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SOCIOEMOCIONAIS
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
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O SEU LIVRO
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EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis
Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.
Roney de Carvalho Luiz
Competências Socioemocionais. / Kethlen Leite de
Projeto Gráfico e Capa
Moura - Indaial, SC: Arqué,2023. Reimpresso em 2023.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães 200 p. : il.
Fotos
Shutterstock
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por:
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
http://lattes.cnpq.br/8691750201352997
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS
Olá, estudante!
É importante conhecermos essas definições e suas relações, pois, à medida que a eficácia pessoal
se desenvolve no processo de relações sociais, os indivíduos aplicarão seus conhecimentos para
desenvolver habilidades. Aprender sobre as competências socioemocionais é adquirir conheci-
mentos, atitudes, habilidades e emoções que possibilitam realizar o gerenciamento das emoções
em nosso dia a dia e contribuir para a definição de metas positivas bem como demonstrar empatia
por outrem e delimitar relacionamentos positivos no âmbito do trabalho e da família.
O objetivo deste material didático é proporcionar novos caminhos para que se aprenda, ati-
vamente, por meio de problemas reais, desafios e atividades que combinem ações individuais
e coletivas, permeando projetos individuais e de aprendizagem.
O que aprenderá neste momento o(a) empoderará para que possa enfrentar os desafios do
dia a dia. As competências socioemocionais são, extremamente, importantes para que pos-
samos obter resultados positivos em nossas ações; assim, as competências e as habilidades
permitem-nos entender melhor as informações que nos chegam a fim de tomar decisões
certas e resolver problemas.
explorando ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
8 UNIDADE 02
40
EDUCAÇÃO PARA O A SALA DE AULA NO
SÉCULO XXI CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO DO
SÉCULO XXI
UNIDADE 03
80 UNIDADE 04
115
O MODELO DE DESENVOLVENDO
COMPETÊNCIAS COMPETÊNCIAS
COGNITIVAS PARA A EDUCAÇÃO
DO SÉCULO XXI
UNIDADE 05
147 FECHAMENTO
180
COMPETÊNCIAS CONCLUSÃO GERAL
SOCIOEMOCIONAIS
DO FUTURO
PROFESSOR
1
EDUCAÇÃO PARA O
SÉCULO XXI
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O Brasil e a Educação para o século
XXI • Os desafios do professor na Educação para o século XXI • A Educação necessária para o século XXI.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender os pressupostos teóricos que formulam a Educação para o século XXI • Entender quais os
aspectos que envolvem a formação de professores para o século XXI • Apreender quais os mecanismos
que contribuem para a formulação da Educação para o século XXI.
INTRODUÇÃO
EDUCAÇÃO
para o Século XXI
O primeiro ponto que devemos mencionar é que a educação deve ser considerada
a base fundamental do desenvolvimento de um país, seja no âmbito econômico,
político, cultural e social. Logicamente, a educação está atrelada a um processo
de ensino que precisa de alguns fatores para que o ato de educar aconteça, como:
currículo, projeto político pedagógico, participação da comunidade no processo
pedagógico, articulação da escola com a sociedade, avaliação, novas tecnologias
e formação de professores.
É pertinente ressaltar que a educação para o século XXI não é, apenas, dotar as
escolas ou salas de aula com tecnologias de última geração, muito menos, comprar
equipamentos sofisticados, ou aumentar o espaço físico das escolas. O ponto crucial
é preparar professores para que tirem proveito destas tecnologias em suas aulas.
Como estamos vivendo um momento de globalização, o processo de moder-
nização da nossa sociedade, também, afeta a educação, e isso permite que haja
a reorganização dos sistemas de ensino, possibilitando a redefinição daquilo que
aprendemos e como aprendemos. Logo, a educação fica ancorada nas exigências
dessa sociedade tecnológica, sendo necessário refinar as questões técnicas com
o mundo do trabalho.
Quando falamos de modernização, Ianni (1997) ressalta que este é um processo
simultâneo à globalização, ou seja, a modernização é inevitável nesta sociedade, pois,
ela está acoplada ao processo de crescimento, evolução e progresso dos países. Pode-
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mos relacioná-la, também, à industrialização, mercantilização, tecnologização, dentre
UNICESUMAR
outros processos que ultrapassam as barreiras físicas dos países, e isso acaba resul-
tando em nações, cada vez mais, interconectadas e articuladas em todos os padrões.
Para Ianni (1997, p. 88), esse processo é simultâneo e modernizador, ou seja, “[...]
é inaugurar o novo ou o desconhecido, seja proveniente de fora, seja oriundo de mu-
danças internas”. Para o referido autor esse processo de modernização é “[...] predomi-
nantemente determinada pelo sistema, algo técnico e automático” (IANNI, 1997, p. 91).
Essas novas exigências globais e locais, ao se articularem mundialmente, de-
monstram que, no início dos anos de 1990, vivemos uma segunda revolução
industrial. Nesse momento, a evolução das tecnologias fez com que o homem
fosse substituído em seu trabalho, de maneira gradativa, por um mecanismo
robotizado. As mudanças não se limitaram, apenas, ao âmbito do emprego ou
do mundo do trabalho, também, recaíram sobre a vida social dos indivíduos a
estrutura familiar, o planejamento do ócio e a educação.
Para Schaff (1996, p. 22), estamos vivenciando essa revolução até os dias atuais,
a autora quer dizer o seguinte: “[...] consiste na mudanças de que as capacidades
intelectuais do homem foram ampliadas e inclusive substituídas por autômatos,
que eliminam com êxito crescente o trabalho humano”.
Veja, estudante, a autora apresenta que a revolução pela qual estamos passan-
do mudou, drasticamente, todas as relações que antes conhecíamos, e isso tem
afetado não, somente, nossa forma de trabalhar, mas de agir e de pensar também,
logo, estas modificações serão encontradas em todos os setores da vida humana,
tanto no trabalho quanto fora dele. Portanto, “[...] todas as pessoas pensantes
do mundo percebem que nos encontramos diante de uma mudança profunda,
que não é apenas tecnológica, mas que abrange todas as esferas da vida social”
(SCHAFF, 1996, p. 15).
Bem, estas nossas reflexões, até o momento, é para que possamos pensar sobre
o processo de produção que temos presenciado em nossa vida. Isso não significa
que há, apenas, uma expansão do processo econômico, mas se trata de uma mu-
dança na forma de organização das exigências mundiais para que o indivíduo se
adapte ao processo de transformação social, econômica e cultural.
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Em um mundo, cada vez mais, global, surgem diversos questionamentos
UNIDADE 1
explorando Ideias
Esse movimento busca enfatizar as novas exigências do saber que estão pautadas
em técnicas e procedimentos que permitem ao homem adaptar-se às mais diver-
sas mudanças ocorridas em nossa sociedade. Nesse processo, evidencia-se que
o saber não se manifesta como uma mercadoria, em que se abre mão para que
se estabeleça relações, cada vez mais, desgastantes, mas é necessário estabelecer
relações de competitividade para que se permaneça neste jogo de poder.
“
Diferentemente da constituição dos Estados-nações no início da
modernidade, em que estes se impunham por meio da conquista
de territórios e da centralização do governo, as estratégias de con-
quistas dos Estados-nações reaparecem hoje baseadas na busca e no
domínio das informações, na capacidade produtiva que circulam
como moedas (LYOTARD, 2000, p. 7).
12
É importante sabermos que, nesse processo, há contradições e conflitos, já que
UNICESUMAR
vivemos em uma sociedade global que está, constantemente, marcada pela rede-
finição dos Estados-nações. Isso quer dizer que há interferência das negociações
e conferências sobre educação, que ocorrem em âmbito global e interferem no
Brasil. As influências são marcadas pela emergência de uma reorganização geo-
gráfica do mundo como forma de reorientar a vida dos seres humanos para que
possam desenvolver suas competências.
“
Esse é o horizonte em que se reabre a problemática da moderni-
dade. Como a globalização abala mais ou menos profundamente
os parâmetros históricos e geográficos, ou as categorias de tempo
e espaço, que se haviam elaborado com base no Estado-nação, nas
configurações e movimentos da sociedade nacional, logo se reabre a
problemática da continuidade e não-continuidade da modernidade;
assim como o debate modernidade ou pós-modernidade. Muito do
que tem sido a controvérsia sobre “pequeno relato e o grande relato”,
o “individualismo metodológico e o holismo metodológico”, ou “as
interpretações micro e macro”, entre outros dilemas, têm algo a ver
com a ruptura epistemológica provocada pela globalização, quan-
do se abalam os quadros sociais e mentais com os quais muitos se
haviam habituado (IANNI, 1997, p. 164).
13
“
Dentre as diversas características da modernidade-mundo, logo
UNIDADE 1
É sabido que esse movimento modernizado visa nos emancipar das propostas
tradicionais de educação, buscando nos conduzir a um ensino institucionalizado
que seja correspondente ao processo de pós-modernidade que estamos vivendo.
pensando juntos
UNICESUMAR
envolvidos; de tal modo que a instituição de ensino, não só a pri-
vada como também a pública, passa a ser organizada e adminis-
trada segundo a lógica da empresa, corporação ou conglomerado
(IANNI, 1997, p. 112)
explorando Ideias
São agências internacionais que discutem sobre educação para o século XXI: Banco Mun-
dial, Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),
Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Pnud (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento).
Fonte: autora.
A Unesco traz a perspectiva de uma educação para o século XXI que supere as
práticas tradicionais, uma educação que se limite, apenas, aos muros da escola. A
Educação para o século XXI precisa estar abarcada dentro do desenvolvimento
tecnológico, o qual busca um trabalhador flexível, atento às mudanças de seu tem-
po e que, mediante as dificuldades, consiga alcançar a educação que lhe permita
ascender, social e economicamente.
Dessa maneira, as atenções voltam-se para uma Educação Básica que atenda a
todos, contemple as exigências deste novo século e faça uso de tecnologias, as quais
permitem uma educação para além do espaço escolar formal. O precursor dessas
mudanças foi o relatório da Delors (2001), desenvolvido pela Comissão Interna-
cional de Educação para o século XXI e que se tornou um documento orientador
para a Educação Básica do Brasil. Esse documento tem como objetivo fazer com
que os países busquem a paz e a superação de problemas que são gerados em um
mundo globalizado, em constante desenvolvimento. O referido documento destaca
alguns problemas que são enfrentados por países, como o Brasil: “[...] Dentre esses
problemas destacam-se a pobreza, os conflitos étnicos, raciais e religiosos, a devas-
tação ambiental e a tecnologização do trabalho” (SILVA, 2008, p. 365).
Essas preocupações, apresentadas pelo documento, tornam-se atuais, e a
questão da pós-modernidade está envolta a essas discussões já que países, como
o Brasil, buscam a educação com autonomia e emancipação. Isso demonstra que
a Educação não está imune às transformações da base material da sociedade,
pois a globalização é uma mudança importante para o desenvolvimento de uma
educação que atenda às competências.
A educação, nesta perspectiva pós-moderna, tem, na globalização, a rápida circu-
lação de informações, e isso evidencia que os avanços do globalismo são imensos, e
a educação, ao estar relacionada a esse movimento, torna-se um produto que precisa
ser consumido por “[...] quem demonstrar vontade e competência para adquiri-la, em
especial a educação ministrada em nível médio e superior” (SANFELICE, 2003, p. 10).
16
UNICESUMAR
explorando Ideias
Na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, em 1990, foi aprovado
o primeiro documento que tratou da Educação Básica, mundialmente, traçando objetivos
a serem alcançados durante a chamada Década da Educação (1990-2000). Em 2000, a
Década da Educação foi avaliada, em Dakar, estendendo os prazos estabelecidos para
o alcance dos objetivos firmados em 1990. Este relatório foi elaborado pela Comissão
Internacional da Educação para o Século XXI, em 1993, atendendo a uma solicitação da
Conferência Geral da Unesco, de 1991. As discussões mundializadas sobre a educação,
referidas neste trabalho, fundamentam-se, especialmente, neste relatório.
Fonte: Silva (2008).
Pensar na educação, neste atual momento que estamos vivendo, exige de cada
um de nós pensar que tipo de sociedade queremos para o nosso futuro e como o
processo educativo pode contribuir para isso. Neste pressuposto, compreende-se
que a globalização tem total influência sobre a educação, e isso deve promover
entre os indivíduos, cada vez mais, competitividade, produtividade e melhor de-
sempenho em seu espaço de atuação.
Para que a Educação do século XXI traga os marcos da globalização, é neces-
sário atender aos pressupostos delimitados pelas agências internacionais, pois elas
têm uma visão total da educação global e permite que países, como o Brasil, que é
totalmente periférico, equiparem seu sistema educacional de países centrais.
Entre estas reflexões, Silva (2008) salienta que a discussão dos quatro pilares
da educação, como aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser
e aprender a viver juntos, passam a ser desenvolvidos na educação nacional
como forma de atender às exigências de uma sociedade globalizada, que precisa
estar de acordo com os preceitos de uma educação que atenda às necessidades
do século XXI. O conceito de educação ao longo da vida passa a se articular e
se desenvolver mediante o processo globalizador, e os pilares estão relacionados
com a Era Pós-moderna.
O princípio da educação ao longo da vida significa que os indivíduos preci-
sam mudar, qualificar-se mais, ou seja, essa educação se pauta em uma formação
para as competências socioemocionais que, na verdade, também, relaciona-se
com uma formação dinâmica, flexível e condizente com o trabalho em equipe
bem como com a capacidade de iniciativa, a valorização de talentos e aptidões
dos indivíduos para determinados trabalhos. Essas modificações centram-se na
aptidão para as relações interpessoais e passam a ser discutidas nos documentos
17
orientadores da política educacional brasileira, como forma de estabelecer uma
UNIDADE 1
“
Fora das universidades, departamentos ou instituições de vocação
profissional, o saber não é e não será mais transmitido em bloco e de
uma vez por todas os jovens antes de sua entrada na vida ativa; ele é
transmitido à la carte a adultos já ativos ou esperando sê-lo, em vista
da melhoria de sua competência e de sua promoção, mas também em
vista da aquisição de informações, de linguagens e de jogos de lingua-
gens que lhes permitam alargar o horizonte de sua vida profissional e
de entrosar experiência técnica e ética (LYOTARD, 1986, p. 90)
UNICESUMAR
tributo é essencial para que se alcance os objetivos do mercado que, é extrema-
mente, competitivo, “[...] com efeito, as performances em geral são melhoradas
pelo trabalho em equipe, sob condições que as ciências sociais tornaram precisas
há muito tempo” (LYOTARD, 1986, p. 95). Isso porque o trabalho em equipe e as
relações interpessoais acontecem, nesse meio competitivo, que envolve a busca
de emprego e formação.
Os quatro pilares da educação possibilitam refletirmos sobre as questões que
envolvem as competências socioemocionais. O pilar aprender a conhecer é
entendido como um preparo para o trabalho, para que o indivíduo utilize seus
conhecimentos pragmáticos bem como saiba utilizar novos conhecimentos e
novas tecnologias, tendo em vista que o conhecimento é a razão instrumental
para que o indivíduo se desenvolva.
O segundo pilar, aprender a conhecer, é a finalidade da vida humana, já que
se vincula o desenvolvimento humano às necessidades básicas de aprendizagem;
é uma forma de alcançar a participação dos indivíduos, na sociedade, de uma
maneira, cada vez mais, ativa, logicamente, para que continuem aprendendo.
Dessa forma, é, a partir disso, que eles desenvolvem um espírito empreendedor.
Aliado ao segundo pilar, temos o aprender a fazer, que está, intimamente, ligado
ao mundo do trabalho e à formação profissional dos indivíduos. É necessário que estes
tenham conhecimento para se ajustarem às relações mercadológicas.
“
Essa relação entre fornecedores e usuários do conhecimento e o pró-
prio conhecimento tende e tenderá a assumir a forma que os pro-
dutores e os consumidores de mercadorias têm com essas últimas,
ou seja, a forma valor. O saber é e será produzido para ser vendido,
e ele é e será consumido para ser valorizado numa nova produção:
nos dois casos para ser trocado. Ele deixa de ser para si mesmo seu
próprio fim; perde o seu “valor de uso” (LYOTARD, 1986, p. 5).
“
[...] o desenvolvimento dos serviços exige, pois, cultivar qualidades
humanas que as formações tradicionais não transmitem, necessa-
riamente e que correspondem à capacidade de estabelecer relações
estáveis e eficazes entre as pessoas (DELORS, 2001, p. 95).
Esta exigência é proposta à educação para que “todos, sem exceção, façam fruti-
ficar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada
um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projeto pessoal”
(DELORS, 2001, p. 16). Assim:
“
Os empregadores substituem, cada vez mais, a exigência de uma
qualificação ainda muito ligada, a seu ver, à idéia de competência
material, pela exigência de uma competência que se apresenta como
uma espécie de coquetel individual, combinando a qualificação, em
sentido estrito, adquirida pela formação técnica e profissional, o
comportamento social, a aptidão para o trabalho em equipe, a ca-
pacidade de iniciativa, o gosto pelo risco (DELORS, 2001, p. 94).
“
viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção
das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para
gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da com-
preensão mútua e da paz (DELORS, 2001, p. 102).
20
No percurso realizado, neste momento da aula, enfatizamos que o processo de
UNICESUMAR
educação ao longo da vida busca realizar interfaces com a educação, a sociedade
e as competências socioemocionais.
2
OS DESAFIOS DO
PROFESSOR
na Educação para o Século
XXI
No âmbito da educação, tem-se discutido muito sobre os desafios que o(a) pro-
fessor(a) tem enfrentado no processo de constituição da Educação para o século
XXI. Esta questão envolve não somente os desafios que o docente enfrenta em
sala de aula, mas também a sua formação e o processo de ensino e aprendizagem
dos alunos. Os desafios são inúmeros já que o cenário da Educação para o século
XXI abrange algumas ações necessárias por parte do docente.
Nesse caso, não podemos perder de vista que a educação é um direito cons-
titucional e inalienável, por isso, deve ser entendida como um passaporte para a
cidadania. Esse caminho aberto para a educação está disposto em Lei, principal-
mente, quando se trata da universalização, já na garantia de qualidade e eficiência,
porém, infelizmente, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
É importante destacar que a educação é constituída, historicamente, por isso
e está sujeita a diversas transformações ao longo do tempo. O percurso histórico,
21
caro(a) aluno(a), interfere e reflete, decisiva-
UNIDADE 1
22
Para Torres (2000) e Aguiar (2002), ao levarem em conta estes aspectos, é
UNICESUMAR
perceptível que a formação de professores, também, passa a ser um elemento fun-
dante para se adequar às reformas propostas para a educação, tendo em vista que
o perfil do profissional na nova era é que deveria estar conectado às exigências do
modelo econômico vigente. Mediante a isso, verificamos que o processo de cons-
trução dos saberes docentes estão assentados em sua formação inicial, que nada
mais é do que a base para a sua atuação, enquanto profissional da educação. É, a
partir dessa base, que o professor tem apoio para fazer sua formação continuada
e consolidar sua carreira. A partir disso, ele passa a ministrar aulas e formar sujei-
tos para transformarem a sociedade que os cerca. No entanto, é preciso ressaltar
que o professor não pode ter, somente, a sala de aula como seu espaço de ensino.
