direito Civil contemporâneo e suas conse quências. Florianópolis:
Conceito, 2014. p. 609 ss; TIMM, Luciano Benetti. “Descodificação”, cons titucionalização e
reprivatização no Direito Privado: O código civil ainda é útil? The Latin American and Caribbean
Journal of Legal Studies, v. 3, fascículo 1, p. 127, 2008. p. 22; FIUZA, César. Direito Civil: Curso
completo...p. 145150; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social: Exame crítico de um
caso de “constitucionalização” do Direito Civil...cit.
501 Particularmente, a obra pioneira de Virgílio Afonso da Silva (A constitucionalização do Direito
Privado...cit.), que, para além de seus méritos intrínsecos, optou por um caminho honesto inte-
lectualmente ao não defender a “colonização” do Direito Privado pelo Direito Constitucional.
502 A distribuição temporal dos dados é esta (ano e número de artigos): a) 2010 até agora (48); b) 2005 a
2010 (26); c) 2000 a 2005 (24); d) 1990 a 1999 (24); e) 1980 a 1989 (5); f) 1970 a 1979 (1); g) 1960 a 1969
(1); h) 1950 a 1959 (1).
503 CANARIS, ClausWilhelm. Grundrechte und Privatrecht, 1999...cit. p. 1011.
504 Háevidentemente vários formalismos e igualmente diversas acepções de formalismo. O combate ao
formalismo, não raramente, conduziu a críticas baseadas em argumentos caricatos, como os que se
encontram à obra de Hans Kelsen, muito apropriadamente denominado de “o formalista expiatório”,
em um belo trocadilho, por Fernando Leal (O formalista expiatório: leituras impuras de Kelsen no
Brasil. Revista Direito GV, v. 10, no 1, p. 245268, jan./jun. 2014).
505 No Evangelho de S. Mateus (VI, 12) está a condenação àqueles que apenas fazem justiça diante de
outros homens, para serem vistos e elogiados, bem assim os que fazem “tocar trombetas na frente”
quando dão esmolas. Ainda em S. Mateus (VI, 34), podese encontrar a célebre recomen dação sobre a
forma correta de se fazer a caridade: “Ao contrário [dos hipócritas], quando você der esmola, que a
sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que
vê o escondido, recompensará você”.
506 “Do ponto de vista antropológico, em segundo lugar, o homem não é ‘uma mente’, que tem um
corpo; ele todo é corpo. O racionalismo iluminista, que deu origem à concepção insular, corres ponde
visualmente à figura do homem europeu: o terno que veste deixalhe à mostra somente a cabeça e as
mãos (= razão + ação, ou vontade); o resto do corpo é a parte oculta do iceberg a natureza física, cuja
essência, no homem, aquela filosofia ignora. Essa parte do corpo (entre pa rênteses, observamos que
insensivelmente o ‘corpo’ é pensado por nós muitas vezes à europeia como a parte de nosso ser que
não é a cabeça), essa parte do corpo, repetimos, é considerada uma ‘máquina’ ou um ‘mecanismo’
tido pela mente. (...) O presente texto resulta de comunicação feita em congresso realizado em Ouro
Preto, onde há, em algumas igrejas, ‘santos de roca’ da época do Iluminismo; essas imagens também
servem muito bem para ilustrar a concepção insular da pessoa humana: somente têm cabeça e mãos,
o resto é ‘roupa’. Não deixa de ser curioso observar como essas imagens não são apreciadas pelos
brasileiros. É claro – elas não correspondem à nossa formação africana e indígena, que valoriza o
corpo e a vida” (JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Caracterização jurídica da dignidade da pessoa
humana. In. JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Estudos e pareceres de Direito Privado. São Paulo:
Saraiva, 2004. p. 56 e nota de rodapé 4).
507 “Os sabinianos julgavam que o novo produto deveria pertencer ao dono da matériaprima, por que
sine materia nulla species effici potest. Os proculianos defendiam a tese contrária pois, se gundo êles, a
propriedade da coisa pertenceria ao especificador quia quod factum est autem nullius fuit. De acôrdo
com a doutrina dêstes últimos, o trabalho era um modo de aquisição da propriedade. Alguns
romanistas acham que a tese dos sabinianos recebera influência da escola estóica, que imprimia
grande importância à essência das coisas, ao passo que os proculianos se inspiravam nas idéias da
escola aristotélica, que dava maior importância à forma da coisa” (LONDRES DA NÓBREGA, Vandick.
História e sistema do direito privado romano. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1962. p. 252253). Cf.
também KASER, Max. Direito privado romano...p. 158 (reconhecendo a influência, sobre esses casos,
muito mais de doutrinas filosóficas do que de critérios práticos).
508 CARVALHO SANTOS, João Manuel de. Código Civil brasileiro interpretado (principalmente do pon to-
devista prático). 9. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1961. v. VIII (direito das coisas). p. 271.
509 CARVALHO SANTOS, João Manuel de. Código Civil brasileiro interpretado...cit. v. VIII. p. 272.
510 Com farta indicação bibliográfica sobre o tema e especial análise sobre a vida e obra de Guilherme de
Ockham (e sua complexa evolução intelectual): CANELLA, Giulio. Il nominalismo e Guglielmo d’Occam:
Studio critico di storia dela filosofia medievale (IX a XIV secolo). Firenze: Libreria Editrice Fiorentina,
1907. p. 164 ss. Cf. também, como obra mais geral: GILSON, Étienne. A filosofia na Idade Média.
Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 794816, com indicação
bibliográfica.
511 ECO, Umberto. O nome da rosa. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade.
von Dr. Erich Adickes. Berlin: Mayer & Müller, 1889. p.7179 (espaço) e p.8088 (tempo).
514 KAUFMANN, Arthur. Analogía y naturaleza de la cosa: hacia una teoría de la comprensión jurídica.
Tradução de Enrique Barros Bourie. Santiago: Editorial Juridica de Chile, 1976. p. 12, nota 3.
515 O discípulo de Radbruch, Arthur Kaufmann (Filosofia do direito. Tradução de António Ulisses Cortês.
Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 63 e 65), dá o tom sobre essa famosa “conversão” de seu mestre
e a polêmica em torno dela: “Na literatura sobre Radbruch surgiu uma forte con trovérsia sobre se na
sua vida e especialmente na sua filosofia jurídica existiu uma ‘ruptura’, ou mesmo uma ‘experiência
de Damasco’, ou se a transformação, nele indubitavelmente ocorrida e nunca por si negada, foi
apenas expressão de um desenvolvimento contínuo e ininterrupto. Mais claramente: tornouse o
outrora ‘positivista’ Radbruch um ‘jusnaturalista’ sob o impacto do Estado de nãoDireito do nacional-
socialismo? Há passos na obra de Radbruch com a quais se po deria comprovar tal ruptura. Mas
também se pode, sem dificuldade, invocar citações em sentido contrário (...). Por outro lado, mesmo
sob o influxo do Estado de nãoDireito, Radbruch não se desligou totalmente do positivismo jurídico.
Ele nunca sacrificou a segurança jurídica, como uma parte constitutiva da ideia de direito, a um vago
pensamento jusnaturalista E ainda: “Em Radbruch o direito justo apenas existe ‘aproximadamente’,
mas o ‘direito infame’ nunca foi por ele aceite, nem mesmo no seu período inicial. A teoria de
Radbruch acerca da nulidade da ‘lei injusta’, com que causou grande sensação em 1946, é
fundamentalmente uma consequência do seu, já antes formulado (nos Grundzügen de 1914),
conceito de direito; apenas mudou a acentuação: nos pri meiros tempos, ela radicava na segurança
jurídica, no período tardio, na justiça material”.
516 BVerfGE 7, 198.
517 KAUFMANN, Arthur. Analogia y naturaleza de la cosa...p. 91.
518 KAUFMANN, Arthur. Analogia y naturaleza de la cosa...p. 108.
519 BGH, j. 20.3.2002, XII ZR 176/00 (Jena), NJW 2002; BGH, j. 12.11.1997, IX ZR 274/96 (Hamm), NJW 1998,
894; BGH, j. 25.11.2009, XII ZR 92/06 (OLG Koblenz), NJW 2010, 998.
520
LEAL, Fernando. O projeto metodológico do não positivismo de Alexy. Quaestio Iuris. v. 10, no 1, p.
258273, 2017. p. 261262.
521 MACEDO JR., Ronaldo Porto. Do xadrez à cortesia: Dworkin e a teoria do direito contemporânea. São
Gullo. Revisão da tradução por Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
524 “Nas últimas décadas, a multiplicação das publicações, em todos os campos do saber, acompa nhou
a fragmentação das correntes tradicionais de pensamento. Outro multiplicador do saber foi sua
internacionalização, que hoje obriga todo estudioso a examinar também textos em idiomas
estrangeiros. Disso resulta uma série de escolas, correntes, tendências e muitas vezes de modis mos
que se entrecruzam e complicam tanto o acesso ao saber quanto a classificação dos fragmen tos que,
com frequência crescente, chovem sobre a escrivaninha de quem estuda. A filosofia do direito não
fugiu a esse destino comum” (LOSANO, Mário. Prólogo à edição brasileira. In. FARALLI, Carla. A
filosofia contemporânea do Direito...cit. p. IX).
525 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 120.
526 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 2125.
527 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 2731.
528 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 3235.
529 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 3537.
530 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 3740.
531 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 4041.
532 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 4356.
533 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 5455.
534 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 5766.
535 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 6773.
536 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 7378.
537 FARALLI, Carla. A filosofia contemporânea do Direito...p. 7883.
538 Sobre a dificuldade de se caracterizar o neoconstitucionalismo, ora entendido como movimento,
teoria jurídica, corrente de pensamento ou metodologia interpretativa, sem que haja coerência ou
rigor em tais acepções: DREHMER DE MIRANDA, Roberta. A "reinvenção" do direito alternativo:
neoconstitucionalismo, garantismo penal e "direito das minorias". Porto Alegre: S.A. Fabris, 2014, esp. p.
136138.
539 CARBONELL, Miguel; GARCIA JARAMILLO, Leonardo. El canon neoconstitucional. Madrid: Trotta, 2010;
cionalismo no Brasil: “Nesse sentido, tornase necessário afirmar que a adoção do nomen juris
‘neoconstitucionalismo’ certamente é motivo de ambiguidades teóricas e até de malentendidos”
(STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso. 5. ed. revista, modificada e ampliada. São Paulo: Saraiva,
2014. p. 46).
541 Em língua portuguesa, com um viés crítico em relação ao neoconstitucionalismo: MORAIS, Carlos
Blanco de. O controlo de inconstitucionalidade por omissão no ordenamento brasileiro e a tu tela
dos direitos sociais: um mero ciclo activista ou uma evolução para o paradigma neoconsti-
tucionalista? Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 20, no 78, p. 153227, jan./mar. 2012;
STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso...cit. p. 4547; GALVÃO, Jorge Octávio Lavocat. O
neoconstitucionalismo e o fim do Estado de Direito. São Paulo: Saraiva, 2014; DIMOULIS, Dimitri. Crítica
do neoconstitucionalismo. Revista do Programa de Pós-graduação em Direito da UFBA, no 22, p. 179-
203, 2011; ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Princípios e retorno do pêndulo: crítica ao cha mado
neoconstitucionalismo. Interesse público, v. 16, no 87, p. 6367, set./out. 2014; DREHMER DE MIRANDA,
Roberta. A "reinvenção" do direito alternativo: neoconstitucionalismo, garantismo penal e "direito das
minorias"...cit., esp. p. 136145 (demarcando o neoconstitucionalismo como um sucessor do programa
políticojurídico do “direito alternativo”); ÁVILA, Humberto. “Neoconstitucionalismo”: entre a “ciência
do direito” e o “direito da ciência”. Revista Brasileira de Direito Público - RBDP, v. 6, nº 23, p. 9 30,
out./dez. 2008. Em espanhol: GARCÍA AMADO, Juan Antonio. Derechos y pretextos. Elementos de
crítica del neoconstitucionalismo. In. CARBONELL, Miguel (Ed). Teoría del neoconstitucionalismo:
Ensayos escogidos. Madrid: Trotta, 2007. p. 237264; PRIETO SANCHÍS, Luis. Justicia constitucional y
derechos fundamentales. Madrid: Trotta, 2003. p. 101 e ss.
542 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O direito ontem e hoje: crítica ao neopositivismo constitucio nal e
à insuficiência dos direitos humanos. Revista do Advogado, v. 28, no 99, p. 714, set., 2008; SILVA,
Virgílio Afonso da. A constitucionalização do Direito...cit.; RAMOS, Elival da Silva. Ativismo judicial:
Parâmetros dogmáticos. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 279 (um texto forte, que conside ra o
neoconstitucionalismo um “modismo intelectual”); BERCOVICI, Gilberto. Die dirigierende Verfassung
und die Krise der Verfassungslehre am Beispiel Brasiliens. Verfassung und Recht in Übersee -VRÜ...cit.;
AMARAL JÚNIOR, José Levi Mello do. Constitucionalismo e neoconstitucio nalismo: O
constitucionalismo. In. FRANCISCO, José Carlos (Coord.). Neoconstitucionalismo e atividade
jurisdicional: do passivismo ao ativismo judicial. Belo Horizonte: Del Rey, 2012; ÁVILA, Humberto.
“Neoconstitucionalismo”: entre a “ciência do direito” e o “direito da ciência”... cit.; RODRIGUES JR.,
Otavio Luiz. Estatuto epistemológico do Direito civil contemporâneo na tradição de civil law em face
do neoconstitucionalismo e dos princípios...p. 5663.
543 Cf. SPLICIDO, Christiane. A validade do princípio da dignidade da pessoa humana e o póspositi vismo.
Revista Direito e Práxis. v. 3, no 4, p. 7495, 2012; MAIA, Antonio Cavalcanti. Sobre a teoria
constitucional brasileira e a Carta Cidadã de 1988: do póspositivismo ao neoconstitucionalismo.
Revista Quaestio Iuris, v. 4, no 1, p. 186, 2011; BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e
filosóficos do novo Direito Constitucional brasileiro: (pósmodernidade, teoria crítica e póspo-
sitivismo). Interesse público, v. 3, no 11, p. 4273, jul. 2001; GUERRA FILHO, Willis Santiago. Pós-
modernismo, póspositivismo e a Filosofia do Direito. Nomos: Revista do Curso de Mestrado em Direito
da UFC, v. 15, no 1/2, p. 1317, jan./dez. 1996. (Os autores citados não necessariamente apoiam ou
enaltecem o póspositivismo nestes textos.)
544 Em alguns acórdãos, evidenciamse as “possibilidades” hermenêuticas em nome do pósposi tivismo:
“as assertivas de que a Constituição Federal faz expressamente constar todas as hipó teses de
imprescritibilidade, sendo que, dentre elas, não está prevista a indenização pelos atos praticados no
regime de exceção, é inarredável. Sucede que essa questão deve ser relegada a segundo plano, já
que a nova ordem de interpretação principiológica da Lei Fundamental, à luz do póspositivismo,
sinaliza que a solução do litígio, principalmente em se tratando de direitos fundamentais, deve estar
voltado para a quaestio apresentada, e não para a norma em si” (STJ. AgRg no REsp 1056333/RJ, rel.
Min. Denise Arruda, rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, j. 25/05/2010, DJe
18/06/2010); Rcl 11243, rel. Min. Gilmar Mendes, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, j.
08/06/2011, DJe191 5102011, RTJ 2221/184 (com a defesa da tese de que o “póspositivismo jurídico”
não admite mais o reconhecimento de uma “autêntica dicotomia entre atos vinculados e
discricionários, mas, isto sim, em diferentes graus de vinculação dos atos administrativos à
juridicidade”); STJ. REsp 1111743/DF, Rel. Min.Nancy Andrighi, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux, Corte
Especial, j. 25/02/2010, DJe 21/06/2010; STJ. EDcl AgRg no Ag 886.162/PR, rel. Min. José Delgado, rel.
para o acórdão Min. Luiz Fux, Primeira Turma, J. 18/12/2007, DJe 04/09/2008.
545 MACCORMICK, Neil. Institutions of law. Oxford: Oxford University, 2007. p. 278.
546 MÜLLER, Friedrich. Teoria estruturante do direito I. Tradução de Peter Naumann e Eurides Avance de
Souza. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, passim.
547 ENGLE, Eric. Post Positivism. Berlim: Duncker & Humblot, 2014. p. 4564, teoria jurídica em Aristóteles;
p. 6575, Escolástica e o problema dos “universais”; p. 86108, o problema do Direito Natural; p. 124137,
teorias contratuais sociais contemporâneas (Dworkin e Rawls); p. 137147, libertários; p. 155179,
realismo jurídico; p. 225236, Law and Economics; p. 264286, Kelsen.
548 Em sentido aproximado: “Não é difícil perceber que, em países como o Brasil, houve uma espécie de
mixagem entre a incorporação da jurisprudência de valores e um certo positivismo sociológico, tudo
entendido como sendo ‘póspositivismo’ – ou seja, pensando que o positivismo era simples mente
igualar Direito e Lei, parte da comunidade jurídica passou a colocar no patamar da crítica qualquer
perspectiva que pudesse ultrapassar a ‘letra da lei’ (como se essa fosse dotada de um ‘mal em si’)”
(STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF. Rio de Janeiro: Forense,
2018. p. 269).
549 Evidentemente que há exceções na doutrina brasileira: cf. trabalhos que utilizam adequadamente o
de agosto de 1809, que condenou à morte oficiais intendentes da Guarda Imperial, cuja epígrafe é
“Em nome do imperador e rei” (disponível em:
https://www.digital.wienbibliothek.at/wbrobv/content/titleinfo/660264. Acesso em 422019). Outro
exemplo, extraído da Biblioteca Regional do Vêneto, é uma sentença do Tribunal Cível e Correicional
de Florença, de 1887, ini ciada com o estilo: “Em nome de Sua Majestade Humberto I, por graça de
Deus e pela vontade da Nação, rei da Itália” (disponível em:
http://binp.regione.veneto.it/SebinaOpac/resource/inno medisuamaestaumberto1pergraziadidioe-
pervolontadellanazionereditaliailtrinunal/ VIA2802246. Acesso em 522019).
554 Sobre a associação dos conceitos no Brasil: MOREIRA, Eduardo Ribeiro. Neoconstitucionalismo e
teoria da interpretação. Revista da EMERJ, v. 11, no 43, p. 247268, 2008; SARMENTO, Daniel. O neo-
constitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais -
RBEC, v. 3, no 9, p. 95133, jan./mar. 2009. p. 113114. No Direito estrangeiro: GARCÍA FIGUEROA,
Alfonso. A Teoria do Direito em tempos de constitucionalismo. Revista Brasileira de Estudos
Constitucionais - RBEC, v. 1, no 4, p. 77102, out./dez. 2007. p. 83.
555 GALVÃO, Jorge Octávio Lavocat. O neoconstitucionalismo e o fim do Estado de Direito...p. 60.
556 POZZOLO, Susanna. Neoconstitucionalismo y especificidad de la interpretación constitucional.
Tradução de Josep M. Vilajosana. Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, no 21, fascículo 2, p. 339-
353, 1998. p. 339 e p. 340 342. A autora respondeu a seus críticos em: POZZOLO, Susanna. Metacritica
del neocostituzionalismo. Una risposta ai critici di “Neocostituzionalismo e positivis mo giuridico”.
Diritto & questioni pubbliche, v. 3, p. 5170, 2003.
557 HORBACH, Carlos Bastide. A nova roupa do direito constitucional: neoconstitucionalismo, pós-
positivismo e outros modismos. Revista dos Tribunais, v. 859, p. 8191, maio, 2007.
558 Essa abordagem de Carlos Bastide Horbach é muito parecida com a que adotou Stathis Banakas (The
constitutionalisation of Private law in the UK: Is there an emperor inside the new clo thes? In.
BARKHUYSEN, Tom; LINDENBERGH, Siewert (Eds.). Constitutionalisation of Private law. Leiden, Boston:
Martinus Nijhoff, 2006. p. 8396), ao comparar decisões seculares dos tribunais ingleses com decisões
do Tribunal Europeu de Direitos Humanos em matéria de direitos funda mentais.
559 HORBACH, Carlos Bastide. A nova roupa do direito constitucional: neoconstitucionalismo, pós-
positivismo e outros modismos...§ 3.
560 HORBACH, Carlos Bastide. A nova roupa do direito constitucional: neoconstitucionalismo, pós-
positivismo e outros modismos...§ 3.
561 Para uma crítica sistemática ao conceito de neoconstitucionalismo e sua recepção no Brasil: “O
562 No Brasil, praticamente só a obra de Virgílio Afonso da Silva (A constitucionalização do direito...p. 38-
49) apresentou sistematicamente os modelos de constitucionalização do Direito. O re conhecimento
dessa lacuna no Direito Civil não é uma crítica sem destinatário, mas uma consta tação sobre o
estado da arte da literatura privatística relativamente a um aspecto central da teoria geral do Direito
Civil brasileira.
563 Há excelentes e pioneiros trabalhos sobre a constitucionalização do Direito Civil no país, mas que não
deve condicionarse à sobreinterpretação dos princípios jusfundamentais. Essa é a carac terística mais
importante do processo de constitucionalização do direito, em suma, a ‘teoria da interpretação a
partir da Constituição parece que já não pode ser a mesma que a teoria da inter pretação a partir da
lei: as normas constitucionais estimulam outro gênero de raciocínio jurídi co’(Cf. Luis Prieto Sanchís,
Constitucionalismo y Positivismo, p. 22.)” (MOREIRA, Eduardo Ribeiro. Neoconstitucionalismo e teoria
da interpretação. Revista da EMERJ...p. 255).
566 GUASTINI, Riccardo. A constitucionalização do ordenamento jurídico e a experiência italiana. In.
SARMENTO, Daniel Antonio de Moraes; SOUZA NETO, Cláudio Pereira (Orgs.). A constitucionalização
do Direito: Fundamentos teóricos e aplicações específicas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 271-
293, esp. cit. p. 276.
567 PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direito das Coisas. Adaptação ao Código Civil por José Bonifacio de
1935. p. 32 (exemplo também citado em: RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social:
Exame crítico de um caso de “constitucionalização” do Direito Civil...p. 76). Em 1999, Roberto Rosas
(Direito Civil e Constituição: relações do projeto com a Constituição. Revista CEJ, v. 3, no 9, p. 511,
set./dez. 1999. p. 11) publicou texto com idêntico teor sobre as relações do projeto da futura CF/1988
e o então Código Civil vigente: "Por termos uma Constituição minuciosa em normas e princípios
sobre todos os assuntos, não ficariam o Direito Civil e fatalmente a legislação civil e, especialmente, o
Código Civil imunes a uma aproximação entre a Constituição e o Direito Civil".
572 Na pesquisa referida (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social: Exame crítico de um
caso de “constitucionalização” do Direito Civil...p. 77) há um trecho muito importante para revelar
que o Direito Civil mantevese preocupado com a questão do uso socialmente adequado da pro-
priedade, mesmo com a supressão, na Constituição de 1937, da referência a seu uso em face do
interesse social ou coletivo: “A Constituição de 1937 manteve a redação tradicional das constituições
republicanas, ao incluir a propriedade no rol de direitos assegurados aos nacionais e estrangeiros
aqui residentes. Retirou, entretanto, a menção ao uso da propriedade contrariamente ao interesse
social ou coletivo. Caberia ao legislador ordinário definir o conteúdo e os limites da propriedade e de
seu exercício. A irradiação da propriedade com limites sociais, entrementes, já se havia operado.
Independentemente dessa ablação do texto constitucional, a melhor dogmática civilista entendia
não ser mais possível fazer essa dissociação, como que a provar a inexistência de supremacia axioló-
gica da Constituição. A despeito da opção do texto de 1937, o Direito Civil (por seus melhores dou-
trinadores) reconhecia que ‘(…) a primeira restrição e a mais genérica a que o direito de propriedade
está sujeito é a submissão do direito de propriedade ao interesse da coletividade’”. O autor citado
como um de “seus melhores doutrinadores” é Francisco Clementino de San Tiago Dantas.
573 PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937. Revista
CF/1937).
575 “XIV os bens do domínio federal, minas, metalurgia, energia hidráulica, águas, florestas, caça e pesca
e sua exploração;” (art. 16, inciso XIV, CF/1937).
576 “XVI o direito civil, o direito comercial, o direito aéreo, o direito operário, o direito penal e o di reito
matéria, para suprirlhes as deficiências ou atender às peculiaridades locais, desde que não dispensem
ou diminuam as exigências da lei federal, ou, em não havendo lei federal e até que esta regule, sobre
os seguintes assuntos: a) riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica,
florestas, caça e pesca e sua exploração; b) radiocomunicação; regime de eletricida de, salvo o
disposto no nº XV do art. 16; c) assistência pública, obras de higiene popular, casas de saúde, clínicas,
estações de clima e fontes medicinais; d) organizações públicas, com o fim de conciliação
extrajudiciária dos litígios ou sua decisão arbitral; e) medidas de polícia para proteção das plantas e
dos rebanhos contra as moléstias ou agentes nocivos; f) crédito agrícola, incluídas as cooperativas
entre agricultores; g) processo judicial ou extrajudicial” (art. 18, CF/1937).
581 “São do domínio federal: a) os bens que pertencerem à União nos termos das leis atualmente em
vigor; b) os lagos e quaisquer correntes em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a territórios estrangeiros; c) as ilhas
fluviais e lacustres nas zonas fronteiriças” (art. 36, CF/1937).
582 “São do domínio dos Estados: a) os bens de propriedade destes, nos termos da legislação em vigor,
com as restrições do artigo antecedente; b) as margens dos rios e lagos navegáveis desti nadas ao
uso público, se por algum título não forem do domínio federal, municipal ou particular” (art. 37,
CF/1937).
583 PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937. Revista
Forense, v. 74, no 418, p. 2530, abr. 1938.
584
Relativo aos símbolos nacionais (art. 2o, CF/1937).
585 “A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. Às famí-
lias numerosas serão atribuídas compensações na proporção dos seus encargos” (art. 127, CF/1937).
586 “A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos pais. O Estado não será
estranho a esse dever, colaborando, de maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execu ção
ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular” (art. 125, CF/1937).
587 “Aos filhos naturais, facilitandolhes o reconhecimento, a lei assegurará igualdade com os legíti mos,
extensivos àqueles os direitos e deveres que em relação a estes incumbem aos pais” (art. 136,
CF/1937).
588 O art. 137, CF/1937, traz uma série de direitos que serão observados pela “legislação do traba lho”, ao
exemplo de contratos coletivos (alínea a); modalidades de salário (alíneas b e c); repouso semanal aos
domingos e, nos limites das exigências técnicas da empresa, aos feriados civis e reli giosos, de acordo
com a tradição local (alínea d); licença anual remunerada (alínea e); indenização por despedimento
imotivado, de caráter proporcional aos anos de serviço, quando não houver garantia de estabilidade
(alínea f); continuidade das relações laborais após mudança de controle da empresa (alínea g); salário
mínimo (alínea h); jornada diária de oito horas de trabalho (alínea i); adicional por trabalho noturno
(alínea j); proibição de trabalho a menores de catorze anos e de trabalho noturno a menores de
dezesseis, e, em indústrias insalubres, a menores de dezoito anos e a mulheres (alínea k); assistência
médica e higiênica ao trabalhador e à gestante, com licença para esta última (alínea l); seguros “de
velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidentes do trabalho” (alínea m); prestação de
assistência administrativa e judicial aos trabalhadores por parte das associações sindicais (alínea n).
589 “A usura será punida” (art. 142, CF/1937).
590 “Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos contínuos, sem
oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez hectares, tor nandoo
produtivo com o seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio, mediante sentença
declaratória devidamente transcrita” (art. 148, CF/1937).
591 “A vocação para suceder em bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei nacional
em benefício do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal sempre que lhes não seja mais favorável o
estatuto do de cujus” (art. 152, CF/1937).
592
PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937... no 415, p.
510514.
593 PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937... p. 2530,
1938...cit. p. 2527.
594 FULGÊNCIO, Tito. Da posse das ações possessórias: Teoria legal e prática. 9. ed. revista e atualizada por
José de Aguiar Dias. Rio de Janeiro: Forense, 1997. v. 1. p. 81 (o final do parágrafo citado faz remissão,
em nota de rodapé, ao art. 153, § 3o, CF/1969, inserida pelo atualizador).
595 MARTINS, Samir José Caetano. Neoconstitucionalismo e seus reflexos nas relações jurídicas pri vadas:
Em busca de parâmetros de aplicação direta dos direitos fundamentais. Revista de Direito Privado, v.
30, p. 265304, abr./jun. 2007. Item 4.
