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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL (UCS)


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA (UCB)
PROJETO: DICIONÁRIO DE VERBETES DE CULTURA DE PAZ – 2020-2021

1 COORDENAÇÃO

Prof. Dr. Luiz Síveres (Universidade Católica de Brasília)

Prof. Dr. Paulo César Nodari (Universidade de Caxias do Sul)

2 TÍTULO DA OBRA

Dicionário verbetes de cultura de paz

3 OBJETIVO GERAL

Com o objetivo de organizar a publicação de um dicionário sobre a cultura de paz, em língua


portuguesa, em perspectiva multidisciplinar, busca-se refletir e compreender os conceitos-chave que
sustentam a construção e a efetivação de uma cultura de paz e de não violência em um contexto
acadêmico-científico, social, político, cultural e religioso com muitos sinais de desrespeito,
maniqueísmos, fundamentalismos e ódio tanto às pessoas, como também, às diversas organizações e
instituições.

4 JUSTIFICAÇÃO

Educar é sempre um desafio. Educar para a paz agrega ao desafio um comprometimento com
uma sociedade mais justa e igualitária. Educar necessita desempenhar um papel fundamental no intuito
de possibilitar a sensibilização de todos para as questões como a justiça e a paz, contribuindo não só
para a percepção, mas principalmente à formação de uma consciência de paz. Trata-se não só de
conscientizar alunos, mas também professores, pais, família e toda a comunidade, chamando-os para
um compromisso, uma postura e uma prática de paz.

Por que a paz se constitui numa questão urgente e emergente em nossa sociedade? Por que a
paz é tema recorrente em campanhas publicitárias? Por que a paz não pode ser só um slogan
publicitário? Por que ela não pode ser definida simplesmente como ausência de guerras? Por que a paz
não pode ser compreendida apenas como concessão do Estado aos seus cidadãos? Por que a paz, num
horizonte aberto, não se identifica tão-somente com o equilíbrio e a imperturbabilidade de espírito?
Por que a paz exige atitude comportamental do ser humano e está intrinsecamente relacionada com a
justiça e com o direito?

Paz como um problema de pesquisa

Para Popper, a pesquisa inicia pelos problemas. Em todas as ciências, fala-se em problemas e
solução de problemas. Problema significa lançar, atirar, propor. Em geral, diz-se que problema é tudo
aquilo que resiste ou se opõe à penetração da inteligência, constituindo uma incógnita ou dificuldade a
resolver. Os problemas não nascem prontos ou caem do céu. Os problemas não batem à porta do
pesquisador. É o pesquisador que, por sua vez, precisa estar atento ao mundo que o cerca.
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O problema não é uma simples pergunta ou simples resposta que não oferece dificuldades.
Problema equivale a uma instância cientificamente elaborada à procura de uma resposta compreensiva.
Todavia, para que o pesquisador se dê conta de que tal situação se torne ou apresente problema ou
problemas, é preciso, por parte do pesquisador, espírito de observação, de atenção, de curiosidade e de
busca, porque todo problema só se torna uma questão de curiosidade científica se o pesquisador
conhece de certo modo algo da realidade que se apresenta. Em outras palavras, podemos dizer que o
problema se torna problema como tal quando supõe um saber e um não saber por parte de quem se
questiona. O problema surge de uma insatisfação ou curiosidade a respeito de algo. Pode ser uma
dificuldade ou um desequilíbrio para o qual se busca uma solução.

Coube a Sócrates o mérito de ter definido e praticado exemplarmente esta forma de saber como
introdução necessária à verdadeira sabedoria. A elaboração metódica dos problemas com a indicação
clara e precisa dos argumentos a favor das diversas alternativas é muito importante para o progresso da
ciência. Para Aristóteles, problema designa uma pergunta tanto teórica como também prática, sobre a
qual se discute sem que reine opinião concorde, ou seja, é uma pergunta em que se examinam os
argumentos a favor e contra um nexo de argumentação com outras frases ou problemas. Para
Aristóteles, há distinção entre problema e pergunta, na medida em que o problema se caracteriza como
pergunta para fim de investigação. Ou seja, é mais do que simples pergunta. Para Descartes, toda
pergunta pelo conhecimento engloba três aspectos: a) em toda pergunta deve haver algo desconhecido,
pois de outro modo careceria de sentido a investigação; b) o desconhecido há de estar designado de
algum modo, pois, em caso contrário, não nos induziria a buscar isso e não outra coisa; c) esse
desconhecido só pode designar-se mediante algo conhecido. Com essas questões, pode-se dizer, surge
o conceito correspondente a problema, ou seja, é o processo de conhecimento e investigação.

Nesse sentido, o problema envolve construção. O problema é uma construção. Ele está situado
em um contexto de representações. O problema é uma construção espiritual. Resulta de um contexto
estabelecido. Por isso, é possível afirmar que a colocação do problema antecipa a solução. Problemas
surgem exatamente onde o nexo seja teórico ou prático entre o conhecido e o desconhecido se torna
questionável. Assim sendo, o problema emerge da dialética entre o saber e o não saber. A elaboração
metódica dos problemas com a indicação clara e precisa dos argumentos a favor das diversas
alternativas é de capital importância para o progresso da ciência. Numa palavra, o problema para a
ciência é o estímulo inicial à investigação científica.

As ciências, nesse sentido, avançam a partir de problemas que desafiam a compreensão dos
cientistas. A ciência fundamentalmente começa com problemas. Onde o conhecimento ordinário vê
fatos, fenômenos, acontecimentos, a ciência vê problemas. Segundo a compreensão da ciência
contemporânea, o valor científico da solução de um problema consiste basicamente na capacidade de
engendrar novos problemas. Para Popper, a ciência não tem a função de fazer desaparecer os
problemas, mas procurar dar-lhes melhor explicação e explanação. Disso provém a expressão já
conhecida progresso de problema a problema, mas, ao mesmo tempo, a abertura do problema radical
do sentido ou absurdo desse progresso. Em outras palavras, é a abertura à compreensão do sentido da
existência humana.