O professor precisa ter muito claro, em sua atuação, que a educação precisa de
espaços ricos para que possam desenvolver as práticas educativas.
Os saberes docentes, as competências e o saber-fazer são fundamentais para
a ação docente na educação, as instituições educacionais, que visam à formação
de licenciaturas, devem valorizar as ciências humanas, priorizando um saber
direcionado para a transformação social. De acordo com Pimenta e Anastasious
(2002, p. 71), no processo de formação de professores,
“
[...] é preciso considerar a importância dos saberes das áreas de
conhecimento (ninguém ensina o que não sabe), dos saberes peda-
gógicos (pois o ensinar é uma prática educativa que tem diferentes
e diversas direções de sentido na formação do humano), dos saberes
didáticos (que tratam da articulação da teoria da educação e da
teoria de ensino para ensinar nas situações contextualizadas), dos
saberes da experiência do sujeito professor (que dizem respeito ao
modo como nos apropriamos do ser professor na nossa vida). Es-
ses saberes dirigem-se às situações de ensinar e com elas dialogam,
revendo-se, redireccionando-se, ampliando-se, e criando […] são
as demandas da prática que vão dar a configuração desses saberes.
23
científica; de programas de televisão, de livros didáticos que utilizam ao longo
UNIDADE 1
de sua vida; dos discursos que proferem; dos métodos que esse professor utiliza
para ministrar suas aulas; das suas vivências; e das experiências cotidianas que
são vivenciadas nas escolas. Essas influências ocorrem em todos os campos que
o professor convive e atua, e tudo isso contribui, de maneira decisiva, para a
construção do saber docente, como ilustra Nóvoa (1997, p. 25): “[...] o professor
é a pessoa. E uma parte importante da pessoa é o professor”.
Por isso, os saberes docentes não podem ser desvinculados de sua formação
enquanto docente, pois seus saberes são construídos ao longo da vida e car-
reira profissional. Esta é a razão pela qual muitos acreditam que o professor é
um profissional ultrapassado. É importante lembrar, porém, que os saberes são
atemporais, e a construção de sua carreira está ligada às dimensões de identidade,
socialização do saber, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes.
Para Tardif (2002, p. 11), o saber docente está relacionado “[...] com a pessoa,
com a sua identidade, com a sua experiência de vida, com a sua história profis-
sional, com as suas relações com os alunos na sala de aula com os outros atores
sociais na escola”. Veja que esses saberes têm origens diferentes e se constituem
como uma ação que vai se edificando por meio do trabalho e do conhecimento
que o professor tem com o meio social.
“
São saberes que, in fine, alicerçam a prática do professor, constituem
o seu acto de ensinar, são garantia da sua boa atuação, servem de
base à estruturação da sua vida profissional, à sua relação com os
alunos, com os colegas, em síntese, ao seu modo peculiar de ser
professor (CUNHA, 2009, p. 1050).
24
UNICESUMAR
Freire (1983) ressalta que o homem é um ser histórico e sempre procura se
aprimorar em um processo que é constante, e isso demonstra que ele se aper-
feiçoa, permanentemente. Assim, o saber surge de um saber velho, que gera um
novo saber, mas pode se tornar obsoleto daqui a um tempo. Não se admira, por-
tanto, que, mediante as mudanças que ocorrem em nossa sociedade, o modelo de
competências que tem sido exigido dos professores, atualmente, é de que sejam
profissionais ativos e não se limitem a padrões de repetição, ou seja, não se esgo-
tem em si mesmos.
O maior desafio para o docente, neste século, é articular conhecimento, habili-
dade, procedimentos, valores e atitudes. Isso, também, tem implicações na formação
inicial do professor; então, é necessário que as instituições ofereçam uma formação
que habilite os licenciados a se desenvolverem, solidamente, de maneira integradora,
para que sejam sensíveis, participem, ativamente, do processo de construção do co-
nhecimento e que tenham condições fundamentais para se constituírem enquanto
profissionais inovadores, capazes de lidar de maneira criativa e crítica. O professor
precisa fazer escolhas conscientes, ter objetivos racionais e utilizar meios sensíveis
para que consiga atingir determinados fins. Para conseguir atuar dessa maneira:
“
É preciso que o formando, desde o princípio da sua experiência
formadora, se assuma como um sujeito da produção do saber, se
convença definitivamente de que ensinar não é transferir conheci-
mentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção (FREIRE, 1996, p. 25).
25
ideias e conceitos. Por isso, é tão importante a interdisciplinaridade, ou seja, a
UNIDADE 1
“
O que distingue um profissional experiente de um novato não é
tanto a quantidade de saber, mas a sua qualidade, a capacidade de
relacionar, seleccionar, ajustar, adaptar ao contexto, prever, pôr em
acção e sua flexibilidade cognitiva e fazê-lo com rapidez, esponta-
neamente e sem esforço (ALARCÃO, 1996, p. 29).
UNICESUMAR
de experiências, reflexões coletivas e decisões tomadas em co-responsabilidade.
pensando juntos
Tem-se, agora, consciência que para uma sociedade ser salva da estagnação e para o indi-
víduo atingir o seu pleno desenvolvimento, qualquer sistema de educação deve encorajar
a criatividade.
(Vítor Manuel Tavares Martins)
“
Aqui estamos. E as opções que cada um de nós tem de fazer como
professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser com a nossa ma-
neira de ensinar e desvendam na nossa maneira de ensinar a nossa
maneira de ser. Para além de tudo o mais, uma prática que tem por
finalidade o crescimento e desenvolvimento, tem forçosamente de ser
uma prática que integra todas as esferas do ser (NÓVOA, 1992, p. 17).
“
(…) mudar as práticas, para além de simples recomposições superfi-
ciais, supõe a transformação dos quadros de referência que as funda-
mentam e lhe dão sentido. Daí ser esta uma realidade muito difícil de
mudar, de planificar e de programar do exterior, sem envolvimento dos
protagonistas, sem a sua vontade de mudar (BENAVENTE, 1993, p. 13).
28
3
A EDUCAÇÃO
UNICESUMAR
NECESSÁRIA
para o Século XXI
29
“
A escola é, por excelência, o lugar em que é possível ensinar e cul-
UNIDADE 1
“
I. Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas
diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de
mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; II. Desenvolver o
conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de in-
ter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança
30
na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; III. Saber
UNICESUMAR
utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para
adquirir e construir conhecimentos; IV. Questionar a realidade for-
mulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para
isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade
de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua
adequação (BRASIL, 2001, p. 107).
“
É um direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente. Um dos fundamentos do projeto de
Nação que estamos construindo, a formação escolar é o alicerce
indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cida-
dania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos.
A educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua
plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e
valorizando as diferenças (BRASIL, 1990, p. 56).
Diante disso, percebemos a importância que a escola tem para que esse proces-
so de cidadania global se efetive, pois é ela quem contribui para a formação de
cidadãos conscientes de sua realidade, críticos e autônomos. Por isso, estimular
a cidadania para educação global é tratar, também, de questões da vida real, in-
centivando os alunos a engajar-se em ações coletivas, de maneira que se promova
uma sociedade global tolerante e transformadora.
Para que a educação para a cidadania global seja efetiva, é preciso engaja-
mento da comunidade escolar, isso significa que o docente precisa desenvolver
novas práticas e metodologias.
“
a educação para a cidadania global é baseada em três dimensões
conceituais ou áreas de aprendizagem, a saber: área cognitiva, em
que são trabalhados conhecimentos e habilidades de reflexão ne-
cessárias para entender melhor o mundo e suas complexidades;
31
área socioemocional, que desenvolve valores, atitudes e habilida-
UNIDADE 1
des sociais que permitam aos alunos viver com os outros de forma
respeitosa e pacífica; e área comportamental, que trabalha compor-
tamento, desempenho, aplicação prática e engajamento do aluno
(UNESCO, 2016, p. 22).
Essas dimensões fazem com que cada indivíduo seja capaz de entender os pro-
blemas locais que sua comunidade está passando. Por isso, a educação para a
cidadania é um processo de oportunidade para os alunos expandirem seus co-
nhecimentos e ações, de maneira que o caminho seja transformador.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, vislumbramos questões que estão en-
volvidas com a Educação para o século XXI. Percebemos, ainda, que a educação,
além de ser um direito social que está garantido em todas as leis, precisa ser
desenvolvida nos mais diversos contextos e realidades, para que possamos pro-
mover educação de qualidade e equitativa com as realidades e contextos diversos,
tendo em vista que, por meio da educação, passamos a reconhecer os indivíduos.
Outra questão envolvida, na Educação para o século XXI, é a formação de
professores e os desafios que estes enfrentam, mediante as mudanças globais
que a sociedade tem enfrentado. Pois, neste movimento, o professor torna-se o
mediador das ações e formação do aluno para a cidadania global, para que ele
aprenda, na medida correta, olhar o próximo com respeito e solidariedade.
Ao longo do processo educativo, a formação de professores torna-se essen-
cial para que consigamos construir a Educação para o século XXI, e esta for-
mação precisa considerar as competências necessárias para o desenvolvimento
dos educandos e educadores. Essas competências permitem que desenvolvamos
uma sociedade mais justa e igualitária, exercendo, de fato, a cidadania perante a
sociedade e o próximo, além de respeitar as diferenças socioculturais.
Por meio dessa formação, a cidadania global estará implícita nos currículos
escolares e nos materiais didáticos utilizados pelos docentes junto aos educandos.
A cidadania global é o norte para a Educação do século XXI e, ao estar garantida
nos documentos internacionais e nacionais, compreendemos isso como uma
forma de avanço da educação brasileira para se igualar aos países centrais, tendo
em vista que a cidadania global permite o avanço da economia, da política, da
cultura e da sociedade em si.
Por isso, torna-se essencial formar indivíduos para atuar na cidadania global,
pois, ao terem uma formação que propicie o compartilhamento de informações e o
desenvolvimento de competências socioemocionais, percebemos que eles poderão
se desenvolver, integralmente, tornando-se, efetivamente, cidadãos globais.
33
na prática
1. A educação é um dos pilares que constitui uma sociedade mais justa e com equi-
dade, por isso, formar para a cidadania é essencial, pois possibilita a construção de
uma sociedade democrática. Nesse contexto, podemos afirmar que:
2. A Educação para o século XXI acontece nos mais diversos lugares, já que cada edu-
cador precisa estar articulado com a comunidade para que o trabalho a ser desen-
volvido por ele possa promover uma intervenção na realidade dos alunos. Por isso,
exige-se tanto do educador uma postura, cada vez mais, ética e política, e que ele
tenha compromisso com a justiça e a equidade social. Dessa forma, é necessário
que ele assuma:
34
na prática
3. Quanto aos objetivos da educação necessária para o século XXI, assinale Verdadeiro
(V) ou Falso (F):
a) V, V e F.
b) F, F e V.
c) V, F e V.
d) F, F e F.
e) V, V e V.
4. A educação para a cidadania tem três eixos: educação para redenção da sociedade,
educação como reprodução da sociedade e educação para transformar a sociedade.
Assim, os fins da educação são:
5. A Educação para o século XXI traz alguns desafios para a formação docente e na for-
mação dos alunos. Assim, conceitue o que é a cidadania global e qual a importância
para termos um mundo mais justo e sustentável?
35
aprimore-se
36
aprimore-se
37
aprimore-se
moção de mudanças não seria imposta, mas as condições para que o aluno pudesse
refletir e pensar seriam fornecidas, possibilitando a análise e a experimentação de
outras perspectivas de relacionar-se com os outros e consigo mesmo.
Portanto, os professores “[...] deveriam atentar-se a literacia crítica para não re-
produzir as relações dominantes” (ANDREOTTI, 2006, p. 64-65). Não existe, portanto,
uma fórmula universal e perfeita para a questão da educação para a cidadania glo-
bal, mas, primeiramente, devemos refletir sobre o quanto nossos professores estão
capacitados para lidar com essas questões.
Fonte: a autora.
38
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livro
39
2
A SALA DE AULA NO
CONTEXTO
da Educação do Século XXI
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A intencionalidade do ato de ensi-
nar • Aprender a aprender: o alicerce do processo educativo • Práticas metacognitivas de aprendizagem.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar o permanente diálogo entre o ensino e a aprendizagem • Compreender a importância de
aprender a aprender • Explicitar a prática pedagógica em tempo e espaço diferentes.
INTRODUÇÃO
INTENCIONALIDADE
do Ato de Ensinar
Em nossa sociedade, percebemos cada dia mais, que o conhecimento está relacio-
nado com o avanço das tecnologias e da ciência. A nossa educação é influenciada
pelas mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais, tecnológicas e científicas
que permeiam a nossa sociedade. As mudanças que ocorrem, constantemente,
perpassam a atuação dos profissionais da educação e, cada vez mais, busca-se pro-
fessores qualificados, competentes e que sejam capazes de solucionar problemas,
trabalhar em grupo, compartilhar informações e, até mesmo, criar novas formas
de transmitir o conhecimento, contribuindo para a formação de competências
socioemocionais, com a intenção de desenvolver atividades que reflitam o pro-
cesso de desenvolvimento e inovação.
Assim, nesse ambiente, defrontamo-nos com a situação em que as instituições
de Ensino Superior precisam se encaixar no papel de formadoras e capacitadoras
de profissionais da educação. O papel dessas instituições implica respeitar as
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação delineados pelo
Ministério da Educação e Conselho Nacional de Educação bem como propor
práticas pedagógicas e metodologias de ensino que sejam condizentes com uma
educação para o século XXI.
Para Colossi, Consentino e Queiroz (2001) e Peleias et al. (2011) os cursos
de graduação do Ensino Superior precisam contribuir para que seus estudantes
desenvolvam características profissionais, competências socioemocionais e per-
42
sonalidade crítica. Isso só é possível a partir do momento que se ensine direitos
UNICESUMAR
e deveres aos cidadãos, de maneira a prepará-los para conviver, de forma har-
moniosa, em uma sociedade com uma diversidade cultural imensa. É preciso
capacitá-los para ocupar cargos no mercado de trabalho.
Outra questão, aluno(a), que faz parte da formação de Ensino Superior, é que
as instituições devem capacitar os alunos a se desenvolver, técnica e humanamente,
para ingressar no mercado de trabalho, e, obviamente, isso requer uma gestão eficaz
do currículo dos cursos (MAINARDES; DOMINGUES, 2011). É imprescindível
que, para a formação técnica e humana, haja a preparação de um ambiente que
proporcione o acolhimento desses alunos, que os professores escolham métodos
que contribuam, facilitem e estimulem a aprendizagem, de maneira a garantir a
formação profissional e a competência socioemocional de seus alunos.
Algo que é importantíssimo mencionar, aqui, é que você, aluno (a), pode estar
almejando se formar com as melhores notas, ou, até mesmo, ser laureado, mas veja
que isso não lhe garante o ingresso no mercado de trabalho, muito menos, dá-lhe
experiência para enfrentar os desafios do mundo organizacional. Desenvolver
habilidades e competências é preparar-se para lidar com as situações reais do
mundo do trabalho, é o momento de levar a teoria estudada para dentro da sala
de aula (SANTOS, 2012; BARROS; MONTEIRO; MOREIRA, 2014).
Os estudos teóricos são essenciais para que você compreenda a sua prática
profissional, no entanto lembremos que isso não deve ser feito de uma maneira
tradicional, é preciso inovar, deixar de lado nossas atitudes cartesianas e lineares
que dissociam a teoria da prática.
explorando Ideias
O mundo moderno tornou-se uma era histórica de profundas transformações que ocor-
rem no campo econômico, político e social, reestruturando as relações sociais e amplian-
do o domínio do modo de produção capitalista, e isso influencia, decisivamente, nas con-
cepções que nós temos de mundo.
Fonte: autora.
Para que não caiamos nesse engodo de nos tornarmos profissionais, extremamente,
cartesianos, com a finalidade de reduzirmos as deficiências encontradas no âmbito
escolar e na péssima formação socioemocional dos nossos alunos, é necessário
planejarmos. Isso mesmo, precisamos planejar e definir objetivos que utilizaremos
43
no processo de aprendizagem, além de estipular o período que desenvolveremos
UNIDADE 2
pensando juntos
Por que é tão importante, no atual contexto do século XXI, que o aluno se torne protago-
nista do seu processo de aprendizagem?
UNICESUMAR
os mecanismos, os objetivos, os conteúdos e a avaliação dentro da perspectiva
da Taxonomia de Bloom.
Ferraz e Belhot (2010, p. 422) comentam que é preciso pensar sobre os objeti-
vos que se envolvem no processo de aprendizagem, pois, neste, há uma comple-
xidade: “[...] é importante que o professor entenda que cada indivíduo apreende
as informações de maneira diferente, ou seja, mesmo estando em uma situação
igual de aprendizagem, alguns conseguiram apreender mais sobre certo conteúdo
do que outros.” O professor precisa refletir sobre o conteúdo a ser ministrado e
seguir a perspectiva de Bloom, que tem por objetivo “[...] ajudar no planejamen-
to, organização e controle dos objetivos de aprendizagem” (FERRAZ; BELHOT,
2010, p. 422). Isso quer dizer que a taxonomia visa estimular os professores a
auxiliar seus alunos no processo de aprendizagem, realizando mediações, além
de oferecer uma base para o desenvolvimento de instrumentos avaliativos.
Ferraz e Belhot (2010) propõem que, para que haja uma eficácia nesse processo,
é preciso haver, também, divisão do trabalho, a partir do domínio específico do de-
senvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor. Assim, no quadro a seguir, podemos
compreender melhor os domínios e as características que envolvem as competências.
Domínios Características
45
Domínios Características
UNIDADE 2
habilidades
aspectos de de execução
Cognitivo aprendizagem sensibilização de tarefas que
intelectual Afetivo e gradação de Psicomotor envolvem o
valores aparelho
motor
UNICESUMAR
processo de aprendizagem.
(re) conhecimento:
capacidade de identi-
Identificar, nomear,
ficar as propriedades
assinalar, citar, re-
fundamentais dos ob-
lacionar, completar,
jetos de conhecimento
observar.
apreendido (ARAÚJO,
2014, p. 55).
Básico Compreensão: identi-
ficação de elementos
que dão significado ao
objeto de conhecimen- Explicar, descrever,
to, sua composição, caracterizar.
finalidade e caracterís-
tica (ARAÚJO, 2014, p.
55).
APLICAÇÃO: transpo-
sição da compreen-
são de um objeto de Resolver, ampliar (com
conhecimento em, caso base no texto), trans-
específico, situação formar, explicar.
problema, etc. (ARAÚJO,
2014, p. 55).
Intermediário
Analisar, examinar,
ANÁLISE: percepção de
decompor (sentença),
inter relação entre um
escandir. Resumir,
todo e suas partes.
generalizar.