596 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Crítica ao personalismo ético da Constituição da República e do
Código Civil. Em favor de uma ética biocêntrica. Revista Trimestral de Direito Civil – RTDC. v. 35, p. 2941,
jul./set. 2008; VILLELA, João Baptista. Variações impopulares sobre a dignidade da pessoa humana. In.
AA.VV. Superior Tribunal de Justiça...cit. p. 559581; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto
epistemológico do Direito Civil contemporâneo na tradição de civil law em face do
neoconstitucionalismo e dos princípios...p. 6364; MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JR., Otavio Luiz;
FRUET, Gustavo Bonato. Principais problemas dos direitos da personalidade e estadodaarte da
matéria no Direito Comparado...p. 124; LEAL, Fernando. Seis objeções ao direito civil constitucio-
nal...p. 140 145; TOLEDO, Cláudia Mansani Queda de. Breves reflexões sobre as eficácias direta e
indireta dos direitos fundamentais: Entre a dignidade humana na CF/88 e a dignidade do Direito
Privado. Revista Jurídica Eletrônica do Tribunal de Justiça de São Paulo, v. 3, p. 5976, fev. 2019. esp. p.
7275.
597 O autor citado é João Baptista Villela, no texto “Variações impopulares sobre a dignidade da pes soa
humana” ...cit.
598 STF. RE 363889, rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, j. 262011, DJe238 16122011. Em sentido
aproximado, quanto ao abuso na utilização de princípios: “Um sistema jurídico não é mau nem bom
pelo fato de, em seus processos, princípios serem usados com muita frequência. O problema não está
neles, mas na comodidade que podem oferecer para os espertos e para os preguiçosos. (...) Espertos
e preguiçosos sempre existirão: o mal é que sua esperteza fique oculta, por conse guirem iludir os
espectadores com truques de mágica – com a simples declaração de princípios. Para que, no debate
jurídico, os princípios não sirvam como ar mas de espertos e preguiçosos, é preciso impor, a quem os
emprega, os ônus que lhes são inerentes” (SUNDFELD, Carlos Ari Vieira. Princípio é preguiça? In.
MACEDO JR., Ronaldo Porto; BARBIERI, Catarina Helena Cortada (Orgs.). Direito e interpretação:
racionalidades e instituições. São Paulo: Saraiva, FGV, 2011. p. 295).
599 PICO DELLA MIRANDOLA, Giovanni. Discurso sobre a dignidade do homem. Tradução e apresen tação
de Maria de Lourdes Sirgado Ganho. Estudo pedagógico introdutório de Luís Loia. Lisboa: Edições 70,
2006.
600 Santo Tomás de Aquino (Suma Teológica: Teologia, Deus, Trindade. Tradução de CarlosJosaphat Pinto
de Oliveira et alii. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2016. v. 1. p. 527) assim afirma: “O particular e o indivíduo
realizamse de maneira ainda mais especial e perfeita nas substâncias racionais que têm o domínio de
seus atos e não são apenas movidas na ação como as outras, mas agem por si mesmas. Ora, as ações
estão nos singulares. Por isso, entre as outras substâncias os indivíduos de natureza racional têm o
nome especial de pessoa” (Suma Teológica, I, q. 29, a. 1). Mais adiante (Suma Teológica, I, q. 29, a. 3),
encontrase essa outra referência: “Pessoa significa o que há de mais perfeito em toda natureza, a
saber, o que subsiste em uma natureza racional” (TOMÁS DE AQUINO, Santo. Suma Teológica...cit., p.
533). Para concluir que “é grande dignidade subsistir em uma natureza racional. Por isso dáse o nome
pessoa a todo indivíduo dessa natureza, como foi dito” (Suma Teológica, I, q.29, a.3).
601 Nesta passagem, fica bem nítido o antropocentrismo no Discurso: “Coloqueite no meio do mun do
para que daí possas olhar melhor tudo o que há no mundo. Não te fizemos celeste nem terreno, nem
mortal nem imortal, a fim de que tu, árbitro e soberano artífice de si mesmo, te plasmasses e te
informasses, na forma que tiveres seguramente escolhido. Poderás degenerar até aos seres que são
as bestas, poderás regenerarte até às realidades superiores que são divi nas, por decisão do teu
ânimo” (PICO DELLA MIRANDOLA, Giovanni. Discurso sobre a dignidade do homem...p. 53).
602 LARENZ, Karl. Allgemeiner Teil des bürgerlichen Rechts...cit. p. 2122. José de Oliveira Ascensão (Direito
Civil: Teoria geral. Introdução. As pessoas. Os bens. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 18),
complementando a posição de Karl Larenz, afirma que o personalismo ético é, na verdade, “o
fundamento de todo o nosso direito”.
603 KANT, Immanuel. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. Mit einer Einleitung herausgegeben von
Bernd Kraft und Dieter Schönecker. 2 ed. Hamburg: Felix Meiner, 2016. p.27 e ss.
604 JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. Crítica ao personalismo ético da Constituição da República e do
Código Civil. Em favor de uma ética biocêntrica...p. 40.
605 BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional contemporâ neo:
natureza jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Interesse Público, v. 14, no 76, p. 2970,
nov./dez. 2012. § 3.
606 BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional contemporâ neo:
natureza jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação... § 3.
607 SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. 3. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2014. p. 8.
608 Expressão usada por Gabriel Nogueira Dias (Positivismo jurídico e a Teoria Geral do Direito...p. 353, nota
de rodapé 1), assim referido por Kelsen e a quem ele deu o “título de coautor da Teoria Pura do
Direito”.
609 DIAS, Gabriel Nogueira. Positivismo jurídico e a Teoria Geral do Direito...p. 208.
610 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do direito...p. 122.
611 Ainda que se dedique ao estudo de obras do século XIX, é possível encontrar referências no Direito
Civil que resguardam o papel singular da Constituição dentre as demais normas jurídicas. Vejase esta
passagem de Lourenço Trigo de Loureiro (Instituições de Direito Civil brasileiro... t. 1. p. 24): “As fontes
do direito civil, que tem fôrça de lei no Brasil, além da sua Constituição Política, são as seguintes”,
enumerando, na sequência, Ordenações, leis, regimentos, alvarás, decretos e resoluções, da
monarquia portuguesa, da Regência, das Cortes portuguesas, todos recepcionados pela Constituição
Política do Império, e as demais normas promulgadas após a Independência.
612 GOMES. Daniela Vasconcellos. A evolução do sistema do Direito Civil: Do individualismo à sociali-
dade. Revista de Direito Privado, v. 27, p. 3263, jul. set. 2006.
613 MEDEIROS, Anna Paula Alves de; NELSON, Rocco Antonio Rangel Rosso. A redefinição do conceito de
família na perspectiva do neoconstitucionalismo. Revista de Direito Privado, v. 55, p. 265310, jul. set.
2013. § 1.
614 “Com a doutrina do Neoconstitucionalismo, a Carta Fundamental se desloca para o centro do sistema
jurídico, marcada por intensa carga axiológica, como norma jurídica dotada de impera tividade e
superioridade. O que se busca é a eficácia da Constituição, especialmente com a con cretização dos
direitos fundamentais” (TST. RR 37194.2012.5.18.0008, 1ª T., Min. Walmir Oliveira da Costa, j.
12/8/2015); “(...) a lei que eventualmente restrinja direitos deve passar no teste da proibição do
retrocesso jurídico, hoje elevado a princípio do neoconstitucionalismo, hipervaloriza dor do direito à
ampla defesa” (STJ. AgRg no REsp 1.453.745 MG, 1ª Turma, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
19/3/2015, DJe 17/4/2015).
615 “(...)
é certo que a ampla aceitação de um discurso comprometido com valores tão caros à
Constituição e convergente com aquilo que se tornou entre nós a maior expressão da vanguarda e
da sofisticação da teoria constitucional e da metodologia jurídica torna a tarefa de apontar possíveis
problemas do movimento civil constitucional, em alguma medida, árdua. Os ônus de justificação a
serem superados por quem formula críticas, são, nesse contexto, reforçados” (LEAL, Fernando. Seis
objeções ao direito civil constitucional...p. 131).
616 RIBAS, Antonio Joaquim. Curso de Direito Civil brasileiro...v. 1. p. 8889.
617 BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil...p. 22.
618 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do Direito. Porto Alegre: Globo, 1925. p. 311.
619 MAXIMILIANO, Carlos. Commentarios a Constituição brasileira. 3. ed. ampl. e posta de acordo com a
reforma constitucional de 19251926. Porto Alegre: Globo, 1929. p. 766.
620 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais: seu conceito, sua prática e respectivas garantias em face das
Convenções Internacionais, da legislação federal e da jurisprudência dos tribunais. São Paulo: Nova
Jurisprudência, 1939. p. 2739.
621 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 27.
622 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 28.
623 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 2931.
624 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 3839.
625 Publicada na Gazeta dos Tribunais, de 20 de junho de 1921.
626 ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 33.
627 New York Times Co. v. Sullivan 376 U.S. 254 (1964).
628 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 4. ed. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 1210. Em sentido contrário, considerandoa
“técnica interpretativa”: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
p. 806.
629 BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o triunfo tardio do
1991. p. 189.
632 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Constitucionalização do Direito Civil. Revista de Informação Legislativa, a. 36,
o
n 141, p. 99109, jan./mar. 1999. p. 108109.
633 O reconhecimento ao min. Moreira Alves por seu papel fundamental na criação do moderno sistema
direitos concernentes á liberdade, á segurança individual e á propriedade nos termos se guintes. (...)
§ 4º. A Republica só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita. (...) § 7º. Nenhum
culto ou igreja gozará de subvenção official, nem terá relações de dependencia, ou alliança com o
Governo da União, ou o dos Estados” (CF/1891).
645 ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de. Annotações e adaptações ao Código Civil. In. PEREIRA,
A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade,
a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira
seguinte. (...) XVI. Ficam abolidos todos os Privilegios, que não forem essencial, e inteira mente
ligados aos Cargos, por utilidade publica” (CI/1824).
648 LOUREIRO, Lourenço Trigo de. Instituições de Direito Civil brasileiro...t. 1. p. 189.
649 STF. RE 4001, rel. Min. Waldemar Falcão, j. 21/10/1941, Coletânea de Acórdãos nº 134, p. 9.
650 STF. AI 25132, rel. Min. Ribeiro da Costa, Segunda Turma, j. 25/07/1961, DJ 17081961, p. 2006.
651 STF. RE 24065,rel. Min. Luiz Gallotti, Primeira Turma, j. 24/06/1954, DJ 05081954, p. 9393.
652 A título de exemplo, citamse: FIGUEIREDO, Silvia Bellandi Paes de. Boafé objetiva e constitu-
cionalização do direito privado. Os deveres anexos e a violação positiva do contrato. Conceitos
parcelares da boafé objetiva. Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil, v. 12, no 87, p. 53 71,
jan./fev. 2014; BRAGA, Diogo de Melo. A constitucionalização das relações obrigacionais: a violação
positiva do contrato. Revista Fórum de Direito Civil, v. 2, no 2, p. 149171, jan./abr. 2013; BECHARA,
Guilherme Fontes. O adimplemento substancial como reflexo da constitucionalização do Direito Civil.
Revista brasileira de Direito Civil, Constitucional e Relações de Consumo, v. 4, no 13, p. 149194, jan./mar.
2012.
653 Essa não é uma orientação unânime na doutrina. Encontramse autores que criticam essas apro-
ximações conceituais, conforme se observa em: COSTA FILHO, Venceslau Tavares. Tendências do
Direito Civil nos países de tradição romanogermânica: Transnacionalização e recodifica ção. Uma
análise a partir da reforma do Direito obrigacional alemão. In. BARROS E SILVA NETO, Francisco
Antônio de; KOEHLER, Frederico Augusto Leopoldino; CUNHA, Leonardo Carneiro da; ALBUQUERQUE
JÚNIOR, Roberto Paulino de; COSTA FILHO, Venceslau Tavares (Coords.). Relações e influências
recíprocas entre direito material e direito processual: Estudos em Homenagem ao Professor Torquato
Castro. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 538. Ou aqueles que, de modo correto, simplesmente
dispensam tais vinculações para explicar o papel das cláusulas gerais no Direito Civil: AMARAL,
Francisco. Direito Civil: Introdução...p. 114115.
654 KRÜGER, Wolfgang. § 242. Leistung nach Treu und Glauben. In. SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER,
Roland; OETKER, Hartmut; LIMPERG, Bettina (Eds.). Münchener Kommentar zum BGB: Schuldrecht.
Allgemeiner Teil. 7. ed. München: Beck, 2016. v. 2. notas marginais 24 e 5762.
655 MARTINS, Leonardo. Liberdade e Estado constitucional: Leitura jurídicodogmática de uma com plexa
relação a partir da teoria liberal dos direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2012. p. 101.
656 MARTINSCOSTA, Judith. A boa-fé no Direito Privado: critérios para a sua aplicação. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. p. 142; MENEZES CORDEIRO, António. Da boa-fé no Direito Civil. Coimbra: Almedina,
1984. v. 2. p. 1184.
657 KRÜGER, Wolfgang. § 242. Leistung nach Treu und Glauben. In. SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER,
Roland; OETKER, Hartmut; LIMPERG, Bettina (Eds.). Münchener Kommentar zum BGB...cit. nota
marginal 23.
658 KRÜGER, Wolfgang. § 242. Leistung nach Treu und Glauben. In. SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER,
Roland; OETKER, Hartmut; LIMPERG, Bettina (Eds.). Münchener Kommentar zum BGB...cit. nota
marginal 17.
659 KRÜGER, Wolfgang. § 242. Leistung nach Treu und Glauben. In. SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER,
Roland; OETKER, Hartmut; LIMPERG, Bettina (Eds.). Münchener Kommentar zum BGB...cit. nota
marginal 18.
660 O caso do linóleo (RGZ 78/239) referese a uma situação na qual um cliente, ao entrar em uma loja, foi
atingido por um rolo de linóleo (tecido impermeável, confeccionado a partir de juta e untado com
cortiça em pó e óleo de linhaça, que foi muito usado no século XX para revestir pavimentos), que
havia sido negligentemente empilhado por um dos empregados. O problema que a jurisprudência
enfrentou foi basicamente este: como responsabilizar o dono da loja por um ato de seu empregado
quando não existia relação negocial ainda aperfeiçoada e as regras da responsabilidade delitual não
compreendiam a proteção a direitos relativos? Nesta hipótese, fezse a utilização da culpa in
contrahendo, que havia sido “descoberta” por Rudolf von Jhering em um texto de 1861 (LORENZ,
Stephan. Grundwissen Zivilrecht: Culpa in contrahendo (§ 311 II, III BGB). Jus: Juristische Schulung, no
5, p. 398401, 2005. Itens I1 e II1). Mais amplamente sobre os principais casos que inspiraram o
desenvolvimento dos deveres anexos e das figuras parcelares da boafé objetiva no Direito alemão:
NUNESFRITZ, Karina. A boafé objetiva e sua incidência na fase negocial: um estudo comparado com
base na doutrina alemã. Revista de Direito Privado, no 29, p. 201237, jan./mar. 2007.
661 WAGNER, Gehrard. § 831. Haftung für den Verrichtungsgehilfen. In. SÄCKER, Franz Jürgen; RIXECKER,
Roland; OETKER, Hartmut; LIMPERG, Bettina (Eds.). Münchener Kommentar zum BGB: Schuldrecht.
Allgemeiner Teil. 7. ed. München: Beck, 2017. v. 5. nota marginal 2.
662 ZIMMERMANN, Reinhard; VERSE, Dirk. Die Reaktion des Reichsgerichts auf die Kodifikation des
deutschen Deliktsrechts (19001904). In. FALK, Ulrich; MOHNHAUPT, Heinz (Eds.) Das Bürgerliche
Gesetzbuch und seine Richter. Frankfurt a. M.: Klostermann, 2000. v. 16. p. 319341., cit. p. 319 e p. 335.
663 NEVES, Julio Gonzaga Andrade. A suppressio (Verwirkung) no Direito Civil. São Paulo: Almedina Brasil,
2016. p. 150.
664 NEVES, Julio Gonzaga Andrade. A suppressio (Verwirkung) no Direito Civil...p. 152.
665 Nesse sentido: PAWLOWSKI, HansMartin. Verfassungsrechtliche Vorgaben für die Auslegung des §
242 BGB. JuristenZeitung, ano 57, no 13, p. 627633, Jul. 2002. p. 632633.
666 Kadijustiz significa literalmente “justiça do alcaide” ou “justiça do kádi” (preferese a forma usual em
português, alcaide), o juiz árabe, que decidia com base em juízos de equidade, morais e pes soais, de
modo discricionário (WEBER, Max. Economia e sociedade: Fundamentos da Sociologia compreensiva.
Tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Revisão técnica de Gabriel Cohn. 4. ed., 2. reimpr.
Brasília: EdUnB, 2009. p. 150151, p. 213218, p. 253260 e p. 281). Sua uti lização popularizouse graças
ao justice Frankfurter, que a empregou no julgamento de Terminiello v. Chicago (1949), ao dizer que o
tribunal exercia uma competência recursal e não poderia se comportar como um juízo que agia sem
os limites de pautas normativas. Segundo Frankfurter, os membros do juízo “não nos sentamos como
um alcaide, debaixo de uma árvore, dispensando justiça de acordo com juízos de conveniência
individual” (ROSEN, Lawrence. Equity and discretion in a modern islamic legal system. Law & Society
Review, v. 15, no 2, p. 217246, 19801981. p. 217).
667 SCHNEIDER, Irene. Qādī und Qādī-Justiz im vormodernen und modernen islamischen Recht. In.
SCHOLLER, Heinrich; TELLENBACH, Silvia (Eds.). Position und Aufgaben des Richters nach westlichem
und nach islamichem Recht. Tübingen: Mohr Siebeck, 2007. p. 5586. cit. p. 55.
668 No original, Leistungsstörungen.
669 Essa relação é dilatável ou reduzível, a depender da corrente doutrinária, cf. MENEZES CORDEIRO,
António. A perturbação das prestações. In. MENEZES CORDEIRO, António. Da modernização do Direito
Civil: Aspectos Gerais. Coimbra: Almedina, 2004. p. 101.
670 Nesse sentido: REIMANN, Mathias. The Good, the Bad, and the Ugly: The reform of the German Law of
Obligations. Tulane Law Review, v. 83, p. 877918, 20082009. p. 911.
671 Essadivisão de fundamentos teóricos é majoritária na doutrina e na jurisprudência nacionais. O STJ,
desde o julgamento do REsp 472594/SP, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, rel. p/ Acórdão Min.
Aldir Passarinho Junior, Segunda Seção, j. 12/02/2003, DJ 04/08/2003, p. 217, as sim temse orientado.
Identicamente, na doutrina, entendem que o CC/2002 combina as duas teorias, ao passo em que o
CDC adota, de modo exclusivo, a onerosidade excessiva: KHOURI, Paulo R. Roque A. A revisão judicial
dos contratos no novo Código Civil, Código do consumidor e Lei no 8.666/93: A onerosidade excessiva
superveniente. São Paulo: Atlas, 2006. p. 28; ASCENSÃO, José de Oliveira. Alteração das circunstâncias
e justiça contratual no novo Código Civil. Revista Trimestral de Direito Civil: RTDC, v. 7, no 25, p. 93118,
jan./mar. 2006. p. 101; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Revisão judicial dos contratos: Autonomia da
vontade e teoria da imprevisão. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 128134; OLIVEIRA, James Eduardo C.
M. Código Civil anotado e comentado: doutrina e jurisprudência. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p.
497; DIAS, Lucia Ancona Lopez de Magalhães. Onerosidade excessiva e revisão contratual no direito
brasileiro. In. FERNANDES, Wanderley (Coord.) Contratos empresariais: fundamentos e princípios dos
contratos empresa riais. São Paulo: Saraiva: FGV, 2007. p. 348350. Em sentido contrário: BRITO,
Rodrigo Toscano de. Onerosidade excessiva e a dispensável demonstração de fato imprevisível para
a revisão ou reso lução dos contratos. In. BARROSO, Lucas Abreu (Org.). Introdução crítica ao Código
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 119 e ss. Existem também autores que consideram ser a teoria
alemã da base do negócio jurídico o fundamento adequado para a alteração das circunstâncias no
CDC: MARQUES, Cláudia Lima. Sociedade de informação e serviços bancários: primeiras observações.
Revista de Direito do Consumidor, no 39, p. 4974, jul./set. 2001. nota de rodapé 97.
672 Em sentido contrário: SIRENA, Hugo Cremonez. A alteração contratual pela quebra da equivalência
subjetiva do elemento objetivo: uma reformulação das teorias revisionais do contrato. Revista Fórum
de Direito Civil, v. 2, no 4, p. 4975, set./dez. 2013.
673 Parecer de José de Castro Magalhães, de 25 de setembro de 1919, esforçado na cláusula rebus sic
stantibus para admitir a “resolução do contrato pela simples alteração de facto existente na ocasião
em que o contracto teve início”: CASTRO MAGALHÃES, J. A cláusula “rebus sic stantibus”: parecer.
Revista Forense, p. 4546, jan./jun. 1920. p. 46.
674 “A construção de doutrinas jurídicas não reguladas na lei positiva jamais poderá ferir a letra da lei,
para dar lugar ao recurso extraordinário. A admissão daquele recurso por diversidade de interpre-
tação da lei, pressupõe espécies que se ajustem perfeitamente. A regra rebus sic stantibus não é
contrária a texto expresso da lei federal” (STF. RE no 2.675DF, j. 5.1.1938, rel. Min. Costa Manso). Cf.
RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Revisão judicial dos contratos: Autonomia da vontade e teoria da
imprevisão...p. 152.
675 “Hermann Staub não foi professor universitário. Contudo, apesar de sua morte prematura em 1904,
então com 48 anos, foi ele importante autor, responsável por obras até hoje utilizadas, como é o caso
dos seus comentários ao Código Civil alemão [HGB]. (...) O fato de Staub não ser professor, mas
advogado foi, provavelmente, o propulsor para a sua rápida percepção do proble ma no recém
vigente BGB, tanto que o autor parte, para desenvolver seu estudo, da análise de casos práticos e não
da análise de conceitos abstratos como o de ‘inadimplemento’, de ‘impossi bilidade’ ou de ‘mora’”
(SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. A boa-fé e a violação positiva do contrato. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
p. 13).
676 STAUB, Hermann. Die positiven Vertragsverletzungen und ihre Rechtsfolgen. Festschrift für den XXVI.
Deutschen Juristentag. Berlin: J. Guttentag, 1902. p. 2956. Em 1904, publicouse uma ver são expandida
desse trabalho: STAUB, Hermann. Die positiven Vertragsverletzungen. Berlin: J. Guttentag, 1904. A nova
versão deveuse às contestações dirigidas contra o texto primitivo. A segunda edição é mais completa
e tem sido a base para os estudos contemporâneos sobre o tema (SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. A
boa-fé e a violação positiva do contrato...p. 13).
677 A observação estrita do BGB como base investigativa de Staub fica clara já pela primeira página de
sua exposição: ele parte da codificação (§ 286 BGB) e, por intermédio de conceitos fixados pela
ciência privatística, constrói sua tese, ao perceber a ausência de uma resposta sistemática pronta
para o problema de uma quebra do contrato por ato positivo (STAUB, Hermann. Die positiven
Vertragsverletzungen. 2. ed. org. por Eberhard Müller. Berlin: J. Guttentag, 1913. p. 5).Em sentido
contrário, associando a violação positiva à constitucionalização do Direito das Obrigações: BRAGA,
Diogo de Melo. A constitucionalização das relações obrigacionais: a violação positiva do contrato.
Revista Fórum de Direito Civil, v. 2, no 2, p. 149171, jan./abr. 2013.
678 AZULAY, Fortunato. Do inadimplemento antecipado do contrato. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1977;
BECKER, Anelise. Inadimplemento antecipado do contrato. Revista de Direito do Consumidor, v. 12, p.
6878, out./dez. 1994.
679 Hochster vs. De La Tour (1853) 2 E&B 678. Cf. a respeito: MARTINSCOSTA, Judith. A recepção do
incumprimento antecipado no Direito brasileiro: configuração e limites. Revista dos Tribunais, São
Paulo, v. 98, no 885, p. 3048, jul. 2009. § 1º.
680 KUYVEN, Fernando; PIGNATTA, Francisco Augusto. Comentários à Convenção de Viena: Compra e
venda internacional de mercadorias. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 703.
681 TERRA, Aline de Miranda Valverde. O chamado inadimplemento antecipado. Revista de Direito
fraconstitucionais para sua aplicação: GOBBI, Rafael Nossa. A possibilidade da quebra antecipada do
contrato. Revista Fórum de Direito Civil, v. 5, no 11, p. 177188, jan./abr. 2016.
684 FERREIRA, Antonio Carlos. Coluna Direito Civil Atual: A interpretação da doutrina do adimple mento
substancial (Parte 1). Revista Consultor Jurídico. 9 fev. 2015. Disponível em: [www.conjur.com.br/2015-
fev09/direitocivilatualinterpretacaodoutrinaadimplementosubstancialparte]. Acesso em: 20 mar.
2017. No mesmo sentido: RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Revisão judicial dos contratos: Autonomia da
vontade e teoria da imprevisão...p. 7172.
685 Kingston v. Preston, 2 Doug. 689 [K.B. 1773].
686 126 Eng. Rep. 160(a), Boone v. Eyre [K.B. 1777].
687 230 N. Y. 239, Jacob & Youngs, Inc. v. Kent.
688 COUTO E SILVA, Clóvis Veríssimo do. O princípio da boa fé no Direito brasileiro e português. In. AA.VV.
Estudos de Direito Civil Brasileiro e Português: Jornada LusoBrasileira de Direito Civil (1979, Porto
Alegre). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1980. p. 4372, cit. p. 56.
689 STJ.
REsp 76.362/MT, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j. 11/12/1995, DJ 01/04/1996, p.
9917; STJ. REsp 113.710/SP, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j. 25/02/1997, DJ
31/03/1997, p. 9640; STJ. REsp 272.739/MG, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j.
01/03/2001, DJ 02/04/2001, p. 299.
690 Autores
brasileiros que utilizam a boafé objetiva como fundamento do adimplemento substan cial:
BECKER, Anelise. A doutrina do adimplemento substancial no Direito brasileiro e em perspec tiva
comparatista. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 9, no 1, p.
6077, nov. 1993; MARTINS COSTA, Judith. A boafé objetiva e o adimplemento das obrigações. Revista
Brasileira de Direito Comparado, v. 25, p. 229281, 2. sem. 2003; SCHREIBER, Anderson. A boafé objetiva
e o adimplemento substancial. In. HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes; TARTUCE, Flávio
(Coord.). Direito contratual: temas atuais. São Paulo: Método, 2007. p. 125146 (criticando a
disparidade entre as decisões dos tribunais em termos quantitativos para a fixação do adimplemento
substancial, bem como a “ausência de uma análise qualitativa, imprescindível para saber se o
cumprimento nãointegral ou imperfeito alcançou ou não a função que seria desempenhada pelo
negócio jurídico em concreto”, op. cit. p. 140). No STJ, o adimplemento substancial tem sido
tradicionalmente fundado na boafé objetiva: STJ. REsp 1622555/MG, rel. Min. Marco Buzzi, Quarta
Turma, j. 22/02/2017, DJe 16/03/2017; STJ. REsp 1255179/RJ, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, j. 25/08/2015, DJe 18/11/2015 (esp. no voto vista); STJ. REsp 877965/SP, rel Min. Luis
Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 22/11/2011, DJe 01/02/2012.
691 Quanto ao fundamento exclusivamente infraconstitucional: PRADO, Augusto Cézar Lukascheck.
Em acórdão mais recente, essa orientação foi reafirmada: STJ. HC 439.973/MG, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, rel. para o acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, j. 16/8/2018, DJe
04/09/2018.
693 Em grande medida, a influência da WRV no Brasil devese ao trabalho de estudo e de divulga ção
desse texto constitucional e da doutrina que lhe deu conteúdo interpretativo levado a efeito por
autores brasileiros. A tanto que, em 1924, “aparecia no Rio, o livro de Aprígio C. de Amorim Garcia,
contendo a tradução daquela constituição, sob o título A Constituição Alemã de 1181919”
(VALLADÃO, Haroldo. Influência do Direito alemão na codificação civil brasileira (1857/1922). Jurídica:
Revista Trimestral (Rio de Janeiro), v. 18, no 123, p. 4152, out./dez. 1973. p. 51).
694 No original: “Eigentum verpflichtet. Sein Gebrauch soll zugleich dem Wohle der Allgemeinheit dienen.”
(art. 153, apartado 3, WRV).
