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ESCOLA PROFISSIONALIZANTE ESSEI

FRANCISCO BELTRÃO / PR

CURSO: Auxiliar de Saúde Bucal


PROFESSORA: Luana Bonatto - CRP: 08/37880

PSICOLOGIA E ÉTICA - 20h

Psicologia: conceito, objeto, origem e divisões

➔ Dicionário: Psicologia: ciência que trata dos estados e processos mentais, do


comportamento do ser humano e de suas interações com um ambiente físico
e social.

Segundo Platão, filósofo grego, a psique é a vida mental, interna do ser


humano. Antes da palavra “psicologia” existir, foi usado o termo “pneumanton”, do
grego pneumato-logia (vapor, respiração, espírito), para designar a parte da
Filosofia que tratava da essência da alma. A origem da Psicologia, ainda ligada aos
estudos da Filosofia, pode ser localizada no quinto e quarto séculos A.C.,
principalmente com as ideias de filósofos gregos como Sócrates, Platão e
Aristóteles, que levantaram hipóteses (e idéias) sobre o funcionamento da alma ou
mente humana. Essas e outras reflexões sobre a mente humana foram
reformuladas e complementadas por uma nova ciência, surgida muitos séculos
depois, no século XIX, a Psicologia.
A Psicologia Científica foi construída a partir de métodos e princípios teóricos
que podiam ser aplicáveis ao estudo e tratamento de diversos aspectos da vida
humana. Embora tenha nascido dentro da Filosofia, desenvolveu-se para se
constituir em uma ciência, com objeto de conhecimento e métodos próprios.
Enquanto tal, de início passou a se relacionar intimamente com a Biologia, sob
caráter interdisciplinar que se expandiu através de uma relação muito próxima
também com as ciências sociais e exatas. Exemplo maior disso é que a Psicologia
buscou apoio na Estatística e na Matemática. Mais recentemente cresceu a
interação da Psicologia com outras ciências, principalmente com a Neurociência, a
Linguística e a Informática, aumentando sua interdisciplinaridade e atuação em
campos como a Psicobiologia, a Psicofarmacologia, a Inteligência Artificial e a
Psiconeurolinguística.
Atualmente a Psicologia é considerada uma ciência da área social ou
humana que tem como objeto de estudo a subjetividade humana, através dos
processos mentais, sentimentos, pensamentos, razão, inconsciente e o
comportamento humano e animal. Essa diversidade de objetos exige, também,
abordagens e métodos de pesquisa específicos, tanto quantitativos quanto
qualitativos.
O objetivo da psicologia é melhorar a qualidade de vida, diagnosticar,
descrever, compreender, prever, explicar e orientar a mudança de comportamentos
humanos. Assim, a Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do
comportamento.
As divisões do trabalho psicológico se dão, em primeiro lugar, por sua
abordagem teórica (comportamental, psicanálise, pós estruturalista, gestalt,
existencialismo, humanismo, etc.), assim como por suas áreas de atuação.
O psicólogo participa do diagnóstico (testes, entrevistas, jogos terapêuticos),
tratamento (atendimento, consultas, intervenções) e do desenvolvimento da pessoa
(conselhos, apoio, psicoterapia). Frequentemente, também, tem atividades de
prevenção, informação, formação e pesquisa.
Como vimos, a Psicologia dos nossos dias trabalha com diversos conteúdos
como: as bases fisiológicas do comportamento; o desenvolvimento psicológico; a
aprendizagem; a percepção; a memória; a motivação; a emoção; a inteligência; a
linguagem e o pensamento; a personalidade; a psicopatologia; as influências
sociais, consideradas como fenômenos psicológicos, o que demanda formas de
atuação bastante específicas por parte do psicólogo.
De acordo com Davidoff (1980), podemos descrever as principais
especialidades ou áreas de atuação do psicólogo como:
● Psicólogo clínico – seu trabalho é o de avaliar e tratar de pacientes
com problemas psicológicos. Pode atuar como uma pessoa que
promove o autoconhecimento ou a ampliação da consciência de seus
pacientes.
● Psicólogo experimental – planeja e realiza pesquisas em áreas
específicas, tais como aprendizagem, sensação, motivação,
linguagem, stress, entre outras. Atuação geralmente ligada à
abordagem comportamental;
● Psicólogo escolar – atua junto a equipes multiprofissionais
promovendo o desenvolvimento intelectual, social e educacional de
crianças nas escolas. Trabalha com alunos e a escola, visando, entre
outras questões, o ensino-aprendizagem.
● Psicólogo do trabalho – desenvolve pesquisas e programas para
aprimorar a eficiência, a satisfação e a ética no trabalho. Visa a saúde
mental do trabalhador e a humanização da organização. Mais
recentemente o foco deste profissional é, principalmente, o ser
humano dentro do contexto organizacional (relacionamentos
interpessoais, programas de desenvolvimento e planejamento de
carreira);
● Psicólogo social – aplica a psicologia visando estabelecer uma ponte
com as ciências sociais. Trata de pessoas com problemas psicológicos
no seio da comunidade. Promove a ação comunitária e desenvolve
programas para melhorar a saúde mental;
Fases do desenvolvimento humano