SÍNTESE: reorganização
das partes de um todo.
AVALIAÇÃO: emissão
de um juízo de valor Julgar, justificar, apre-
AVANÇADO
sobre análises e sínte- sentar argumentos.
ses efetuadas.
“
Oferecer a base para o desenvolvimento de instrumentos de avalia-
ção e utilização de estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e
estimular o desempenho dos alunos em diferentes níveis de aquisi-
ção de conhecimento; e estimular os educadores a auxiliarem seus
discentes, de forma estruturada e consciente, a adquirirem compe-
tências específicas a partir da percepção da necessidade de dominar
habilidades mais simples (fatos) para, posteriormente, dominar as
mais complexas (conceitos) (BLOOM, 1956, p. 210).
O próprio autor retrata a importância de utilizar conceitos para iniciar uma aula e,
até mesmo, para classificar e estruturar a maneira de ensinar. Ao utilizar conceitos
para estruturar seu processo de ensino, Bloom (1944) retrata que o processo de
aprendizagem dos homens é diferente, pois cada indivíduo desenvolveria uma
competência distinta e com profundidade de conteúdo. O mesmo autor, porém,
afirma que, mesmo diante das diversidades ambientais e internas dos indivíduos,
estes aprenderão, mas que isso dependerá das estratégias que serão utilizadas e da
organização do processo de aprendizagem que contribui para estimular o desen-
volvimento cognitivo. A Taxonomia de Bloom contribui para que os professores
consigam estimular o âmbito cognitivo dos sujeitos, principalmente, o raciocínio
e as abstrações de alto nível.
Ao delimitar objetivos instrucionais, os professores conseguem delimitar o
desempenho e as competências que seus alunos desenvolvem. Essa ação está
ligada às ações intencionais, diretamente, relacionadas ao conteúdo e à forma
como ele deverá ser aplicado. A Taxonomia de Bloom pode ser representada por
uma escada com seis degraus, logicamente, ela é mais complexa que isso já que é
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dividida em subcategorias, mas podemos, neste primeiro momento, entendê-la
UNICESUMAR
desta maneira, pois a compreensão fica mais fácil.
6. Avaliação
5. Síntese
4. Análise
3. Aplicação
2. Compreensão
1. Conhecimento
Verbos
(dimensão: processos
cognitivos - como)
Substantivos
(dimensão:
conhecimento - o que)
49
A partir da Figura 3, percebe-se que o conhecimento passa a se desenvolver a
UNIDADE 2
partir das habilidades de lembrar e achar. Isso quer dizer que os alunos devem
encontrar, na problemática proposta pelo professor, pequenas informações que
tragam à sua consciência o aprendizado prévio, aquele que o indivíduo desen-
volve antes de conhecer sobre determinado assunto.
Isso nos leva a dividir o conhecimento em dois momentos: 1 - conhecimento
como processo, e 2 - conhecimento como conteúdo assimilado. Quando tratamos
de conhecimento, este está, diretamente, relacionado ao conteúdo apresentado
pelo docente.
“
O processo de metacognição está envolvido com o conhecimento
cognitivo real do educando, ou seja, com a própria consciência de
aprendizagem individual de cada um. Essa categoria é utilizada na
área da educação e torna-se extremamente importante, tendo em
vista que a possibilidade que o indivíduo desenvolva sua autoapren-
dizagem por meio da autonomia que lhe é dada é fundamental para
o processo. E logicamente os professores devem utilizar das novas
tecnologias para ampliar esse processo. Logo, compreendemos que
o processo cognitivo é compreendido como um meio pelo qual
construímos o nosso conhecimento e resolver problemas cotidia-
nos (ANDERSON et al., 2001, p. 89).
50
Categoria Descrição
UNICESUMAR
Definição: Habilidade de lembrar informações e conteú-
dos previamente abordados, como fatos, datas, palavras,
teorias, métodos, classificações, lugares, regras, critérios,
procedimentos etc. A habilidade pode envolver lembrar
uma significativa quantidade de informação ou fatos espe-
cíficos. O objetivo principal desta categoria nível é trazer à
consciência esses conhecimentos.
Subcategorias: 1.1 Conhecimento específico: Conheci-
mento de terminologia; Conhecimento de tendências e
sequências; 1.2 Conhecimento de formas e significados
Conhecimento relacionados às especificidades do conteúdo: Conhecimen-
to de convenção; Conhecimento de tendência e sequência;
Conhecimento de classificação e categoria; Conhecimento
de critério; Conhecimento de metodologia; e 1.3 Conheci-
mento universal e abstração relacionado a um determina-
do campo de conhecimento: Conhecimento de princípios e
generalizações; Conhecimento de teorias e estruturas.
Verbos: enumerar, definir, descrever, identificar, denomi-
nar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar,
recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distin-
guir, rotular, memorizar, ordenar e reconhecer.
51
Categoria Descrição
UNIDADE 2
52
Categoria Descrição
UNICESUMAR
Definição: habilidade de agregar e juntar partes com a
finalidade de criar um novo todo. Essa habilidade envolve
a produção de uma comunicação única (tema ou discur-
so), um plano de operações (propostas de pesquisas) ou
um conjunto de relações abstratas (esquema para clas-
sificar informações). Combinar partes não organizadas
para formar um “todo”. Subcategorias: 5.1 Produção de
uma comunicação original; 5.2 Produção de um plano ou
Síntese
propostas de um conjunto de operações; e 5.3 Derivação
de um conjunto de relacionamentos abstratos. Verbos: ca-
tegorizar, combinar, compilar, compor, conceber, construir,
criar, desenhar, elaborar, estabelecer, explicar, formular,
generalizar, inventar, modificar, organizar, originar, planejar,
propor, reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir,
sistematizar, escrever, desenvolver, estruturar, montar e
projetar.
53
É importante lembrar que a taxonomia é flexível e deve ser adequada de acordo
UNIDADE 2
6. Criar
5. Sintetizar
4. Analisar
3. Aplicar
2. Entender
1. Lembrar
54
Taxonomia Original Taxonomia revisada
UNICESUMAR
1.1 Conhecimento Efetivo: relacionado ao
conteúdo básico que o discente deve domi-
nar a fim de que consiga realizar e resolver
problemas apoiados nesse conhecimento.
Relacionado aos fatos que não precisam ser
entendidos ou combinados, apenas, repro-
duzidos como apresentados. Conhecimento
da terminologia e Conhecimento de deta-
lhes e elementos específicos.
1.2 Conhecimento Conceitual: relacionado
à inter-relação dos elementos básicos num
contexto mais elaborado que os discentes
seriam capazes de descobrir. Elementos
mais simples foram abordados e, ago-
ra, precisam ser conectados. Esquemas,
Categoria: 1.0 Conhecimento: estruturas e modelos foram organizados e
conhecimento específico; explicados. Nessa fase, não é a aplicação de
conhecimento de formas e um modelo que é importante, mas a cons-
significado relacionados às ciência de sua existência. Conhecimento de
especificidades do conteúdo; classificação e categorização; Conhecimento
conhecimento universal e de princípios e generalizações; e Conheci-
abstração relacionados a mento de teorias, modelos e estruturas.
um determinado campo de 1.3 Conhecimento Procedural: relacionado
conhecimento. ao conhecimento de “como realizar alguma
coisa” utilizando métodos, critérios, algorit-
mos e técnicas. Nesse momento, o conhe-
cimento abstrato começa a ser estimulado,
mas dentro de um contexto único e não
interdisciplinar. Conhecimento de conteú-
dos específicos, habilidades e algoritmos;
Conhecimento de técnicas específicas e
métodos; e Conhecimento de critérios e
percepção de como e quando usar um pro-
cedimento específico.
1.4 Conhecimento Metacognitivo: relaciona-
do ao reconhecimento da cognição em geral
e da consciência da amplitude e profundi-
dade de conhecimento adquirido de um
determinado conteúdo.
55
Taxonomia Original Taxonomia revisada
UNIDADE 2
Essas ferramentas apresentadas servem para que você, aluno (a), possa compreen-
der o processo cognitivo de aprendizagem, sempre, levando em consideração as
habilidades que o aluno possui para organizar o seu raciocínio, de maneira que
você possa conseguir redirecionar seu conhecimento para resolver problemas
reais e situações complexas. A seguir, apresentamos um quadro que possibilita a
percepção da aprendizagem na sua visão de aluno:
56
Categorias Subcategorias Temas de Análise
UNICESUMAR
Método de ensino utili- Aula expositiva; estudo
zado pelos professores. de caso, avaliações.
Parcialmente; defi-
ciência da aplicação
da teoria na prática.
Garantiram a aprendi-
Garantia da aprendiza-
zagem.
gem com os métodos
Não garantiram a
utilizados.
aprendizagem; as
aulas são cansativas; o
professor está desmo-
tivado.
A motivação do profes-
sor afeta a qualidade
e a eficácia da apren-
Influência da motiva-
dizagem; a motivação
ção do professor no
influencia no prazer e
processo de aprendi-
dedicação nas aulas;
zagem.
maior comprometi-
mento com o processo
de aprendizagem.
57
Categorias Subcategorias Temas de Análise
UNIDADE 2
Apresentam dificul-
dades para entender
conteúdos referentes
às matérias da área
de exatas; não têm
dificuldades quando
se trata de entender
Entender conceitos teóricos;
métodos diversificados
auxiliariam à supera-
ção das dificuldades,
a busca contínua por
qualificação facilita o
entendimento em sala
de aula.
Taxonomia de Bloom
Quando demonstra-
do em sala os alunos
conseguem aplicar no
Aplicar ambiente de trabalho.
Há uma deficiência em
relação às demonstra-
ções práticas.
58
Categorias Subcategorias Temas de Análise
UNICESUMAR
Propõem mudanças
nas organizações que
atuam; desenvolvem
Taxonomia de Bloom Criar
a organização. O
ensino não estimula
a criatividade.
Quadro 5 - Aprendizagem na percepção dos alunos / Fonte: Pinto (2015, p. 138).
2
APRENDER A APRENDER:
O ALICERCE
do Processo Educativo
“
Os aspectos conativos (de cognição) estimulam a confiança, a au-
toestima e o afeto. A metacognição é um processo de interação, em
que os elementos principais são seus próprios processos de apren-
dizagem que basta o contato com a informação sem necessidade
de interagir com ela.
Logo, os estudos sobre os processos cognitivos teve início nos anos de 1970; eles
promovem um aprofundamento sobre a questão da metacognição e passam a
oferecer alternativas para que professores possam compreender e entender a me-
lhoria do processo de aprendizagem escolar. Podemos dizer que a metacognição
é uma teoria que tem contribuído, de maneira eficaz, para que os professores
possam desenvolver competências socioemocionais, dando condições para que
o aluno possa ampliar seu processo de aprendizagem, desenvolvendo, cada vez
mais, competências que estão intrínsecas ao processo de ensino-aprendizagem.
Assim, aluno(a), quando entendemos os determinantes que estão envoltos
na aprendizagem e na metacognição, conseguimos possibilitar à nossa futura
profissão a autoaprendizagem, ou seja, é o momento em que desenvolvemos au-
toconsciência sobre nossas atitudes e ações em sala de aula. A partir dessa auto-
consciência, conseguimos superar nossas limitações.
“
Ao aprendente cabe desenvolver a auto-observação para despertar
suas competências até então adormecidas, superando seus receios e
obstáculos, assim, “a metacognição é a capacidade de um indivíduo
refletir e considerar cuidadosamente os seus processos de pensa-
mento, especialmente quanto à tentativa de reforçar as capacidades
cognitivas (BEBER; SILVA; BONFIGLIO, 2014, p. 145).
60
Ao compreendermos os componentes cognitivos que estão interligados ao pro-
UNICESUMAR
cesso de aprendizagem, estes devem ser observados a partir do princípio de que
a metacognição não é sinônimo de eficiência nessa dialética, e que a motivação
não está no seio da anatomia metacognitiva, mas, sim, que ambos fazem parte
do movimento que interfere, ou não, no processo de aprendizagem emocional.
Quando um indivíduo entende a forma como a sua aprendizagem acontece,
isso possibilita que ele apreenda a sua capacidade de construir o seu saber. No en-
tanto para o indivíduo, ao estar inserido em determinado contexto, é importante
que haja o papel de um mediador nesse processo, que possibilitará ao indivíduo o
acesso a mecanismos de interação, proporcionando a ultrapassagem de barreiras,
resultando em sucesso na aprendizagem. Dessa maneira, a interação precisa ins-
tigar o aprendiz e fazer com que ele reflita sobre as possibilidades e os obstáculos
que ele precisa ultrapassar para que, assim, possa adquirir conhecimento.
Dessa maneira, aprender é um movimento de mobilização sistemática cog-
nitiva, que tende a proporcionar modificações nos conhecimentos adquiridos ao
longo do tempo. Para os indivíduos, quando aprendem de maneira efetiva, essa
aprendizagem tende a ser duradoura, modificando seu comportamento. Assim,
quando acontece transformações no processo de aprendizagem, esta é definida
por meio de comportamentos do aprendente e da sua forma de pensar.
explorando Ideias
De acordo com o site Hélio Teixeira, a metacognição é definida como um conjunto de co-
nhecimentos sobre a construção de seus próprios conhecimentos, ou seja, é o momento
em que o indivíduo compreende sua forma de percepção, avaliação, regulação dos pró-
prios processos cognitivos.
Fonte: Teixeira (2015, on-line)1.
Aprender não deve ser confundido com o processo de compreensão, isso por-
que a aprendizagem define-se por meio do comportamento dos indivíduos e da
maneira como as estruturas cognitivas se materializam em sua mente. Por isso,
aprender não é, apenas, o processo educacional, ou seja, está relacionado com di-
versos contextos da vida dos indivíduos, como: profissional, social, político, cultu-
ral, dentre outros, e, para que todos esses contextos se concretizem, é importante
61
que o aprendiz utilize técnicas mediadas. Se a aprendizagem está relacionada a
UNIDADE 2
pensando juntos
UNICESUMAR
para o mediador quanto para o aprendiz, por isso, ser mediador é ser motivador
e incentivador.
“
[...] aprender a aprender envolve focar a atenção para captar infor-
mações, formular, estabelecer e planificar estratégias para lidar com
a tarefa, monitorizar a performance cognitiva, examinar as informa-
ções disponíveis e aplicar procedimentos para resolver problemas e
sua adequabilidade (FONSECA, 2008, p. 163).
“
A metacognição é composta por dois componentes, um de sensibi-
lidade e outro de crenças. A sensibilidade diz respeito à necessidade
63
de se utilizar estratégias em tarefas específicas, em que o sujeito pre-
UNIDADE 2
cisa saber o que fazer com ela em função de seus objetivos. A crença
é o conhecimento que a pessoa tem do seu potencial enquanto ser
cognitivo, atuando como agente de seu conhecimento e os resulta-
dos que consegue alcançar com este (FIGUEIRA, 1994, p. 64).
Atividades cognitivas
Produto mental
Metacognição
Re exão sobre
os processos
Figura 5 - Espiral da evolução do conhecimento / Fonte: Beber, Silva e Bonfiglio (2014, p. 146).
A imagem demonstra que o “[...] sujeito precisa estar cônscio da capacidade in-
tra individual de adquirir conhecimento [...]” , principalmente, da noção de si
mesmo, pois, somente, assim, ele poderá desenvolver habilidades e competências
socioemocionais, compreendendo melhor suas possibilidades e limitações quan-
to ao campo cognitivo (BEBER; SILVA; BONFIGLIO, 2014, p. 147).
Por isso, ao aplicar determinadas atividades aos alunos, deve-se pesquisar
qual o conhecimento prévio que eles detêm sobre determinado assunto, pois
isso possibilitará que saibam suas especialidades, sua eficácia e sua limitação no
momento da aplicação da atividade. Ao investigar os itens citados, o professor
determina estratégias de aprendizagem que sejam adequadas para que os alunos
desenvolvam atividades que serão colocadas em prática.
64
“
O controle e a regulação dos processos de cognição tornam o sujeito
UNICESUMAR
ativo no desenvolvimento das atividades, independente das expe-
riências, recursos e estratégias utilizadas para aprender. O conheci-
mento metacognitivo coordena e controla de forma efetiva e eficaz
as tentativas de aprendizagem, levando à resolução dos problemas.
Quando isto não ocorre, o mesmo sujeito experimenta sentimentos
de ansiedade diante da tarefa não realizada. A existência de feedback
interno proporciona um movimento de mudança, permitindo ao
sujeito agir sobre as sensações para modificar o seu comportamento
(BEBER; SILVA; BONFIGLIO, 2014, p. 147).
65
1. Atentar-se para o motivo;
UNIDADE 2
5. Diversificar as tarefas;
“
A construção da autorregulação depende do desenvolvimento de
competências que permitem ao aprendiz saber de forma realista o
que necessita aprender, organizar, planejar e desenvolver, determi-
nando objetivos e selecionando estratégias para a realização da ativi-
dade. A autorregulação é um sistema auto-organizado que necessita
66
cognição, emoção, motivação, objetivo e motivo para a ação. Sendo
UNICESUMAR
assim, o mediador deve implementar estratégias para estimular o
aprender constante de formas diferenciadas, onde o aprendiz en-
contre a melhor forma ‘de fazer’ para superar os obstáculos (BEBER;
SILVA; BONFIGLIO, 2010, p. 147).
67
Atentar
Instruir para o motivo Partir do
UNIDADE 2
planejamento conhecimento
e cooperação prévio
Proporcionar Dosagem:
tarefas com quantidade
cooperativas adequada
Aprendizagem
Promover Condensar os
re exão sobre conhecimentos
conhecimento básicos
A figura demonstra as ações que o professor deve promover, que podem ser con-
sideradas ações cognitivas-comportamentais que permitem aos alunos construí-
rem seu conhecimento. Para Frison (2006, p. 282),“[...] as regulações são inerentes
à construção do conhecimento, e a passagem da regulação para a autorregulação
se dá através de um processo ativo que envolve uma ação dinâmica, temporal,
intencional, planejada e complexa”. Por isso, quando o professor identifica as di-
ficuldades do aluno, deve compreendê-las como possibilidade de modificar suas
estratégias pedagógicas de ensino.
É um desafio muito grande desenvolver e promover ações que possibilitem o
aprender a aprender, afinal, a interação entre professor e aluno precisa ser muito
próxima para que haja promoção de estratégias que facilitam o desenvolvimento
da aprendizagem.
68
3
PRÁTICAS
UNICESUMAR
METACOGNITIVAS
De Aprendizagem
69
UNIDADE 2
pensando juntos
Em seu modo de ensinar, o professor, em alguns momentos, pode privilegiar alunos. Será
que o docente, em sua prática pedagógica, tende a privilegiar uns em detrimento de ou-
tros? Como lidar com aqueles alunos que não concordam com o método de ensino do
professor?