Ao enunciarmos o problema deste trabalho, deparamo-nos com diversos conceitos, os quais,


por um lado, são por demais conhecidos, mas, por outro lado, questionam-nos sempre de novo. Seria
de nossa parte tanto ingenuidade pensar que tais conceitos têm leitura unânime como também descuido
grosseiro considerar tais conceitos como que ilesos e isentos de conflitos acerca de sua compreensão e
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interpretação, referindo-nos, aqui, especialmente, aos conceitos educação, cultura, paz. No decorrer, da
nossa reflexão, procuraremos, em primeiro lugar, esboçar a tese da educação para a paz, tentando
esmiuçar como compreendemos os conceitos educação, cultura e ciência, apresentando argumentos de
sustentação para a declaração da urgência da cultura da paz.

Educação como processo

Compreendemos por educação o processo de ensino-aprendizagem a que uma pessoa está


submetida. Isso significa dizer que tal processo não compreende apenas o processo formal, isto é, não
se identifica exclusivamente ao tempo determinado em que alguém frequenta os mais diversos cursos,
sejam eles quais forem, a saber, nas Creches, nas Escolas de Ensino Fundamental, nas Escolas de
Ensino Médio, nas Instituições de Ensino Superior, ou então e ainda, em Cursos de Qualificação
Profissional. Não compreendemos educação simplesmente como aquele momento ou aquela etapa que
se identificaria com a educação recebida por parte dos pais, ou então, da convivência familiar, ainda
que a mesma seja de eminente relevância para formação salutar de uma pessoa. Também não
compreendemos a educação só na sua dimensão de ensino-aprendizagem de busca pessoal com
objetivo de formação e realização pessoal. Tampouco compreendemos a educação só e apenas como
experiência de vida que alguém possa ter no decorrer de seus anos de vida.

Assim sendo, se dissemos não compreender a educação como processo de ensino-


aprendizagem, e nem a valorização de uma modalidade ou de um momento isolado da vida de alguém,
podemos afirmar, então, que compreendemos a educação como o processo de ensino-aprendizagem e
formação de um sujeito, seja enquanto busca pessoal, pelo auxílio dos pais e da família, seja pela
colaboração das mais diversas instituições, capaz de sentir-se, enquanto ser humano, na medida em
que é dotado de direitos e deveres, autônomo e responsável pela sua realização, ainda que não a tenha
previamente e rigorosamente garantida enquanto presença para si mesmo, presença com os outros, e
presença no mundo.

Como sabemos, nós, seres humanos, somos da natureza, seres culturais. Nascemos com a
vocação e a tarefa de construirmos nosso ser. Não nascemos prontos de uma vez por todas. Nem
sequer tivemos a oportunidade de escolher o tempo e o lugar de nascimento. Isso significa, com outras
palavras, afirmar, por um lado, sermos uma vida de dependência, enquanto dependemos de outros para
vir ao mundo, e de comunhão com a natureza, enquanto temos necessidades naturais básicas de
sobrevivência, por exemplo, e, sendo assim, nossa história corre junto com a história da natureza. Em
sendo assim, numa palavra, é inpensável pensar-nos totalmente independentes de natureza, de tudo e
de todos. Porém, por outro lado, enquanto capazes de reflexão, ou seja, capazes de transcender o
espontaneamente dado, nos pensarmos como seres livres, e damos à própria natureza um tratamento
cultural, ou seja, mediante nossa inteligência e criatividade, elaboramos, construímos um ambiente
com características eminentemente e intimamente próprias nossas. Poderíamos dizer que, enquanto
ser capaz de reflexão e presença cultural, o ser humano voltaria seu pensamento sobre si mesmo como
movimento de retorno a si mesmo, interrogando-se a si mesmo acerca de sua presença e a presença dos
outros seres que também são presença, agem no mundo, aqui e agora, que é e se constitui no que é na
medida em que há um passado, há um presente, e, enquanto tal, um futuro, mesmo que seja ainda só
enquanto possibilidade, pois nenhuma geração, época, realidade, seja ela, passada, ou ainda, presente,
por maiores que sejam os avanços, pode outorgar-se o direito de proclamar-se ou definir-se como a
totalidade, ou então, realização em plenitude de todas as possibilidades.
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Mundo e lugar da ciência