Papalia e Feldman (2013) apontam três principais domínios do


desenvolvimento humano: o físico, o cognitivo e o psicossocial.
Para Papalia (2006) o desenvolvimento humano é compreendido como o
estudo científico sobre as mudanças dos sujeitos e, ao mesmo tempo, sobre as
características que permanecem regulares durante toda a vida.

1. Período pré-natal: Os nove meses (em média) que o antecedem são


responsáveis por um complexo desenvolvimento intrauterino. Os atributos
genéticos já começam a interagir com o meio no qual o bebê se encontra. A
alimentação da mãe afeta diretamente no crescimento e o bebê passa a
responder à voz da mãe, a distingui-la das demais, e ter preferência por ela.

2. Período da Primeira Infância: A primeira infância começa com o nascimento


e vai até os 3 anos de idade. Nos primeiros meses, os cinco sentidos
começam a se desenvolver. Na parte cognitiva, “as capacidades de aprender
e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas. O uso de
símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do
final do segundo ano de vida”. (Papalia, p. 40). Neste período, a criança
começa a formar vínculos fortes com os pais ou responsáveis. Há o início da
percepção de si mesmo (autoconsciência) e o interesse por outras crianças.

3. Período da Segunda Infância: A segunda infância vai dos 3 aos 6 anos de


idade. O corpo tende a se tornar mais esguio e as partes do corpo começam
a se assemelhar, em termos de proporções, com as de um adulto. O apetite
tende a diminuir e podem aparecer distúrbios do sono. “O pensamento é um
tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros.
A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo.
Desenvolve-se a identidade de gênero” (Papalia, p. 40). É curioso que
normalmente pensamos que o cérebro está em crescimento, que o córtex, a
massa cinzenta, está em expansão, razão pela qual uma criança teria
pensamentos menos lógicos ou abstratos que um adulto. Porém, como
sabemos através das neurociências, “a substância cinzenta diminui em uma
onda inversa à medida que o cérebro amadurece e conexões neurais são
desativadas”, ou seja, com o tempo há uma perda na densidade da massa
cinzenta, o que gera, paradoxalmente, um maior amadurecimento, um
funcionamento mais eficiente.

4. Período da Terceira Infância: Nesta fase, há uma diminuição do


crescimento físico. Existe a tendência de aparecerem problemas
respiratórios, entretanto, é uma das fases que, em média, nota-se a presença
de maior saúde. Entre os 6 e 11 anos, há uma diminuição do egocentrismo,
ou seja, a criança não é mais tão centrada em si mesma. A escolarização
ajuda neste processo e igualmente na estimulação da memória e da
linguagem (que melhoram independentemente da escola). Certas crianças
podem apresentar necessidades especiais de educação ou, no extremo
oposto, talentos que exigem cuidado também. O conceito de si (autoconceito)
fica mais complexo, o que pode igualmente gerar modificações na
autoestima. A convivência com colegas com idade próxima é um fator a ser
levado em conta neste período.

5. Período da Adolescência: O conceito de adolescência é recente. Segundo


o dicionário etimológico: “A palavra “adolescente” vem do particípio presente
do verbo em latim adolescere, crescer. Já no particípio passado, adultus deu
origem à palavra “adulto”. Em português, as palavras seriam equivalentes a
“crescente”e “crescido”, respectivamente”. Muitas culturas não possuem esta
ideia que temos da adolescência, como um período entre a infância e a idade
adulta. Como sabemos, nesta fase ocorre a maturidade reprodutiva, quando
torna-se possível para os indivíduos serem pais ou mães. A saúde é afetada,
geralmente, pelo comportamento, como transtornos alimentares ou uso de
drogas. Na cognição, desenvolvem-se a capacidade de pensar em termos
abstratos e de usar o raciocínio científico. O pensamento imaturo persiste em
algumas atitudes e comportamentos. A busca pela identidade, incluindo a
identidade sexual, torna-se central” (Papalia, p. 41).