“
A escola não deve apenas transmitir conhecimentos, mas também
se preocupar com a formação global dos alunos, em uma visão em
que o conhecer e o intervir no real se encontrem. No entanto, para
isso, é preciso saber trabalhar com as diferenças, reconhecê-las, não
camuflá-las e aceitar que para me conhecer preciso conhecer o outro.
Isso demonstra que o processo de ensinar deve estar comprometido com o aluno,
possibilitando que ele aprenda mediante as dificuldades, de maneira que atenda
às suas necessidades enquanto sujeito em formação.
pensando juntos
Como será que nós aprendemos? Quais processos de aprendizagem são importantes
para se conquistar a aprendizagem? Quais estratégias cognitivas podem melhorar esse
processo? Será o professor o único responsável pela aprendizagem do aluno? O que é
aprender a aprender?
70
No meio educacional, é normal nos depararmos com alunos que têm diversas
UNICESUMAR
dificuldades para compreender e acompanhar alguns raciocínios, o que resulta
em condutas impróprias no processo de aprendizagem. É o momento em que
o aluno(a) passa a repetir, constantemente, informações, quando, na verdade, o
professor espera que esse indivíduo realize assimilações e retenções de informa-
ções que possibilitem-no relacionar-se com conhecimentos anteriores.
Para que o aluno tome consciência do seu papel, nesse processo, é neces-
sário que o professor o auxilie na organização de atividades que possibilitem a
melhoria dos seus resultados. E, para que isso ocorra, é necessário que o professor
conceba o processo de aprendizagem como uma forma estratégica, planificada
e controlada entre professor e aluno, e que isso não se construa, apenas, em um
bimestre, mas, constantemente, ao longo da vida, para que, dessa maneira, possa
conscientizar-se dos resultados e do processo de ensino, que possibilitam enten-
der os porquês dos resultados adquiridos.
Portanto, é imprescindível que o professor desenvolva práticas educativas
relacionadas à metacognição para que, no momento da aula, o professor não ex-
plique, apenas, como os fenômenos acontecem, mas, sim, difunda a importância
deles na vida dos alunos. Pois, além de adquirir conhecimento, o aluno precisa
entender a importância de ter acesso a este, o que o torna mais competente.
Para Mateos (2001, p. 93), “[...] as dificuldades que muitas crianças experi-
mentam na hora de aprender são atribuídas, não tanto a falta de competência
para executar as estratégias relevantes de uma tarefa, como a uma deficiência
para produzi-las espontaneamente”, por isso, é importante enfatizar as práticas
metacognitivas educacionais. Flavell (1971) retrata que esse processo significa
“deficiência de mediação”, fator que acontece com inúmeros alunos, sendo algo
biológico, pois a criança não nasce com um controle metacognitivo suficiente,
sendo, assim, extremamente, necessário ensiná-la.
Desse modo, o processo de ensino baseado na metacognição é uma das possibi-
lidades para que o aluno se desenvolva, explicitamente, por meio de estratégias que
são específicas para suas necessidades. Assim, o professor precisa desenvolver ativi-
dades de aprendizagem diferentes que promovam a solução de problemas para que
cada aluno consiga compreender, de forma autônoma, sua própria aprendizagem.
Na verdade, o ideal é que, ao aprender algumas estratégias para a resolução de
determinadas tarefas, esse aluno precise transferir suas aprendizagens anteriores
para essa nova situação. Logicamente, enquanto professores, sabemos que as habi-
lidades de controle sobre a aprendizagem resultam de um processo objetivo que
acontece de maneira gradual e a partir de mecanismos subjetivos de regulação 71
exercidos pelo professor. Como diz Mateos (2001, p. 102), “trata-se, portanto, de
UNIDADE 2
explorando Ideias
Controle da Atividade
Ensino
Explícito
Prática
Guiada
Prática
Cooperativa
Prática
Independente
UNICESUMAR
apoiador para que os alunos alcancem sua autonomia.
A prática cooperativa é compreendida como o ensino vivenciado entre
os alunos, é o momento de controlar as atividades a serem passadas aos gru-
pos e que, consequentemente, precisam ser divididas entre os membros do
processo. Isso possibilita que apareçam novas competências socioemocionais,
pois potencializa mais consciência e controle dos processos cognitivos, é o que
conhecemos por metacognição.
E, por fim, a prática individual refere-se às atividades que devem ser assu-
midas, totalmente, pelos alunos para que estes ganhem responsabilidades no
momento de aplicar estratégias para respondê-las. O que pode auxiliar o aluno,
nesse momento, é um guia para ele se questionar sobre o caminho tomado por
ele; esse guia possui algumas questões para que os alunos, de maneira individual,
façam a si mesmos, para que possam regular as situações vivenciadas. É im-
portante destacar que esse guia pode ser elaborado em parceira com os alunos.
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de questões que podem auxiliar na
construção do guia.
des.
Explique aos alunos como estes deverão resolver a atividade. Faça essa expli-
cação utilizando exemplos.
C) Proponha exercícios práticos que reforcem sua resolução.
Avalie sempre os resultados obtidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
74
na prática
a) V, F, V e F.
b) F, V, V e F.
c) V, V, V e F.
d) F, F, V e V.
e) V, V, F e V.
75
na prática
Infelizmente, é algo que os alunos, ainda, não conseguem fazer: tomar ___________
do que estão ________ para compreender de fato como podem ____________ isso
em seu _____________, e não, apenas, na sala de aula.
76
aprimore-se
77
aprimore-se
78
eu recomendo!
filme
79
3
O MODELO DE
COMPETÊNCIAS
Cognitivas
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • As competências socioemocio-
nais: um conceito em questão • Formulação de Matrizes de Competências • O desenvolvimento de
competências socioemocionais em sala de aula.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar os principais elementos das competências sociocognitivas • Entender quais são as matri-
zes que tratam das competências • Refletir sobre o processo de desenvolvimento de competências
socioemocionais.
INTRODUÇÃO
SOCIOEMOCIONAIS:
um Conceito em Questão
UNICESUMAR
Dessa forma, a escola tem desafios a percorrer, como investir em habilidades
para solucionar problemas, processar informações, tomar decisões, trabalhar em
equipe e, principalmente, lidar com emoções.
Desde o final do século XX, temos percebido que a velocidade com que as in-
formações chegam até nós é, absurdamente, rápida. As transformações são, cada
vez mais, acentuadas, a cada dia que passa, bilhões de informações são disseminadas
no mundo da tecnologia e, com a mesma velocidade, elas são esquecidas. A Era da
Informação é algo que chega a todos de maneira rápida e precisa. No entanto ela
deixa lacunas as quais precisamos nos atentar. E onde fica o conhecimento?
Para Abed (2014), as transformações que ocorrem, na sociedade, afetam o ser
humano e, também, a forma como ele se relaciona com as suas necessidades sociais.
Por isso, a sociedade, cada vez mais, busca respostas da escola em relação ao preparo
das crianças para enfrentar uma sociedade que está em constante movimento.
Na área das ciências humanas, o paradigma científico que contribui com as
reflexões a respeito do que estamos falando é a pós-modernidade, que tem ques-
tionado as questões que envolvem a ciência moderna. Para Kincheloe (1997), o
nascimento da ciência moderna acontece com o rompimento da chamada “Era
das Trevas”. Essa ciência trouxe luz para um momento em que a Igreja Católica
negava e escondia o saber científico e as descobertas realizadas por grandes no-
mes, como Leonardo Da Vinci.
A Igreja Católica pregava que a única verdade existente era aquela encontra-
da na Bíblia, e isso era disseminado como algo absoluto e incontestável. E, por
longos anos, muitas pessoas viram seus experimentos serem negados, tanto que
um movimento científico nasceu com a necessidade de garantir verdades que
possibilitariam o conhecimento a ser disseminado pelo mundo. E, nesse apogeu
de verdades, a sociedade foi se transformando até chegar ao período Iluminista.
A integração entre diferentes perspectivas teóricas do desenvolvimento
humano e aprendizagem contribuem para sabermos como isso se desenvolve.
A primeira perspectiva é de Jean Piaget (1896-1980). Este foi um estudioso da
epistemologia genética, ele propunha que a construção do conhecimento ocorre
a partir das interações entre sujeitos ativos e o meio em que está inserido, e isso
ocorre por meio de desequilíbrios e novos equilíbrios.
A visão interacionista proposta por Piaget quebra com a dicotomia entre
sujeito e objeto e passa a dar mais ênfase nas relações dinâmicas entre os aspectos
ligados ao sujeito e aos estímulos do ambiente que o cerca. E, a partir disso, a escola
83
deixa de ser o principal transmissor de conhecimento e assume o papel de um espaço
UNIDADE 3
que permite a interação entre sujeito e objeto. Logo, o professor deixa de ser o detentor
do conhecimento para ser o mediador de situações significativas para os alunos.
explorando Ideias
Piaget, em sua abordagem interacionista, propõe quatro fatores importantes para o de-
senvolvimento cognitivo do ser humano: maturação, experiência ativa, interação social e
equilibração.
Fonte: a autora.
Piaget aborda que a questão interacionista está ligada aos fatores orgânicos, à heredi-
tariedade e ao desenvolvimento biológico do ser humano, e esses elementos, juntos,
retratam o que ele denominou de maturação. Esta permite a construção de estruturas
cognitivas já que é por meio dela que é dado o momento de desenvolvimento da criança.
“
[...] a maturação (fatores herdados) coloca amplas restrições ao de-
senvolvimento cognitivo. Estas restrições mudam à medida que a
maturação progride. A realização do “potencial” subentendido por
estas restrições, a qualquer ponto do desenvolvimento, depende as
ações da criança sobre o seu meio (WADSWORTH, 1997, p. 20).
Dessa maneira, sabemos que a interação social acontece como uma forma de
intercâmbio e troca de experiências entre as pessoas, e ela é, extremamente, im-
portante para o desenvolvimento de conhecimentos sociais. Logo, entendemos
que a interação social é fundamental para que ocorra os desequilíbrios necessá-
rios e que contribuem para o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas.
Nesse sentido, diversas perspectivas filosóficas contribuem para entendermos
o que é o conceito de habilidades e competências sociocognitivas. Além de nos
auxiliar no entendimento, contribui para estabelecermos sentido daquilo que
vemos na teoria com o entorno sociocultural de nossa prática cotidiana.
Os pressupostos filosóficos de que a linguagem teria alguma representativi-
dade, nas estruturas lógicas, que a nossa mente constrói advém desde o século
XIX. E, a partir desse momento, compreendeu-se que a linguagem faz parte de
uma das estruturas fixas e universais que há em nossa mente, que, em muitos
momentos, extrapola a nossa própria linguística.
As mudanças estruturais que ocorreram no âmbito da tecnologia e da socie-
dade, no século XX, também, trouxeram mudanças na concepção das compe-
tências. Isso porque era necessário definir como que o processo de aprendiza-
gem acontecia, já que ficou comprovado que o homem não é uma “tábula rasa”,
pois este ressignifica suas experiências ao longo de sua vida. Nesse sentido, o
estruturalismo linguístico americano, por exemplo, ressaltou que o behavioris-
mo possibilitaria adquirir respostas de como acontece o desenvolvimento das
competências e habilidades.
CONHECIMENTO TREINAMENTO
HABILIDADES 85
Os defensores da inserção do desenvolvimento das habilidades e competên-
UNIDADE 3
“
[...] desempenham um papel importante quando indivíduos traba-
lham em equipe, atingem metas e lidam com emoções. E são impor-
tantes em todos os estágios da vida. Por exemplo, controlar emoções
pode contribuir para evitar que crianças interrompam a aula ou
percam um amigo. A mesma competência pode ajudar a impedir
que um adolescente abandone a escola, use drogas ou pratique sexo
desprotegido. Estudos empíricos sugerem que conscienciosidade,
sociabilidade e estabilidade emocional estão entre as mais impor-
tantes competências socioemocionais cujo desenvolvimento bene-
ficiaria crianças, jovens e sociedades em geral (OECD, 2014, p. 3).
I. Dominar linguagens
dominar a norma culta da língua por- 01-06 anos de idade
tuguesa e fazer uso das linguagens 11-14 anos de idade
matemática, artística e científica.
86
Competências Habilidades (idade)
UNICESUMAR
II. Compreender fenômenos,
construir e aplicar conceitos das
várias áreas do conhecimento para 01 ano de idade
compreensão de fenômenos natu- 07-18 anos de idade
rais, de processos histórico-geográ- 20-21 anos de idade
ficos, da produção tecnológica e das
manifestações artísticas.
IV.Construir argumentações e
relacionar informações, representa-
03 anos de idade
das em diferentes formas, e conhe-
06 anos de idade
cimento disponíveis em situações
13-21 anos de idade
concretas para construir argumenta-
ção consistente.
V. Elaborar propostas e
recorrer aos conhecimentos desen-
volvidos na escola para a elaboração
de propostas de intervenção soli- 03-21 anos de idade
dária na realidade, respeitando os
valores humanos e considerando a
diversidade sociocultural.
Quadro 1 - Matriz de Competências e Habilidades Cognitivas / Fonte: adaptado de INEP (1999).
87
21 habilidades que consistem em: utilizar recursos naturais; conhecer os pro-
UNIDADE 3
explorando Ideias
O termo cognitivo vem do latim e significa conhecer. O conceito de cognição tem sido
construído com base em um conjunto de elementos obtidos desde simples observações
de comportamento até inferências sobre os mais altos níveis de raciocínio humano.
Fonte: Ranhel (2011).
Este processo tem sido classificado dentro de três correntes teóricas: a psicométrica,
a desenvolvimentista e a abordagem do processamento humano da informação. Es-
sas correntes teóricas são o que sustentam a questão da competência sociocognitiva.
PSICOMÉTRICA
A abordagem psicométrica visa definir a questão da inteligência e sua forma
de organização. Para os teóricos, como Almeida (1988), ela se torna vulnerá-
vel às críticas de que, somente, investiga-se as diferenças individuais, e não a
questão do processo cognitivo.
DESENVOLVIMENTISTA
Esta teoria, baseada nas perspectivas de Piaget e Vygotsky, busca definir, na
verdade, as estruturas da inteligência e sua dinâmica no desenvolvimento do
homem bem como busca mostrar os avanços também, pois descreve como
acontece o processo cognitivo e os relaciona aos diferentes estágios do de-
senvolvimento humano.
88
Dessa forma, o desenvolvimento cognitivo não ocorre de maneira individual, ele
UNICESUMAR
é uma construção coletiva, em que é necessário que haja um mediador, no caso,
o professor, para guiar a direção das habilidades que serão desenvolvidas com
determinados conhecimentos inseridos em sua cultura.
E você pode se perguntar: o que é interação social, professora? De acordo com
Moreira (1999), a interação social ocorre a partir do contato de duas pessoas que
iniciam um debate, e essa comunicação possibilita a cada indivíduo experiências e
conhecimentos. Assim, podemos compreender o desenvolvimento cognitivo como
um estágio do desenvolvimento que acontece pela interação do indivíduo com o
meio social, em que este está inserido, fator que é inerente a todo ser humano.
“
O desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações sociais
em funções mentais. Não é por meio do desenvolvimento cog-
nitivo que o indivíduo se torna capaz de socializar, é na sociali-
zação que se dá o desenvolvimento dos processos mentais supe-
riores (MOREIRA, 1999, p. 110).
89
superiores. Logo, esse processo pode ser considerado interpsicológico e intrap-
UNIDADE 3
“
A função do instrumento é servir como um condutor da influência
humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente;
deve necessariamente levar as mudanças nos objetos. Constitui um
meio pelo qual a atividade humana externa é dirigida para o con-
trole e domínio da natureza. O signo, por outro lado, não modifica
em nada o objeto da operação psicológica. Constitui um meio da
atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo: o
signo é orientado internamente. Essas atividades são tão diferentes
uma da outra, que a natureza dos meios por elas utilizados não ser
a mesma (VYGOTSKY, 1998, p. 72).
Promoção da responsabilidade
ao fazer a tarefa
UNICESUMAR
cimento, são, extremamente, necessárias, pois, sem o auxílio, o conhecimento,
dificilmente, seria construído. Isso porque a ajuda (andaime) deve ser retirada à
medida que o indivíduo assume autonomia e controle sobre a sua aprendizagem.
A ideia de andaime para a construção da aprendizagem tornou-se proposta de
metodologia didática. É um modelo delineado para ensinar aos alunos estratégias
básicas para desenvolver competências educacionais. A partir desse momento, o alu-
no pode tornar-se condutor das discussões que são desenvolvidas em sala de aula, e,
com as intervenções, o professor tornar-se mediador do processo de aprendizagem.
As competências cognitivas detêm conceitos psicológicos que estão aliados
ao comportamento do homem, em três momentos: 1. O comportamento humano
emana do cérebro; 2. O córtex cerebral controla as funções específicas da ação
humana, pois o cérebro não é um órgão único, mas dividido em regiões; e 3. As
funções mentais se desenvolvem, por meio do uso do nosso cérebro, que é um
músculo que cresce com exercícios (KANDEL, 2003).
Movimentos
oculares Motricidade
Atenção Planejamento motor
visuospacial Sensações corporais
Antecipação
Raciocínio Atenção visuospacial
figurativo e
analítico Raciocínio analítico
Memória
operacional Aproximações
espacial matemáticas
Atenção
Julgamento visuospacial
moral
Memória Visão
operacional Audição
Dor analítica
de objetos Compreensão
linguística Percepção de
Cálculos
matemáticos velocidade
2
FORMULAÇÃO DE
MATRIZES
de Competências
UNICESUMAR
para que todos nós possamos contribuir com o progresso social e econômico
do nosso país. As competências cognitivas e socioemocionais são consideradas
como questão de persistência, responsabilidade, cooperação e resiliência. Não
podemos negar que elas têm sido, cada vez mais, importantes para obtermos
bons resultados nas diversas áreas de nossa vida bem como conquistar bem-estar
individual e coletivo.
Não é novidade para os educadores que é importante aos estudantes torna-
rem-se, cada vez mais, focados e confiantes no processo de aprendizagem, pois
isso permite que aprendam mais, tornem-se mais persistentes e resilientes e se
comprometam com o processo de aprendizagem ao longo da vida. Carvalho
(2015) afirma que a questão da aprendizagem dos conteúdos curriculares não
relaciona, apenas, às competências ligadas ao raciocínio e à linguagem, é preciso
envolver, nesse processo, motivação, emoção e criatividade, pois essas competên-
cias permitem modificar todas as formas tradicionais do pensamento.
O desenvolvimento socioemocional para o aprendizado é, extremamente,
importante. Assim, podemos dizer que as competências socioemocionais são
variadas em amplas abordagens, e estas visam desenvolver qualidades que per-
mitam os indivíduos a sobreviverem, prosperarem e abrangerem questões, como:
otimismo, coragem, habilidades interpessoais, perseverança, responsabilidade e
altruísmo (SELIGMAN; CSIKSZENTMIHALYI, 2000). E, com as transformações
sociais, que têm acontecido ao longo dos últimos anos, temos verificado novos
paradigmas pedagógicos que contribuem para mudanças nas políticas educacio-
nais e no papel dos educandos (BEHRENS, 2007).