Vive-se hoje um contexto e época singulares. Vive-se um momento que se poderia chamar de
ambivalente ou ambíguo. Sem dificuldades, poder-se-ia afirmar que nunca houve tantas facilidades
como na época atual. A ciência e a tecnologia, fruto tanto da iniciativa, da criatividade, como também
da inquietante e contínua busca de aperfeiçoamento, inerentes ao espírito humano, deram às áreas de
atuação humana um raio de alcance planetário. Com os avanços da ciência e da tecnologia o mundo se
tornou uma aldeia global. O planeta está atravessado por “autoestradas da informação” Nada mais
permanece “do lado de fora” das redes de conhecimento. Emerge a ideia de que a ciência e a
tecnologia nos levarão a um reino terrestre de progressiva e irreversível prosperidade, e, por que não,
ociosidade. A ciência e a tecnologia proporcionarão, quem sabe, uma espécie de “admirável mundo
novo”. Os avanços alcançados pelo desenvolvimento científico e tecnológico nos campos da biologia,
da saúde e da vida, de um modo geral, principalmente nos últimos trinta anos, têm colocado a
humanidade diante de situações até há pouco tempo inimagináveis.
Todavia, por outro lado, toma cada vez mais “fôlego” e “forma”, como irmão gêmeo da
confiança exacerbada na ciência e na tecnologia, o “medo”. Numa palavra, diante da promessa de
progresso infinito, pregado especialmente pelo positivismo científico, emerge, por sua vez, a
“incerteza” e a “insegurança” acerca do destino em direção ao qual nos conduzirá o mundo da
tecnologia, que se faz cada vez mais poderosa, abrangente e de difícil normatização, tanto moral
quanto jurídica. Já não se sabe mais se o objetivo da ciência e da tecnologia é tornar a vida do ser
humano mais fácil, auxiliá-lo a ser mais livre e feliz ou se ela tem simplesmente o afã de “dominar por
dominar”.
Vive-se, por conseguinte, a era do fascínio admirabilíssimo, mas, ao mesmo tempo, a era de
incertezas e inseguranças. “Medo” é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça
e do que deve ser feito, do que pode e do que não pode, para fazê-la parar ou enfrentá-la, se cessá-la
estiver ao nosso alcance. Diante do fascínio e do medo de nossa época atual, uma coisa é certa, a
responsabilidade cabe a cada um de nós como condição à continuação da existência, e, por sua vez,
preservar essa possibilidade como responsabilidade cósmica significa precisamente o dever de existir,
segundo Hans Jonas, pois, “por ironia do destino”, nunca houve tanta possibilidade para melhorar as
condições de vida para toda a população mundial em todo e qualquer recanto do Planeta Terra, mas, ao
mesmo tempo, nunca houve tanta dificuldade em saber como romper com as amarras que impedem de
diminuir o abismo entre o exacerbado poder dos ricos e a escandalosa miséria dos pobres, e, imbricado
a isso, detectar onde exatamente se encontram as causas e os focos de injustiças nesse mundo
globalizado.
Tais tensões e os conflitos, em princípio, não são ruins. Ruim pode ser o modo como a tensão é
assumida. Ruim podem ser os resultados e a direção à qual a tensão nos conduzirá, porque os conflitos
fazem parte da vida do ser humano. Poder-se-ia afirmar ser o conflito conatural à natureza do ser
humano, que não está pronto de uma vez por todas, tendo o mesmo de alcançar a perfeição por meio
de sua própria atividade. Essa característica é de significado fundamental para compreendê-lo como
um ser que está em busca contínua da realização pessoal. Ele tem que escolher continuamente. Ele
trilha este caminho e não outro. Ele, em sua unicidade e singularidade, não nasce já pronto, busca
permanentemente construir e conquistar o seu ser. Seu grande desafio é esse processo de construção
do seu ser, que, em si, não tem a garantia plena de sucesso. O que o ser humano é não está estabelecido
de antemão. Seu comportamento não está previamente determinado a partir dos instintos.
A abertura contínua caracteriza sua vida. Seu ser é, em primeiro lugar, uma busca de si, ou
seja, o homem é essencialmente desafio. Sua efetivação não está de antemão garantida. Ele está
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submetido a situações determinadas, e, às vezes, adversas, estando, como consequência, em jogo, isto
é, em risco. O ser humano é o ser da ameaça permanente, ameaça em relação a seu próprio ser, que se
pode perder. Ele está sempre sob o apelo de criar as condições necessárias para se efetivar e se
apresenta como um projeto aberto, segundo Max Scheler. Em tudo o que ele pensa, deseja, quer,
realiza o ser humano sempre ultrapassa seus limites já atingidos pelo pensamento, pelo desejo, pela
vontade, pela ação, pelo trabalho. Ele se lança cada vez mais para frente para conseguir metas sempre
mais elevadas, jogando-se, então, no processo contínuo e permanente do melhoramento. Portanto, o
que acontece com o ser humano, enquanto ele busca conhecer, tem a capacidade de pesquisar os
diversos problemas, desde os mais simples até os mais complexos, que se apresentam à sua
possibilidade de pesquisa, por analogia, no âmbito da ciência, enquanto dimensão de busca e
construção humana acontece algo semelhante, porém com dimensões diferentes.
Não é raro ou incomum se ouvir, dentre as tantas possíveis, afirmações do tipo: “a vida está
muito complicada e complexa”, “o ritmo de vida mudou bastante nos últimos tempos”, “a ciência
avançou muito e trouxe muitas coisas melhores às pessoas”, “por mais que a ciência tenha alcançado
resultados e progressos, a ciência ainda não conseguiu ter uma resposta definitiva sobre alguns tipos de
doença”, ou ainda, “as pessoas pobres têm mais dificuldades de ter tratamento adequado às respectivas
doenças, porque não possuem plano de saúde”. Em outras palavras, quer-se aludir à ideia de que a
compreensão da ciência, especialmente, nos últimos dois séculos, XIX e XX, e, também, início do
Século XXI, mudou. A complexidade é parte inerente do vocabulário e da compreensão da ciência em
todas as áreas. Nenhuma área da ciência pode pensar-se e denominar-se absoluta. Não é mais
concebível a qualquer área da ciência afirmar-se fechada ao diálogo e ao trabalho com áreas de
pesquisa afins, ou então, com outras ciências, sob o perigo de decretar e assinar de antemão seu
fracasso.

A ciência tem um lugar eminentíssimo na cultura humana. No decorrer da história não houve
sempre consenso e unanimidade acerca do lugar hierárquico exato que ciência deveria ocupar. Houve
momentos áureos, e, inclusive, de eminente efusão diante das descobertas científicas. Entretanto,
existiram, por sua vez, momentos de sérios questionamentos e complexos acerca do lugar que a ciência
ocupa na cultura humana. Urge, assim, registrar que a própria conexão e relação da comunidade
científica, ou seja, entre as diversas áreas do saber, e a relação com os diversos setores e segmentos da
ciência nunca foi unânime, e, provavelmente, nunca o será, porque nós podemos afirmar que essa é
uma característica essencial da própria ciência. Ou seja, a ciência tem o objetivo de pesquisa, de
problematizar as coisas, os fatos, os acontecimentos, e não simplesmente corroborar o pensamento
cotidiano do senso comum. A ciência não pode simplesmente deixar as coisas acontecerem para depois
iniciar sua pesquisa. Ela precisa, numa palavra, estar à frente da própria sociedade, ou seja, da própria
época em que se vive como tal.