695 Como afirma Martin Wolff (Reichsverfassung und Eigentum. In. AA.VV. Festgabe der Berliner
Juristischen Fakultät für Wilhelm Kahl. Tübingen: J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1923. t. 4. p. 10), essa
concepção de propriedade limitada pelo elemento social não é nova e já se encontrava presente na
obra de Otto Gierke, pela teoria do direito subjetivo e pela jurisprudência do Reichsgericht.
696 BERCOVICI, Gilberto. O direito de propriedade e a Constituição de 1988: Algumas considerações
críticas. Cadernos de Direito – Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), v. 3, no 5, p. 6777, dez.
2003. p. 72.
697 BERCOVICI, Gilberto. O direito de propriedade e a Constituição de 1988: Algumas considerações
críticas...p. 72.
698 Nesse sentido: “No Brasil, a legislação consagrou o termo ‘função social da propriedade’ no Estatuto
da Terra (Lei no 4.504, de 30 de novembro de 1964), porque substancialmente, a emen ta desta lei é a
regulamentação deste princípio” (TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. O Direito Civil na disciplina jurídica
do patrimônio cultural brasileiro. Tese de LivreDocência. São Paulo: Universidade de São Paulo,
Faculdade de Direito, Departamento de Direito Civil, 2016. p. 186). Sobre o desperdício histórico que
foi a baixa eficácia do Estatuto da Terra: BERCOVICI, Gilberto. O direito de propriedade e a
Constituição de 1988: Algumas considerações críticas...p. 74.
699
Art. 2o, § 1o, alíneas a, b, c e d, Estatuto da Terra.
700
Além do já mencionado art. 2o, § 1o, há também os seguintes dispositivos que fazem menção
expressa à função social no Estatuto da Terra: Art. 2o, § 2o. “É dever do Poder Público: (...) b) zelar para
que a propriedade da terra desempenhe sua função social, estimulando planos para a sua racional
utilização, promovendo a justa remuneração e o acesso do trabalhador aos benefícios do aumento
da produtividade e ao bemestar coletivo”; Art. 12. “À propriedade privada da terra cabe
intrinsecamente uma função social e seu uso é condicionado ao bemestar coletivo previsto na
Constituição Federal e caracterizado nesta Lei”; Art. 13. “O Poder Público promoverá a gradativa
extinção das formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função social”; Art. 18.
“A desapropriação por interesse social tem por fim: a) condicionar o uso da terra à sua função social,
(...)”; Art. 47. “Para incentivar a política de desenvolvimento rural, o Poder Público se utili zará da
tributação progressiva da terra, do Imposto de Renda, da colonização pública e particular, da
assistência e proteção à economia rural e ao cooperativismo e, finalmente, da regulamentação do
uso e posse temporários da terra, objetivando: I desestimular os que exercem o direito de
propriedade sem observância da função social e econômica da terra, (...)”.
701 LOPES, José Reinaldo de Lima; QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo; ACCA, Thiago dos Santos. Curso de
História do Direito. 3. ed., rev. São Paulo: Método, 2013. cap. 10.
702 Sobre a constitucionalização do direito de propriedade ao longo da história constitucional bra sileira:
RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social: Exame crítico de um caso de
“constitucionalização” do Direito Civil...loc. cit. Sobre a criação de mecanismos limitadores ao
exercício do direito de propriedade na CF/1934 e na CF/1937: BEVILÁQUA, Clóvis. A Constituição e o
Código Civil... loc. cit.; PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro
de 1937...p. 510514; PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro
de 1937...p. 2530.
703 “A Constituição brasileira de 1967 estabeleceu a função social da propriedade como um dos prin-
cípios da ordem econômica (art. 157, III), prevendo a desapropriação da propriedade rural que
contrariasse os princípios da ordem econômica” (TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. O Direito Civil na
disciplina jurídica do patrimônio cultural brasileiro...p. 186). Sobre o caráter “extremamente ingê nuo”
(extrem naive) de certas visões do constitucionalismo brasileiro sobre os direitos individuais e sociais
e a desconsideração de outros fatores explicativos como o jogo político, as representa ções sociais e
as redes de grupos de poder: SEELAENDER, Airton Cerqueira Leite. Verfassung und Verfassungsrecht
in Brasilien (18241988). Rechtsgeschichte - Rg, v. 16, p. 97103, 2010. p. 99.
704 Nesse sentido, quanto às mudanças no direito de filiação: “A restrição inicial do legislador do Código
Civil era com relação aos incestuosos e adulterinos. Estes últimos, à época do Código Civil, tinham
vedada a possibilidade do reconhecimento. Passo a passo, porém, essa categoria de filhos ganhou
direitos, digase, graças à incansável luta de nossos doutrinadores e às tendências liberais de nossos
Tribunais” (ALMEIDA, José Luiz Gavião de. O novo estatuto da filiação. In. BITTAR, Carlos Alberto. O
Direito de Família e a Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1989. p. 153186, cit. p. 162). Em sentido
aproximado, quanto ao Direito de Família e o direito de filiação: “Em verdade, podese constatar que o
longo processo de superação dos motivos que inspiraram a arquitetura do direito de família no
Código Civil de 1916 já se iniciara entre nós bem antes de 1988, conforme revelam as sucessivas
normas de proteção aos filhos e a notável construção jurisprudencial de amparo à companheira, as
quais contribuíram, de modo eficaz, para retirar diversas famílias da ‘ilegitimidade’ que lhes havia
sido destinada pela Lei Civil (BARBOZA, Heloisa Helena. O Direito de Família e o Código Civil de 2002:
Algumas considerações gerais. In. LEITE, Eduardo de Oliveira; PACHECO, José da Silva. Revista Forense:
Edição comemorativa 100 anos. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 401418, especificamente: p. 406). A
autora, no entanto, afirma que “tal fato, porém, em nada diminui o papel primordial da Constituição
da República no estabelecimento dos fundamen tos de um direito de família comprometido com a
valorização do ser humano” (BARBOZA, Heloisa Helena. O Direito de Família e o Código Civil de 2002:
Algumas considerações gerais. In. LEITE, Eduardo de Oliveira; PACHECO, José da Silva...p. 406).
705 STF. RE 52217, DJ de 12/09/1963; STF. RE 49064, DJ de 18/01/1962; STF. RE 26329, DJ de 11/08/1961;
STF. AI 24430, DJ de 15/06/1961; STF. RE 44108, DJ de 04/08/1960, RTJ 14/231; STF. RE 19561, DJ de
29/10/1953; STF. RE 9855, DJ de 28/05/1948; STF. AI 12991, DJ de 21/08/1947.
706 Para uma análise pormenorizada dessas leis: AZEVEDO, Alvaro Villaça. Estatuto da família de fato. São
Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2001. p. 358377 (Lei nº 8.971/94) e p. 378405 (Lei nº 9.278/96).
707 “A união entre homossexuais juridicamente não existe nem pelo casamento, nem pela união es tável,
mas pode configurar sociedade de fato, cuja dissolução assume contornos econômicos, re sultantes
da divisão do patrimônio comum, com incidência do Direito das Obrigações” (STJ. REsp 502.995⁄RN,
rel. Min. Fernando Gonçalves, Quarta Turma, j. 26/04/2005, DJ 16/05/2005).
708 “Comprovada a existência de união afetiva entre pessoas do mesmo sexo, é de se reconhecer o
direito do companheiro sobrevivente de receber benefícios previdenciários decorrentes do plano de
previdência privada no qual o falecido era participante, com os idênticos efeitos operados pela união
estável. (...) O direito social previdenciário, ainda que de caráter privado complemen tar, deve incidir
igualitariamente sobre todos aqueles que se colocam sob o seu manto protetor. Nessa linha de
entendimento, aqueles que vivem em uniões de afeto com pessoas do mesmo sexo, seguem
enquadrados no rol dos dependentes preferenciais dos segurados, no regime geral, bem como dos
participantes, no regime complementar de previdência, em igualdade de condi ções com todos os
demais beneficiários em situações análogas” (STJ. REsp 1.026.981/RJ, rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, j. 04/02/2010, DJe 23/02/2010).
709 “Assentando o Tribunal local restar comprovada a existência de união afetiva entre pessoas do
mesmo sexo, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente à meação dos bens ad-
quiridos a título oneroso ao longo do relacionamento, independentemente da prova do esforço
comum, que nesses casos, é presumida, conforme remansosa jurisprudência do STJ” (STJ. EDcl no
REsp 633.713/RS, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, j. 11/02/2014).
710 Exemplo do quão é determinante o desejo social de mudança está no anteprojeto de código civil de
Orlando Gomes, cuja não conversão em lei se deveu, de modo não exclusivo, mas por causa
preponderante, à oposição social aos câmbios que ele introduzia no Direito de Família: “Apreciando
o projeto de Código Civil já tivemos o ensejo de esclarecer que poderia, eventual mente, abalar as
bases da família. (...) Um projeto de Código Civil que refletisse as aspirações da sociedade brasileira
deveria, pois, dirigindo os costumes e reagindo contra as distorções exis tentes, apresentar como
instrumento adequado e eficaz para fortalecer a família. Não cabe ao Código abrir estradas mais
largas para a dissolução dos costumes e o enfraquecimento da união conjugal” (WALD, Arnoldo. A
elaboração e revisão dos projetos de códigos. Revista de Direito da Procuradoria Geral - Governo do
Estado da Guanabara, no 21, p. 166189, 1969. p. 169, com referências à campanha contra a aprovação
do projeto de código civil liderada pelo monsenhor Arruda Câmara, e p. 174, a segunda parte da
transcrição).
711 § 3º do art. 226, CF/1988.
712 § 5º do art. 226, CF/1988.
713 No Reino de Espanha, a Lei 13 de 2005 introduziu a possibilidade de casamento entre pessoas do
mesmo sexo, acrescentando o seguinte parágrafo ao art. 44 do Código Civil: “El matrimonio tendrá los
mismos requisitos y efectos cuando ambos contrayentes sean del mismo o de diferente sexo”. Em
Portugal, a Lei nº 9, de 31 de maio de 2010, alterou alguns artigos do Código Civil de 1966 (arts.
1.577º, 1.591º e 1.690º), passando o art. 1.577º a dispor que: “Casamento é o con trato celebrado
entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comu nhão de vida, nos
termos das disposições deste Código”. A redação anterior desse dispositivo era: “Casamento é o
contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem consti tuir família mediante
uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código”. Na República Argentina, a
Lei nº 26.618, de 21 de julho de 2010, em seu art. 2º, modificou o Código Civil de 1869, cujo art. 172
passou a ter esta redação: “Es indispensable para la existencia del matrimonio el pleno y libre
consentimiento expresado personalmente por ambos contrayentes ante la autoridad competente para
celebrarlo. El matrimonio tendrá los mismos requisitos y efectos, con independencia de que los
contrayentes sean del mismo o de diferente sexo. El acto que careciere de alguno de estos requisitos no
producirá efectos civiles aunque las partes hubieran obrado de buena fe, salvo lo dispuesto en el artículo
siguiente”. No atual Código Civil argentino (2015), esse dispositivo ganhou um equivalente no Livro
Segundo (Relações de Família), Titulo I (Matrimonio), Capítulo 1 (Princípios de Liberdade e de
Igualdade): art. 402. “Interpretación y aplicación de las normas. Ninguna norma puede ser interpretada ni
aplicada en el sentido de limitar, restringir, excluir o suprimir la igualdad de derechos y obligaciones de los
integrantes del matrimonio, y los efectos que éste produce, sea constituido por dos personas de distinto o
igual sexo”.
714 “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”
(art. 1.723, caput, CC/2002).
715 STF. ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, j. 05/05/2011, DJe198 14102011.
716 Em seu voto, o min. Cezar Peluso anotou que essa técnica interpretativa somente seria possível no
caso em apreciação porque não haveria total correspondência semântica entre o art. 1.723 do
CC/2002 e o art. 226, § 3º da CF/88: “Começo por dizer que teria alguma dificuldade de ordem teórica
para conhecer das demandas como ações diretas de inconstitucionalidade, não fosse o fato de que o
disposto no artigo 1.723 do Código Civil não é reprodução estrita do artigo 226, § 3º, da Constituição
Federal. Porque, se o fosse, obstáculo teórico e, a meu ver, constitucional, estaria em que não seria
possível cogitarse de interpretação conforme à Constituição de norma infraconstitu cional que se
limitaria, nessa hipótese, a reproduzir texto constitucional. Estaríamos, sim, diante de um caso de
pura interpretação constitucional, que não poderia ser objeto de ação de inconstitu cionalidade sob
pretexto de que teríamos que interpretar a própria Constituição de acordo com a Constituição. Mas a
diversidade de redação das normas permite, e acho que isto é, de modo muito consistente, a sua
racionalidade, a decisão da Corte de conhecer das demandas, exatamente com base na não
coincidência semântica entre as duas normas, de tal modo que é possível enxergar o disposto no
artigo 1.723 como preceito susceptível de revisão à luz do artigo 226, § 3º, e de outras normas
constitucionais, que constam, aliás, como causa de pedir de ambas as demandas”.
717 Sobre isso, confirase: “Essa mistura entre a determinação normativa, resultante de opções de-
implica, de per si, um elemento ótimo para seu exercício. Os exemplos do Canadá e da Austrália,
países notoriamente conhecidos pela estabilidade de suas relações jurídicopúblicas e jurídico-
privadas, comprovam a ausência desse vínculo de causalidade necessária” (RODRIGUES JR., Otavio
Luiz. Propriedade e função social: Exame crítico de um caso de “constitucionalização” do Direito
Civil...p. 70).
CAPÍTULO SÉTIMO
721 SCHUPPERT, Gunnar Folke; BUMKE, Christian. Die Konstitutionalisierung der Rechtsordnung: Die
Konstitutionalisierung der Rechtsordnung: Überlegungen zum Verhältnis von verfassungsrechtli cher
Ausstrahlungswirkung und Eigenstandigkeit des „einfachen“ Rechts. BadenBaden: Nomos, 2000.
722 FAVOREU, Louis. La constitutionalisation du droit. In. AUBY, JeanBernard et alii (Ed.). L’unité du Droit:
Mélanges en hommage à Roland Drago. Paris: Economica, 1996; FAVOREU, Louis. Les des tinataires
des droits fondamentaux. In. FAVOREU, Louis (Coord.) Droit des libertés fondamentales. 3. ed. Paris:
Dalloz, 2005. p. 98112 (especialmente p. 110112); FAVOREU, Louis; LÖIC, Philip. Le Conseil
Constitutionnel (Que saisje?). 7. ed. Paris: PUF, 2005; FAVOREU, Louis. La légitimité du juge
constitutionnel. Revue Internationale de Droit Comparé. v. 2, ano 46, p. 557581, avr./jui. 1994.
723 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do Direito...p. 3849.
724 MARTINS, Leonardo. Liberdade e Estado constitucional: Leitura jurídicodogmática de uma com plexa
relação a partir da teoria liberal dos direitos fundamentais...p. 8588.
725 ALEXY, Robert. Direito Constitucional e direito ordinário: jurisdição constitucional e jurisdição es-
pecializada...cit. (especialmente, p. 3638).
726 A constitucionalização do Direito é também objeto de outras obras monográficas, no âmbito das
quais o tema invariavelmente se conecta com o Direito Privado. Esses livros, porém, apresen tam um
escopo mais amplo do que o desenvolvido nesta tese e por isso não são assinalados como fontes
para um modelo universal de constitucionalização. Convém, todavia, mencioná los: RENSMANN,
Thilo. Wertordnung und Verfassung. Das Grundgesetz im Kontext grenzüber schreitender
Konstitutionalisierung. Tübingen: Mohr Siebeck, 2007 (especialmente, p. 68119); TERHECHTE, Jörg
Philipp. Konstitutionalisierung und Normativität der europäischen Grundrechte. Tübingen: Mohr
Siebeck, 2011 (com ênfase na questão dos direitos fundamentais no espaço eu ropeu, vide esp. p. 7-
10 e p. 9596, com citação de SchuppertBumke).
727 Gunnar Folke Schuppert (1943) e seu antigo assistente Christian Bumke (1963) são publicis tas, tendo
de código (DELGADO, Mário Luiz. Codificação, descodificação e recodificação do Direito Civil brasileiro.
São Paulo: Saraiva, 2011. p. 39 e 5055 (neste último intervalo de páginas, tratase da distinção entre
código, condensação, consolidação e compilação).
734 Parcialmente neste sentido: ANDRADE, Fábio Siebeneichler de. Da codificação: Crônica de um
conceito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997. p. 6971.
735 Exemplo da justificativa para normas dessa natureza integrarem o texto constitucional foi dado por
quem afirma que o Colégio Pedro II foi relevante para a formação do Estado brasileiro, por isso “sua
manutenção na órbita federal de ensino é uma demonstração do Constituinte da vinculação que o
Colégio tem com a sociedade brasileira como um todo (...)” (MALISKA, Marcos Augusto. Comentário
ao art. 242. In. CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang;
STRECK, Lenio Luiz (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, Almedina, 2013.
p. 2173).
736 BEVILÁQUA, Clóvis. A Constituição e o Código Civil...passim.
737 PEREIRA,Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937...p. 510514;
PEREIRA, Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937...p. 2530.
738 RODRIGUES, Silvio. Breve histórico sobre o Direito de Família nos últimos 100 anos...p. 241.
739 BONAVIDES, Paulo. A Constituinte de 19871988 e a restauração do estado de direito. In. CANOTILHO,
José Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz (Coords.).
Comentários à Constituição do Brasil...p. 58.
740 RAMOS, Elival da Silva. Ativismo judicial: Parâmetros dogmáticos...p. 254.
741 “Neste sentido, apontase com inteira razão para o fato de que a assim designada constitucionaliza-
ção do direito (e, portanto, também do direito privado) se manifesta por duas vias: a) a presença da
Constituição no direito privado, onde se cuida da influência das normas constitucionais, via concre-
tização legislativa e/ou judicial sobre as normas do direito privado e as relações entre particulares, e
b) a presença do direito privado na Constituição, onde se cuida de institutos originalmente do direito
privado previstos na Constituição que, por sua vez, irá influenciar o direito privado situa ção em que,
no fundo, se está a falar de direito constitucional e não propriamente de um direito civil-
constitucional” (SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais, mínimo existencial e Direito
Privado. Revista de Direito do Consumidor, v. 61, p. 90125, jan./mar. 2007. § 1o).
742 MARTINS, Leonardo. Direito fundamental à igualdade entre homem e mulher. In. CANOTILHO, José
Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz (Coords.).
Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, Almedina, 2013. p. 236.
743 MACHADO, Jónatas E. M. Liberdade de expressão: Dimensões constitucionais da esfera pública no
sistema social. Coimbra: Coimbra Editora, 2002. p. 5679 (com maior interesse para o processo
ocorrido na Alemanha, p. 7479).
744 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do Direito...p. 172. Em sentido aproximado: “A
locução ‘direito civil constitucional’ é um tanto equívoca, à medida que conduz à idéia de um
possível direito civil inconstitucional, o que é obviamente um contrasenso. Afinal, desde Marshall e a
supremacia da Constituição, o direito tem de ser constitucional, caso contrário ou será nulo ou
inexistente, conforme se adote uma ou outra teoria a respeito do fenômeno de inconstitucio-
nalidade: se nem sequer direito é, muito menos direito adjetivado de civil será. (...) A verdade,
portanto, é que se sacrificou o purismo científico visando até um fim político: atenuar o caráter
individualliberal ainda imperante no nosso direito civil. Talvez, melhor ainda, adotar ‘constitucio-
nalização do direito...’, para marcar o caráter dinâmico do processo, sobre o qual ainda não se tem
conclusões definitivas, gozando ainda do mérito de desviar a incoerência terminológica” (GEHLEN,
Gabriel Menna Barreto von. O chamado Direito Civil Constitucional. In. MARTINSCOSTA, Judith (Org.).
A reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 184, nota 22).
745 R. Limongi França (O Direito Civil como direito constitucional. Revista do Tribunal de Justiça do Estado
do Pará, v. 36, no 55, p. 2129, jan./mar. 1992. p. 2427), na aula inaugural dos cursos jurídicos das
Arcadas, em 4 de março de 1991, fez uso da expressão “Direito Civil como Direito Constitucional”, a
qual não pode ser confundida com uma nova forma de constitucionalização por um leitor mais
desatento. Em suas palavras, “quando falamos em Direito Civil como Direito Constitucional, o enfoque
não é o da hierarquia apriorística, senão do que concerne à essência do fenômeno jurídico, de tal
modo que o valor hierárquico se apresenta a posteriori, como uma consequência da necessidade que
tem a generalidade das regras jurídicas, inclusive a própria Constituição Política, de atender aos
preceitos impostos pelo Direito Civil, no que tange à vigên cia, à revogação e à aplicação da norma,
além do que respeita ao conflito de leis no tempo e no espaço”.
746 “Aqui, neste sector da tutela constitucional de bens da pessoa já objeto de direitos de personalida de,
pode falarse, sem reservas, de uma autêntica ‘constitucionalização do direito civil’, no sentido preciso
de que direitos inicialmente consagrados na legislação civil para operarem nas relações interprivadas
sobem um degrau na pirâmide normativa, passando a gozar também de assento e dignidade
constitucionais” (RIBEIRO, Joaquim de Sousa. Constitucionalização do Direito Civil. Boletim da
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, no 74, p. 729755, 1998. p. 736).
747 Os artigos são os seguintes: 145, 147, 148, 151, 152, 154, 157, 161 e 162, CF/1988.
748 STF. RE 153771, rel. Min. Carlos Velloso, rel. para o acórdão Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, j. 2011-
v. 10, no 232, p. 5051, set. 2006. Nesse texto, o autor sugere o texto para uma PEC, que objetiva a
supressão de mais de 80 dispositivos da CF/1988 e altera a redação de alguns artigos, partindo do
entendimento elementar de que o texto constitucional não deve comportar a regula mentação das
variegadas espécies tributárias. Em outro escrito, focalizando novamente as possi bilidades de uma
reforma tributária no Brasil, o autor aponta as vantagens desse modelo proposto
(desconstitucionalização): “Além da simplificação do Sistema, aspiração de todos os contribuintes,
especialmente todo o empresariado nacional, a desconstitucionalização do Sistema Tributário im-
portaria numa apreciável redução na carga de trabalho do Supremo Tribunal Federal, uma vez que,
hoje, todos os litígios judiciais em questões fiscais acabam sendo submetidos a essa Corte de Justiça,
mediante recursos extraordinários, por envolverem matéria tratada pela Constituição, dis torção essa
que não se verifica em outros países. A grande vantagem da desconstitucionalização do Sistema
Tributário reside no fato de que as divergências e controvérsias passarão a girar em torno de simples
projetos de lei, como ocorre em todos os países do mundo civilizado” (QUEIROZ, Cid Heráclito de. A
reforma tributária possível. Carta Mensal - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo, no 690, p. 331, set. 2012, cit. p. 13).
750 Em doutrina, há quem dê ao conceito de desconstitucionalização um sentido mais amplo, como
antônimo do processo de juridicização constitucional (CANOTILHO, José Joaquim Gomes.
Constituição dirigente e vinculação do legislador: Contributo para a compreensão das normas
constitucionais programáticas. Coimbra: Coimbra Editora, 1994. p. 471).
751 Arts. 23, 53, 189, 693, 731, 732 e 733, CPC/2015.
752 O STJ já reconheceu a supervivência da separação judicial no ordenamento brasileiro, ao se pro-
nunciar que admitir os efeitos revocatórios da EC no 66/2010 equivaleria a conceder que essa
mudança “suprimiu a existência da separação extrajudicial ou judicial levaria à interpretação de que
qualquer assunto que não fosse mais tratado no texto constitucional por desconstitucionali zação
estaria extinto, a exemplo também do que ocorreu com a separação de fato, cuja existência não é
objeto de dúvida”. Tratase de recurso especial cujo número não foi divulgado, em razão do segredo
de justiça. A relatora do acórdão foi a min. Isabel Gallotti, da 4ª Turma do STJ (Superior Tribunal de
Justiça. Notícias. Quarta Turma define que separação judicial ainda é opção à disposi ção dos
cônjuges. 2232017). Em sentido idêntico: STJ. REsp 1431370/SP, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, j. 15/08/2017, DJe 22/08/2017.
753 “Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que
disporá, inclusive, sobre: (...) § 3º As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras
remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a
doze por cento ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido,
em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar” (Redação original da CF/1988).
754 “O grande debate jurídico sobre a limitação das taxas de juros reais em 12% ao ano, constante do §
3º da redação original, foi afastado pela EC 40/2003” (SCAFF, Fernando Facury; SCAFF, Luma
Cavaleiro de Macedo. Comentário ao art. 192. In. CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar
Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil.
São Paulo: SaraivaAlmedina, 2013. p. 1892).
755 “A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela EC 40/2003, que limitava a taxa de juros
reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar” (Súmula STF
648).
756 Nos anos 1970, já se discutia a constitucionalização por elevação do Direito Internacional nos escritos
nalização por elevação das normas ordinárias trabalhistas: OLIVEIRA, Ary Brandão de. A constitu-
cionalização do Direito do Trabalho. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 8 Região, v. 24, no 46,
p. 5973, jan/jun 1991; PIMENTEL, Marcelo. Constitucionalização do Direito do Trabalho. Genesis:
Revista de Direito do Trabalho, v. 1, no 1, p. 813, jan 1993.
759 “Lei anterior não pode ser inconstitucional em relação à Constituição superveniente; nem o le-
gislador poderia infringir Constituição futura. A Constituição sobrevinda não torna inconstitucio nais
leis anteriores com ela conflitantes: revogaas. Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de
produzir efeitos revogatórios. Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao
ser promulgada, leis ordinárias. A lei maior valeria menos que a lei ordinária. 2. Reafirmação da antiga
jurisprudência do STF, mais que cinquentenária” (STF. ADIn 2, rel. Min. Paulo Brossard, Pleno, j.
06.02.1992, DJU 21.11.1997).
760 Nesse sentido: “O conflito de norma com preceito constitucional superveniente resolvese no campo
da não recepção, não cabendo a comunicação ao Senado prevista no inciso X do art. 52 da CF” (STF.
RE 387.271, rel. min. Marco Aurélio, j. 882007, DJ de 1º22008; STF); STF. ADPF 156, rel. min. Cármen
Lúcia, j. 1882011, DJ de 28102011; STF. ADPF 33, rel. min. Gilmar Mendes, j. 7122005, DJ de 27102006
(equipara “ilegitimidade” a “não recepção” de norma contrária à nova ordem constitucional, assim
declarada em arguição de descumprimento de preceito funda mental); STF. RE 565.714, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 3042008, DJ de 882008.
761 LOUREIRO, Lourenço Trigo de. Instituições de Direito Civil brasileiro...t. 1. p. 189; PEREIRA, Lafayette
Rodrigues. Direitos de Família...p. 210; BEVILÁQUA, Clóvis. A Constituição e o Código Civil...p. 32;
ORLANDO, Pedro. Direitos Autorais...p. 2931; GARCEZ, Martinho. Do Direito de Família segundo o
projecto de Código Civil Brazileiro...p. 1011; MAXIMILIANO, Carlos. Commentarios a Constituição
brasileira...p. 766; BITTAR, Carlos Alberto. A Constituição de 1988 e sua interpretação... § 3; PEREIRA,
Caio Mário da Silva. O Direito Civil na Constituição de 10 de novembro de 1937...p. 510 514; ALMEIDA,
José Luiz Gavião de. O Direito de Família e a Constituição de 1988...p. 382; RODRIGUES, Silvio. Breve
histórico sobre o Direito de Família nos últimos 100 anos...p. 244.
762 A desatualização de parte considerável do direito ordinário foi um dos efeitos supervenientes à
vigência da CF/1988. No Direito Civil, essa desconformidade criou óbices à incidência dos princí pios
da nova Constituição. Como consequência, Carlos Alberto Bittar e Carlos Alberto Bittar Filho (Direito
Civil constitucional. 3. ed. rev. e atual. da 2. ed. da obra O Direito Civil na Constituição de 1988. São
Paulo: RT, 2003. p. 19 e 24) entendem que as regras contidas na CF/1988 no âmbito do Direito de
Família só alcançaram plena eficácia após a entrada em vigor do CC/2002.
763 A CF/1937 já havia iniciado esse processo de eliminação de distinções entre os filhos, ao asse gurar,
em seu art. 126, que filhos naturais e legítimos equipararseiam, o que implicou fosse “revogada a
desigualdade consignada no art. 1.605, § 1º, do Cód. Civil” (PICANÇO, Melchiades. A filiação no
Direito brasileiro. Revista dos Tribunais, v. 121, p. 434445, set. 1939). Idem: ALMEIDA, José Luiz Gavião
de. O novo estatuto da filiação. In. BITTAR, Carlos Alberto. O Direito de Família e a Constituição de 1988.
