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TEOLÓGICA
AULA 1
Teologia não se faz de qualquer jeito. Fazer teologia tem algo a ver
com um processo judiciário. Há que seguir um procedimento definido.
Há um percurso a se obedecer. E, semelhante ao direito ao direito pode
se perder a causa porque não se encaminhou bem a questão, embora
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se tenha razão. Assim além dos erros teológicos de conteúdo, pode
haver erros teológicos de forma. E é justamente o caso quando não se
segue um método teológico.
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TEMA 2 – EPISTEMOLOGIA
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Nos referimos, com a palavra crença, a um conhecimento adquirido, seja pela observação ou
pelo conhecimento obtido de forma de alguma tradição, seja familiar ou social, ou ainda do senso
comum. Desta forma, não se faz um juízo de valor, se ela está correta ou não, mas se explica
em determinado nível um evento ou fenômeno de forma razoavelmente suficiente.
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não. Normalmente, na nossa vida cotidiana não nos preocupamos em saber em
detalhes tudo o que nos cerca; aceitamos alguns fenômenos sem grandes
questionamentos. Por exemplo, sei que no meu carro, a chave, ao ser girada em
local específico, vai acionar um mecanismo que liga e faz funcionar o motor. Boa
parte das pessoas não saberia explicar como isso ocorre, mas temos a fé de que
isso irá ocorrer todas as vezes que fizermos tal procedimento, pois a experiência
nos mostrou que isso é verdade. Quando este procedimento não dá resultado,
ficamos muito decepcionados, mas não sabemos a razão do erro; ao refletir,
podemos relacionar o ocorrido ao fato de, no dia anterior, termos mudado de
posto de combustível, onde costumávamos abastecer, e assim podemos pensar
que de certa maneira isso possa ser o motivo do não funcionamento do carro.
Porém, a crença só poderá ser validade ao levar o carro a um mecânico.
Esse exemplo simples serve para compreendermos que a crença que
tenho sobre o problema do carro somente poderá ser compreendida como
verdadeira se for justificada, isto é, se ao examinar o motor o mecânico afirmar
que a gasolina do posto em que abasteci não tinha condições de efetuar o
acionamento do motor de forma eficiente. Assim, a concepção de verdade está
envolvida na concepção de conhecimento; assim, para validar a minha crença
de que o problema foi a gasolina, preciso adquirir o conhecimento sobre o
funcionamento do motor e verificar a pureza do combustível, ou confiar em
alguém preparado tecnicamente para verificar se a minha crença está correta ou
não. Comprovando-se tecnicamente que minha crença é verdadeira, posso
afirmar que tenho uma opinião justificada.
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que fosse verdadeira, inequivocamente, considerando que seus próprios
sentidos poderiam enganá-lo. Dessa reflexão, surge uma das afirmações mais
conhecidas da filosofia:
Descartes instituiu o que viria a ser uma das bases do método científico:
para se compreender o todo, bastaria compreender as partes. Essa forma de
pensar acabou abrangendo todas as áreas do saber humano, o que de certa
forma possibilitou o desenvolvimento das ciências. Porém, aqui também há um
problema, pois limita-se por vezes a compreensão do todo pelas suas partes, o
que direcionou a uma especialização do estudo das partes, que por vezes se
desconectam do todo, impossibilitando a percepção de que o relacionamento
entre as partes também é importante para o conhecimento do todo. Assim,
muitas vezes, quando se foca na especificidade das partes, não se compreende
as inter-relações entre elas, e suas consequências para o todo.
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Como? Por quê? etc. Ainda não se oferece uma resposta, pois é
importante elaborar bem o problema.
3. A partir dos questionamentos, inicia-se os estudos para a busca de
hipóteses, isto é, a resposta ou as respostas para o problema. Na ciência,
por vezes pode-se ter mais de uma resposta; porém, a princípio apenas
uma é correta. E como descobrimos qual delas é certa? Através do
próximo passo.
4. É através da experimentação e das pesquisas que se busca compreender
qual a resposta correta, isto é, quais hipóteses são mais consistentes.
5. Terminada a fase de experimentos, procede-se à análise dos resultados
que se mostraram eficientes quanto à consistência das hipóteses, isto é,
que respondem, de forma eficiente, os questionamentos.
6. Pode-se obter a conclusão apresentando as hipóteses mais consistentes
para a explicação do fenômeno observado. Porém, a princípio as
hipóteses devem ser continuamente submetidas a novos
questionamentos, pois, como já afirmamos, todo conhecimento, ainda que
científico, é provisório.
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necessidades básicas: a afirmação da verdade da mensagem cristã e a
interpretação desta verdade para cada nova geração”. Desta forma, a teologia
procura compreender a relação do ser humano com a espiritualidade, com Deus,
e consequentemente a relação com o outro, agora mediada pela revelação e
pela interpretação das Escrituras. Segundo Murad, Gomes e Ribeiro (2010, p.
16), “A teologia cristã só pode ser compreendida a partir da fé de que Deus
mostrou quem ele é, manifestando seu projeto de salvação para a humanidade.
É o que nós cristãos chamamos de revelação”. Procurando aprofundar a
definição sobre o termo teologia, Champlin elucida (2001, p. 357):
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voltada para o sentido da comunidade de fé original, com uma
interpretação crítica, com direcionamento para a vida, e assim por diante.
3. Nível da epistemologia: É a busca por fundamentação crítica, com
justificação racional, passando pela compreensão de seus alcances e
limites. Aqui, cabe atenção, pois é importante compreender que a teologia
tem seus limites epistemológicos, pois como sabemos a revelação Divina
é limitada pela autorrevelação de Deus, de modo que não podemos saber
mais de Deus do que a sua revelação apresenta. Ela pode se dar tanto
pela revelação natural quanto pela revelação no decorrer da história, que
se mantém preservada nas Escrituras.
4. Nível do espírito teológico: Por trás da prática teológica, existe um
espírito que atravessa e sustenta tudo. É a busca por entender o mistério.
É no fim, a “vontade de conhecer” Deus que se confunde com a própria fé
em sua dinâmica interna. É a paixão por buscar compreender qual é a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade do mistério divino (Ef.
3,18).
NA PRÁTICA
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oferecendo alternativas que levam em consideração a espiritualidade e as
peculiaridades humanas, bem como a sua fé em Deus. É extremamente
importante que a teologia possa se fazer ouvida na sociedade, e que sua
contribuição seja considerada relevante para a reflexão humana, considerando
que o ser humano é dotado de uma espiritualidade que deve ser respeitada na
busca de respostas para os dilemas humanos da modernidade.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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