Com isso, não estamos e não queremos afirmar que a ciência não tem relação com a sociedade
e com o mundo da vida. Afirmamos, no entanto, com isso, por um lado, a urgência de todos pensarmos
na importância da pesquisa científica, e, também, por outro lado, termos em mente alguns critérios
para análise e reflexão. A seguir, apresentaremos alguns pontos que, segundo nos parece, são muito
importantes para fundamentarmos a idéia de que a ciência é parte intrínseca da cultura, e, em sendo
assim, constituindo-se como âmbito e referência essencial para sustentar a tese de que a cultura da paz
é muito mais que uma sensação momentânea, é muito mais que passeatas e slogans a favor do
pacifismo.
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A ciência não pode ser simplesmente o modus vivendi da sociedade e da civilização humana. Se
assim o fosse, ela deixaria de ser ciência. Tornar-se-ia, aqui, saliento, sem nenhum desprezo, senso
comum e, com certeza, acabaria tornando-se uma ideologia barata. Porém, por outro lado, a ciência
não pode olvidar-se de que pertence à cultura e à civilização da humanidade. Em outras palavras, a
ciência, ainda que seja um bem em si, não é fim em e para si mesma, pois se assim o fosse, ela
acabaria se destruindo a si própria, ou seja, seria autofágica. Quem sabe possamos afirmar ser a ciência
um meio para um fim melhor de toda a civilização humana. Nesse sentido, a ciência é produto do ser
humano e deve ter como intento e propósito o bem do ser humano como tal e de todo o universo.
Assim sendo, a ciência é um bem para toda a humanidade.

O mundo tem um valor para o ser humano não só para o seu ser material como ainda para o seu
ser intelectivo, para o seu conhecimento atual. A ciência é um valor positivo para o ser humano,
porque corresponde à tendência espontânea e ao desejo natural de conhecer o mundo em que ele está
mergulhado e o mistério que o circunda por toda parte. Contudo, por um lado, precisamos cuidar para
não exaltar a ciência como a única fonte legítima de conhecimento e o único instrumento capaz de
esclarecer todos os problemas do mundo e esclarecer todos os enigmas do ser humano. No entanto, por
outro lado, devemos cuidar para não desmerecer os benefícios e progressos da ciência. É o
reconhecimento do valor humano das ciências do ponto de vista teórico e prático. É a consciência dos
próprios limites e carências.

Logo, reconhecendo embora as limitações intrínsecas de todo conhecimento humano, é preciso


reconhecer que a ciência permite uma progressiva descoberta das forças e das leis que regulam o curso
dos fenômenos, e, desse modo, já constitui, em si mesmo, um fim nobre e digno do ser humano na sua
atividade cognoscitiva e na contemplação. É preciso reconhecer que a ciência permite uma progressiva
penetração no mistério do mundo e da natureza. À ciência, portanto, precisar-se-á orientá-la no sentido
de que ela não se compreenda pura e simplesmente como técnica. Por meio da técnica e da tecnologia,
fruto direto da ciência e de suas aplicações, o ser humano penetrou e transformou profundamente o
mundo de hoje em todos os seus aspectos, e deve, por sua vez, constituir o objeto de uma especial
consideração, a fim de tornar possível uma justa apreciação do seu valor de toda civilização humana,
buscando tornar e fazer com que a vida dos seres humanos seja cada vez mais aprazível possa por sua
vez, ser digna de ser chamada vida humana. Em outras palavras, estamos sendo convocados para uma
responsabilidade de amplitude sem precedentes, isto é, precisamos nos comportar doravante como
cidadãos do mundo.

A ciência não pode cair na tentação de pensar que tem a solução para todas as interrogações
humanas. Há aspectos e questões que fogem ao domínio e ao controle da ciência como tal. À ciência
cabe dar lugar e ter espírito de abertura aos, assim chamados, mistérios da vida humana. A ciência
precisa ter humildade, porque ela também poderá cair no mesmo ponto frente e contra o qual se
posiciona e luta contra, ou seja, numa espécie de dogmatismo, intolerância e totalitarismo. Precisar-se-
á rejeitar, por conseguinte, a excessiva pretensão do progresso e do cientificismo, provenientes,
sobremaneira, da tendência e concepção positivistas e evolucionistas da história do ser humano e do
mundo, porque o ser humano e a história não se reduzem unicamente à ciência. Nesse sentido,
podemos dizer que a ciência e a sociedade são autônomas, mas relacionam-se entre si. A ciência deve
ter liberdade para pesquisar, recordando-se, todavia, não ser fim em e para si mesma. Isso significa
afirmar, por um lado, que a sociedade, isto é, a política governamental deve subsidiar e oferecer
condições de pesquisa aos seus pesquisadores, através de políticas de incentivo à pesquisa, e, por outro
lado, que a ciência, isto é, os pesquisadores têm um compromisso com toda a sociedade.
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Em outras palavras, queremos afirmar com este aspecto que as descobertas e inovações
científicas não são possíveis sem o trabalho pessoal e coletivo do pesquisador ou do grupo de
pesquisadores, mas somos da tese de que todas as descobertas e inovações científicas têm como que
uma “hipoteca social”, ou seja, por sim ou por não, o conhecimento de cada ser humano, se quisermos,
do pesquisador não é, só e unicamente, seu, mas faz parte de toda uma cultura, trazida e mantida viva
pelos que nos antecederam, esperando a nossa contribuição, para que as gerações vindouras recebam
como nós também recebemos o legado e o tesouro cultural pertencente a toda civilização humana.
Com isso não queremos afirmar sermos contra as revoluções científicas, a mudança de paradigmas,
contra uma sociedade aberta ao diálogo e à livre expressão. Nossa posição é favorável ao diálogo
aberto e livre, capaz, talvez, de não intencionar haver, de um lado, vencidos, e, de outro, vencedores,
mas pesquisadores que assumem a dura e árdua tarefa de auxiliar a cada ser humano, a cada sociedade
particular, à comunidade científica, e a toda a comunidade humana conviver com as novidades, com as
diferenças, que às vezes podem causar conflitos com as revoluções científicas, com os novos
paradigmas, nunca esquecendo-nos, porém, do núcleo comum que deve nos unir como comunidade
humana, a saber, valor de cada ser humano, de cada ser vivo e do mundo como um todo.

