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MATERIAL DIDÁTICO
TEORIAS E PRÁTICAS DA
PSICOMOTRICIDADE
Impressão
e
Editoração
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
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APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
O Termo psicomotricidade tem sido utilizado por diversos autores ora para se
referir a um dos aspectos do desenvolvimento do ser humano, ora para se referir a
uma proposta de trabalho, substituindo os termos: reeducação psicomotora ou
terapia psicomotora.
É por isso que ouve-se falar: “Essa criança faz psicomotricidade”. Na verdade
isso quer dizer que a criança faz um trabalho de educação psicomotora ou de
terapia psicomotora, uma vez que o professor percebeu dificuldades em seu
desenvolvimento psicomotor e comunicou a um especialista da área do
conhecimento.
Pode-se perceber essas seguintes definições:
a Psicomotricidade como controle da expressão motora
e a Psicomotricidade para seu segundo significado que trata-se de uma
proposta de trabalho psicológico oferecido por alguns profissionais da área de
saúde ou educação, tais como: psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos.
A terapia psicomotora é um trabalho sistemático sobre todas as condutas
psicomotoras da criança, através da conscientização da expressão motora, visando
à melhoria das aptidões.
A educação ou mesmo a reedução psicomotora é o mesmo trabalho descrito
na terapia, porém articulado, com recursos artísticos, respeitando o processo
espontâneo do desenvolvimento da criança, ainda que seja para reeducar a conduta
motora de base. Aqui, independentemente da necessidade de utilizar bem as
técnicas o fundamento básico não é a técnica e sim a relação.
Os encontros científicos entre profissionais da saúde e da educação
favoreceram a criação de outras propostas terapêuticas que focalizam essa relação.
Surgiu na França a terapia denominada como Psicomotricidade Relacional.
É preciso lembrar que independente do enfoque, o trabalho de
psicomotricidade deve ser sempre global, com atenção para os déficits psicomotores
principais da criança, especialmente na educação infantil.
Os exercícios de psicomotricidade atuam não só sobre todas as condutas
psicomotoras, como também visam melhorar as habilidades intelectuais e as
atitudes afetivas e emocionais.
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UNIDADE 1 - A PSICOMOTRICIDADE
combinado, que ao mesmo tempo que eduque o movimento atue sobre o intelecto, o
fará progredir realmente no caminho da recuperação total.
Este duplo caráter faz com que a Psicomotricidade seja particularmente
valiosa na reeducação da criança excepcional, já que atende a educação
neuromuscular da criança deficiente com métodos progressivos, que seguem ao
mesmo tempo a evolução fisiológica normal e a maturação intelectual.
A coordenação geral necessita de uma perfeita harmonia de jogo muscular,
em repouso e em movimento; não alcança seu desenvolvimento definitivo senão aos
15 anos, o que facilita sua educação precoce e progressiva (ECKERT, 1993).
A coordenação geral apresenta dois aspectos bem diferenciados: a
coordenação estática e a coordenação dinâmica, ou seja, esta coordenação se
realiza em repouso ou em movimento.
A coordenação estática resulta do equilíbrio entre a ação dos grupos
musculares antagonistas, se estabelece em função do tônus e permite a
conservação voluntária das atitudes.
A coordenação dinâmica é a colocação em ação simultânea de grupos
musculares diferentes com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou
menos complexos.
Ambos os tipos de coordenação estão regidos por vias neuromotoras
cerebelosas, que dominam o funcionamento estático – equilíbrio estático e o cinético
– equilíbrio e sinergia dos movimentos automáticos e dos não automatizados.
De acordo com o tipo de movimento que se realiza, a coordenação dinâmica
será: geral, quando se refere a ações nas quais somente intervêm membros
inferiores ou em simultaneidade com membros superiores: correr, saltar, trepar,
arremessar bolas; levar objetos, etc (ECKERT, 1993).
A coordenação dinâmica será do tipo manual quando se estabelece o jogo de
movimento de ambas as mãos. Cada tipo de coordenação que se educa tem uma
metodologia especial e diferente, que apresenta características muito variadas, quer
se trate de coordenação dinâmica ou estática ou de coordenação geral ou
exclusivamente manual.