São Paulo: Saraiva, 1989. p. 153186, cit. p. 163.
764 ALMEIDA, José Luiz Gavião de. O Direito de Família e a Constituição de 1988. In. MORAES, Alexandre
2. ed. da obra O Direito Civil na Constituição de 1988. São Paulo: RT, 2003. p. 24.
770 SCHUPPERT, Gunnar Folke; BUMKE, Christian. Die Konstitutionalisierung der Rechtsordnung... cit.p. 10.
771 Sobre os efeitos da CF/1988 em relação ao Direito de Família, Carlos Alberto Bittar (A Constituição de
1988 e sua interpretação...cit. § 4) entendia que: “a) as regras estipuladas na Carta represen tam
diretrizes traçadas para o legislador, ou seja, constituem apenas formalmente normas cons-
titucionais; b) estão em vigor os princípios, mas com sua aplicação condicionada, em concreto, à
adaptação da legislação ordinária, no caso, o próprio Código Civil e certas leis especiais; c) assim, se o
legislador quisesse que essa matéria fosse desde logo aplicada, teria feito inserir a regra de
interpretação que editou para os direitos fundamentais; d) portanto, não se pode, ainda, invocar os
princípios expostos para a solução de conflitos existentes, nem com base neles se desfazer situações
concretas; e) mas nenhuma lei nova poderá contrariálos, sob pena de inconstitucio nalidade; f) se
assim não fosse quanto a situações existentes, terseia a esdrúxula admissão de vacatio legis em todas
as regras de cunho pessoal sobre o relacionamento conjugal, pois o princí pio da igualdade dos
cônjuges põe por terra as regras, dentre outras, de chefia do lar conjugal, de representação da
família, de administração de bens da família, de fixação do domicílio do casal, todas com
proeminência para o marido, bem como as de privilégio da mulher, como as sobre bens reservados,
sobre mera colaboração nos encargos familiares etc.”.
772 SCHUPPERT, Gunnar Folke; BUMKE, Christian. Die Konstitutionalisierung der Rechtsordnung...p. 10. Em
sentido idêntico: “(...) embora esse processo de constitucionalização seja o menos controver tido, não
é ele necessariamente o mais rápido de todos. A lentidão com que os princípios da Constituição
brasileira de 1988 e as tarefas que ela impõe são concretizados pela legislação ordi nária é exemplo
claro disso. Mas, ao contrário do que o lugar comum faz pensar, isso não é um problema de falta de
‘vontade política’ do legislador brasileiro, mas uma característica inerente à lentidão do legislador
para se adaptar a novos paradigmas. E isso em todo o mundo” (SILVA, Virgílio Afonso da. A
constitucionalização do direito...p. 3940).
773 STF. ADI 2076, rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, j. 15/08/2002, DJ 08082003, p. 86.
774 STF. RMS 26212, rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, j. 03/05/2011, DJe 1852011.
775 Parauma crítica ao consenso sobre o conceito de “mínimo existencial” estritamente vinculado às
concepções do TCF, prevalecentes no Brasil: BERCOVICI, Gilberto. Constituição econômica e dig-
nidade da pessoa humana. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 102 p. 457-
467 jan./dez. 2007. p. 460462.
776 FAVOREU, Louis. La constitutionalisation du droit...p. 36.
777 Ambos os autores são referidos também em: SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do
Direito...p. 4649.
778 HESSE,Konrad. Die normative Kraft der Verfassung: Freiburger Antrittsvorlesung. Tubingen: Mohr
(Siebeck), 1959. p. 1012.
779 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto epistemológico do Direito Civil Contemporâneo...p. 59.
780 CASTRO JR., Torquato. Constitucionalização do Direito Privado e mitologias da legislação: Código
Civil versus Constituição. In. SILVA, Artur Stamford da (Org.)...p. 6465.
781 Issojá foi percebido por Thiago Reis (Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo
jurídico do direito civilconstitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo...cit.): “De um lado,
denunciase a ‘invocação irresponsável’ da dignidade humana como mera ‘patifaria intelectual’. De
outro, alertase para a ‘carta branca’ dada aos magistrados para que disfarcem suas convic ções
pessoais sob a ‘invocação genérica de algum princípio constitucional’. Discricionariedade e
imprevisibilidade das decisões judiciais representariam hoje um ‘perigo crescente’ a exigir do civilista
uma ‘necessária calibragem’”. Realmente, essa é uma preocupação de alguns privatistas
contemporâneos cuja seriedade intelectual não se põe em dúvida: “Qualquer conclusão que se possa
extrair do panorama geral traçado será apenas prospectiva. Contudo, exatamente nesta linha, é
importante alertar que a consolidação da metodologia póspositivista e da constituciona lização do
direito civil em nossa doutrina e, especialmente, em nossos tribunais, tem sinalizado para um perigo
crescente. A necessária superação do formalismo por uma perspectiva mais flexí vel e principiológica
foi efetivada, e agora nos deparamos com o alerta do risco oposto. O receio dos juristas mais
tradicionais parece encontrar eco quando se veem decisões que, sob o pretexto da
constitucionalização e da aplicação dos princípios, mais parecem realizar o que vem sendo chamado
de banalização do Direito” (BODIN DE MORAES, Maria Celina. Do juiz bocadalei à lei segundo a boca-
dojuiz: Notas sobre a aplicaçãointerpretação do Direito no início do século XXI. In. CASSETTARI,
Christiano (Coord.); CAMARGO VIANA, Rui Geraldo (Orient). 10 anos de vigência do Código Civil
Brasileiro de 2002: Estudos em homenagem ao professor Carlos Alberto Dabus Maluf. São Paulo:
Saraiva, 2013, p. 5071, citada a p. 68). Em sentido aproximado: “Registre se, a propósito, que nada
está mais distante da metodologia civilconstitucional que a invocação irresponsável da ‘dignidade
humana’, para sustentar as demandas indenizatórias de caráter frívo lo, ou a menção oportunista à
‘função social do contrato’ no afã de justificar o descumprimento de deveres contratuais
legitimamente assumidos. A metodologia civilconstitucional reclama a aplicação dos princípios
constitucionais, mas tal aplicação se dá necessariamente de modo téc nico e criterioso, por meio de
uma fundamentação controlável, ancorada no dado normativo. A invocação velhaca dos valores
constitucionais nada tem de civilconstitucional: é patifaria intelec tual, que, longe de privilegiar,
esvazia a densidade das normas fundantes do ordenamento jurídico brasileiro” (SCHREIBER,
Anderson. Direito Civil e Constituição. São Paulo: Atlas, 2013. p. 23). Na li nha da crítica à “ubiquidade
constitucional” e à banalização do Direito Constitucional: EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. Acertos e
desacertos do processo de constitucionalização dos direitos: Uma re flexão sobre os perigos da
ubiquidade constitucional no Direito Civil brasileiro. Revista Trimestral de Direito Civil: RTDC, v. 11, no
44, p. 235256, out./dez. 2010; SARMENTO, Daniel. Ubiqüidade constitucional: os dois lados da moeda.
Revista de direito do Estado: RDE, no 2, p. 83118, abr./jun. 2006 (com enfoque mais amplo para todo o
Direito Constitucional. Ressaltese que este autor é constitucionalista).
782 Em sentido aproximado, Bernhard Schlink (German constitutional culture in transition. Cardozo Law
Review, v. 14, nº 34, p. 711736, 19921993. esp. 719721) considera que houve uma perda de
determinabilidade do conteúdo e da extensão dos direitos fundamentais. Isso tornou quase
impossível uma prognose metodologicamente adequada. As decisões envolvendo direitos funda-
mentais dependeriam menos da técnica jurídica do que do conhecimento de tendências jurispru-
denciais, da personalidade dos magistrados e suas inclinações subjetivas, bem assim da atmosfera
política dentro dos tribunais constitucionais.
783 NEVES, Marcelo. A constitucionalização simbólica. São Paulo: Acadêmica, 1994. p. 152153.
784 Éo que pensa Virgílio Afonso da Silva (A constitucionalização do Direito Privado...p. 4748), para quem
esta acepção tem a vantagem de não se adstringir à experiência constitucional francesa, embora
tenha sido Louis Favoreu um de seus mais importantes teóricos.
785 FAVOREU, Louis. La constitutionalisation du droit...p. 36.
786 SCHUPPERT, Gunnar Folke; BUMKE, Christian. Die Konstitutionalisierung der Rechtsordnung... p. 1821.
787 Ambos referidos por: SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do Direito Privado...p. 3848.
788 SCHUPPERT, Gunnar Folke; BUMKE, Christian. Die Konstitutionalisierung der Rechtsordnung... p. 1819.
789 TEIXEIRA,José Horácio Meirelles. Curso de Direito Constitucional. Texto organizado e atualizado por
Maria Garcia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. p. 274.
790 BVerfGE 61, 358; BVerfGE 79, 256; BVerfGE 90, 263; BVerfGE 85, 80.
791 FORSTHOFF, Ernst. Der Staat der Industriegesellschaft...p. 144.
792 DIEDERICHSEN, Uwe. Das Bundesverfassungsgericht als oberstes Zivilgericht: ein Lehrstück der
juristischen Methodenlehre...p. 171.
793 BÖCKENFÖRDE, ErnstWolfgang. Diritto fondamentali come norme di principio. In. BÖCKENFÖRDE,
ErnstWolfgang. Stato, Costituzione, democrazia: Studi di Teoria della Costituzione e di Diritto
Constituzionale. Organização de Michele Nicoletti e Omar Brino. Milano: Giuffrè, 2006. p. 209 262.
794 ALEXY, Robert. Direito constitucional e direito ordinário: jurisdição constitucional e jurisdição es-
pecializada...p. 3738.
795 ALEXY, Robert. Direito constitucional e direito ordinário: jurisdição constitucional e jurisdição es-
pecializada...p. 38.
796 Neste sentido: “Uma Constituição pode ser fruto de uma criação cerebrina ou de uma Assembléia
Constituinte improvisada e condicionada. O Código Civil é fruto de um processo histórico, resul tado
de um amadurecimento social e econômico segundo as exigências que brotam no seio da sociedade.
(...) Também por isso, mostrase mais razoável a preservação do Código Civil como eixo central do
sistema de direito privado, pois apresenta maior estabilidade que a Constituição” (REALE, Miguel. O
projeto do Código Civil. São Paulo: Saraiva, 1986. p. X).
TERCEIRA PARTE
45.1. Introdução
O § 44 serviu para esclarecer as circunstâncias do nascimento desse
modelo cujo impacto no Brasil é sem par com outros países, seja pela
intensidade de sua aplicação, seja por seus excessos. No § 45, cuidar-se-á do
Lüth-Urteil, mas não sob a óptica que se tornou comum nos textos brasileiros,
qual seja, de descrever o caso e resumir os fundamentos do TCF. Pretende-se
reconstruir o modo como o tribunal desenvolveu a solução para o caso. E, nesse
processo, demonstrar que a técnica por ele utilizada é muito mais próxima dos
métodos tradicionais do Direito Civil, que deitam suas raízes em Savigny.
Menos do que uma prova da supremacia metodológica do Direito
Constitucional, o caso Lüth é um exemplo de como o Direito Civil deve ser
preservado em qualquer julgamento que envolva o que os alemães denominam
de eficácia dos direitos fundamentais em relação aos particulares. Enfrentar essa
questão é hoje uma das maiores necessidades do Direito Civil para continuar a
existir como uma disciplina dotada de estatuto epistemológico e autonomia
metodológica.
Em livros e artigos sobre eficácia dos direitos fundamentais em relação aos
privados, não é incomum iniciar-se com uma referência ao caso Lüth.834 Em
português, há uma tradução dos principais trechos da decisão do TCF, o que
permitiu seu conhecimento por um público consideravelmente maior.835
Exclusivamente por uma questão de ordem de ideias, far-se-á uma síntese do
contexto histórico, dos elementos descritivos e do dispositivo da decisão.
Interessa aqui, examinar o modo como o tribunal construiu seu raciocínio
jurídico para chegar ao resultado que tornou o caso Lüth tão famoso
internacionalmente e tão singular para a História do Direito Privado Moderno,
quando não também (e principaliter) para a Alemanha contemporânea.
45.2. Contexto histórico do caso Lüth: cinema, política e justiça
O cinema, que é uma arte geralmente associada aos Estados Unidos da
América, encontrou na Alemanha um espaço de desenvolvimento singular na
década de 1920, em plena efervescência da República de Weimar.836 Aqueles
anos, imediatamente posteriores à tragédia do conflito mundial de 1914-1918,
ficaram conhecidos como os “anos loucos”, com a juventude, parte dela ainda
traumatizada pelo pesadelo da guerra, cheia de cinismo e de fome de viver, que
comporia o quadro do que a História chamou de “geração perdida”. Houve uma
ruptura estética: era o tempo das melindrosas, com o abandono do espartilho e a
adoção do corte de cabelo le garçon. Os “anos loucos” timbraram-se pelas festas
ininterruptas, o consumo de álcool e drogas, a liberação feminina e a frouxidão
de costumes só comparáveis ao que viria a ocorrer nos anos 1960. The Great
Gatsby, do escritor estadunidense Francis Scott Fitzgerald, de 1925, é a obra-
síntese da “geração perdida”. Na Alemanha, não foi muito diferente, a ponto de
se ter formado uma aura de decadência moral em torno da República de Weimar,
particularmente de Berlim, que ficou conhecida como a Sodoma europeia,
circunstância bastante explorada pelos nacional-socialistas para se contrapor à
“degeneração” dos tempos democrático-liberais que eles viriam a soterrar em
1933.
Nessa atmosfera de liberação é que o cinema de Weimar prosperou, tanto
em termos de público quanto em termos de refinamento artístico. Foram os anos
do Expressionismo e da Nova Objetividade, com diretores e filmes
internacionalmente famosos, como Ernst Lubitsch (que ficaria mais conhecido
nos Estados Unidos, com películas como Ninotchka, com Greta Garbo), Fritz
Lang (Metropolis e M, o vampiro de Düsseldorf), Joseph von Sternberg (O anjo
azul, com Marlene Dietrich), Friedrich Wilhelm Murnau (Nosferatu, uma
sinfonia do horror) e Georg Wilhelm Pabst (A caixa de Pandora).837 Os nazistas
compreenderam a força do cinema na sociedade alemã, seja como arma de
propaganda, seja como instrumento para conter os ânimos da população.838 A
sétima arte passou a contar com apoio e financiamento públicos maciços, com
supervisão direta ou interesse manifesto de Goebbels e do próprio Hitler.839
Cineastas como Leni Riefenstahl (O triunfo da vontade, 1943), considerada
como a “preferida” de Hitler, Veit Harlan (O judeu Süß, em alemão Jud
Süß,1940) e Wolfgang Liebeneiner (Bismarck, 1940) integram a elite artística do
regime.
O último longa-metragem de propaganda, rodado na Alemanha nazista,
lançado em janeiro de 1945, foi um filme histórico (Kolberg), que reproduz a
defesa da homônima cidade-fortaleza, sitiada pelas tropas francesas em 1807,
durante as Guerras Napoleônicas.840 A defesa de Kolberg841 é liderada pelo
coronel-conde August Wilhelm von Gneisenau, que resistiu a forças muito
superiores às suas até o fim da guerra com a celebração do Tratado de Tilsit. A
película, rodada em cores, tem uma hora e meia de duração e contou com
milhares de figurantes em cenas de batalhas, o que é incrível a se considerar o
momento em que foi produzida. Ela faz um apelo evidente à capacidade de
resistência do povo alemão e à necessidade de manter a fidelidade a seus líderes.
Finda a guerra, Veit Harlan (1899-1964) foi o único cineasta alemão a ser
levado a julgamento por crimes contra a humanidade, em razão de haver dirigido
Jud Süß, uma das obras mais abjetas e antissemitas do cinema moderno.842 Para
os padrões atuais, o filme foi um blockbuster, com 22 milhões de
expectadores,843 tendo retratado a vida de Joseph Süß Oppenheimer, um ministro
das finanças do Ducado de Württemberg, de ascendência judia, que viveu no
século XVIII e que se tornou muito rico e poderoso. Com a morte do soberano,
ele é preso e condenado à forca. O filme mostra que seriam características
“próprias” do povo hebreu a ganância e avidez, em detrimento dos interesses do
Estado. No final, a população judia é obrigada a deixar Württemberg, em uma
mal disfarçada comparação com o que ocorria na Alemanha nos anos 1940. O
regime nacional-socialista justificava-se com o exemplo da ira popular contra os
judeus.
A ação contra Harlan foi movida pela Associação de Vítimas do Regime
Nazista844 e seu julgamento em Hamburgo, ocorrido em 23 de abril de 1949,
resultou em sua absolvição por: (i) não se haver demonstrado sua culpa; (ii) não
se estabelecer o nexo de causalidade entre seu exercício profissional como
cineasta e o genocídio; (iii) ele ter trabalhado sob ordens de Goebbels.845 Em
grau de recurso, o processo subiu para o Supremo Tribunal de Justiça para a
Zona de Ocupação Britânica,846 em Colônia, que anulou a decisão absolutória e
devolveu o caso para o Tribunal de Hamburgo.847 Veit Harlan, no entanto, foi
absolvido em novo julgamento, que se passou em abril de 1950, desta vez a
cargo do Tribunal Distrital de Hamburgo.848-849
Em todas as audiências, apoiadores e adversários de Veit Harlan
manifestaramse, com maior incidência dos primeiros. É fundamental pôr ênfase
no fato de que o cineasta não era uma pessoa pouco conhecida na Alemanha,
além de ter sido coautor do roteiro do filme Jud Süß. Isso não fica muito bem
evidenciado nos textos sobre o caso Lüth, ao menos em língua portuguesa,
embora seja importante para se compreender o contexto no qual se desenrolaria
o julgamento no TCF. O que estava em jogo não era um homem, mas uma arte a
serviço do regime, um público de milhões de expectadores e a exposição brutal
de um povo (o hebreu) nas telas do cinema. Não era algo irrelevante, pois, como
constou da sentença do OGHBrZ, o filme Jud Süß nem de longe foi uma
“ferramenta insignificante” para fomentar o genocídio.
O cineasta, uma vez absolvido, tentou prosseguir em sua carreira.850
Perceba-se que Leni Riefenstahl (1902-2003), a “cineasta predileta” de Hitler,
amargou quatro anos de prisão, após a guerra, em um campo de prisioneiros
francês. Por falta de provas, ela não foi condenada como nazista, mas como
simples simpatizante, tendo alcançado sua liberdade. Leni Riefenstahl foi
boicotada e não mais conseguiu produzir filmes, o que a levou a trabalhar como
fotógrafa. Esse ponto da biografia de ambos é relevante: ela também sofreu
boicote a sua atividade profissional, mas não levou a matéria aos tribunais.851
Provavelmente estimulado por sua vitória na Justiça, com o apoio de
inúmeros simpatizantes, em 1950, Veit Harlan dirigiu e roteirizou o filme
Amada imortal.852 Ainda na fase de produção, a película foi alvo de protestos.
Antes de sua estreia no Natal de 1950, Erich Lüth (1902-1989) liderou o
chamamento ao boicote do filme de Harlan, por ele considerado um expoente do
cinema nacional-socialista e um agente do antissemitismo.853 O boicote não
começou com o discurso de Lüth, pronunciado no Clube de Imprensa da Cidade
Livre e Hanseática de Hamburgo, e não se resumiu a protestos nessa unidade da
federação alemã, mas a atos (inclusive de violência) em várias cidades alemãs,
com o objetivo de impedir o acesso ou sensibilizar as pessoas a não irem ao
cinema para assistir ao filme de Veit Harlan.854
dência do Tribunal Constitucional Federal do ‘Caso Lüth’ ao ‘Caso Flashmob’”, proferida no audi tório
da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a convite do Departamento de Direito Civil e
da Rede de Pesquisa de Direito Civil Contemporâneo. O texto de Matthias Jestaedt intitula se “Die
Grundrechtsrevolution frisst ihre Kinder”, traduzível por “A revolução dos direitos funda mentais
devora seus filhos”. A referência é esta: JESTAEDT, Matthias. Die Grundrechtsrevolution frisst ihre
Kinder: Bedachtes und Bedenkliches aus fünf Jahrzehnten Grundrechtsdeutung. Journal für
Rechtspolitik - JRP, v. 8 p. 99113, 2000.
799 Ainda que essa teoria seja objeto de severas restrições na Alemanha, cf. SILVA, Virgílio Afonso da. A
constitucionalização do direito...p. 81 (explicando que a doutrina majoritária alemã segue o modelo de
eficácia indireta, ao estilo da jurisprudência do Tribunal Constitucional).
800 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do direito...p. 5457; LEAL, Fernando. Seis obje ções ao
direito civil constitucional...p. 131140 (com críticas às deficiências metodológicas de teo rias que
referendam o que ele chama de “onipresença da Constituição”, o que acaba por se esta belecer um
ambiente de irracionalidade); TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016. p. 386: “(...) com a eficácia direta e imediata correse o grave risco, especialmente
no Brasil, de constitucionalizar todo o Direito e todas as relações particula res, relegando o Direito
privado a segundo plano no tratamento de tais matérias” (embora o autor não tome posição
expressa em relação aos modelos da eficácia direta ou da eficácia indireta); DUQUE, Marcelo Schenk.
Direito Privado e Constituição...p. 117 ss. Dentre os civilistas, a título de exemplo: JUNQUEIRA DE
AZEVEDO, Antonio. RTDC: Entrevista com o Prof. Antonio Junqueira de Azevedo. In. JUNQUEIRA DE
AZEVEDO, Antonio. Novos estudos e pareceres de Direito Privado. Sao Paulo: Saraiva, 2009. RODRIGUES
JR., Otavio Luiz. Propriedade e função social...p. 71 ss; REIS, Gabriel Valente dos. Dignidade da pessoa
humana e constitucionalização do Direito Civil: Origens e riscos metodológicos. Revista de Direito do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no 82, p. 92109, jan./mar. 2010.
801 REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa...§ 2.
802 ALEXY, Robert. Direito constitucional e direito ordinário: jurisdição constitucional e jurisdição es-
pecializada...p. 3738.
803 Adolf Hitler nasceu no Império AustroHúngaro, em 29 de abril de 1889, na cidade de Braunau sobre o
Inn, na região da Baixa Áustria. Ele se encontrava em Munique, Baviera, quando estourou a Primeira
Guerra Mundial. Hitler não se alistou no Exército Imperial e Real austrohúngaro e decidiu ingressar no
Exército Imperial alemão. O soldado Hitler lutou no front ocidental como mensageiro de trincheira, o
que lhe expunha a permanente perigo. Após terse ferido em combate, ele foi pro movido à patente
de cabo e, em 1918, foi condecorado com a Cruz de Ferro de 1ª Classe, “distinção que raras vezes era
concedida aos componentes da tropa” (FEST, Joachim. Hitler. Traduzido por Analúcia Teixeira Ribeiro,
Antônio Nogueira Machado, Antônio Pantoja, Francisco Manuel da Rocha Filho. 4. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1976. p. 77). Sua baixa patente militar e sua naturali dade austrohúngara fizeram com
que ele fosse recebido com desprezo pelo alto oficialato alemão quando foi nomeado para o cargo
de chanceler do Reich. O presidente do Reich, marechal de cam po Paul von Hindenburg, que o
nomeou para a função, disse sobre Hitler que ele não passava de um “cabo da Boêmia”. A Boêmia
havia sido parte do Império AustroHúngaro. O título de Hitler era duplamente depreciativo. E
indicava o desconforto dos marechais alemães por serem submetidos a um comandante supremo
que não passava de um cabo. Desde então, “cabo da Boêmia” passou a designar ditadores que
ascenderam rapidamente, vindos de baixas patentes das Forças Armadas e que possuíam sonhos de
grandeza e poucos limites morais para realizar suas ambições.
804 Sobre a ascensão política de Hitler nesse primeiro momento: FEST, Joachim. Hitler...p. 457489.
805 A CDU e o SPD estavam representados por 27 delegados de cada um desses dois partidos. Os
pequenos partidos tiveram representações menores (BOROWSKI, Martin. The beginnings of
Germany’s Federal Constitutional Court. Ratio Juris. v. 16, no 2, p. 155186, jun. 2003. p. 163).
806 O ano de 1848 passou à História como a “esquina do mundo”. Por todo o continente europeu, hou ve
um despertar das forças adormecidas ou sufocadas após a Restauração de 1815, quando os re gimes
absolutistas retomaram o poder na Europa pósnapoleônica. Nacionalistas húngaros, irlan deses,
italianos e poloneses incendiaram os territórios submetidos às ordens imperiais austríacas, britânicas
e russas. Trabalhadores franceses sublevaram Paris e a França. Nos territórios alemães, eclodiu a
Revolução de Março de 1848 (Märzrevolution), um movimento inserido no contexto das Revoluções
de 1848. Sob a bandeira do pangermanismo e de um forte nacionalismo, protestavase contra a
ordem estabelecida nos Estados da Confederação Germânica, em nome das liberdades civis e da
unidade política. Thomas Nipperdey (Deutsche Geschichte: 18001866 (Bürgerwelt und starker Staat).
5. ed. München: C. H. Beck, 1991. v.1. p. 606) afirma que a Revolução visava à for mação do Estado
nacional e de um parlamento alemão, este último uma verdadeira “criatura” da Revolução. Após uma
série de arranjos políticos, deuse uma reunião prévia do Parlamento, entre março e abril de 1849, na
Igreja de São Paulo (Paulskirche) em Francoforte sobre o Meno, com um total de 574 deputados,
representantes dos diversos Estados alemães e austríacos, cada um deles com as mais variadas
propostas políticas. Houve consenso na reorganização da nova Alemanha sob uma monarquia
federal, a ser comandada pelo rei da Prússia, Frederico Guilherme IV, a quem foi oferecida a coroa. O
texto constitucional elaborado na Igreja de São Paulo é conhecido como Paulskirchenverfassung.
Tratase de uma das mais belas constituições já escritas. Ela contém um amplo catálogo de direitos
fundamentais, assim realmente denominados no original alemão, e antecipou diversos avanços só
encontráveis na LF/1949 e em sua antecessora, a Constituição de Weimar. Todo o projeto de Estado
pangermânico e de uma constituição ruiu após a recusa do rei da Prússia em aceitar a coroa
oferecida pelo Parlamento. A reação conservadora recuperou o terreno, enterrando a
Paulskirchenverfassung e retardando em mais algumas décadas a unifica ção alemã, que só ocorreria
em 1871. A Constituição da Igreja de São Paulo nunca entrou em vigor.
807 A unificação alemã foi o resultado da habilidade política e da vontade férrea de Otto von Bismarck,
ministro do Reino da Prússia, que conduziu o país a três guerras contra o Reino da Dinamarca (1864),
o Império AustroHúngaro (1866) e o Segundo Império Francês (1870). Vitoriosa nesses conflitos, a
Prússia aglutinou em seu redor os Estados alemães e, na Galeria dos Espelhos, no Palácio de
Versalhes, Guilherme da Prússia foi coroado imperador alemão e, formalmente, unifi cou o país em
1871.
808 Em alemão: Deutscher Kaiser.
809 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A formação de um jurista na Alemanha. In. ROSA, Alexandre Morais da;
TRINDADE, André Karam; TASSINARI, Clarissa; SANTOS, Márcio Gil Tostes do; OLIVEIRA, Rafael Tomas
de. Hermenêutica, Constituição e decisão judicial: estudos em homenagem ao professor Lenio Luiz
Streck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2016, p. 337340.
810 Bernd Heinrich Wilhelm von Kleist (17771811) foi um dos maiores dramaturgos alemães. Membro de
uma família aristocrática da Prússia Oriental, seu pai fora um major prussiano morto em combate em
fins do século XVIII. Heinrich von Kleist teve uma vida conturbada. Ele serviu na Campanha do Reno
(1796) contra os Exércitos da França revolucionária. Após abandonar a carrei ra militar em 1799, von
Kleist passou um breve período na Universidade de Frankfurt. Suicidouse antes de completar 35 anos
de idade, após ter feito um pacto de morte com uma mulher em do ença terminal. Apesar de ser
muito pouco reconhecido, sua obra é cada vez mais vista como um marco na literatura alemã,
mesmo com a controvérsia que a cerca. Sob muitos aspectos, a obra de von Kleist antecipa os
escritos de Franz Kafka, que era seu declarado admirador. Notas biográficas podem ser encontradas
em: BREUER, Ingo. Biograpische Skizze. In. BREUER, Ingo (Org.). Kleist Handbuch: Leben.Werk.Wirkung.