A ciência deve incansavelmente buscar a verdade. Não precisamos ser partidários à tese de que
a ciência deva trabalhar com valores. Não devemos, nos dias atuais, depois das revoluções científicas,
especialmente, do século XIX, XX e início do XXI, acreditar ser possível haver ainda na ciência a
concepção e a aceitação de verdades absolutas. A história da ciência, por meio de suas transformações
e revoluções científicas, mostrou-nos a contínua quebra de antigas concepções e paradigmas
cristalizados. Na ciência não há mais aceitação de dogmatismos autoritários, mas, por sua vez, diálogo
e convencimento de ideias e teses por meio de argumentos sustentáveis e plausíveis
intersubjetivamente válidos na comunidade científica. Nesse sentido, dois aspectos são, aqui,
prementes e decisivos, a saber, a busca da verdade e a valorização do ser humano como fim em si
mesmo.

Com todas as transformações e revoluções científicas, é sempre mais urgente à comunidade


científica ter clareza de que a ciência deve estar a serviço da busca da verdade, uma vez que seu valor
principal em todos os tempos e lugares está na busca da verdade, tomando sempre em consideração
que o ser humano é fim em si mesmo, ou seja, é sempre sujeito e, por isso, não pode ser tomado, pura e
simplesmente, como um objeto de pesquisa. Ele não pode ser tomado, portanto, como meio para o
alcance de um determinado fim. Todo ser humano pelo fato de pertencer ao gênero humano deve ser
tomado absolutamente como fim. A dignidade da humanidade consiste em tratar a pessoa sempre
como fim. Para Kant, toda pessoa deve ser tomada como fim em si mesma. Devemos tomá-la e
respeitá-la como se, nela, nós estivéssemos tomando e respeitando a humanidade como gênero
humano. Pois a dignidade, diferenciada da honra, é um valor inegociável. A dignidade é totalmente
diferente de um valor material ao lado de outros. A inegociabilidade da dignidade implica em exata
igualdade de dignidade humana, mesmo que haja diferenciação social por prestígio ou posição. O ser
humano não é valor comparável com o valor ou preço de outra coisa. É valor absoluto. É valor em si.

Por último, a fim de concluir este ponto a respeito da plausibilidade da tese segundo a qual
existe um procedimento científico subjacente à cultura da paz, na medida em que ela se apresenta
muito mais do que uma simples sensação momentânea e de época ou um sentimento de compaixão e
solidariedade com milhões de pessoas, com famílias, com grupos étnicos e povos, que, anualmente,
são vítimas das mais diversas formas e modalidades de violência, seja ela de qual natureza for. Nesse
sentido, à luz da compreensão de que a ciência não se conforma tão-somente com o sentimento de
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compaixão e inconformidade diante da realidade violenta dos fatos que se nos apresentam, desconfia
da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica e da falta
de curiosidade em buscar as verdadeiras causas de tanta violência, não aceita as coisas como aparecem
sem questionamento, busca, por sua vez, problematizar e compreender as causas da propensão do ser
humano à violência e à guerra. Sabendo que a ciência é conhecimento que resulta de todo um trabalho
racional, o qual tem a finalidade de descrever e explicar a realidade como tal, e que há muitas maneiras
de encontro com a realidade, desde a presença física na percepção sensível até a ausência formal da
privação, passando por todos os graus e formas de intuição, da apreensão conceitual e da simples
menção, examinaremos a tradição reflexiva acerca do estudo da propensão humana para a guerra, mas,
também, por sua vez, uma disposição para a paz.

Segundo Heidegger, nenhuma época teve noções tão variadas e numerosas sobre o ser humano
como a atual. Nenhuma época conseguiu, como a nossa, apresentar o seu conhecimento acerca do
homem de um modo tão eficaz e fascinante, nem comunicá-lo de um modo tão fácil e rápido. Mas
também é verdade que nenhuma época soube menos que a nossa quem de fato é o ser humano. Nunca
como, hoje, o ser humano assumiu um aspecto tão problemático como atualmente. Alcançamos uma
idade áurea no que diz respeito, especialmente, às comodidades de infraestrutura da vida cotidiana, às
facilidades de transações financeiras, à rapidez de comunicação, às invenções tecnológicas em todos os
segmentos e áreas científicas, às especializações do saber até nos seus mínimos detalhes, às
publicações impressas e digitais sobre tudo, inclusive, sobre o ser humano. Mas, por outro lado,
vivemos, talvez, uma das mais notáveis crises, evidentemente, não nos referimos, aqui, à atual crise
financeira, que também, evidentemente, é preocupante, mas referimo-nos, sobremaneira, à época em
que vivemos, caracterizando-se como uma época das mais profundas angústias do homem com
respeito a sua identidade e destino, do rebaixamento do ser humano a níveis antes insuspeitados.
Vivemos, então, uma época de conhecimento e crescimento na consciência dos valores humanos
fundamentais, inclusive, sabendo da importância da efetivação dos direitos humanos, já oficializados
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas, paradoxalmente, vivemos uma época em que
cada vez mais vemos progredir e se alastrar mundo a fora o desrespeito, a intolerância, os mais
diversos fundamentalismos, as agressões, os atentados, as guerras civis e militares.

Desafio da cultura de paz

Perguntamo-nos, então, por quê? Para essa pergunta, como sabemos, não há resposta simples e
resolutiva. É uma resposta que muitos, no decorrer da história da civilização humana, buscaram.
Muitas tentativas foram feitas. Algumas certamente obtiveram mais e outras menos êxito diante de sua
repercussão. Não temos, por isso, a ambição de apresentarmos a solução para tal resposta, mas
situamo-nos na linha de pensamento afirmativa à fundamentação da ciência da paz, e,
consequentemente, da cultura da paz.