Entretanto, elas mantêm unidade central uma vez que tenham sido
elaboradas com critério evolutivo e seguindo o desenvolvimento psicomotor normal.
Conseqüentemente, para cada idade motriz existe um plano de reeducação que
corresponde à coordenação estática, dinâmica geral e coordenação dinâmica
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manual e visomotora; estes planos intimamente relacionados entre si, e por sua vez
com o quociente intelectual, manterão a unidade indestrutível do desenvolvimento.
Para as desordens da coordenação estática – equilíbrio – recorre-se a
exercícios de tipo ginástico. Os métodos atuais de ginástica que se dirigem ao
desenvolvimento muscular não bastarão para o deficiente mental; para que
alcancem os fins da educação psicomotora, deverão exigir um esforço de atenção
que ponha em jogo a psique, constituindo assim um verdadeiro método de ortopedia
mental (NEGRINE, 1986).
Portanto, adaptam-se os exercícios, para que cada vez que seja possível, se
provoquem associações que estimulem o intelecto, se formem imagens mentais que
ajudem a evocação ou se por imitações diversas.
Os exercícios de equilíbrio seguirão a progressão determinada pelas idades
motrizes no teste de nível motor e farão parte dos planos de reeducação da
atividade tônica, juntamente com os exercícios de imobilidade, de inibição e de
silêncio.
Quanto à coordenação dinâmica geral, isto é, de membros inferiores ou em
simultaneidade com membros superiores nos exercícios de marchas, corridas,
saltos, etc, conta-se com um meio educacional e terapêutico: a rítmica,
preferentemente de caráter musical.
Sabe-se que a coordenação está subordinada à maturação do sistema
nervoso, à idade, à fadiga e ao exercício; graduando isto de acordo com a idade
cronológica na criança normal e motriz no deficiente mental e as condições de seu
desenvolvimento motor prejudicado, assim se evitam a fadiga e a monotonia.
A exercitação deverá ser repetida, condição essencial para o débil mental,
porém ao mesmo tempo variada e exigindo uma contribuição intelectual para
determinar um esforço de atenção.
A música é um poderoso auxiliar, que facilita em grande parte a reeducação,
pois ajuda a criar verdadeiros reflexos condicionados de tipo auditivo-motor. Estas
associações requerem um esforço voluntário e uma atenção firme para que possam
manter-se o que se traduz por uma adequação motora às variações do ritmo.
A graduação dos exercícios se efetua pela natureza dos movimentos que
entram em jogo, desenvolvendo a coordenação por meio da simultaneidade ou da
alternância dos mesmos, combinando-se com o desenvolvimento progressivo do
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“freio inibitório” e da memória auditiva que vai possibilitar exercícios cada vez mais
extensos e complexos.
No que diz respeito ao terceiro tipo de coordenação, de caráter dinâmico-
manual, será reeducado por meio de exercícios especiais que levarão a obter
precisão, rapidez e força muscular dos movimentos de membros superiores e
especialmente das mãos. Esta educação deverá ser utilizada nos casos em que haja
possibilidade de uma atividade de trabalho com a finalidade de integrar, socialmente,
o deficiente mental.
Para que o plano de reeducação psicomotriz que abrange os aspectos
mencionados, de caráter ginástico, musical e de educação manual, cumpra suas
finalidades deverá seguir a evolução psicomotora normal (NEGRINE, 1986).
Esta se traduz pela independência progressiva dos grupos musculares (a
criança passa do movimento global ao movimento cada vez mais analítico) e pelo
aparecimento do freio inibitório que exerce cada vez mais o controle da atividade
voluntária, isto é, a criança passa do movimento espontâneo ao movimento
consciente.
Ao observar os movimentos do adolescente e do adulto, sejam eles
simultâneos ou independentes, percebem-se que eles estão adaptados a um fim, e
coordenados, isto é, que cada membro pode executar um movimento diferente
contribuindo cada um para a realização do ato desejado; os gestos são precisos e
podem manter-se assim ainda que o ritmo de trabalho ou a força muscular em jogo
varie.
