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Funções Executivas no

Ensino Médio e Superior


Carol Cardoso & Nat Dias
Ingressar na Universidade é o sonho de muitos jovens
e adultos. Levantamento recente destaca que houve
um aumento no número de estudantes do Ensino Médio
interessados em ingressar em algum curso superior
(Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino
Superior, 2022).

Para os estudantes, o mundo universitário se apresenta


como um universo de muitas possibilidades, pois nesse
momento têm a oportunidade de conquistar mais
autonomia para tomar suas decisões, têm a possibilidade
de construir e conquistar seu espaço profissional e
de fazer novas amizades.

Contudo, estamos oferecendo a nossos estudantes, ainda


O quanto estamos no Ensino Médio ou após seu ingresso no Ensino Superior,
as ferramentas para navegar neste novo mundo de
preparados para exercer desafios e possibilidades?

a tão sonhada
autonomia?
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A questão pode não ser tão simples,
mas vamos tentar sumariá-la em uma metáfora:

Imagine uma balança. De um lado, as habilidades


de autogerenciamento, de autocontrole que
Funções Exigências o estudante desenvolveu ao longo de sua vida.
Vamos chamar essas habilidades de funções
executivas acadêmicas
executivas. Do outro lado, estão as demandas que
o ambiente coloca sobre essas habilidades; em
nosso exemplo, as exigências acadêmicas sobre
as funções executivas de nossos estudantes.

Fe Ea
Quando essa balança hipotética está em equilíbrio
(ou quando o lado das habilidades executivas
supera o lado das exigências acadêmicas), nossos
estudantes lidam com suas demandas com
relativa facilidade, planejam suas atividades
e as desempenham com menor ou maior
dificuldade.

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Porém, é quando as exigências e demandas NÃO CUMPRIMENTO DIFICULDADES DE PROCASTINAÇÃO
extrapolam as habilidades que passamos a DOS PRAZOS APRENDIZAGEM
identificar problemas:

PRA APREN PROCAS


ZOS DIZAGEM TINAÇÃO
ESTRATÉGIAS DESORGANIZAÇÃO ABANDONO DE
INEFICAZES DE TAREFAS
ESTUDO

Levando ao baixo desempenho acadêmico


e até mesmo a problemas de saúde mental
(como elevados índices de ansiedade) e de
ESTRA DESORGA TARE
permanência. TÉGIAS NIZAÇÃO FAS

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Alguns estudantes podem apresentar dificuldades mesmo
antes desses níveis de escolaridade, ao longo do Ensino
Fundamental. Outros podem chegar até o Ensino Médio ou
Superior sem indicativos de problemas.

Mas, se as demandas acadêmicas se sobrepuserem às suas


habilidades executivas (lembre-se da metáfora da balança),
essas dificuldades podem aparecer. Profissionais de saúde
e educação devem estar atentos a esses indícios ao longo
dos diferentes níveis escolares. Um passo além, podem se
comprometer com a promoção de habilidades e prevenção
de fracasso escolar e acadêmico.

Como?
É o que temos nos dedicado a estudar e tentar compreender

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Ao longo do Ensino Médio e Superior, é fato que a progressão
da escolaridade exigirá do estudante o autogerenciamento de
seu estudo, de suas atividades, de sua produção e desempenho.
Sobretudo com a entrada na vida universitária, chegam também
outras responsabilidades e desafios.

Trata-se de um período marcado por mudanças, e a adaptação a


esse novo estilo de vida e ritmo de estudo pode não ser tão fácil.

No Ensino Médio e, em especial, no Superior, exige-se do


estudante mais autonomia: ele precisa organizar e planejar suas
demandas de forma mais independente. Espera-se que faça
seus trabalhos com pouca ou nenhuma supervisão e, além do
mais, muitas vezes precisa administrar a casa, seu dinheiro,
o tempo e suas notas e frequências às aulas.

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Essas funções incluem a capacidade Inibir uma resposta automática
de gerar diferentes soluções para ou dominante, resistir à distração
resolver um problema de estímulos irrelevantes.

FLEXIBILIDADE COGNITIVA CONTROLE INIBITÓRIO


Diante de uma tarefa Ficar atento ao professor em vez de
fornecida pelo professor, conseguir prestar atenção na conversa do colega
desenvolver diferentes estratégias ou ao celular.
para responder

Essas funções incluem a


capacidade de gerar Manter a informação Desenvolver estratégias

diferentes soluções relevante em mente para


finalizar uma tarefa
para atingir um objetivo

para resolver um MEMÓRIA DE TRABALHO PLANEJAMENTO

problema No momento em que está


fazendo a leitura de um texto,
manter as informações relevantes
de cada parágrafo para
compreender o texto no final
Diante da necessidade de realizar
um trabalho, conseguir dividir
a tarefa em etapas, realizar um
plano e pensar em estratégias
para executá-lo

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Na vida, o estabelecimento de metas, a capacidade de
planejamento, de autocontrole, de flexibilidade e outras
habilidades executivas são importantes para a realização
de um vasto leque de atividades. Da mesma forma, na sala
de aula, a capacidade do estudante para criar objetivos,
gerir o tempo, planejar, autocontrolar-se são as bases para
o sucesso.