6. Período Início da Vida Adulta: Os cientistas do desenvolvimento marcam o


início da vida adulta a partir dos 20 anos e indo até os 40. “A condição física
atingiu o auge, depois declinou ligeiramente. O pensamento e os julgamentos
morais tornam-se mais complexos. São feitas escolhas educacionais e
vocacionais, após um período exploratório. Traços e estilos de personalidade
tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade
podem ser influenciadas pelas fases e acontecimentos da vida. São tomadas
decisões sobre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais, mas
podem não ser duradouras. A maioria das pessoas casa-se e tem filhos”
(Papalia, p. 41). Aqui vemos que na fase anterior, a adolescência pode se
prolongar, ainda haver uma certa intersecção de fases. Afinal, não é possível
demarcar com precisão quando começa a idade adulta. Alguns argumentam
que esta se inicia com o primeiro trabalho e o auto-sustento, outros com o
início da faculdade ou com a constituição de uma nova família.

7. Período da Vida Adulta Intermediária: Esta fase vai dos 40 aos 65 anos de
idade. Há mudanças significativas nas condições físicas (saúde, vigor),
porém, com grandes diferenças de uma pessoa para outra. “As mulheres
entram na menopausa. As capacidades mentais atingem o auge, a
especialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos
são acentuadas. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro
atingem seu máximo, para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança
de carreira. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais
idosos pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio” (Papalia,
p. 41).

8. Período da Vida Adulta Tardia: Este período começa a partir dos 65 anos.
“A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um
declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento
afeta alguns aspectos funcionais. A maioria das pessoas está mentalmente
alerta. Embora inteligência e memória possam se deteriorar em algumas
áreas, a maioria das pessoas encontra meios de compensação. A
aposentadoria pode oferecer novas opções para aproveitar o tempo. As
pessoas desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas e a
morte iminente. O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode
proporcionar um importante apoio. A busca de significado para a vida assume
uma importância fundamental” (Papalia, p. 41).

Teoria da personalidade

A personalidade é uma característica do ser humano que organiza os


sistemas físicos, fisiológicos, psíquicos e morais de forma que, interligados,
determinam a individualidade de cada ser.
Freud foi o primeiro a formular o conceito de teoria da personalidade. Ele
sistematizou o aparelho psíquico em três categorias: ID, ego e superego.
ID: O ID é relacionado aos instintos e funciona por meio de desejos
inconscientes. Um exemplo são os sonhos.
EGO: O ego controla os instintos e é racional.
SUPEREGO: O superego fica em conflito com o ID e está relacionado aos
valores morais.

Segundo Carver et Scheier (2000-2003) de forma sintética é possível


destacar alguns pontos:
● A personalidade não corresponde a uma justaposição de peças, mas sim
representa uma organização;
● A personalidade não se encontra num local específico. Ela é activa e
representa um processo dinâmico no interior do sujeito;
● A personalidade corresponde a um conceito psicológico cujas bases são
fisiológicas;
● A personalidade é uma forma interna que determina como o sujeito irá se
comportar;
● A personalidade é constituída por padrões de respostas recorrentes e
consistentes;
● A personalidade não se reflete apenas numa direção, mas sim em várias, a
semelhança de sentimentos, pensamentos e comportamentos.

Determinantes da Personalidade

Os autores Loehlin e Nichols (1976, cit in Hansenne, 2003) efectuaram um


estudo com 800 pares de gêmeos, na qual foram examinados diversos traços da
personalidade. Com o término deste estudo, os autores chegaram a duas grandes
conclusões, onde a primeira redige que todos os traços da personalidade se
mantém moderadamente hereditárias, e a segunda que o meio que mais influencia
a personalidade não é o ambiente comum às diferentes crianças de uma mesma
família, mas sim aquele ambiente que não é partilhado. Muito resumidamente, hoje
em dia pensa-se que cerca de 40% das diferenças individuais referem-se a
influências genéticas e que 60% se referem a influências do ambiente.