Stuttgart: J. B. Metzler, Springer, 2013. p. 14 (com indicação de bibliografia específica).
811 O romance narra a história de um comerciante de cavalos, que parte em busca de justiça, após ter
seus cavalos retidos em um posto de fronteira, de modo ilegal, por um fidalgote rural, que vivia de
extorquir os transeuntes de uma estrada sobre a qual exercia direitos feudais. Sua caracterização de
homem honrado e religioso acaba, por vezes, entrando em contradição com o intuito de fazer justiça
pelas próprias mãos. Esse contraste, no entanto, é exposto por von Kleist logo no início da história,
quando Kohlhaas é descrito como uma das pessoas “mais justas e ao mesmo tempo mais terríveis de
sua época”. O contraste (marca da obra de von Kleist) aparece também em termos de classe. O
protagonista é um representante da classe burguesa, envolto por figuras de outros tan tos estratos,
que vão de Martinho Lutero ao Kaiser do Sacro Império RomanoGermânico. O livro foi traduzido para
o português: KLEIST, Heinrich von. Michael Kohlhaas. Traduzido por Marcelo Backes. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2014.
812 Uma vez eleito pelo voto popular, Hitler foi investido legalmente no cargo de chanceler do Reich em
princípio no combate à “distinção sistemática”: BYDLINSKI, Franz. Kriterien und Sinn der
Unterscheidung von Privatrecht und öffentlichem Recht...p. 322323.
814 Embora seja possível admitir que a fórmula do “legislador negativo” pode ser usada para “ʻescon derʼ
temporâneo...p. 51.
818 BOROWSKI, Martin. The beginnings of Germany’s Federal Constitutional Court…p. 160 e 172.
819 BOROWSKI, Martin. The beginnings of Germany’s Federal Constitutional Court…p. 159.
820 BOROWSKI, Martin. The beginnings of Germany’s Federal Constitutional Court…p. 170.
821 Art.94, LF/1949; §§ 110, Lei sobre o Tribunal Constitucional Federal, de 12 de março de 1951 (BGBl. I
S. 3546).
822 OStaatsgerichtshof für das Deutsche Reich (Tribunal de Estado do Reich Alemão), instituído pelo art.
108, WVR, exercia sua jurisdição sobre alguns tipos de conflitos constitucionais (STOLLEIS, Michael.
Judicial, Administrative, and Constitutional Review in the Weimar Republic. Ratio Juris, v. 16, no 2, p.
266280, jun. 2003. p. 276). Ele foi considerado uma espécie de “tribunal constitu cional”, ao menos
pelos critérios jurídicohistóricos e no contexto da República de Weimar. A qua lificação de um
“tribunal fracassado” explicase por sua incapacidade de desempenhar um papel de moderação
federativa e política, como veio a ser exercido pelo TCF. A polêmica envolvendo Kelsen e Schmitt
sobre o “guardião da Constituição” assentase precisamente no caráter ambíguo do Staatsgerichtshof.
Com a chegada dos nazistas ao poder, o tribunal foi extinto. Em seu lugar, bastava o Führerprinzip
(FRIESENHAHN, Ernst. Hüter der Verfassung? Zeitschrift für Rechtspolitik, ano 6, fascículo 8, p. 188193,
Aug. 1973; JASPER, Gotthard. Justiz und Politik in der Weimarer Republik. Vierteljahrshefte für
Zeitgeschichte, ano 30, fascículo 2, p. 167205, Apr. 1982).
823 BOROWSKI, Martin. The beginnings of Germany’s Federal Constitutional Court…p. 159.
824 Verfassungspatriotismus (patriotismo constitucional), como reconhece o presidente do Tribunal
Constitucional Federal alemão Andreas Voßkuhle, é um conceito desenvolvido por Jürgen Seifert,
Dolf Sternberger e Jürgen Habermas, de entre outros, embora se dê a precedência a Dolf
Sternberger. Não é um conceito imune a críticas, particularmente por retomar antigas teses ilumi-
nistas, como a da religião civil do Estado, que foi, em alguns momentos históricos, apropriada por
ditadores como Napoleão Bonaparte e outros menos dignos. Seu platonismo também permite que o
“patriotismo constitucional” seja objeto de restrições pelos que vislumbram nessas ideias um
conteúdo autoritário de fundo estatalista. Independentemente disso, o Verfassungspatriotismus
ganhou enorme popularidade na Alemanha e na Europa, a ponto de ser referido expressamente
como fundamento da unidade nacional. Outra crítica recairia sobre as impossibilidades concei tuais
em face da realidade. Persistiriam na Alemanha os elementos impeditivos da integração que o
“patriotismo constitucional” almejaria representar. Sobre o tema, consultese: GRIMM, Dieter. Identität
und Wandel das Grundgesetz 1949 und heute. Leviathan, v. 37, no 4, p. 603 616, 2009; STEIN, Tina.
Gibt es eine multikulturelle Leitkultur als Verfassungspatriotismus? Zur Integrationsdebatte in
Deutschland. Leviathan, v. 36, no 1, p. 3353, mar. 2008; BORCHARD, Michael (Ed.). Dolf Sternberger zum
100. Geburtstag. Berlin: KonradAdenauerStiftung, 2007.
825 Cf. VOSSKUHLE, Andreas. Ansprache des Präsidenten des Bundesverfassungsgerichts, Prof. Dr.
Andreas_Voßkuhle,_beim_Festakt_zum_Tag_der_Deutschen_Einheit_am_3._Oktober_2011_in_
Bonn. Disponível em: https://www.bundesregierung.de/Content/DE/Bulletin/2010-
2015/2011/10/1022praesbvgfestakt.html. Acesso em 2232017.
826 O autor desta tese morava na Alemanha quando das celebrações dos 60 anos do Tribunal
Constitucional Federal e assistiu às comemorações pela televisão. Ele sentiuse tocado pela vene-
ração que observou, por parte dos alemães, em relação a sua Constituição. Finalmente, parecia que a
força unificadora da nacionalidade, que se concentrara em um líder dotado de legitimida de
dinástica ou carismática, haviase transferido para um documento constitucional. Três anos depois, já
tendo retornado ao Brasil, escreveu, em coautoria com o min. Dias Toffoli, um artigo em homenagem
aos 200 anos da Constituição Política do Império, que se comemoravam em 25 de março de 1824,
que foi publicado na Folha de S. Paulo. Na abertura do artigo, recordam os autores que, ao menos na
literatura do século XIX e nas impressões deixadas por Machado de Assis, parece ter havido algo de
semelhante no Brasil: “O conselheiro Aires, em seu diário, no dia 25 de março, fez a seguinte
anotação: ‘Era minha ideia hoje, aniversário da Constituição, ir cum primentar o imperador...’.
Personagem fictício do último romance de Machado de Assis, intitulado Memorial de Aires, o velho
diplomata do Império, nessa discreta passagem, destacava o significa do da Constituição de 1824
para o Brasil do século 19. Passados 190 anos, a primeira Constituição brasileira, outorgada por um
imperador da dinastia portuguesa dos Bragança e casado com uma arquiduquesa do Império
austríaco, ainda hoje deixa suas marcas na vida constitucional do país. (...) Os alemães, após a
constituição democrática de 1949, desenvolveram o conceito de ‘patriotis mo constitucional’, como
superador da antiga identificação do povo e do Estado com um símbolo de poder ou com um
arquétipo de base ideológica, fornecido por grupos da classe dominante. A data de 25 de março foi
muito representativa para os brasileiros do século 19, como elegantemen te descreveu Machado de
Assis, de um sentimento incipiente de pertencimento a um Estado de Direito, com todas as suas
imperfeições. Em todo o Brasil, há dezenas de ruas nomeadas em honra do aniversário da
Constituição de 1824. Em São Paulo, a rua 25 de Março, a mais importante via de comércio popular
do país, é uma bela metáfora de que é possível, ainda que por razões inson dáveis, a reinvenção
simbólica do poder” (DIAS TOFFOLI, José Antonio; RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A primeira
Constituição do Brasil. Folha de S. Paulo, 28 de março de 2014. p. A03.)
827 BVerfGE 7, 198.
828 Como já se afirmou sobre o caso Lüth, por ocasião dos 50 anos de criação do TCF: “Há um julgado
cuja importância primordial é, no entanto, fora de qualquer dúvida” (GRIMM, Dieter. Die Karriere
eines Boykottaufrufs. Wie ein Drehbuchautor Rechtsgeschichte machte. Zum 50. Geburtstag des
Bundesverfassungsgerichts. Die Ziet. 27. Sep. 2001. Disponível em:
http://www.zeit.de/2001/40/Die_Karriere_eines_Boykottaufrufs. Acesso em 222017. De modo
semelhante: “Tratase, talvez, da decisão mais conhecida e citada da jurisprudência do TCF. Nela,
foram lançadas as bases, não somente da dogmática do direito fundamental da liberdade de
expressão e seus limites, como também de uma dogmática geral (Parte Geral) dos direitos
fundamentais” (SCHWABE, Jürgen (Org.). Cinqüenta anos de jurisprudência do Tribunal Constitucional
Federal Alemão. Organização e introdução de Leonardo Martins. Tradução de Beatriz Henning,
Leonardo Martins, Mariana Bigelli de Carvalho, Tereza Maria de Castro e Vivianne Geraldes Ferreira.
Prefácio de Jan Woischnik. Montevideo: KonradAdenauerStiftung, 2005. p. 381).
829 BVerwGE 64, 274; BVerwGE 22, 286; BGHZ 65, 325; BGHZ 33, 145; BVerfG 1 BvQ 13/01; BVerfGE 137,
273; BVerfGE 128, 226; BVerfGE 124, 300; BVerfGE 120, 180; BVerfGE 117, 244; BVerfGE 115, 320;
BVerfGE 115, 51; BVerfGE 114, 339; BVerfGE 113, 63; BVerfGE 112, 332; BVerfGE 111, 147; BVerfGE 111,
54; BVerfGE 110, 226; BVerfGE 107, 275; BVerfGE 103, 89; BVerfGE 102, 347; BVerfGE 101, 361; BVerfGE
99, 185; BVerfGE 98, 365; BVerfGE 97, 391; BVerfGE 97, 169; BVerfGE 97, 125; BVerfGE 96, 375; BVerfGE
95, 267; BVerfGE 95, 220; BVerfGE 95, 28; BVerfGE 94, 1; BVerfGE 93, 352; BVerfGE 93, 266; BVerfGE 93,
213; BVerfGE 92, 140; BVerfGE 91, 186; BVerfGE 91, 125; BVerfGE 90, 255; BVerfGE 90, 241; BVerfGE 90,
27; BVerfGE 89, 214; BVerfGE 86, 1; BVerfGE 85, 248; BVerfGE 85, 1; BVerfGE 84, 192; BVerfGE 82, 272;
BVerfGE 82, 236; BVerfGE 81, 242; BVerfGE 77, 65; BVerfGE 76, 143; BVerfGE 74, 297 – 5; BVerfGE 74,
102; BVerfGE 73, 261; BVerfGE 71, 162; BVerfGE 69, 315; BVerfGE 69, 257; BVerfGE 67, 157; BVerfGE 66,
116; BVerfGE 64, 108; BVerfGE 62, 230; BVerfGE 61, 1; BVerfGE 60, 234; BVerfGE 59, 231; BVerfGE 57,
295; BVerfGE 57, 250; BVerfGE 54, 208; BVerfGE 54, 129; BVerfGE 53, 257; BVerfGE 52, 131; BVerfGE 50,
290; BVerfGE 50, 234; BVerfGE 49, 89; BVerfGE 47, 198; BVerfGE 44, 197; BVerfGE 43, 130; BVerfGE 42,
163; BVerfGE 42, 143; BVerfGE 42, 133; BVerfGE 39, 334; BVerfGE 39, 1; BVerfGE 35, 202; BVerfGE 35, 79;
BVerfGE 34, 269; BVerfGE 33, 1; BVerfGE 32, 98; BVerfGE 31, 58; BVerfGE 30, 336; BVerfGE 30, 173;
BVerfGE 30, 1; BVerfGE 28, 386; BVerfGE 28, 191; BVerfGE 28, 175; BVerfGE 28, 55; BVerfGE 28, 51;
BVerfGE 28, 36; BVerfGE 27, 71; BVerfGE 27, 18; BVerfGE 27, 1; BVerfGE 26, 186; BVerfGE 25, 256;
BVerfGE 25, 167; BVerfGE 25, 69; BVerfGE 25, 44; BVerfGE 24, 278; BVerfGE 24, 119; BVerfGE 23, 191;
BVerfGE 21, 362; BVerfGE 21, 271; BVerfGE 20, 162; BVerfGE 20, 56; BVerfGE 19, 303; BVerfGE 19, 206;
BVerfGE 18, 85; BVerfGE 17, 337; BVerfGE 17, 108; BVerfGE 13, 318; BVerfGE 12, 151; BVerfGE 12, 113;
BVerfGE 8, 71; BVerfGE 7, 377; BGHSt 23, 46 (Informações extraídas do projeto de compilação de
decisões germanófonas, promovido por pesquisadores das Universidades de Berna, Cornell,
Würzburg, Hamburgo e Hagen, sob a liderança do catedrático Axel Tschentscher, da Universidade de
Berna. Não há indicação de critérios metodológicos para a realização dessa pesquisa, seja quanto à
delimitação cronológica, seja quanto à natureza das decisões. O metadado utilizado foi BVerfGE 7,
198, que corresponde à fonte na qual o Lüth-Urteil foi publicado).
830 Nesta tese, adotarseá o critério de tradução sugerido por Leonardo Martins para uso da expres são
Urteil: o BVerfG pode exarar decisões por Beschluss ou por Urteil. Na última forma (Urteil), a decisão “é
prolatada quando houve uma audiência pública, com sustentações orais das partes”, embora em
alguns processos não exista polo passivo ou mesmo partes, “além possivelmente de vários outros
órgãos estatais ou entidades da sociedade civil convidadas a participar da audiên cia” pelo BVerfG.
Dáse, porém, que “as categorias de decisão Urteil e Beschluss assumem, na jurisdição ordinária,
contornos diversos do ora aludido”: “uma Beschluss é uma decisão judicial simplificada, que,
dependendo do caso, até dispensa fundamentação”. Por sua vez, a “decisão Urteil é a decisão judicial,
que atende a pressupostos mais rigorosos (uma terceira espécie de decisão judicial é a Verfügung – a
medida judicial)”. Conclui, então, Leonardo Martins: “Em todo caso, as traduções mais literais ‘Urteil’
por ‘sentença’ e ‘Beschluss’ por ‘acórdão’ são totalmen te incorretas, tendo em vista que, pelo menos
no sistema jurisdicional brasileiro, sentença é uma decisão judicial de primeira instância e acórdão
uma decisão judicial de segunda instância ou superior”. Segundo a orientação sugerida por Leonardo
Martins, nesta tese optouse “pela tradução como ‘decisão’ seguida da explicitação em alemão Urteil
ou Beschluss, principalmente porque não há figuras correspondentes no direito processual brasileiro”
(MARTINS, Leonardo. Introdução à jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. In.
SCHWABE, Jürgen (Org.). Cinqüenta anos de jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal
Alemão...p. 102).
831 CASPER, Gerhard. Die Karlsruher Republik. Zeitschrift für Rechtspolitik, ano 35, v. 5, p. 214219, Mai.
2002. p. 215216.
832 Pesquisa realizada no sítio eletrônico do STF (http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/), com uso
dos metadados “Lüth” (excluiuse um acórdão no qual o nome Lüth aparecia, mas era o patro nímico
de uma das partes) e “eficácia dos direitos fundamentais”, compreendendose o período de 1º.1.1950 a
30.3.2017. Há outro acórdão que reconheceu repercussão geral sobre os limites da liberdade de
expressão em face de um “sítio eletrônico de entidade de proteção aos animais, que denunciava a
crueldade da utilização de animais em rodeios”. Não houve decisão de mérito, por essa razão não se
computou esse acórdão, o qual, no entanto, cita o caso Lüth (STF. RE 662055 RG, rel. Min. Roberto
Barroso, j. 2782015, DJe173 392015). Em qualquer pesquisa empírica sobre dados do STF, baseada
em seu portal eletrônico, é obrigatório registrar que o tribunal não publica todas as suas decisões
colegiadas ou monocráticas, salvo no DJU. Para se ter absoluta certeza quanto ao universo das
decisões do STF, seria necessário pesquisar em todos os DJU’s, o que não se fez por extrapolar o
objeto desta tese. A afirmação de que o STF só utilizou o caso Lüth em 4 acórdãos é de ser entendida
no contexto da limitação da base de dados oferecida pelo tribunal ao público.
833 Essa influência não é um privilégio brasileiro. Ela contribuiu para disseminar o tema da eficácia dos
direitos fundamentais através de “países tão diversos quanto a África do Sul e o Canadá”, ao exemplo
de julgados da Suprema Corte sulafricana (Du Plessis v. De Klerk, 1996 (3) S.A. 850, que cita Lüth
diversas vezes, especialmente nos parágrafos 40 e 103) e da Suprema Corte canadense (RWDSU v.
Dolphii Delivery Ltd., [1986] 2 S.C.R. 573), conforme: BOMHOFF, Jaccob. Lüth’s 50th anniversary: Some
comparative observations on the German foundations of judicial balancing. German Law Journal. v. 9,
no 2, p. 121124, 2008. p. 121.
834 CANARIS, ClausWilhelm. Grundrechte und Privatrecht: eine Zwischenbilanz. Berlin: New York: Walter
de Gruyter, 1999. p. 2733; MACCRORIE, Benedita Ferreira da Silva. A vinculação dos particulares aos
direitos fundamentais...p. 2628; ABRANTES, José João Nunes. A vinculação das entidades privadas aos
direitos fundamentais. Lisboa: Associação Acadêmica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1990. p. 41-
42; TUSHNET, Mark V. The issue of state action/horizontal effect in Comparative Constitutional law.
International Journal of Constitutional Law, v. 1, no 1, p. 7998, Jan. 2003. p. 83.
835 SCHWABE, Jürgen (Org.). Cinqüenta anos de jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal
Alemão...p. 381395.
836 Sobre a preeminência norteamericana no cinema, mais particularmente da cinematografia de
Hollywood: MORATO, Antonio Carlos. Limitações aos direitos autorais na obra audiovisual. Tese (Livre-
Docência). São Paulo: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Departamento de Direito
Civil, 2016. p. 8.
837 Nem todos eles eram alemães. Pabst, Lang e von Sternberg eram austrohúngaros. Todos emigra ram
para os Estados Unidos. Pabst e Lang fugiram por perseguição ou por discordarem do regime
nacionalsocialista. Esses austrohúngaros trouxeram para o cinema alemão todo o refinamento
cultural de Viena, a destruída “Nova Atenas” da Europa de fins do século XIX até à primeira década do
século XX, com sua explosão de filósofos, economistas, juristas e artistas incomparáveis.
838 Adolf Hitler, na obra central do movimento nacionalsocialista, Mein Kampf, escreveu explicita mente
sobre o poder do cinema sobre as pessoas, permitindo uma rápida compreensão da men sagem
transmitida, em comparação com os demorados e laboriosos processos mentais para se entender
algo por intermédio da leitura.
839 Não somente do Estado nazista: “Há, na obra audiovisual, um intenso interesse estratégico que
orienta políticas públicas de Estados com matizes ideológicos diversos, porquanto a mensagem
transmitida pela imagem é facilmente perceptível em comparação com aquela que é difundida por
meio do texto como ocorre na obra literária” (MORATO, Antonio Carlos. Limitações aos direitos
autorais na obra audiovisual...p. 10).
840 Sobre as circunstâncias e a mobilização para se produzir Kolberg: “(...) em 1945, quando a União
Soviética já cruzava a Prússia Oriental, [Hitler e Goebbels] acreditaram que o filme Kolberg teria um
impacto maior do que uma vitória militar e, para tanto, não só destinaram 8,5 milhões de Reichmarks
como também 187 mil soldados e 4.000 marinheiros de plantão” (MORATO, Antonio Carlos.
Limitações aos direitos autorais na obra audiovisual...p. 12).
841 Antiga cidade da Pomerânia Ocidental alemã, hoje pertencente à Polônia, com o nome de Kołobrzeg.
842 Há quem defina Jud Suß como um trabalho artístico “geralmente conhecido por ter sido o mais
violento filme antisemita da era nazista” (QUINT, Peter E. A return to Lüth. Roger Williams University
Law Review, v. 16, p. 7385, 2011. p. 75).
843 Sem dúvida, o maior sucesso comercial do período nazista (QUINT, Peter E. A return to Lüth...p. 75).
844 Em alemão, Vereinigung der Verfolgten des Naziregimes – VVN.
845 QUINT, Peter E. A return to Lüth…p. 75.
846 ObersterGerichtshof für die Britische Zone – OGHBrZ ou OGH, com sede em Colônia, funcionou de
março de 1948 a setembro de 1950, com jurisdição sobre os territórios de SchleswigHolstein,
Hamburgo, Bremen, Baixa Saxônia e Renânia do NorteVestfália. A jurisprudência do OGH é ainda hoje
citada e goza de enorme respeito nos meios jurídicouniversitários alemães. Seus membros eram
reconhecidamente perseguidos, opositores ou resistentes ao regime nacionalsocialista, além de
imigrantes que retornaram à Alemanha após 1945.
847 RAAP, Maike. Veit HarlanProzess. In. FISCHER, Torben; LORENZ, Matthias N. (Eds.). Lexikon der
“Vergangenheitsbewältigung” in Deutschland: Debatten und Diskursgeschichte des National-
sozialismus nach 1945. Bielefeld: Transcript, 2007. p. 9697.
848 No original, Landgericht Hamburg.
849 RAAP, Maike. Veit HarlanProzess. In. FISCHER, Torben; LORENZ, Matthias N. (Eds.). Lexikon der
“Vergangenheitsbewältigung” in Deutschland...p. 96.
850 JUNG, Gerrit. Veit Harlan – Ein Filmemacher im Faschismus. Hamburg: Diplomica, 2009. p. 16.
851 Para uma aproximação entre Harlan e outras figuras de liderança da indústria do cinema no perí odo
nazista (incluindose Leni Riefenstahl), cf. JUNG, Gerrit. Veit Harlan...p. 123.
852 Título original, Unsterbliche Geliebte. A película foi produzida por Hans Domnick e a sueca Kristina
Söderbaum, uma famosa atriz de filmes de propagada do regime nacionalsocialista, interpretou a
personagem principal.
853 Erich Lüth, o homem que se tornou mundialmente célebre por dar nome ao caso mais importante do
TCF, combateu na Segunda Guerra Mundial no Afrika Korps, na campanha norteafricana, e depois na
Itália, onde terminou preso. Ao retornar à Alemanha, estabeleceuse em Hamburgo, a meca da mídia
alemã, assumiu a Imprensa Oficial da Hamburgo e ligouse ao SPD, tendo sido sena dor (equivalente a
membro do poder legislativo local) da Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo. Lüth, desde 1951,
liderou campanhas de reaproximação com o Estado de Israel e o povo judeu.
854 FRENZEL, Eike Michael. Zugänge zum Verfassungsrecht: Ein Studienbuch. Tübingen: Mohr Siebeck,
2009. p. 1925 (relevantes informações sobre o caso Lüth, inseridas em uma apresentação sobre a
história do constitucionalismo alemão; com indicação de bibliografia específica).
855 “Lesão dolosa contra os bons costumes. Quem, de forma contrária aos bons costumes, causar do-
2004. p. 4142.
864 HOFFMANNRIEM, Wolfgang. Innovationsoffenheit und Innovationsverantwortung durch Recht:
Aufgaben rechtswissenschaftlicher Innovationsforschung. Archiv des öffentlichen Rechts - AöR, v. 131,
fascíulo 2, p. 255277, abr. 2006, p. 131.
865 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional...cit. p. 517; SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI,
Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional...cit. p. 347348; TAVARES, André
Ramos. Curso de Direito Constitucional...cit. p. 349; MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo
Gonet. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 661.
866 Em alemão, Statuslehre.
867 JELLINEK, Georg. System der subjektiven öffentlichen Rechte. Freiburg: J.C.B. Mohr (Paul Siebeck), 1892.
p. 89108 (status negativus ou status libertatis); p. 109129 (status positivus ou status civitatis); p. 129-
1140 (status aktivus).
868 Em alemão, Abwehrrechte.
869 JELLINEK, Georg. System der subjektiven öffentlichen Rechte...p. 86.
870 “As
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata” (art. 5º, § 1º,
CF/1988).
871 Ver a respeito: DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição…p. 136142; SILVA, Virgílio
Afonso da. A constitucionalização do Direito...p. 5758.
872 “A provision of the Bill of Rights binds a natural or a juristic person if, and to the extent that, it is applicable,
taking into account the nature of the right and the nature of any duty imposed by the right” (Art. 8.2,
Constituição da África do Sul). No sentido da eficácia imediata dos direitos funda mentais na África do
Sul: KENDE, Mark S. Constitutional rights in two worlds: South Africa and the United States. Cambridge:
Cambridge University Press, 2009. p. 48.
873 No original, jedermann.
874 BVerfGE 7, 198.
875 No original: “Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free
exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to
assemble, and to petition the Government for a redress of grievances”.
876 Íntegra do texto está disponível em: http://www.verfassungen.de/de/de0666/verfassung48i.htm.
Acesso em 2722017.
877 A íntegra do texto da WVR está disponível em:
https://de.wikisource.org/wiki/Verfassung_des_Deutschen_Reichs_(1919). Acesso em 2232017.
878 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamen tais...p.
231, nota de rodapé 869. Essa aceitação correspondia a se reconhecer a existência de uma “conexão
sistemática entre um direito fundamental e uma cláusula geral do código civil, atribuindo à parte que
lesasse um direito fundamental garantido pela constituição o dever de indenizar” (DUQUE, Marcelo
Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fun damentais...p. 231).
879 Em alemão, é conhecido como Herrenchiemsee-Entwurf. A íntegra do projeto está disponível em:
http://www.verfassungen.de/de/de49/chiemseerentwurf48.htm. Acesso em 1552017.
880 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamen tais...p.
137138.
881 Em alemão, objektive Wertordnung.
882 O papel de Dürig na construção dos fundamentos da decisão Lüth é objetivamente apreciável pelo
fato de o TCF ter citado dois de seus trabalhos, além das recorrentes menções ao papel da dignidade
humana e da ordem objetiva de valores. Sobre a influência de Dürig no caso: QUINT, Peter E. A return
to Lüth...p. 74.
883 DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor (Ed.). Vom Bonner
Grundgesetz zur gesamtdeutschen Verfassung: Festschrift zum 75. Geburtstag von Hans Nawiasky.
München: Isar, 1956. p. 157190. p. 176 ss.
884 BVerfGE 7, 198.
885 KÜBLER, Friedrich. Lüth: eine sanfte Revolution (BVerfGE 7, 198 ff)...p. 313.
886 BVerfGE 7, 198.
887 DIEDERICHSEN, Uwe. Die Selbstbehauptung des Privatrechts gegenüber dem Grundgesetz.
Juristische Ausbildung – JURA. fascículo 2, p. 5764, fev. 1997. p. 57. Apreciações críticas quan to aos
riscos de excessos praticados pelo TCF vêm até mesmo de seus integrantes (atuais ou passados),
como se vê em: LIMBACH, Jutta. Das Bundesverfassungsgericht als politischer Machtfaktor. Humboldt
Forum Recht, 12, p. 114, 1996. p. 3 (com ênfase na responsabilidade política do legislador);
RENSMANN, Thilo. Wertordnung und Verfassung...p. 2542 (para quem a doutrina da "ordem objetiva
de valores" é uma miscelânea entre a teoria constitucional de Rudolf Smend, o antipositivismo tardio
de Gustav Radbruch e a doutrina social da Igreja); LEPSIUS, Oliver. „Die maßstabsetzende Gewalt.„ In.
JESTAEDT, Matthias; LEPSIUS, Oliver; MOELLERS, Christoph; SCHÖNBERGER, Christoph. Das entgrenzte
Gericht. Eine kritische Bilanz nach sechzig Jahren Bundesverfassungsgericht. Berlin: Suhrkamp, 2011.
p. 182200). Aproximadamente nesse sentido: MÜNCH, Ingo von. ¿El Tribunal Constitucional Federal
como actor político? Anuario Iberoamericano de Justicia Constitucional, v. 6, p. 567581, 2002, p. 579:
“Sin embargo, de la jurisprudencia del TCF debe señalarse críticamente que él mismo no siempre se atiene
a su propia máxima de moderación judicial. A veces, es ostensiblemente aplicable a la actividad
jurisdiccional de los jueces de un Tribunal Constitucional el refrán francés «L’appetit viens a manger» (el
apetito viene comiendo)”.