Para construir matrizes de competências, é preciso, primeiramente, romper com
as práticas tradicionais da educação, afinal de contas, o educando não é mais aquele
que aceitava tudo, passivamente. Vivemos um momento em que os indivíduos são,
cada vez mais, ativos em sua aprendizagem, já que têm acesso a informações de
modo rápido, por meio de seus smartphones. Esse processo de mudanças sociais e
educativas acontece em um momento que a sociedade tem se transformado para
ampliar a fusão de ideais que superem aquela visão tradicionalista. E, sob este as-
pecto, temos a influência da epistemologia genética, advinda de Piaget e, a partir
deste fundamento, Emília Ferreiro, sua pupila, que desenvolveu o Construtivismo.
As preocupações de Ferreiro (1985) estreitavam-se com a questão da compe-
tência em crianças e como isso poderia interferir na aprendizagem. A autora ela-
borou hipóteses que lhe permitiam reconhecer os intercâmbios entre linguagem e
93
escrita. Ferreiro (1985) buscava delimitar a universalização do processo de ensino
UNIDADE 3
explorando Ideias
Para que uma proposta construtivista possa se realizar em sala de aula, o professor pre-
cisa ser tão ativo quanto seus alunos, tão criativo quanto eles, deve estar tão interessa-
do em ajudá-los quanto eles em aprender coisas novas. Os professores que começam a
entender a alfabetização como um processo falam menos e escutam mais, e escutar é,
infinitamente, mais importante do que falar.
Fonte: Ferreiro (1985).
UNICESUMAR
poder, pois a língua escrita, em nosso sistema simbólico, está articulada por sinais
gráficos (SILVA, 2017).
Assim, a pedagogia das competências surge para contribuir com os recursos
cognitivos que se apresentam em forma de saberes, capacidades e habilidades
(GENTILE, 2000). Portanto, as competências cognitivas e socioemocionais de-
vem ser entendidas como potenciais a serem desenvolvidos em um contexto
de relações sociais, que contribuirão para o desenvolvimento social, cultural,
econômico e político de uma sociedade. Por isso, a questão da aprendizagem tor-
na-se um denominador comum para o desenvolvimento das competências, pois
inclui a informação verbal, as habilidades intelectuais, as estratégias cognitivas, as
atitudes e as habilidades motoras. E são esses elementos que contribuirão para a
formulação de diretrizes e parâmetros curriculares (GAGNÉ, 1976).
Salientamos que a teoria curricular, nesse processo, é construída com base
na pluralidade de linguagens e discursos bem como envolve, nesse momento, as
relações sociais, as ações e as questões práticas (KEMMIS, 1998). Assim, aluno
(a), é necessário que você inclua, em seus compromissos de aprendizagem, um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que possam lhe assegurar a
construção de conhecimentos científicos, técnicos, profissionais e pessoais. Lem-
brando que essa ação, além de ser mediada e incentivada por professores ao longo
do seu curso, deve ser uma cobrança advinda dos educandos já que, em muitos
momentos, perde-se de vista essa questão da interdisciplinaridade e o desenvol-
vimento das competências em cada componente curricular.
É compromisso dos cursos de Licenciatura e das Universidades/Faculdades
incentivar o comprometimento com a cultura e com a responsabilidades social,
de maneira crítica e autônoma (CASTANHEIRAS; CERONI, 2008).
Por isso, é imprescindível considerar a avaliação da aprendizagem como parte
integrante do desenvolvimento do processo educativo e da construção de compe-
tências, uma vez que os instrumentos avaliativos precisam estar em consonância
com as políticas educacionais e as propostas pedagógicas dos cursos de gradua-
ção; assim, a principal finalidade dessa avaliação é aferir se as competências cog-
nitivas e socioemocionais foram aferidas no momento do ensino.
“
A avaliação deve, então, servir de orientação para que o professor
possa realizar os ajustes necessários ao seu fazer didático de ma-
neira a transformar as dificuldades em momentos de aprendiza-
95
gem para seus alunos. Nessa perspectiva, a avaliação torna-se um
UNIDADE 3
pensando juntos
Você procura saber se em seu curso as avaliações que são aplicadas contribuem para sua
formação enquanto profissional apto para solucionar problemas, ou são somente para
atribuir nota e fazer você, estudante, avançar em seus estudos?
“
[...] competências são traduzidas em domínios práticos das situações
cotidianas que necessariamente passam compreensão da ação em-
preendida e do uso a que essa ação se destina. Já as habilidades são
representadas pelas ações em si, ou seja, pelas ações determinadas
pelas competências de forma concreta” (PERRENOUD, 1999, p. 152).
UNICESUMAR
vimento das competências, sendo, a partir dela, que podemos coletar informa-
ções que contribuam na melhoria do ensino e da aprendizagem dos educandos.
Para o(a) aluno (a), a avaliação servirá como bússola para que o professor se,
mantenha fiel na rota estabelecida no plano de ensino da disciplina.
Logo, as competências e as habilidades tornam-se as mediadoras do processo de
ensino e aprendizagem, contribuindo para os diagnósticos não somente das dificul-
dades referentes aos conteúdos que os educandos enfrentam, mas também daquelas
que dizem respeito ao processo de interpretação de situações-problema e da aplicação
de conteúdos no âmbito da avaliação, gestão e tomada de decisões (SILVA, 2017).
As transformações sociais, políticas, econômicas, tecnológicas e culturais, ao
longo das décadas, promoveram uma série de mudanças no processo de ensino
e de aprendizagem. Os novos desafios que envolvem a formação de indivíduos
competentes estão atrelados ao quadro teórico de uma educação voltada para o
século XXI, assentada nos pilares para a educação: Aprender a Conhecer, Apren-
der a Fazer, Aprender a Ser e Aprender a Conviver.
Esses pilares proliferam iniciativas para que possamos desenvolver compe-
tências que nos auxiliem a alcançar o sucesso pessoal e profissional. Logo, o uso
dos pilares, no processo de ensino e aprendizagem, permite que novas formas
de interação e produção do conhecimento sejam construídas, e mais, faz com
que tanto alunos quanto professores desenvolvam habilidades de construir seus
conhecimentos com base nas necessidades do mundo pós-moderno.
Segue um quadro que resume as principais competências globais para o sé-
culo XXI, veja a seguir:
Formas de
Pensar
Aprendizado e 1. criatividade e
inventividade inovação
1. criatividade e 2. pensamento
inovação crítico, resolução 1. aprender a
2. pensamento de problemas aprender
crítico e resolu- e tomada de
ção de proble- decisão
mas 3. aprender a
aprender e me-
tacognição
97
Interagir com
UNIDADE 3
grupos hetero-
Formas de Tra- gêneos
2. comunicação
balhar 1. relacionar-se
na língua nativa
3. comunicação 4. comunicação com os outros
3. comunica-
e colaboração 5. colaboração 2. trabalho
ção em língua
6. trabalho em cooperativo em
estrangeira
equipe equipe
3. arbitrar e
resolver conflitos
Usar ferramen-
Informação, tas, interativa-
Mídia e Co- mente
Ferramentas 4. competência
nhecimento 4. usar textos
para o traba- matemática e
Tecnológico e símbolos de
lho competência bá-
7. alfabetização linguagem inte-
6. alfabetização sica em ciência e
informacional rativa
informacional tecnologia
8. alfabetização 5. usar conheci-
7. alfabetização 5. competência
em mídia mento e infor-
tecnológica digital
9. alfabetização mação interativa
tecnológica 6. usar tecnolo-
gia interativa
Talentos para
a carreira e
Agir de forma
para a vida
autônoma
10. flexibilidade
7. agir conside-
e adaptabilidade 6. competência
rando o contex-
11. iniciativa e Viver no Mun- cívica e social
to mais amplo
autodetermina- do 7. senso de
8. formar e con-
ção 8. cidadania iniciativa e em-
duzir os planos
12. habilidade 9. carreira e vida preendedorismo
de vida e proje-
social e multicul- 10. responsabi- 8. consciência,
tos pessoais
tural lidade pessoal e sensibilidade
9. defender e
13. produtivi- social e expressão
afirmar direi-
dade e prestar cultural
tos, interesses,
satisfação
limites e necessi-
14. liderança e
dades.
responsabilida-
de
Quadro 2 - Panorama das competências para o século XXI / Fonte: Santos e Primi (2014, p. 15).
98
O quadro demonstra que as competências listadas estão, diretamente, ligadas
UNICESUMAR
com as chamadas soft skills (HEFFRON, 1997), bem como o conceito de capi-
tal social (PUTNAM, 1995). Compreendemos que esses conceitos abrangem as
capacidades sensíveis a experiências no processo de relações humanas. Outra
evidência são as características socioemocionais sobre as relações e a vida pessoal
dos indivíduos. De acordo com Santos e Primi (2014), há um consenso sobre
a análise da personalidade humana, já que esta é constituída por cinco fatores,
conhecidos como Big Five: abertura de novas experiências, extroversão, amabi-
lidade, conscienciosidade e estabilidade emocional. Sabemos que há a utilização
de escalas, matrizes e testes para medir os aspectos que envolvem as competências
socioemocionais, que se relaciona com o domínio do Big Five.
explorando Ideias
O pioneirismo da teoria Big Five é atribuído a Gordon Allport e colegas, em meados dos
anos 30, influenciados pela hipótese léxica de Francis Galton, segundo a qual as dife-
renças individuais mais importantes deveriam estar presentes na linguagem cotidiana. A
partir dos anos 60, com grandes amostras provenientes da aplicação de diversos testes
de personalidade e reanálises dos estudos de Cattell, diversos autores encontraram que
cinco fatores principais explicavam a maior parte da variação existente nos testes.
Fonte: Santos e Primi (2014, p. 17).
Atributos
Descrição Atributos
de tempe-
Atributo no dicioná- Facetas relaciona-
ramento na
rio dos
infância
99
Atributos
UNIDADE 3
Descrição Atributos
de tempe-
Atributo no dicioná- Facetas relaciona-
ramento na
rio dos
infância
firmeza de
caráter, per-
severança, atenção,
Eficiente,
postergar, concentra-
organizado,
Tendência recompensa, ção, em-
não espe-
a ser or- controle de penho em
Consciencio- ra ajuda,
ganizado, impulsos, controlar
sidade batalha por
esforçado e planejar e atitudes,
objetivos,
responsável batalhar por controle de
disciplina,
objetivos, impulsos,
deliberação
ambição persistência
e ética no
trabalho
orientação
Dominância
de inte-
social
resses e
amigável, vitalidade
energia
sociável, au- social
em direção
toconfiante, timidez
ao mundo
Extroversão energético, atividade
externo e
aventureiro, emotividade
pessoas
entusiasma- positiva
e coisas
do sociabilidade
(ao invés
busca de
do mundo
sensações
interno)
100
Atributos
UNICESUMAR
Descrição Atributos
de tempe-
Atributo no dicioná- Facetas relaciona-
ramento na
rio dos
infância
Previsibi-
Ansiedade
lidade e
Hostilidade Medo
consistência Lócus De
Depressão Timidez
Estabilidade de reações Controle
Tímido Irritabilidade
emocional emocionais, Autoestima
Impulsivida- Frustração
sem mudan- Autoeficácia
de Tristeza
ças bruscas
Otimismo
de humor
Quadro 3 - Domínios de Personalidade e Facetas / Fonte: Santos e Primi (2014, p. 18).
O domínio destes pressupostos do Big Five permite que o indivíduo se abra para
novas experiências, esteja aberto a novas experiências estéticas, culturais e inte-
lectuais. Dominar esses elementos é o primeiro passo para o desenvolvimento das
competências cognitivas, e a escola tem papel fundamental no desenvolvimento
socioemocional, aliada aos professores, deve-se buscar o sucesso individual e
coletivo, por meio do desenvolvimento de competências socioemocionais.
101
3
O DESENVOLVIMENTO DAS
UNIDADE 3
COMPETÊNCIAS
Socioemocionais em Sala de
Aula
UNICESUMAR
corpo para diferentes tipos de resposta, como: raiva, medo, felicidade, amor, sur-
presa, repugnância e tristeza. Essas tendências, que são, totalmente, biológicas,
são, cada vez mais, moldadas pelas experiências que vamos adquirindo ao longo
da vida e pela cultura. A evolução humana fez com que as forças emocionais se
formassem de acordo com a realidade mais dura com que os seres humanos
viviam. E, com a evolução do nosso cérebro, antigos centros de emoção torna-
ram-se, suficientemente, grandes para melhorar nosso cérebro. Nesse sentido, a
questão da personalidade foi sendo incorporada a cinco grandes domínios, como:
conscienciosidade, estabilidade emocional, amabilidade, extroversão e aberturas
a novas experiências (GOLEMAN, 1996).
Assim, o debate sobre as competências socioemocionais vai ganhando estru-
turas conceituais que permitem serem desenvolvidas em sala de aula, e sua ênfase
é dada no processo de soluções de problemas. As competências e habilidades
sociais e emocionais precisam ser desenvolvidas não somente na escola, mas
também em todas as áreas da vida, logo, sabemos que as competências podem ser
aprendidas da mesma maneira que saber ler e escrever, pois “[...] educar o coração
é tão importante como educar a mente” (UNESCO, 1996, p. 13).
Educar-se, emocionalmente, é uma forma de se desenvolver para o mundo
e para a vida pessoal. Esse processo pode acontecer de maneira sistemática, no
âmbito da escola; logo, criar um ambiente que propicie o aprendizado é um dos
elementos centrais desta. Esse ambiente precisa ser seguro, respeitoso, solitário
e bem gerenciado, “[...] bem como a consideração de que trabalho conjunto da
escola, pais e sociedade tem um papel significativo no desenvolvimento e na ges-
tão correta das emoções e relações” (WILLEMSENS, 2016, p. 35). Assim, educar
para as competências do século XXI tem atribuições como:
1. Compreender quais competências socioemocionais são im-
portantes;
2. Compreender seus mecanismos de formação e desenvolver
melhores práticas para promovê-las;
3. Medir competências socioemocionais e melhorar políticas
públicas e contextos de aprendizagem;
4. Desenvolver estratégias para garantir uma abordagem plena
e coerente para o desenvolvimento de competências (WIL-
LENSEN, 2016, p. 35).
103
Essas atribuições contribuem para a evolução das competências socioemocionais
UNIDADE 3
em crianças e adolescentes.
explorando Ideias
Organizações nacionais, como Fundação Lemann, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal,
Instituto Unibanco, Fundação Itaú Social, dentre outros, têm promovido estudos a respei-
to das competências e habilidades.
Fonte: autora.
“
As habilidades são multidimensionais e, apesar de sofrerem in-
fluências por parte de questões genéticas e ambientais, podem ser
adquiridas. Sua formação segue um processo dinâmico onde as
competências adquiridas em um estágio do ciclo de vida afetam
a produtividade de aprendizagem de outras na próxima fase. Esse
processo de formação é mais eficaz quando começa em uma idade
jovem e continua ao longo da vida (HECKMAN, 2000, p. 40).
UNICESUMAR
assim, “[...] tudo começa na triangulação do primeiro olhar” (PAÍN, 1998, p. 28).
Logo, as competências socioemocionais constroem saberes que visam atender
às demandas da sociedade pós-moderna, tendo em vista que se busca resgatar a
complexidade do processo de ensino-aprendizagem.
pensando juntos
105
Assim, em sala de aula, é preciso desenvolver princípios motivacionais de per-
UNIDADE 3
1. Neuroticismo
2. Conscienciosidade
3. Abertura
4. Amabilidade
5. Extroversão
6. Abertura para experiências
7. Introversão
8. Externalização
9. Autoestima
10. Autoimagem
Quadro 4 - Dez fatores para desenvolver as competências em sala de aula / Fonte: a autora.
UNICESUMAR
cípio de formar indivíduos com qualidades e competências para que estes possam
se inserir em um mercado de trabalho competitivo, no qual possam exercer sua
cidadania. Portanto, o docente precisa realizar atividades, como: planejamento,
capacitação, desenvolvimento, gestão da carreira e avaliação dos resultados.
Identificação de competências
Identificar novas competências Identificar competências atuais
Captação Desenvolvimento
(Recrutamento e Seleção) (Treinamento e Gestão de Carreira)
108
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Em suma, consideramos que o desenvolvimento das competências socioemocionais
precisa iniciar desde a mais tenra idade, e todos os entes que participam da formação
cidadã e humana dos indivíduos devem bolar estratégias para que as competências
sejam desenvolvidas. Ressaltamos, ainda, que a escola tem papel fundamental nesse
processo, assim, a partir do momento que elabora planos pedagógicos de acordo com
as competências, contribui para uma formação que será ao longo da vida. E mais,
quando os planejamentos são bem elaborados, permitem que os alunos(as) tenham
uma visão mais clara do desenvolvimento, da formação e da aprendizagem.
Esse processo permite, também, que haja o desenvolvimento das principais
competências ao longo da vida. Considere que delimitar um perfil do sujeito
que se quer formar é contribuir para a sua formação profissional, pessoal e de
relacionamentos. Assim, o sujeito conseguirá contribuir em seu trabalho e nos
relacionamentos que for desenvolvendo ao longo de sua vida. A falta de detalha-
mento das competências, no âmbito do planejamento do professor, dificulta a
aprendizagem e o desenvolvimento desta.
Portanto, aluno(a), busque sempre conversar com seu professor sobre as pos-
síveis competências a serem desenvolvidas, este diálogo permite que você seja o
principal interlocutor de sua aprendizagem, além disso, esse cruzamento de ideais
e formação fará com que entenda o que é exigido para o mercado de trabalho e
para obter um ótimo networking.
109
na prática
110
na prática
3. Nas afirmativas a seguir, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) quanto à Gestão das
Competências:
a) V, V e F.
b) F, F e V.
c) V, V e V.
d) F, F e F.
e) V, F e V.
a) A Uma forma de moldar o comportamento a partir das causas vividas pelo in-
divíduo.
b) Aos estímulos que aumentam a partir de respostas concernentes ao compor-
tamento.
c) Ao comportamento que deve ser positivo ou negativo.
d) Ao comportamento que é fortalecido pelos acontecimentos.
e) Ao comportamento que deve ser controlado por seus antecedentes.
111
aprimore-se
112
aprimore-se
Uma taxonomia conhecida por seus impactos nas práticas educacionais e de treina-
mento é a Taxonomia de Bloom que define seis níveis a serem alcançados para a aqui-
sição de comportamentos e de competências por parte do educando. Bloom criou uma
divisão de objetivos educacionais em três partes: cognitiva, afetiva e psicomotora. Os
processos caracterizados pela taxonomia representam resultados de aprendizagem,
ou seja, cada categoria taxonômica representa o que o indivíduo aprende não aquilo
que ele já sabe, assimilado do seu contexto familiar ou cultural (BLOOM, 1956).