Nessa nova perspectiva, o ser humano deve ser compreendido como um nó, uma vertente de
relações, voltada para todas as direções. É pessoa. É um ser aberto à participação, à solidariedade e à
comunhão. E isso porque, quanto mais o ser humano se comunica, sai de si, doa-se e recebe o dom do
outro, tanto mais ele se realiza enquanto pessoa que é. Ele é inteligente e livre. Não quer ser apenas
beneficiário, mas participante do projeto coletivo. Só assim se faz sujeito da história. Mas, para tanto,
cada um precisa se sentir tanto singular como diferente, na medida em que ele pensa e participa da
construção projeto comum, impedindo, portanto, que a diferença se transforme em desigualdade, pois
a igualdade na dignidade e no direito sustentam a justiça social de uma mesma e única humanidade.
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Tanto o construir como o vivenciar a paz não é como se fosse apropriação de um objeto. É,
muito mais, como algo, uma força vital que move e deve ser assumido e construído por nós. É uma
capacidade que permite pensar a diversidade constitutiva dos povos e na unidade da diversidade das
culturas, povos e nações. Em diferentes esferas, sejam elas socioculturais ou escolares, a paz pode ser
considerada de diversas maneiras e refletida em diferentes formas de agir. Os líderes nessas instâncias
agem distintamente, porque especialmente na diversidade é que a paz se faz presente. A paz não é um
estado dado, mas algo a ser instaurado e construído por nós, e da qual não somos clientes ou seus
beneficiários, mas sujeitos e colaboradores. Essa postura perpassa todas as organizações sejam quais
forem, militares, sociais, políticas, religiosas, educacionais. O que auxilia no embate desses grupos e
instituições não é o grau e a escala de poder que as determina, mas sim o diálogo incansável pela
construção de uma cultura de paz que permita que a diversidade faça parte e enriqueça o todo.
A construção de uma cultura de paz necessita de um exercício generoso de diálogo entre os
seres de forma individual e coletiva, e, dessa forma, a paz é sempre vista como uma construção de
todos e não um simples decreto deste ou daquele poder. Exatamente por residir na heterogeneidade, ela
nos permite pensar em uma cultura de paz, mas possamos, inclusive, falar de culturas de paz. Portanto,
sendo um processo infindo devemos refletir e construir a paz. Paz é a permanente possibilidade de
efetuação, a paz ao mesmo tempo se dá e se perde, se revela e se esconde, mostrando-se na sua
eventualidade, imperfeição e incompletude. Em sendo assim, como educadores, na busca e na
construção de uma cultura de paz e da resolução e superação de conflitos, temos condições de
contribuir para a superação das várias formas de violência e injustiça. Diz-nos Paulo Freire: Gosto de
ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais
e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o
cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se
eternizam.
Sendo o conflito e os desafios constitutivos da existência humana, a linguagem dialógica se
torna, por excelência, o meio, a instância, talvez, o “mundo” privilegiado para a busca da paz. Na e
pela linguagem a paz encontra espaço propício para se desenvolver enquanto âmbito e espaço
argumentativo. Trata-se de privilegiar um amplo e aberto processo democrático, reflexivo e crítico.
Esse espaço argumentativo assume uma dupla dimensão. Por um lado, é preciso criticar todas as
formas de violência na tentativa de buscar critérios de análise e compreensão de como ocorre a
produção e a expressão da violência na sociedade, construindo, por sua vez, um sistema capaz de
vigilância e de controle a tais mecanismos de produção. Por outro lado, urge pensar e efetivar
alternativas e possibilidades que se concentrem no planejamento, detalhamento e caracterização de
uma agenda e de um projeto de paz arrojado, ainda que seja enquanto exercício de imaginação utópica.

Nessa perspectiva, será possível olhar a violência e a guerra não mais como a última palavra
sobre a realidade, uma espécie de sentença em que e para a qual todos estão condenados. A paz é mais
forte do que a violência. Urge dar à paz contornos mais bem definidos e ousados. A paz não é algo
acabado ou um objeto do qual detemos a posse como se fosse uma espécie de mercadoria. A paz é
muito mais um acontecimento. É uma atitude. É um comportamento. É um processo com o qual
devemos nos engajar. É um projeto de ação de forma a incluir o corpo social, político e econômico
numa ampla e solidária visão de paz. O projeto poderá virar movimento em curso, muito mais do que
uma simples meta a ser alcançada estática e individualmente. Por isso, não podemos aceitar
passivamente a violência. Pelo contrário, temos de nos indignar diante de gestos e atitudes de agressão
e violência seja ele sejam eles cometidos por quem for. É compromisso inadiável de cada um e de
todos. É a capacidade de assumir com responsabilidade os conflitos existentes e emergentes, buscando
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resolvê-los sem causar mais violência. E isso significa assumir com convicção e paixão a educação
como possibilidade de instauração da paz. Afinal, cada cidadão é, de um modo ou de outro, um
potencial educador e guardião da paz.