A atitude em geral é elástica: esta qualidade é dada pelo equilíbrio entre a
contração e a relaxação muscular, o que determina uma estática firme que não se vê
comprometida pelas variações imprevistas do equilíbrio.
A evolução dos movimentos do recém-nascido aos movimentos do adulto
resulta de uma maturação gradativa do sistema nervoso e da integração progressiva
de suas funções. Uma maturação normal se traduz em modos de comportamento
também normais; as diversas manifestações de conduta que enquadram os
chamados “campos de conduta” evoluem dependendo do desenvolvimento normal
do sistema psicomotor.
A criança deficiente mental apresenta quase sempre retardamento neste
desenvolvimento. Portanto deve-se sempre efetuar um exame prévio em todo
tratamento, que, junto com o diagnóstico médico, ajude a estabelecer com precisão
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O Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos
da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se organizavam
em grupos de trabalho: era preciso responder às aspirações e necessidades da
sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as
crianças em creches.
Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e
pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné
Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os reflexos
tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras
palavras-chave da Psicomotricidade.
Finalmente Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr.
Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon
em seus escritos sobre o diálogo tônico.
Drª Giselle Soubiran iniciou sua prática de relaxação psicotônica e fez
seguidores. Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importância do
tônus do dia a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e
estudados e deixou clara a sintomatologia tônica corporal do século.
No Brasil, Antonio Branco Lefévre buscou junto às obras de Ajuriaguerra e
Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a organização da primeira escala
de avaliação neuromotora para crianças (CABRAL, 2001).
Srª Helena Antipoff, assistente de Claparéde, em Genebra, no Institut Jean-
Jacques Rosseau e auxiliar de Binet de Simon em Paris, da escola experimental “La
Maison de Paris”, trouxe ao Brasil sua experiência em deficiência mental, baseada
na Pedagogia do interesse, derivada do conhecimento do sujeito sobre si mesmo,
como via de conquista social (CABRAL, 2001).
Não se pode negar a nítida e profunda influência da clássica Escola Francesa
de Psiquiatria Infantil, de Psicologia e de Pedagogia no Brasil e no mundo; e
finalmente na história da Psicomotricidade. Para buscar na história da
Psicomotricidade, é preciso recorrer aos mestres Dupré, Charcot, Zazzo,
Ajuriaguerra, Soubiran, Wallon, que legaram ao mundo os primeiros estudos sobre
Psicomotricidade. Não se pode negar a influência deles no Brasil.
Em 1972, a argentina, Drª Dalila de Costallat, estagiária do Dr. Ajuriaguerra e
da Drª Soubiran em Paris, é convidada a falar em Brasília às autoridades do
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Estes momentos ocorreriam uma ou duas vezes por semana, e/ou desenhos
sobre o vivido, descobrindo-se aí um centro de interesse que pudesse ser explorado
pedagogicamente em seguida, na sala de aula.
As vivências psicomotoras seriam realizadas num espaço amplo, diferente do
de sala de aula sempre que possível, para marcar melhor o enquadre dos momentos
livres.
Nesses momentos seria possível conhecer melhor cada criança e ajudá-la a
evoluir em sua relação com o adulto e com o grupo de colegas, além de levá-la à
‘pesquisa de suas possibilidades e de sua capacidade, através da estimulação que é
dada à criatividade e à descoberta pessoal.
Os momentos pedagógicos que são os momentos estruturados de
aprendizagem em que a ordem e as regras ligadas às interdições podem ser
evidenciadas, numa relação de não-autoritarismo, com colocação dos limites
necessários à passagem do momento livre para um espaço mais contido, buscando
a autogestão do próprio grupo, com o auxílio do educador.
A exploração dos temas que surgem nos momentos livres deveria seguir uma
pedagogia co-participativa, ativa, aberta, construtivista, visando ao ensino de
conceitos básicos ou atividades preparatórias para o aprendizado da leitura e
escrita, com as crianças em fase de alfabetização.
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2.1 A Lateralidade
O tema lateralidade tem sido estudado desde a abordagem sobre a
dominância cerebral feita por Paul Broca em 1965. A partir da referida abordagem
foram obtidas importantes informações que contribuíram para o desenvolvimento
dos estudos neurológicos.