Assim, essas habilidades são importantes para diferentes


situações da vida acadêmica. Por exemplo, há evidências
de que as funções executivas estão relacionadas e são
preditoras de diversas habilidades associadas ao sucesso
no âmbito escolar e universitário, como produção textual,
compreensão leitora, planejamento de estudos e
resolução de problemas matemáticos.

Seja no Ensino Médio ou no Superior e, nesse último, independentemente do


curso de graduação, os estudantes são demandados a compreender e produzir
textos e, para ter sucesso nessas atividades, precisarão recrutar desde habilidades
básicas de decodificação de palavras, estratégias de escrita de palavras, até
habilidades de alto nível, como as funções executivas para compreensão de
leitura, realização de inferências ou planejamento e organização para produção
textual

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Muitos se adaptam rapidamente a essas
novas demandas, mas, em contrapartida,
outros sentem dificuldades.

Para dar conta de todas essas mudanças,


os estudantes precisam recrutar
suas habilidades cognitivas e emocionais.

Entre as habilidades bastante exigidas


estão as funções executivas, que são
entendidas como um conjunto de
habilidades cognitivas que permitem
ao indivíduo regular e gerenciar os
processos cognitivos e comportamentais
para alcançar um objetivo ou meta.

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Um estudante com déficits executivos pode
ter dificuldade em planejar, distrai-se com mais
facilidade, faz escolhas erradas, demonstra
pouco autocontrole, não se mantém na tarefa,
tende a procrastinar, o que impacta o seu
desempenho acadêmico e, consequentemente,
sua aprendizagem, sua motivação para o
estudo, sua autoimagem como estudante, com
impactos potenciais, ainda, sobre sua formação
e seu sucesso profissional.

Muitas vezes tais estudantes têm interesse, são


esforçados, têm um bom potencial intelectual,
mas, em decorrência da dificuldade executiva,
apresentam prejuízos importantes e, com
frequência, não são compreendidos pelos
seus pares, familiares e professores.

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Tendo em conta a importância das funções executivas
para diversos desfechos da vida (que incluem saúde física
e mental, desempenho escolar, ocupacional e mesmo
a manutenção de relacionamentos saudáveis) e por serem
preditoras para o sucesso acadêmico, profissionais da área
Outros podem, por
da saúde e da educação vêm refletindo sobre a importância
de intervir nessas habilidades.
condições adversas,
A aplicação dessas intervenções em contextos educacionais
não ter tido acesso às
ao longo da infância já tem espaço na literatura e na prática
da Neuropsicologia e das áreas de interseção (apesar de esse
condições necessárias
espaço ser menor do que deveria e do que gostaríamos!).
No entanto, muitos estudantes podem não ter tido tais
ao desenvolvimento
oportunidades de estimulação em etapas anteriores. adequado de suas
habilidades executivas.

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Outros podem, ainda, ter
uma trajetória de sucesso,
mas, com o aumento das
exigências acadêmicas, a
balança “habilidades
versus demandas” sofre
um desequilíbrio,
e o estudante se vê,
inesperadamente,
desorganizado com
É por isso que
as novas demandas reiteramos
acadêmicas. que intervenções em habilidades como as funções
executivas têm espaço e relevância também nos
contextos do Ensino Médio e universitário.

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Propor programas de intervenção que tenham como foco
a promoção e o aperfeiçoamento das funções executivas
em adolescentes e universitários pode colaborar para
sua trajetória acadêmica, dando a esses estudantes
instrumentos que lhes possibilitarão uma autogestão
mais satisfatória de sua aprendizagem.

Indo além, é possível que melhor controle e gerenciamento


de suas atividades e demandas possa ter implicações não
apenas nos seus processos de aprendizagem e
desempenho acadêmico, mas mesmo na sua saúde mental.

Este último aspecto permanece como uma hipótese


que pretendemos perseguir.

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Os benefícios potenciais de intervenções desenvolver intervenções teoricamente
em funções executivas também nesses É esse o fundamentadas, empiricamente
níveis de escolaridade mostram que são validadas, com o intuito de que nossa
válidos os esforços para o desenvolvimento e desafio contribuição científica possa impactar
a investigação de programas de intervenção
específicos a esse público-alvo ao qual a trajetória acadêmica desses
estudantes, com repercussões sobre
nos dispomos: suas trajetórias de vida.

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EM BREVE
Lançamento da coleção Neuropsi
Pró-Academics, nossa coleção de
livros sobre funções executivas no
ensino médio e superior. Esses livros
foram escritos por especialistas em
educação e psicologia, com o objetivo
de ajudar estudantes a desenvolver
habilidades importantes para o
sucesso acadêmico e profissional.

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