Desenvolvimento da personalidade e utilização dos mecanismos do ego

1. Perspectiva Psicanalítica

Os elementos mais importantes desta teoria são: a personalidade é um


conjunto dinâmico constituído por componentes em conflito, dominadas por forças
inconscientes e a sexualidade tem um papel crucial nesta teoria. Refere também a
existência da primeira tópica e da segunda tópica, sendo o inconsciente, o pré
consciente, consciente e o Eu, Id, Supereu, respectivamente. Segundo Freud (1964
cit in Hansenne, 2003), existem 5 fases no desenvolvimento da personalidade,
sendo estas a oral, a anal, a fálica, o período de latência e a fase genital.
Na fase oral (0-1 ano): a pulsão da criança é focada em receber o alimento
por isso a gratificação ou libido nesse estágio localiza-se na zona oral - boca e
mucosas. A Fase Anal (1-3 anos) é caracterizada pelo controle dos esfíncteres
anais e bexiga. A conquista do controle fisiológico é conectada a uma nova fonte de
prazer. A criança poderá também, propositadamente, bloquear o sistema digestivo
como uma forma de afrontar os pais, onde essa atitude movimentaria à
personalidade "anal retentiva". A Fase fálica (3-5 anos), é crucial para o
desenvolvimento sexual do indivíduo, quando a criança se dá conta da existência de
seu pênis ou da falta deste. O indivíduo do sexo masculino irá aprender a se
identificar com o pai, em questão de identificação com o órgão genital, fazendo
assim a repressão do Complexo de Édipo. Fadigman e Frager (1986), afirmam que,
no caso do sexo feminino, essa descoberta da castração representa um marco
decisivo em seu crescimento, que pode seguir por três linhas possíveis, sendo que
uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no
sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade
normal. Fase de Latência (6 a 11 anos), e nesse período há um movimento de
repressão da libido: Durante ele a sexualidade normalmente não avança mais, pelo
contrário, os anseios sexuais diminuem de vigor e são abandonadas e esquecidas
muitas coisas que a criança fazia e conhecia. Nesse período da vida, depois que a
primeira eflorescência da sexualidade feneceu, surgem atitudes do ego como
vergonha, repulsa e moralidade, que estão destinadas a fazer frente à tempestade
ulterior da puberdade e a alicerçar o caminho dos desejos sexuais que se vão
despertando. (FADIGMAN e FRAGER, 1986 p. 128). A última fase proposta por
Freud é a Genital (puberdade e vida adulta), marca o final do desenvolvimento
psicológico e biológico, possibilitando a realização da relação sexual e a
reprodução. Em consequência, para Freud (1905) há o retorno da energia sexual do
indivíduo em direção às relações amorosas. Ambos os sexos têm consciência da
sua identidade sexual e se inicia a busca por necessidades eróticas e interpessoais.
Para a psicanálise, na puberdade ocorre uma reedição dos conflitos fálicos (3-5
anos); um período em que os desejos sexuais não resolvidos na fase fálica e não
são atendidos pelo ego sofrem a repressão feita pelo superego. A expressão
puberdade é descrita por Freud (1905), como um segundo tempo do Complexo de
Édipo, onde o primeiro ocorre na infância e é vedado no período da latência, o
segundo tempo sucede com a puberdade, onde é determinada a composição
permanente da vida sexual. Nesse momento, com a vinda da puberdade, ocorrem
mudanças que transferem a vida sexual infantil à definitiva, a pulsão na infância era
autoerótica e na puberdade encontra-se o objeto sexual/área genital.

2. Perspectiva da Aprendizagem

Skinner considerava que o ambiente determina a maior parte das nossas


respostas e que em função das suas consequências, as mesmas serão ou
reproduzidas ou eliminadas. Refere ainda que os comportamentos respondem a
leis: é possível controla-los através de manipulações do ambiente (Skinner, 1971 cit
in Hansenne, 2003). Para Bandura, os fatores mais importantes são os sociais e
cognitivos. Insistindo no fato de que a maioria dos reforços são de natureza social,
como a atenção dos outros, a aprovação, os sorrisos, o interesse e a aceitação.
Outro ponto da teoria da aprendizagem de Bandura é o fato de que com base na
observação do comportamento de outros, construímos uma ideia de como os novos
comportamentos são produzidos (Bandura, 1971 cit in Hansenne, 2003). A teoria de
Rotter (1966 ci in Hansenne, 2003), considerava que o ambiente podia controlar os
comportamentos, sendo um dos aspectos fundamentais na sua teoria a ideia de
expectativa, ou seja, uma situação idêntica não é considerada da mesma maneira
por 2 indivíduos. Com isto, o autor demonstrou que os indivíduos manifestam 2 tipos
de expectativas gerais que se podem qualificar como 2 formas de representar a
relação entre comportamentos e reforços: trata-se do locus of control. (Lócus de
controle é a expectativa do indivíduo sobre a medida em que os seus reforços se
encontram sob controle interno (esforço pessoal, competência, etc.), ou externo (as
outras pessoas, sorte, chance, etc.).