Segundo Fonseca (1989, p. 69), a lateralidade constitui um processo
essencial às relações entre a motricidade e a organização psíquica intersensorial.
Representa a conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois
lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha
média do corpo. Desse radar vão decorrer, então, as relações de orientação face
aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela qual a lateralização vai interferir
nas aprendizagens escolares de uma maneira decisiva.
A lateralização, além de ser uma característica da espécie humana em si, põe
em jogo a especialização hemisférica do cérebro, reflete a organização funcional do
sistema nervoso central. A conscientização do corpo pressupõe a noção de
esquerda e direita, sendo que a lateralidade com mais força, precisão, preferência,
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Pode-se dizer ainda que lateralidade é, por um lado, uma bagagem inata e,
por outro, uma dominância espacial adquirida”. Negrine (1986) diz que o termo
lateralidade se refere a “prevalências motoras de um lado do corpo”.
Essa lateralização motora coincide com a predominância sensorial do mesmo
lado e com as possibilidades simbólicas do hemisfério cerebral oposto.
Dessa maneira, é possível aceitar a idéia de que a lateralização não se
manifesta somente por meio de aferências sensoriais e sensitivas e por meio da
diferenciação funcional de ambas as metades do cérebro.
Segundo Romero (1988) define a lateralidade “como apreensão da idéia de
direita – esquerda”. Enfatiza o autor que a automatização da lateralização tanto é
necessária quanto indispensável e afirma que esse conhecimento deve ser
automatizado o mais cedo possível e que a detecção deve ser feita o quanto antes,
se possível quando a criança ainda estiver no jardim de infância.
Pode-se dizer que a lateralidade está relacionada ao conhecimento corporal,
o qual é de grande importância nas relações entre o “eu” e o mundo exterior, o que,
segundo Wallon, é um elemento indispensável na constituição da personalidade do
ser humano. O conhecimento do corpo não depende unicamente do
desenvolvimento cognitivo. Depende, também, da percepção formada tanto de
sensações visuais, táteis, sinestésicas quanto, em parte, da contribuição da
linguagem.
Lateralidade é a consciência interna que a criança tem dos lados direito e
esquerdo de seu corpo, não se tratando de um conceito adquirido, mas de
programas de atividades cuja finalidade é o desenvolvimento de acuidades
sensoriais e habilidades motoras, já que a criança é exposta a uma grande
quantidade de estímulos que aumentam esta consciência (FARIA, 2001, p.
69).
A busca pode ser uma estrutura com valores mais intelectualizados. Pode ser
também de um lugar com oportunidade para a prática de esportes e
desenvolvimento físico paralelo ao cognitivo.
Vários podem ser os motivos e desejos implícitos na demanda dos pais.
Acredita-se que os pais deveriam estar conscientes das razões de suas escolhas.
Conhecer se existe um espaço na instituição escolar para checar.
É difícil para os pais deixar de ser as únicas pessoas significativas para seus
filhos, e a escola pode significar perda e separação. Um modo de colaborar com os
pais e a criança nesta possível crise é abrir as portas da escola para dar espaço a
seu sentimento. As reuniões de pais são primordiais.
As novas relações pais e a escola são essenciais para o desenvolvimento da
criança durante a educação infantil. Já que a escola é vista numa nova dimensão,
também deveria mudar e permitir a entrada dos pais, para que estes expressem e
compreendam o que está ocorrendo consigo mesmos, com seu filho e com a escola.
Ultrapassado um primeiro momento de adaptação à escola, os pais
costumam voltar-se para expectativas mais acadêmicas. Isto porque a escola
mesmo colocou por muito tempo estes objetivos bem exclusivo a ser alcançado.
Eles começam a ver a escola só como o lugar do ensino e às vezes até
esquecem que o espaço da socialização, da descoberta e criatividade continua a
existir junto ao aprendizado de conteúdos.Interessa-lhes que seu filho tenha sucesso
acadêmico!Começam as cobranças que, no fundo, têm certa razão.
Foi a própria escola que, no seu afã de produção, insistiu nas notas e na
competição entre seus alunos, valorizando mais o ter conhecimento do que construir
a aprendizagem!