888 BVerfGE 7, 198.
889 BVerfGE 7, 198.
890 Em alemão, Ausstrahlungswirkung.
891 Ou apenas para se referir ao precedente alemão e a seu desenvolvimento: STF. RE 201819, rel. Min.
Ellen Gracie, Rel. para o acórdão min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, j. 11102005, DJ 27 102006, p.
64, RTJ 2092, p. 821 (com reprodução de trechos do caso Lüth); STJ. REsp 962.980/ SP, rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 13/03/2012, DJe 15/05/2012; TJSP. Arguição de
Inconstitucionalidade 005682894.2015.8.26.0000, rel. Des. Tristão Ribeiro, j.17/8/2016 (com referência
à obra de Alexy e ao RE 201819).
892 BVerfGE 7, 198.
893 DIEDERICHSEN, Uwe. Das Bundesverfassungsgericht als oberstes Zivilgericht...passim, esp. p. 239243;
BÖCKENFÖRDE, ErnstWolfgang. Diritto fondamentali come norme di principio. In. BÖCKENFÖRDE,
ErnstWolfgang. Stato, Costituzione, democrazia... esp. p. 244262.
894 “Liberdade de expressão, de arte e ciência. (1) Todos têm o direito de expressar e divulgar livre mente
seu pensamento por via oral, por escrito e por imagem, bem como de ser informado, sem óbices, em
fontes de acesso geral. A liberdade de imprensa e a liberdade de informar através da radiodifusão e
do cinema são asseguradas. Não será exercida censura. (2) Estes direitos são limitados por
disposições das leis gerais, regulamentos legais para a proteção da juventude e pelo direito à honra
pessoal. (3) A arte e a ciência, a pesquisa e o ensino são livres. A liberdade de en sino não dispensa da
fidelidade à Constituição” (art. 5º, LF/1949).
895 Proferida no seguinte julgamento: Palko v. Connecticut, 302 U.S. 319, 327, (1937).
896 BVerfGE 7, 198.
897 BVerfGE 7, 198.
898 BVerfGE 7, 198.
899 SCHMITT, Carl. Die Tyrannei der Werte. In. BUVE, Sergius (Ed). Säkularisation und Utopie: Ebracher
Studien für Ernst Forsthoff zum 65. Geburtstag. StuttgartBerlinKölnMainz: Kohlhammer, 1967. p. 37 -
62, com ênfase no problema moral do que ele chama de “tirania dos valores”; FORSTHOFF, Ernst. Die
Umbildung des Verfassungsgesetzes. In. BARION, Hans; FORSTHOFF, Ernst; WEBER, Werner (Eds.).
Festschrift für Carl Schmitt zum 70. Geburtstag - dargebracht von Freunden und Schülern. Berlin:
Duncker & Humblot, 1959, p. 3562.
900 KÜBLER, Friedrich. Lüth: eine sanfte Revolution (BVerfGE 7, 198 ff)...p. 314.
901 BVerfGE 7, 198.
902 BVerfGE 7, 198.
903 BVerfGE 7, 198.
904 Os restauracionistas eram nacionalistas, admitiam alguns méritos do regime nazista e reconhe ciam o
In. GRUNDMANN, Stefan; RIESENHUBER, Karl (Orgs.) Deutschsprachige Zivilrechtslehrer des 20.
Jahrhunderts in Berichten ihrer Schüler. Eine Ideengeschichte in Einzeldarstellungen. Berlin: De
Gruyter, 2007, v. 1. p. 148165, especialmente cit. p. 163.
931 NIPPERDEY, Hans Carl. Die Würde des Menschen. In. NEUMANN, Franz Leopold; NIPPERDEY, Hans
Carl; SCHEUNER, Ulrich (Orgs.). Die Grundrechte. Handbuch der Theorie und Praxis der Grundrechte.
Berlin: Duncler & Humblot, 1954. v. 2. p. l50.
932 Aqui cabe um parêntesis: a organização do volume 2 de Direitos fundamentais. Manual da teoria e
prática dos direitos fundamentais com Franz Leopold Neumann e Ulrich Scheuner diz muito sobre a
habilidade de Nipperdey. Franz Leopold Neumann, que faleceria no ano da publicação do livro
(1954) em acidente de automóvel na Suíça, era um jurista alemão, que se exilou nos Estados Unidos,
após ter fugido antes de ser preso pelos nazistas. Ele se tornou mundialmente conheci do pelo livro
Estrutura e prática do nacional-socialismo (1942), considerado o primeiro trabalho acadêmico a
dissecar metodologicamente o pensamento nazista. Por sua vez, Ulrich Scheuner (19031981), aluno
de Rudolf Smend e Heinrich Trieppel, os grandes teóricos liberais de Direito do Estado da República
de Weimar, abandonou a teoria liberal e tornouse um expoente da teoria jurídica nazista,
combatendo o individualismo e defendendo a ideologia racial. Ter ao lado um representante da
resistência nazista e um teórico do NacionalSocialismo diz muito sobre as habi lidades de Nipperdey,
especialmente em um livro que tem por objeto parcial a dignidade humana.
933 NIPPERDEY, Hans Carl. Grundrechte und Privatrecht. In. NIPPERDEY, Hans Carl. (Org.). Festschrift für
Erich Molitor zum 75. Geburtstag: 3. Oktober 1961. München, Berlin: Beck, 1962. p. 1733.
934 NIPPERDEY, Hans Carl. Freie Entfaltung der Persönlichkeit. In. BETTERMANN, Karl August; NIPPERDEY,
Hans Carl (Orgs.). Die Grundrechte. Handbuch der Theorie und Praxis der Grundrechte. Berlin: Duncler
& Humblot, 1962. v. IV, p. 741825.
935 NIPPERDEY, Hans Carl. Grundrechte und Privatrecht. In. NIPPERDEY, Hans Carl. (Org.)…item AII, p. 17-
18.
936 NIPPERDEY, Hans Carl. Die Würde des Menschen. In. NEUMANN, Franz Leopold; NIPPERDEY, Hans
20.
938 NIPPERDEY, Hans Carl. Grundrechte und Privatrecht. In. NIPPERDEY, Hans Carl. (Org.)…item BII.
939 NIPPERDEY, Hans Carl. Freie Entfaltung der Persönlichkeit. In. BETTERMANN, Karl August; NIPPERDEY,
26.
943 NIPPERDEY, Hans Carl. Die Würde des Menschen. In. NEUMANN, Franz Leopold; NIPPERDEY, Hans
Carl; SCHEUNER, Ulrich (Orgs.). Die Grundrechte...v. 2. p. 18 e 20.
944 NIPPERDEY, Hans Carl. Grundrechte und Privatrecht. In. NIPPERDEY, Hans Carl. (Org.)...BIX, p. 2822,
esp. p. 28.
945 Nesse sentido: GARCÍA TORRES, Jesús; JIMÉNEZBLANCO, Antonio. Derechos fundamentales y
relaciones entre particulares...p. 21.
946 Ele integrou o tribunal de 1954 até 1963 (RÜCKERT, Joachim. Hans Carl Nipperdey...p. 281).
947 NIPPERDEY, Hans Carl. Die Würde des Menschen. In. NEUMANN, Franz Leopold; NIPPERDEY, Hans
Carl; SCHEUNER, Ulrich (Orgs.). Die Grundrechte...v. 2. p. 243 ss.
948 No original, unmittelbare privatrechtliche Wirkung der Grundrechte Bestimmungen.
949 BAGE 1, 185, publicado em NJW 1955, p. 606608.
950 Em alemão, Vereinbarung von Zölibatsklauseln.
951 BAGE 4, 274, publicado em DÖV 1958, 780.
952
KUNZE, Otto. Die „Zölibatsklausel“ im Einzelarbeitsvertrag. Arbeit und Recht, v. 1, no 3, p. 7678, mar.
1953. esp. p. 77(citando Nipperdey e defendendo a eficácia dos direitos fundamentais em relação aos
privados); MOLITOR, Erich. Die Unzulässigkeit von Zölibatsklauseln in Einzelarbeitsverträgen
(Rechtsgutachten). Arbeit und Recht, v. 1, no 12, p. 353359, dez. 1953. esp. p. 358359.
953 Negócio jurídico subordinado a condição resolutiva: o negócio deixa de ser eficaz quando do cum-
primento da condição (§ 158, apartado 2, BGB).
954 BAGE 4, 274, publicado em DÖV 1958, 780.
955
“O casamento e a família estão sob proteção especial do Estado” (art. 6o, apartado 1, LF/1949).
956 “A dignidade da pessoa humana é inviolável. Respeitála e protegêla é dever de todo o poder público”
outrem e não atentem contra a ordem constitucional ou os costumes” (art. 2º, apartado 1, LF/1949).
958 Ver também BAGE 4, 274, publicado em DÖV 1958, 780.
959 A referência é esta: DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor. Vom
Bonner Grundgesetz zur gesamtdeutschen Verfassung. Festschrift zum 75. Geburstag von Hans
Nawiasky. München: Isar, 1956. p. 157190.
960 BAGE 4, 274, publicado em DÖV 1958, 780.
961 MÜNCH, Ingo von. Die Drittwirkung von Grundrechten in Deutschland. In. MÜNCH, Ingo von;
SALVADOR CODERCH, Pablo; FERRER I RIBA, Josep. (Orgs.). Zur Drittwirkung der Grundrechte...p. 14.
962 HOLLSTEIN, Thorsten. Die Verfassung als „Allgemeiner Teil“: ...cit. p. 198.
963 BAGE 47, 363, publicado em NJW 1986, 85.
964 BAGE 47, 363, publicado em NJW 1986, 85.
“Se a prestação deve ser determinada por uma das partes contratuais, em dúvida, devese enten der
965
que a determinação devese adotar de acordo com critérios de equidade” (§ 315, I, BGB).
966 STARCK, Christian. Derechos fundamentales y Derecho Privado. Tradução de María J. Roca. Revista
Española de Derecho Constitucional, ano 22, no 66, p. 6590, 2002. p. 6869.
967 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamentais …p.
1976...p. 246247.
976 Kronprinz é um título tradicional alemão para o herdeiro aparente do trono real, imperial ou ducal.
Literalmente, significa “príncipe da Coroa”. No Brasil, equivale ao título de príncipe do GrãoPará,
assim como no Reino Unido ao título de príncipe de Gales.
977 A Casa de Hohenzollern é uma antiga família da nobreza europeia, de origem suábia, cujo primeiro
chefe foi Frederico, burgrave de Nuremberga, no século XII. Posteriormente, os Hohenzollern assu-
miram o Eleitorado de Brandemburgo, no Sacro Império RomanoGermânico. Em 1701, converteu se
no Reino da Prússia. Após sucessivas gerações e diversas guerras, a Prússia expandiuse e liderou a
formação do Império alemão em 1871. Os reis da Prússia acumularam o título de imperadores
alemães até 1918, quando a dinastia caiu com a abdicação de Guilherme II. A expressão “casamento
morganático” (matrimonĭum ad morganaticam) caracteriza o matrimônio no qual o marido garantia à
mulher e sua descendência a “morganática”, uma dádiva oferecida na manhã do casamento (daí a
origem alemã, Morgengabe, dádiva da manhã) em contrapartida à renúncia aos direitos sucessórios e
aos títulos nobiliárquicos do cônjuge.
978 1BvR 909/08, publicado em NJW-RR 2010, 156.
979 1BvR 699/06, publicado em NJW 2011, 1201. 1BvR 699/06, publicado em NJW 2011, 1201. Sobre o
caso, afirmando a tese da manutenção do modelo da eficácia indireta: MICHAEL, Lothar; MORLOK,
Martin. Grundrechte. 6. ed. BadenBaden: Nomos, 2017. p. 240241; FUCHS, MarieChristine. O efei to
irradiante dos direitos fundamentais e a autonomia do Direito Privado: a “decisão Lüth” e suas
consequências. Tradução por Patrícia Cândido Alves Ferreira. Revisão da tradução por Otavio Luiz
Rodrigues Jr. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 16, ano 5, p. 221232, jul.set. 2018. p. 230231.
980 980 BVerfG, 11.04.2018 1 BvR 3080/09.
981 No original: Verfassungskonforme Auslegung plus, extraído de: KULICK, Andreas. "Drittwirkung" als
verfassungskonforme Auslegung – Zur neuen Rechtsprechung des BVerfG. Neue Juristische
Wochenschrift -NJW, fascículo 31, p. 22362241, 2016. p. 20402041.
982 Apenas exemplificativamente: PRATA, Ana. A tutela constitucional da autonomia privada. Coimbra:
Almedina, 1982. p. 137 e ss.; ABRANTES, José João Nunes. A vinculação das entidades privadas aos
direitos fundamentais...cit. p. 94108; MACCRORIE, Benedita Ferreira da Silva. A vinculação dos
particulares aos direitos fundamentais...p. 8694, embora seguindo um modelo fraco de efi cácia direta.
983 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Almedina,
1997. p. 12881289.
984 MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria Geral do Direito Civil...p. 73 79; MENEZES CORDEIRO, António.
Tratado de Direito Civil português, v. 1, t. 1. p. 374381 (com admissão excepcional da eficácia direta, v.
p. 381). Jorge Reis Novais (Direitos fundamentais: Trunfos contra a maioria. Coimbra: Coimbra Editora,
2006, p. 69116, esp. p. 6976) defende a ideia dos deveres de prote ção, ao tempo em que registra a
paradoxal situação brasileira: a CF/1988, em vez da Constituição portuguesa, é praticamente
silenciosa sobre o tema, mas a doutrina do Brasil é majoritariamente adepta da eficácia direta.
985 MOTA PINTO, Paulo. A influência dos direitos fundamentais sobre o Direito Privado português. In.
PINTO MONTEIRO, António; NEUNER, Jörg; SARLET, Ingo Wolfgang (Orgs.). Direitos fundamentais e
Direito Privado: uma perspectiva de direito comparado. Coimbra: Almedina, 2007. esp. p. 156157.
986 OLIVEIRA JUNIOR, Francisco Dias de; PEARCE, Gabrielle Apoliano Gomes Albuquerque. A expe riência
ordinamiento español. In. PINTO MONTEIRO, António; NEUNER, Jörg; SARLET, Ingo (Orgs.)...p. 192;
ESTRADA, Alexei Julio. Los tribunales constitucionales y la eficacia entre particulares de los derechos
fundamentales. In. CARBONELL, Miguel (Ed.). Teoría del neoconstitucionalismo: Ensayos escogidos.
Madrid: Trotta, 2007. p. 133134.
990 BILBAO UBILLOS, Juan María. La consolidación dogmática y jurisprudencial de la Drittwirkung: Una
visión de conjunto. Anuario de la Facultad de Derecho de la Universidad Autónoma de Madrid –
AFDUAM, v. 21, p. 4374, 2017. p. 44 e 47; BILBAO UBILLOS, Juan María. La eficacia de los derechos
fundamentales frente a particulares. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 1997. p.
852.
991 PERLINGIERI, Pietro. A doutrina do Direito Civil na legalidade constitucional. In. TEPEDINO, Gustavo
(Org.). Direito Civil contemporâneo: Novos problemas à luz da legalidade constitucional. São Paulo:
Atlas, 2008. p. 111 (sem tomar partido expressamente em relação às teorias sobre a eficácia dos
direitos fundamentais); PERLINGIERI, Pietro. Perfis do Direito Civil: Introdução ao Direito Civil
Constitucional. Tradução de Maria Cristina de Cicco. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 5 (Constituição
como documento fundante e unificador do ordenamento jurídico).
992 LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do Direito Privado...p. 254255.
993 Tais conclusões extraemse de acórdãos do Tribunal Constitucional da República do Peru: Exp. Nº 067-
93AA/TC; Caso Pacheco Chávez, Exp. 7132000AA/TC, de 2000; caso Calderón Díaz, Exp. 1012000-
AA/TC, de 2001); caso Noriega Gárate, Exp. 9022000AA/TC, de 2001; caso Cárdenas Torres, Exp. 1401-
2001AA/TC, de 2002; caso Quispe Huamán, Exp. 16122003AA/TC, de 2003. Os arestos peruanos estão
disponíveis em: "http://www.tc.gob.pe/tc/public/. Acesso em 20 42017. Na doutrina peruana, em
idêntico sentido: MENDOZA ESCALANTE, Mijail. La eficacia de los derechos fundamentales en las
relaciones entre particulares. Pensamiento Constitucional, v. 11, nº 11, p. 219271, 2005. p. 264270.
994
Art. 8º, 2, c/c art. 9o , 4, Constituição da África do Sul de 1996.
995 Tratase do caso Du Plessis v. De Klerk, 1996 (3) SA 850, 91415. Sobre a África do Sul, cf. GARDBAUM,
Stephen. The “horizontal effect” of constitutional rights. Michigan Law Review, v. 102, no 3, p. 387459,
dec. 2003. esp. p. 409.
996 “Olhando para a Alemanha, para a experiência alemã, dando as costas para a experiência brasi leira,
tem cada vez mais, se afirmado que não há que se cogitar de aplicação imediata e direta, porque a
normaprincípio envolveria a mediação da normaregra, ou do legislador infraconsti tucional. Por isso
postulam essa interposição necessária do Estado legislador ou do Estado juiz” (LÔBO, Paulo.
Metodologia do Direito Civil Constitucional. In. RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski; SOUZA, Eduardo
Nunes de; BEZERRA DE MENEZES, Joyceane; EHRHARDT JÚNIOR, Marcos (Orgs.). Direito Civil
constitucional: A ressignificação da função dos institutos fundamentais do Direito Civil
contemporâneo e suas consequências. Florianópolis: Conceito, 2014. p. 23).
997 Para um quadro completo desses trabalhos, vide a nota de rodapé no § 59.
998 São exemplos da seriedade com que o tema é tratado no Brasil, apresentados em ordem cro nológica
decrescente, enumerandose apenas obras que não somente descrevem os diferentes modelos mas
tomam partido em favor da eficácia direta dos direitos fundamentais em relação aos particulares:
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 12. ed., rev., atual. e ampl, 2. tiragem. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2015 (a mais completa obra sobre o tema em língua portuguesa com ênfase
na doutrina alemã, a qual o autor tem acesso diretamente); FACHIN, Luiz Edson. Direito Civil: sentidos,
transformações e fim...cit. (com uma síntese teórica dos principais postulados do Direito Civil-
Constitucional); SOMBRA, Thiago Luís Santos. A eficácia dos direitos fundamentais nas relações
privadas...cit.; SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...cit.; SARLET, Ingo
Wolfgang (Org.). Constituição, direitos fundamentais e Direito Privado. 2. ed. rev. e ampl. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2006 (coletânea de textos, alguns dos quais não adotam a teoria da eficácia
direta); FACCHINI NETO, Eugênio. Reflexões históricoevolutivas sobre a constitucionali zação do
direito privado. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituição, direitos fundamentais e Direito Privado.
2. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006; TEPEDINO, Gustavo. Premissas
metodológicas para a constitucionalização do Direito Civil. Revista de Direito do Estado: RDE, no 2, p.
3753, abr./jun., 2006; TEPEDINO, Gustavo. A incorporação dos direitos fundamen tais pelo
ordenamento brasileiro: sua eficácia nas relações jurídicas privadas? Revista Jurídica, São Paulo, v. 54,
no 341, p. 1126, mar. 2006; MENDES, Gilmar Ferreira. A eficácia dos direitos funda mentais nas
relações privadas: exclusão de sócio da União Brasileira de Compositores...cit.; VALE, André Rufino do.
Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas...cit; STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos
particulares a direitos fundamentais...cit. FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do Direito Civil...2000...cit;
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de Direito
Constitucional. 2. ed., rev. e ampl. São Paulo: Instituto Brasileiro de Direito Constitucional: Celso
Bastos Editor, 1999; LÔBO, Paulo Luiz Neto. Constitucionalização do Direito Civil...1999; BODIN DE
MORAES TEPEDINO, Maria Celina. A caminho de um direito civil constitucional. Revista de Direito Civil,
Imobiliário, Agrário e Empresarial, v. 17, no 65, p. 2132, jul./ set., 1993 (trabalho pioneiro no Brasil sobre
Direito CivilConstitucional, cuja primeira publicação, todavia, ocorreu na Revista Estado, Direito e
Sociedade, v. 1, 1991).
999 STF. RE 201819, Rel. Min. Ellen Gracie, Rel. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, j.
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2000. p. 107163.
1001 “O novo peso dado ao fenômeno importa em rejeitar a idéia de invasão da esfera pública sobre a
privada, para admitir, ao revés, a estrutural transformação do conceito de direito civil, ampla o
suficiente para abrigar, na tutela das atividades e dos interesses da pessoa humana, técnicas e ins-
trumentos tradicionalmente próprios do direito público como, por exemplo, a aplicação direta das
normas constitucionais nas relações jurídicas de caráter privado” (BODIN DE MORAES TEPEDINO,
Maria Celina. A caminho de um direito civil constitucional...p. 2324) – a autora faz expressa refe-
rência, na nota de rodapé 27, ao estudo de Pietro Perlingieri, de 1985, que “sustenta a aplicação
direta da Constituição nas relações de direito privado, na Itália”.
1002 Esse modelo foi expressamente adotado, em Portugal, por esta autora: “Por tudo isto, parecenos
que será de reconhecer uma vinculação direta prima facie, ou seja, a impossibilidade de uma
vinculação directa de feições absolutas, mas, ainda assim, uma vinculação directa dos particula res
aos direitos fundamentais. A inviabilidade de uma eficácia directa absoluta e a necessidade de
adoptar soluções diferenciadas decorre, também, da estrutura normativa e da natureza emi-
nentemente principiológica dos direitos fundamentais” (MACCRORIE, Benedita Ferreira da Silva. A
vinculação dos particulares aos direitos fundamentais...p. 8694, cit. p. 86). No Brasil, citese: STEINMETZ,
Wilson. A vinculação dos particulares a direitos fundamentais...p. 295.
1003 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 108.
1004 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 116.
1005 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 116.
1006 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 145.
1007 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 146.
1008 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 150157.
1009 SARLET, Ingo Wolfgang. Neoconstitucionalismo e influência dos direitos fundamentais no direito
privado: algumas notas sobre a evolução brasileira. Civilistica: Revista Eletrônica de Direito Civil, ano 1,
no 1, p. 130, 2012. p. 9.
1010 SARLET, Ingo Wolfgang. Neoconstitucionalismo e influência dos direitos fundamentais no Direito
Privado: algumas notas sobre a evolução brasileira. Civilistica:...p. 10. Em sentido aproxima do:
DREHMER DE MIRANDA, Roberta. Algumas notas sobre a “constitucionalização” do Direito Privado.
Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM. v. 4, n. 3, p. 122, 2009. p. 1112.
1011 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 238. De modo mais incisivo: LÔBO,
Paulo. A constitucionalização do Direito Civil brasileiro. In. TEPEDINO, Gustavo (Org.). Direito Civil
contemporâneo: novos problemas à luz da legalidade constitucional. Anais do Congresso
Internacional de Direito CivilConstitucional da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Atlas, 2008. p. 26.
Com fundamento diverso, o art. 5º da LICC: BODIN DE MORAES, Maria Celina. A caminho de um
direito civil constitucional. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial, v. 17, no 65, p. 21-
32, jul./set., 1993. p. 29.
1012 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 238239. Em sentido aproxi mado:
SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em torno da
vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 152153; LÔBO, Paulo. A
constitucionalização do Direito Civil brasileiro. In. TEPEDINO, Gustavo (Org.). Direito Civil
contemporâneo: novos problemas à luz da legalidade constitucional. Anais do Congresso
Internacional de Direito CivilConstitucional da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Atlas, 2008. p. 26.
1013 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 240.
1014 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 241. Em idêntico sentido:
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos fundamentais...p. 174175: “(...) os teóricos
da eficácia imediata não propõem que as ponderações do juiz devem se sobrepor às ponderações do
legislador democraticamente legitimado. Argumentam exatamente em sentido contrário. Se há
desenvolvimento legislativo de direitos fundamentais e se este desenvolvimento é compatível com a
Constituição, então o juiz não poderá se sobrepor a ele sob pena de violar os princípios democráticos
e da separação dos poderes”.
1015 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 243.
1016 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 244245; LÔBO, Paulo. A cons-
titucionalização do Direito Civil brasileiro. In. TEPEDINO, Gustavo (Org.). Direito Civil contemporâneo:
novos problemas à luz da legalidade constitucional. Anais do Congresso Internacional de Direito
CivilConstitucional da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Atlas, 2008. p. 26.
1017 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas...p. 245.
1018 TEPEDINO, Gustavo. O Direito CivilConstitucional e suas perspectivas atuais. In. TEPEDINO, Gustavo
(Org.). Direito Civil contemporâneo: Novos problemas à luz da legalidade constitucional. São Paulo:
Atlas, 2008. p. 361, com referência a Pietro Perlingieri.
1019 TEPEDINO, Gustavo. O Direito CivilConstitucional e suas perspectivas atuais. In. TEPEDINO, Gustavo
Imobiliário, Agrário e Empresarial, v. 17, no 65, p. 2132, jul./set., 1993. p. 24; TEPEDINO, Gustavo.
Premissas metodologicas para a constitucionalizacao do Direito Civil...cit. p. 4649.
1022 TEPEDINO, Gustavo. O Direito CivilConstitucional e suas perspectivas atuais. In. TEPEDINO, Gustavo
(Org.). Direito Civil contemporâneo...p. 364.
1023 TEPEDINO, Gustavo. O Direito CivilConstitucional e suas perspectivas atuais. In. TEPEDINO, Gustavo
60.1. Introdução
Como já anunciado no prólogo da Terceira Parte, o objetivo da tese não é
inventariar os diversos modelos teóricos da eficácia dos direitos fundamentais
em relação aos particulares. Esse é um ofício que se impõe a quem disserta sobre
a Drittwirkung como tema central do trabalho acadêmico. O exame dessas
teorias tem aqui um caráter instrumental. O Brasil fez uma opção definida pelo
modelo da eficácia direta. Um dos propósitos da tese é apresentar a eficácia
indireta como o mais adequado para a operacionalização e a preservação do
estatuto epistemológico do Direito Civil contemporâneo.
Por essas razões, neste excurso far-se-á uma singela menção a quatro
modelos importantes, mas que não se tornaram preeminentes em seu país de
origem.
61.1. Introdução
De 1o de janeiro de 1950 a 1o de janeiro de 2017, na base de dados do STF,
aparecem 66 acórdãos que citam Konrad Hesse, o primeiro deles foi publicado
em 25.9.1987.1061 As obras referidas são: a) A força normativa da Constituição,
no original alemão, e nas traduções em português1062 e espanhol;1063 b) Elementos
de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha, em alemão1064 e
na versão em português;1065 c) em alemão, um capítulo de Hesse no manual de
Direito Constitucional de Benda, Maihofer e Vogel, intitulado “Importância dos
direitos fundamentais”;1066d) um capítulo intitulado A interpretação
constitucional, traduzido para o espanhol.1067 Dentre todas, A força normativa da
Constituição sobressai-se como a mais citada. O repositório jurisprudencial do
STF é falho porque não contém todas as decisões publicadas no DJU, mesmo as
posteriores à CF/1988. Esses dados, portanto, hão de ser tomados sem maior
valor estatístico e sim como um indicativo da influência de Hesse na formação
do pensamento dos juízes do tribunal.
No STJ, a situação é diferente. A base de dados é completa e permite que
se defina o universo pesquisado como total. De 1o de janeiro de 1989 a 1o de
janeiro de 2017, pesquisando-se apenas os acórdãos, Konrad Hesse aparece em
28 entradas. As obras citadas de Hesse são as seguintes: a) Elementos de Direito
Constitucional da República Federal da Alemanha, em sua versão em
português;1068 b) Direito Constitucional e Direito Privado, na tradução
espanhola.1069-1070 Curiosamente, o livro A força normativa da Constituição é
citado uma única vez pelo STJ,1071 conquanto haja dezenas de invocações a
termos extraídos desse livro, como “vontade constitucional” ou “força normativa
da constituição”.1072 A popularidade das ideias de Hesse, nesse contexto, é
tamanha que parece ter havido um descolamento entre elas e o conteúdo de seus
escritos. Algumas de suas ideias-força converteram-se em dados axiomáticos.