A personalidade é um conjunto de processos cognitivos e automáticos que


nos fazem reagir sobre uma determinada forma, tendo em conta os diversos
contextos. Penso que atualmente, a personalidade deve ser entendida como um
misto de fatores biológicos e ambientais, estando ambos intimamente relacionados.

Mecanismos do ego

O ego não é uma instância que passa a existir repentinamente, é uma


construção. O mesmo se forma na sequência de identificações a objetos externos
que são incorporados a ele. É um mediador, podendo, por um lado, ser considerado
como uma diferenciação progressiva do id que leva a um contínuo aumento do
controle sobre o resto do aparelho psíquico. Portanto, o ego é o pólo defensivo do
psiquismo. Não é equivalente ao consciente, não se superpõe ao consciente nem se
confunde com ele. O ego tem raízes no inconsciente, como é o caso dos
mecanismos de defesa, que são funções do ego, assim como o desenvolvimento da
angústia.
A função do ego é mediadora, integradora e humanizadora entre as pulsões,
as exigências e ameaças do superego e as demandas da realidade exterior. Ao
contrário do id que é fragmentado em tendências independentes entre si, o ego
surge como uma unidade e com instância psíquica que assegura a identidade da
pessoa.
Os mecanismos de defesa do Ego são processos subconscientes
desenvolvidos pela personalidade, os quais possibilitam à mente desenvolver uma
solução para conflitos, ansiedades, hostilidades, impulsos agressivos,
ressentimentos e frustrações não solucionados ao nível da consciência.
Posteriormente Freud ampliou o conceito de mecanismo de defesa,
aplicando-o tanto a situações normais quanto patológicas (nas quais um método
especial de defesa protege o ego contra exigências instintivas) Os principais
mecanismos descritos são a repressão, a negação, a racionalização, o isolamento,
a formação reativa, a projeção, a regressão e a sublimação, sendo tais mecanismos
encontrados em sujeitos saudáveis e sua presença excessiva é, via de regra,
indicação de possíveis sintomas neuróticos.