O conceito de taxonomia tem se tornado, ainda mais, importante nos tempos
atuais, na medida em que o volume de informações cresce de forma exponencial e
os usuários adquirem um papel essencial tanto na produção, como na categoriza-
ção e uso de informações. A importância da taxonomia para informações não estru-
turadas (intranet, sites, e-mails, documentos Office etc.) é apontada por alguns es-
pecialistas como equivalente à importância que os bancos de dados tiveram para as
informações tabulares. O verdadeiro teste de qualquer taxonomia é a eficiência que
ela fornece para o grupo de usuários para o qual foi projetada. O ideal é que tanto
as pessoas da área como as externas não necessitem de ajuda para compreender
como um determinado campo do conhecimento é organizado e se relaciona com
outros campos do conhecimento.
Fonte: Marques, Brandão e Gonçalves (2005).
113
eu recomendo!
livro
Competências Socioemocionais
Autor: Revista Nova Escola
Editora: Nova Escola/Abril
Sinopse: as CSE compõem um modelo teórico vindo do campo
da psicologia. Elas são utilizadas por entidades brasileiras e es-
trangeiras para estudar como aspectos da personalidade podem
influenciar no processo de ensino e aprendizagem.
114
4
DESENVOLVENDO
COMPETÊNCIAS
para a Educação do Século XXI
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O desenvolvimento de compe-
tências socioemocionais: um caminho de sucesso escolar • Práticas Pedagógicas para desenvolver as
competências socioemocionais • Experiências exitosas da participação e convivência social.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar os mecanismos que contribuem para o desenvolvimento das competências socioemocio-
nais • Explicar as práticas pedagógicas que contribuem para o desenvolvimento das competências •
Apresentar as experiências exitosas de participação no desenvolvimento de competências socioemo-
cionais.
INTRODUÇÃO
UNICESUMAR
COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS:
Um Caminho de Sucesso
Escolar
explorando Ideias
pensando juntos
UNICESUMAR
é modificar os paradigmas teóricos, criando novos alicerces teórico-metodoló-
gicos para que cheguem até a escola e seus funcionários. Faz-se cada vez mais
urgente modificar a atuação dos funcionários da escola, já que a grande maioria
deles continua preparando os alunos a partir de uma visão conteudista, somen-
te visando ao vestibular, esquecendo-se de que esse sujeito será articulador de
relações sociais e cidadania.
Compreendemos que “[...] transformar o espaço escolar não é uma opção;
é uma consequência inevitável do efeito dominó em que estamos inseridos”
(ABED, 2014, p. 7). No entanto, estudante, não se trata de descuidar dos con-
teúdos curriculares a serem ensinados em sala de aula (que são extremamente
importantes para a sua formação), mas é imprescindível resgatar os aspectos que
formam o homem cidadão, altruísta e empreendedor.
“
Integrar é’ tornar inteiro, completar”, é re-unir (unir de novo) o que
na realidade nunca foi separado, foi apenas pensado em separado.
Tornar inteiro é resgatar a unicidade, recompor as células, restituir
o ser (ABED, 1996, p. 6).
É necessário considerar que todos os indivíduos que estão dentro da escola são
seres que têm emoções e estabelecem vínculos entre si e com as demais pessoas
de seu círculo pessoal, utilizando-se de conhecimentos para se aproximar das
pessoas. Portanto, desenvolver e aprimorar as competências e habilidades socioe-
mocionais nas ações pedagógicas da escola é considerar que os indivíduos que
dela fazem parte integram uma sociedade cada vez mais exigente.
Outro movimento que tem modificado a integração escolar às competên-
cias são as concepções de homem, ensino e aprendizagem. A mudança desses
conceitos tem reorganizado os papéis e as responsabilidades dos indivíduos que
fazem a escola funcionar, como o professor e o aluno. Quando há mudanças
nas teorias que tratam de abordagens maturacionistas, é possível notar que elas
coadunam com o paradigma de uma educação voltada para o desenvolvimento
das competências socioemocionais. Para Abed (2014, p. 11) os paradigmas “[...]
concebem o humano como resultante de um processo contínuo de construção,
desconstrução e reconstrução nas e pelas interações sociais”. Por isso, a todo
instante, o professor e o aluno encontram-se e transformam uma simples aula
em objeto de conhecimento.
119
UNIDADE 4
“
A integração entre diferentes perspectivas teóricas é um movimento
condizente e justificado pelo paradigma pós-moderno, desde que os
pressupostos gnosiológicos, epistemológicos e ontológicos estejam
alinhados, ou seja, desde que os autores compartilhem e/ou harmo-
nizem elementos essenciais em suas visões de mundo, de homem,
de conhecimento, de processo ensino-aprendizagem. O referencial
psicopedagógico foi propositalmente escolhido como ‘agulha’ para
costurar as contribuições dos diferentes autores em torno do de-
senvolvimento humano e da aprendizagem por ser uma construção
que, em suas bases, pretende construir uma compreensão integrada
120
dos fenômenos relacionados ao ensinar e ao aprender, a partir do
UNICESUMAR
transitar entre suas diferentes dimensões (ABED, 2014, p. 54).
“
Os Big Five são constructos latentes obtidos por análise fatorial
realizada sobre respostas de amplos questionários com pergun-
tas diversificadas sobre comportamentos representativos de todas
as características de personalidade que um indivíduo poderia ter.
Quando aplicados a pessoas de diferentes culturas e em diferen-
tes momentos no tempo, esses questionários demonstraram ter a
mesma estrutura fatorial latente, dando origem à hipótese de que
os traços de personalidade dos seres humanos se agrupariam efeti-
vamente em torno de cinco grandes domínios (SANTOS; PRIMI,
2014 apud ABED, 2014, p. 114).
Domínio Conceituação
121
Domínio Conceituação
UNIDADE 4
Ao observar o quadro apresentado, veja que as iniciais das palavras que com-
põem as cinco categorias do Big Five formam a palavra OCEAN. Essa palavra
em inglês, ao ser traduzida para o português, significa Oceano, que “[...] é uma
metáfora maravilhosa para as habilidades socioemocionais: imensidão, profun-
didade, mistério, zonas abissais, às vezes, uma marola reconfortante e calma, às
vezes, um maremoto devastador” (ABED, 2016, p. 16).
O oceano traz relações que permitem compreender o desenvolvimento de habi-
lidades voltadas para o raciocínio lógico e raciocínio lógico-quantitativo bem como
a relação com o desenvolvimento das habilidades socioemocionais: motivação,
estratégia de aprendizagem e resolução colaborativa de problemas. Ao incorporar
esta questão no âmbito escolar verificamos que as avaliações, como são aplicadas,
causam ansiedade e promovem um rendimento muito menor nos alunos.
Precisamos ter consciência de não sobrecarregarmos nossos professores e
alunos, pois o aumento do estresse faz com que os indivíduos não alcancem um
desenvolvimento satisfatório. Outro fator é que a família precisa estar envolvida
no processo de desenvolvimento das competências e habilidades, o fortalecimen-
to permite que o indivíduo cresça e se desenvolva de maneira plena.
Precisa ficar claro que “[...] o trabalho pedagógico com vistas ao desenvol-
vimento socioemocional não deve ser considerado como ‘mais uma tarefa do
professor’, mas sim como um caminho para melhorar as relações interpessoais na
sala de aula e construir um clima favorável à aprendizagem” (ABED, 2014, p. 122).
122
Assim, para desenvolver habilidades e competências socioemocionais na es-
UNICESUMAR
cola, a primeira ação é repensar suas bases filosóficas e teóricas, pois essas bases
sustentam a prática pedagógica dos atores da escola. Mas, para que isso aconteça,
é preciso, também, que os professores mudem suas posturas e busquem forma-
ção continuada. Para que os professores consigam promover as competências
socioemocionais nos alunos, eles precisam ter o apoio dos gestores da escola para
assumir seus papéis enquanto privilegiados da ação pedagógica.
“
(...) o que não é tarefa fácil, nem simples. Afinal, somos ‘seres do
nosso tempo’, a maior parte dos educadores de hoje vivenciou uma
escolarização tradicional, muitas vezes mecânica e esvaziada de sen-
tidos. Ser ‘autor de mudanças’ exige dos professores o desenvolvi-
mento de suas próprias habilidades. Estes, para tanto, precisam que
os gestores da escola cumpram seu papel na valorização, formação
e apoio da equipe docente, ancorados por políticas públicas claras,
consistentes e eficazes (ABED, 2014, p. 8).
Logo, os professores precisam refletir sobre as teorias que utilizam em sala de aula
e os pressupostos metodológicos que utilizam para aplicarem suas aulas. Dessa
maneira, é fundamental que a equipe de gestores promova cursos de formação
contínua e continuada para os docentes, para que estes possam iniciar a trans-
formação em suas práticas e nas ações junto aos alunos.
“
Cada professor deve ser um pesquisador de sua própria realidade,
de seu lugar e de sua função como educador. Um construtor de
“microações”, muitas delas idiossincráticas, que podem e devem ser
compartilhadas para disseminar as práticas bem-sucedidas. (...) as
grandes mudanças somente serão viáveis se ocorrerem micromu-
danças consistentes e bem embasadas, por isso a preocupação com
a explicitação dos paradigmas que direcionam as ações dos pro-
fessores e o suporte teórico e prático para a transformação na sua
postura (ABED, 2014, p. 123).
Regulação e controle do
Auxiliar ao aluno na organização de suas ações.
comportamento
Consciência Nunca desistir dos alunos, crer que todos são capazes.
124
Escolha pela alternativa Incentivar os alunos de maneira que eles se sintam
UNICESUMAR
positiva capazes e não desanimem mediante as adversidades.
“
Conteúdos “vazios” de significado são facilmente esquecidos. Para
que a verdadeira aprendizagem se dê, é preciso que o aluno construa
o seu próprio conhecimento, revestindo-o de sentidos pessoais, o
que por sua vez mobiliza a afetividade tanto do professor como dos
alunos (ABED, 2014 p. 60).
Por isso, faz-se necessário ultrapassar o óbvio, é preciso articular a aprendizagem com
contextos e experiências sociais vividos tanto por professores quanto por alunos.
“
Mediar a transcendência é atuar, de maneira consciente e intencio-
nal, de forma a promover a metacognição do aluno, ou seja, o’pensar
sobre o próprio pensamento’ que faz com que ele reflita sobre como
relacionar aquilo que está sendo estudado no momento com outros
saberes, com outras situações, com outras esferas da vivência hu-
mana (ABED, 2014, p. 61).
Para isso, o professor precisa desenvolver suas competências, pois, somente assim,
haverá sucesso na sala de aula. Além disso, ele precisa ser motivador e ter boa
autoestima como mecanismo de incentivo para seus alunos, ao se portar dessa
maneira e, também, quando passa a favorecer experiências positivas fará com
que tudo o que é ensinado tenha sucesso na sala de aula.
“
(...) é importante que o professor ofereça feedbacks não só em rela-
ção às habilidades cognitivas envolvidas (por exemplo, interpretar
corretamente a tarefa, colher os dados e acionar os conhecimentos
disponíveis necessários à sua execução), mas também às habilida-
des socioemocionais, como a capacidade de controlar a ansiedade,
prestar atenção e concentrar-se na execução (ABED, 2014, p. 62).
125
Outro fator é que o professor precisa contribuir para que o aluno tenha ações
UNIDADE 4
“
Tanto os alunos muito impulsivos, que começam uma atividade
muito rapidamente, sem compreendê-la, quanto os alunos que
paralisam, que ficam sem ação diante da tarefa, precisam tomar
consciência do seu modo de agir para poder planejar com mais
eficiência, de acordo com as características da situação e da tarefa,
os tempos para’parar’, ‘refletir’ e ‘agir’ (ABED, 2014, p. 63).
“
Promover situações de debates e trocas de ideias, em sala de aula,
promove, nos alunos, o desenvolvimento dessas e muitas outras ha-
bilidades de convívio social, além de permitir ao professor ter acesso
à forma de ser dos seus alunos. A maneira como cada um se coloca no
grupo expressa seus conhecimentos, ideias, valores, opiniões, impres-
sões, sentimentos, posicionamentos, dúvidas, inquietações e tantos
outros componentes do seu mundo interno (ABED, 2014, p. 64).
“
O planejamento envolve diversas habilidades cognitivas, como a
análise das condições e recursos disponíveis, a antecipação por meio
de imagens mentais e o levantamento de hipóteses, e também so-
cioemocionais, como motivação, perseverança, autocontrole para
postergar a satisfação de um desejo imediato em prol de um objetivo
maior e resiliência para suportar os percalços do caminho e apren-
der com eles (ABED, 2014, p. 66).
126
Para tanto, o professor precisa contribuir para a criação de metas dos alunos e, ao
UNICESUMAR
contribuir com a elaboração de metas, estes ficam motivados e passam a realizar
estratégias para alcançá-las.
“
Incentivar os alunos a enfrentar o novo (desconhecido) e o com-
plexo (desafiante) estimula a curiosidade intelectual e o prazer pelo
aprender em si mesmo. Implica em desenvolver a humildade e a
aceitação dos próprios limites que, ao invés de paralisar, deveriam
instigar a busca constante de ampliação dos recursos internos e en-
riquecimento pessoal (ABED, 2014, p. 67).
2
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA
DESENVOLVER
as Competências
Socioemocionais
“
Nos últimos vinte anos, houve uma grande fragmentação da ativi-
dade do professor: muitos profissionais fazem mal o seu trabalho,
menos por incompetência e mais por incapacidade de cumprirem,
simultaneamente, um enorme leque de funções. Para além das au-
las, devem desempenhar tarefas de administração, reservar tempo
para programar, avaliar, reciclar-se, orientar os alunos e atender os
pais, organizar atividades várias, assistir a seminários e reuniões
de coordenação, de disciplina ou de ano, porventura mesmo vigiar
edifícios e materiais, recreios e cantinas (MESQUITA, 2011, p. 28).
Assim, ser professor é ser especialista naquilo que faz, não somente em uma
determinada matéria curricular, mas ser especialista no processo de ensino e
aprendizagem, porque “hoje ele não detém o monopólio do saber e novos papéis
[que] se quer que ele desempenhe”, e sobre o professor recai atribuições que antes
não havia.
As mudanças sociais também têm afetado a carreira docente, são transforma-
ções que exigem reformas no processo educativo que é desenvolvido dentro das
escolas. A sociedade tem exigido um professor que gere conhecimentos válidos
para os alunos, de maneira que o aluno saiba solucionar problemas cotidianos na
escola, na família, com os amigos e no trabalho e, principalmente, saiba agir de
maneira eficaz e com ética. Dessa maneira, podemos compreender que há uma
infinidade de papéis atribuídos aos professores, e que suas tarefas não se esgotam
apenas no domínio cognitivo (MESQUITA, 2011).
Para que o professor desempenhe um excelente papel em sala de aula, ele pre-
cisa possuir conhecimento sobre a matéria que lecionará, que são os conhecimen-
128
tos teóricos e, principalmente, que consiga relacioná-lo com as outras disciplinas.
UNICESUMAR
Mediante isso, o professor também deve cuidar de seu equilíbrio psicológico e
afetivo junto aos alunos para que, assim, haja integração social em sala de aula.
Isso quer dizer que o professor é o intérprete ativo das situações que acontecem
em sala de aula, as decisões tomadas por ele permite-lhe ser um profissional que
busque o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais em
sala de aula.
Na sociedade do século XXI, faz-se necessário que haja uma redefinição do pa-
pel do professor, ou seja, é preciso repensar sobre sua profissionalidade, isso implica
decisões, liberdade e delimitar critérios para estabelecer metas e objetivos para a
sua formação, uma formação comprometida com resultados. Como cita Mesquita,
“
a profissionalização inclui um trabalho de elaboração e de elucida-
ção de uma identidade profissional permitindo dar sentido e coe-
rência aos diversos saberes, competências e exigências acumuladas
sempre ao longo da vida”.
Estamos em uma sociedade que vive sempre novos desafios, e isso tem chegado à
profissão docente. Há exigência do desenvolvimento de capacidades, competên-
cias e compromisso com a formação de indivíduos cada vez mais engajados com
a questão da cidadania. O que preocupa na profissão docente é a pouca motivação
que os professores têm mediante seus alunos. Lógico que as mudanças sociais,
legislativas e políticas contribuem para esse movimento, mas é necessário que o
professor também reinvente-se
“
As transformações sociais e as transformações ocorridas a nível do
sistema educativo e da escola exigem, sem dúvida, a construção de
uma nova profissionalidade docente que não seja restrita à sala de
aula, mas se alargue à escola, a todos os parceiros educativos, à co-
munidade envolvente, que requer o confronto entre teoria e prática
e o desejo de formação contínua (ESTRELA, 2001, p. 113-114).
pensando juntos
Algumas pessoas acreditam que a profissão docente faz parte de uma atuação
individualista, em que o profissional somente detém-se àquilo que acontece em
sala de aula. No entanto os professores precisam ter consciência de que o ato de
educar é coletivo, tendo em vista que essa ação está dentro de um contexto social e
histórico, contexto esse em que seu aluno está inserido e adquire hábitos, cultura,
práticas e competências.
Justamente por essa razão é que há três séculos o modo dominante de socia-
lização e de formação nas sociedades modernas (TARDIF; LESSARD, 2011). É
extremamente, relevante discutir essas questões relacionadas à profissão docente,
sobretudo, lembrar que o âmbito escolar está, diretamente, ligado ao progresso de
nossa sociedade, e o avanço da concretização da cidadania para o século XXI. Para
Perrenoud (2001, p. 45) “dos medos precisos ou das angústias difusas, pequenas ou
grandes, presentes na profissão de professor, não se fala, ou se fala muito pouco”.
explorando Ideias
Uma das principais fundamentações internacionais que inspiram esse conceito de Educa-
ção para o Século 21 é o Paradigma do Desenvolvimento Humano, proposto pelo PNUD
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nos anos 1990, que, ao colocar
as pessoas no centro dos processos de desenvolvimento, aponta a educação como opor-
tunidade central para prepará-las para fazer escolhas e transformar em competências o
potencial que trazem consigo
Fonte: IAS (2014, p. 5).
130
Falar de docência é
UNICESUMAR
“
[...] tratar de limites, equívocos, possibilidades e constituição de en-
tidade e estatuto de ética, [...] questões de jornada, remuneração [...]
autonomia e os saberes profissionais, as questões de gênero, entre
outras (GUIMARÃES, 2009, p. 95).
131
Competência Como desenvolver
UNIDADE 4
UNICESUMAR
A maioria dos alunos que não gostam do ambiente es-
colar deve-se à falta de interação que ocorre em sala de
aula. Para isso, podemos destacar alguns pontos impor-
tantes para chamar a atenção do aluno: ter entusiasmo
Envolver os alunos na
pelo que se ensina, realizar reflexões em sala de aula,
aprendizagem
sempre explicar o que é aprendizagem e o que é saber,
organizar a aula em etapas, realizar desafios para os
alunos, parabenizar pelas vitórias e conquistas, chamar
os alunos para participar do processo avaliativo.