Adquirir conteúdos curriculares é importante, mas não desenvolve, por si
mesmo, a inteligência e a capacidade da criança. Ao contrário, ser
inteligente é agir de modo criativo, solucionando problemas novos. É
pensar e criticar.(LE BOUCH: 1982).
A pulsão, que é essa energia de vida, que constitui o desejo do ser humano,
deve ser dirigida para objetivos socialmente aceitáveis e isso é papel da educação.
É através do que transmitem os pais e dos cortes e interdições, que eles
veiculam, que a criança descobre que não pode apenas viver de acordo com seus
desejos e seus impulsos, que deve também submeter-se à realidade e escolher
quais desejos pode realizar de modo simbólico ou através de sublimações.
Transmitir aos filhos o que é próprio da sociedade depende da ética parental,
mas também dos mitos e das fantasias inconsciente dos pais. Semelhantemente aos
pais, os educadores, além das propostas conscientes de educar, têm também
fantasias e mitos pessoais e institucionais que influenciam em suas atitudes
educativas.
Além das atitudes educativas, a personalidade do pai ou do educador
desempenha um papel infinitamente importante no desenvolvimento das crianças.
Mães diferentes, ou a mesma mãe, em fases diversas de sua vida, usam modelos
educativos de modo particular, coloridos por seus fantasmas. Além disso, com filhos
diferentes, um preceito educativo “aparentemente o mesmo” pode estar sendo causa
de modos de agir diferentes.
Para compreender as relações pais/filhos e poder colaborar com os pais, a
escola, que se propõe a co-participação com a comunidade, vai buscar entender o
que significa ser pais.
onde cada faixa etária, cada um, contribui, pela sua expressão verbal,
gráfica, manufaturada, caracterial, para criar a vida”. (DOLTO: 1988).
O aluno pode ser sujeito que é reconhecido pelo adulto e depois, concentrar-
se no aprendizado das matérias curriculares. Se o professor reconhece que tem
poder de autoridade frente aos alunos, mas não precisa se impor, ou se identificar
defensivamente com a rebeldia deles.
A característica da pré-adolescência que questiona as regras e normas do
mundo adulto, ele pode transmitir uma “imagem adulta, atrativa-modelo”, que
desempenha um papel organizador para a personalidade de cada um e para a
inserção social de todos num grupo cooperativo e produtivo.
O educador, além de questionar suas próprias atitudes educativas,
reconhecendo o seu papel de ajuda para a criança em seu desenvolvimento,
questiona o que compreende do modo de ser dos pais, para colaborar com eles,
abrindo a discussão do que se refere aos fatores de inter-relação que têm
repercussão clara na escola, provocando, inclusive, inibições e problemas escolares,
ou as tais dificuldades de aprendizagem.
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desenhos - não suportou deixar marcas de seu anterior autoritarismo. Ela não tinha
uma formação completa como psicomotricista, o que deixava alguns de seus
momentos projetivos se manifestarem nas vivências.
É importante salientar este aspecto, pois a intervenção psicomotora requer
uma formação específica que é teórica, teórico-prática e pessoal, e quando se tratar
de lidar com um tema tão importante como a agressividade, que corre o risco de
levar a atuações e à falta de elaboração dos conflitos, essa formação se faz mais
necessária.
É preciso salientar que o conhecimento, no sentido geral, não é uma coleção
de fatos isolados, e sim uma estrutura organizada que permite à criança relacionar
as informações obtidas em cada momento. O conhecimento só se constitui em
função de um certo exercício não verbal, mas essencialmente ativo, da criança sobre
o meio.
Desse modo, ela estrutura suas noções de tempo-espaço, causalidade e
surge, então, a necessidade de uma representação lógica, física e histórica de seus
conhecimentos. As crianças que brincam estão sendo estimuladas a terem coragem
de arriscarem na conquista de pensamentos novos, ampliando seu quadro de
conhecimentos. Essas crianças estão exercitando a sua inteligência, criatividade e
cidadania.
As mediações do professor auxiliam as crianças em um processo reflexivo
sobre suas próprias ações. Juntos e com afeto, aluno e professor, podem
transformar o conhecimento em um processo contínuo de construção. Cabe ao
professor criar situações adequadas para provocar curiosidade na criança e
estimular a construção de seu conhecimento.