O impacto de Konrad Hesse no Direito Civil brasileiro foi tamanho que
Benjamin Herzog lhe dedicou uma seção inteira de sua tese sobre o estado da
arte da metodologia civilística contemporânea no Brasil e em Portugal.1073
Infelizmente, toda essa popularidade resultou em consequências
inesperadas, ao menos para o Direito Civil e para a doutrina da eficácia indireta
dos direitos fundamentais, que é amplamente defendida por Hesse.
Pode-se até dizer que, em alguns casos, esses efeitos têm sido negativos,
como aliás é ordinário ocorrer quando a obra deixa de ser o que ela é e converte-
se naquilo que dizem que ela é. Daí ser necessário examinar um pouco mais de
perto qual o alcance e o sentido da chamada “força normativa da constituição”.
Em seguida, far-se-á um contraste com as ideias de Hesse em outro livro, Direito
Constitucional e Direito Privado, o que servirá de confirmação para algumas das
teses aqui levantadas.
Antes, porém, é importante conhecer alguns dados biográficos do autor e
sobre a importância jurídica do opúsculo A força normativa da Constituição na
Alemanha e no Direito Comparado.
1026 WEBER, Hermann. Günter Dürig zum 70. Geburtstag. NJW, p. 305306, 1990. p. 305.
1027 Nãohá registros sobre sua participação no Partido NacionalSocialista no período de 19331945. Em
uma obra sobre a História do Direito no Nacional-Socialismo, não há registros sobre Dürig, o que talvez
se compreenda pelo fato de haver passado todo o conflito engajado no teatro de operações
(STOLLEIS, Michael; SIMON, Dieter (Orgs.). Rechtsgeschichte im Nationalsozialismus: Beiträge zur
Geschichte einer Disziplin. Tübingen: J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1989).
1028
MAURER, Hartmut. Günter Dürig. Juristen Zeitung, ano 52, no 4 , p. 193194, Feb.1997.
1029 WEBER, Hermann. Günter Dürig zum 70. Geburtstag...cit. p. 306.
1030 MAURER, Hartmut. Günter Dürig...cit. p. 193194.
1031 HÄBERLE, Peter. Günter Dürig. NJW, p. 305306, 1997. p. 305.
1032 Elenunca deixou de ser um soldado. Em seu velório, tocouse o hino extraoficial dos militares
alemães, Alte Kameraden (Velhos Camaradas), cf. HÄBERLE, Peter. Günter Dürig. NJW, p. 305306, 1997.
p. 305.
1033 DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor. Vom Bonner Grundgesetz
263, 1952.
1036 NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules: Princípios e regras constitucionais como diferença para doxal
5967, esp. p. 5961; FRASSEK, Ralf. Karl Larenz (19031993): Privatrechtler im Nationalso zialismus und
im Nachkriegsdeutschland. Juristische Schulung - JuS, p. 296301, 1998. §8.
1039 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito privado e Constituição...
1040 DÜRIG,Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor (Ed.). Vom Bonner
Grundgesetz zur gesamtdeutschen Verfassung...cit. § III.
1041 DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor (Ed.). Vom Bonner
Grundgesetz zur gesamtdeutschen Verfassung...p. 177179.
1042 DÜRIG, Günter. Grundrechte und Zivilrechtsprechung. In. MAUNZ, Theodor (Ed.). Vom Bonner
(Org.) Grundrechtsreform. Viena, Colônia, Graz: H. Böhlau, 1985. p. 173187; BYDLINSKI, Franz.
Bemerkungen über Grundrechte und Privatrecht. Österreichische Zeitschrift für öffentliches Recht-
ÖZöR, v. 12, p. 423460, 19621963; MAYER, Heinz. Nochmals zur sogenannten “Drittwirkung” der
Grundrechte. Juristische Blätter, p. 768, 1992. Percebese que não houve mudanças no cenário desde a
década de 1970: KHOL, Andreas. The protection of human rights in relationships be tween private
individuals: The Austrian situation. In. AA.VV. René Cassin. Amicorum discipulorumque liber: Protection
des droits de l’homme dans les rapports entre personnes privées, III. Paris: Pedone, 1972. p. 195213
(com afirmação textual nas p. 212213).
1049 Citemse como exemplos de trabalhos brasileiros, cujos autores não adotam o modelo da eficácia
Fundamental rights and the protection of the individual against social groups and powers in the
constitutional system of the Federal Republic of Germany. In. AA.VV. René Cassin. Amicorum
discipulorumque liber: Protection des droits de l’homme dans les rapports entre personnes privées III.
Paris: Pedone, 1972. p. 253268 (esp. p. 255).
1056 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte...p. 484492. Na tradução para a língua portuguesa: ALEXY,
Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros,
2008. p. 533542.
1057 O modelo encontrase desenvolvido de modo didático e com rigor metodológico no capítulo sétimo,
com o título “Um modelo adequado”, cf. SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionalização do
Direito...p. 132170, mais esp. a partir da p. 143. Evidentemente que o modelo de Virgílio Afonso da
Silva possui características próprias, até pela ressalva de que não se pretendeu (nem se poderia)
simplesmente transplantar um modelo feito para uma Constituição estrangeira, sem se atentar para
as especificidades nacionais (p. 143145).
1058 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte...p. 484485.
1059 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte...p. 488489.
1060 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte...p. 490491.
1061 STF. RE 109691, Rel. Min. Francisco Rezek, Segunda Turma, j. 1881987, DJ 2591987, p. 20415.
1062 HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre:
20. ed. alemã por Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998.
1066 HESSE, Konrad. Bedeutung der Grundrechte. In. BENDA, Ernst; MAIHOFER, Werner; VOGEL, Hans-
Jochen. Handbuch des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland. Berlin: De Gruyter, 1994 (na
edição citada, omitese do título o complemento “der Bundesrepublik Deutschland” e indicase 1995
como o ano da edição, embora a última edição seja de 1994, reimpressa em 2012).
1067 HESSE, Konrad. La interpretación constitucional. In. HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional.
Seleção, tradução e introdução de Pedro Cruz Villalon. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales,
1983.
1068 HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha...cit.
1069 HESSE, Konrad. Derecho Constitucional y Derecho Privado. Tradução e introdução de Ignacio Gu-
tiérrez. Madrid: Civitas, 1995, traduzido de: HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...cit.
1070 Éo único acórdão de uma turma de Direito Privado do STJ: HC 12.547/DF, rel. Min. Ruy Rosado De
Aguiar, Quarta Turma, j. 01/06/2000, DJ 12/02/2001, p. 115.
1071 O acórdão é este: STF. REsp 976.648/PE, rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 04/11/2008, DJe
01/12/2008. Não há, contudo, indicação dos elementos prétextuais da obra (edição, editora, data e
tradutor).
1072 Como exemplo, citase: “A Constituição Federal, no § 7º do art. 57, incluiu o pagamento referente à
sessão extraordinária no conceito de verba indenizatória, revelando a ‘vontade constitucional’, na
expressão de Konrad Hesse, sobre o regime jurídico aplicáveis à referida parcela (STJ. REsp
502.739/PE, rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 21/10/2003, DJ 17/11/2003, p. 212).
1073 HERZOG, Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien – Eine rechts-
2006.
1086 BRÜGGEMEIER, Gert. Constitutionalisation of Private law: The German perspective. In. BARKHUYSEN,
Tom; LINDENBERGH, Siewert (Eds.). Constitutionalisation of Private law. Leiden, Boston: Martinus
Nijhoff, 2006. p. 5982 (citando Direito Constitucional e Direito Privado).
1087 ASCENSÃO, José de Oliveira. Pessoa, direitos fundamentais e direitos de personalidade. Revista
Direito Privado).
1090 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 5. ed., rev. e actualizada. Coimbra: Coimbra
Editora, 2012. v. 4. (cita Direito Constitucional e Direito Privado).
1091 NOVAES, Jorge Reis. Direitos fundamentais: Trunfos contra a maioria. Coimbra: Coimbra Editora, 2006
(cita Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha); NOVAIS, Jorge Reis. As
restrições aos direitos fundamentais não expressamente autorizadas pela Constituição. 2. ed. Coimbra:
Coimbra Editora, 2010 (cita Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha e
capítulo do Manual de BendaMaihoferVogel).
1092 ABRANTES, José João Nunes. A vinculação das entidades privadas aos direitos fundamentais...cit.
1093 ANDRADE, José Carlos Vieira de. Os direitos fundamentais na Constituição portuguesa de 1976. 4. ed.
Coimbra: Almedina, 2008 (cita Direito Constitucional e Direito Privado).
1094 MACCRORIE, Benedita Ferreira da Silva. A vinculação dos particulares aos direitos fundamentais... cit.
LINDENBERGH, Siewert (Eds.). Constitutionalisation of Private law. Leiden, Boston: Martinus Nijhoff,
2006. p. 922.
1099 NIEUWENHUIS, Hans. Fundamental rights talk: An enrichment of legal discourse in Private law? In.
BARKHUYSEN, Tom; LINDENBERGH, Siewert (Eds.). Constitutionalisation of Private law. Leiden, Boston:
Martinus Nijhoff, 2006. p. 18.
1100
MEYER, David D. The constitutionalization of Family law. Family Law Quarterly, v. 42, no 3, fascículo
especial, p. 529572, outono, 2008.
1101
ENGLE, Eric. Third party effect of fundamental rights (Drittwirkung). Hanse Law Review, v. 5, no 2, p.
165173, 2009.
1102 PHILLIPSON, Gavin; WILLIAMS, Alexander. Horizontal effect and the constitutional constraint. The
7, p. 142148, 2002.
1110 Expressão originalmente utilizada em: RODRIGUES JR., Otavio Luiz. O direito ao nome, à imagem e
outros relativos à identidade e à figura social, inclusive a intimidade. In. SIMÃO, José Fernando;
BELTRÃO, Silvio Romero (Coords.). Direito Civil: Estudos em homenagem a José de Oliveira Ascensão.
São Paulo: Atlas, 2015. v. 2. p. 9.
1111 Sobre o apego a autores clássicos mais antigos, no âmbito do Direito Civil e sua metódica: MENEZES
Virgílio Afonso (Org.). Interpretação constitucional. 1. ed. 2. tir. São Paulo: 2007. p. 132.
1120 Essapretensão “modesta”, segundo Virgílio Afonso da Silva (Interpretação constitucional e sin-
cretismo metodológico. In. SILVA, Virgílio Afonso (Org.). Interpretação constitucional... cit. p. 118)
estendese a outras obras de Konrad Hesse: “Não há indícios de que Hesse quisesse criar uma teoria
geral da interpretação constitucional. O título do seu manual, por si só, já aponta para uma
confirmação disso.” Embora, como realça Virgílio Afonso da Silva, não seja apenas o título do livro
Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha que patenteia seus limites. Os
conceitos de interpretação constitucional apresentados no livro podem ser facilmente encon trados
“em outras obras de direito constitucional alemão”.
1121 HESSE, Konrad. Die normative Kraft der Verfassung...p. 15.
1122 “Retrocessão. O artigo 35 do Declei 3.365 não revogou o art. 1.150 do Código Civil, que per manece
como garantia complementar de outra, maior, outorgada pelo art. 141, par16, da Constituição.
Recurso extraordinário conhecido e provido” (STF. RE 24190, rel. Min. Antonio Villas Boas, Segunda
Turma, j. 08/11/1957, DJ 12121957, p. 16456, RTJ 31, p. 784).
1123 HERZOG, Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien – Eine rechts-
vergleichende Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmoderner Perspektive –
Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering...p. 667670.
1124 Virgílio Afonso da Silva (Interpretação constitucional e sincretismo metodológico. In. SILVA, Virgílio
Afonso (Org.). Interpretação constitucional...cit. p. 120121) permite que se trace um paralelo en tre a
exarcebação do estudo (e das publicações) sobre constitucionalização do Direito Civil no país e no
exterior, com idênticos excessos em torno da interpretação constitucional, da força normati va da
Constituição e da obra de Hesse no Brasil: “A propagação que os ‘princípios de interpretação
constitucional’ alcançaram no Brasil pode ser considerada, por isso, exacerbada”. Na nota de roda pé
11, ele complementa: “Uma amostra interessante da discrepância entre a recepção das idéias de
Hesse na Alemanha e no Brasil – e também da obrigatoriedade do uso de expressões alemãs – pode
ser obtida via Internet. Em qualquer serviço de busca, basta pesquisar, por exemplo, os termos Hesse,
Einheit der Verfassung (‘unidade da constituição’) e normative Kraft der Verfassung (‘força normativa da
constituição’). Mesmo consultando esses ‘princípios’ apenas em alemão, o resultado é inusitado:
somente serão encontradas páginas brasileiras”.
1125 A palavra “constitucionalização” também só aparece uma única vez em A força normativa da
Constituição, quando Hesse se refere à “constitucionalização de interesses momentâneos ou par-
ticulares”.
1126 HESSE, Konrad. Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland...p. 159, nota
marginal 355.
1127 HESSE, Konrad. Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland...p. 159, nota
marginal 356.
1128 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 25.
1129 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 39.
1130 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 7.
1131 Essas ideias encontram aderência com o que escreve Heloisa Helena Barboza, quando ela analisa
passagens de Hesse em Verfassungsrecht und Privatrecht: BARBOZA, Heloisa Helena. O Direito de
Família e o Código Civil de 2002: Algumas considerações gerais. In. LEITE, Eduardo de Oliveira;
PACHECO, José da Silva. Revista Forense: Edição comemorativa 100 anos. Rio de Janeiro: Forense,
2006, p. 401418, especificamente: p. 403404.
1132 Exemplo disso é o trabalho de Antonio Baldassarre (La normatività della Costituzione e i suoi “ne-
mici”. Rivista di Diritto Costituzionale: Rivista dell’ Associazione “Gruppo di Pisa”, p. 351, 2007), que se
ocupa da normatividade da Constituição sob diferentes enfoques e tomando por base as obras
Rudolf Smend, Peter Häberle, Gustavo Zagrebelsky, Robert Bork, Antonin Scalia e Carl Schmitt.
1133 HERZOG, Benjamin. Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien – Eine rechts-
vergleichende Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmoderner Perspektive –
Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering...p. 669670. Por uma questão de justiça,
registrese que nem Susanna Pozzolo (Neoconstitucionalismo y especificidad de la inter pretación
constitucional...cit. p. 339340) considera Konrad Hesse um neoconstitucionalista. Essa "privilégio" ela
reserva para Ronald Dworkin, Robert Alexy, Gustavo Zagrebelsky e "parcialmente" a Carlos Santiago
Nino.
CAPÍTULO DÉCIMO PRIMEIRO
1134 Tratasedo “caso da antena parabólica”, decidido em 9 de fevereiro de 1994, pelo Primeiro Senado
do TCF, que admitiu a reclamação constitucional proposta por um cidadão turco. O locatário resi dia
na Alemanha há alguns anos e habitava, como inquilino, um apartamento com a esposa, sete filhos e
uma filha em Essen. Ele desejava captar os sinais da televisão da Turquia e a locadora, uma sociedade
empresária de construção civil, negoulhe o pedido de instalação de antena parabólica. As instâncias
ordinárias negaram o pedido do locatário. Um dos fundamentos recaiu no direito do locador de
definir a destinação do uso do bem alugado, uma regra corriqueira em contratos dessa natureza,
inclusive no Direito brasileiro. Somese a isso, como afirmou o juízo de primeiro grau, o direito de
propriedade da empresa locadora haveria de ser respeitado e não restringido, porque o locatário
teria a seu dispor outros meios de informação, que satisfizessem seu interesse de manter os laços
culturais com a Turquia. O TCF, ao cassar as decisões ordinárias, deu preva lência ao direito
fundamental à liberdade de informação (art. 5º, apartado 1, item 1, segunda parte, LF/1949). O
tribunal constitucional afirmou que a LF/1949 não distingue entre informação nacional ou
estrangeira e que no suporte fático desse direito fundamental estaria compreendido o acesso à
informação com o emprego dos meios técnicos necessários à sua viabilização (BVerfGE 90, 27).
1135 Tratase do caso do cidadão alemão Friedhelm Adolf, um aposentado, que era locatário de um
imóvel em Düsseldorf havia anos. O senhorio resolveu o contrato de locação sem avisoprévio e
tentou despejar o locatário. O aposentado perdeu em primeiro e segundo graus de jurisdição e
aguardava se decisão do BGH. A causa terminou, porém, sem solução porque Adolf faleceu em
dezembro de 2017.
1136 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 36.
1137 “Não haverá retorno; nem mesmo isso seria desejável, porque com ele se negaria um êxito sig-
nificativo do Estado de Direito. O necessário não é uma modificação do Direito Constitucional
vigente, senão um desenvolvimento que leve mais em conta as particularidades da realização dos
direitos fundamentais nas relações jurídicoprivadas e que se mostre ele idôneo para se evitar em boa
medida os inconvenientes e os perigos expostos” (HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p.
26).
1138 SILVA, Virgílio Afonso. A constitucionalização do Direito...p. 5761 e 126127; DUQUE, Marcelo Schenk.
abr./jun. 1990; MODESTO, Paulo Eduardo Garrido. Inconstitucionalidade por omissão: categoria
jurídica e ação constitucional específica. Revista de Direito Público, v. 24, nº 97, p. 216227, jan./ mar.
1991.
1143 “Evidentemente há uma contradição do legislador constituinte, quando fala da aplicabilidade ime-
diata dos preceitos constitucionais. A própria Constituição referese ao mandado de injunção na falta
de norma regulamentadora, cabendo também aludir aos casos de inconstitucionalidade por
omissão. O próprio texto constitucional está cheio de uma remissão à legislação infraconstitucio nal
no art. 5º, como se vê dos incisos VIII, XV, XVIII, XXIV, XXVI, XXVII, XXVIII, XXIX, XLVI, LX” (PINTO
FERREIRA, Luiz. A concepção dos direitos individuais e as ilusões constitucionais. Revista de Direito
Constitucional e Internacional, v. 1, p. 274281, out.dez. 1992. item 5).
1144 PINTO FERREIRA, Luiz. A concepção dos direitos individuais e as ilusões constitucionais...cit. item 7.
1145 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 37. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros,
2014. p. 182.
1146 STF.MI 670, rel. Min. Maurício Corrêa, rel. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j.
25/10/2007, DJe206 31102008, RTJ 2071/11; STF. MI 708, rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j.
25/10/2007, DJe206 31102008, RTJ 2072/471.
1147 Para uma adequada distinção entre eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais: SILVA,
Virgílio Afonso da. Direitos fundamentais: conteúdo essencial, restrições e eficácia...p. 210211.
1148 ANDRADE, José Carlos Vieira de. Os direitos fundamentais e a Constituição portuguesa de 1976...p. 244.
1149 “Não obstante a clareza de sua literalidade, o art. 18º, nº 1, da Constituição Portuguesa não con tém
em si a resposta sobre ‘como’ ocorre a vinculação dos particulares, (...). Apesar de existir
posicionamentos minoritários, conforme verificado, podese concluir que há um posicionamento
majoritário abarcando a tese da eficácia mediata, a teor da expressiva doutrina mencionada”
(OLIVEIRA JUNIOR, Francisco Dias de; PEARCE, Gabrielle Apoliano Gomes Albuquerque. A expe riência
portuguesa e o problema da eficácia dos direitos fundamentais entre os particulares na doutrina e na
jurisprudência...p. 154156).
1150 “No clássico filme ‘O poderoso chefão’ (ou ‘O padrinho’, em Portugal), de Francis Ford Coppola, o
jovem (e futuro mafioso) Vito Corleone é um excelente empregado de uma pequena loja no bairro
italiano. O dono é visitado pelo mafioso local, que exige um emprego para seu sobrinho. Apesar das
objeções, o dono do estabelecimento cede às pressões e comunica constrangido a Vito Corleone, pai
de família e dependente daquele salário para sobreviver, a perda de seu em prego. Em outra cena, o
empregador corre e alcança Vito para lhe entregar uma caixa com alimen tos, uma espécie de
indenização, recusada dignamente por ele. Assim, começa sua trajetória na vida do crime. É
lamentável e censurável. Mas, sem mafiosos e esses elementos melodramáticos, todos os dias
pessoas são demitidas e contratadas por critérios extremamente subjetivos e por razões que nunca
seriam captáveis pelos princípios ou pelos parâmetros do Direito Constitucional, por exemplo. Seria o
caso de exigir a aplicação do dever de fundamentar as decisões, presente na Constituição, para tais
fatos da vida privada? Evidentemente que não. Prevalece, no mundo real, a ‘cláusula Vito Corleone’,
para se usar de uma metáfora cinematográfica (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto
epistemológico...p. 64).
1151 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamentais... p.
125.
1152 HESSE,Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 3738. Em sentido aproximado: THOMALE, Chris.
Cuius regnum eius iudicium: emancipando o discurso jurídico privado em face dos direitos humanos.
Tradução de Patrícia Cândido Alves Ferreira. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 13, p. 391418,
out./dez. 2017. esp. p. 409417.
1153 MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria geral do Direito Civil...p. 73.
1154 MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria geral do Direito Civil...p. 7576.
1155 PIEROTH, Bodo; SCHLINK, Bernhard. Grundrechte. Staatsrecht II...cit. p. 4546; DI FABIO, Udo. Artikel 2,
Abs.1. In. MAUNZ, Theodor; DÜRIG, Günter. Grundgesetz Kommentar. 85. ed. München: Beck, 2019. v.
1. p. 119120 (quanto à distinção e à superposição entre direitos fundamentais e normas de Direito
Civil).
1156 Fazse uso aqui de uma linguagem do constitucionalismo clássico, que identifica no parlamentar um
UBILLOS, Juan María. La eficacia de los derechos fundamentales frente a particulares... cit. p. 318.
1166 RODRIGUES JR., Otavio Luiz; RODAS, Sergio. Entrevista com Reinhard Zimmermann e Jan Peter
Schmidt. Tradução do inglês por Mark Walker. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 5. cit;
RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto epistemológico...p. 6164; LEAL, Fernando. Seis obje ções ao
Direito Civil constitucional. Direitos Fundamentais e Justiça...cit. p. 134; VILLELA, João Baptista.
Variações impopulares sobre a dignidade da pessoa humana. Superior Tribunal de Justiça:
Doutrina...cit. p. 562; JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antonio. O direito ontem e hoje: crítica ao
neopositivismo constitucional e à insuficiência dos direitos humanos...cit.; ÁVILA, Humberto.
“Neoconstitucionalismo”: entre a “ciência do direito” e o “direito da ciência”...cit.
1167 SCHLINK, Bernhard. Freiheit durch Eingriffsabwehr. Rekonstruktion der klassischen
Grundrechtsfunktion...p. 461462; HWANG, ShuPerng. Verfassungsgerichtliche Abwägung:
Gefährdung der gesetzgeberischen Spielräume? Zugleich eine Kritik der Alexyschen formellen
Prinzipien. Archiv des öffentlichen Rechts - AöR, v. 133, p. 606628, 2008. (Com fortes críticas à
possibilidade de êxito de um “trabalho de racionalização” da ponderação, esp. p. 618 e ss.)
1168 RÜCKERT, Joachim. Ponderação – a carreira jurídica de um conceito estranho ao direito ou: rigidez
normativa e ponderação em transformação funcional. Tradução de Thiago Reis. Revista Direito GV, v.
14, nº 1, p. 240267, janabr 2018. p. 242.
1169 “No direito privado, ela [a ponderação] limitavase a ‘ponderação de interesses’ segundo critérios
valorativos predefinidos em lei. Somente no período nacionalsocialista é que esses limites foram
extrapolados – para nunca mais serem retraçados claramente” (RÜCKERT, Joachim. Ponderação – a
carreira jurídica de um conceito estranho ao direito ou: rigidez normativa e ponderação em
transformação funcional...p. 249). Para um apanhado em língua portuguesa das critíticas à pon-
deração: BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Juízo de ponderação na jurisdição constitucional. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 57107.
1170 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto epistemológico...p. 59 ss; LEAL, Fernando. Seis objeções ao
Direito Civil constitucional. Direitos Fundamentais e Justiça...cit. p. 140145; VILLELA, João Baptista.
Variações impopulares sobre a dignidade da pessoa humana. Superior Tribunal de Justiça:
Doutrina...cit. p. 562; TOLEDO, Cláudia Mansani Queda de. Breves reflexões sobre as eficá cias direta e
indireta dos direitos fundamentais: Entre a dignidade humana na CF/88 e a dignidade do Direito
Privado...cit., loc. cit.
1171 TJAC, RT 902/250.
1172 “Temse ainda o enfoque dado pela Constituição Federal de 1988, ao prevê o dever de reparação do
dano moral, em que destaca, no seu art. 1º, III, ao mencionar sobre a consagração à dignidade
humana como um dos fundamentos do nosso Estado democrático de Direito. E, assim, o dano moral
adquiriu nova feição e maior dimensão, uma vez que a dignidade humana é a base de todos os
valores morais, traduzse na essência de todos os direitos personalíssimos. O direito à honra, ao nome,
à imagem, à intimidade, à privacidade ou a qualquer outro direito da personalidade, todos
englobados no direito à dignidade” (TJRO, RT 837/345).
1173 TJRN. Ap. 2014.0193621 1ª Câmara Cível j. 24/11/2016 v. u. julgado por des. Jarbas Bezerra DJe
8/12/2016.
1174 PALMER, Vernon Valentine. Danos morais: o despertar francês no século XIX. Tradução e notas de
Otavio Luiz Rodrigues Jr. e Thalles R. Alciati Vallim. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 9, ano 3,
p. 225241, out./dez. 2016. p. 241.
1175 PALMER, Vernon Valentine. Danos morais: o despertar francês no século XIX...p. 231.
1176 PALMER, Vernon Valentine. Danos morais: o despertar francês no século XIX...p. 226.
1177 PALMER, Vernon Valentine. Danos morais: o despertar francês no século XIX...p. 241.
1178 “Tais
teorias não são, contudo, criação da dogmática dos direitos fundamentais, e são conhe cidas
no âmbito do Direito Civil há muito tempo, tendo suscitado intensos debates sobretudo na França,
entre Planiol e Ripert, de um lado, e Josserand, de outro” (SILVA, Virgílio Afonso da. Direitos
fundamentais: conteúdo essencial, restrições e eficácia...p. 127).
1179 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 39.
1180 “O Direito Privado tem sua História, sua metodologia, seus princípios e suas funções no que se po-
deria chamar de ‘divisão do trabalhoʼ entre as diversas províncias jurídicas. Não é adequado fazer o
transplante desses elementos do Direito Público para o Direito Privado. O estatuto epistemoló gico
do Direito Privado não se coaduna com essa transposição, porque desnecessária e imprópria. Na raiz
de todos os problemas acima descritos, está essa distorção, que, a cada dia, com o silêncio de muitos
civilistas, faz com que o Direito Privado assuma culpas históricas que não lhe pertencem e adote
métodos e princípios que não se coadunam com seus fins” (RODRIGUES JR., Otavio Luiz. Estatuto
epistemológico...p. 64).
1181 FORSTHOFF, Ernst. Der Staat der Industriegesellschaft...p. 143144.
1182 MICHAEL, Lothar; MORLOK, Martin. Grundrechte...cit. p. 243244 (sobre a inconveniência da efi cácia
direta nas relações entre os particulares em prejuízo da autonomia privada); HERDEGEN, Matthias.
Artikel 1, Abs.3. In. MAUNZ, Theodor; DÜRIG, Günter. Grundgesetz Kommentar...cit. nota marginal 59;
KHOL, Andreas. The protection of human rights in relationships between pri vate individuals: The
Austrian situation. In. AA.VV. René Cassin...cit. p. 195213 (com afirmação textual nas p. 212213);
FUCHS, MarieChristine. O efeito irradiante dos direitos fundamentais e a autonomia do Direito
Privado: a “decisão Lüth” e suas consequências...cit. p. 228 e ss.; “Só um Estado paternalista se
empenharia em proteger amplamente os cidadãos contra si próprios” (ZIPPELIUS, Reinhold. Teoria
Geral do Estado. Ciência Política. Tradução de António Francisco de Sousa e António Franco. São
Paulo: Saraiva, 2016. p. 502); PIEROTH, Bodo; SCHLINK, Bernhard. Grundrechte. Staatsrecht II...cit. p. 46-
47; DI FABIO, Udo. Artikel 2, Abs.1. In. MAUNZ, Theodor; DÜRIG, Günter. Grundgesetz Kommentar...v. 1.
p. 115117.
1183 De um modo geral, sobre a mudança no papel, no conceito e nas tarefas do legislador: BALDUS,
Christian; THEISEN, Frank; VOGEL, Friederike. „Gesetzgeber“ und Rechtsanwendung – Entstehung und
Auslegungsfähigkeit von Normen. Tübingen: Mohr Siebeck, 2013, esp. os textos de Christian Meyer-
Seitz intitulado Von der Arbeit am Gesetz (p. 2942) e de Frank Theise, com o título Die Entstehung von
Gesetzen. Einsichten aus Sicht der Ministerialverwaltung eines Bundeslandes (p. 4362).