133
3
EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DA
PARTICIPAÇÃO
UNIDADE 4
e Convivência Social
E COMUNIDADES
CASA
ESCOLAS
SALAS DE AULA
AUTORREGULAÇÃO AUTOCONHECIMENTO
APRENDIZAGEM
SOCIOEMOCIONAL
TOMADA
CONSCIÊNCIA DE DECISÕES
SOCIAL RESPONSÁVEIS
HABILIDADES DE
CONHECIMENTO
L
CU
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RR
CU
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R CE E P O L Í T I C A S DA E S DE
RIA IDA
S CO O M UN
M A FAMÍLIA E C
UNICESUMAR
socioemocional utilizado em uma escola nos EUA para o desenvolvimento de ha-
bilidades socioemocionais. Esta estratégia utilizada promoveu o sucesso estudan-
til de crianças e jovens no âmbito escolar e profissional. As pesquisas realizadas
nessa escola demonstraram que a aprendizagem socioemocional desenvolvida
a partir deste exemplo melhorou as notas dos alunos, ajudou-os a desenvolver
autorregulação, melhorando a relação entre os indivíduos que compõem a co-
munidade escolar, reduziu conflitos entre os próprios alunos e contribuiu para
a melhoria da disciplina em sala de aula.
Para Colagrossi e Vassimon (2017), o gráfico contribui para encontrar as
principais habilidades socioemocionais que precisam ser desenvolvidas entre
professores e alunos.
• Autoconhecimento - A capacidade de reconhecer as próprias
emoções e pensamentos e como isso influencia o comporta-
mento do sujeito.
• Auto regulação - A capacidade de regular as próprias emo-
ções, pensamentos e comportamentos em diversas situações.
• Relacionamento Pessoal/Habilidades de Relacionamento - A
capacidade de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis
com diversos indivíduos e grupos.
• Consciência Social - A capacidade de assumir a perspectiva
do outro. Demonstrar empatia, incluindo aqueles de diversas
origens e culturas.
• Tomada de Decisões Responsáveis - A capacidade de fazer
escolhas construtivas sobre comportamentos pessoais e intera-
ções sociais baseadas em padrões éticos e normas sociais (CO-
LAGROSSI; VASSIMON, 2017, p. 20).
Controle Recompensa
Inibitório retardada
Resolução
Respeito de problemas
SOCIAL EMOCIONAL
Empatia
Reconhecer
Habilidades emoções
sociais
pensando juntos
O escritor Tough (2017) lembra-nos que nenhum programa ou escola é perfeito, porém
cada intervenção bem-sucedida contém pistas sobre como e por que deu certo. Investi-
gar tais pistas pode fornecer informações que ajudem a todos a encontrar caminhos de
atuação.
136
Assim, o desenvolvimento de competências socioemocionais são fundamentais
UNICESUMAR
para que crianças e adolescentes obtenham sucesso dentro e fora da escola. Para
Ducan et al. (2007), as experiências exitosas em escolas estadunidenses ocorre-
ram, devido ao movimento que os professores realizaram para que as crianças
compreendessem suas próprias emoções, e isso foi desenvolvido por meio de
bons relacionamentos entre alunos e professores, de maneira que o professor
demonstrou empatia pela dor da criança/adolescente.
É sabida a implementação de programas que contribuam para o desenvolvi-
mento de competências e habilidades socioemocionais em escolas, pois apoiam
o desenvolvimento da criança desde a mais tenra idade, ao mesmo tempo que
melhora a performance dos professores (DUNCAN et al., 2007).
As experiências exitosas que acontecem em escolas de Ensino Fundamental
e Médio implementaram programas, como:
1. Professores que ensinam habilidades socioemocionais por
meio de um currículo formal;
2. Melhorias das práticas de sala de aula (baseadas na coer-
cion theory), desta forma fortalecendo o desenvolvimento
das habilidades socioemocionais ao longo do dia escolar.
Este modelo de intervenção, em alguns casos, também pro-
cura desenvolver as habilidades socioemocionais dos próprios
educadores por meio de workshops, capacitação e apoio de
material estruturado;
3. Metodologias que têm como essência desenvolver a inteli-
gência emocional do professor. Desta forma, o professor será
um bom exemplo a ser seguido, o que pode “inspirar” os alu-
nos;
4. Teorias cujos modelos de aprendizagem social baseiam-se
em como as crianças interpretam as pistas sociais e respondem
ao desafio social;
5. Processos cognitivos (cognitive regulation). Estas interven-
ções visam melhorar uma habilidade socioemocional especí-
fica ou alguma subcategoria desta habilidade (subcategoria da
função executiva que inclui flexibilidade cognitiva, memoria
de trabalho e controle inibitório.);
137
6. Formas de ajudar crianças a refletirem em como processam
UNIDADE 4
• Informação
Conhecimentos • Saber o quê
• Saber o porquê
COMPETÊNCIA
Esse processo demonstra que os recursos são condicionantes para obter sucesso
na implementação dos programas para desenvolvimento de competências e habi-
lidades. A escola deve partir do pressuposto de que dominar recursos complexos
confere à instituição a organização dentro do processo de desenvolvimento de
habilidades socioemocionais.
Portanto, realizar a gestão de competências é uma forma de planejar, selecio-
nar e desenvolver competências necessárias para o desenvolvimento do professor.
Assim, estudante, busque, em seu processo acadêmico, desenvolver competências
a partir de objetivos e metas que possam ser alcançados. Você pode iniciar esse
processo identificando lacunas entre as competências necessárias para a carreira
docente à consecução de seus objetivos. Busque junto à equipe de professores
138
um mecanismo para minimizar as lacunas existentes entre você e o aluno. Isso
UNICESUMAR
pressupõe utilizar recursos, entre os quais, os jogos.
Nesse sentido, os jogos serão uma ótima ferramenta de aprendizagem das
competências e habilidades socioemocionais dos alunos (crianças e adolescentes).
Ressaltamos que atividades lúdicas desenvolvem mais engajamento das crianças
e dos adolescentes no desenvolvimento de ações necessárias para adquirir habi-
lidades e competências, pois, por meio de jogos direcionados, é possível simular
situações que envolvam a questão intelectual e emocional.
1. Trabalho em grupo: proporciona o desafio da empatia e
do respeito com o outro, também, desenvolve a sinergia entre
a equipe para atingir um objetivo em comum.
2. Propósitos e metas bem definidos: um jogo possui regras
e objetivos a curto prazo, o que ajuda a visualizar erros e acer-
tos com facilidade. Além disso, também, os caminhos para se
chegar nesses resultados e as consequentes reações emocionais
que eles despertam.
3. Senso de evolução: ao jogar, os alunos trabalham evoluin-
do não apenas nos jogos em si, mas em autoconhecimento.
Por meio da metacognição, é possível entender melhor seu
próprio processo de aprendizado ao focar na autoanalise para
melhorar.
4. A emulação da vida real: os jogos de raciocínio se tor-
nam metáforas, especialmente, para crianças. Elas conseguem
entender habilidades, como tomada de decisão ou resiliência
com clareza. Todas elas podem e devem ser aplicadas em qual-
quer contexto da vida real.
5. Caráter lúdico e divertido: diminui a pressão por re-
sultados enquanto desenvolve o intelecto e as habilidades so-
ciais e emocionais de maneira intrínseca e prazerosa. A ideia
é aprender brincando (EDUCADOR 360, 2019, on-line)³.
Por essas características, podemos dizer que os jogos são essenciais para a pro-
moção da aprendizagem socioemocional já que eles promovem a aprendizagem
por meio do prazer, que é o lúdico.
139
Saber e saber fazer Saber conviver Saber ser
UNIDADE 4
Estabelecer e
Memorizar respeitar regras Responsabilidade
Desenvolvimento de Superação de
Tomar decisões relações interpessoais limites pessoais
Desenvolvimento Desenvolvimento
Criar novas decisões da autoconfiança
de comunicação e autoestima
140
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Como destacamos ao longo desta unidade, a aprendizagem socioemocional não é
uma ação que pode ser implementada de qualquer jeito, ela precisa ser desenvol-
vida por profissionais capacitados. Além de que faz-se necessário que esses mes-
mos profissionais desenvolvam suas capacidades e habilidades socioemocionais.
Os programas e as ações para o desenvolvimento dessa questão não ocorrem
por meio de um único programa ou, até mesmo, método de ensino. As escolas e
os professores precisam delimitar estratégias que sejam coordenadas em sala de
aula, na escola, em suas residências, na comunidade e na sua própria formação.
As experiências demonstram que os programas destinados a desenvolver
competências socioemocionais precisam de um intenso papel dos adultos na
relação com crianças e adolescentes. Às vezes, isso parece meio óbvio, mas é ne-
cessário que se valorize a relação entre família-escola, pois a qualidade das in-
terações são fatores primordiais para que haja sucesso no desenvolvimento das
habilidades socioemocionais.
Em meio a tantas possibilidades, o essencial, aluno, é que você entenda para
quem e quais as condições que você tem de intervir no desenvolvimento de habi-
lidades e competências, enquanto professor. Dispor de metodologias e programas
é importante para que esse processo seja eficaz, e algumas ações funcionarão
melhor em grupo, outras de forma individual.
O mais importante é pensar em possibilidades que permitam os desafios para
que haja incentivo e continuidade no trabalho desenvolvido para a formação
desses indivíduos que atuarão de maneira efetiva em nossa sociedade.
141
na prática
a) Banco Mundial.
b) Fundo das Nações Unidas para a Infância.
c) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
d) Instituto Ayrton Senna.
e) Programa das Nações para o Desenvolvimento.
142
na prática
3. A docência é o trabalho feito por professores. Qual o papel que estes desempe-
nham?
a) V, F, V e F.
b) V, V, V e V.
c) F, F, V e F.
d) V, V, F e V.
e) F, F, F e V.
143
aprimore-se
144
aprimore-se
145
eu recomendo!
filme
146
5
COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS
do Futuro Professor
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O processo de formação de
professores e as competências socioemocionais • Competências socioemocionais e a BNCC • Autoco-
nhecimento e autogestão das emoções para além da sala de aula.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Explicitar como a formação docente é importante para o desenvolvimento de competências socioemo-
cionais • Apresentar a BNCC e sua influência nas competências socioemocionais do professor • Retratar
a necessidade da autogestão de emoções na carreira docente.
INTRODUÇÃO
UNICESUMAR
PROFESSORES
e as Competências
Socioemocionais
“
Deem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a es-
pécie do mundo que preciso para as educar, e eu garanto que, to-
mando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para se tornar
num especialista que eu selecione: um médico, um comerciante,
um advogado e sim, até um pedinte ou ladrão, independentemente
dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da
profissão e da raça dos seus ancestrais (WATSON, 1925, p. 85).
pensando juntos
“
O professor abandona sua profissão quando não consegue evitar a
sensação de apatia que se instaura em seu comportamento ao per-
ceber sua incompetência em exercer com eficiência seu ofício. Desta
forma, ele passa a se sentir indiferente diante das dificuldades pe-
dagógicas e desafios que a profissão lhe impõe e a acreditar que não
existe mais solução para o ensino (ARAÚJO; SOUZA, 2009, p. 2).
150
E S TÁ G I O
UNICESUMAR
HABILIDADES
CANDIDATO CARREIRA
“
Uma educação que promova mudanças deve permitir em suas
instituições escolares o conflito, ou seja, a manifestação das várias
contradições que perpassam a escola e que, na sua forma de or-
ganização, permite o aprendizado sobre a natureza dos conflitos e
destas contradições existentes na sociedade de hoje. É impossível
construir uma sociedade democrática nos moldes de uma escola
autoritária e, por isso será impossível a uma escola autoritária ensi-
nar os homens a viverem e conviverem num processo democrático
(ARAÚJO; SOUZA, 2009, p. 3).
Assim, temos, cada vez mais, uma maneira de enxergar a educação, e essa tem se
aproximado mais de práticas pedagógicas que contribuam para a construção do
conhecimento e a formação de professores que atuem em espaços geográficos
diversos ao seu, promovendo ações culturais, sociais e políticas. A formação de
professores tem papel fundamental para o desenvolvimento de competências
socioemocionais. Se o professor tiver suas competências bem definidas e claras,
mesmo que ele não consiga realizar sua tarefa educativa tão bem, ele consegui-
rá contribuir no desenvolvimento emocional e de habilidades em seus alunos.
Para Ordozgoiti (2000), o perfil necessário para esse novo docente é possuir as
seguintes competências:
152
Capacidade de contemplar cada tema, tirado do currículo ou do contexto,
UNICESUMAR
como um problema aberto;
explorando Ideias
[...] apoiar as iniciativas das crianças a conhecer suas dimensões interiores como as emo-
ções e sentimentos e pode ajudá-las a criar uma capacidade interna de dirigir a si mesmas
e não se tornarem dominadas pelas forças emocionais e por tendências destrutivas. [...]
Pode, ainda, estimular as crianças e adolescentes a desenvolverem habilidades positivas
e necessárias ao relacionamento produtivo com as demais pessoas e com os diferentes
ambientes, estimulando a realização pessoal da solidariedade, empatia, autonomia e in-
tegridade.
Fonte: Policarpo Junior (2010, p. 103).
Para tanto, ao buscar desenvolver suas ações, verifique sempre as dificuldades que
você enfrenta no cotidiano da sala de aula. Assim, ao discutirmos, coletivamente,
as concepções que envolvem o currículo, estamos aprofundando os princípios
que envolvem o ensino e a aprendizagem. As situações concretas que ocorrem,
dentro da sala de aula, possibilitam ao docente modificar sua prática educativa,
assim, os modelos didáticos utilizados precisam seguir o modelo proposto no
projeto pedagógico da escola, tornando-o instrumento que possibilite ao docente
direcionar um novo olhar para as situações relacionadas à prática docente. Assim,
“
[...] o planejamento, execução e avaliação, tanto individual como
coletiva, das atividades pedagógicas de acordo com o modelo de
referência, e desta forma, mais abrangentes e interdisciplinares. O
registro sistemático do desenvolvimento destas atividades na sala
de aula e sua avaliação, desenvolvidas pelo grupo a partir das refle-
xões individuais, foram uma forma de incentivar um processo de
análise e de reflexão sobre suas práticas docentes, características de
um professor-pesquisador (KRÜGER, 2003, p. 4).
154
2
COMPETÊNCIAS
UNICESUMAR
SOCIOEMOCIONAIS
e a BNCC
“
Se nem todo momento será julgado oportuno para dizer a ver-
dade, sobretudo quando amarga e dura, não se poderá esperar
ocasião para restabelecê-la, o que é dever de todos, quando desfi-
gurada, e proclamá-la sem rebuços e meias palavras (AZEVEDO,
2006, p. 205).
BNCC, o debate tem mobilizado atores públicos e privados. Tendo em vista que
a “[...] BNCC tem como propósito definir direitos de aprendizagem e as compe-
tências a serem desenvolvidas pelos estudantes em cada modalidade da Educação
Básica e seus defensores a compreendem como uma referência para currículo”
(SILVA; SANTOS, 2018, p. 2).
As questões que envolvem a construção da BNCC encontram-se na Consti-
tuição Federal de 1988, na LDB de 1996 e no PNE de 2014. O texto constitucional
estabeleceu conteúdos mínimos para serem abordados na educação brasileira,
em âmbito nacional, regional e local (SANTOS; VIEIRA, 2019). Já a LDB de 1996
traz a necessidade de se construir uma base que detenha conteúdos específicos
para tratar da diversidade cultural brasileira. E, por fim, o PNE 2014 reitera os
direcionamentos propostos anteriormente.
Como sabemos, a Constituição Federal de 1988 e a LDB de 1996 são os me-
canismos legais que regulamentam os documentos direcionados para a Educação
Básica, no que tange ao currículo que deve ser implementado nas escolas. O texto
que envolve a BNCC aponta para o pacto federativo construído para conquistar
um sistema nacional de educação. A BNCC tem a intenção de amenizar as pro-
fundas desigualdades sociais que acometem nosso país, visando buscar equida-
de para a educação brasileira. Logo, alcançar, a equidade é um dos objetivos da
BNCC e traz um conjunto de aprendizagens, pois “[...] tem direito a importância
da articulação entre BNCC e os currículos e de um imenso regime de colaboração
entre todos os atores educacionais” (RAMOS, 2018, p. 51).
A BNCC traz uma proposta curricular para a educação brasileira, visa focar
na formação integral dos estudantes brasileiros, fazendo com que o aprendiza-
do vá para além da memorização dos conteúdos ensinados em sala de aula. As
mudanças científico-tecnológicas que ocorrem em nossa sociedade têm propor-
cionado às gerações a oportunidade de se desenvolverem para além da sala de
aula, aprimorando criatividade, criticidade, autonomia e a capacidade de articular
conhecimento e habilidades para que se possa resolver problemas que acometem
o cotidiano social.
Assim, a BNCC traz reflexões para repensarmos a formação de professores
e a maneira como se ensina no sistema de ensino brasileiro. Logicamente, que,
para essa mudança acontecer, é preciso planejamento e foco na formação dos
profissionais da educação, pois isso fará com que os professores sejam capacitados
e inovem em suas práticas pedagógicas (BNCC, 2019).
156
Quando falamos em formação continuada, não estamos nos referindo a
UNICESUMAR
cursos e nem palestras que os professores assistem. A formação destinada aos
professores deve ser algo contínuo, com encontros periódicos que possibilitem o
aprimoramento da profissão docente. A proposta de encontros periódicos possi-
bilita o acompanhamento do professor em seu desenvolvimento, além disso, esses
encontros permitem que haja aprofundamento sobre determinadas temáticas e
reflexão sobre a prática pedagógica desempenhada pelo docente.
As formações contínuas precisam acontecer no âmbito escolar e devem con-
tar com a participação de todos os atores da escola, sendo necessário que a for-
mação aconteça nos momentos de hora-atividade e faça parte do processo de
trabalho do professor.
pensando juntos
Quais passos eu devo seguir para que consiga garantir uma formação condizente com o
novo modelo de sociedade?
.
explorando Ideias
Assim, a docência precisa ter compreensão de seu papel mediante a construção do co-
nhecimento. O professor precisa ser capaz de construir seu pensamento e suas ações,
de forma que se fundamente nos paradigmas educacionais, mas, principalmente, que
atenda às necessidades da formação de indivíduos que atuarão na sociedade. Portanto,
o “[...] desafio que se coloca ao professor não é uma tarefa fácil de realizar, pois cons-
truir seu saber, buscando uma relação teórico/prática ciente do mundo social em que
está inserido, é uma atividade complexa” (TOZETTO; BULATY, 2016, p. 119- 150).
Portanto, o saber docente é múltiplo e recebe inúmeras influências das re-
lações sociais que se estabelecem em nossa sociedade. Temos clareza de que o
professor é o profissional responsável por desenvolver as atividades cognitivas
158
do aluno, por isso, precisa estudar sempre e buscar uma prática pedagógica con-
UNICESUMAR
dizente com o momento social em que vivemos.