Para a realização de uma aula sabe-se que não basta ter um conteúdo,
objetivos e metodologia. Tais itens necessitam de ação e atitude para se
interagirem e concretizarem de maneira eficiente e eficaz, e, assim,
proporcionar satisfação e prazer. A ação e a atitude dos sujeitos (professor
e alunos) que participam de uma aula são de suma importância (SILVA,
2006, p. 52).
aprenda, pois a sua prática possui uma esfera social e não pode ser limitada. Diante
disso, Silva (2006) afirma que:
O trabalho do professor, sendo pois, uma prática social, política, cultural e
ideológica, a sua ação, bem como sua formação, não podem limitar-se ao
prático-utilitário. É preciso, portanto, que haja a superação do professor
fechado às mudanças, buscar condições para refletir a sua prática para
que a partir dela possa ocorrer situações de aprendizagem para o seu
trabalho docente (SILVA, 2006, p. 38).
percepção temporal,
relaxamento
e pequenos jogos.
sentada durante um período maior, seu corpo começa a se largar ou ela começa a
ficar inquieta.
Esta inquietude se manifesta em crianças de 2 e 3 anos após cerca de 5
minutos (ou menos) de colaboração passiva. As crianças de 4 anos são capazes de
agüentar mais tempo sentadas e podem ser uma audiência cativa por uns 10
minutos.
As crianças de 5 anos, um pouco mais maduras, podem até estar bem felizes,
sentadas e confinadas a uma posição durante 15 minutos.
O professor que conhecer a capacidade de atenção da sua turma poderá
facilmente organizar o seu programa diário de modo a incluir a quantidade certa de
atividade e de repouso.
O professor deve também levar em consideração as diferentes capacidades
de atenção entre grupos da mesma idade. Os alunos deste ano podem ser mais
inquietos. do que os do ano anterior e, portanto, não é de se esperar que tenham a
mesma capacidade de atenção.
O que o professor deve enfatizar em seu planejamento é que a maior parte do
dia deverá ser dedicada a atividades para estas determinadas crianças. Ao observar
uma criança de 5 anos, a professora pode notar um exagerado piscar de olhos
enquanto a criança trabalha ou brinca.
Este é um modo da criança descansar seus olhos ou de focalizar melhor o
trabalho. Ela é um pisca-pisca cujas pálpebras se mantêm em movimento ativo junto
com o resto do seu corpo.
Mas o professor deve proteger a vista desta criança, cuidando para que a luz
do sol não atinja diretamente o seu trabalho nem reflita diretamente sobre o livro que
ela lê e mostra aos alunos: que o trabalho muito minucioso ou monótono não seja
dado a essas crianças, e que a professora não exija para elas fotografias ou algo
transparente segurando-os em frente a uma janela.
As crianças em idade pré-escolar admiram o tamanho e força. Muitas vezes,
quando se pede que escolham alguém com quem brincar, ou alguém para liderar o
grupo, ou para cumprir uma missão, as crianças escolherão a maior do grupo – não
por causa da sua habilidade, mas porque elas admiram o seu tamanho.
Por sua vez, essas crianças se empenham para serem reconhecidas por sua
própria força e tamanho. “Deixe-me empurrar este piano”, um menino dirá. Ele então
vai empurrar vigorosamente o objeto imóvel e depois de alguns gemidos e
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empurrões poderá dizer: “Pronto, já empurrei”. Tarefas além de sua capacidade são
apenas um modo de dizer aos adultos e colegas que ele deve ser respeitado por sua
suposta força.
Em suas representações, a criança fará o papel de astronauta, de animais de
grande porte e outros personagens grandes e proeminentes para fortalecer seu
sentimento de tamanho. Às vezes a criança pode ter doenças imaginárias. Sua
cabeça ou estômago poderão lhe causar grande mal-estar a ponto dela não poder ir
a escola.
No entanto, poderá ser difícil para ela localizar a dor, que poderá ser na
cabeça e chamar de dor de estômago. As dores podem ser reais e imaginárias, mas
uma dor fingida permite que a criança fique em casa por uma razão especial. Algo
pode estar acontecendo em casa que ela não queira perder ou algo acontecendo na
escola que ela prefira perder.