1184 Nesse sentido: “Os princípios da Constituição penetram em todos os setores da ordem jurídica.
Refratamse sobre toda a vida jurídica, e portanto também sobre as situações civis. Mas isso não tem
nada que ver com a criação de um novo ramo do Direito. No domínio das relações civis a fonte
imediata é a civil, não a constitucional. Essa fonte deve ser interpretada dentro do quadro e das
orientações constitucionais, como toda a regra jurídica. Mas isso não equivale a admitir o que Otavio
Luiz Rodrigues Jr., num artigo notável, chama a tentativa de colonização do Direito Civil no marco da
constitucionalização. A epígrafe adotada não pode ser entendi da como afirmando o acoplamento a
cada ramo do Direito de um duplo constitucional. Este jogo de espelhos, de autogeração infinita de
novos ramos de Direito, não teria sentido, porque o que está em causa é simplesmente o
entendimento das regras vigentes. Por isso, não tem nem pode ter qualquer tradução em disciplinas
acadêmicas ou no ensino do Direito em geral” (ASCENSÃO, José de Oliveira. Panorama e perspectivas
do Direito Civil na União Europeia. In. AA.VV. Jornada de Direito Civil 5:2011. Brasília: Conselho da
Justiça Federal, 2012. p. 32); DIAS TOFFOLI, José Antonio. Centralidade do Direito Civil na obra de
Antonio Junqueira de Azevedo. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 13, p. 3357, out./dez. 2017.
p. 4345 (aludindo ao termo “colonização”).
1185 É esse um entendimento do TCF: BVerfGE 47, 46.
1186 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte...p. 492.
1187 HESSE, Konrad. Verfassungsrecht und Privatrecht...p. 28.
1188 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em torno
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais...cit.; DUQUE, Marcelo Schenk. Direito
Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamentais...p. 190191.
1189 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamentais... p.
191.
1190 LEONARDO, Rodrigo Xavier. Associações sem fins econômicos...p. 115116.
1191 DUQUE, Marcelo Schenk. Direito Privado e Constituição: Drittwirkung dos direitos fundamentais... p.
191.
1192 MICHAEL, Lothar; MORLOK, Martin. Grundrechte...cit. p. 243244.
1193 BILBAO UBILLOS, Juan María. La eficacia de los derechos fundamentales frente a particula res...p.
241243; DUQUE, Marcelo Schenk. Direitos fundamentais e direito privado...p. 115; SOMBRA, Thiago Luís
Santos. A eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas...p. 4954; STEINMETZ, Wilson. A
vinculação dos particulares a direitos fundamentais...p. 8891; SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos
fundamentais e direito privado: algumas considerações em torno da vincula ção dos particulares aos
direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A Constituição concretizada: Construindo
pontes com o público e o privado...p. 128133.
1194 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em tor no
da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. In. SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). A
Constituição concretizada: Construindo pontes com o público e o privado...p. 133.
1195 CANARIS, ClausWilhelm. Grundrechte und Privatrecht. Archiv für die civilistische Praxis -AcP. v. 184,
fascículo 3, p. 202246, 1984. p. 206207 (referindose à problemática do „sozialen Macht“)
1196 HESSE,Konrad. Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland...p. 160, nota
marginal 357.
1197 RODRIGUES JR., Otavio Luiz. A fórmula de Radbruch e o risco do subjetivismo. Consultor Jurídico, 11
SUMÁRIO. § 73. A vertigem das listas e “uma certa enciclopé dia chinesa”.
§ 74. “Distinção sistemática”, constitucionaliza ção e modelo fraco de
eficácia indireta
§73. A VERTIGEM DAS LISTAS E “UMA CERTA ENCICLOPÉDIA CHINESA”
Um dos textos mais famosos de Michel Foucault é de Jorge Luis Borges.
Essa afirmação parece ser duplamente contraditória. Primeiro por encerrar uma
tese dogmática de Direito Civil. Segundo por dizer que o escrito de alguém, que
lhe conferiu popularidade, pertence a outra pessoa. A primeira contradição será
esclarecida depois. Inicie-se pela segunda, que é mais singela. Michel Foucault
abre seu livro As palavras e as coisas com a seguinte frase: “Este livro nasceu de
um texto de Borges”. E prossegue explicando que o escritor argentino conseguiu
provocar-lhe o riso que, “com sua leitura perturba todas as familiaridades do
pensamento – do nosso: daquele que tem nossa idade e nossa geografia –,
abalando todas as superfícies ordenadas e todos os planos que tornam sensata
para nós a profusão dos seres”.1201
O texto de Jorge Luis Borges refere-se “a certa enciclopédia chinesa” que
recebeu o pomposo e paradoxal título de “Empório celestial de conhecimentos
benévolos”, em cujas “remotas páginas está escrito que os animais se dividem”
em “(a) pertencentes ao Imperador; (b) embalsamados; (c) amestrados; (d)
leitões; (e) sereias; (f) fabulosos; (g) cães vira-latas; (h) os que estão incluídos
nesta classificação; (i) os que se agitam feito loucos; (j) inumeráveis; (k)
desenhados com um pincel finíssimo de pelo de camelo; (l) et cetera; (m) os que
acabaram de quebrar o vaso; (n) os que de longe parecem moscas”.1202
Tanto quanto a Foucault, a estranha taxinomia da “enciclopédia chinesa”
fascina e perturba o autor desta tese. Os animais pertencentes ao imperador
abrem a classificação, distinguidos que foram por pertencerem ao soberano, ao
detentor do poder estatal. O critério do sujeito colocaria esses animais em uma
classe distinta. Surgiria uma dúvida: leitões e animais amestrados perderiam sua
autonomia por serem pertencentes ao imperador ou constinuaram singularmente
em suas respectivas classes? As sereias e os animais fabulosos, embora
colocados em classes distintas, poderiam ser reconduzidos a uma categoria
comum, a das ficções. Provavelmente, questões de ordem didática definiram que
sereias e animais fabulosos, posto que ambos fictícios, recaíssem em classes
autônomas. Os embalsamados estão mortos, o que é óbvio. Então, porque os
manter na lista? Excluindo-se da resposta o amor pela taxidermia, é de se supor
que o enciclopedista quisesse enfatizar a classificação histórica e a importância
de estudar conceitos de tempo esquecidos.
Os “animais desenhados com um pincel finíssimo de pelo de camelo”
assumem a forma imaginada pelo desenhista. Os animais “que de longe parecem
moscas” são perigosos. De perto, são maiores e mais complexos do que se
supõe. Os cães vira-latas são livres, ao tempo em que poucos se importam com
eles.
Contraditório ou mesmo paradoxal é lidar com os animais das classes (h) e
(l). Sim, os animais et cetera e os que “estão incluídos nesta classificação”
podem arruinar o “Empório celestial de conhecimentos benévolos”. Os animais
et cetera são os que se acham excluídos desta classificação. Como bom latinista,
o sábio chinês saberia que et cetera significa “e outras coisas mais”. Logo, é
evidente que esses animais estão fora da lista. Mas, ao serem nela incluídos,
estão simultaneamente incluídos e excluídos. Desafio para qualquer lógico são
os “animais incluídos nesta classificação”. Se eles formam um conjunto
autônomo, que, por definição, compreende todos os conjuntos, cria-se um
paradoxo lógico: a classe é maior do que ela mesma, o que é um absurdo lógico-
formal.
Toda essa explicação para uma enciclopédia que talvez nunca tenha
existido, salvo na mente de um escritor atemporal como Borges, deve-se ao fato
de que as classificações possuem uma lógica que não pode ser ignorada. Não é
possível que o Direito Civil, como parte central do Direito Privado, tenha ou não
tenha autonomia, em simultâneo. Esse é o discurso que prosperou nas últimas
décadas (quando não se alude radicalmente ao fim da “distinção sistemática”).
§74. “DISTINÇÃO SISTEMÁTICA”, CONSTITUCIONALIZAÇÃO E MODELO
FRACO DE EFICÁCIA INDIRETA
A autonomia epistemológica do Direito Civil depende da “distinção
sistemática”, terminologia tão bem desenvolvida por Bydlinski. Não por vaidade
acadêmica, apego ao século XIX e a seus valores, ou preservação de espaços de
conhecimento e de técnica, mas porque o fundamento do Direito Civil é a
autonomia privada1203 e sua independência relativa da Constituição permite
(como sempre permitiu) o desenvolvimento de uma metódica própria, com
princípios autônomos e com finalidades diferenciadas. Os problemas que o
Direito Civil enfrenta e resolve são estruturalmente diversos daqueles do Direito
Público, ainda que haja algumas aproximações eventuais.
As dificuldades de se estudar os três objetos desta tese – “distinção
sistemática”, constitucionalização e eficácia dos direitos fundamentais - podem
ser metaforicamente espelhadas na enciclopédia chinesa. Os objetos apresentam-
se como partes integrantes de um “empório celestial dos conhecimentos
benévolos”. Conceitos fluídos, argumentos cambiantes e a crescente moralização
do Direito impedem o repasse crítico do que são e para que servem os elementos
teóricos a eles associados. A função do Direito, que é a de resolver conflitos, é
esvaziada por força da hipercomplexidade de soluções que não precisariam
mobilizar a Constituição e os direitos fundamentais. Misturamse casos fáceis e
casos difíceis em uma mesma tábua, que demanda cada vez mais o recurso ao
texto constitucional, ainda que não se saiba ao certo (ou não haja consenso
sobre) o que seja a Constituição. Os “animais embalsamados” ladeiam “os que
se agitam feito loucos”. O texto normativo não vincula, dado que se pode
convocar também o contexto. Se o texto não é vinculante, os acordos podem ser
reinterpretados a todo momento, desde que se troque de intérprete e, com isso,
de sentido. O que eram “cães vira-latas” repentinamente podem ser aceitos como
“leitões”, a depender da orientação do conteúdo normativo a certos fins
escolhidos por membros de um grupo detentor da chave semântica.
Problemas de ordem ontológica, resultantes da apropriação pelo Direito de
características intrínsecas à Moral, e problemas epistêmicos, caracterizados pela
transformação do ato de interpretar em uma nova fonte do Direito, unem-se em
torno de uma “nova Parte Geral do ordenamento jurídico”, que é nominalmente
a Constituição. Dá-se, porém, que não se pode mais guardar referência ao texto
constitucional, pois ele é reelaborado a cada instante por uma “microconstituinte
permanente” (não mais radicada apenas no STF). Em nome de uma
constitucionalização total, o Código Civil perde suas funções jurídico-
normativas. Nasce um novo "mito da caverna”, que impele os seres humanos à
busca pela iluminação constitucional, à custa da perda de confiabilidade das
prognoses. Em sendo assim, o próprio texto constitucional é superável
internamente pelo recurso à meia dúzia de princípios (ou a um único, o da
dignidade humana), como se os “animais pertencentes ao Imperador” fossem
suficientes para completar a enciclopédia, ainda que existam “os desenhados
com um pincel finíssimo de pêlo de camelo”.
As soluções oferecidas na Primeira Parte e na Segunda Parte da tese
procuram reduzir os níveis de incerteza semântica, ontológica e epistêmica em
torno de elementos centrais para o Direito Civil contemporâneo. O diálogo com
a Filosofia do Direito e a Teoria do Direito, que sempre andaram ao lado do
Direito Civil, é indispensável, ainda que muitos dos referenciais em uso no
Brasil estejam datados dos anos 1970-1980 e diversas das pautas de investigação
nesses setores remontem aos anos 1960, confundindo-se com pesquisas do
movimento dos Critical Legal Studies, nos Estados Unidos.
A opção feita nesta tese por se afirmar a existência da “distinção
sistemática”, um conceito negado pelo positivismo kelseniano, e de restringir
conceitualmente a constitucionalização a um seleto grupo de hipóteses, foi um
passo decisivo para se chegar à Terceira Parte. Restaurada a “grande dicotomia”
e contido o conceito de constitucionalização, dedicou-se ao exame da mais
sensível expressão desta última para o Direito Civil: a eficácia dos direitos
fundamentais em relação aos particulares.
A conservação da autonomia epistemológica, como realçado ao longo da
tese, passa também pelo confinamento conceitual da constitucionalização do
Direito Civil. Ela não pode assumir as proporções e o apetite de um Moloch. A
constitucionalização por elevação, por reforma legislativa e por irradiação
explicam adequadamente esse processo, que é internacional e inevitável, mas
sem sofrer com os problemas metódicos decorrentes de uma
sobreconstitucionalização.
A metódica do Direito Civil brasileiro, até para que passe por uma fase de
renovação interna, precisa encontrar um modelo adequado para estabelecer
pontes com os direitos fundamentais, os principais fatores de irradiação dos
valores constitucionais no sistema privatístico. De entre os dois principais
modelos, da eficácia direta e da eficácia indireta, o segundo é o mais adequado.
A mitigação de certos elementos do modelo da eficácia indireta, em sua
formulação tradicional, aqui dita forte, implica a elaboração de um modelo fraco
de eficácia indireta. Esse modelo fraco contemporiza a hipótese excepcional de
eficácia direta de certos direitos fundamentais e admite a possibilidade eventual
de insuficiência de proteção por omissão legislativa. No geral, contudo, o
modelo fraco submete-se aos postulados originais de teoria de Dürig, aplicada
pelo TCF. O modelo fraco também promove a incorporação do conceito
operacional “fator de correção”, que é importante para a identificação dos
“cavalos de Troia” axiológicos.
Não se tem a ilusão de que a adoção de um modelo fraco de eficácia
indireta possa solucionar todos os problemas operacionais da
constitucionalização. O controlador das portas de entrada dos direitos
fundamentais para o direito ordinário é um elemento essencial para mitigar a
“colonização” (ou a “inundação”) deste último por aqueles. Ainda que o
controlador falhe – e é muito provável que isso ocorra – os diques de contenção
exteriorizam-se em uma dogmática forte, capaz de emitir respostas coerentes e
de criticar os excessos de uma sobreconstitucionalização. A boa-fé objetiva ou
os bons costumes podem ser tão apropriáveis por uma pauta funcionalizante do
Direito quanto a dignidade humana ou a igualdade. Os elementos morais, que
dividem as pessoas, ao se integrarem em fórmulas jurídicas, podem tanto
ductilizar o Direito quanto nele introduzir “cavalos de troia”, cujo efeito é tão
somente o de esmurrar a mesa, como disse Alf Ross, ao mencionar o uso do
valor “justiça” em uma discussão jurídica.
É preciso recordar da metáfora do cimento fresco da calçada reformada.
Ima-gine-se uma sociedade com uma dogmática forte e com controles mais
rígidos às portas de entrada dos fatores de correção externos ao sistema interno.
Nessa sociedade, reforma-se uma calçada e substitui-se a cobertura de cimento
por outra. Os operários colocam uma placa sobre o cimento fresco: é proibido
pisar na calçada. Passados alguns dias, o cimento está seco e a placa não foi
retirada. A regra de proibição permanece vigente, mesmo tendo desaparecido sua
finalidade. A incidência da boa-fé objetiva permitiria ductilizar essa regra e,
mesmo com a placa, as pessoas voltariam a utilizar a calçada. Esse exemplo em
uma sociedade com uma dogmática fraca e sem controles rígidos aos portais do
sistema interno teria outra conclusão: a calçada seria reformada e os operários
colocariam uma nova camada de cimento fresco, com uma placa proibindo pisar
naquele espaço. Nessa sociedade, em poucos instantes após a saída dos
operários, haveria pegadas, corações e nomes desenhados e outros signos na
calçada. Provavelmente, a placa com a regra de proibição seria colocada de
cabeça para baixo. Aplicar a boa-fé nesse caso só aumentaria o nível de
desrespeito à regra de proibição. Flexibilizar-se-ia o que já é flexível, com
enorme perda para o sistema jurídico.
Diante desse quadro, o modelo fraco da eficácia indireta é a resposta mais
adequada às características da sociedade brasileira. Essa escolha em nada se
relaciona à origem alemã da eficácia indireta, muito menos a uma submissão
cultural à Alemanha. Esse argumento é contraditório e puramente retórico, dado
que, como já exposto na tese, ambas as teorias são alemãs e isso não as
desqualificam. O modelo fraco da eficácia indireta é superior e adaptável à
realidade e às necessidades brasileiras pelos inúmeros fundamentos apresentados
nesta tese. Tais qualidades não são partilhadas com modelos sincréticos (vide
54.4), cujas bases são alteráveis na medida em que se formulam críticas
(“camaleões jurídicos”) ou ao sabor de circunstâncias políticas. Ainda conforme
esta tese, não há problemas em se defender o modelo da eficácia direta (forte ou
fraco), como fazem muitos autores sérios no Brasil. O ponto crítico está na
incoerência metodológica e na criação de modelos ad hoc, sem qualquer
possibilidade de se investigar a genealogia das ideias e a coerência de seus
postulados centrais. Os efeitos desse processo já se fazem sentir. A perda de
referenciais metodológicos adequados cobra seu salário por meio do aumento da
irracionalidade decisória, da impossibilidade de prognoses e do desequilíbrio
entre os poderes democráticos.
O Direito Civil contemporâneo segue a trajetória iniciada pelos fundadores
da metodologia que até hoje serve de base para toda a ordem jurídica. Atualizá-
lo para enfrentar os desafios da hipercomplexidade, da fragmentariedade e das
desigualdades sociais é um passo decisivo para que continue a iluminar a
Ciência do Direito.
1201 FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins
Fontes, 1995. p. 5.
1202 BORGES, Jorge Luís. O idioma analítico de John Wilkins. In. BORGES, Jorge Luís. Outras inquisições.
Tradução de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 121126.
1203 TORRES, Heleno Taveira. Direito Tributário e Direito Privado: Autonomia privada, simulação e elu são
tributária. São Paulo: RT, 2003. p. 101102.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL
Portal do Governo brasileiro: https://www.planalto.gov.br/
2. ALEMANHA
2.1. Lei Fundamental de 1949 (Ministério Federal da Justiça):
https://www.gesetze-im-internet.de/gg/BJNR000010949.html
2.2. Tradução oficial da Lei Fundamental de 1949 para a língua portuguesa:
http://www.brasil.diplo.de/contentblob/3160404/Daten/1330556/Gundgesetz_pt.pdf
2.3. Código Civil alemão (Ministério Federal da Justiça): https://www.gesetze-
im-in-ternet.de/bgb/
3. ÁFRICA DO SUL
Constituição da África do Sul (Governo da África do Sul):
http://www.gov.za/DOCUMENTS/CONSTITUTION/constitution-republic-
south-africa-1996-1
ÍNDICE DE JURISPRUDÊNCIA CITADA
1. JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA
1.1. Supremo Tribunal Federal (STF)
STF. RE 2675-DF, rel. Min. Costa Manso, j. 05/01/1938.
STF. RE 4001, rel. Min. Waldemar Falcão, j. 21/10/1941, Coletânea de
Acórdãos no 134, p. 9.
STF. RE 24065, rel. Min. Luiz Gallotti, Primeira Turma, j. 24/06/1954, DJ 05-
08-1954, p. 9393.
STF. RE 24190, rel. Min. Antonio Villas Boas, Segunda Turma, j. 08/11/1957,
DJ 12/12/1957.
STF. AI 25132, rel. Min. Ribeiro da Costa, Segunda Turma, j. 25/07/1961, DJ
17-08-1961, p. 2006.
STF. RE 109691, rel. Min. Francisco Rezek, Segunda Turma, j. 18/08/1987, DJ
25/09/1987.
STF. ADIn 2, Pleno, rel. Min. Paulo Brossard, j. 06/02/1992, DJU 21/11/1997.
STF. RE 153771, rel. Min. Carlos Velloso, rel. para o acórdão Min. Moreira
Alves, Tribunal Pleno, j. 20/11/1996, DJ 05/09/1997.
STF. ADI 2076, rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, j. 15/08/2002, DJ
08/08/2003.
STF. HC 82424, rel. Min. Moreira Alves, rel. para o acórdão Min. Maurício
Corrêa, Tribunal Pleno, j. 17/09/2003, DJ 19/03/2004.
STF. RE 201819, rel. Min. Ellen Gracie, rel. para o acórdão Min. Gilmar
Mendes, Segunda Turma, j. 11/10/2005, DJ 27/10/2006.
STF. ADPF 33, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 07/12/2005, DJ de 27/10/2006.
STF. RE 565714, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 30/04/2008, DJ de 08/08/2008.
STF. RE 387271, rel. Min. Marco Aurélio, j. 08/08/2007, DJ de 1º/02/2008.
STF. MI 670, rel. Min. Maurício Corrêa, rel. para o acórdão Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, j. 25/10/2007, DJe-206 31-10-2008, RTJ 207-1/11.
STF. MI 708, rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 25/10/2007, DJe-206
31-10-2008, RTJ 207-2/471.
STF. ADPF 130, rel. Min. Carlos Britto, Tribunal Pleno, j. 30/04/2009, DJe-208
06/11/2009.
STF. RMS 26212, rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, j.
03/05/2011, DJe 18/05/2011.
STF. ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, j. 05/05/2011, DJe-198
14/10/2011.
STF. RE 363889, rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, j. 02/06/2011, DJe-238
16/12/2011.
STF, RE 878694, rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, j. 10/05/2017, DJe-
021 06/02/2018.
STF. Rcl 11243, rel. Min. Gilmar Mendes, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux,
Tribunal Pleno, j. 08/06/2011, DJe-191 05/10/2011.
STF. ADPF 156, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 18/08/2011, DJ de 28/10/2011.
STF. ADI 4815, rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, j. 10-6-2015, DJe-018
01/02/2016.
1.2. Superior Tribunal de Justiça (STJ)
STJ. REsp 76.362/MT, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j.
11/12/1995, DJ 01/04/1996.
STJ. REsp 113.710/SP, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j.
25/02/1997, DJ 31/03/1997.
STJ. HC 12.547/DF, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j.
01/06/2000, DJ 12/02/2001.
STJ. REsp 272.739/MG, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, j.
01/03/2001, DJ 02/04/2001.
STJ. REsp 472.594/SP, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, rel. p/
Acórdão Min Aldir Passarinho Junior, Segunda Seção, j. 12/02/2003, DJ
04/08/2003.
STJ. REsp 502.739/PE, rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 21/10/2003, DJ
17/11/2003.
STJ. REsp 541.867/BA, Segunda Seção, rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, rel.
p/ acórdão Min. Barros Monteiro, j. 10/11/2004, DJ 16/05/2005.
STJ. REsp 502.995⁄RN, rel. Min. Fernando Gonçalves, Quarta Turma, j.
26/04/2005, DJ 16/05/2005.
STJ. REsp 911.802/RS, rel. Min. José Delgado, Primeira Seção, j. 24/10/2007,
DJe 01/09/2008.
STJ. EDcl AgRg no Ag 886.162/PR, rel. Min. José Delgado, rel. para o acórdão
Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 18/12/2007, DJe 04/09/2008.
STJ. REsp 976.648/PE, rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 04/11/2008, DJe
01/12/2008.
STJ. REsp 944.325/RS, rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, j.
04/11/2008, DJe 21/11/2008.
STJ. AgRg no Ag 1045273/RS, rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, j.
18/11/2008, DJe 15/12/2008.
STJ. REsp 1.026.981/RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j.
04/02/2010, DJe 23/02/2010.
STJ. REsp 1111743/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, rel. para o acórdão Min. Luiz
Fux, Corte Especial, j. 25/02/2010, DJe 21/06/2010.
STJ. AgRg no REsp 1056333/RJ, rel. Min. Denise Arruda, rel. para o acórdão
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, j. 25/05/2010, DJe 18/06/2010.
STJ. REsp 302.906/SP, rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, j.
26/08/2010, DJe 01/12/2010.
STJ. REsp 1210340/RS, rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, j.
26/10/2010, DJe 10/11/2010.
STJ. REsp 877965/SP, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j.
22/11/2011, DJe 01/02/2012.
STJ. REsp 962.980/SP, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j.
13/03/2012, DJe 15/05/2012.
STJ. EDcl no REsp 633.713/RS, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, j. 11/02/2014.
STJ. AgRg no REsp 1.453.745 MG, 1a Turma, Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, j. 19/03/2015, DJe 17/04/2015.
STJ. REsp 1255179/RJ, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, j.
25/08/2015, DJe 18/11/2015.
STJ. REsp 1535727/RS, rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, j. 10/05/2016,
DJe 20/06/2016.
STJ. REsp 1581505/SC, rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, j.
18/08/2016, DJe 28/09/2016.
STJ. REsp 1622555/MG, rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, j. 22/02/2017,
DJe 16/03/2017.
STJ. REsp 1431370/SP, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, j.
15/08/2017, DJe 22/08/2017.
STJ. HC 439.973/MG, rel. Min. Luis Felipe Salomão, rel. para o acórdão Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, j. 16/8/2018, DJe 04/09/2018.
1.3. Tribunal Superior do Trabalho (TST)
TST. RR 371-94.2012.5.18.0008, Primeira Turma, Min. Walmir Oliveira da
Costa, j. 12/08/2015.
1.4. Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP)
TJSP. Arguição de Inconstitucionalidade 0056828-94.2015.8.26.0000, rel. Des.
Tristão Ribeiro, j. 17/08/2016.
1.5. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN)
TJRN. Ap 2014.019362-1 - Primeira Câmara Cível - j. 24/11/2016 - v. u., rel.
des. Jarbas Bezerra - DJe 8/12/2016.
1.6. Tribunal de Justiça do Acre (TJAC)
TJAC, RT 902/250.
1.7. Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO)
TJRO, RT 837/345.
2. JURISPRUDÊNCIA ESTRANGEIRA
2.1. Jurisprudência da Alemanha
2.1.1. Tribunal Constitucional Federal (TCF ou BVerfG)
BVerfGE 7,198 (Caso Lüth).
BVerFGE 69, 315.
BVerfGE 80, 137.
1BvR 909/08, publicado em NJW-RR 2010, 156.
1BvR 699/06, publicado em NJW 2011, 1201.
BVerfG, 11.04.2018 - 1 BvR 3080/09.
BVerfGE 61, 358.
BVerfGE 79, 256.
BVerfGE 90, 263.
BVerfGE 85, 80.
BVerfGE 90, 27.
2.1.2. Tribunal Federal (BGH)
BGH, j. 20/03/2002, XII ZR 176/00 (Jena), NJW 2002.
BGH, j. 12/11/1997, IX ZR 274/96 (Hamm), NJW 1998, 894.
BGH, j. 25/11/2009, XII ZR 92/06 (OLG Koblenz), NJW 2010, 998.
2.1.3. Tribunal Federal do Trabalho (BAG)
BAGE 1, 185, publicado em NJW 1955, p. 606-608.
BAGE 4, 274, publicado em DÖV 1958, 780.
BAGE 47, 363, publicado em NJW 1986, 85.
2.1.4. Tribunal do Reich (RG)
RGZ 78/239.
2.2. Jurisprudência dos Estados Unidos da América
2.2.1. Suprema Corte
New York Times Co. v. Sullivan 376 U.S. 254 (1964). Obergefell v. Hodges,
14-556, U.S. 23 (2015).
2.2.2. Corte de Nova York
230 N.Y. 239, Jacob & Youngs, Inc. v. Kent.
2.3. Jurisprudência do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
2.3.1. King’s Bench (ou Queen’s Bench)
Kingston v. Preston, 2 Doug. 689 [K.B. 1773].
126 Eng. Rep. 160(a), Boone v. Eyre [K.B. 1777]. Hochster v. De La Tour
(1853) 2 E&B 678.
2.4. Jurisprudência do Canadá
2.4.1. Suprema Corte
RWDSU v. Dolphii Delivery Ltd., [1986] 2 S.C.R. 573.
2.5. Jurisprudência da África do Sul
2.5.1. Suprema Corte
Caso Du Plessis v. De Klerk, 1996 (3) SA 850, 914-15.
2.6. Jurisprudência do Peru
2.6.1. Tribunal Constitucional
Exp. Nº 067-93-AA/TC; caso Pacheco Chávez.
Exp. 713-2000-AA/TC, de 2000; caso Calderón Díaz.
Exp. 101-2000-AA/TC, de 2001; caso Noriega Gárate.
Exp. 902-2000AA/TC, de 2001; caso Cárdenas Torres.
Exp. 1401-2001-AA/TC, de 2002; caso Quispe Huamán.
Exp. 1612-2003-AA/TC, de 2003.
Proteção de Dados Pessoais - A Função
e os Limites do Consentimento
Bioni, Bruno Ricardo
9788530983284
344 páginas