As práticas pedagógicas que o professor exerce o faz agente social que tende
a transpor os obstáculos para que ele possa construir seu saber (TOZETTO; BU-
LATY, 2016). Assim, o professor tem o papel de propor situações que sejam pro-
blematizadoras, que levem, em consideração, seu conhecimento, sua experiência
e o seu saber escolar, pois “[...] o saber escolar é aquele adquirido e ensinado na
escola enquanto conteúdo escolar é transmitido e guiado pelos saberes do docente”
(TOZETTO; BULATY, 2016, p. 119- 150). Portanto, o saber docente é significativo
no processo de ação pedagógica e precisa ter objetivos planejados e delimitados.
“
[...] a educação não é algo espontâneo na natureza, não é mera
aprendizagem natural, que se nutre dos materiais culturais que nos
rodeiam, mas uma invenção dirigida, uma construção humana que
tem sentido e que leva consigo uma seleção de possibilidades, de
conteúdo, de caminhos (SACRISTÁN, 1999, p. 37).
Dessa maneira, as experiências docentes precisam ser planejadas para que a vi-
vência tenha significado para o professor e o aluno. Obviamente, a prática peda-
gógica não acontece de maneira ordenada e metódica, ou seja, o primeiro passo
é o professor buscar, em suas experiências, ações para desenvolver sua prática
pedagógica e, a partir daí, ele precisa começar a interagir para desenvolver melhor
suas ações.
A construção das experiências a serem usadas, na prática pedagógica, sempre
recebe influência dos sujeitos que fazem parte do cotidiano do professor. Isso
permite que ele rompa com os desafios de sua profissão, e os questionamentos e
as problematizações são essenciais para construir novas experiências e repensar
nossas práticas. Sacristán (1999) discute a importância dos professores desenvol-
verem suas práticas numa visão múltipla e diversificada.
“
A cultura acumulada, ou a experiência, adquire um papel funda-
mental, uma vez que ao considerar que a história vivida marca as
ações e as decisões do professor, entende que as relações culturais,
sociais e históricas compõem e recompõem constantemente a prá-
159
tica docente. Isso significa que a bagagem cultural do professor na
UNIDADE 5
A atividade profissional docente remete-se ao ensinar, e isso não quer dizer que
o professor só fala coisas que leu, mas ele precisa utilizar da didática para que
seu aluno compreenda, ele precisa de capacidade de ensinar e transformar aquilo
que ele sabe em conhecimento escolar. Para isso, a BNCC postula competências
necessárias que orientam tanto a construção dos currículos das escolas, quanto
direcionado para a formação de professores. Vejamos a Figura 1:
160
COMPETÊNCIAS GERAIS - BNCC
UNICESUMAR
O QUE PARA
1 CONHECIMENTO
Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre Entender e explicar a realidade, continuar
o mundo físico, social, cultural e digital aprendendo e colaborar com a sociedade
2 PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO
Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar Investigar causas, elaborar e testar hipóteses,
as ciências com criticidade e criatividade formular e resolver problemas e criar soluções
3 REPERTÓRIO CULTURAL
Valorizar as diversas manifestações Fruir e participar de práticas diversificadas da
artísticas e culturais produção artístico- cultural
4 COMUNICAÇÃO
Utilizar diferentes linguagens Expressar-se e partilhar informações,
experiências, ideias, sentimentos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo
5 CULTURA DIGITAL
Compreender, utilizar e criar Comunicar-se, acessar e produzir
tecnologias digitais de forma crítica, informações e conhecimentos, resolver
significativa e ética problemas e exercer protagonismo e autoria
7 ARGUMENTAÇÃO
Argumentar com base em fatos, Formular, negociar e defender ideias, pontos
dados e informações confiáveis de vista e decisões comuns, com base em
direitos humanos, consciência socioambiental,
consumo responsável e ética
8 AUTOCONHECIMENTO E AUTOCUIDADO
Conhecer-se, compreender-se na Cuidar de sua saúde física e emocional,
diversidade humanae apreciar-se reconhecendo suas emoções e as dos
outros, com autocrítica e capacidade
para lidar com elas
9 EMPATIA E COOPERAÇÃO
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução Fazer-se respeitar e promover o respeito ao
de conflitos e a cooperação outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade,
sem preconceitos de qualquer natureza
10 RESPONSABILIDADE E CIDADANIA
Agir pessoal e coletivamente com Tomar decisões com base em princípios
autonomia, responsabilidade, éticos, democráticos, inclusivos,
flexibilidade, resiliência e determinação sustentáveis e solidários
“
Um professor que medeia pode ser diferente de um professor que
mobiliza. Ele pode mobilizar de muitas formas: propor exercícios
ou tarefas a serem realizados, configurar rodas de conversa sobre
determinado tema, fazer reflexões ou propor projetos. O aluno,
igualmente, pode ser mobilizado de muitas formas: pelas ações ou
motivações de seu professor, pelo intercâmbio com seus pares, por
suas motivações em fazer pesquisas, discutir um ponto de vista, as-
sumir certa atitude ou abraçar dado valor. Quem mobiliza organiza
uma situação, aceita um desafio, compromete-se com alguma coisa.
A mobilização sempre acontece com um sujeito, mesmo que seja
estimulada por outro. Se vida é movimento, viver é mobilizar-se
para lhe dar sentido, para conhecer e conviver com seus desafios.
Daí competência ser, para a BNCC, o mesmo que conhecimento
mobilizado, operado e aplicado em situação, sendo conhecimento
compreendido de forma ampla, ou seja, envolvendo conceitos, pro-
cedimentos, valores e atitudes (MACEDO; FINI, 2018, on-line)⁵.
“
Dir-se-ia, com efeito, que a interdisciplinaridade, de que hoje se faz
um valor forte da pesquisa, não se pode efetivar por simples con-
fronto de saberes especiais; a interdisciplinaridade não é, de forma
alguma, brincadeira: começa efetivamente (e não pela simples for-
mulação de um voto piedoso) quando a solidariedade das antigas
disciplinas se desfaz, talvez até violentamente, mediante as sacudi-
das da moda, em proveito de um objeto novo, de uma linguagem
nova, que não estão, nem um nem outro, no campo das ciências que
se tencionava tranquilamente confrontar; é precisamente esse em-
baraço de classificação que permite diagnosticar uma determinada
mutação (BARTHES, 1998, p. 71).
vez mais, interdisciplinar, que não veja resistência neste tipo de formação, pois é
preciso romper com o ciclo da tradição disciplinar brasileira e buscar modelos
educacionais que agreguem valor à nossa educação.
3
AUTOCONHECIMENTO E
AUTOGESTÃO
das Emoções para Além da
Sala de Aula
O desenvolvimento humano não ocorre, somente, por meio de boas ações, nosso
desenvolvimento, também, ocorre, devido aos conflitos relacionais que temos ao
longo de nossa vida. Para Ortega e Del Rey (2002), nosso desenvolvimento acontece
a partir do momento que estamos inseridos em espaços sociais, que realizamos
atividades coletivas, cumprimos normas, obedecemos a um sistema de poder.
Para Abramovay e Rua (2002), há dois tipos de conflitos de relacionamento
que acontecem nas escolas e são motivos de muita reclamação entre os docentes:
a violência e a indisciplina em sala de aula. A indisciplina é uma forma de os alu-
nos transgredirem as normas propostas no âmbito escolar, e isso causa diversos
desajustes curriculares, ressentimento, estresse entre professores e alunos (FER-
NÁNDEZ, 2005). Assim, podemos entender que os conflitos de relacionamento
são o pano de fundo para compreendermos a autogestão e o autoconhecimento
164
das emoções negativas que rondam a sala de aula. A base teórica que nos permite
UNICESUMAR
entender isso é a perspectiva walloniana sobre emoções, em seu aspecto cogni-
tivo, motor e afetivo (THONG, 2007 apud WALLON, 1981; 2007). De acordo
com Wallon (1975; 2007), as emoções são reações humanas que se manifestam
segundo o nosso sistema nervoso central.
Relaxamento Orgasmos e
do Reto ejaculação
“
[...] aceleração dos batimentos cardíacos, mudanças no ritmo da
respiração, secura na boca, mudança na resposta galvânica da pele.
Além disso, também costumam provocar alterações na mímica fa-
cial, na postura e na topografia dos gestos, evidenciando, principal-
mente, seu aspecto afetivo e motor (SILVA; ANDRADE, 2015, p. 2).
explorando Ideias
“
Na escola, observamos predomínio das emoções, e, via de regra,
emoções negativas como medo, raiva, decepção indignação e frus-
tração. Essas emoções que se apresentam de forma explosiva são
geradoras de muitos conflitos que não são trabalhados, e arreba-
tam dos sujeitos à possibilidade de elaborá-las (SOUZA; PETRONI;
ANDRADA, 2013, p. 528-529).
UNICESUMAR
como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa, estando as emoções e
a afetividade na base do desenvolvimento desse indivíduo” (GALVÃO, 1995, p. 32).
Logo, o campo cognitivo está relacionado às funções que são responsáveis pela
aquisição, transformação e manutenção do conhecimento, sua base são as influências
que ocorrem no meio social. Almeida (2010, p. 51) retrata que a “[...] inteligência tem
no desenvolvimento a função de observar o mundo exterior para descobrir, explicar
e transformar os seres e as coisas”, para que o campo cognitivo transforme se em co-
nhecimento. Assim, para que isso aconteça, é preciso haver ações que advenham das
experiências humanas, fundamentais para a construção do conhecimento.
O campo motor, também, faz parte desse processo, pois as relações entre
indivíduos e o meio são fundamentais para que se desenvolva a afetividade. As
atividades motoras permitem que o indivíduo garanta seu deslocamento corpo-
ral, e a sua postura, também, demonstra suas emoções, isso:
“
[...] constituindo-se como um recurso de visibilidade que se converte
em forma de sociabilidade, de contágio e de aproximação com o outro.
Esse campo também está relacionado à estrutura e ao apoio tônico que
o mesmo oferece para as emoções expressarem-se por meio de mímicas
e atitudes. É indispensável para a constituição do conhecimento e para
a expressão das emoções (SILVA; ANDRADE, 2015, p. 4).
Por isso, é indispensável que a autogestão das emoções sejam analisadas junto a
autogestão do conhecimento. Já o campo afetivo proporciona emoções, como:
paixão, raiva, tristeza, dentre outros. Estes sentimentos demonstram o quanto
o homem é afetado pelas ações e mudanças que ocorrem em nossa sociedade,
seja no seu eu seja nas suas relações sociais. Para Wallon (1971), a afetividade é o
eixo principal para que ocorra o desenvolvimento do indivíduo. O processo de
evolução ocorre por meio da sociabilidade primitiva para atingir a individuali-
zação psicológica. Assim, a vida afetiva da criança se organiza em contato com o
outro, e é importante ressaltar que são as emoções que unem a criança ao meio
social, são estas que ampliam os laços que se antecipam à intenção e ao raciocínio.
“
A afetividade na teoria Walloniana, refere-se à capacidade de dispo-
sição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo ou interno
por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis.
167
Deste modo sua teoria aponta 3 momentos marcantes, sucessivos
UNIDADE 5
“
de um indivíduo não depende somente da capacidade intelectual,
garantida pelo caráter biológico, mas também o ambiente que vai
condicionar essa evolução , permitindo ou não que algumas poten-
cialidades sejam desenvolvidas. Com isso, surge a afetividade com
grande importância na educação (WALLON, 1975, p. 85).
UNICESUMAR
respondendo a sensibilidades corporais” (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p. 22).
O segundo estágio, na perspectiva walloniana, é denominado sensório-motor
e projetivo, nesta fase, a inteligência predomina e a criança já fala, anda e tem
interesse por determinados objetos, “[...] quando já dispõe da fala e da marcha,
a criança se volta para o mundo externo [...]” (MAHONEY; ALMEIDA, 2005).
Com isso, o professor tem um papel fundamental em proporcionar momentos e
situações diferenciados, como afirmam Mahoney e Almeida (2005, p. 125):
“
O processo ensino-aprendizagem no lado afetivo se revela pela dis-
posição do professor de oferecer diversidade de situações, espaço,
para que todos os alunos possam participar igualmente e pela sua
disposição de responder às constantes e insistentes indagações na
busca de conhecer o mundo exterior, e assim facilitar para o aluno
a sua diferenciação em relação aos objetos.
“
Refletindo a característica pendular do desenvolvimento, nesse es-
tágio há predomínio da afetividade. Estendendo-se até aos seis anos
de idade, nesse período, forma-se a personalidade e autoconsciência
do indivíduo, muitas vezes refletindo-se em oposições da criança
em relação ao adulto e, ao mesmo tempo, com limitações motoras
e de posturas sociais (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 35).
169
memorizar e, até mesmo, de atenção. Inicia-se na vida escolar, quando a apren-
UNIDADE 5
UNICESUMAR
afetivo da criança, cabendo ao professor olhar para além do ensino, olhar para a
criança e, também, para suas emoções, pois é preciso que o professor proporcione
afeto e não se preocupe, apenas, em ensinar a ler e escrever. Assim, a teoria wallo-
niana leva-nos a compreender melhor cada fase de desenvolvimento e elaborar
um planejamento, considerando as características de cada aluno. Um professor que
compreende as necessidades afetivas da criança pode mudar seus conceitos e, com
certeza, esse será um professor diferente que nunca julgará o aluno. Sintetizaremos
algumas questões que estão envolvidas com a autogestão das emoções, primeira-
mente, no campo cognitivo, que está envolvido com a sala de aula.
“
Uma das consequências dessa integração é que qualquer atividade
humana sempre interfere em todos eles. Qualquer atividade mo-
tora tem ressonâncias afetivas e cognitivas; toda disposição afetiva
tem ressonâncias motoras e cognitivas; toda operação mental tem
ressonâncias afetivas e motoras. E todas elas têm um impacto no
quarto conjunto: a pessoa, que, ao mesmo tempo em que garante
essa integração, é resultado dela (MAHONEY, 2012, p. 15).
COGNIÇÃO
EMOÇÕES AÇÕES
AÇÕES EMOÇÕES
172
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Apreender o fenômeno da formação de professores não é algo, meramente, es-
tático, sem importância, a formação de e para professores é essencial para o de-
senvolvimento das competências socioemocionais, e o movimento de formação
deve estar alinhado com a função do professor e o dinamismo transformador
da nossa sociedade.
Assim, compreendemos que ensinar exige do professor atenção, formação,
competências e habilidades emocionais frente aos processos que ocorrem em
sala de aula. Fenômenos que vão desde a indisciplina do aluno, até mesmo, ao
desgaste mental do professor.
Introduzir formações contínuas e continuadas, no âmbito escolar, permite que
o processo de aprendizagem profissional e pessoal do professor se amplie e traga a
concepção para a vida do professor a necessidade de ele investir em sua formação.
As competências socioemocionais e a BNCC são maneiras de promover a
relação teórico-prática, mediante a inserção de temas que possibilitem investi-
gações em ambiente coletivo, como a sala de aula. Proporcionando não somente
aos professores, mas também aos alunos, a troca de experiências promove, assim,
espaço para reflexões sobre prática em colaboração, mostrando ao docente que
não existe uma fórmula mágica para aprender, mas, sim, contextos e dinâmicas
diferenciadas que permitem este processo.
Em suma, com as exigências do mundo produtivo, as competências socioe-
mocionais direcionam práticas pedagógicas mais inteligíveis e intelectuais ao
processo formativo. Trabalhar as competências socioemocionais, no âmbito edu-
cacional, é possibilitar alternativas para combater o fracasso escolar, uma ação
eficiente para construir novos modelos de organização e métodos que visem
atender às mudanças técnico-científicas de nossa sociedade. Dessa maneira, es-
tudante, o desenvolvimento de competências socioemocionais permite que você
aja de maneira eficiente em determinadas situações, mobilizando conhecimentos
que estão articulados e integrados com a sua experiência cotidiana.
Sucesso em seus estudos!
173
na prática
a) A prática docente é algo que compete, apenas, ao professor e não está interligada
ao processo pedagógico da escola.
b) A formação pedagógica surge como mecanismo de melhorar e debater as prá-
ticas e conteúdos utilizados em sala de aula.
c) A formação continuada é designada aos professores que têm mais de dez anos
de magistério.
d) A formação docente visa ensinar ao professor métodos, mecanismos e forma de
melhorar seu projeto pedagógico.
e) A formação de professores direciona-se àqueles que têm aluno de inclusão em
sala de aula.
174
na prática
a) V, F, V e F.
b) F, V, V e F.
c) F, F, F e V.
d) V, V, F e V.
e) V, V, V e F.
175
na prática
1) Intencionalidade.
2) Significado.
3) Transcendência.
4) Competência.
5) Compartilhar.
a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 1, 2, 3, 4, 5.
c) 4, 1, 3, 5, 2.
d) 2, 4, 1, 5, 3.
e) 3, 5, 2, 1, 4.
176
aprimore-se
177
aprimore-se
178
eu recomendo!
filme
Universidade Monstros
Ano: 2013
Sinopse: Mike Wazowski (Billy Crystal) e James P. Sullivan (John
Goodman) são uma dupla inseparável em Monstros S.A., mas
nem sempre foi assim. Quando se conheceram na universida-
de, os dois jovens monstros se detestavam, com Mike sendo um
sujeito estudioso, mas não muito assustador, e Sulley surgindo
como o cara popular e arrogante, graças ao talento inerente para
o susto. Após um incidente durante um teste, os dois são obrigados a participar
da mesma equipe na Olimpíada dos Sustos. A equipe, por sinal, é formada por
uma série de monstros desajustados, para o desespero de Sulley, acostumado a
conviver com os caras mais populares da escola.
Comentário: o filme indicado demonstra, claramente, como Mike Wazowski lida
com as adversidades que enfrenta em sua chegada à Universidade. Ao longo de
diversos acontecimentos, ele e seus amigos demonstram resiliência e habilidades
socioemocionais para provar que são capazes de serem assustadores.
179
conclusão
conclusãogeral
geral
conclusão
conclusão
geral
geral
180
180
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3 Em: https://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/mercado/2011/08/o-turismo-esta-suca-
teado-diz-julio-serson_70047.html. Acesso em: 17 mar. 2020.
191
gabarito
UNIDADE 1 UNIDADE 3
1. A. 1. A
2. D. 2. C
3. E. 3. A
2. B
UNIDADE 2
3. A
1. A 4. Para o desenvolvimento de práticas
2. B pedagógicas, é necessário ter conhe-
cimento que esteja para além das dis-
3. A ciplinas da graduação, é necessário
4. A metacognição tem papel funda- desenvolver saberes práticos que pos-
mental para contribuir no processo de sam ser renovados a cada dia, resolver
aprendizagem, pois é a partir do con- problemas de maneira independente,
teúdo que é ensinado que o aluno pas- tornando-se flexível em situações con-
sa a realizar soluções de problemas, de flituosas.
maneira que ele saiba a respeito de seu 5. E
conhecimento declarativo.
5. B
192
gabarito
UNIDADE 5
1. B
2. D
3. E
5. C
193
anotações
anotações
anotações
anotações
anotações
anotações
anotações