As crianças atuais têm muitas vantagens, tais como a televisão, uma
possibilidade maior de viagens grandes, e as associações mais variadas com a
comunidade à sua volta. A criança, em virtude dessas vantagens, não só é afetada
intelectualmente como de várias outras formas.
A criança compreende muitas palavras que não poderiam ser encontradas no
vocabulário de crianças de 15 anos atrás. Não somente ela aumentou e renovou seu
vocabulário, mas também criou novos significados para essas palavras ao usá-las.
Os materiais para brincar são vitais para a criança da educação infantil. Através
desses materiais, ela aprende a conhecer a si própria, seus colegas, os adultos a ela
relacionados e o mundo em redor desenvolvendo a coordenação motora.
Esses materiais dão uma oportunidade à criança de reviver uma experiência
ou um acontecimento, e lhe ajudam a entender o que ela viu ou ouviu. As palavras
“materiais para brincadeiras” poderiam ser mudadas para “materiais para trabalho”,
pois esses são os instrumentos de aprendizagem que ajudam à criança emocional,
física, intelectual e socialmente. Eles são sua “chave” para a aprendizagem a
afetividade e a motricidade.
Atualmente existe uma grande variedade de brinquedos no mercado. É dever
da professora conhecer os interesses, habilidades e ambientes de formação das
suas crianças, para que ela possa ser capaz de escolher os brinquedos e os jogos
de acordo com a necessidade.
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Jean Piaget, em longos anos que estudou os processos cognitivos fala sobre
a assimilação e acomodação na construção do conhecimento humano. E é através
desta concepção moderna do processo de aprendizagem que pode-se conceber a
escola. Um lugar que prioriza a criança, como ser único, singular, capaz de
movimentar-se, criar e recriar o seu próprio tempo, espaço e conhecimento. E é,
pois, neste sentido que se pode dar importância aos brinquedos e brincadeiras
dentro de um cenário propício para o saber.
Um dos grandes objetivos da escola é promover a educação de qualidade da
criança através de um ensino qualitativo, tendo como fundamento filosófico de uma
escola que reporta-se a três preocupações diferentes, porém associadas entre si: o
psicomotor, o sócio-afetivo e o cognitivo.
Com embasamento teórico na concepção de Vygotsky sobre o aprendizado,
pode-se salientar que a escola possui uma missão fundamental na construção do
ser psicológico dos indivíduos enquanto adultos, que vivem em sociedades
escolarizadas. Ele considera que, para a criança que freqüenta a escola, a
respectiva aprendizagem escolar constitui um fator central no seu desenvolvimento.
Segundo o mesmo, todo o processo do aprendizado na escola precisa partir
do nível de desenvolvimento real da criança, uma vez que o ponto norteador deve
ser os objetivos propostos pela escola, devidamente adequados à faixa etária, em
nível de conhecimento, habilidades e competências de cada grupo de criança sem
qualquer espécie de discriminação que possa excluí-la de todos e quaisquer
processos.
Segundo Vygotsky (1990), “o único bom ensino, é aquele que se adianta ao
desenvolvimento”. Para que a promoção do aprendizado e do desenvolvimento
ocorra plenamente, é necessário e válido usar na situação escolar qualquer
modalidade de interações social e afetiva.
Sendo assim, por intermédio das atividades com brinquedos e brincadeiras, a
escola oferece à criança a oportunidade de desenvolver sua socialização, e isso
pode ir muito além, pois ela tem condições de prosseguir adiante desenvolvendo-se
de forma integral, e o melhor: aprendendo com alegria.
Os brinquedos que estão disponíveis e ao alcance da criança são
apresentados ao cenário educacional como um dos meios mais importantes através
dos quais poderá descobrir, construir e reconstruir seus próprios conhecimentos.
Para isso, a escola precisaria ter um espaço privilegiado capaz de reunir as
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ROSA, Sanny S. da. Brincar, conhecer, ensinar. Questões da nossa época. V. 68.
são Paulo: Cortez, 1998, p. 118.
LEITURA COMPLEMENTAR