5 REGRAS E ORIENTAÇÕES AOS COLABORADORES (AS)

Como orientação geral, convidamos-te que no exercício da cidadania que tens pela percepção
da temática que estás sendo convidado a trabalhar, isto é, a partir da tua compreensão de mundo, tu
poderias descrever o "estado da arte" da respectiva temática na perspectiva do teu exercício como
cidadão. Na sequência, és convidado ao exercício como pesquisador e cientista, isto é, como resolver o
problema descrito no “estado da arte”, tendo como referência tua própria competência, embora
auxiliado por e com uma plêiade de teóricos. E, por último, enfim, deverás exercitar o teu papel de
educador, indicando possibilidades educativas para construir uma cultura da paz por meio da
educação. Assim, segundo nos parece, teríamos uma abordagem tua enquanto cidadão, enquanto
pesquisador e cientista, e, também, como educador, aspectos esses todos integradores em torno de uma
temática. Nesse sentido, enquanto organizadores do Dicionário de cultura de paz, consideramos
fundamental cada texto conter e desenvolver uma intencionalidade educativa, no sentido de indicar
possibilidades para a construção da cultura da paz.
Cada colaborador (a) do Dicionário de verbetes de cultura de paz deverá:

a) aceitar e assumir o compromisso de participação na elaboração do texto de seu respectivo verbete de


maneira livre e sem direito de remuneração pela sua reflexão;

b) acolher a tese subjacente de que a paz e a violência não podem ser aceitas simplesmente como teses
naturalizadas, mas fruto de um conjunto de aspectos, dentre os quais estão os culturais, os sociais, os
genéticos, os psíquicos, os políticos, os persuasivos, etc.;

c) responder à solicitação da confecção do verbete no prazo delimitado referenciado no item


cronograma pelos organizadores, com a respectiva ou confirmação ou declínio do pedido;

d) enviar a reflexão acerca do verbete solicitado até o prazo delimitado aos organizadores da obra;

e) elaborar o verbete a partir das seguintes observações: resumo do texto com no mínimo 100 e no
máximo 200 palavras, breve introdução histórica do verbete, “estado da arte” e desenvolvimento das
ideias e dos autores principais que se debruçarem a escreveram sobre o verbete referenciado,
considerações finais importantes, e referências teóricas importantes;

f) observar, rigorosamente, o número de laudas, sendo de, no mínimo, 3 laudas, e, no máximo, 4


laudas, cujas orientações são: Times New Roman (12), margens, acima, 3cm, abaixo, 2cm, à esquerda,
3cm, à direita, 2cm;

g) centralizar o título do verbete, e, logo abaixo, à direita, nome do autor, formação, local de trabalho;

h) escrever as referências no próprio corpo do texto, tanto as diretas como também as indiretas, sendo
que nas referências diretas acima de três linhas, deve-se elaborar as citações com recuo de 4 cm e fonte
Times New Roman (10), no formato autor, ano, página;

i) esclarecer, se necessário, em nota de rodapé, alguma ideia que o autor julgar necessário e
imprescindível para a compreensão do texto por parte dos futuros leitores.
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j) permitir e autorizar a utilização do texto elaborado por parte dos organizadores da obra, a fim de
efetivar o objetivo do projeto de publicação.

6 CRONOGRAMA

PRIMEIRA FASE

Elaboração do projeto e envio do pedido (Até 15 de março de 2020)

Manifestação e aceitação dos colaboradores (as) (Até 15 de abril de 2020)

SEGUNDA FASE

Elaboração do verbete conceitual por conta dos colaboradores (as) (31 de julho de 2020)

Envio do texto aos organizadores do Dicionário de verbetes de cultura de paz (15 de agosto de 2020)

TERCEIRA FASE

Discussão dos resultados por parte dos organizadores (Setembro de 2020)

QUARTA FASE

Coleta dos resultados e organização da obra (Outubro de 2020)

QUINTA FASE

Entrega do material à Editora para publicação da obra (31 de Outubro de 2020)

SEXTA FASE

Publicação do Dicionário verbetes de cultura de paz (Primeiro Trimestre de 2021)

7 VERBETES

1) ACOLHIDA (Geraldo Parissé)


2) AFETOS (Luis Fernando Biasoli)
3) AGRESSIVIDADE (Tânia Maria Cemin Vagner)
4) ALTERIDADE (Marcelo Fabri)
5) AMIZADE (Konrad Utz)
6) AUTENTICIDADE (Inácio Helfer)
7) AUTONOMIA (Keberson Bresolin)
8) BEM COMUM (Darlan Silvestrin)
9) BEM VIVER (Amarildo Luiz Trevisan)
10) BIOÉTICA (José Roque Junges)
11) BIOPOLÍTICA (Castor Ruiz)
12) CARIDADE (Agenor Bringhenti)
13) CIDADANIA (Judikael Castelo Branco)
14) CIÊNCIA (Asdrubal Falavigna)
15) COMPAIXÃO (Itamar Soares)
16) COMUM (Clóvis Malinverni da Silveira)
17) COMUNIDADE (Maria Celeste de Souza)
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18) CONFLITO (Ricardo Timm de Souza)


19) CONSENTIMENTO (Claudia Maria Rocha)
20) CONSTITUCIONALISMO (Cleide Calgaro)
21) CONSUMISMO (Agostinho Koppe)
22) CONTRA VIOLÊNCIA (Niura Maria Fontana)
23) CONTRATOS (Alexandre Cortez Fernandes)
24) COOPERAÇÃO (Fabio Frizzo)
25) CORAGEM (João Hobuss)
26) CORPO (Ericson Savio Falabretti)
27) COSMOPOLITISMO (Evanildo Costeski)
28) CUIDADO (Jayme Paviani)
29) CULTURA (Delamar Dutra)
30) CULTURA DE PAZ (Pergentino Pivatto)
31) DEMOCRACIA (Nikolai Stefens Martins)
32) DESARMAMENTO (Elias Grossmann)
33) DESCONSTRUÇÃO (Veronica Pilar Zevallos)
34) DESEJO (Olga Araújo Perazzolo)
35) DESOBEDIÊNCIA CIVIL (Eduardo Vicentini)
36) DIÁLOGO (Luiz Síveres)
37) DIÁLOGO INTERRELIGIOSO (Ingo Wulfhorst)
38) DIFERENÇA (Vanderlei Carbonara)
39) DIGNIDADE (Milene Consenso)
40) DIREITO (Lênio Streck)
41) DIREITO DOS ANIMAIS (Carlos Naconecy)
42) DIREITO DOS POVOS (Roberto Hoffmeister Pich)
43) DIREITOS FUNDAMENTAIS (Carlos Alberto Lunelli)
44) DIREITOS HUMANOS (Ingo Wolfgang Sarlet)
45) DIREITO INTERNACIONAL (Leonardo de Camargo Subtil)
46) DISCURO (Tânia Maris de Azevedo)
47) DIVERSIDADE (Pedro Laudinor Goergen)
48) ECOLOGIA INTEGRAL (Luis Carlos Susin)
49) ECONOMIA (Edil Carvalho Guedes Filho)
50) ECOSISTEMA (Marcelo Pelizzoli)
51) ECUMENISMO (Elias Wolff)
52) EDUCAÇÃO (Terciane Luchese)
53) EMOÇÃO (Maria de Lurdes Borges)
54) EMPATIA (Flavio Williges)
55) EQUIDADE (Nelson Boeira)
56) ESPERANÇA (Érico Hammes)
57) ESPIRITUALIDADE (Ivanir Rampon)
58) ESTADO (Manfredo Araújo de Oliveira)
59) ESTÉTICA (Nadja Hermann)
60) ÉTICA (Idalgo José Sangalli)
61) FAMÍLIA (Cristina Lhullier)
62) FÉ (Leomar Brustolin)
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63) FELICIDADE (Fernando Fantinel)