Mecanismos de defesa

Os mecanismos de defesa são manifestações psicológicas que têm como


objetivo manter a integridade do ego perante os estímulos externos e as exigências
das outras instâncias psíquicas, o Id e o Superego.
Anulação: Mecanismo no qual invalida uma ação ou um desejo
anteriormente válido. Frequentemente usado por quem tem transtornos obsessivos.
Ex: pessoa que bate três vezes na madeira para evitar algo, para se livrar do
pensamento.
Negação: Provavelmente é o mais simples e direto mecanismo, consiste
simplesmente na recusa do sujeito a aceitar a existência de uma situação penosa
demais para ser tolerada, ou seja, o indivíduo dá como inexistente um pensamento
ou sentimento. Ex: gerente rebaixado de cargo e tendo de prestar serviços
anteriores à promoção
Sublimação: É o mecanismo pelo qual o sujeito degressa a energia
agressiva ou dessexualiza a libido, transformando-as em algo socialmente aceito. A
energia perde seu caráter, ou seja, a energia inerente a impulsos primitivos ou
inaceitáveis é transformada e dirigida a objetos socialmente úteis.
Repressão – recalque: Considerado um dos mais comuns mecanismos de
defesa do Ego, consiste em afastar uma determinada coisa do consciente,
mantendo-a a distância – no inconsciente – manipular o conflito, impulsos em
competição, tendências a atos que constitui uma ameaça é imagem que fazemos de
nós mesmos, afastar-se ou recalcar a consciência um afeto, uma idéia ou apelo do
instinto. Resumindo, é o mecanismo que consiste em manter afastado da
consciência alguma idéia penosa. Há dois tipos de repressão, a primária que é
inconsciente e equivale a negação secundária e uma segunda que é consciente,
onde o indivíduo sabe que algo está lhe ameaçando, mas evita de qualquer forma
que tal conteúdo venha à consciência. Ex: um acontecimento que por algum motivo
envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não
evocável.
Racionalização:Constitui um mecanismo que visa a um propósito útil até o
ponto que conduz à auto proteção e ao conforto psíquico. O sujeito cria uma
justificativa falsa para não reconhecer a justificativa verdadeira.
Regressão: É o retorno a atitudes passadas que provaram ser seguras e
gratificantes, e às quais a pessoa busca voltar para fugir de um presente
angustiante. Devaneios e memórias que se tornam recorrentes, repetitivas. Ex: uma
abordagem infantil e imatura do mundo que pode ter permanecido latente por muitos
anos pode ser despertada por uma experiência ou situação frustrante numa fase
posterior. Adulto dando birra, fazendo pirraça.
Formação reativa: Mecanismo pelo qual a pessoa vai expressar uma
tendência oposta ao que estava expresso anteriormente. Ex: Traços de caráter
perfeccionista e descompromissado constituem frequentemente formações reativas
contra tendências, desejos e impulsos proibidos.
Isolamento: Mecanismo no qual o indivíduo separa a idéia do afeto pelo qual
ela estaria unida, assim, a idéia torna-se inócuo, neutro. É um mecanismo comum
em pacientes terminais onde a pessoa sabe que vai morrer, mas narra sua doença
como se não ocorresse com ela.
Identificação: Este é um mecanismo geralmente não defensivo que faz o
sujeito se sentir acolhido à outra pessoa ou grupo, mas se ocorre um exagero desta
aproximação, a pessoa pode estar provavelmente fazendo uma identificação com
intuito de se defender da pessoa.
Idealização: Mecanismo pelo qual o indivíduo exagera os aspectos positivos
do objeto, visando se proteger de uma angústia. Ex: pessoa que tem santo forte.
Compensação: A personalidade em suas inadequações e imperfeições
apresenta um mecanismo de compensações a fim de tentar assegurar o
reconhecimento de que necessita. Ex: AS pessoas cujas reações em relação à
realidade em geral e aos estímulos sociais em partícula são bem integradas, a
existência de uma inferioridade física pode provocar atividades
Projeção: É um mecanismo oposto à introjeção. O sujeito vai atribuir a
objetos externos aspectos psíquicos que lhe são próprios, mas não são
reconhecidos como seus. Necessariamente, antes da projeção vem um mecanismo
de negação, ou seja, é uma forma de deslocamento que se dirige para fora e atribui
outras pessoas seus traços de caráter, atitudes, motivos e desejos contra os quais
existem objeções e que se quer negar. Ex: A incapaz de tolerar a angústia
despertada pelo seu ódio de B, inconscientemente muda a sua atitude “eu odeio b”
para “B me odeia”. construtivas que resultam em qualidades de notável utilidade
social.
Introjeção: Intimamente relacionada com a identificação, visa resolver
alguma dificuldade emocional do indivíduo ao tomar para a própria personalidade
certas características de outras pessoas. É o mecanismo onde o objeto externo se
torna efetivo internamente. Uma ordem externa passa a fazer parte do próprio
indivíduo como um valor seu. Ex: um sujeito fã da F1 e que tem um piloto como
ídolo e, ao vê-lo ganhar, sai do carro dirigindo como o piloto – É mais típico em
pessoas que se sentem inferiorizadas e precisam de ídolos.
Deslocamento: É o mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa
substitui a finalidade inicial de uma pulsão por outra diferente e socialmente mais
aceita. Durante uma discussão, por exemplo, a pessoa tem um forte impulso em
socar o outro, entretanto, acaba deslocando tal impulso para um copo, o qual atira
no chão.
Reparação: Consiste na reestruturação do objeto que foi danificado. Por
exemplo, um indivíduo que fala mal de uma entidade religiosa, sente-se culpado e
passa a rezar para restaurar o que fez e não mais sentir culpa.

Referencias:

ALMEIDA DE CASTRO, RAQUEL. PSICOLOGIA GERAL. UFAM. Disponível em


<https://riu.ufam.edu.br>

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento


Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013.
BAPTISTA, Nuno Jorge Mesquita. TEORIAS DA PERSONALIDADE.
PSICOLOGIA COM PT PORTAL DOS PSICÓLOGOS , [S. l.], p. 1-10, 26 set.
2010.

FADIMAN, JAMES. FRAGER, ROBERT. TEORIAS DA PERSONALIDADE 1939.


tradução de Camila Pedral Sampaio, Sybil Safdié. - São Paulo: HARBRA, 1986.

SILVA , Elizabete Bianca Tinoco. MECANISMOS DE DEFESA DO EGO. PSICOLOGIA


COM PT PORTAL DOS PSICÓLOGOS, [S. l.], p. 1-5, 15 jul. 2011.

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