64) FLUXO MIGRATÓRIO (Vânia Merlotti Herédia)
65) FORMAÇÃO (Cláudio Almir Dalbosco)
66) FUNDAMENTALISMO (Lucas Taufer)
67) GÊNERO (Sandro Sayão Cozza)
68) GUERRA (Nythamar de Oliveira)
69) HOSPITALIDADE (André Brayner de Farias)
70) IDENTIDADES ÉTINICAS (Cristine Fortes Lia)
71) IGUALDADE (Geraldo da Rosa)
72) INCLUSÃO (Cláudia Alquati Bisol)
73) INDIVIDUALISMO (Mateus Salvadori)
74) INTERSUBJETIVIDADE (Evaldo Antonio Kuiava)
75) IRENOLOGIA (Janete Cardoso)
76) JUSTIÇA (Cacilda Mezzomo)
77) JUSTIÇA GLOBAL (Karen Franklin da Silva)
78) JUSTIÇA RESTAURATIVA (Leoberto Brancher)
79) LIBERALISMO (Denis Coitinho)
80) LIBERDADE (Sônia Maria Schio)
81) LIVRE-ARBÍTRIO (Edgard José Jorge Filho)
82) LÓGICAS DA FORÇA (Yara Frateschi)
83) MANIQUEÍSMO (Adriano Correia)
84) MEDIAÇÃO DE CONFLITOS (José Ivaldo de Lucena)
85) MEDO (Gerson Bartelli)
86) MEIO AMBIENTE (Liton Pilau)
87) METAÉTICA (Jaime Rebello)
88) MISERICÓRDIA (Geraldo De Mori)
89) MORTE (Dagoberto de Godoy)
90) MULTICULTURALISMO (Odair Camati)
91) MULTIDIÁLOGO (Ângela Barbosa Montenegro Arndt)
92) NÃO VIOLÊNCIA (Marcelo Perine)
93) NARCISISMO (Verônica Bohm)
94) NEUROBIOÉTICA (Darlei Dall’Agnol)
95) NOVOS DIREITOS (Newton de Oliveira Lima)
96) PAZ (Paulo César Nodari)
97) PEDAGOGIA DA JUSTIÇA (Celso Pinheiro)
98) PEDAGOGIA SOCIAL (Geraldo Caliman)
99) PESSOA (Elton Vitoriano)
100) PLURALIDADE (Lucas Dagostini Gardelin)
101) POLÍTICA (João Carlos Brum Torres)
102) POLÍTICAS PÚBLICAS (João Inácio Lucas Pires)
103) PÓS-VERDADE (Pedrinho Guareschi)
104) PROXIMIDADE (Simone Corte Real Barbieri)
105) PRUDÊNCIA (Helder Buenos Aires Bueno)
106) RACISMO (Maria Célia Gonçalvez)
107) RECONHECIMENTO (Angelo Cenci)
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108) REDE (Ariana Soraia Souto de Almeida)


109) REDES SOCIAIS (Cristina Pescador)
110) RELIGIÃO (Everaldo Cescon)
111) REPUBLICANISMO (José Luiz Ames)
112) RESILIÊNCIA (Ana Paula Reis)
113) RESPEITO (Thadeu Weber)
114) RESPONSABILIDADE (Jelson de Oliveira)
115) RESPONSABILIDADE CIVIL (Elcio Nacur Rezende)
116) SABEDORIA (Delmar Cardoso)
117) SACRIFÍCIO (Gustavo Predebon)
118) SECULARIZAÇÃO (Agnaldo Cuoco)
119) SEGURANÇA PÚBLICA (Aldi Roldão Cabral)
120) SIMPATIA (Matheus Mesquita)
121) SOBERANIA (Alessandro Pinzani)
122) SOCIEDADE CIVIL (Marcelo Aquino)
123) SOLIDARIEDADE (César Erthal)
124) SUBJETIVIDADE (Nilo Ribeiro)
125) SUICÍDIO (Josiane Borges)
126) SUSTENTABILIDADE (Adir Ubaldo Rech)
127) TECNOLOGIA (Eliana Sacramento Soares)
128) TEMPERANÇA (Gabriel Frigo)
129) TEORIA DA AÇÃO (Lucas Mateus Dalsotto)
130) TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO (Carina Maria Melchiors Niederauer)
131) TERNURA (Elsa Mónica Bonito Basso)
132) TEXTOS SAGRADOS (Johan Konnings)
133) TOLERÂNCIA (Denilson Werle)
134) TOTALITARISMO (Fabio Caprio Leite de Castro)
135) TRANSUMANISMO (Cinara Maria Leite Nahra)
136) VIDA (Luiz Carlos Bombassaro)
137) VIOLÊNCIA (Marcelo Larger)
138) VIRTUDE (Jaqueline Stefani)

Caxias do Sul, 24 de fevereiro de 2020.

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